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over do Ete do Cent ‘José Hilério Ferreira Sobrinho DDomingor Cones de Agi to Stetici dCatre rccsjon as Seis dja da Caters extern. Catirina, minha Nega, Seen an ee cvs { ‘40 Querendo a T te Vendé. ‘anges Mara Noa de Cater ‘Bhar Daly Bee escravidao,trficoe negécios no Cearé do século XIX Jonge Piro { (1850-1881) ‘Seah daStvatpange | Fortaleza 2011 Catrina, minha ndga, th querendo te vend eseravio, fico ¢ ‘ews no Cara do aceuo IK (850085) Capris © 201 Jo iF Sbino ‘Toleser tor rradore rtd pel Lala 9 61031902988 Berra eos dt so ‘Seroara da Cultura do Hata do Coard ‘Aca Anos bagene Lis mer, orale, Car cer tose ono Impress no Bast Prt Coordenagto katorial, ‘aymando ews (ana e projet gies opment Ne stiri Acompanhament Eitri soo eres, Programas view edagramasbo Jones Rees Genes Bags oto da orethaefohade roto Fgura depo “Lara IF navi sero ‘ago n costs nrnse slo EN) pra belie ten fd, tempos dpa, oP Pb de Pera ee do Mam Csr alga a Fo tc Gate Ares Gomes CRB-16 Saab, aso eee Gr ca an, aed en cei te & ‘ics Cad slo XIX 50188) ex Hilo era Se ‘ho eae SECULT/CR 2 “Sop (Cle Nam) Ena Sia dx uo dot do Gea SULT Dedicatoria Dadico este livro a meus pais Maria Minervna Ferreira « Jost Bucides Ferreea, = In memoriam ~ que me ensinarar a nunca siti de um sonho, Chefes de Policia, Delegados e Subdelegados da Provincia = 1854-1855"; “Fund: Secretaria de Policia da Provincia slo Cears. Série: Movimento cle embarcacoes e passageiros (Porto da Capital). Data 1846-1856"; “Livro de Compra e Venda de Escravos ~ 2 de julho de 1877 a 12 de abril de 1878 (Pirassununga)"; “Livro de Notas - Compra e Ven dda de Escravos"; “Documentos de Coletoria da cidade de ‘Campinas: 1858/1859 - n° 28", [No terceiro capitulo — “No Ceara ido se embarcam, mais escravos!” —, discute-s as agdes de resistencia dos ca- tivos aesse comércio, ea razao de restr e se negar a venda para outro senhor de outra provincia, com intensificagio da solidariedade entre escravos ibertose livres, culminandono _movimento de greve dos jangadeiros,nos dias 27,30€ 31 de janeiro de 1881, Nesse contexto, pensa-se o papel do iberto Antonio Napoledo e do mulato Chico da Matilde, As fontes tusadas foram os jornais: © Comense, O Ararise, © Commer ial, O Joma de Fortaleza, A Gazatila © Literudor as AgBes CCiveis e Criminais, Atas das Sociedades Abolicionisas ¢In- ventrios Espera-se que este livro contribua para um novo olhar sobre a Historia do Ceara e, em especial, dos afro- descendlentes que fizeram e fazem a historia da sociedade 82 catia, nts Noga 150 Queende Te Vende_* Um Panorama da Provincia Cearense na Segunda Metade do século XIX As teras do Siaré Grande foram ocupadas tardiamen- te, em relagdo a outras areas do Nordeste. Sua insergéo na ‘economia colonial e dé quase de forma natural decorren- te do desenvolvimento da pecuéria que, por bom tempo, ‘permanecera como extensto dos engenhos de agiear. Com ‘a crescente expansio da lavoura canavieira ea necessida- de de incorporagio de novas areas ao setor produtivo, a atividade pastorl se viu empurrada, gradativamente, para ‘8 zona do semi-drido, posteriormente, por todo 0 sertao nordestino, ‘Seguindo as pegadas do gaclo, os migrantes vindos da Bahia e Pernambuco tomaram as trilhas dos ros, fazendo com que a ocupacio do Ceara, assim como ado Piaui, fose zo sentido sertao/mar. O processo nao levou a dicotomia ‘engenhos x gado. Pelo contrario, a economia agropastoril ‘na regido sertaneja, em particular, no Cearé, esteve forte mente vinculada a sociedade dos engenhos, como suprido- rade came de charque, de couros, animais de transporte © tragio, O transporte dos bois sobrepujava as dificuldades das estradas, até sua inexisténcia, superando as distancias dos lugares de comercializacio. Nos caminhos do gado, Jove Fer So encontram-se as primeiras vilas do sertio cearense, Mesmo as do itoral, como Aracati e Acarad, estavam solidamente vinculadas a pecuaria ea industria da charqueada* Esses fatores, “aliados a grande disponibilidade de terras, a0 aumento populacional e 20 sistema de ‘quartia- ‘0 [de cada quatro bezerros nasccdos um pertencia ao va- queiro) abriam possibilidades de acumulacio de vaqueiros contratados para administrar as fazendas, 0 que explica a rpida maltiplcacso dos currals no Cearé eas grandes do- acoes de teras, na segunda metade do Ste. XVIIL"® Assim, a economia da provincia cearense, nos seu los XVIII e XIX, foi marcada pela atividade agropastoril, ‘com momentos de franco desenvolvimento da lavoura al- sgodocira, por ocasiio das guerras de independéncia dos EVA (1776), posteriormente, durante a guerra civil ame- ricana (1861-1865), nos primeiros anos da década de 1860. Deve-se ressaltar também que, no século XIX, na regio do Carini ede serras consideradas zonas de refrigério, como as de Baturité e Serra Grande, a agricultura se fez presente, Inclusive o cultivo do café™, voltado, prineipalmente, para ‘© mercado interno. Isso leva a pensar que, no Cears, no *% GIRAO, Valdelice Camere. As Oficina ou Charged Ce Secretaria de Cultara e Desporto p. 57-77 (Das tentativas de con {gists ao rlatrio), Foraleza. S ALEGRE, Mana Sylvia Porto. Varro Agrcultnes # Artest ‘rien do trabalho live no Cears colonial I Revista de Clencas Sociaisv.220/21/, 81/2 Fortalera: Departamento de Clencias So- fini - UFC, 1969/7800 p. 3 LIMA, Pero Alton Quiros. A Sombre ds Ingatins: cara ser ‘ade Baur, 180-190. Rio de Janeio. UFR) Dieta de Mes trad, 2000. Ver eaptalo2~Subindo a serra de Bat, p. 97-102. st cana, in Nes, THe Querendo Te Ven. predominouo bind couro/slgdo, io caro histriox fafa mais tediional, "A ocupato do sero fl nipia,o que comprova o ‘ertiginso crecimento populaconl xn 175, 0 némero de habitantes no Cea rade 61.478, pasando, em 1808, para 125678, ou sje mais de 100%", Uma populagh ma. Cadamente de “homens de Cor” ‘Nox censos da populaio do Cearé para ot anos de 1801, 1808 e181, a soma dos pardos, mato ives, pre- tose pars cativs,pretes ives ecatvos€ superior da populagio banca ive quadros a1). sors da Captain do Crs Grande spreseta aout leat somenfonbode 0 psloseu Covernadr- Joho Cation Augato de Oxynassen” Prstose | Fretese | Told meats neers “| ere | Soe | decease ins 2a 3S 75505 igs sea sso] se] a ae ee ee poncipe | =| a se] a5 73] 333 Se 378i] ais] 255] 399] [campo Miae| 1737] 2566] ——~1z0[ os] ned CaCl Ss HC 38 HOOK p27 5 ALEGRE, Maca Siva Pp. i Jove i er Sebi (Chamam atengio 0s nameros referentes as reas pre- dominantemente de pecuaria, como $30 Bernardo, Ie, So Joao do Principe (Tau, Campo Maior e Sobral, vilas onde ‘a porcentagem de homens decor é bem superior ade bran- 0s, em particular, em Crato, Sobral e Campo Maio. Verificam-se os mesmos resultados no censo de 1808, ‘Com # mesma logica das somas dos nameros de pretos ¢ rmestgos, tem-se, na populacdo das vilas,o seguinte resul- tado: Sobral 73%, Campo Maior 69%, Crato 67%, Monte- -mor 6 Novo 66%, Granja 60%, co e Fortaleza 59%, Aqui- raz e Vila Nova del Rei 55%, Aracati 54%. Vé-se que, na Provincia do Cears, hava presenga signifieaiva de negros © mestigos livres, no contabilizados. Certamente, pelo simples fato de terse 0 negro, nesse pertodo, exclusiva- ‘mente, como escravo. ‘QUADRO Il Populasio da Capitania do Cears (1808) [ST HT ir aoe Pa ae oe maar 97 fee | sx || o [es] ez6| | aim | 0] a7 tea a aa aa Kem [sear ras fae [af ae fee [ass [> [wm [2 [ome [| am [0 | ens aa fare | ae fo | om [2 [om] | ame [| a0 feem[ ame fort mts ae att ae TS fe, | ame fae oo | fase || ane [| ro % ee Tn [a fas |m| om | s| a0 |u| a0 faces | a5 |2| 126 | s | ass | 6 | 2050 | eo | 275 er =| ae fm] > fo] a fs] om iss a a ae asa einae] oma |z2| arm || 10 | «| wo |22| eam ele el Soman GS [S [rase | 0 [awe |e | ese |r [| i NS mea An Nei pn tH nha Pelo censo de 1813, 6 not6ria a presenca negra nas vilas do Crato, onde os negros e mestigos, livres ecativos, ceram maioria absoluta, na soma 31.080, seguindo, em or- dem Fortaleza, Aquiraz, Campo Maior, Aracati e Granja. Em Sto Bernardo, os brancos so mais numerosos nos cen- s0s de 1804 e 1808. a os i esi Sabino ‘QUADRO II-Dacios Pacis do Cons de 181 Capitan do Cea aa aa ea a eat es [einai] Po [en agine | oa [ewe [tna [ee | are [eo | ome eae pat Lae | om | am | ow | sme | com | ome a en vos | sam | oa [a [seme] ar me [iow ef ee | eta | oar Som ‘ssa 1 : ‘Ao que tudo indica a composigdo étnica nto dimi- ruiu a0 longo do tempo. Conferindo 0 Censo de 1872, constata-se que nao houve alterago, mesmo com um novo padrao de cor, 0 caboclo, (QUADROIV--Percentual nico segundo acondiiosocal-1872 Binla | ee [Riera roa “cain Mint Nog, Tae Queen Te Vn” Assim, no resta duvida, desde os primeiros momen- tos da ocupacdo da capitania do Ceara, a presena do ho- mem live, decor ou ndo, era presente. Segundo Funes, A media que # cupagio do Cour foi se eftivande, onsen natural de fete deexpasio, consid ‘sem expo de tbo que tr um coningete de omens lores, em sa matoria pobrs,negros pros nds das provincia izinkas, na contigo de vague 170, trabalhando no sistema de quart, x como merador gegad junta bs fends de ria. [Esses aspectos levam a reflexdo sobre a estrutura- ‘ao das relagdes dle producao na sociedade cearense no pperiodo, em particular, no de referencia temporal para este estado, [Na montagem das fazendas, observa-se uma baiva ‘demanda de recursos, em se considerando modo de vida dos fazendeiros e as exigencias da sociedade rural, 0 uso da terra, as ténicas empregadas e exigéncias de pequeno ‘néimero de trabalhadores, Funes afirma que esses fatores levaram A construgio equivocada da incompatibilidade da ‘economia pastoril cam o trabalho escravo, e, par conse- {uinte, a outro equivoco maior, no sentido de se constituir fem leitura de que, no “Ceara nao ha negros porque a es- cravido foi pouco significativa”. Associago marcada por ae etal rorenige "uma visio vesgae preconceituosa,na qual todo excravo é ed aoae wdaaeyecater ae — || 7 “= Ses} Se ee : fom a = ™ FUNES. Euripedes Antonio. Negros no Ceard. In: SOUZA, Simone (coord), Une Nowe Histria do Car, Fortaleza: Demderito Rocha, 2000p. 105, > FUNES. Idem, os ic ei Sabie ‘Sem diivida, a presenga de escravos africanos, no Ce- aré, é bem inferior, se comparada a de outras provincias nordestinas, como Bahia, Pernambuco e Maranhio. Eine. gavel, porém, que essa presenca marcou profundamente as relagdes dle producio que se consolidaram no sert8o € nos centros urbanos cearenses, nos séculos XVIII e XIX, face & divisio do mundo do trabalho com o nativo escravi- zado, posteriormenteliberto e com homens pobres livres, ‘brancos, negros e mulatos. ‘Com o desenvolvimento da agricultura de exporta- so, parte dessa populacao livre e ociosa passa a ser em- pregada, com os cativos, no trabalho agricola, em especial, 10 cultivo algodoeiro. Na pecuitia, o escravo trabalhava 20 lado de companheiros livres, na lida com 0 gado, Mui- tas vezes, além de vaqueiro, 0 escravo era capataz da fa- zenda, em “clima de companheirismo”, estranho & visio ‘externa da realidade. Segundo Luis Mott, A vida de um esrev apuciry, manta a caval, agar oe seguindo animus iowge do cura desu don, Hore otha ewe doedinistrador,receendo come alien (aplo diris ‘por madi‘ Tg de care fest de far ‘aha de mandioc, er seguramente dierent da vide des eras, rabultadors lores, camaradis, agregades, usr, compandwios no mesmo table wexstnca eum grande mimeo de sgrgades decor emprgades pelos dans ds fcendes, para adinistar propiedad ™FUNFS, Eurpedes Antonio, Negros no Ceara In: SOUZA, Simone (coord). Uma Noon Mitra do Coot, Fortalea: Demdcrto Rocha 2000p. 108. o em sex lgar, contrib pr elativiaradistncia que fm otras drs tanta separavan os eer do rest da popula. A principal dstncin social no Pia oon pareci basearse msn reac oresrave do que se horecra.™| ‘Todavia € necessério destacar que, com a implanta- (fo das primeiras fazendas de riago,chegavam os negros que, em pouco tempo, estavam presentesem todas as atv dades da Provincia, “nao $6 como cativo, mas como traba- Ihadores livres; como proprititios. Exemplo disso so 0s Teles, ‘uns pretos que se estabeloceram em terras onde hoje se encontra a cidade de Monsenhor Tabosa’ “Acexplicacio da presenga ce negros propriearios nso 6 diferente da que levou os brancos a buscarem 0 sertdo, ou soja, efeito das distribuigdes de datas para a eriacio do ¢gado, multiplicando o niimero de propriedades pastoris € fo sistema de quartiacio, que possbilitava, ao vaqueito, a acumulagio de pecilio, favorecenedo-Ihe, quando do pedi- do de posse para se estabelecer como criador, a fxagto de trabalhador livre na fazenda, Porém, com os negros libertos, pobres livres e ho- _mens cle posse, cegaram os negros cativos, deixando mar- cas do escravismo na sociedade que se formou, com todas as cargas ideolégicas e racistas,& semelhanga dos espacos ‘onde a mio-de-obra eserava fol hegem@nica, ® MOTT, Lis, Esructursdemmgrifin dels Macones de Cannio de pau colonial um caso de poblariento rural centrnfugo.Comurics- ‘Go apresentada na Conferencia geral de Union Internacional para EL Estado Cinético de Ia Pablacin, Mésico, agosto de 197, p15 Citado por Fes ne Negros Cea, p 108-10 FUNES. p10 a A ideologia escravista, em que o negro visto como. inferior ao branco, era extensiva aos africanos e afrodes- ccendentes,liberts e livres, pritica presente no cotidiano da sociedade cearense, evando este segmento social a bus- car estratégias de sobrevivencia, vivenciando experiénias comuns de sociabilidade, solidariedade e resistencia, ‘Negros - escravos, libertos ¢ livres na sociedade cearense do século XIX A presenca de negros, proprietaros de terra, no Ce- ard, no se restringom aos “Teles”. Logo apds a expulsdo dos holandeses do itorl cearense — ocupado em dois mo- ‘mentos, 0 primeiro, 1637-1644 e, posteriormente, em 1648- 1654, quando estes se retiraram de forma defintiva —, dois regros forras, Domingos Lopes e Jodo Coelho, receberam cada um deles, meia légua de terra, presumivelmente pe- los “bons servigos prestados’, na luta contra o invasor ba- tavo, Segundo Geraldo Nobre, Esta crcunstoncia & ressalade muito « propio, por ‘ue 0 rerio Jo Cacho aparece menclonad, junta ‘mente com um Domingos Feria Catves, Misoniro Geral das mises do Nort, des sobras de terra do Sito gud, n* 388;01.6~ pgs 4e 45 da publica citada ‘de conse confrme a petit nical’. que hacer por ata ses alera que se acha delta endo este po sida circum a dive fetal como ea peo Alferes Felipe Col de Moraes, do ito lagu, tuscan ‘do jag nant. Toda tera qseachar delta na dit Datta de Domingos Lopes Jose Colin pos foes bwscando tate gud nani pra eta fortaleza sada cain, Mia Nog, Th Queen Te Ven.” ‘a data do Capitam Domingos de Azeoedo do Ria cet Imuscondo esta fortaleza, eg senchar devout deta for- taec..”* (Grif mex) Esse autor, ao analisar 0 documento que da posse das terras a "Domingos Lopes e Joie Coelho”, chama atenco para o fato dessa documentacdo nao se refer aos dois en- quanto “pretos forros”, como na peticdo acima, lovando a crer que, em fungao do preconceito por parte das autorida- les, este detalhe fora excluido, para evitar a possivel nega- co do pedido, _ Domingos Lopes, ¢ foo Cort, moradores na Ca Pitania do Ceark grande,..em remaneragio de ss Servigos alcangarlo carta de data esesmavi de mia leg de tere na porsgem onde chamo Marajatubé _Feando rio em neo e outa mei eg pel rig acim feabtze,. ito a ser proprietério nfo deve ser visto como algo exclusive aos Teles enem aesses pretosforres ~ "Do- ‘mingos Lopes e Joto Coelho", que estiveram envotvidos nna Guerra holandesa. No século XVII, havia exescravos ‘que, apés a alforria, conseguiram acumular significative patriménio, Chama atengio, neste sentido, 0 caso de Ma- ‘noel Correia Gomes do Carmo, de Sobral, dono da escrava ‘Victorina, “que foi avaliada em 1208000 rs, tendo ja junta- © NOBRE, Geraldo. Ceara em proto ebranco ~ 1988 - ano do cen tenario da Abolico da Escavatura no Drasi, Frtaleza: [nso Histrico do Gear 1988, p. 6. Quanto 2 fonte usoda por Nobre para clara relerida informacso sabre doagSo das tera, vor: Dts (eSesmari v3. p. 7071, SFUNES p10 6 es ie ei Sis do 245430 rs para comprar a alforvia”* Importa ressaltar {que 0 proprio Manoel era um negro alforraco que se tor- nara fazendeiro. Segundo Raimundo N. de Sousa, ‘Bm Sabra entreos scans qu comseuiram alors esos dagules que cegaram as torr propritriosde Jfizenas de cra, plantar looure ¢escanes, 0 aso ie Jost Montero de Mel, Manel Corea do Caro, Germana de Sie Monuel de Souse Lea, asad com Vie fovine da Stee Dorncles, em 1761, ats escraces, Ela pertencia a Francisco Lopes Gas le 4 Capito An- {imio Ceo de Albuquerque: Deps debe, tre “st response, por mit temp, pla vena das cames ‘verdes Vila de Sobral, porter do uae de Orfios, grande propretro. Era rorador na Villa de Sobral com loa deo de todos 0 ner’ Esses casos sio importantes no sentido de apontar para uma perspectiva diferente de analise da sociedade es- cravista cearense, na qual as condicdes sociais de alguns ‘egros extrapolam a visdo de escritores e pesquisadores {que s6 0s enxergavam, ou como prefert, s6 se interessa- ‘vam em estudé-los enguanto escravos. Todavia, € bom salientar, concordando com Raimundo de Sousa, que es sas experineias faziam parte de situagoes atipicas, pois, via de regra, a maioria dos libertos se encontrava entre os ppobres que lutavam pela obtengSo de licenga, na Cémara, ‘* DESOUSA. Raimundo Nonato R= Rosia dos Pros: rmanda- dee Festa, TSSLIBBH, Dissertagto de Mestrado Programa de Ps gradu em Historia Social Insituto de Filosofia Cioncas Sor ‘ial IFCS. Universidade Federal do Rio de Janeiro UFR), 2000. SOUSA op.ct p53. o cain, Mina Nga Tho Queen Te Ven.” para venda de seus produtos em lugares pablices, até para ‘exercer uma profissao", dividindo os espacos de trabalho ‘com escravos, em centros urbanos ou na zona rural, em ‘especial, no sert3o cearense, onde esta a maioria dos escra- ‘vos, em varias atividades produtivas, principalmente, na agrcultura, na pecuatia, em servigos domésticos, “aptos para qualquer servigo"s, realidade verficada nos dados ‘populacionaisreferidos. ‘Quanto aos cativos africans, a noticia ¢ que foram oficialmente introduzidos na provincia, no momento da descoberta de ouro, nas minas de SSo José dos Carcis (1756), para onde, terse conhecimento, foram mandados ppara trabalhar 69 cativos, na maioria angolanos chegados por Pernambuco, A intensificagdo dos negros cativos, na provincia, na segunda metade do Sée. XVII, ¢em razio do proprio de- senvolvimento da economia cearense, com a valorizagio dos produtos derivados da pecusria e da produgao agrico- la, no caso, oalgodao. Na regido, durante bom tempo, foi significativa a iio de obra escrava indigena, situagao que comecou a smudar apés a reforma pombalina, com a proibiglo do uso los nativos como cativos, Portanto, somandoas proibicdes a0 progresso econdmico da provincia, principalmente apés a seca de 1777, tem-se a introduglo freqiiente do cativo africano ou descendent, nessa provincia, financiado com ‘0s ganhos obtidos com a producao algodoeira. SOUSA. op. ct p55. FUNES op cit p13, ont ts erie bina [No entanto, a partir de meados de 1890, em razio dos efeitos da Lei Diogo Fei, da pressao do governo ingles ou, principalmente, por dificuldades econdmicas, a entrada de ceseravos africanos, no Ceard, ¢ nula, O episodio em 1834 ajuda aentencler melhor o contexto, Os africanos livres no Ceara Apés virias tentativas do governo inglés em fazer com que o Império brasileiro cumprisse a Lei de 7 de no- vembro de 1831 (Lei Diogo Fei), no qual declarava em seu artigo 1° que “Todos os escravos que entrarem no ter- rit6rio ou portos do Brasil, vindo de fora, s8o livres”, so- ‘mente, em 1850, que se inciard, de fat, a realizagio eetiva dessa Lei por parte do governo brasileiro. A historia nos mostra que houve varios acords, en tre o Império brasileiro ea Inglaterra, para pr um fim a0 traficoatlantico. fsabido, também, queas autoridades bra- sileiras pouco ou nada fizeram para cumprit esses acordos. A resposta inglesa velo, no entanto, com a promulgacio da lei Bill Aberdeen’ Por ela a Inglaterra arrogou-se no direito de apresar qualquer navio negreiro que, porventu- 13, se ditigisse a0 império brasileiro, Muitas vezes, esses navies capturados eram brasileizos ¢ abordados em dguas territoriais do pais, A abordagem, destruicao eretrada dos ‘ativos dessas embareagbes suspeitas de trfico para o Bra- “DARBOSA, Rui. A Emancpapo ds Escazs. Proje Dantas (os sexagenircs 0 parecer que o justifen.Rio de Jancira Fundoqto (Cast de Ret Barbosa 1988 p140. 66 ‘atin, Minh Ng, THe Querende Te Vent” sil, veio a ferir no entanto 0 preceito do direito internacio- zal, visto que era uma imposigdo de um paisa outro. Isto sgerou, consequentemente, muitos incidentes diplomaticos com 0 império brasileiro. Mas, tal agio, também, pouco feito teve. (Os anos se passavam © 0 que se assstia, era simples- ‘mente 20 descumprimento da lei por parte dos negreiros, {que contrabandeavam e negociavam livremente nos mer- cados, africanos. Essa situacio $6 era possivel gracas 20 apoio oficial das autoridades do Império brasileiro e local, que, fazendo vista grossa, afrouxavam a fiscalizacio. Os navios tumbeiros continuavam chegando clandestinamen- te trazendo, em seus pordes, centenas de homens e mu- heres que, reduzidos a condicao de cativos, eram postos a venda nos mezcados coma peca de grande valor, justi- ficando a célebre frase do jesulta Antonil, no hoje clasico “Cultura e Opuléncia do Brasil’: “o escravo € as maos © 08 pésdo senor” . ‘Segundo Rui Barbosa, “adicionadas ascifras de Perei- 12 Pinto (1842-1852) as de Eusébio de Queiroz (1831-1841), ‘chegaremos a um total de 546.615 escravos, criminosamen- te introduzidos no pais durante esses vinte e um anos"-Se- gundo ainda esse autor, a estatistica organizada “pelo Sr. Pereira Pinto orca nos seguintes algasismos a importagio Appelagam Civil. o.cit T29612v, "= e es i ei Sis sou hoje ¢ resultado de muitos que exsttam antes de mim, CCertamente, essa cosmovisio fora passada para seus des-

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