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Recensão crítica

Joana Bénard da Costa- nº49435


Mutação dos Media (turma A)

“Cartographies of old and new”, por Jussi Parikka

Na introdução do livro “What is Media Archeology” (2012), o autor finlandês analisa os caminhos
que têm sido seguidos pela arqueologia dos media e como deve ser pensada na cultura
contemporânea, usando uma terminologia geográfica para mapear teorias e ideias que apontam
novos caminhos.
Como exemplo do que deve ser o espírito da arqueologia dos media, Jussi Parikka escolhe o
movimento Steam Punk, que se caracteriza por misturar o novo com o velho. Uma fusão da mais
moderna tecnologia com a estética e a filosofia da era Vitoriana.
O autor encontra neste movimento, que ele próprio classifica de subcultura, muito mais do que um
grupo de gente bizarra que se veste de forma antiquada e gosta de máquinas obsoletas, sublinhando
a forma menos habitual de abordar a ciência e tecnologia: em vez de colocar de parte o que é velho
e ultrapassado, faz precisamente o contrário; valoriza objetos e modas de outras épocas; recusa a
ideia de que tenham perdido o interesse, cruzando essa herança com outros mundos, como a ficção
científica.
Da mesma forma que o Steam Punk acolhe as últimas novidades tecnológicas sem deixar para trás
as que, “aparentemente”, deixaram de o ser, Parikka defende que a arqueologia dos media deve ter
em conta o novo e o antigo, em linhas paralelas.
O novo pode tornar-se velho de forma extremamente rápida (na atualidade podemos encontrar
inúmeros exemplos), tal como aquilo que consideramos passado pode reemergir a qualquer
altura: é a tese do autor que apresenta como “provas” desta afirmação o regresso dos discos de
vinil ou de alguns jogos de computador com grande popularidade nos anos 90 que ganharam nova
vida através da Internet.
Os novos media podem mudar os nossos hábitos mas os velhos nunca nos abandonaram. É
uma das frases chave do texto de Parikka para quem os media, aliás, nunca morrem, apesar da sua
morte estar sempre a ser declarada. O autor prefere falar de mortos vivos que a qualquer altura
podem ressuscitar em novos contextos, novos ecrãs, novas máquinas ou novas mãos.
Neste processo circular de transição permanente, é possível encontrar algumas semelhanças com
o pensamento de Sigmund Freud (The“Uncanny”, 1919) no início do século XX. Tal como
Parikka, acredita no eterno retorno, quanto tenta explicar através da psicanálise o efeito uncanny ou
estranheza inquietante.
Para o médico austríaco, considerado o pai da psicanálise, o que fica para trás nunca se apaga.
Apesar de reprimido, pode voltar a qualquer instante em função de qualquer coisa. Está sempre lá.
Mas, enquanto Freud centra toda a sua teoria no sujeito e nas afeções, Parikka, autor
contemporâneo, mantém-se longe desses campos. Contudo, ambos propõem processos circulares de
pensamento.
E qual deve ser o ponto de partida para pensar a arqueologia dos media?
Jussi Parikka recusa começar do princípio ou do fim. Defende que o ponto de partida deve ser o
meio, onde o passado e o futuro se misturam. Avisa, por isso, que se trata de um livro de passados e
futuros, de passados futuros e de futuros passados e de linhas paralelas da arqueologia dos
media.
Parikka afasta-se, desta forma, de teorias evolucionistas dos media, cuja visão assenta num percurso
feito em patamares que vai desembocar no digital. O autor recusa a ideia de evolução linear, bem
como a ideia de inovação: se nada desaparece, também nunca existe nada de verdadeiramente novo.
Outra questão fundamental defendida por Parikka é que a arqueologia dos media não deve centrar-
se apenas naqueles com maior visibilidade ou impacto, deve investigar também novas culturas dos
media, menos óbvias, mais estranhas ou esquecidas. Também por esse motivo, define o movimento
Steam Punk como emblemático: em vez de procurar modelos universais para o progresso
tecnológico, experimenta alternativas na tentativa de encontrar novos caminhos fora do
mainstream.
Quando olha para trás e analisa a investigação feita até agora na área da arqueologia dos media,
Parikka sublinha, igualmente, a multiplicidade de caminhos que foram seguidos, destacando,
contudo, 2 autores cujas teorias tiveram, em sua opinião, um impacto crucial: Michael Foucault e
Friederich A. Kittler.
Como temas chave do que tem sido o trabalho da arqueologia dos media, Parikka aponta a
modernidade, o cinema, histórias do presente e histórias alternativas.
Em relação à modernidade, enquanto processo tecnológico, social e económico, Parikka considera
que não subsistem dúvidas de que representou um ponto de viragem em muitas teorias sobre a
arqueologia dos media, a começar por Walter Benjamin no início do século XX.
Segue-se o cinema, um meio chave da modernidade, estudado por inúmeros autores, com destaque
para Tom Gunning, numa fase inicial. Parikka considera que as teorias modernas começam a partir
da Nova História do Cinema, nos anos 70, e, sobretudo, nos anos 80, com o aparecimento de uma
série de estudos sobre o próprio cinema.
Quando se refere às histórias do presente, volta a Foucault para sublinhar que a investigação da
arqueologia dos media sempre tratou do presente, dos objetos, discursos e práticas de agora. O autor
regressa, assim, a um dos temas chave do texto: a relatividade do que é novo, ponto de partida do
trabalho de dois teóricos que considera os mais influentes na área da arqueologia dos media, Erkki
Huhtamo e Siegfried Zielinsky.
Em relação ao primeiro, destaca a ideia de tópicos que, de forma recorrente, cíclica e circular,
marcam a cultura dos media. Sobre Huhtamo, aponta o desenvolvimento da ideia de lugares
comuns. Para concluir que pensar de forma circular foi uma das estratégias da arqueologia dos
media para criticar a hegemonia do novo.
Tal como já foi referido anteriormente, e fica claro desde o início do texto, as histórias alternativas
constituem, para o autor, um objeto de estudo fundamental da arqueologia dos media, quando olha
para o presente, para o passado e para o futuro.
Parikka considera esta perspetiva especialmente relevante desde o aparecimento do mundo digital,
para o qual olha com alguma desconfiança na medida é apresentado como o maravilhoso mundo
novo, o caminho do progresso e do futuro. Lembrando que a arqueologia dos media desafiou aquilo
que considera a “amnésia estratégica” da cultura digital, procurando inspiração na ideia de
genealogia de Foucault, Parikka defende que o caminho tem sempre de passar por novas formas de
entender as culturas dos media, investigando outras histórias, fora do mainstream.

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