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O Banco de Portugal tem dedicado uma atenção especial à promoção da literacia financeira
dos clientes bancários. Esta é uma componente estratégica da sua actuação no âmbito da
supervisão comportamental, em paralelo com a regulação dos deveres de informação das 9
instituições de crédito e a fiscalização do cumprimento do enquadramento normativo dos
Nota do Governador
mercados bancários de retalho.
O Inquérito foi estruturado de modo a obter resultados que permitam conhecer atitudes e
comportamentos financeiros da população e o seu nível de compreensão de matérias finan-
ceiros. Ao avaliar as várias dimensões do conceito de literacia financeira, o Inquérito contribui
para identificar os grupos populacionais e os temas financeiros com lacunas mais significativas.
Trata-se de um importante meio de diagnóstico do grau de literacia financeira da população
e, como tal, é um primeiro passo indispensável para a definição de prioridades de formação
financeira.
Os resultados do Inquérito sugerem que, em geral, os portugueses têm atitudes positivas, ainda
que, a essas atitudes nem sempre correspondam comportamentos financeiros adequados. Este
facto é evidenciado, designadamente, pela importância atribuída pelos inquiridos ao planea-
mento do orçamento familiar, que não se reflecte, por exemplo, na realização de poupança
com uma perspectiva de longo prazo. A importância atribuída à poupança demonstrada pelos
inquiridos não está em conformidade com o papel que esta tem na afectação apropriada dos
recursos individuais ao longo da vida, na solidez do próprio sistema fi nanceiro e no cresci-
mento económico sustentado. Este aspecto merece particular atenção dado que apenas uma
pequena parte dos inquiridos revela ter hábitos de poupança, sendo a percentagem dos que
dizem fazê-lo a pensar na reforma muito reduzida.
São positivos os resultados apurados pelo Inquérito no tocante à inclusão financeira. Destaca-se
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o grau de utilização do sistema bancário pela população – também um importante indicador
BANCO DE PORTUGAL | RELATÓRIO DO INQUÉRITO À LITERACIA FINANCEIRA DA POPULAÇÃO PORTUGUESA | 2010
As respostas dos inquiridos vêm confirmar também que estes confiam nas instituições de
crédito, com mais de metade da população a escolher os produtos bancários com base no
aconselhamento recebido ao balcão do banco e na sua generalidade a referir que as mesmas
são a fonte de informação preferencial. A confiança no sistema financeiro é um aspecto essen-
cial para a estabilidade financeira que o Banco de Portugal promove através da sua actividade
de supervisão. Esta atitude de confiança demonstrada pelos consumidores bancários vem
conferir responsabilidades acrescidas às instituições de crédito, nomeadamente nas práticas
de comercialização de produtos bancários.
A maioria dos entrevistados prefere obter informação financeira através de folhetos e desdo-
bráveis. Parece, pois, adequada a estratégia do Banco de Portugal, ao preparar e divulgar
através dos balcões das instituições de crédito desdobráveis temáticos sobre produtos e serviços
bancários. Esta estratégia iniciou-se recentemente com o desdobrável sobre “Direitos e deveres
no crédito aos consumidores”.
O Banco de Portugal é mencionado como a segunda fonte mais importante de informação,
embora o Inquérito tenha revelado que o Portal do Cliente Bancário ainda é pouco conhecido.
Igualmente, o Banco de Portugal é identificado pelos inquiridos como a entidade de referência
na resolução de conflitos com os bancos, o que vem realçar o trabalho desenvolvido na gestão
das reclamações dos clientes bancários. 11
Nota do Governador
Estes e muitos outros resultados do Inquérito são analisados ao longo deste relatório. Esta
informação constitui um importante contributo para o trabalho que o Banco de Portugal
desenvolve e irá continuar a desenvolver na sua actuação como supervisor comportamental
dos mercados bancários de retalho. O Inquérito é também uma valiosa base de trabalho para
o Plano Nacional de Formação Financeira (PNFF), que o Banco de Portugal, em conjunto com
a Comissão de Mercados de Valores Mobiliários e o Instituto de Seguros de Portugal, tem
vindo a promover e que já mereceu o endosso do Senhor Ministro de Estado e das Finanças.
O Governador,