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Apostila de Eletromagnetismo
Prefácio
Esta apostila tem como objetivo ser um material de apoio aos alunos do curso de Eletricidade e
Magnetismo dos cursos de Física e Engenharias da UFRN. Os exemplos foram retirados de livros textos tradicio-
nalmente utilizados nos cursos de graduação de Física e Engenharias, tais como os livros dos autores: Tipler &
Mosca, Halliday & Resnick, Sears & Zemansky e Moisés e Alaor Chaves. O texto pode conter erros e gostaria
de pedir a ajuda de meus alunos enviando as correções para o email: marciocorrea@dfte.ufrn.br. Esta apostila
está montada até circuitos RC. Falta ainda a conclusão da parte do Magnetismo, circuitos de corrente alternada
e Equações de Maxwell. No transcorrer do semestre tais tópicos poderão ser adicionados.
Abraços a todos e vamos ao estudos.
Sumário
1 Eletricidade 7
1.1 Carga Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Quantização da Carga Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.1 Conservação da Carga Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.2 Condutores e Isolantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.3 Carga por Indução - Eletroscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Lei de Coulomb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3.1 Princípio da Superposição e a Lei de Coulomb: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 Campo Elétrico 13
2.1 Dipolos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.1.1 Linhas de Campo Elétrico: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.2 Movimento de carga elétrica em campos elétricos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.3 Dipolos elétricos nos campos elétricos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4 O Potencial Elétrico 33
4.1 Diferença de Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2 Potencial Elétrico devido a um sistema de cargas puntiformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.1 Sistemas de Cargas Pontuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.3 Cálculo do Campo Elétrico a partir do Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.4 Cálculo do potencial V para distribuições contínuas de carga: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.4.1 Potencial V no eixo de um anel carregado: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.4.2 Potencial elétrico V no eixo de um disco uniformemente carregado: . . . . . . . . . . . . 39
5 Capacitância 41
3
4 SUMÁRIO
5.1 Capacitores: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.1.1 Capacitor de placas paralelas: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.1.2 Capacitor Cilíndricos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.2 Armazenamento de energia elétrica: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3 Associação de Capacitores: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3.1 Paralelo: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3.2 Série: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.4 Dielétricos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.1 Corpo com formato aleatório carregado, destacando um elmento de carga dq que será considerado
para o inicio do calculo do campo elétrico no ponto P. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Linha de carga carregada para o calculo do campo no ponto P. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3 Linha de carga para o cálculo do campo fora do eixo do mesmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.4 Anel carregado no plano yz para o cálculo do campo sobre o eixo do anel, neste caso também
sobre o eixo x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.5 Disco carregado para o cálculo do campo elétrico no ponto sobre o eixo x. . . . . . . . . . . . . . 24
3.6 Fluxo elétrico onde podemos perceber as linhas de campo elétricos atravessando a área A . . . . . 25
3.7 Carga pontual q no centro de uma superfície gaussiana de raio R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.8 Três cargas puntiformes, sendo que q3 encontra-se fora da superfície, não contribuindo assim para
o fluxo elétrico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.9 Plano infinito carregado e a superfície cilindrica caussiana escolhida para calcular o campo. Nesta
~ o campo elétrico gerado pelo plano. . . . . . . . . . . . . . .
figura n̂ é a normal a superfície e E 27
3.10 Casca esférica carregada com uma carga Q e raio R, a linha tracejada refere-se a superfície gaus-
siana de raio r. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.11 Esfera não condutora de raio R carregada com uma densidade de carga ρ uniformemente distri-
buída. Nesta situação temos que r > R, onde r é o raio da superfície gaussiana. . . . . . . . . . . 30
3.12 Grafico do campo elétrico Er em função do raio r da gaussiana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.13 Grafico para o comportamento do campo elétrico de uma casca esferica. . . . . . . . . . . . . . . 31
5
6 LISTA DE FIGURAS
4.4 Anel carregado uniformemente para o calculo do potencial elétrico no ponto "P"sobre o eixo do
disco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Eletricidade
Série Triboelétrica
Amianto
Vidro
Nylon
Madeira
Couro
Alumínio
Papel
Algodão
Plástico
Borracha de Silicone
7
8 CAPÍTULO 1. ELETRICIDADE
Assim, a carga elétrica total transferida de um material para outro é um número inteiro do valor da carga elétrica
do elétron, ou seja
Q=N ·e (1.2)
Q = −29e
Devemos descobrir agora quantos átomos de cobre existem em 3g de ”Cu”. Levando em consideração que a massa
molar é 63, 5g/mol para o cobre. Assim temos que
NA m
N=
M
onde NA é o número de Avogrado, m a massa da amostra e M a massa molar. Substituindo os valores temos
3 · 6, 02 × 102 3
N= = 2, 84 × 1022
63, 5
Exercícios:
Duas esferas condutoras idênticas, uma com carga inicial +Q e outra inicialmente descarre-
gada, são colocadas em contato. (a) Qual é o valor da nova carga em cada uma das esferas?
(b) Enquanto as esferas estão em contato, uma barra com carga negativa é aproximada de
uma das esferas, fazendo com que ela fique com uma carga igual a +2Q. Qual será o valor
da carga na outra esfera?
1.2. QUANTIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA 9
Situação 01
Situação 02
Situação 03
Exercícios:
Duas esferas idênticas são carregadas por indução e, em seguida, separadas. A esfera 1 possui
uma carga +Q e a esfera 2 uma carga −Q. Uma terceira esfera idêntica está inicialmente
descarregada. Se as esfera 3 entra em contato com a esfera 1 e se afasta, e em seguida, entra
em contato com a esfera 2 e é separada, qual será as cargas finais em cada uma das 3 esferas?
Figura 1.6: Cargas q1 e q2 dispostas sobre um plano cartesiano para definir o vetor posição de cada uma.
~r1 = x1 î + y1 ĵ (1.3)
~r2 = x2 î + y2 ĵ (1.4)
onde podemos definir o versor (vetor com módulo unitário) como sendo
~r21
r̂21 = (1.6)
|r21 |
Considerando esta representação vetorial, Coulomb formulou que a força de repulsão que a carga q2 gera
sobre a carga q1 (considerando que temos duas cargas positivas) tem a forma,
q1 q2
F~21 = k rˆ21 (1.7)
|r21 |2
1 1
k= = = 8, 99 × 109 N · m2 /C 2
4πo 4π8, 85 × 10−12
|q1 ||q2 |
|F21 | = k (1.8)
r2
1.3. LEI DE COULOMB 11
Exemplo:
Em um átomo de Hidrogênio, o elétron é separado do próton por uma distância média de aproximadamente 5, 3 ×
10−11 m. Calcule o módulo da força eletrostática de atração exercida pelo próton sobre o elétron.
Solução:
Considerando que o módulo da carga do elétron e do próton é |qe | = |qp | = 1, 6 × 10−19 o módulo da força é
calculado com
|qe ||qp |
F =k = 8, 19 × 10−8 N
r2
Tal força pode ser considerada muito pequena, contudo se considerarmos que esta força pode estar atuando sobre um
elétron,que tem uma massa extremamente pequena (9, 109 × 10−31 kg) ela irá acelerar consideravelmente o elétron.
Exemplo: A carga q1 = +25nC está na origem, a carga q2 = −15nC está sobre o eixo x em x = 2m e a carga
qo = +20nC está posicionada em um ponto com as coordenadas x = 2m e y = 2m conforme mostrado na figura
abaixo. Determine o módulo, a direção e o sentido da força resultante sobre qo .
~ ro − ~
r10 = ~ r1 = 2î + 2ĵ
~ ro − ~
r20 = ~ r1 = 2ĵ
de onde podemos calcular os versores que tem a forma
√ √
2 2
r̂10 = î + ĵ
2 2
r̂20 = ĵ
Podemos utilizar os principio da superposição e calcular a força que a carga q1 atua sobre a carga qo e a força que a
carga q2 atua sobre a carga qo independentemente e depois somar vetorialmente. Desta forma, temos
~10 = k qo q1 r̂10
F
|r10 |2
~20 = k qo q2 r̂20
F
|r20 |2
~R é a soma destes dois últimos, assim
O vetor resultante, representado na figura F
2
~R =
X qo qi
F k 2 r̂i
i=1
|r|i
Substituindo os valores numéricos do enunciado e os vetores temos que
√ √ ! !
~R = 8, 99 × 109 20 × 10−9 · 25 × 109 2 2 20 × 10−9 · −15 × 109
F √ î + ĵ + ĵ
|2 2|2 2 2 |2|2
Resultando em uma força dada por
~ R = 3, 973 × 10−7 î − 2, 767 × 10−7 ĵ
R
12 CAPÍTULO 1. ELETRICIDADE
Capítulo 2
Campo Elétrico
Considerando uma carga inicial q em uma determinada região do espaço. Aproximando uma carga −q desta
primeira verificamos que as duas cargas se atraem mutuamente e a intensidade desta força pode ser calculada a
partir da Lei de Coulomb. Em um segundo momento, se aproximarmos uma carga +q da primeira carga citada
acima, uma força de repulsão com o mesmo módulo surge. Assim podemos pensar que ao entorno da primeira
carga existe um "campo"de força característico, da mesma forma que pensamos em campos gravitacionais em
torno se corpos que contem massa. Este campo existe independentemente de aproximarmos uma outra carga teste.
Denominaremos este campo como sendo o campo elétrico. Este campo pode ser calculado a partir da Lei de
Coulomb. O campo elétrico pode ser obtido retirando-se a carga teste da Lei de Coulomb, ou seja, divide-se a Lei
de Coulomb pela carta teste.
~
~ = F
E (2.1)
qo
onde, neste equação qo é a denominada carga teste, que será sempre positiva para nós. A unidade no SI tem a
forma [E] = N/C. Poemos perceber desta última equação que o campo elétrico é uma grandeza vetorial assim
como a força, se considerarmos que a carga é um escalar, o vetor campo elétrico é um vetor com mesma direção e
sentido da força obtida da Lei de Coulomb, contudo seu módulo é menor que o da Força.
Pode existir situações em que precisamos calcular o campo elétrico total atuante sobre uma carta teste qo
gerado por varias outras cargas localizadas no espaço. Um exemplo está exposto na figura ?? O campo elétrico
atuante sobre a carga qo é a soma vetorial do campo gerado por cada uma das cargas q1 , q2 e q3 localizadas nas
posições ~r1 , ~r2 e ~r3 , respectivamente. Assim temos que
~ =k
X qi
E r̂i,0 (2.2)
|ri,0 |2
onde ~ri é o vetor posição de cada uma das cargas que geram um campo na posição onde se encontra qo localizada
na posição ~ro .
13
14 CAPÍTULO 2. CAMPO ELÉTRICO
Exemplo:
Quando uma carga de prova de 5nC é colocada em um certo ponto, ela fica sujeita à ação de
uma força de 2 × 10−4 N no sentido do aumento da coordenada x. Qual o valor do campo
~ atuante naquele ponto.
elétrico E
Solução: Neste caso temos um exemplo bastante simples, basta substituir na expressão para
o campo elétrico os valores indicados no enunciado, assim
~ −4
~ = F = 2 × 10 î = 4 × 104 N î
E
q 5 × 10−9 C
Exemplo:
Uma carga positiva q1 = +8nC é posicionada na origem, e uma segunda carga positiva
q2 = +12nC é colocada sobre o eixo x a uma distância a = 4m da origem. Determine o
campo elétrico resultante em (a) no ponto P1 sobre o eixo x em x = 7m e (b) no ponto P2
sobre o eixo x em x = 3m
Solução:
O campo elétrico no ponto P pode ser calculado a partir
da expressão X qi
E~ =k rˆi
|ri |2
Inicialmente iremos definir os vetores r̂i onde i = 1, 2 neste caso, para a carga q1
r̂1,p = î |r1,p | = 7
Substituindo estes valores no cálculo do campo elétrico vem
r̂2,p = î |r2,p | = 3
Substituindo estes valores no cálculo do campo elétrico vem
~ = 1, 47 N î + 11, 98 N î = 13, 45 N î
E
C C C
b) Este item fica como um exercício, o procedimento é o mesmo realizado acima.
~
p~ = q L (2.3)
onde L ~ é o vetor que vai da carga negativa até a carga positiva. A figura 2.2 representa o dipolo descrito acima. Esta
configuração de carga é importante para algumas aplicações práticas como iremos verificar adiante. Alguns mate-
riais tem a capacidade de polarizar suas moléculas tornando-se assim dipolos elétricos que poderão ser utilizados
para aumentar a capacitância de um capacitor.
Figura 2.2: Representação do dipolo elétrico. Duas cargas de mesma intensidade porem de sinais opostos separados por uma distância |L|
Exemplo:
Uma carga +q é posicionada em x = a e uma segunda carga −q é colocada em x = −a,
conforme figura abaixo. (a) Determine o campo elétrico sobre o eixo x em um ponto arbitrário
x > a. (b)Determine o valor limite do campo elétrico para x >> a.
Solução:
O cálculo do campo elétrico pode ser realizado utilizando
a expressão geral para o campo elétrico, ou seja
X qi
E~p = k r̂i,p
|ri,p |2
para encontrar a solução devemos encontrar os vetores ~r1,p e ~r2,p . Tais vetores tem a forma
~p = −kq kq
E î + î
(x + a)2 (x − a)2
ou ainda, manipulando algebricamente (fica com exercício para você)
~ 4xa
Ep = kq î
(x2 − a2 )2
b) Quando tomamos (x >> a) então podemos realizar uma aproximação de modo que (x2 +
a2 )2 ≈ (x2 + 02 )2 ≈ x4 , ou seja, se x >> a então x2 é muito maior que a2 de forma que
podemos desprezar este termo no denominador do resultado anterior. O resultado fica então
na forma
E~ p = 4qa î
x3
Considerando a segunda parte do exemplo acima, verificamos que se trata de um dipolo elétrico onde a distância
entre as cargas é 2a. Desta forma podemos escrever a intensidade do vetor campo elétrico em função do momento
de dipolo elétrico como sendo
2k2aq 2kp
E= 3
= 3 (2.4)
x x
uma carga pontual negativa o campo é também radial contudo direcionado na direção da carga, a figura 2.3 mostra
esta configuração.
Figura 2.3: Representação das linhas de campo elétrico gerado por cargas pontuais. (a) campo para carga positiva com as linhas divergindo da
carga pontual. (b) campo para a carga negativa com as linhas convergindo da carta pontual.
F~ = Eq
~ (2.5)
Lembrando a 2o Lei de Newton F~ = m~a podemos calcular a aceleração de uma partícula com massa "m"carregada
com uma carga "q".
P~
F q ~
~a = = E (2.6)
m m
Esta expressão se tornou importante, principalmente, pela possibilidade de se obter a razão carga/massa de uma
determinada partícula. Isto possibilitou a obtenção da massa do elétron. No entanto mudanças importantes foram
feitas quando as velocidades são da ordem da velocidade da luz (correções relativísticas necessitam ser feitas).
Exemplo:
Um elétron é projetado em um campo elétrico uniforma E ~ = 1000N/C î, com uma veloci-
dade inicial vo = 2 × 106 m/sî. Qual é a distância percorrida pelo elétron antes de parar
momentaneamente?
q ~ (−1, 6 × 10−19 )
~a = E= · 1000 = −1, 76 × 1014 m/s2
m (9, 11 × 10−34 )
Da equação de Torricelli podemos calcular o espaço percorrido antes de parar momentanea-
mente
v 2 = vo2 + 2a∆x
onde a velocidade final v é nula e o restante dos dados foram calculados ou estão no enunciado
do exemplo
02 = (2 × 106 )2 − 2 · 1, 76 × 101 4 · ∆x
∆x = 1, 14cm
2.1. DIPOLOS ELÉTRICOS 17
Algumas moléculas possuem momentos de dipolo elétrico permanente devido a uma distribuição não uniforme das
cargas elétricas em seu interior. Em outras moléculas uma polarização acontece quando submetidas a um campo
elétrico. A água é um exemplo importante deste efeito. Conforme mostrado na figura 2.4 a força F~1 e a força F~2
atuantes sobre as cargas fazem com que o dipolo sofra um torque para se alinhas na direção do campo elétrico.
com isso o torque pode ser dado por
~
Figura 2.4: Dipolo elétrico submetido a um campo elétrico E
~
~τ = p~ × E (2.7)
τ = pEsen(θ) (2.8)
Se tal dipolo elétrico sofre um torque, então o campo elétrico está realizando um trabalho sobre dipolo, podemos
associar este trabalho com a energia potencial elétrica associada ao dipolo elétrico. Podemos escrever o elemento
de trabalho associado a um elemento de rotação como sendo
dW = −τ dθ (2.9)
dW = −pEsen(θ)dθ (2.10)
O sinal negativo nesta equação indica que o torque é oposto a qualquer incremento no ângulo θ. Fazendo uma
ligação entre o trabalho e a energia potencial na forma
Z Z
dU = pEsen(θ)dθ (2.12)
R
lembrando que sen(θ)dθ = −cos(θ) podemos escrever a energia potencial elétrica associada ao dipolo,
U = −pEcos(θ) = −~ ~
p·E (2.13)
~
que é exatamente o produto escalar entre p~ e E
18 CAPÍTULO 2. CAMPO ELÉTRICO
Exemplo:
Um dipolo com momento de p = 0, 02e · nm faz um ângulo de 20o com um campo elétrico
uniforme de E = 3×103 N/C. Determine (a) o torque sobre o dipolo. (b) a energia potencial
do sistema.
Solução: Sendo e = 1, 6 × 10−19 C e lembrando que 1nm = 1 × 10−9 m o torque pode ser
calculado através de
Até o momento estudamos as interações e os campos entre cargas elétricas pontuais. No entanto, existe a possi-
bilidade de encontrarmos corpos extensos carregados eletricamente. Estes corpos, por sua vez, irão gerar campos
elétricos em seu entorno. Neste capítulo iremo calcular os campos elétricos gerados por formas simétricas e dis-
tribuições contínuas de carga. Para isso precisamos definir densidade de carga elétrica, da mesma forma como é
definida densidade de massa. Conforme a forma do corpo carregado podemos ter 3 tipos de densidades: Volumé-
trica, Superficial e Linear.
∆Q
ρ= (3.1)
∆V
∆Q
σ= (3.2)
∆A
∆Q
λ= (3.3)
∆L
Se considerar um corpo com uma forma contínua conforme representado na figura 3.1 onde um corpo "C"apresenta-
se uniformemente carregado podemos calcular o campo elétrico no ponto P selecionando-se um elemento de carga
dq e calculando o campo no pondo requerido. Para calcular o campo elétrico total basta "varrer"todo corpo e
utilizar o princípio da superposição (integrando) sobre todo volume do corpo.
Figura 3.1: Corpo com formato aleatório carregado, destacando um elemento de carga dq que será considerado para o inicio do calculo do
campo elétrico no ponto P.
Como exemplo temos o campo elétrico gerado pelo elemento de carga dq no ponto P na forma
~ = kdq
dE r̂1 (3.4)
r12
19
20 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO: DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA
Z
~ = kdq
E r̂ (3.5)
V r2
onde dq pode ser escrito em função da densidade de carga com dq = ρdV , ou dq = σdA, ou dq = λdL.
A partir deste ponto iremos descrever o campo elétrico gerado pro algumas distribuições simétricas de
cargas. Todos os cálculos serão realizados a partir da Lei de Coulomb.
Nosso objetivo é calcular o campo elétrico no ponto P, para isso vamos descrever o campo elétrico gerado
pelo elemento de carga dq mais escuro nesta figura gerando um campo dE ~ no ponto P. Tal campo pode ser escrito
como sendo,
~x = kdq
dE î (3.6)
r2
onde r é a distância entre a carga dq e o ponto P, que neste caso é dado por
~x = kdq
dE î (3.8)
(xp − x)2
para integrar esta equação precisamos mudar o elemento de integração, para isso utilizaremos as definições de
densidade de carga, neste caso temos uma densidade linear de carga, assim o elemento de carga dq pode ser escrito
como sendo dq = λdx, substituindo na equação acima vem,
~x = kλdx
dE î (3.9)
(xp − x)2
o campo elétrico total é dado pela integração desta última, para este exemplo, entre os limites −L/2 até L/2.
Como, neste caso k, λ e xp são constantes, então
Z L/2
~ = kλî dx
E (3.10)
−L/2 (xp − x)2
u = xp − x
du d
= (xp − x) = −1
dx dx
assim
du = −dx
L L
xi = − ui = xp +
2 2
L L
xf = uf = xp +
2 2
retornando a expressão para o campo elétrico
Z xp −L/2
~ x = −kλî du
E (3.11)
xp +L/2 u2
x −L/2
1 p
~ 1 1
Ex = kλî − = kλî − (3.12)
u xp +l/2 xp − L/2 xp + L/2
~x = kλL kq
E î = 2 î (3.13)
(x2p − (L/2)2 ) xp − (L/2)2
Figura 3.3: Linha de carga para o cálculo do campo fora do eixo do mesmo
Da mesma forma que o caso anterior devemos calcular o campo elétrico gerado pelo elemento de carga dq
sobre o ponto P.
~ = kdq
dE r̂ (3.14)
|r|2
22 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO: DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA
~ = kλdx
dE r̂ (3.15)
|r|2
Devemos encontrar o vetor ~r que liga o elemento de carga dq até o ponto localizado sobre o eixo y. Sendo
a localização deste elemento dado por ~rq = xî e do ponto P ~rp = y ĵ, assim
Podemos colocar os componentes do campo em função dos ângulos θ, de acordo com a figura 3.3 na direção
y temos que
~
dEy = |dE|cos(θ) (3.17)
~ vem que
substituindo |dE|
kλdx
dEy = cos(θ) (3.18)
r2
Observando as identidades relacionadas aos triângulos retângulos da figura 3.3 podemos escrever
y
cos(θ) = (3.19)
r
assim temos para o campo na direção y
kλy
dEy = dx (3.20)
r3
Para calcular Ey devemos integrar a ultima expressão. Para facilitar os cálculos podemos fazer uma mu-
dança de variáveis para não integrar sobre os limites x1 e x2 . Da figura temos
x
tg(θ) = (3.21)
y
dx d
= (ytg(θ)) dx = ysec2 (θ)dθ (3.22)
dθ dθ
podemos escrever r em função de θ, de modo que
y
r= (3.23)
cos(θ)
kλ
dEy = cos(θ)dθ (3.25)
y
Integrando 3.25 vem
Z Z θ2
kλ kλ
dEy = cos(θ)dθ = sen(θ)|θθ21 (3.26)
y θ1 y
kq
Ey = (sen(θ2 ) − sen(θ1 )) (3.27)
Ly
~ SOBRE O EIXO DE UM ANEL CARREGADO:
3.3. CAMPO E 23
Com procedimento semelhante podemos calcular a componente do campo elétrico na direção x (fica como
exercício para você), onde encontramos que
kλ
Ex = (cos (θ2 ) − cos (θ2 )) (3.28)
y
Figura 3.4: Anel carregado no plano yz para o cálculo do campo sobre o eixo do anel, neste caso também sobre o eixo x.
Considerando o ponto localizado a uma distância x conforme mostrado na figura ?? o campo elétrico na
direção x tem a forma
~x = kdq
dE î (3.29)
r2
ou ainda, em função do ângulo θ,
kdq
dEx cos(θ) (3.30)
r2
x
como cos(θ) = r vem que
kdq x kdq
dEx = 2
= 3 x (3.31)
r r r
a distância r entre o ponto e o elemento de carga dq1 pode ser escrita em função do raio do anel e da distância x,
que para este caso são duas constantes,
p
r= x2 + a2 (3.32)
kdqx
dEx = 3/2
(3.33)
(x2 + a2 )
Assim
24 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO: DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA
kxq
Ex = 3/2
(3.35)
(x2 + a2 )
Figura 3.5: Disco carregado para o cálculo do campo elétrico no ponto sobre o eixo x.
dA = 2πada
de forma que a carga dq = σ2πada. Para calcular o campo do disco, vamos partir do resultado encontrado para o
anel da seção anterior. podemos escrever o campo elétrico dEx na seguinte forma,
kx2πσada
dEx = (3.36)
(x2 + a2 )3/2
No entanto, neste caso o raio a pode variar de a = 0 até a = R como pode ser visto na figura 3.5, desta
forma a integral toma a forma:
Z Z R
kx2πaσda
dEx = (3.37)
0 (x2 + a2 )3/2
Para resolver esta integral vamos utilizar uma mudança de variáveis da seguinte forma
u = x2 + a2 (3.38)
du = 2ada (3.39)
a = 0 → u = x2
a = R → u = x2 + R2
Z x2 +R2
kxπσdu
Ex = (3.40)
x2 u3/2
Integrando vem que
3.5. O FLUXO ELÉTRICO: 25
u−1/2 x2 +R2
Ex = kxπσ | 2 (3.41)
−1/2 x
Figura 3.6: Fluxo elétrico onde podemos perceber as linhas de campo elétricos atravessando a área A
ΦE = EA (3.43)
onde a unidade no SI é dado por N m2 /C. Se a superfície com área A não se encontra perpendicular ao campo
~ então o fluxo é alterado de acordo com o angulo θ entre a normal a superfície e o campo (figura 3.6 b).
elétrico E
Para calcular nesta situação temos que:
ΦE = EAcos(θ) (3.44)
Para uma situação onde o campo elétrico e a normal à área varia em função da posição precisamos calcular
de forma diferente o fluxo elétrico total ao circuito. Poderá ser relativamente mais fácil calcular um pequeno
elemento de fluxo de cada vez. Assim teremos
~ i · ∆A
∆ΦE = Ei ∆Ai cos(θ) = E ~i (3.45)
X Z
ΦE = |{z}
lim ~ i ∆A
E ~i = ~ · dA
E ~ (3.46)
sup.
∆Ai →0
Para o cálculo do campo elétrico, muitas vezes estamos interessados em campos em uma determinada região
do espaço, ou seja, dentro de uma superfície fechada como por exemplo uma esfera, Desta forma 3.46 fica sendo
uma integral fechada e é representada como sendo
I I
ΦE = ~ · dA
E ~= En dA (3.47)
kQ
En =
R2
Lembramos também que o campo elétrico gerado por uma carga positiva é um campo que diverge da carga, desta
forma, em cada ponto da superfície esférica pontilhada da figura 3.7 o campo é perpendicular a ela. Utilizando
3.47 podemos calcular o fluxo elétrico na superfície fechada, de modo que, como o campo elétrico é uniforme
sobre esta superfície temos
I I
ΦE = En dA = En dA (3.48)
A integral do lado direito de 3.48 é na verdade a integral dupla que define a área de uma superfície esférica que é
dada por 4πR2 . Assim o fluxo elétrico tem como resultado.
kQ
ΦE = 4πR2 = 4πkQ (3.49)
R2
onde utilizamos o campo de uma carga pontual, esta expressão demonstra que o fluxo resultante sobre uma esfera
com raio R depende, acima de tudo, da intensidade de carga Q, uma vez que 4πK é uma constante. Este resultado
mostra também que o fluxo elétrico de qualquer superfície fechada que envolva uma carga puntiforme é dado
por 4πKQ. Desta forma, para um sistema de cargas puntiformes como o representado na Figura 3.8, o fluxo irá
depender da carga total DENTRO da superfície fechada.
Figura 3.8: Três cargas puntiformes, sendo que q3 encontra-se fora da superfície, não contribuindo assim para o fluxo elétrico.
Neste caso, independente do sinal da carga q3 todas as linhas que partem da carga e penetram na superfície
irão sair em outro ponto da mesma, de modo que a carga q3 não afeta no fluxo total. No entanto as linhas de campo
proveniente das cargas q1 e q2 irão penetrar ou sair da superfície e deverão contar para o cálculo do fluxo.
ΦE = 4πK(q1 + q2 ) (3.50)
o valor do fluxo final irá depender do sinal e do valor das cargas aprisionadas na superfície fechada.
3.7. CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DA LEI DE GAUSS: 27
Figura 3.9: Plano infinito carregado e a superfície cilindrica caussiana escolhida para calcular o campo. Nesta figura n̂ é a normal a superfície
eE~ o campo elétrico gerado pelo plano.
Qint = 0 ΦE (3.51)
com isso vem que
σA = 0 2En A (3.52)
Com isso o campo toma forma
σ
En = = 2πKσ (3.53)
20
A direção é î, a direita da placa infinita carregada e −î no lado esquerdo da placa se a densidade de carga
for positiva. Esta forma de cálculo é extremamente mais simples de calcular o campo elétrico quando comparamos
o cálculo a partir da Lei de Coulomb. No entanto, para cada distribuição de carga é importante que uma superfície
gaussiana adequada seja escolhida.
~ · n̂ = Er , onde
gaussiana o campo elétrico é paralelo ao vetor n̂ que é normal a superfície.Assim o campo En = E
Er é o campo radial a superfície. O fluxo pode ser calculado a partir de
I I
ΦE = ~ · n̂dA =
E Er dA (3.54)
S S
como, sobre a superfície Er é uma constante, então podemos reescrever a equação acima na forma
I
Φ E = Er dA = Er 2πr2 (3.55)
S
Qint
ΦE = (3.56)
0
Então para uma superfície gaussiana que engloba uma carga puntiforme q o resultado torna-se
q
Er 4πr2 = (3.57)
0
isolando Er vem que
q
Er = (3.58)
4π0 r2
que é exatamente o mesmo resultado encontrado utilizando-se a Lei de Coulomb.
Para uma casca esférica de raio R carregada com uma carga Q o procedimento é exatamente o mesmo que
no caso da carga pontual. Se tomarmos uma superfície gaussiana com raio r > R então teremos um fluxo dado
por:
I
ΦE = ~ · n̂dA = Qint
E (3.59)
S 0
como, sobre a superfície o campo elétrico é uniforme e constante, então podemos utilizar o mesmo procedimento
anterior e reescrever a equação acima na forma
Q
Er 2πr2 = (3.60)
0
de onde vem que, para r > R
1 Q
Er = (3.61)
4π0 r2
Que é o mesmo resultado encontrado para a carga pontual. O cálculo para o campo elétrico para uma superfície
gaussiana com r < R, como representado na figura 3.10
Escrevendo a Lei de Gauss
I
~ · n̂dA = Qint
E (3.62)
S 0
o lado esquerdo desta equação tem resultado igual ao dos cálculos anteriores, contudo no lado esquerdo, não temos
nenhuma carga liquida aprisionada dentro da superfície gaussiana, de modo que Qint = 0, deste modo temos que
3.7. CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DA LEI DE GAUSS: 29
Figura 3.10: Casca esférica carregada com uma carga Q e raio R, a linha tracejada refere-se a superfície gaussiana de raio r.
Qint
Er 4πr2 = =0 (3.63)
0
o campo elétrico é então
Er = 0 (3.64)
Este resultado era esperado, uma casca elétrica carregada irá blindar o campo elétrico dentro dela deixando este
espaço com campo elétrico nulo. Se considerarmos, uma esfera maciça e condutora, a mobilidade das cargas
elétricas irá fazer com que toda carga se concentre na superfície deste esfera maciça, assim, para efeitos de cálculos
de campos o procedimento é o mesmo adotado aqui nesta seção. Contudo, se a esfera maciça for não condutora
devemos levar em consideração uma distribuição volumétrica de carga, os cálculos serão apresentado na próxima
seção.
Para desenvolver esta situação iremos encontrar o campo elétrico para duas situações distintas, quando
r > R e r < R, onde r é o raio da superfície gaussiana e R o raio da esfera carregada. Considerando que a carga
está distribuída uniformemente em todo volume, então teremos uma distribuição volumétrica de carga, de forma
que ρ = VQ , onde V = 43 πr3 .
Inicialmente vamos calcular o campo elétrico para a situação em que r > R, na figura 3.11 verificamos a superfície
gaussiana nesta situação, podemos perceber que toda carga Q está concentrada dentro da referia superfície, assim
a Lei de Gauss tem a forma
I
~ · n̂dA = Qint
E (3.65)
S 0
a integral a esquerda tem como resultado, sobre a superfície gaussiana,
Qint
Er 4πr2 = (3.66)
0
nesta situação, a carga dentro da superfície gaussiana (Qint ) é a carga total sobre a esfera maciça não condutora,
de forma que Qint = Q, assim a equação acima toma a forma
1 Q
Er = (3.67)
4π0 r2
Quem mais uma vez é o mesmo resultado que obtivemos no caso de uma carga pontual, como se toda a carga
estivesse concentrada no centro da esfera maciça.
Vamos considerar agora a situação em que r < R, ou seja, a superfície gaussiana está dentro da esfera
maciça, com isso podemos calcular o campo elétrico dentro da esfera maciça não condutora. Diferentemente dos
30 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO: DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA
Figura 3.11: Esfera não condutora de raio R carregada com uma densidade de carga ρ uniformemente distribuída. Nesta situação temos que
r > R, onde r é o raio da superfície gaussiana.
outros exemplos, nesta situação teremos uma carga liquida dentro da superfície gaussiana independente do valor
r < R, desde que r 6= 0. Aplicando novamente a Lei de Gauss
I
~ · n̂dA = Qint
E (3.68)
S 0
o lado esquerdo terá o mesmo resultado que a situação anterior, vamos resolver então o lado direito desta equação.
Neste caso a carga interna será parte da carga total distribuída na esfera maciça. A relação entre a carga interna
Qint a superfície gaussiana e a carga total pode ser descrita através da densidade volumétrica de carga, onde
Q Qint
ρ= = (3.69)
V VG
onde VG é o volume da gaussiana, assim podemos reescrever esta última
4 3
VG 3 πr
Qint = Q= 4 3
(3.70)
V 3 πR
Qr3
Qint = (3.71)
R3
Substituindo a carga interna na Lei de Gauss
Qr3
Er 4πr2 = (3.72)
R 3 0
isolando Er o campo elétrico para esta situação tem a forma
Q
Er = r (3.73)
R3 0 4π
onde podemos perceber que para dentro da esfera maciça não condutora temos um campo que cresce linear com
relação ao raio da superfície gaussiana.
Analisando os resultados obtidos para r > R e r < R verificamos dois comportamentos distintos para o
campo. Tais comportamentos são resumidos na figura 3.12. Neste gráfico o eixo horizontal representa a distância
radial r do centro da esfera e o eixo vertical o campo elétrico Er . A curva representa o comportamento linear até
r = R e um comportamento proporcional a 1/r2 para r > R.
A mesma análise podemos fazer para o campo elétrico da casca esférica calculado anteriormente. Naquela
situação o campo elétrico apresenta uma descontinuidade em r = R uma vez que dentro da esfera o campo é nulo
e fora dela o campo é proporcional a 1/r2 . Assim o gráfico para esta situação é o apresentado na figura 3.13.
Percebe-se claramente uma descontinuidade no campo elétrico.
3.7. CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DA LEI DE GAUSS: 31
Figura 3.13: Gráfico para o comportamento do campo elétrico de uma casca esférica.
32 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO: DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA
Capítulo 4
O Potencial Elétrico
F~ = q0 E
~ (4.2)
~ · d~l
dU = −q0 E (4.3)
dU ~ · d~l
dV = = −E (4.4)
q0
perceba a diferença importante entre a energia potencial elétrica (dU ) e o potencial elétrico (dV ) definidos aqui.
A figura ?? abaixo mostra uma forma de medir a diferença de potencial elétrica entre os pontos a e b em um
sistema para medir a diferença de resistividade entre dois substratos S1 e S2 normalmente utilizados em métodos
geofísicos. O cálculo da diferença de potencial elétrico entre os pontos citados acima pode ser realizado a partir da
integral de dV .
Z b Z b
∆V = dV = − ~ ~l
Ed (4.5)
a a
A diferença de potencial Vb − Va é igual ao negativo do trabalho por unidade de carga, realizado pelo campo
elétrico sobre um pequena carga de prova positiva quando esta se move de um ponto "a"até um ponto "b". Este
cálculo é valido se mantivermos fixas todas as outras cargas do sistema.
~ = kq r̂
E (4.6)
r2
33
34 CAPÍTULO 4. O POTENCIAL ELÉTRICO
Considerando um deslocamento d~l a diferença de potencial pode ser escrito como sendo
~ ~l = kq r̂ · d~l
dV = −Ed (4.7)
r2
Da figura 4.2 temos que
dr = dlcos(φ)
r̂ · d~l = d~l cos(φ)
dr = r̂ · d~l
Figura 4.2: Carga puntiforme q e dois pontos de referência para o cálculo da diferença de potencial. Nesta figura d~l é o elemento de
deslocamento e r̂ é o versor.
kq
dV = dr (4.8)
r2
integrando desde o ponto de referência até o ponto rp temos,
Z Z rp Z rp
kq 1
dV = − dr = −kq dr (4.9)
r r2 r r2
resultando em
1 rp kq kq
V = −kq − |r = − (4.10)
r rp r
Se tomarmos r no infinito, o segundo termo da expressão acima tende a zero e o potencial toma a forma
4.2. POTENCIAL ELÉTRICO DEVIDO A UM SISTEMA DE CARGAS PUNTIFORMES 35
kq
V = (4.11)
r
Com isso, podemos calcular a energia potencial de uma carga de prova puntiforme colocada a uma distância r de
uma carga pontual q.
kqo q
U = qo V = (4.12)
r
Exemplo:
Qual o potencial elétrico a uma distância r = 0, 529 × 10−10 m de um próton? (distância
entre o núcleo e o elétron em um átomo de hidrogênio). Qual é a energia potencial elétrica
do elétron e do próton a essa distância de separação?
Solução:
kq ke 8, 99 × 109 · 1, 6 × 10−19
V = = = (4.13)
r r 0, 529 × 10−10
V = 27, 2N m/C = 27, 2V
O cálculo da energia potencial é dada por
U = qo V (4.14)
onde neste caso qo = e ou qo = −e para o caso do elétron. Assim
Para calcular o potencial em um ponto específico pode-se utilizar o princípio da superposição, de modo que
X kqi
V = (4.16)
i
ri
Exemplo:
Duas cargas puntiformes de +5nC estão sobre o eixo x, uma na origem e outra em x = 8cm.
Determine o potencial (a) no ponto P1 sobre o eixo x em x = 4cm (b) no ponto P2 sobre o
eixo y em y = 6cm.
Solução:
No ponto P1 temos,
X kqi
V =
i
ri
onde ri é a distância de cada uma das cargas até o ponto
em questão
Assim temos que,
X kqi kq1 kq2
V = = +
i
ri r1 r2
onde r1 = 4cm, r2 = 4cm, q1 = q2 = +5nC. Passando para o SI e substituindo acima vem
que
Exercício 1: Uma carga q1 é posicionada na origem e uma segunda carga q2 é colocada sobre
o eixo x em x = a. Determine o potencial sobre o eixo "x"para um ponto qualquer.
~ · d~l
dV = E
deslocamento (dx), apenas na direção x a única componente do campo elétrico que contribui para a diferença de
potencial é a componente Ex do campo. pois é a componente paralela a dx. Desta forma
dV = −Ex · dx (4.17)
dV
Ex = − (4.18)
dx
com isso temos que o campo elétrico é o negativo da derivada espacial do potencial elétrico. Como exemplo
podemos calcular o campo elétrico gerado por uma carga pontual a partir do potencial elétrico dado por
kq
V = (4.19)
r
neste caso o campo é radial a carga, assim iremos calcular a componente radial do campo
dV d kq
Er = − r̂ = r̂ (4.20)
dr dr r
resolvendo, temos
kq
Er = r̂ (4.21)
r2
que é exatamente o campo elétrico gerado por uma carga pontual, conforme já havíamos demostrado a partir da
Lei de Coulomb. Se o campo elétrico tiver componentes nas três direções, então o campo toma a forma
~ = Ex î + Ey ĵ + Ez k̂
E (4.22)
se além disso o deslocamento d~l tiver componentes nas três dimensões o potencial pode ser escrito como
~ · d~l
V =E (4.23)
para cada componente do campo elétrico teremos uma derivada direcional de forma que
~ = − ∂V î − ∂V ĵ − ∂V k̂
E (4.24)
∂x ∂y ∂z
∂ ∂ ∂
∇= î + ĵ + k̂
∂x ∂y ∂z
~ = −∇ · V
E (4.25)
Exemplo:
Calcule o campo elétrico em uma região do espaço onde o potencial elétrico é dado por
V = (3x2 y + y 2 + yz)volts
Solução:
Para calcular o campo elétrico devemos tomar o negativo do gradiente do potencial elétrico.
Assim
~ ∂ ∂ ∂
k̂ · 3x2 y + y 2 + yz
E = −∇ · V = î + ĵ +
∂x ∂y ∂z
podemos reescrever na forma
Z Q Z Q
k k
V = dq = dq (4.27)
0 r r 0
a fração kr foi retirado do integrando pois tanto k quanto r são constantes neste caso. Assim o potencial elétrico
tem a forma
kQ kq kq
V = =√ = q (4.28)
r 2
a +x 2
|x| 1 + a2
x2
Exemplo:
Um anel com 4cm de raio está apoiado no plano xy com seu centro na origem do plano
cartesiano. O anel possui uma carga uniformemente distribuída de 8nC. Uma pequena
partícula de massa m = 6mg e carga qo = 5nC é colocada em x = 3cm e liberada.
Determine a velocidade da partícula quando estiver a uma grande distância do anel. Admita
que os efeitos gravitacionais sejam desprezíveis.
Solução:
Devido ao sinal da carga, ao ser liberada ela será repelida e acelerada na direção positiva do
eixo x. Desta forma, toda energia potencial elétrica armazenada pela carga irá se transformar
em energia cinética. Assim, inicialmente iremos calcular a energia potencial.
kQ
U = qo V = qo √
x2 + a2
substituindo os valores numéricos temos
v = 1, 54m/s
carga. O potencial devido a carga desse anel no ponto P é dado pela equação 4.28. Assim podemos integrar entre
os limites a = 0 até a = R para determinar o potencial elétrico total divido a carga do disco.
Figura 4.4: Anel carregado uniformemente para o calculo do potencial elétrico no ponto "P"sobre o eixo do disco.
kdq kσ2πada
dV = 1 = 1 (4.29)
(x2 + a2 ) /2 (x2 + a2 ) /2
para calcular V basta integrar a expressão acima entre os intervalos a = 0 até a = R, assim
40 CAPÍTULO 4. O POTENCIAL ELÉTRICO
Z Z R
kσ2πada
dV = 1/2
(4.30)
0 (x2 + a2 )
para facilitar o cálculo desta integral vamos tomar uma mudança de variáveis, tal como:
u = x2 + a2
du = 2ada
se a = 0 então u = x2
se a = R então u = x2 + R2
finalmente temos
r !
R2
V = 2πkσ |x| 1+ 2 −1 (4.33)
x
Capítulo 5
Capacitância
O Potencial V devido a uma carga Q de um condutor isolado é proporcional a própria carga e as dimensões do
condutor. O potencial de um esfera carregada eletricamente com uma carga Q é dado por:
kQ
V = (5.1)
R
A relação entre a carga Q e o potencial V é chamado de capacitância
Q
C= (5.2)
V
Apesar desta dependência a capacitância de um condutor é função das dimensões e da forma do condutor. Para um
condutor esférico temos que
Q Q R
C= = = (5.3)
V kQ/R k
C = 4πo R (5.4)
5.1 Capacitores:
Dispositivo constituído de dois condutores isolados eletricamente e carregados com cargas de sinais opostos. Desta
forma a capacitância do dispositivo é dado por Q/V onde V é a intensidade da diferença de potencial.
σ
E= (5.5)
2o
e que σ = Q/V , desta forma a capacitância pode ser escrita como sendo
σ Qd
V =E·d= d= (5.6)
o o A
a capacitância é então
41
42 CAPÍTULO 5. CAPACITÂNCIA
Q o A
C= = (5.7)
V d
Exemplo:
As placas de um capacitor de placas paralelas são quadradas, com 10cm de lado e separadas
por 1mm. (a) Calcule a capacitância desse dispositivo elétrico. (b) Se esse capacitor for
carregado com 12V , qual será a carga transferida de uma placa para a outra?
Solução: (a) Para calcular a capacitância basta fazer
o A 8, 85 × 10−12 · 0, 12
C= = = 88, 5pF
d 0, 001
(b) a carga é dada por
~ · d~l
dV = −E (5.8)
se consideramos que d~l = d~r devido ao fluxo na superfície do cilindro ser radial, podemos escrever,
I
Qint
ΦE = En dA = (5.9)
S o
Sendo a área do cilindro dado por 2πRl, onde R é o raio da superfície gaussiana, onde R1 < R < R2 . Se a largura
da gaussiana for "l"e dos cilindros "L"a carga interna a superfície tem a forma
5.2. ARMAZENAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA: 43
Q
Qint = l (5.10)
L
substituindo na Lei de Gauss temos
1 l
Er 2πRl = Q (5.11)
o L
assim
Q
Er = (5.12)
2πLo R
com isso podemos calcular a diferença de potencial a partir de
Z VR2 Z R2
V = VR2 − VR1 = dV = − dR (5.13)
VR1 R1
Z R2
Q dR Q R2
V = =− ln (5.14)
2πLo R1 R 2πLo R1
Q 2πo L
C= = (5.15)
V ln (R2 /R1 )
1 Q2 1 1
U= = QV = CV 2 (5.16)
2 C 2 2
Figura 5.3: Associação de capacitores em paralelo, ligado a uma fonte de tensão submetida a uma diferença de potencial V
Q1 = C1 V (5.17)
Q2 = C2 V (5.18)
Q = Q1 + Q2 = C1 V + C2 V (5.19)
Para simplificar o circuito deveríamos substituir C1 e C2 por um capacitor equivalente Ceq que tenha a capacidade
de armazenar a mesma carga Q quando submetido a mesma diferença de potencial V , ou seja
Q
Ceq = (5.20)
V
substituindo Q = Q1 + Q2
Q1 + Q2 Q1 Q2
Ceq = = + (5.21)
V V V
ou seja,
Ceq = C1 + C2 (5.22)
a capacitância equivalente de uma associação de capacitores em paralelo é a soma algébrica de cada uma das
capacitâncias.
5.3.2 Série:
Quando associamos os capacitores na forma da figura 5.4 dizemos que é uma associação em série de capacitores.
Neste caso a tensão em cada capacitor dependerá da capacitância de cada um. O terminal positivo da bateria irá
induzir uma carga positiva na placa esquerda de C2 . Da mesma forma o terminal negativo da bateria determinará
uma carga −Q na placa da esquerda de C1 . As placas da direita dos capacitores irão se carregar por indução. Com
isso verificaremos uma mesma carga para os dois capacitores, de forma que a tensão sobre cada um será dada por
Q
V1 =
C1
Q
V2 =
C2
o potencial elétrico total do circuito dever ser a tensão da fonte de corrente, ou seja
V = V1 + V2 (5.24)
tomando o mesmo procedimento que no caso da associação em paralelo, podemos simplificar o circuito substi-
tuindo esta associação por um capacitor equivalente que armazene a mesma carga Q quando submetido a mesma
diferença de potencial gerado pela fonte V , ou seja
5.4. DIELÉTRICOS: 45
Q
Ceq = (5.26)
V
sendo V = V1 + V2 então
1 1 1
= + (5.27)
Ceq C1 C2
5.4 Dielétricos:
Um dielétrico é um material não condutor com uma certa capacidade de polarização, que, quando inserido entre as
placas dos capacitores, tem o poder de aumentar a capacitância do mesmo de um fator κ. Exemplos de dielétricos
são: ar, vidro, papel, plástico.
Com a inserção de um dielétrico entre as placas de um capacitor carregado o campo elétrico entre as placas
irã atuar na estrutura molecular do dielétrico polarizando o material. Esta polarização, por sua vez, irá diminuir
o campo elétrico resultante entre as placas do capacitor, a consequência é a diminuição do potencial elétrico e o
aumento da capacitância do capacitor. Matematicamente temos que
Eo
E= (5.28)
κ
onde Eo é o campo elétrico entre as placas do capacitor sem o dielétrico e κ a constante dielétrica do elemento
inserido entre as placas. Utilizando este campo elétrico no potencial vem que
Eo d Vo
V =E·d= = (5.29)
κ κ
onde aqui Vo é o potencia elétrico sem a presença de um dielétrico. A capacitância é então dada por
Q Q Q
C= = =κ (5.30)
V Vo /κ Vo
Q
onde Vo é a capacitância antes da inserção do dielétrico, ou seja, Co , assim
C = κCo (5.31)
com isso podemos concluir que a capacitância de um capacitor é multiplicado pelo fator κ quando inserido um die-
létrico. Para um capacitor de placas paralelas, por exemplo, os propriedades dielétricas irá alterar a permissividade
do meio de modo que = κo . Na tabela ?? listamos alguns valores da constante dielétrica de alguns materiais.
Material κ
Ar 1,00059
Vidro 5,6
Baquelita 4,9
Papel 3,7
Porcelana 7
46 CAPÍTULO 5. CAPACITÂNCIA
Capítulo 6
∆Q
I= (6.1)
∆t
.
a unidade no SI é o Ampère onde [I] = C/s = A. Quando a diferença de potencial é retirada, o campo
elétrico cessa automaticamente, consequentemente a corrente elétrica torna-se nula, pois não haverá uma corrente
liquida de cargas em uma única direção, a energia dos elétrons é consequência da agitação térmica apenas, uma
representação simplificada pode ser vista na figura 6.2.
Figura 6.2: Fio condutor acoplado com uma bateria que gera uma tensão V com a chave S aberta. Perceba o movimento aleatório dos elétrons,
provavelmente gerado pela agitação térmica.
Exercício:
Considerando um circuito onde passa uma corrente elétrica de 5mA em um determinado
condutor metálico. Qual a quantidade de elétrons que atravessa a secção transversal deste
condutor em 1s?
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48 CAPÍTULO 6. CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA (CC):
V = Va − Vb = E · ∆L (6.2)
a razão entre a diferença de potencial "V "e a corrente "I"denomina-se de resistência elétrica.
V
R= (6.3)
I
1V
A unidade no SI é o "Ohm"(Ω), onde 1Ω = 1A .
A resistência elétrica dos materiais é uma função dimensões e das características atômicas que definirá o
que denominamos de resistividade dos materiais. Se a resistividade for constante a resistência é uma constante,
consequentemente a relação entre a tensão e a corrente destes materiais tem um comportamento linear, para este
tipo de material denominamos de Materiais Ôhomicos. Caso a relação entre a tensão e a corrente não tenha um
comportamento linear, denominamos o material de Material não Ôhomico.
Figura 6.4: (a) Curva I × V para um elemento resistivo com comportamento Ôhmico. (b) Curva I × V para um elemento resistivo não
ôhmico.
L
R=ρ (6.4)
A
6.2. RESISTÊNCIA E LEI DE OHM: 49
Em alguns casos prefere-se calcular a condutividade elétrica que é definida como o inverso da resistividade. A
unidade da condutividade é dada por (Ωm)−1 denominado de Simiens (S). A condutividade ou resistividade dos
materiais depende da temperatura do elemento resistivo. Em muitos materiais a relação entre ρ e T é linear e pode
ser calculado a partir da resistividade a temperatura ambiente (20o C).
(ρ − ρ20 )/ρ20
α= (6.5)
Tc − 20
Aqui α representa o coeficiente de temperatura para um determinado material. A tabela 6.1 traz alguns coeficientes
de temperatura e resistividade de elementos utilizados no cotidiano em circuitos elétrico e componentes eletrônicos.
Exercício:
Um fio de Nichrome (ρ = 10−6Ωm ) possui um raio de 0, 65mm. Que comprimento desse fio
é preciso para que se obtenha uma resistência de 2, 0Ω? (Resposta: L = 2, 65m)
Exemplo:
Calcule a resistência por unidade de comprimento de um fio de cobre calibre 14.
Solução: Vamos calcular a resistência por unidade de comprimento utilizando
L
R=ρ
A
R
queremos calcular a razão L, assim
R ρ
=
L A
utilizando os valores da tabela 6.2 temos
R ρ 1, 7 × 10−8
= = = 8, 17 × 10−3 Ω/m
L A 2, 08 × 10−6
Grande parte dos resistores encontrados nos equipamentos são de carbono, que apresentam uma resistência alta.
Para facilitar a identificação, os resistores são vendidos com um código de cores que identificam o valor de sua
resistência. A seguir será apresentado um exemplo simples baseado na figura 6.5.Para fazer a leitura da resistência
devemos fazer o seguinte procedimento: A leitura deve ser feita a partir da linha mais próxima da extremidade do
resistor. As duas primeiras linhas indicam um numero entre 00 até 99. A terceira linha irá indicar o expoente do
fator que deverá ser multiplicada pela dezena formada anteriormente 10x . A quarta linha indica a tolerância do
50 CAPÍTULO 6. CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA (CC):
resistor, caso não esteja presente a tolerância é de 20%. Utilizando a figura 6.5 o valor da resistência é 33 × 100 Ω,
ou seja, 33Ω. Para exercitar você pode acessar www.areaseg.com/sinais/resistor.html.
∆U = −∆Q(Vb − Vb ) (6.6)
onde Va e Vb estão relacionados a diferença de potencial entre dois pontos de um condutor cilíndrico com área de
secção transversal "A"e ∆Q a quantidade de carga que se desloca em um intervalo de tempo ∆t, o sinal negativo
na equação acima é devido a diminuição da energia devido a dissipação. Para calcular a taxa de variação de energia
em função do tempo, tomamos
∆U ∆Q
− = · V = IV (6.7)
∆t ∆t
a potencia dissipada é então
P = IV (6.8)
V2
P = IV = I 2 R = (6.9)
R
Figura 6.6: (a) Bateria Ideal onde a queda de potencial no resistor é igual a FEM gerada pela fonte. (b) Bateria real, onde a queda de potencial
sobre o resistor é diferente da FEM produzida pela bateria. Nesta figura r é a resistência interna da bateria.
P = EI (6.10)
Para uma bateria real, podemos calcular a diferença de potencial entregue ao circuito através de
V = E − Ir (6.11)
onde E é a FEM produzida pela bateria e Ir = Vd é a tensão dissipada devido ao funcionamento da bateria. O
cálculo da corrente em um circuito contendo uma bateria real pode ser feita a partir da associação de resistores em
série. A expressão para a corrente I é dada por
E
I= (6.12)
R+r
uma forma de representar a especificações de uma bateria é através do valor Ampère-hora (Ah) onde
Nesta situação a queda de potencial em cada um dos resistores pode ser calculado com
V1 = R1 I
V2 = R2 I
52 CAPÍTULO 6. CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA (CC):
onde foi considerado que a corrente I em cada um dos resistores é a mesma. A tensão total dever ser a soma das
tensões em cada um dos resistores, de forma que
V = V1 + V2
Podemos substituir os dois resistores do circuito da figura 6.7 por um único resistor equivalente, que submetido ao
mesmo potencial V dever gerar a mesma corrente I. Desta forma
V = Req I (6.13)
ou ainda
V1 + V2 = Req I (6.14)
substituindo V1 e V2 encontramos
1 1 1
= + (6.16)
Req R1 R2
1. Ao percorrer uma malha fechada em um circuito, a soma algébrica das variações de potencial dever ser igual
a zero.
2. Em qualquer nó do circuito, a soma das corrente que chegam ao nó dever ser igual a soma das corrente que
saem deste nó.
Figura 6.9: Circuito de múltiplas malhas onde existe a necessidade de solução a partir das Leis de Kirchhoff.
Q
E − Ir − =0 (6.17)
C
o primeiro termo é o aumento do potencial elétrico E, o segundo termo é a queda de potencial no resistor e o
terceiro é a queda de potencial no capacitor. Com isso, substituindo neste equação I = dQ
dt vem
dQ Q
E −R − =0 (6.18)
dt C
manipulando podemos reescrever na forma
Q dQ
E= =R (6.19)
C dt
ou ainda
dQ
CE − Q = RC (6.20)
dt
separando os termos para a integração
dQ dt
= (6.21)
CE − Q RC
integrando a carga de 0 até Qf para o intervalo de tempo entre 0 e t, vem
Z Qf Z t
dQ dt
= (6.22)
0 CE − Q 0 RC
u = CE − Q → du = −dQ
Q = 0 → u = CE
Q = Qf → u = CE − Qf
Ce − Qf t
ln = (6.24)
CE RC
usando e como base para toda equação acima encontramos
CE − Qf = CEe−t/RC (6.25)
Sendo esta a função da carga de um capacitor em um circuito RC. Fica com exercício para você, mostrar que a
função para a descarga de um capacitor em um circuito RC é dado por
Q = Qo e−t/RC (6.27)