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Manual do Aluno

PORTUGUÊS
11.o ano de escolaridade

República Democrática de Timor-Leste


Ministério da Educação
Manual do Aluno
PORTUGUÊS
11.o ano de escolaridade

Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste

Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao


Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro
Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa
Título
Português - Manual do Aluno

Ano de escolaridade
11.o Ano

Autoras
Ana Luísa Oliveira
Fernanda Reigota
Margarida Silva
Teresa Ferreira

Coordenadora de disciplina
Maria Helena Ançã

Consultora científica
Maria Elisabete Reis Afonso

Colaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina


Este manual foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas timorenses da disciplina,
sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste.

Design e Paginação
Esfera Crítica Unipessoal, Lda.
Paulo Morgado

Impressão e Acabamento
Sakura Unipessoal, Lda.

ISBN
978 - 989 - 8547 - 40 - 8

Tiragem
9000 exemplares
1.ª Edição

Conceção e elaboração
Universidade de Aveiro

Coordenação geral do Projeto


Isabel P. Martins
Ângelo Ferreira

Ministério da Educação de Timor-Leste

2013

Este manual do aluno é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a sua
utilização para fins comerciais.

Este manual respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico. Os textos de autor são apresentados na sua grafia original.
Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontravam-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de
alguma volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações.
Índice

Unidade Temática

1
Sociedade de informação e conhecimento

Subtema 1 | Meios de comunicação social


Grupo A
10 LEITURA – Comunicação Social
13 Funcionamento da Língua – Discurso direto e indireto
Grupo B
14 LEITURA – Chamemos-lhe “instinto do conhecimento”, Bill Kovach e
Tom Rosenstiel
16 Funcionamento da Língua – Expressão temporal de anterioridade,
simultaneidade e posterioridade
Grupo C
17 LEITURA – Política Nacional para a Comunicação Social
18 ORALIDADE – Projeto de Apoio à Comunicação Social em Timor-Leste
Grupo D
19 LEITURA – Semanário
20 ORALIDADE – Análise de jornais
20 ESCRITA – O cartaz publicitário
22 Funcionamento da Língua – Flexão em número dos nomes compostos
Grupo E
22 LEITURA – O bisturi, Jorge Marmelo
27 Funcionamento da Língua – Pretérito mais-que-perfeito simples e
composto
28 Prática de Língua

Subtema 2 | Internet e comunicação interativa


Grupo A
30 ORALIDADE – Navegando pela Internet
32 Funcionamento da Língua – Truncação, amálgama, extensão
semântica, onomatopeia
Grupo B
33 LEITURA – Das relações e Someday you’ll see!, “O Véu de Zaahira”
36 Funcionamento da Língua – Modo verbal
37 ORALIDADE – As redes sociais vieram para ficar?, Expresso
Grupo C
38 ORALIDADE – Armadilhas virtuais
38 LEITURA – Perigos reais para crianças e jovens na utilização da
Internet, MiudosSegurosNa.Net
41 Funcionamento da Língua – Formas verbais não finitas
Grupo D
42 LEITURA – ‘Emails’ a mais, Ricardo Garcia
45 ESCRITA – Artigo de opinião
47 Funcionamento da Língua – Orações finitas e não finitas
48 ORALIDADE – Debate
50 Prática de Língua

3
Unidade Temática

2 Vida cultural

Subtema 1 | Formas de expressão artística


Grupo A
54 LEITURA – Criação artística
57 Funcionamento da Língua – Monossemia e polissemia
58 ORALIDADE – Coleção Antoulas regressa a Timor-Leste
60 Funcionamento da Língua – Denotação e conotação
Grupo B
61 LEITURA – O cinema, Carla Miucci Ferraresi
63 Funcionamento da Língua – Constituintes da frase: grupo nominal,
grupo verbal, grupo adjetival, grupo preposicional, grupo adverbial
65 ORALIDADE – Apresentação crítica de um filme
66 Funcionamento da Língua – Funções sintáticas ao nível da frase
Grupo C
67 LEITURA – Entrevista a Luís Cardoso
68 Funcionamento da Língua – Orações subordinadas adverbiais
Grupo D
70 ORALIDADE – Ali Babá e os Quarenta Ladrões
71 LEITURA – O Sésamo, Miguel Torga (leitura integral)
81 Prática de Língua

Subtema 2 | Identidades culturais


Grupo A
84 ORALIDADE – Mosaico cultural
84 ORALIDADE – Da arte do cumprimento, João Paulo Esperança
85 Funcionamento da Língua – Pronome pessoal: reflexividade e
reciprocidade
Grupo B
86 LEITURA – Próxima paragem: Nova Iorque
92 Funcionamento da Língua – Modo condicional
Grupo C
93 LEITURA – De regresso a Luar-do-Chão, Mia Couto
97 Funcionamento da Língua – Campo lexical e campo semântico
99 ESCRITA – Mistério ao amanhecer
99 Funcionamento da Língua – Sinonímia, antonímia, hiperonímia,
hiponímia
Grupo D
100 ESCRITA – Raízes de Timor, Ângela Carrascalão
103 ORALIDADE – Costumes timorenses
103 Funcionamento da Língua – Nome: subclasses; flexão em grau
105 Prática de Língua

4
Unidade Temática

3 Mobilidade

Subtema 1 | Migrações
Grupo A
110 LEITURA – Migrações e trabalho. Assegurar os direitos no trabalho
num mundo globalizado, Paulo Bárcia
112 Funcionamento da Língua – Funções sintáticas internas ao grupo verbal
Grupo B
115 LEITURA – “Paddy desempregado” não quer ter de sair da Irlanda
para encontrar trabalho, Maria João Guimarães
117 Funcionamento da Língua – Preposições e locuções prepositivas
Grupo C
120 LEITURA – Em busca de um sonho, Júlio Magalhães
123 Funcionamento da Língua – Pronome pessoal: flexão em caso
124 ORALIDADE – Perspetivas sobre Imigração
Grupo D
125 LEITURA – Na rota dos cangurus
128 Funcionamento da Língua – Deixis pessoal, espacial e temporal
Grupo E
131 ORALIDADE – Há cada vez mais estudantes que estão fora do seu país,
Clara Viana
132 LEITURA – Regulamento de Bolsas de Investigação para Pós-
-Graduação e Especialização, FCG
135 ESCRITA – Candidatura a uma bolsa de estudo
136 Prática de Língua

Subtema 2 | Turismo
Grupo A
138 LEITURA – Fazer turismo, Gonçalo Cadilhe
141 Funcionamento da Língua – Frase ativa e frase passiva
Grupo B
141 LEITURA – Comer, Orar, Amar e Relaxar
143 ESCRITA – Relato de viagem
144 Funcionamento da Língua – Classes do verbo
Grupo C
145 LEITURA – O novo turista, Graciela Figueiredo
147 Funcionamento da Língua – Advérbios e locuções adverbiais
148 ESCRITA – Panfleto turístico
Grupo D
149 LEITURA – Pamukkale, Sousa Ribeiro
152 Funcionamento da Língua – Modo conjuntivo
Grupo E
153 LEITURA – Turismo de massas
154 Funcionamento da Língua – Colocação do pronome pessoal átono face
ao verbo
156 Prática de Língua

5
Apêndice

160 Conjugação verbal


162 Conjunções e locuções conjuncionais
163 Preposições e locuções prepositivas
163 Advérbios e locuções adverbiais

6
VIAGEM

Aparelhei o barco da ilusão


E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

Miguel Torga
“[O mundo do fim de milénio é] um mundo com duas tendências
contraditórias: a globalização e a fragmentação. Um homem
está em sua casa, afastado de todo o contacto humano, podendo
chegar pelo computador, o modem, o fax, a todos os lugares. Cada
vez mais perto de tudo e mais longe de tudo. A tecnologia permite-
-nos ter tudo dentro de casa sem sair dela. E, se eu não estiver
satisfeito com a realidade, posso viver noutra realidade, a virtual.”

José Saramago, in Expresso, 28 de outubro de 1995


Unidade Temática 1
Sociedade de informação e conhecimento

Meios de comunicação social


Internet e comunicação interativa
Subtema 1 | Meios de comunicação social

GRUPO A

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Comunicação Social
1 O século XX, para muitos autores, ficará na história como o
século da comunicação social. A multiplicidade de designações
utilizadas neste domínio impõe que outras formulações
equivalentes sejam indicadas, tais como meios de difusão maciça,
5 comunicação de massa, mass media. A expressão «comunicação
social», vulgarmente adotada em Portugal, foi pela primeira vez
utilizada nos documentos da Igreja Católica, no início da década
de 60. Comunicar, etimologicamente, é tornar comum, sendo portanto a passagem de algo de alguém para
outro, ou do indivíduo para o coletivo. De um modo geral, comunicar consiste numa troca de mensagens
10 carregadas de sentido. Mas, quando a comunicação ultrapassa o quadro da troca de mensagens entre
indivíduos e consiste na extensão de uma mensagem a partir de um centro emissor, situado num conjunto
social alargado, haverá então difusão, comunicação social. Como sistema, a comunicação social é hoje uma
produção, difusão e receção organizadas de mensagens de vários tipos, geridas por empresas que se dirigem
a um público indiferenciado.
15 A comunicação social, assim entendida, surge com toda a sua
magnitude, concorrência e complementarização de meios após
a Segunda Guerra Mundial. É certo que, em 1450, Gutenberg,
criando os caracteres móveis e o prelo, inventou a imprensa,
mas seria necessário esperar pelo século XIX para que este
20 meio de comunicação iniciasse a sua verdadeira função de meio
social de informação. A liberdade de expressão consagrada
pela Revolução Francesa, em finais do século XVIII, e os avanços políticos de democratização gradual na
Europa, os reflexos do progresso técnico da Revolução Industrial no setor da imprensa e das comunicações
e a progressiva diminuição do analfabetismo foram alguns dos fatores que levaram a imprensa a ocupar
25 o lugar de primeiro grande meio de comunicação social. Em
meados do século XIX, nos países desenvolvidos da Europa e nos
Estados Unidos, a imprensa era o grande meio de comunicação
social, com tiragens de milhões de exemplares. Descobertas
científicas sucessivas a partir dos fins do século XIX vão permitir
30 que, utilizada na Primeira Guerra Mundial, sobretudo para fins
militares, a radiodifusão surja no pós-guerra como um poderoso
meio de comunicação social. Sobre a imprensa, a rádio possuía notáveis vantagens, a começar pela
possibilidade da difusão direta de qualquer acontecimento, o que sucedia pela primeira vez na história
da comunicação social. Chegando mais longe e mais depressa que a imprensa, a radiodifusão viu em

10
35 poucos anos multiplicarem-se estações emissoras e crescerem aos milhões os postos recetores. (…) O
desenvolvimento das redes internacionais de telecomunicações ligava já através de uma complexa rede
de ondas um número crescente de nações. A idade de ouro da rádio situa-se fundamentalmente entre as
duas guerras mundiais, pois o acelerado progresso tecnológico iria desenvolver, na década de 50, um novo
meio de comunicação audiovisual: a televisão.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
multiplicidade (l. 2): variedade, diversidade; designações (l. 2): denominações; domínio (l. 3): âmbito, campo; formulações (l. 3):
expressões; coletivo (l. 9): público; indivíduos (l. 11): pessoas; difusão (l. 12): divulgação; receção (l. 13): recebimento; magnitude (l.
16): importância, grandeza; complementarização (l. 16): reforço; caracteres móveis (l. 18): letras talhadas e colocadas em bastões de
metal para formar uma página para imprimir; prelo (l. 18): máquina tipográfica manual; imprensa (l. 18): publicações impressas; con-
sagrada (l. 21): confirmada; Revolução Francesa (l. 22): movimento político iniciado em 14 de julho de 1789 e que tinha como valores
fundamentais a igualdade, a liberdade e a fraternidade; Revolução Industrial (l. 23): uma notável evolução tecnológica desencadeou,
no século XVIII, em Inglaterra, uma transformação geral da sociedade motivada pela substituição das ferramentas pelas máquinas,
da energia humana pela energia motriz e pelo aparecimento de fábricas que substituíram a produção artesanal; analfabetismo (l.
24): falta de instrução; sucessivas (l. 29): contínuas; radiodifusão (l. 31): transmissão pela rádio; pós-guerra (l. 31): período a seguir a
uma guerra; as duas guerras mundiais (l. 38): estas duas guerras desencadearam-se à escala mundial: a primeira entre 1914 e 1918
e, a segunda, entre 1939 e 1945.

Sobre o texto
1. Transcreva expressões ou frases do texto que esclareçam os seguintes conceitos:
a) comunicar;
b) comunicação social.

2. Indique, com transcrições do texto, os fatores que foram contribuindo para que o século XX tenha ficado “na
história como o século da comunicação social” (ll. 1-2) a nível dos aspetos seguintes:
a) possibilidade de expressão livre;
b) transformações políticas;
c) transformações tecnológicas;
d) transformações na educação.

3. Refira o que mudou no mundo na sequência do aparecimento da radiodifusão, escolhendo uma de entre as
alíneas apresentadas:
a) a radiodifusão ocupou o primeiro lugar como meio de comunicação social;
b) as notícias chegavam rapidamente a todas as pessoas;
c) as notícias chegavam rapidamente a mais pessoas.

4. Tendo por base o conhecimento do seu meio, refira os momentos e as circunstâncias em que as pessoas
fazem uso da rádio e da televisão. Tenha em atenção situações como trabalho, lazer, viagem, entre outras.

Meios de comunicação social | 11


Para além do texto
1. Leia atentamente os três textos que se apresentam.

Os primeiros “jornais”
O primeiro “jornal” oficial de que se tem notícia é o Acta Diurna Populi Romani (“Relatos diários ao povo de Roma”), que surgiu
na antiga Roma durante o governo do imperador Júlio César, cerca de 59 anos a.C. Escrita em grandes placas brancas e exposta
em lugares públicos populares, a Acta Diurna mantinha os cidadãos informados sobre eventos políticos e sociais, sobre guerras,
sentenças judiciais, execuções e escândalos no governo.
Já na China, os primeiros jornais surgiram em Pequim sob a forma de boletins escritos à mão, no século VIII. E, no ano de 1040,
foi inventada a imprensa no país, usando blocos móveis de madeira.

A Prensa de Gutenberg
Foi no ano de 1447, com a invenção da prensa de impressão pelo alemão Johann Gutenberg, que foi
inaugurada a era da impressão moderna, já que agora seria possível produzir e reproduzir volumes e
impressos, como livros e jornais de forma mais rápida. Gutenberg imprimiu várias obras, mas a sua obra mais
famosa foi a Bíblia, de 42 linhas, cujo processo se iniciou em 1450, tendo terminado cinco anos depois, em
março de 1455. Uma cópia completa desta Bíblia – que marca o início da produção em massa de livros no
Ocidente – possui 1282 páginas, com texto em duas colunas; a maioria era encadernada em dois volumes.

Publicações periódicas e frequentes


A partir do século XVII, começaram a surgir as primeiras publicações periódicas e frequentes em países da Europa como
Alemanha, França, Bélgica e Inglaterra. Em Londres, foi publicado o primeiro jornal, com o título Corante, em 1621. Dez anos
depois, em 1631, surgia o Gazette, o primeiro jornal francês. Nessa época, os jornais traziam principalmente notícias da Europa e,
de vez em quando, informações vindas da América ou Ásia. É interessante observar que raramente os jornais europeus cobriam
matérias nacionais; os jornais ingleses, por exemplo, preferiam relatar derrotas militares sofridas pela França, enquanto os jornais
franceses se vingavam, publicando os mais recentes escândalos da família real inglesa.
Somente na segunda metade do século XVII é que os jornais começaram a focalizar assuntos mais locais, internos, dos países. No
entanto, havia restrições; a censura era algo normal e os jornais raramente podiam abordar eventos que pudessem incitar o povo
a uma atitude de oposição.
Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoe, é em geral reconhecido como o primeiro jornalista do mundo. Em 1704, iniciou a
publicação The Review, periódico que cobria assuntos europeus. Já em 1766, a Suécia tornou-se o primeiro país a aprovar uma lei
que protegia a liberdade de imprensa.
http://jornalonline.net/historia-jornal-no-mundo

2. Leia agora a “Tábua cronológica de alguns acontecimentos do século XXI”, ou seja, a ordenação de alguns
acontecimentos importantes a nível histórico.

Tábua cronológica de alguns acontecimentos do século XXI


2001 – 11.09: atentados terroristas em Nova Iorque e Washington pelo grupo islâmico radical da Al Qaeda.
2002 – 01.01: introdução do Euro em 12 países europeus; 20.05: Timor-Leste torna-se o mais novo país do mundo. A independência
do país havia sido restabelecida num referendo realizado em agosto de 1999; 31.05: início do Campeonato do Mundo de Futebol,
o primeiro a ser realizado na Ásia, sendo a Coreia do Sul e o Japão os países anfitriões; 04.09: termina, na África do Sul, a Cimeira
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. Foram acordadas medidas para punir empresas que poluam o meio ambiente.
2003 – 20.02: uma coligação militar liderada pelos Estados Unidos invade o Iraque.
2004 – 26.12: o sudeste da Ásia é abalado por um forte terramoto de 9 graus na escala de Richter. O tremor provocou um tsunami
no oceano Índico que causou a morte a mais de 100 mil pessoas.
2005 – 02.04: morre o papa João Paulo II, Karol Wojtyla, aos 84 anos, no Vaticano.

3. Organize uma tábua cronológica semelhante para os acontecimentos relacionados com a evolução da
imprensa ao longo dos séculos, apresentados nos três textos acima.

12 | Sociedade de informação e conhecimento


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Discurso direto e indireto

Quando num texto se reproduz o discurso das personagens ou de alguém exatamente como foi dito, estamos
perante uma situação de discurso direto. Este discurso é apresentado com características próprias.
1. Pode contemplar, no início, meio ou fim da frase, a presença de um verbo declarativo.
2. Normalmente surge depois de dois pontos e parágrafo.
3. Deve ser antecedido de um travessão e, no caso de ser interrompido e depois retomado, deve colocar-se
sistematicamente o travessão.

Se esse discurso for reproduzido por outra pessoa, posteriormente, designa-se por discurso indireto e sofre
inevitáveis alterações, em relação ao anterior, a nível das pessoas e dos tempos verbais e dos indicadores de
espaço e tempo.
Discurso direto Discurso indireto
As 1.ª e 2.ª pessoas verbais 3.ª pessoa.
Os determinantes e pronomes de 1.ª e determinantes e pronomes de 3.ª pessoa.
2.ª pessoas
Os demonstrativos que indicam demonstrativos que indicam afastamento (ex.:
proximidade (ex.: este, isto) aquele, aquilo).
As expressões de tempo e lugar que expressões que indicam afastamento de tempo e
indicam proximidade (ex.: aqui) lugar (ex.: aí).
passa(m) a
O presente do indicativo pretérito imperfeito.
O pretérito perfeito pretérito mais-que-perfeito simples ou composto.
O futuro do indicativo condicional.
O imperativo pretérito imperfeito do conjuntivo.
O presente do conjuntivo pretérito imperfeito do conjuntivo.
O pretérito imperfeito do conjuntivo pretérito imperfeito do conjuntivo.
O futuro do conjuntivo pretérito imperfeito do conjuntivo.
A função sintática de vocativo complemento indireto.
Esta transformação implica sempre o aparecimento de uma frase subordinada completiva, introduzida
por ‘que’ ou ‘se’ pedidos pelo verbo declarativo com que se inicia o discurso.
Podemos também utilizar a preposição ‘para’ a ligar as frases, mas nesse caso obtemos uma oração não finita.

Exercícios
1. Leia o texto seguinte, que se encontra em discurso direto.
O senhor da rádio disse:
— Isto é um microfone. Vocês irão falar de modo claro e pausado. A entrevista ficará gravada e, esta noite,
às oito horas, podem ouvir-se.

Meios de comunicação social | 13


2. Proceda agora à leitura do mesmo texto em discurso indireto e indique as transformações efetuadas.
O senhor da rádio disse que aquilo era um microfone. Eles iriam falar de modo claro e pausado. A entrevista
ficaria gravada e, naquela noite, às oito horas, podiam ouvir-se.

3. Passe para discurso indireto a seguinte frase:


O diretor disse:
— Meninos, é uma grande honra para a nossa escola receber a visita da Rádio.

GRUPO B

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Chamemos-lhe “instinto do conhecimento”


1 Quando os antropólogos começaram a comparar notas
sobre as poucas culturas primitivas que restavam no
Mundo, descobriram algo inesperado. Das sociedades
tribais mais isoladas de África até às mais remotas ilhas do
5 Pacífico, as pessoas partilhavam essencialmente a mesma
definição do que é notícia. Partilhavam o mesmo tipo
de mexericos. Procuravam até qualidades idênticas nos
mensageiros que escolhiam para recolher e transmitir as
notícias. Queriam pessoas que conseguissem deslocar-se
10 com agilidade no terreno, recolher informações com rigor e contá-las de uma forma cativante. Os historiadores
concluíram que os mesmos valores básicos da notícia se mantiveram constantes com o passar do tempo. “Ao
longo da História e em diferentes culturas (...), os homens têm partilhado uma mistura idêntica de notícias”,
escreveu o historiador Mitchell Stephens.
Como explicar o mistério desta constância? A resposta, segundo as conclusões de historiadores e
15 sociólogos, é que as notícias satisfazem um impulso humano básico. As pessoas sentem uma necessidade
intrínseca – um instinto – de saber o que se passa para além da sua própria experiência direta. Estar a par
de acontecimentos que não podemos testemunhar pessoalmente confere-nos uma sensação de segurança,
controlo e confiança. Um autor chamou-lhe “uma fome de conhecimento humano”.
Uma das primeiras coisas que as pessoas fazem ao encontrar-se com um amigo ou conhecido é partilhar
20 informação. “Já ouviste a última sobre...?” Queremos saber se o outro ouviu o mesmo que nós e se ouviu
da mesma maneira. Existe emoção num sentimento de descoberta partilhada. Estabelecemos relações,
escolhemos amigos, fazemos juízos de carácter baseados, em parte, no facto de alguém reagir à informação
da mesma forma que nós.
Quando o fluxo de informação é interrompido, as trevas instalam-se e a ansiedade cresce. Na verdade, o

14 | Sociedade de informação e conhecimento


25 mundo torna-se demasiado quedo. Sentimo-nos sós. John McCain, senador americano pelo Estado do Arizona,
escreveu que, durante os cinco anos e meio como prisioneiro de guerra em Hanói, no Vietname, aquilo de que
sentiu mais falta não foi de conforto, comida ou liberdade, nem mesmo da sua família e amigos. “Aquilo de
que senti mais falta foi de informação – informação livre e abundante, sem censura nem distorções.”
Chamemos-lhe “instinto do conhecimento”.
Bill Kovach e Tom Rosenstiel, Os Elementos do Jornalismo, Porto Editora, 2004 (texto adaptado)

Vocabulário
antropólogos (l. 1): estudiosos do homem (raças e populações) nos seus diversos aspetos; remotas (l. 4): longínquas; distantes; me-
xericos (l. 7): bisbilhotices, intrigas; mensageiros (l. 8): pessoas que trazem e levam notícias; agilidade (l. 10): ligeireza, rapidez; rigor
(l. 10): exatidão; cativante (l. 10): atraente; encantadora; constância (l. 14): inalterabilidade, estabilidade; intrínseca (l. 16): interior,
natural, essencial; juízos de carácter (l. 22): apreciações e julgamentos sobre a maneira de ser, sobre o temperamento de cada pes-
soa; fluxo (l. 24): corrente, curso; quedo (l. 25): quieto, imóvel, parado; conforto (l. 27): bem-estar; distorções (l. 28): alterações.

1. Transcreva as palavras do texto que exemplificam as seguintes situações:


a) as duas palavras do segundo período do primeiro parágrafo que, no contexto, funcionam como sinónimos;
b) as duas expressões que funcionam como explicitações de “impulso humano básico” (l. 15);
c) as três palavras do texto que designam especialistas em ciências que estudam o Homem.

2. Em relação à frase “confere-nos uma sensação de segurança, controlo e confiança” (ll. 17-18) indique uma
outra frase do texto de sentido oposto, ou seja, antónima.

Sobre o texto
1. Releia o primeiro parágrafo.
1.1. Indique as características das notícias que o homem procurava e transmitia.

2. Atente na afirmação “Estar a par de acontecimentos que não podemos testemunhar pessoalmente confere-
-nos uma sensação de segurança, controlo e confiança” (ll. 16-18).
2.1. Selecione, de entre as hipóteses apresentadas, aquela que pode substituir a expressão “Estar a par de”,
sem alterar o sentido à frase.
 Hipóteses: saber; acompanhar; ter conhecimento de; estar ao corrente de; estar lado a lado com; estar ao lado de
2.2. Explique, agora, o sentido de toda a transcrição apresentada no ponto 2, utilizando o menor número
possível de palavras dessa frase.

3. Esclareça o sentido da expressão “ouviu o mesmo que nós e ouviu da mesma maneira”(ll. 20-21), escolhendo
uma das três hipóteses apresentadas:
a) costuma utilizar os mesmos meios de comunicação social que nós utilizamos;
b) ouviu sem prestar toda a atenção e sabe menos do que nós;
c) foi recetor, como nós, das mesmas informações e atribuiu-lhes o sentido que nós lhes atribuímos.

4. Comente o penúltimo parágrafo do texto.

Meios de comunicação social | 15


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Expressão temporal de anterioridade, simultaneidade e posterioridade

Num enunciado há sempre um determinado ponto de referência, a partir do qual se estabelecem outras
relações temporais: de simultaneidade (tempo coincidente), de anterioridade ou de posterioridade.

Quando a referência temporal é o momento em que os enunciados são produzidos (presente da enunciação),
obtemos os valores temporais de presente, passado e futuro, respetivamente:
>>Hoje está muito calor. [presente]
>>Ontem fui ao cinema. [passado]
>>No próximo ano vou (irei) a Bali. [futuro]
No entanto, pode adotar-se outra referência temporal que não o momento da enunciação:
>>Ela lia o jornal enquanto a filha ouvia música. [simultaneidade no passado – a 1.ª situação é passada em
relação ao momento de enunciação; a 2.ª situação ocorre ao mesmo tempo que a 1.ª]
>>Quando a sua amiga apareceu, ela já tinha chegado. [anterioridade no passado – a 1.ª situação é passada
em relação ao momento de enunciação; a 2.ª situação é anterior à 1.ª]

Estes valores temporais podem ser expressos por:


1. Tempos verbais
>>Quando ele chegou ao cinema, eu já tinha comprado os bilhetes. [usa-se o pretérito mais-que-perfeito
do indicativo na 2.ª situação porque esta é anterior à 1.ª, que também ocorreu no passado]
2. Expressões temporais
>>Enquanto eu vi os cartazes, ele comprou os bilhetes. [simultaneidade conferida pela conjunção
‘enquanto’, que inicia uma oração temporal]
3. Auxiliares temporais
>>Eu hei de ir à Austrália em dezembro. [posterioridade conferida pelo auxiliar ‘haver de’]

Exercícios
1. Preste atenção às seguintes frases.
a) Os antropólogos descobriram algo inesperado. Tinham estado a comparar notas sobre diferentes
culturas.
b) Enquanto os mensageiros transmitiam as notícias, as pessoas ouviam-nos atentamente.
c) Os historiadores concluíram que os valores básicos da notícia se têm mantido constantes ao longo
dos tempos.
1.1. Indique, para cada frase, a relação de tempo da 2.ª situação relativamente à 1.ª.
1.2. Identifique os elementos da frase c) que ajudam a estabelecer a relação de tempo entre as duas situações.

16 | Sociedade de informação e conhecimento


GRUPO C

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Política Nacional para a Comunicação Social

PARTE A • A dinamização duma comunicação social livre, independente


e pluralista;
O Programa do IV Governo Constitucional defende, enquanto
valor inalienável, o direito à informação, composto pela • A defesa da identidade e cultura de Timor-Leste pelos meios
liberdade de informar e de ser informado, na sequência do n.º 1 de comunicação social;
do artigo 40.º da Constituição. • A valorização dos jornalistas, apostando na respetiva
Reconhece, igualmente, a necessidade duma comunicação formação e estágio profissional, a par da implementação dos
social livre, independente e pluralista, o que reflete o disposto seus direitos e deveres;
no artigo 41.º da Constituição. • A reestruturação da Rádio e Televisão de Timor-­Leste, de
RESOLUÇÃO DO GOVERNO N° 21/2010 de 31 de Março modo a prestar um serviço público de qualidade e referência;
• O apoio, em especial, às rádios comunitárias, pela sua
PARTE B proximidade às populações mais isoladas, garantindo a respetiva
ANEXO (à RESOLUÇÃO DO GOVERNO sustentabilidade.
N° 21/2010 de 31 de Março) Como resultado final, pretende-se fomentar um conjunto
de órgãos de comunicação social que primem pela isenção e
Introdução
independência, capazes de obter e disseminar informação em
todos os distritos do País, por meio de profissionais qualificados
A Política Nacional para a Comunicação Social (PNCS) representa e eticamente responsáveis, o que permitirá a defesa da
o conjunto de ações a praticar pelo IV Governo Constitucional identidade e cultura nacionais, aproximando as respetivas
nesta matéria, bem como o elenco de princípios que nortearão populações, bem como o desenvolvimento duma cultura de
a sua atuação. transparência e responsabilização.
De um modo geral, a PNCS obedece a seis grandes objetivos: Série I, N.º 13 Quarta-Feira, 31 de Março de 2010 Página 3997
http://www.jornal.gov.tl/public/docs/2010/serie_1/serie1_no13.pdf
• A efetivação do direito à informação, compreendendo a
liberdade de informar e de ser informado;

Sobre o texto
1. Releia a Parte A.
1.1. Reescreva a frase apresentada e preencha os espaços com as palavras dadas em baixo.
Este é um texto legislativo, apresentando-se nele os (a) que vão regular uma (b) do Governo. A liberdade
de informar e ser (c) é um dos princípios que a lei (d) . Outros (e) são a (f) ,a (g) eo (h) da
comunicação social (i) no artigo 41.º da Constituição.
valores | liberdade | lei | princípios | independência | consagrados | pluralismo | defende | informado

2. Releia agora a Parte B, tendo em especial atenção os seis objetivos da lei que são enunciados na introdução
do anexo a esta Resolução.
O conteúdo dos três primeiros objetivos pode ser sintetizado num período, como se exemplifica:

Para levar a efeito o direito à informação, é necessário dinamizar a comunicação social livre e independente
e que esta defenda a identidade e cultura de Timor-Leste.

2.1. Proceda de forma idêntica relativamente aos outros três objetivos.


 Pode começar da seguinte forma: É igualmente necessário…

Meios de comunicação social | 17


ORALIDADE
Projeto de Apoio à Comunicação Social em Timor-Leste

1. Ouça com atenção o texto referente ao título anterior. Nele é apresentada uma situação relacionada com
formação de jovens que trabalham nos meios de comunicação social.

2. Ouça novamente o texto e resolva as atividades propostas.


2.1. Indique se cada afirmação que se segue é Verdadeira (V) ou Falsa (F) e corrija as Falsas.
a) Os jovens trabalham na Imprensa, na Rádio e na Televisão.
b) A formação ocorreu em Portugal.
c) Os formandos visitaram o IPAD, a Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, a Benfica TV e a TVI.
2.2. Complete as frases seguintes:
a) A formação contemplou a área de jornalismo e de operação de e .
b) Quem deu o curso foi um e .
c) O trabalho de formação que se seguiu ao curso teve a duração de na .

3. Ouça o texto uma última vez para confirmar as respostas dadas.

4. A ação retratada no texto que acabou de ouvir dá resposta a um dos objetivos da Política Nacional para a
Comunicação Social. Identifique esse objetivo.

18 | Sociedade de informação e conhecimento


GRUPO D

LEITURA

1. Apresenta-se a reprodução da primeira página de um jornal timorense.


1.1. Identifique o título, data e número da edição, periodicidade, edição, grupo empresarial a que está ligado,
preço e publicidade.
1.2. Explique como detetou a periodicidade do jornal.
1.3. Indique o objetivo de cada texto publicitário neste periódico.

Meios de comunicação social | 19


1.4. Justifique o tipo de grupos económicos publicitados nesta página.
1.5. Identifique os títulos presentes na 1.ª página, justificando o relevo dado a um deles (tenha em atenção a
manchete, ou seja, o assunto com maior destaque).

Para além do texto


A imprensa possui um vocabulário extenso, dada a diversidade de funções e de textos que podem ser produzidos.
1. Faça a correspondência entre as colunas, com a ajuda de um dicionário.
O jornalista que tem a função de …é quem normalmente elabora
a) repórter 1. o editorial.
b) diretor 2. o artigo.
c) redator 3. a reportagem.
d) fotojornalista 4. a notícia.
e) articulista 5. a crónica.
f) colaborador 6. a fotografia/ a fotomontagem.

2. Para além dos indicados, outros tipos de texto podem surgir num jornal.
2.1. Procure informar-se sobre esses outros tipos de texto da imprensa, como: entrevista, cartoon/ BD e classificados/ anúncios.
Nota: A crónica e a notícia serão tratadas nesta unidade.

ORALIDADE
Análise de jornais
A turma deve ser dividida em grupos por quem se distribuem vários jornais, de preferência da mesma semana,
no caso de semanários, ou do mesmo dia, no caso de jornais diários.
1. Analise um jornal, fazendo uma listagem dos assuntos aí abordados.
1.1. Prepare, em grupo, a síntese de uma notícia desse jornal e apresente-a oralmente à turma.

2. Posteriormente, os grupos procederão à análise comparativa de uma mesma notícia presente em vários
jornais, para concluir:
• se é um texto curto ou longo;
• se está assinado ou não;
• se há muitas diferenças entre os títulos;
• se o assunto foi tratado do mesmo modo.
2.1. Faça a comparação entre esses jornais, identificando semelhanças e diferenças formais, no que se refere
a: tipologias textuais, secções temáticas, recurso a imagens, etc.

ESCRITA

O cartaz publicitário
Como já foi referido em relação à página de jornal apresentada, a publicidade faz parte integrante da comunicação

20 | Sociedade de informação e conhecimento


social, seja na imprensa ou na televisão, como meio de subsidiar a sua produção.
No entanto, há a considerar dois tipos de publicidade: a publicidade puramente comercial e a publicidade com
carácter social, que informa e apela a determinadas práticas.
A imagem que a seguir se apresenta é um exemplo de um poster emitido pelos correios australianos a apelar às
pessoas para que retomem a prática de escrever cartas.

Descrição do cartaz
Do papel de carta escrito, surge uma figura humana que abraça ternamente
a jovem. O seu rosto apresenta o sorriso de alguém que se sente feliz,
amado, confortado.

Leitura do cartaz
Neste cartaz, apela-se à comunicação, através de mensagens escritas,
como processo que interfere com as nossas emoções e estreita laços entre
as pessoas.

O cartaz vive essencialmente da imagem; a mensagem escrita, apenas


presente numa faixa inferior, a vermelho, apresenta uma simples sugestão:
“SE REALMENTE QUER SENSIBILIZAR ALGUÉM, ENVIE-LHE UMA CARTA”.

A imagem abaixo apresentada é um exemplo de publicidade institucional e tem como objetivo apelar à
preservação do meio ambiente.
1. À semelhança do cartaz anterior, propõe-se agora que:
1.1. Elabore um pequeno texto em que a descreva.
1.2. Construa um slogan publicitário apelativo, podendo recorrer a:
>>uma frase curta; >>repetição de certos sons ao longo da frase;
>>um verbo no modo imperativo; >>metáfora;
>>rima; >>…

http://www.google.pt/imgres?q=publicidade+institucional (05/02/2012)

Meios de comunicação social | 21


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Flexão em número dos nomes compostos

Os nomes compostos formam o plural como se apresenta:


1. Quando estamos perante dois nomes ou um nome e um adjetivo, vão ambos para o plural.
Ex.: sexta-feira//sextas-feiras
Exceções: os nomes compostos em que o segundo nome constitui um atributo específico do primeiro. Ex.:
palavra-chave//palavras-chave
2. Quando temos um verbo ou palavra invariável e um nome ou adjetivo, só os segundos elementos vão
para o plural. Ex.: guarda-roupa//guarda-roupas; contra-ataque//contra-ataques.
Nota: há situações em que o segundo elemento já está no plural. Ex.: guarda-redes, guarda-vestidos,
salva-vidas.
3. Quando há vários elementos ligados por preposição, só o 1.º vai para o plural. Ex.: boca-de-lobo//
bocas-de-lobo; ervilha-de-cheiro//ervilhas-de-cheiro.
4. Face a vários elementos unidos sem hífen, estes seguem a regra geral dos nomes simples. Ex.: automóvel//
automóveis; televisão//televisões; aguardente//aguardentes; pontapé//pontapés; girassol//girassóis.
Nota: assim como há compostos que só se usam no plural, como os exemplos acima referidos, também há
os que só se usam no singular. Ex.: pau-santo.

Exercícios
1.  Forme uma frase para cada um dos nomes compostos que se apresentam, colocando-os no plural:
malmequer | passatempo.

2. Atente nas palavras:


• tenente-coronel | abaixo-assinado | trabalhador-estudante
• saca-rolhas | sempre-viva | andorinha-do-mar
2.1. Elabore uma grelha, com estas palavras, associando-as à respetiva situação de formação de plural.
2.2. Forme, agora, o plural de cada uma delas.

GRUPO E

LEITURA
Leia atentamente o texto.

O bisturi
1 A primeira vez que fui a Cabo Verde, viajei na voz da Cesária Évora. Ela estava cantando descalça no palco do
Coliseu do Porto e eu fiquei de pé, escutando-a num canto da sala, como que embalado por aquela melodia
suave e doce que é a morna. Não sabia, então, quase nada sobre Cabo Verde, e só muitos anos depois juntei

22 | Sociedade de informação e conhecimento


o sussurro daquela música ao calor e às pessoas reais que compõem o arquipélago - aos sorrisos; aqueles
5 sorrisos não se esquecem. Aconteceu-me com a terra da morna, portanto, uma espécie de amor à segunda
vista: cruzámo-nos por acaso, pisquei-lhe o olho e talvez lhe tenha dito como me parecia bonita. Mas só
quando nos revimos, anos depois, eu percebi completamente o significado do primeiro encontro e soube
que Cabo Verde era um sítio onde (inexplicavelmente) estou em casa.
Quando fui a Cabo Verde em 2005, mais de dez anos depois de ter ouvido nha Cesária, o guia turístico
10 que acompanhava os jornalistas apontou um edifício de três pisos numa avenida do Mindelo e disse-nos
que aquela era a casa da “diva dos pés descalços”. Não era um prédio bonito, mas guardei uma imagem viva
e nítida das paredes castanhas e do gradeamento da entrada. Três anos depois, voltei ao Mindelo e fiquei
alojado numa residencial com um pátio a partir do qual parecia possível ver quase tudo, o Monte Cara e a
ilha de Santo Antão, a baía e o Porto Grande, e também, ali mais perto, a casa de Cesária. Convencido de
15 que o lugar dos deuses é sempre no topo da montanha mais alta, dominando, majestoso, a paisagem e
os homens, pareceu-me despropositado poder ver o Olimpo ali em baixo, em plano picado. Mas não dei
importância ao assunto. Sou um pagão pouco dado a cultuar ídolos, mesmo se Cesária Évora, quando a vejo
na televisão, me pareça uma divindade saída de um molde antigo, milenar, movendo-se com vagar, falando
lentamente e desenhando no ar misteriosos gestos com os dedos grossos carregados de anéis brilhantes.
20 Mais recentemente, enquanto corria à beira-mar, dei por mim a escutar nha Cesária cantando Zebra, uma
morna em que interroga o estranho equídeo listrado e tenta compreender o que ele é - “Cuzé qui bo é/Qui
ta matan nha pensar” -, repetindo no refrão, uma e outra vez, aquela palavra, zebra, de um modo que se
tornou estranhamente hipnótico. Como andava, então, às voltas com a escrita de um romance no qual todas
as histórias haviam de ser plausíveis, dei por mim a imaginar que a zebra não era um animal selvagem, mas
25 antes um homem mestiço, crioulo, e que as cores das suas riscas eram como a memória óbvia e clara das
duas raças, branca e negra, que tinham estado na sua origem. Inventei ali mesmo, enquanto corria, a história
do homem-zebra, a qual abre o tal livro, que acaba de ser lançado.
No mesmo dia em que o romance chegou às livrarias, soube que Cesária Évora anunciou o fim da sua
carreira e, menos de 24 horas depois, que tinha sido internada em Paris com um AVC. Nha Cesária ligada a
30 uma máquina é uma coisa que faz pensar. Imaginei-a como um ser listrado de vida e de morte: uma zebra.
É o que somos todos.
Jorge Marmelo, in Suplemento P2 do Público de 27 de setembro de 2011

VOCABULÁRIO
palco (l. 1): parte de uma sala de espetáculos onde se apresentam os artistas; Coliseu (l.2): uma das salas de espetáculos da cidade
do Porto, em Portugal; melodia (l. 2): conjunto de sons agradáveis ao ouvido; morna (l. 3): canção e dança popular de Cabo Verde,
arquipélago da costa ocidental africana; arquipélago (l. 4): conjunto de ilhas; cruzámo-nos (l. 6): passámos um pelo outro, encontrá-
mo-nos; inexplicavelmente (l. 8): sem perceber o motivo; nha (l. 9): senhora (em Crioulo de Cabo Verde); diva (l. 11): deusa, cantora
célebre; topo (l. 15): cimo, ponto mais alto; majestoso (l. 15): sumptuoso, deslumbrante; Olimpo (l. 16): monte que é considerado a
morada dos deuses; picado (l. 16): com inclinação acentuada; pagão (l. 17): pessoa que não tem qualquer crença religiosa; cultuar (l.
17): prestar culto, venerar, adorar; ídolos (l. 17): pessoas ou imagens por quem se tem grande adoração; molde (l. 18): modelo; mi-
lenar (l. 18): com mil anos, muito antigo; equídeo (l. 21): família zoológica a que pertencem os cavalos e as zebras; listrado (l. 21): às
riscas; hipnótico (l. 23): que atrai; plausíveis (l. 24): importantes, aceitáveis; mestiço (l. 25): mulato, resultado de mistura genética;
crioulo (l. 25): descendente de negro e de branco; óbvia (l. 25): evidente.

Meios de comunicação social | 23


Sobre o texto
1. Atente no 1.º parágrafo do texto.
1.1. Esclareça qual foi o primeiro contacto do autor com Cabo Verde.
1.2. Explique o sentido das palavras “viajei” (l. 1) e “embalado” (l. 2) empregues na caracterização desse
primeiro contacto.
1.2.1. Indique o recurso estilístico presente na palavra “viajei”, justificando.
1.3. Transcreva a frase que nos dá informação sobre a primeira vez que o autor viajou realmente para Cabo
Verde.
1.4. Transcreva, agora, as palavras que nos permitem afirmar que ele se referiu ao conjunto das ilhas como
se fosse uma pessoa.
1.5. Caracterize a sensação do autor em relação a Cabo Verde quando diz “um sítio onde (inexplicavelmente)
estou em casa.” (l. 8).

2. O texto apresenta muitas expressões que marcam o tempo dos acontecimentos que o autor refere.
2.1. Transcreva todas essas expressões de tempo.
2.2. Atendendo às expressões retiradas, conclua se o autor:
a) seguiu a ordem cronológica dos acontecimentos;
b) partiu do acontecimento mais recente;
c) alternou momentos mais recentes com momentos mais antigos.

3. Selecione a expressão do segundo parágrafo associada a espaço físico como local de observação.

4. Encontre, com a ajuda de um dicionário, uma palavra que traduza a ideia de “cultuar ídolos” (l. 17).

24 | Sociedade de informação e conhecimento


5. A oração “Como andava, então, às voltas com a escrita de um romance” (ll. 23-24) transmite a ideia de
que o autor:
a) andava em volta do que escrevia.
b) escrevia à volta de uma ideia.
c) andava a tentar escrever um romance.

6. No texto há referência a acontecimentos que estiveram na origem desta crónica.


6.1. Refira esses acontecimentos.

7. Há uma outra situação que o autor refere e que também poderia estar na origem desta crónica.
7.1.  Indique-a.

Para além do texto


A crónica e a notícia

A A crónica e as suas características.


1. Apresentam-se as principais características de uma crónica, como a que acabou de analisar.
Características
A crónica é um texto …
a) que aparece na imprensa.
b) que tem por base um acontecimento divulgado pelos media.
c) que permite ao seu autor uma abordagem muito pessoal da realidade.
d) onde a linguagem pode ir do mais prosaico ao mais poético.
e) que apresenta perspetivas que podem ser consideradas subjetivas.
f) que pode utilizar o discurso mais narrativo ou mais reflexivo.
g) assinado.
1.1. Comprove que estas características se verificam no texto anterior.

B Já foi referido que a crónica parte sempre de um acontecimento atual.

Apresentamos a seguir a notícia que poderá ter dado origem a esta crónica de Jorge Marmelo.

A cantora Cesária Évora está internada desde sexta- Sexta-feira, antes de ser internada, a promotora
-feira à tarde no hospital de Pitie-Salpetriere, em Paris, Tumbao, que representa Cesária Évora, anunciou
depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral que “a cantora decidiu, em acordo com o seu
(AVC), informou hoje fonte da sua promotora em Lisboa. produtor e manager, José da Silva, que iria pôr termo
“Após ter sofrido um novo AVC, Cesária Évora foi definitivamente à sua carreira”.
hospitalizada sexta-feira às 13:00 de Paris [12:00 de Lisboa], A mesma fonte contou à Lusa que, “apesar da
no Pitie-Salpetriere”, disse à Lusa fonte da promotora. tristeza de Cesária [Évora], que não queria abandonar
A mesma fonte adiantou que “o diagnóstico clínico os palcos”, por conselho médico viu-se forçada a tal.
[de Cesária Évora] é ainda reservado”. Diário de Notícias, 24 de setembro de 2011

Meios de comunicação social | 25


1. Observe este esquema, que sintetiza as características da notícia.

A notícia
A notícia é um texto informativo da comunicação social que deve contemplar respostas às seguintes
perguntas: Quem? O quê? Quando? Onde? Porquê? Como?
A sua estrutura corresponde a uma pirâmide invertida que contempla várias partes:
LEAD (QUEM? O QUÊ? QUANDO? ONDE?)

CORPO DA NOTÍCIA (PORQUÊ? COMO?)

INFORMAÇÃO ADICIONAL

2. Releia a notícia sobre Cesária Évora.


2.1. Identifique nessa notícia a estrutura apresentada no quadro teórico.

SABIA QUE…
Cesária Évora foi considerada como uma das maiores vozes do mundo que canta a “morna”.
 · Em 1988, iniciou a sua carreira internacional, quando foi convidada para gravar um disco em Paris, La Diva aux Pieds Nus.
 · Em 2004, venceu o Grammy de Melhor Álbum World Music Contemporâneo.
 · Em 2007, foi condecorada pelo então Presidente francês, Jacques Chirac, com a Legião de Honra de França.
 · Em 2010, foi homenageada em Cabo Verde, com um prémio carreira, na gala dos Cabo Verde Music Awards.
 · A cantora foi também embaixadora de Boa Vontade da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
 · A sua canção “Sodade” é a morna mais conhecida em todo o mundo.

Cesária Évora nasceu a 27 de agosto de 1941, na


cidade do Mindelo, em Cabo Verde. Ao longo da sua
carreira, editou 24 discos.
Faleceu a 17 de dezembro de 2011.

Sodade
Quem mostra’ bo Si bô ‘screvê’ me
Ess caminho longe? ‘M ta ‘screvê be
Quem mostra’ bo Si bô ‘squecê me
Ess caminho longe? ‘M ta ‘squecê be
Ess caminho Até dia
Pa São Tomé Qui bô voltà
Sodade sodade Sodade sodade
Sodade Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau Dess nha terra Sao Nicolau
(versão em Crioulo de Cabo Verde)

26 | Sociedade de informação e conhecimento


Saudade
Quem te mostrou Se tu me escreveres
Esse caminho longe? Eu escrevo-te (também)
Quem te mostrou Se tu me esqueceres
Esse caminho longe? Eu esqueço-te (também)
Esse caminho Até ao dia
Para São Tomé Em que tu voltares
Saudade saudade Saudade saudade
Saudade Saudade
Desta minha terra São Nicolau Desta minha terra São Nicolau
(versão em Português, variante europeia)

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Pretérito mais-que-perfeito simples e composto

Este tempo verbal serve para expressar um tempo passado anterior a outro passado que já se referiu.
>>Os dois amigos foram ao cinema no sábado à noite com os bilhetes que lhes tinham oferecido. Distraíram-
-se a conversar e, quando chegaram ao cinema, o filme já tinha começado.
Na oralidade, verifica-se principalmente o uso do tempo composto.
O tempo simples é utilizado em registos cuidados da língua escrita, bem como em expressões interjetivas ou
frases exclamativas: Quem me dera sair daqui!
Consultar Apêndice

Exercícios
1. Leia a seguinte frase.
No dia em que o romance chegou às livrarias, Jorge Marmelo ficou a saber que Cesária Évora tinha
anunciado o fim da sua carreira.
1.1. Identifique a forma de pretérito mais-que-perfeito composto aqui presente.
1.2. Justifique a sua utilização.

2. Atente agora no seguinte excerto do texto “O bisturi”.


“Aconteceu-me com a terra da morna, portanto, uma espécie de amor à segunda vista: cruzámo-nos por
acaso, pisquei-lhe o olho e talvez lhe tenha dito como me parecia bonita. Mas só quando nos revimos, anos
depois, eu percebi completamente o significado do primeiro encontro e soube que Cabo Verde era um sítio
onde (inexplicavelmente) estou em casa.” (ll. 5-8)
2.1. Identifique a relação temporal (de anterioridade, simultaneidade ou posterioridade) que se estabelece
entre as situações das 1.ª e 2.ª frases.
2.2. Respeitando a relação temporal identificada na alínea anterior, altere as formas verbais de uma
dessas frases, utilizando o pretérito mais-que-perfeito simples ou composto.

Meios de comunicação social | 27


PRÁTICA DE LÍNGUA

 A Vocabulário

1. Complete os espaços do texto com vocabulário relativo à periodicidade dos jornais.


Um jornal que se publica todos os dias designa-se por (a) ; se se publica uma vez por (b) designa-se por
semanário; se for uma vez por mês (caso de algumas revistas) será (c) .
Dentro dos jornais diários, há ainda a considerar aqueles cuja tiragem se realiza de manhã, os (d) , e aqueles
cuja tiragem se faz de (e) , os vespertinos.

 B Discurso direto e discurso indireto

1. Passe a discurso indireto o diálogo de Mafalda e Susaninha, personagens de uma Banda Desenhada do
cartoonista argentino Quino.
Susaninha: Quando eu crescer, quero ter muitos vestidos!
Mafalda: E eu muita cultura.
Susaninha: Se saíres à rua sem cultura, a polícia prende-te?
Mafalda: Não.
Susaninha: Experimenta sair sem vestido!
Mafalda: Apesar de teres razão, apetece-me bater-te.

 C Pretérito mais-que-perfeito simples e composto/ Expressão temporal de anterioridade,


simultaneidade e posterioridade

Havia muita gente na rua naquele dia. Eu caminhava no passeio, depressa. A certa altura encontrei-me
atrás dum homem muito pobremente vestido que levava ao colo uma criança loira, uma daquelas crianças
cuja beleza quase não se pode descrever. É a beleza de uma madrugada de Verão, a beleza duma rosa, a
beleza do orvalho, unidas à incrível beleza duma inocência humana. Instintivamente o meu olhar ficou um
momento preso na cara da criança. Mas o homem caminhava muito devagar, e eu, levada pelo movimento
da cidade, passei à sua frente. Mas ao passar voltei a cabeça para trás para ver mais uma vez a criança.
Foi então que vi o homem. Imediatamente parei. Era um homem extraordinariamente belo, que devia
ter trinta anos e em cujo rosto estavam inscritos a miséria, o abandono, a solidão. O seu fato, que, tendo
perdido a cor, tinha ficado verde, deixava adivinhar um corpo comido pela fome. O cabelo era castanho-
-claro, apartado ao meio, ligeiramente comprido. A barba por cortar há muitos dias crescia em ponta.
Estreitamente esculpida pela pobreza, a cara mostrava o belo desenho dos ossos. Mas mais belos do que
tudo eram os olhos, os olhos claros, luminosos de solidão e de doçura. No próprio instante em que eu o vi,
o homem levantou a cabeça para o céu.
Sophia Andresen, “O Homem”, in Contos Exemplares
Portugália Editora

28 | Sociedade de informação e conhecimento


VOCABULÁRIO
orvalho: gotículas de água provenientes da condensação do vapor de água da camada atmosférica em contacto com a superfície ter-
restre, formadas durante a noite por arrefecimento; incrível: em que é difícil acreditar; inocência: ingenuidade, qualidade de pessoa
que desconhece o mal; apartado: separado, afastado; esculpida: marcada física ou moralmente.

1. Observe a frase: “A barba por cortar há muitos dias crescia em ponta.”


1.1. Reescreva-a de modo a utilizar a forma verbal sublinhada no pretérito mais-que-perfeito simples.
1.2. Explique a alteração de sentido resultante da transformação que realizou na alínea anterior.

2. Atente na frase: “O seu fato, que, tendo perdido a cor, tinha ficado verde, deixava adivinhar um corpo comido
pela fome.”
2.1. Identifique o tempo do complexo verbal sublinhado.
2.2. Reescreva-o no pretérito mais-que-perfeito simples.

3. Construa uma frase com duas orações, utilizando o pretérito mais-que-perfeito composto numa delas.

4. No segundo parágrafo há várias ações que implicam simultaneidade.


4.1. Transcreva desse parágrafo duas frases que expressem ações simultâneas.
4.2. Para além dos tempos verbais, indique a(s) expressão(ões) que ajuda(m) a transmitir essa ideia de
simultaneidade.

Meios de comunicação social | 29


Subtema 2 | Internet e comunicação interativa

GRUPO A

ORALIDADE
Navegando pela Internet
As seguintes imagens representam alguns serviços disponíveis na Internet.

Imagem 1 Imagem 2

Imagem 3 Imagem 4

1. Responda às questões.
1.1. O que é a Internet?
1.2. Quais são os serviços representados nas imagens?
1.2.1. Já utilizou algum desses serviços? Se sim, com que frequência os costuma usar?
1.2.2. Quais considera que lhe poderiam ser úteis?
1.3. Que outro tipo de serviços conhece e/ ou utiliza?

2. Leia a seguinte citação.

“O computador junta muitos ambientes que antigamente estavam separados. Estudávamos na biblioteca,
trabalhávamos nas salas de aula, conversávamos na cantina, ouvíamos música em casa ou nos bares e
discotecas. Agora está tudo reunido num único local. E há tanta coisa interessante à distância de um clique...”
José Manuel N. Azevedo

2.1. Explicite de que forma as novas tecnologias estão a alterar os hábitos das pessoas um pouco por todo o mundo.
2.2. Indique se esta nova realidade se aplica a si e de que forma.

30
3. Faça a correspondência entre as expressões que se apresentam na caixa de texto e as respetivas definições, abaixo.
Email (e-mail) | Internet | Motores de busca | Redes sociais | Mensagens Instantâneas (Instant Messaging)
| Navegadores (browsers) | Sítio web (website ou site) | Salas de conversação (chats)

a) Um aglomerado de redes de computadores interligados à escala mundial.


b) Programas que permitem visualizar os conteúdos disponíveis na World Wide Web (Internet). Ex.: Internet
Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome.
c) Sistemas de software acessíveis em páginas da Internet que permitem procurar, de forma rápida, conteúdos
disponíveis noutros sítios da Internet, a partir de expressões ou palavras-chave introduzidas pelo utilizador.
Ex.: Google.
d) Espaço de informação disponível na Internet que pode ser acedido a partir de um navegador. Organiza-se,
normalmente, em múltiplas páginas que contêm hiperligações (ou ligações, hyperlinks ou links) que permitem
a navegação entre páginas ou entre secções.
e) Abreviatura da expressão inglesa ‘electronic mail’ (‘correio eletrónico’). Permite a troca de mensagens
entre utilizadores distanciados entre si. Estas mensagens, que podem ser dirigidas apenas a uma pessoa ou a
várias ao mesmo tempo, podem incluir anexos, tais como ficheiros de texto, imagens, som e vídeo.
f) Locais na Internet onde as pessoas conversam por escrito e em tempo real sobre temas de carácter
generalista ou sobre tópicos específicos (ex.: questões relacionadas com a saúde ou a política). Estes espaços
são públicos, pelo que as pessoas podem ou não conhecer-se.
g) Também conhecidos por ‘IM’, são programas que permitem o envio e a receção de mensagens de texto em
tempo real, normalmente entre duas pessoas que se conhecem. Ex.: MSN Messenger, Skype ou Google Talk.
h) Plataformas que permitem aos utilizadores a criação de um espaço onde podem partilhar informações
pessoais e conteúdos multimédia, e interagir com outras pessoas com interesses semelhantes, que podem
adicionar comentários aos diversos elementos desse espaço. Ex.: Facebook, Orkut, MySpace, Hi5.
Definições adaptadas de: www.seguranet.pt, www.safernet.org.br, http://pt.wikipedia.org

Internet e comunicação interativa | 31


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Truncação, amálgama, extensão semântica, onomatopeia

Processos irregulares de formação de palavras

No 10.º Ano foram já abordados três processos irregulares de formação de palavras: a sigla (ex.: WWW –
World Wide Web; DVD – Digital Versatile Disk), o acrónimo (ex.: CD-ROM – Compact Disc-Read Only Memory;
MODEM – MOdulator/DEModulator) e o empréstimo (software; hardware).

Para além desses processos, existem ainda os seguintes:


• a truncação, que consiste na criação de uma nova palavra a partir da omissão de parte de uma palavra.
>>net (de ‘Internet’)
• a amálgama, que diz respeito à criação de uma palavra a partir da fusão de dois vocábulos.
>>informática (de ‘informação’ + ‘automática’)
• a extensão semântica, que consiste na atribuição de novos significados a palavras já existentes.
>>navegador – programa que permite ao utilizador visualizar os conteúdos disponíveis na Internet, ou
seja, “viajar” pela Internet (de ‘navegador’ – marinheiro; tripulante que se especializou na orientação
de barcos ou aeronaves)
• a onomatopeia, que consiste na criação de palavras através da imitação de sons e ruídos.
>>ah ah ah / eh eh eh / hi hi hi (som de gargalhadas); cocorocó (canto do galo)

Exercícios
1. Atente nas seguintes palavras: foto, diciopédia, manif, quilo, cibernauta.
1.1. Identifique o processo de formação de palavras que deu origem a cada um dos vocábulos.

2. As seguintes palavras (do campo lexical da informática) foram formadas através de um processo de
extensão semântica: portal, janela, rato, leitor (de Cds, DVDs).
2.1. Explicite o significado das palavras originais.
2.2. Explicite o significado que estas palavras adquiriram por extensão semântica.

3. Indique os sons representados pelas seguintes onomatopeias.


a) Clique. d) Dlim dlão.
b) Atchim. e) Truz-truz.
c) Miau. f) Tique-taque.

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GRUPO B

LEITURA
Uma parte significativa dos blogues disponíveis na Internet são da autoria de jovens que encontram neste meio
de comunicação virtual uma oportunidade para expressar os seus sentimentos e as suas opiniões sobre os
acontecimentos que os rodeiam.
Leia as duas entradas do blogue “O Véu de Zaahirah”.

DAS RELAÇÕES
Etiqueta.
REFLEXÕES

13 de março de 2011

1 Há uns tempos atrás, uma amiga pedia-me para fazer um tratamento


miraculoso no Photoshop e apagar duas pessoas com quem ela aparecia
numa foto. Não o consegui fazer. Estavam num abraço de grupo.
Neste ponto, a tecnologia lembra-nos da veracidade das relações. Por
5 mais que nos magoem, que nos maltratem, que gostássemos de voltar
atrás no tempo, não podemos simplesmente apagar a passagem das
pessoas pela nossa vida.
Se cortássemos uma pessoa de uma foto, o que ficaria no seu lugar? Nada. O vazio. Uma mancha sem cor sequer.

SOMEDAY YOU’LL SEE! Etiqueta.


REFLEXÕES

1 de setembo de 2010

1 Tenho uma árvore no quintal. É uma anoneira e só deu um fruto


em 10 anos. Já estivemos para a deitar abaixo montes de vezes, mas a
minha mãe mantém-na na esperança de que torne a dar fruto. Volta e
meia lá anda ela de roda da árvore a ver se lhe encontra qualquer coisa
5 de que se possa orgulhar. Mas nada.
Hoje, quando ia a passar ao pé da árvore, despassarada como sempre,
dei uma cabeçada num dos galhos. E quando levantei a cabeça para
maldizer o ramo, vi-o lá: grande e em forma de coração. Gritei pela minha mãe, que chegou incrédula, e
pusemo-nos a olhar para a árvore como se fosse um milagre. E foi então que os vimos. A todos, todos eles!
10 Uns maiores, outros mais pequenos, mas sempre em forma de coração. Já lá devem estar há meses, mas
nunca tínhamos reparado neles, por mais que os procurássemos!
E a coisa fez-me pensar, porque a vida também é assim. Tanta coisa está mesmo em frente do nosso
nariz e não vemos! Ou porque procuramos em demasia ou simplesmente porque não queremos ver. Até
que um dia, sem esperarmos, vemos tudo de outra perspetiva.
15 Costumo dizer que não acredito no amor. E não acredito. Até que um dia, quando menos esperar, vou
ver a coisa de outra perspetiva... :)
http://zaahirah.blogspot.com (textos adaptados)

Internet e comunicação interativa | 33


Sobre o texto
1. A autora do blogue agrupou estas duas entradas sob a mesma etiqueta (“Reflexões”). Para cada texto,
responda às questões da tabela.
Questões: “Das relações” “Someday you’ll see!”
1.1. Qual é o tema sobre a) A insensibilidade de uma amiga. a) A capacidade que a vida tem de nos
o qual a autora reflete? b) As limitações do Photoshop. surpreender.
(selecione a hipótese b) O milagre da anoneira que voltou a
c) As relações humanas.
correta) dar frutos passados muitos anos.
c) A falta de capacidades de
observação da autora e da sua mãe.
1.2. O que motivou essa a) A constatação da impossibilidade a) A incredulidade da mãe ao ver os
reflexão? (selecione a de apagar duas pessoas de uma foto, a frutos na árvore.
hipótese correta) pedido de uma amiga. b) O aspeto dos frutos que cresceram
b) A visualização de uma foto com na anoneira, em forma de coração.
uma mancha descolorida. c) A descoberta inesperada de vários
c) A mágoa provocada por algumas frutos na anoneira do quintal.
pessoas que a maltrataram.
1.3. A que conclusão é a) Não é possível eliminar a a) A autora e a mãe são muito
que a autora chegou? importância que as pessoas têm na distraídas, pois os frutos já estavam há
(selecione a hipótese nossa vida, mesmo a daquelas que nos vários meses na anoneira e elas só os
correta) magoaram muito e que preferíamos descobriram porque a autora deu uma
esquecer. cabeçada num galho por acaso.
b) O Photoshop não dispõe das b) Por vezes não acreditamos que
funcionalidades necessárias para algumas coisas sejam possíveis, até
alterar fotos com qualidade, pois que elas acontecem e mudamos as
nota-se quando as imagens foram nossas crenças e pontos de vista.
manipuladas. c) Deve ter acontecido um milagre no
c) A amiga da autora é egoísta ao quintal, porque a anoneira só tinha
ponto de não dar a devida importância dado um fruto em 10 anos, e agora
às pessoas que passaram na sua vida. estava carregada de frutos.
1.4. Transcreva a frase em
que a autora relaciona o
facto que motivou a sua
reflexão e a conclusão a
que chegou.
1.5. Complete a frase, Tal como (a) , também (b) . Tal como (a) , também (b) .
explicitando a analogia
que a autora estabelece
entre o facto que motivou
a sua reflexão e a
conclusão a que chegou.

34 | Sociedade de informação e conhecimento


Para além do texto
Leia os seguintes textos, o primeiro publicado no blogue “Fora do Mundo” e o segundo no blogue “O Véu de
Zaahirah”, e responda às perguntas respetivas.

Os blogues são diários porque isso está inscrito no seu próprio nome (web log) e sobretudo porque têm
uma estrutura (datada e com tema livre) que se aproxima mais da notação diarística do que do artigo
ou do ensaio. Se existe um mecanismo que permite que cada um escreva sobre o que entender, sempre
que entender, com o registo que entender e sem preocupações de protocolos, então parece que o que
conhecemos como «diário» é o que mais se aproxima do blogue. (…)
A especificidade do blogue é a possibilidade de ter  online  um registo permanente sobre cinema,
arquitectura, política, o que cada um quiser, e predominantemente com um tom pessoal e um tamanho
breve. Esse é o cunho do diário. A aproximação é evidente. Não vale para todos os blogues, mas vale
claramente para a grande maioria.
http://foradomundo.blogspot.com, 1/05/2005

1. Tanto os blogues como os diários pessoais são marcados pela liberdade que o autor experimenta a diversos níveis.
1.1. Transcreva todas as passagens do primeiro texto que remetem para as seguintes características comuns
a blogues e a diários:
a) A data de escrita/ publicação é mencionada e o texto refere-se a esse período.
b) Não existem restrições quanto aos assuntos que o autor pode abordar.
c) Não existem imposições temporais para a escrita.
d) O estilo de linguagem é próprio do autor, não havendo limitações ou regras a este nível.
e) Normalmente, os textos não são extensos (apesar de não haver restrições quanto à dimensão dos textos).

A parte menos boa de ter um blog é os amigos acharem que basta lê-lo para saberem como estou e o que
se passa na minha vida, não sendo preciso contactar-me pessoalmente durante... hum... deixa ver... mais
de um ano!? Pensarão, com certeza, que relato aqui tudo o que me acontece, todos os meus dramas, todas
as minhas conquistas?? Enganam-se!
Se tivesse uma doença grave, por exemplo, nunca me passaria pela cabeça vir para aqui relatar o
diagnóstico, assim como não contaria a forma mágica como conheci o homem que será o pai dos meus
filhos e que possivelmente se atravessou na minha vida há cerca de um mês mas que igualmente não contei.
Esta coisa dos blogs é tramada, não é? Nunca se sabe o que é verdadeiro e o que é inventado e são
muitas as histórias que ficam pela metade. É a diferença entre ser um dos leitores da Zaahirah ou ser um
dos amigos da Ana.
http://zaahirah.blogspot.com, 25/12/2010 (texto adaptado)

2. Os blogues divergem dos diários pessoais quanto ao público a que se destinam.
2.1. Explicite esta afirmação.
2.2. Explique as diferentes opções que daí podem resultar ao nível dos temas que os autores abordam e da
forma como os abordam em blogues e em diários pessoais.
2.2.1.  Justifique a sua resposta com base no último texto.

Internet e comunicação interativa | 35


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Modo verbal

Atribui-se o nome de modalidade à subjetividade do locutor, ou seja, às suas atitudes (certeza, dúvida,
suposição, desejo, etc.) em relação ao conteúdo dos seus enunciados. Existem diversas formas de expressar
valores modais, entre as quais se encontram os modos verbais – os quais traduzem a forma como se encara
a situação expressa pelo verbo. Em Português, existem quatro modos verbais, pelos quais se distribuem as
formas verbais finitas (para além destas, existem ainda as formas verbais não finitas, que serão abordadas
adiante – cf. p. 41). Os modos verbais são os seguintes:
Indicativo – o enunciador encara o facto que enuncia como real, verdadeiro, certo.
>>“Não o consegui fazer. Estavam num abraço de grupo. Neste ponto, a tecnologia lembra-nos da veracidade
das relações.”
Conjuntivo – o enunciador encara o facto que enuncia como irreal, hipotético (provável ou improvável,
possível ou impossível).
>>“Por mais que nos magoem, que nos maltratem, que gostássemos de voltar atrás no tempo, não podemos
simplesmente apagar a passagem das pessoas pela nossa vida.”
Condicional – o enunciador considera que a situação enunciada depende de determinada condição para se
realizar.
>>“Se tivesse uma doença grave, por exemplo, nunca me passaria pela cabeça vir para aqui relatar o
diagnóstico (…).”
Imperativo – o enunciador deseja que a ação que enuncia seja realizada pelo(s) interlocutor(es); pode
exprimir uma ordem, uma súplica, uma instrução, um pedido, um apelo, um convite ou um conselho.
>>Apaga estas duas pessoas da foto, se conseguires.
Consultar Apêndice

Exercícios
1. Releia os primeiros dois parágrafos do texto “Someday you’ll see!”.
1.1. Transcreva todas as formas verbais finitas (formas que pertencem a um modo verbal).
1.2. Agrupe-as de acordo com o modo verbal a que pertencem.
2. Atente na seguinte frase e responda às perguntas que se seguem.
Se cortássemos uma pessoa de uma foto, no seu lugar ficaria uma mancha sem cor.
2.1. Transcreva as duas formas verbais presentes nesta frase.
2.2. Indique o modo verbal a que cada uma pertence.
2.3. Indique se as seguintes afirmações são Verdadeiras (V) ou Falsas (F).
a) A oração “se cortássemos uma pessoa de uma foto” refere-se a uma situação que aconteceu na realidade.
b) A oração “no seu lugar ficaria uma mancha sem cor” refere uma condição para outra situação acontecer.
c) A oração “no seu lugar ficaria uma mancha sem cor” refere uma consequência provável de outra situação.

36 | Sociedade de informação e conhecimento


ORALIDADE
As redes sociais vieram para ficar?
Ouça atentamente este texto, sobre o uso atual das redes sociais.

VOCABULÁRIO
networking [Inglês]: estabelecer contactos que podem ser
úteis profissionalmente, especialmente para encontrar em-
prego ou para conseguir uma posição melhor; plataformas
multimédia: espaços virtuais que reúnem informação em
vários formatos (imagem, texto, som, vídeo); tablets [Inglês]:
computador portátil de pequena espessura e ecrã tátil.

Depois da audição responda às questões.


1. Indique se as frases são Verdadeiras (V) ou Falsas (F).
a) São ainda poucas as pessoas que usam as redes sociais.
b) As pessoas usam as redes sociais para vários fins, tais como: partilhar documentos, alargar contactos de
trabalho, divulgar projetos e criar ou aprofundar relações interpessoais.
c) As redes sociais não são utilizadas apenas a título individual: também as empresas recorrem a estes meios
de divulgação, assim como políticos.
d) As redes sociais são também utilizadas para organizar ações públicas de contestação e mobilizar a
participação de um vasto número de pessoas.
e) A utilização de redes sociais para divulgação de mensagens por parte de líderes políticos tem sido bem
recebida pela opinião pública.

2. O acesso às redes sociais, e à Internet em geral, não se restringe ao computador.


2.1. Identifique os dois aparelhos eletrónicos referidos no texto que, tal como o computador, permitem o
acesso a conteúdos da Internet.

3. Indique o nome das duas redes sociais mencionadas no texto.

4. Explique o significado da expressão “o poder «viral» das redes”, utilizada no texto.

5. A relação entre os meios de comunicação social tradicionais e o mundo da Internet processa-se em dois
sentidos.
5.1. Justifique esta afirmação, recorrendo a exemplos do texto.

6. O título deste texto consiste numa pergunta: “As redes sociais vieram para ficar?”.
6.1. Indique a resposta que se pode inferir do texto, justificando.
6.2. Indique, justificando, a sua perspetiva pessoal.

Internet e comunicação interativa | 37


GRUPO C

ORALIDADE
Armadilhas virtuais

Figura 1 Figura 2

Figura 3 Figura 4

1. Para cada imagem:


• descreva o seu conteúdo;
• indique que situação representa.

LEITURA
Perigos reais para crianças e jovens na utilização da Internet
De acordo com o website MiudosSegurosNa.Net, as preocupações
com os perigos associados à utilização da Internet por crianças e
jovens são bem reais e podem ser agrupados em cinco categorias
(os cinco C’s – conteúdos, contactos, comércio, comportamentos e
copyright). Leia o texto sobre cada uma destas categorias e responda
às perguntas que se seguem.

38 | Sociedade de informação e conhecimento


>>Conteúdos impróprios, legais ou ilegais, tais como a pornografia, pornografia infantil, violência, ódio,
racismo e outros ideais extremistas, estão facilmente disponíveis a crianças e jovens através de uma grande
variedade de dispositivos. Para além de poderem ser inadequados e prejudiciais a um desenvolvimento
harmonioso, podem mesmo ofender os padrões e valores da sociedade.
>>Contactos potenciais por parte de pessoas mal-intencionadas, que usam o email, salas de chat, instant
messaging, fóruns, grupos de discussão, jogos online e telemóveis para ganharem acesso fácil a crianças e
jovens e que poderão desejar fazer-lhes mal e enganá-los, representam uma verdadeira ameaça.
>>Comércio – práticas comerciais e publicitárias não-éticas que, não distinguindo a informação da
publicidade, podem enganar crianças e jovens, promover a recolha de informações que violam a sua
privacidade e promover a venda direta a crianças, atraindo-as a fazerem compras não autorizadas.
>>Comportamentos irresponsáveis ou compulsivos que, aliados ao uso excessivo da tecnologia, podem
resultar na redução da sociabilidade e do aproveitamento escolar, podendo mesmo conduzir à dependência.
De facto, a American Psychological Association tem vindo a alertar para o facto de que crianças, jovens e
adultos podem tornar-se psicologicamente dependentes da Internet (IAD – Internet Addiction Disorder) e
que esta perturbação se pode dar com outras tecnologias, como é o caso dos jogos vídeo.
>>Copyright – a violação dos direitos de autor, resultante da cópia, partilha, adulteração ou pirataria de
conteúdos protegidos pela lei, tais como programas de computador, textos, imagens, ficheiros de áudio e/
ou vídeo, para fins particulares, comerciais ou de plágio em trabalhos escolares ou outros, pode resultar em
graves problemas de natureza jurídica e até financeira.
http://www.miudossegurosna.net/ (texto adaptado)

Vocabulário
1. Nos parágrafos assinalados, encontre as palavras que correspondem aos significados apresentados.
Parágrafos Significado Palavra
conteúdo sexual explícito a)
que se encontram distantes do que é considerado normal ou tradicional b)
1.º instrumentos; meios; aparelhos c)
nocivos d)
comportamentos que servem de modelo a uma sociedade e)
possíveis f)
2.º
que pretendem prejudicar outra pessoa para benefício próprio g)
que não respeitam as regras de conduta h)
3.º
infringem; desrespeitam; quebram i)
que o sujeito não consegue controlar ou evitar j)
4.º capacidade de se relacionar com outras pessoas k)
vício; habituação l)
infração, desrespeito m)
falsificação; alteração sem autorização do autor n)
5.º
apropriação de algo que pertence a outra pessoa o)
cópia do texto de outra pessoa sem referir a fonte, apresentando-o como se fosse original p)

Internet e comunicação interativa | 39


Sobre o texto
1. Leia os textos que se seguem, sobre perigos que podem decorrer do uso da Internet.
1.1. Enquadre-os em cada uma das categorias mencionadas no texto anterior: conteúdo impróprios, contactos
de pessoas mal-intencionadas, comércio, comportamentos compulsivos e copyright.

a) O excesso de informação e a facilidade em obtê-la b) O email é o método mais utilizado para espalhar vírus
podem ser aproveitados indevidamente para a realização informáticos; mas estes também podem ser difundidos
de trabalhos escolares através da cópia integral de texto através do download de ficheiros. Os vírus são instalados
de outras pessoas; para além de tal ser ética e legalmente e funcionam sem que o usuário perceba; podem roubar
condenável, acresce que os alunos não desenvolvem as senhas e dados para fins comerciais ou apagar informações
suas capacidades de pesquisa, escrita e espírito crítico, do computador/ prejudicar o seu funcionamento.
pois limitam-se a copiar o que alguém produziu.

c) O excesso de tempo passado ao computador pode prejudicar a saúde, podendo ser responsável por problemas de
visão, excesso de peso, dores no pescoço e costas, dores de cabeça, entre outros.

d) Atenção aos emails que apresentam propostas boas e) Nas salas de conversação, as pessoas podem mentir para
demais, produtos milagrosos ou que são enviados em tentarem parecer mais interessantes (dizer que são mais
nome de empresas (reais ou fictícias) solicitando o envio novas ou mais velhas, que têm um cargo importante, mentir
de dados pessoais (como senhas de acesso a serviços sobre a aparência física, sobre os gostos e passatempos,
bancários), pois geralmente são fraudes. etc.), pelo que não se deve confiar nas informações
fornecidas por desconhecidos, e muito menos iniciar um
f) Geralmente, os motores de busca exibem o resultado relacionamento amoroso virtual com um estranho, por
da busca baseado na popularidade, e não na relevância, muito que o tempo e as conversas online deem a sensação
pelo que pode ser difícil encontrar informação verdadeira, de que se conhece a pessoa e de que se pode confiar nela.
credível e fundamentada.

g) As redes P2P facilitam a divulgação ilegal de produtos protegidos por direitos de autor (filmes, videoclips, música,
livros, etc.), prejudicando, desta forma, os autores, que não são recompensados pelo seu trabalho.

h) O uso de nicknames em salas de conversação ou i) O download de arquivos pode facilitar a invasão do


blogues e a criação de contas de email falsas dificultam computador para roubo de dados.
o conhecimento da verdadeira identidade das pessoas
e facilitam a prática de crimes. Nos piores casos, o j) Mesmo os conteúdos ilegais, agressivos e impróprios
aliciamento ou chantagem online podem terminar em podem ser encontrados nas buscas.
sequestro e abuso sexual das vítimas.
l) Quando divulgamos informações pessoais ou fotografias
k) A Internet pode ser prejudicial para a vida social, na Internet, elas tornam-se públicas. Mesmo que apague
capacidade de relacionamento no mundo real, informações que publicou, qualquer pessoa pode tê-
desempenho escolar, etc., se for usada em excesso ou -las gravado e divulgá-las. Se enviar fotos ou vídeos seus
quando substitui as outras atividades de lazer, podendo para desconhecidos, ou mesmo para conhecidos, as
tornar-se um vício. suas imagens podem ser manipuladas (alteradas através
de programas de edição de imagem) e usadas para o
m) Os comentários nos blogues e redes sociais podem ser prejudicar (humilhar, ofender ou mesmo chantagear).
violentos e desrespeitosos.
Textos baseados em www.safernet.org.br

1.2. Para cada perigo identificado em cada alínea, sugira cuidados que se podem e devem adotar para os evitar.

40 | Sociedade de informação e conhecimento


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Formas verbais não finitas

As formas verbais não finitas não exprimem, normalmente, noções de tempo e de modo, sendo o contexto
em que se encontram que determina valores temporais e modais. As formas verbais não finitas são as
seguintes:
Infinitivo (pessoal e impessoal) – apresenta a situação em potência, encarada de um modo geral.
Gerúndio – apresenta a situação em decurso.
Particípio passado – apresenta a situação concluída.
Todas as formas verbais não finitas podem ser núcleo do grupo verbal de orações subordinadas não finitas,
que serão abordadas adiante (cf. p. 47).

Infinitivo
O infinitivo pessoal tem sujeito e apresenta flexão em pessoa e número. Pode apresentar uma forma simples
e uma forma composta:
>>Nas salas de conversação, as pessoas mentem para parecerem mais interessantes.
>>Apesar de terem tido aulas de Informática, eles ainda não sabiam trabalhar bem com o computador.
O infinitivo impessoal não varia em pessoa e número. Pode apresentar uma forma simples e uma forma
composta:
>>O email é o método mais utilizado para espalhar vírus informáticos.
>>Não devias ter publicado fotografias tuas no Facebook.
O infinitivo impessoal simples entra na formação de alguns complexos verbais, tais como ‘estar a + VINF’,
‘andar a + VINF’, ‘começar a + VINF’, ‘acabar de + VINF’, ‘ir + VINF’, etc.
>>A minha irmã anda a receber uns emails estranhos.

Gerúndio
O gerúndio apresenta uma forma simples e uma forma composta:
>>As redes P2P facilitam a pirataria, prejudicando, desta forma, os autores.
>>A Internet, tendo facilitado o acesso à informação, trouxe também novos perigos.
O gerúndio simples entra na formação de alguns complexos verbais, tais como ‘vir + VGER’ e ‘ir + VGER’.
>>Quando tenho tempo livre, vou melhorando aos poucos a minha página pessoal.

Particípio passado
O particípio passado entra na formação das formas compostas (auxiliado pelo verbo ‘ter’) e da passiva
(auxiliado pelo verbo ‘ser’), entre outros contextos em que pode ocorrer.
>>Atenção aos emails que são enviados em nome de empresas, pois por vezes trata-se de fraudes.

Internet e comunicação interativa | 41


Exercícios
1. Leia novamente o 3.º parágrafo do texto “Perigos reais para crianças e jovens na utilização da Internet”,
sobre práticas comerciais não-éticas na Internet.
1.1. Transcreva todas as formas verbais não finitas e classifique-as.

2. Complete o seguinte texto, usando as formas não finitas dos verbos fornecidos que se adequam aos contextos.
A modernização tem (a) (ser) o fruto de um grande avanço tecnológico. Hoje em dia, as pessoas recorrem
à Internet para (b) (esclarecer) a mínima dúvida. A Internet acaba por (c) (ser) o meio mais eficiente de
circulação de informação, (d) (constituir) uma autoestrada onde fluxos informativos se propagam através
de inúmeras redes de computadores e, em segundos, as informações são (e) (dar) ao utilizador através
dos motores de busca. Os indivíduos, ao (f) -se (deparar) com tanta informação, acabam muitas vezes
por não (g) (adotar) uma postura crítica, (h) (realizar) leituras superficiais, sem a devida reflexão. Os
livros são cada vez menos (i) (procurar), e é uma pena (j) -se (perder) hábitos tradicionais de leitura.
http://postsdepescada10.blogspot.com/2010/11/artigo-de-opiniao-relativamente.html (texto adaptado)

2.1. Classifique as formas verbais não finitas que utilizou.

GRUPO D

LEITURA
Leia atentamente o texto.

‘Emails’ a mais
Ricardo Garcia, in Pública, 16 de maio de 2010

1  Encontro-me em processo de resistência inglória à


comunicação virtual. Enquanto o mundo parece ca-
minhar em sentido contrário, estou a fazer um esforço
sobre-humano, e provavelmente inútil, para reduzir o
5 recurso a formas de interação social por banda larga.
Faço-o não só por natural inércia tecnológica, mas so-
bretudo em benefício de dois dos três pilares do desen-
volvimento sustentável: o económico e o do bem-estar.
O primeiro explica-se facilmente: quanto mais aten-
10 tos estamos aos emails, aos sms, às redes sociais e
semelhantes modos de convivência internauta, me-
nos trabalhamos. Já ouço as vozes da modernidade a
chamarem-me retrógrado e reacionário, só para come-
çar. Mas desafio-as a responder: quanto tempo por dia
15 gastam a descarregar, ler, responder, apagar e organizar
emails? Réplica provável: “Mas isto é trabalho!”
Pois é. Encontrei-me uma vez com um amigo, en-
genheiro, que não via há algum tempo. Perguntei-lhe:

42 | Sociedade de informação e conhecimento


- Afinal, o que fazes atualmente? andado para sequelas fisiológicas, como dores nas
20 - Envio emails – respondeu-me, meio convicto, costas, problemas de visão e descaimento de massa
meio desapontado. adiposa para o entorno da cintura, por sedentarismo
Não seria de surpreender. Para um gestor, trata- 40 ou mera gravidade. Não nego que todas me afligem.
-se apenas de uma mudança do meio de comunica- O problema dos emails já nem é o da publicidade
ção. Não desprezando as propriedades higiénicas das que há muito invadiu a rede. Já não há paciência até
25 mensagens eletrónicas, o certo é que elas eliminam para as mensagens sérias, que contêm informação
os necessários toques pessoais na conexão hierárqui- bem intencionada e potencialmente até interessante,
ca, do sorriso ao berro. 45 mas que chegam em quantidades sufocantes.
Outros argumentarão que as relações humanas Adoto agora um procedimento saneador. Procu-
via bits e bytes são ambientalmente mais favoráveis, ro manter desligado o correio eletrónico durante a
30 evitando-se deslocações, consumo de combustíveis e maior parte do dia. E quando o aciono, apenas leio
emissões de CO2 – salvo as necessidades de eletrici- as mensagens de pessoas, instituições e demais entes
dade e de outros recursos para fabricar e operar com- 50 que possam ter assuntos realmente expressivos ou
putadores, telemóveis e demais aparelhos. Como não urgentes a tratar – como as ordens da minha mulher,
sei o saldo desta equação, não o tomarei por negativo. as determinações dos meus chefes ou os comentários
35 No plano do bem-estar, é evidente que ficar sen- dos leitores destas linhas. (…)
tado horas à frente do computador é meio caminho

Vocabulário
desenvolvimento sustentável (ll. 7-8): uso razoável dos recursos existentes (económicos, ambientais, …), de forma a satisfazer as
necessidades da geração atual sem comprometer as gerações futuras; higiénicas (l. 24): de acordo com os princípios da higiene,
favoráveis à saúde; conexão hierárquica (l. 26): relação entre pessoas que possuem estatutos diferentes de acordo com a posição
profissional; via (l. 29): através de, por meio de; bits e bytes [Inglês] (l. 29): unidades de medida de informação processadas por um
computador; emissões de CO2 (l. 31): expulsões de dióxido de carbono; sequelas (l. 37): consequências, mazelas, lesões; fisiológicas
(l. 37): relativas aos fenómenos vitais e às funções dos diferentes órgãos dos seres vivos; descaimento (l. 38): deslocamento; massa
adiposa (ll. 38-39): gordura; entorno (l. 39): área que circunda/ rodeia; gravidade (l. 40): força de atração exercida pelo planeta Terra
sobre tudo o que nele existe; sufocantes (l. 45): exageradas, que causam perturbação; saneador (l. 46): que limpa, torna saudável.

1. Estabeleça a relação entre as palavras retiradas do texto e os seus significados.


1. “inglória” (l. 1) a) ligo
2. “sobre-humano” (l. 4) b) preocupam
3. “pilares” (l. 7) c) seguro, convencido daquilo que afirma
4. “retrógado” (l. 13) d) desiludido, dececionado, frustrado
5. “reacionário” (l. 13) e) desvalorizando
6. “réplica” (l. 16) f) decisões, ordens, indicações
7. “convicto” (l. 20) g) em vão, inútil
8. “desapontado” (l. 21) h) pontos de apoio, bases
9. “desprezando” (l. 24) i) comportamento, atitude
10. “saldo” (l. 31) j) defensor de um sistema político contrário aos avanços e transformações
sociais, resistindo às tendências inovadoras
11. “sedentarismo” (l. 39) k) resposta
12. “afligem” (l. 40) l) que se opõe ao progresso, antiquado
13. “procedimento” (l. 46) m) resultado
14. “aciono” (l. 48) n) pouca atividade física
15. “determinações” (l. 52) o) enorme, acima das forças humanas

Internet e comunicação interativa | 43


2. Explique, por palavras suas, o sentido das seguintes expressões.
a) “inércia tecnológica” (l. 6) b) “vozes da modernidade” (l. 12)

3. Identifique o processo de formação que deu origem às seguintes palavras: “internauta” (l. 11) e “rede” (l. 42).

Sobre o texto
1. O autor inicia o texto afirmando que sente relutância em relação à “comunicação virtual” (l. 2). Ao longo do
texto, usa outras três expressões para designar esta mesma realidade, mas utilizando mais palavras.
1.1. Identifique essas três expressões.
1.1.1. Indique, para cada uma das expressões identificadas, os vocábulos que se referem a “comunicação”
e os vocábulos que se referem a “virtual”.
1.2. Identifique a figura de retórica aí presente.
1.3. Explicite a razão pela qual o autor recorre a diferentes expressões para se referir à mesma realidade.

2. Para defender o seu ponto de vista sobre o assunto, o autor organiza os seus argumentos em torno de duas
categorias: a económica e o bem-estar.
2.1. Identifique as expressões que, no início de novos parágrafos, marcam esta divisão no desenvolvimento
da argumentação do autor.
2.2. Refira qual o argumento principal relativo ao plano económico, por palavras suas.
2.3. Refira quais os dois argumentos principais relativos ao plano do bem-estar, por palavras suas.
2.4. Para convencer os leitores a aderir ao seu ponto de vista, o autor antecipa alguns contra-argumentos que
lhe poderiam ser apontados e rebate-os.
2.4.1. Preencha a seguinte tabela, por palavras suas, de acordo com as informações do texto.
Contra-argumento antecipado pelo autor Forma como refuta esse contra-argumento
1. Enviar emails faz parte do trabalho.
2. A comunicação virtual é mais higiénica do que outras formas
de comunicação (presencial, correio, ...).
3. A comunicação virtual é mais ecológica.
2.4.2. Identifique a figura de retórica presente na seguinte passagem: “quanto tempo por dia gastam a
descarregar, ler, responder, apagar e organizar emails?” (ll. 14-16)
2.4.2.1. Justifique a sua utilização, tendo em consideração o ponto de vista do autor em relação à
comunicação virtual.

3. Explicite em que consiste o “procedimento saneador” (l. 46) utilizado pelo autor para lidar com a situação.

4. O texto que acabou de estudar é um artigo de opinião, cuja estrutura apresenta, normalmente, três partes:
Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
4.1. Delimite-as, identificando os parágrafos a que correspondem.
4.2. Refira o assunto de cada parte.

44 | Sociedade de informação e conhecimento


4.3. Identifique, no texto, marcas gramaticais que demonstram que as opiniões veiculadas são do autor.
4.4. Identifique o tempo verbal mais frequentemente utilizado no texto, retirando do 1.º parágrafo todas as
formas verbais que se encontram nesse tempo.
4.4.1. Atente agora nas seguintes passagens: “Outros argumentarão que as relações humanas via bits e bytes…” (ll.
28-29); “Encontrei-me uma vez com um amigo…” (l. 17); “Já não há paciência até para as mensagens sérias” (ll. 42-43).
4.4.1.1. Indique o tempo em que se encontram as formas verbais sublinhadas.
4.4.2. Partindo da análise dos exemplos, identifique o valor que cada um desses tempos verbais tipicamente
assume num artigo de opinião:
a) É utilizado para antecipar contra-argumentos.
b) É utilizado para expor o assunto, os argumentos e para refutar os contra-argumentos antecipados.
c) É utilizado para apresentar exemplos.
4.5. Atente nas seguintes expressões retiradas do texto.
1. “Mas isto é trabalho” (l. 16) a) Exemplificar
2. “Como não sei o saldo desta equação…” (ll. 33-34) b) Justificar uma opção
3. “... como dores nas costas…” (ll. 37-38) c) Rebater uma ideia
4.5.1. Faça a correspondência entre as palavras sublinhadas e as funções que desempenham no contexto
em que são utilizadas.

ESCRITA
Artigo de opinião
Elabore um artigo de opinião a partir da citação que a seguir se apresenta.

“Novas realidades impõem novos problemas. Estaremos a ser mal-educados se recusarmos “pedidos de
amizade” no Facebook? E as 100 ou 150 pessoas registadas no nosso perfil serão, mesmo, nossos amigos?
Que riscos para a privacidade acarreta a exposição de dados pessoais, nomeadamente fotografias – nossas
e dos nossos familiares próximos, crianças incluídas – na Internet?”
Rui Cardoso

Preparação
1. Responda às perguntas presentes na citação.
1.1. Elabore uma frase que sintetize a problemática em causa.
1.2. Defina a sua posição em relação ao tópico em questão.

2. Elabore o plano do texto, seguindo as seguintes etapas:


• faça uma listagem de argumentos que sustentem o seu ponto de vista;
• selecione exemplos que ilustrem esses argumentos;
• preveja possíveis contra-argumentos;
• prepare a sua refutação.

Internet e comunicação interativa | 45


Textualização
1. Pense num título expressivo/ sugestivo para o texto (que poderá alterar no fim, em função do texto e de
novas ideias que surjam durante o processo de escrita).

2. Redija o texto, de acordo com a seguinte estrutura e indicações:


Introdução • Apresente, de forma clara, o tema em questão e o seu ponto de vista sobre ele, sem
(um parágrafo) introduzir, ainda, argumentos.
Desenvolvimento • Explicite o ponto de vista enunciado na introdução, através da:
(vários parágrafos,
>>apresentação dos argumentos previamente selecionados;
de acordo com a
necessidade) >>antecipação de contra-argumentos e sua refutação;
>>referência a factos, exemplos, citações e/ou dados estatísticos que validem os
argumentos apresentados.
• Exponha a informação de forma organizada e eficaz, articulando as ideias já
apresentadas com a informação nova (nomeadamente, através do uso de marcadores
discursivos­ – ver tabela abaixo) e evitando redundâncias (por exemplo, através do
recurso a estratégias de substituição vocabular, a pronomes, etc.).
• Procure utilizar figuras de retórica (como a perífrase, a comparação, a metáfora,…) para
tornar o seu texto mais rico e aumentar o grau de eficácia persuasiva.
• Utilize um registo adequado à situação e aos destinatários.
Conclusão • Faça uma síntese das ideias apresentadas no desenvolvimento, reiterando a sua
(um parágrafo) posição/opinião quanto ao tema.

Apresentam-se, na tabela, alguns marcadores discursivos que poderá utilizar.


Finalidade Marcadores discursivos
Dar opinião do meu ponto de vista, na minha opinião, considero que (…), acredito que (…),
estou em crer que (…)
Ordenar a sequência das em primeiro lugar, primeiramente, começando por (…), antes de mais, em segundo
ideias lugar, seguidamente, em seguida, por último, por fim
Exprimir certeza efetivamente, de facto, com efeito, na verdade, certamente, evidentemente,
obviamente
Refutar, manifestar no entanto, mas, contudo, porém, apesar de (…), embora (…), pelo contrário, por
oposição outro lado
Exemplificar por exemplo, a título de exemplo, como se pode observar, tal como (…)
Estabelecer relações de porque (…), visto que (…), dado que (…), já que (…), uma vez que (…)
causa
Estabelecer conexões de nesse sentido, deste modo, assim, portanto, logo, consequentemente
consequência
Adicionar ideias/ e (…), além disso, e ainda (…), não só… mas também, por um lado… por outro
informação (lado)
Aproximar ideias do mesmo modo, pelo mesmo motivo, pela mesma razão, assim como
Concluir finalmente, em conclusão, concluindo, para terminar, em suma, tendo tudo isto
em consideração

46 | Sociedade de informação e conhecimento


Revisão
Reveja agora o texto, tendo por base as instruções acima apresentadas.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Orações finitas e não finitas

As orações podem ser finitas (com o núcleo do grupo verbal conjugado num tempo verbal) ou não finitas
(com o núcleo do grupo verbal numa das formas verbais não finitas: infinitivo, gerúndio, particípio passado
– cf. p. 41).

As orações não finitas classificam-se em infinitivas, gerundivas e participiais.

Exemplos
Atente nas orações sublinhadas e nos respetivos núcleos dos grupos verbais (a negrito).
Oração finita Oração não finita
Infinitiva

É preferível que as pessoas acedam ao email ape- É preferível as pessoas acederem ao email
nas uma vez por dia. apenas uma vez por dia.

“Não desprezando as propriedades higiénicas


Embora não despreze as propriedades higiénicas
Gerundiva

das mensagens eletrónicas, o certo é que elas


das mensagens eletrónicas, o certo é que elas eli-
eliminam os necessários toques pessoais na
minam os necessários toques pessoais na cone-
conexão hierárquica, do sorriso ao berro.” (ll.
xão hierárquica, do sorriso ao berro.
24-26)
“E quando o aciono, apenas leio as mensagens de E acionado (o email), apenas leio as mensa-
Participial

pessoas, instituições e demais entes que possam gens de pessoas, instituições e demais entes
ter assuntos realmente expressivos ou urgentes a que possam ter assuntos realmente expressi-
tratar (…)” (ll. 48-51) vos ou urgentes a tratar.

Exercícios
1. Complete as frases, utilizando as informações fornecidas nas frases de partida.
a) Apesar de reconhecer o caráter ecológico das mensagens eletrónicas, o autor levanta algumas questões
quanto ao peso deste argumento.
 Embora…
b) O autor não apresentou dados estatísticos sobre o caráter ecológico dos emails.
 O autor devia…
c) O autor resolveu o seu problema, adotando um procedimento saneador.
 O autor resolveu o seu problema ao…
d) Dos emails recebidos, o autor lê apenas os mais importantes.
 Dos emails que…

Internet e comunicação interativa | 47


2. Das frases de partida, transcreva:
a) duas orações finitas;
b) uma oração não finita infinitiva;
c) uma oração não finita gerundiva.

ORALIDADE
Debate

Ao longo deste subtema, foram abordadas várias questões relacionadas


com o uso da Internet, tais como:
• as vantagens e potencialidades do uso da Internet;
• os perigos associados ao uso da Internet;
• os cuidados que os utilizadores devem adotar para evitarem os
perigos mencionados.

Propõe-se a realização de um debate, com a participação de todos os alunos, sobre o seguinte tema:
Internet: rede de ligação ou rede de captura?

De seguida, sintetizam-se algumas informações úteis sobre o funcionamento de um debate. Tenha-as em conta
para a preparação e realização desta atividade.

O debate consiste numa discussão entre várias pessoas sobre um tema previamente estabelecido, sendo
apresentadas diferentes opiniões e argumentos. O interesse, a eficácia e os resultados obtidos com o debate
dependem, em grande medida, de uma boa preparação prévia por parte de todos os intervenientes e de
uma gestão eficaz das interações durante o desenvolvimento da sessão.
O debate compreende os seguintes momentos:
• as palavras iniciais do moderador para: saudar os presentes; apresentar o tema em discussão e os
participantes responsáveis por defender cada um dos pontos de vista em causa; recordar as regras
previamente estabelecidas;
• intervenção dos participantes de acordo com as regras;
• participação do público para apresentação de questões ou pontos de vista e resposta por parte dos
intervenientes;
• encerramento do debate pelo moderador, com apresentação de um balanço final.
Os intervenientes no debate têm as seguintes funções:

48 | Sociedade de informação e conhecimento


• Participantes:
>>definir previamente objetivos claros para a sua intervenção;
>>apresentar os argumentos que melhor fundamentam a perspetiva a defender;
>>selecionar e apresentar exemplos ou dados (estatísticos, por exemplo) que ilustrem/ comprovem
a sua argumentação;
>>antecipar os argumentos dos interlocutores e desconstruir as opiniões contrárias;
>>não se afastar do tema, estabelecendo articulações com as perspetivas já apresentadas.

• Moderador:
>>iniciar a discussão, apresentando o tema em debate, os intervenientes e as regras a respeitar por
todos os presentes;
>>assegurar o cumprimento das regras estabelecidas, nomeadamente a distribuição equitativa do
tempo pelos participantes e a sua intervenção ordeira;
>>zelar pela qualidade e eficácia da discussão, assegurando a troca de ideias, reformulando e
lançando as opiniões expressas, inventariando pontos de consenso e de discordância, suscitando
o aprofundamento de aspetos importantes e evitando divagações;
>>manter-se imparcial face às posições assumidas pelos interlocutores;
>>apresentar as conclusões do debate.

• Público:
>>ouvir com atenção os argumentos apresentados;
>>colocar questões, dirigidas a todos os participantes ou a um participante em particular.

1. Depois de lerem as informações precedentes, deverão organizar-se, preparar o debate e realizá-lo, com a
orientação do professor.
Algumas expressões que podem ser úteis durante o debate:
Finalidade Expressões
Esclarecer/ explicar o que eu quero dizer é (o seguinte), ou seja, por outras palavras, significa que, gosta-
ria de esclarecer, explicitando melhor
Concordar concordo em alguns aspetos/ em absoluto, estou parcialmente/ plenamente de
acordo
Discordar não posso concordar, permitam-me discordar, discordo em absoluto, discordo com-
pletamente, estou em desacordo
Persuadir peço a vossa atenção para, acreditem que, não duvidem de que, podem estar certos
de que, como é do conhecimento geral, garanto que
Colocar hipóteses supondo que , admitindo que, imaginemos que
Retomar a palavra gostaria de acrescentar, permitam-me acrescentar, se me dão licença, gostaria de
contrapor, retomando a questão

Internet e comunicação interativa | 49


PRÁTICA DE LÍNGUA

Olhos piscam menos cinco vezes por minuto frente ao computador


1 A utilização intensiva de computadores é um tema que começa a preocupar as sociedades mais
desenvolvidas e os especialistas alertam para os sucessivos malefícios oculares causados pelo cansaço.
Passar horas a fio perante um ecrã de computador diminui a frequência com que se pestaneja, aumentando
os sintomas do olho seco e da fadiga ocular, levando a dores de cabeça, visão turva, sensibilidade à luz e
5 contribuindo para que os olhos fiquem secos e irritados.
Segundo explicou ao jornal «Ciência Hoje» o oftalmologista Castro Neves, “os olhos estão preparados para
ver ao longe e quando focam um objeto a curta distância o esforço é maior, levando a mais concentração e,
consequentemente, a um maior cansaço ocular”. Quando o olho foca um objeto que se encontra perto, faz
ajustes impercetíveis e incontroláveis, como acontece, por exemplo, quando usamos o zoom numa câmara
10 digital. Esses ajustes são chamados de microflutuações da acomodação visual e são realizados através das
contrações de um músculo no olho. No entanto, tal como todos os músculos, o esforço contínuo leva a um
stress das funções oculares e ao cansaço e, por conseguinte, os olhos são incapazes de focar corretamente,
levando assim à fadiga ocular.
Marlene Moura, Ciência Hoje (2011-11-18) (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
intensiva (l. 1): constante, por tempo prolongado; especialistas (l. 2): peritos, pessoas que são especializadas em determinada pro-
fissão ou trabalho; malefícios (l. 2): prejuízos, danos; oculares (l. 2): relativos aos olhos; horas a fio (l. 3): muitas horas; frequência
(l. 3): número de vezes; pestaneja (l. 3): pisca os olhos; sintomas (l. 4): indícios, sinais; fadiga (l. 4): cansaço; turva (l. 4): embaciada,
desfocada; sensibilidade (l. 4): irritabilidade; oftalmologista (l. 6): médico especialista em doenças dos olhos; focam (l. 7): fazem os
ajustes necessários a conseguir ver o objeto de forma nítida; ajustes (l. 9): adaptações; impercetíveis (l. 9): pequenos, que não se
notam; incontroláveis (l. 9): que não se controlam; zoom [Inglês] (l. 9): efeito de aumentar ou diminuir o que se está a ver; acomo-
dação (l. 10): ajuste, adaptação; contrações (l. 11): aperto, encolhimento.

 A Modo verbal

1. Transcreva todas as formas verbais finitas presentes no 1.º parágrafo do texto.


1.1. Agrupe-as quanto aos modos verbais a que pertencem.
2. Atente na seguinte frase:
Para não prejudicar a sua saúde ocular, desvie o olhar de hora a hora do computador e fixe-o no horizonte
durante alguns minutos.
2.1. Transcreva as duas formas verbais finitas.
2.1.1. Identifique o tempo verbal em que se encontram.
2.1.2. Identifique a pessoa verbal em que se encontram.
2.1.3. Justifique a utilização, nesta frase, do tempo verbal identificado.
2.2. As frases que se seguem referem outros comportamentos que devem ser adotados para uma boa saúde ocular.
2.2.1. Conjugue adequadamente os verbos fornecidos, utilizando o mesmo tempo verbal anteriormente
identificado.
    (a) (regular) o brilho e contraste do monitor.

50 | Sociedade de informação e conhecimento


    (b) (evitar) o reflexo das luzes ambientais no monitor.
    (c) (proteger) os olhos da luz solar.
    (d) (fazer) um ‘check-up’ à visão.
    (e) (evitar) estar muitas horas a olhar fixamente para o computador.
    (f) (pestanejar) várias vezes.
    (g) (manter) uma dieta rica em fruta e legumes.
2.2.2. Para as mesmas frases da alínea anterior, conjugue adequadamente os verbos fornecidos, mas
dirigindo-se à 2.ª pessoa do singular (‘tu’).
2.2.2.1. Indique que modo verbal utilizou.

 B Formas verbais não finitas

1. Transcreva todas as formas verbais não finitas presentes no 1.º parágrafo do texto.
1.1. Classifique-as.

 C Orações finitas e não finitas

1. Identifique, na primeira frase do 2.º parágrafo, todas as orações finitas e não finitas.
1.1. Classifique as orações não finitas.

2. Atente nas restantes frases do 2.º parágrafo.


2.1. Transcreva:
a) uma oração não finita infinitiva;
b) duas orações finitas em que as formas verbais se encontram na voz passiva;
c) uma oração não finita gerundiva.
2.2. Complete as seguintes frases de acordo com as ideias transmitidas.
a) O olho faz ajustes impercetíveis e incontroláveis para .
b)  de microflutuações da acomodação visual e através das contrações de um músculo no
olho, estes ajustes assemelham-se aos de uma câmara digital.
c) Ao obrigarem o músculo do olho a contrações contínuas, estes ajustes à fadiga ocular.
2.2.1. Identifique o tipo de orações presentes em cada uma das frases acima apresentadas.

 D Truncação, amálgama, extensão semântica, onomatopeia

1. Agrupe as seguintes palavras de acordo com o processo de formação que lhes deu origem.
biblio | bzzzz | credifone | hic | prof | salvar (um documento) | splash | telefonia | Tó

1.1. Indique as palavras que deram origem às palavras formadas através dos processos de amálgama e truncação.
1.2. Explicite a evolução de sentido verificada nas palavras formadas por extensão semântica.

Internet e comunicação interativa | 51


“Somente pela arte podemos sair de nós mesmos, saber o que um
outro vê desse universo que não é o mesmo que o nosso e cujas
paisagens permaneceriam tão desconhecidas para nós quanto
as que podem existir na lua. Graças à arte, em vez de ver um
único mundo, o nosso, vemo-lo multiplicar-se, e quantos artistas
originais existirem tantos mundos teremos à nossa disposição,
mais diferentes uns dos outros do que aqueles que rolam no infinito
e, muitos séculos após se ter extinguido o foco do qual emanavam,
(...) ainda nos enviam o seu raio especial.”

Marcel Proust, in O Tempo Reencontrado


Unidade Temática 2
Vida cultural

Formas de expressão artística


Identidades culturais
Subtema 1 | Formas de expressão artística

GRUPO A

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Criação artística
1  A criação artística é um processo comunicativo que
valoriza os conceitos de criatividade e de arte. Enquanto
a criatividade é um processo ordenador e configurador do
que assimilamos da realidade, mas ultrapassa-a ao alargar-
5 -se ao mundo do imaginário, a arte, por seu turno, implica
o belo, a beleza e a sedução. A criação artística implica uma
capacidade de transmutação de experiências e alimenta-
-se das condições que dão acesso ao sentir da beleza. Este
sentir associa-se à sedução que o mesmo objeto cria.
10 Fernando Pessoa considera que a criação artística
implica a conceção de novas relações significativas,
graças à distanciação que faz do real. O poeta parte da
realidade, mas distancia-se, graças à interação entre a
razão e a sensibilidade, para elaborar mentalmente a
15 obra de arte.
Desde sempre, o Homem recorreu à criação artística
como arma de comunicação e, por vezes, de protesto, de
intervenção e defesa. Mas, enquanto uns a consideravam
uma necessidade de expressão e realização ou de tomada de consciência, outros censuravam-na ou
20 receavam-na, precisamente por isso. Na criação da obra de arte, são fundamentais a liberdade do indivíduo
e a vitalidade do povo. Esta vitalidade é apreendida pelo artista, que assume um papel importante na
consciência de um país ou de uma cultura.
Ao longo da história, o sentido de criação artística tem sofrido alterações. Na antiga Grécia, Platão
considerava que a obra de arte devia copiar modelos que a alma tem e que por reminiscência recorda da
25 sua vivência anterior no mundo inteligível. A criação artística é um reencontro com a beleza que existe
dentro da mente do artista. (…) Na Renascença, o Homem acredita nas próprias capacidades criativas,
defendendo a arte como imitação da realidade. (…) Durante o século XIX e princípios do século XX, inicia-se
uma desvalorização da dimensão imitativa da arte e aposta-se na sua dimensão expressiva e subjetiva a nível
emotivo, formal ou simbólico. (…)
30 Na apreciação da criação artística há uma interação entre a obra de arte e o artista e
entre o espectador e o gozo do objeto. Para se apreciar a obra de arte é necessário seduzir
a obra e deixar-se seduzir por ela. Só depois de entendermos a necessidade desta mútua
sedução estamos aptos a entender qualquer obra de arte em qualquer época da história.
O conceito de criação artística, abordado e desenvolvido pela filosofia e por todas as correntes estéticas,

54
35 abrange não apenas as tradicionais artes da pintura, da arquitetura, da escultura, do desenho, da literatura,
da música e da dança, como, posteriormente, da fotografia, do cinema e, a partir da mudança do segundo
para o terceiro milénio, de experiências artísticas graças ao digital e ao computacional, que permitem
misturar sons, textos, imagens ou movimentos. As tecnologias favorecem o desenvolvimento de uma criação
artística scripto-audio-visual.
In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. (texto adaptado).

VOCABULÁRIO
conceitos (l. 2): noções, ideias; ordenador (l. 3): organizador; configurador (l. 3): que dá forma a; assimilamos (l. 4): apreendemos,
compreendemos; sedução (l. 6): atração, fascínio, magnetismo; transmutação (l. 7): transformação; conceção (l. 11): criação; rela-
ções significativas (l. 11): ligações expressivas; sensibilidade (l. 14): sentimento; censuravam-na (l. 19): condenavam-na, desapro-
vavam-na; apreendida (l. 21): entendida, antevista; reminiscência (l. 24): memória; inteligível (l. 25): compreensível; mútua (l. 33):
recíproca; digital (l. 37): conjunto de dispositivos de transmissão, processamento ou armazenamento de informação (som, imagem,
texto, dados) que representam uma evolução face aos dispositivos tradicionais (analógicos); computacional (l. 37): que implica o uso
do computador.

Sobre o texto
1. Complete as frases apresentadas, tendo em conta a leitura do primeiro parágrafo.
a) A noção de implica a assimilação e a representação da realidade.
b) A criatividade ultrapassa a assimilada através da imaginação.
c) A arte vai buscar os seus fundamentos à transfiguração de e à noção do belo, atingindo, assim, o
sentir da beleza.

2. Transcreva expressões do terceiro e quarto parágrafos que comprovem as seguintes afirmações:


a) Através da arte, o Homem sempre se expressou, dialogou e foi interventivo.
b) Para que o criador de arte (artista) expresse plenamente o seu poder artístico, é essencial que o faça em
liberdade e que a comunidade onde se insere seja dinâmica.
c) A arte, a partir do século XIX, deixa de ter como objetivo a cópia do real, evoluindo no sentido da transfiguração
subjetiva da realidade.
d) O criador artístico contribui para a identidade cultural do povo a que pertence.

3. Atente no último parágrafo.


3.1. Indique as formas de expressão artística consideradas como tradicionais.
3.2. Indique as formas de expressão artística que apareceram posteriormente, mas que já são centenárias.
3.3. Indique os meios que vieram promover novas formas de expressão artística e que são marcadamente do
século XXI.

Formas de expressão artística | 55


Para além do texto
1. Observe cada imagem apresentada (A, B, C) e leia atentamente os três pequenos textos a seguir transcritos (1,2,3).
1.1. Faça corresponder uma das seguintes legendas a cada imagem:
• A Catedral de Rouen
• Paisagem Marítima em Saintes-Maries de la Mer
• Esculturas do Parque Vigeland
1.2. Faça corresponder cada um dos textos à respetiva imagem.
1.3. Indique as três formas de expressão artística aqui representadas.
A 1.
A obra de Gustav Vigeland encontra-se no Parque Vigeland
em Oslo (Noruega). Este parque integra 214 obras do mesmo
autor, em bronze e granito. São 758 as figuras que compõem
as 214 obras que materializam inerências da existência
humana, como o trabalho, a ira, a maternidade, o sexo, a
fraternidade... Na entrada principal do parque existem quatro
grandes portões, que dão acesso a um obelisco. Na saída
principal existe a figuração de quatro velhos levantando uma
criança, que, segundo Vigeland, é um símbolo de eternidade.
Tone Wikborg, Vigeland, Ed. Normanns Kunstforlag As, Oslo (texto adaptado)

B 2.
É uma das obras criadas por Van Gogh em 1888, quando
se deslocou a uma região marítima, fazendo parte de um
conjunto de quadros sobre o mesmo tema. Encontra-se
atualmente na coleção permanente do Museu Pushkin de
Moscovo.
À semelhança de muitas das suas obras, esta foi realizada
a partir da paisagem real, causando um grande impacto ao
espectador.
É um quadro bem ao estilo impressionista, de linhas pouco
definidas, onde prevalecem fortes cores primárias, às quais
o artista atribuía significados próprios. As linhas enrolam-se
e unem-se em traços dinâmicos, criando redemoinhos que
sublinham os movimentos e os contornos.

56 | Vida cultural
C 3.
É uma grande catedral católica da cidade de Rouen,
na Normandia, França. A sua construção iniciou-se na
Idade Média e sofreu várias alterações até ao século XVI,
adquirindo, então, a configuração que hoje lhe conhecemos.
Contudo, no século XIX, uma torre em forma de agulha ainda
foi substituída. Foi neste século que o pintor Claude Monet,
o mais importante representante do estilo impressionista,
realizou os célebres quadros da catedral, de contornos quase
inexistentes, em que a forma é dada pela reprodução da luz
e da cor.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Monossemia e polissemia

Monossemia
Característica das palavras que possuem um único (mono-) significado (-semia).
A palavra beleza (l. 6) remete sempre para a ideia de belo, perfeição, formosura, lindeza.

Polissemia
Característica das palavras que possuem vários (poli-) significados (-semia), completamente distintos.
• A palavra artista (l. 21) significa criador de obras de arte.
Mas pode significar manhoso, malicioso, finório, esperto, travesso…
Exemplo:
>>Ele é um artista nos negócios: fica sempre com a melhor parte.
>>Tu és um artista: arranjas sempre maneira de aproveitar o que parecia inútil.

• Atente agora nas seguintes frases que mostram a polissemia da palavra acesso (l. 8):
>>O acesso (entrada) para o espetáculo faz-se pela porta lateral.
>>Por causa do mau tempo, o acesso (caminho, passagem) à escola está fechado.
>>Esta gripe provoca acessos (ataques, acometimentos) de tosse.
Nota: Ao conjunto dos significados de uma palavra polissémica dá-se o nome de “campo semântico” (consultar p. 97 deste Manual).

Formas de expressão artística | 57


Exercícios
1. Preste atenção ao verbete de um dicionário em relação à palavra papel (l. 21).

papel, s. m. 1. substância formada de matérias vegetais ou de trapos reduzidos a massa, e disposta em folhas, para se
escrever, embrulhar, etc.; 2. documento escrito; 3. dinheiro em notas ou letras de câmbio; 4. parte que cabe a cada ator
numa peça ou num filme, no teatro, no cinema ou na televisão; 5. atribuição, função; 6. maneira de proceder; 7. atos que se
praticam; 8. pl. documentos que certificam a idoneidade de um indivíduo; 9. pl. títulos; 10. pl. jornais; 11. papel de estanho:
aquele que tem uma superfície metálica ou coberta por uma camada fina de estanho, sendo usado para revestir e proteger
determinados produtos, como, por exemplo, alguns alimentos; 12. papel de tornassol: papel impregnado de tornassol,
usado para revelar se uma solução aquosa é ácida pela coloração avermelhada que toma em contacto com ela; 13. papel
higiénico: papel especial, solúvel na água, usado para limpeza individual, nos quartos de banho; 14. papel químico: papel
fino, com um dos lados coberto por uma camada de cera com pigmento, de modo a permitir decalques; 15. confiar ao papel:
escrever; 16. fazer um triste/brilhante papel: fazer má/boa figura; 17. ficar no papel: não chegar a realizar-se, não passar de
projeto. (Do latim papýru-, «papiro», pelo catalão papel, «idem»)

1.1. Redija quatro frases que mostrem o valor polissémico da palavra papel.


1.2. Com a ajuda de um dicionário, redija quatro frases exemplificativas da polissemia da palavra linha.

ORALIDADE
Coleção Antoulas regressa a Timor-Leste
Observe a imagem que apresenta alguns objetos da Coleção Antoulas.

58 | Vida cultural
1. Leia o seguinte texto sobre a referida coleção.

 A Coleção Antoulas é composta por 82 objetos culturais, dos quais 59 foram colecionados em Timor-Leste
entre 1993 e 2002, e oferecidos de volta ao país em 2009 por Syméon Antoulas.
Em fazendo referência a esta coleção como “património cultural” do povo timorense, reconhece-se que, de
acordo com alguns critérios, o termo é aqui usado de forma vaga.
A peça mais proeminente da Coleção Antoulas é uma magnífica escultura em madeira de um crocodilo, com
quase um metro e meio de comprimento. Esta peça foi representada num selo comemorativo, emitido pela
administração postal das Nações Unidas, em 2002 – uma confirmação simbólica das mudanças na paisagem
social e política e no estatuto de independência de Timor-Leste, através do reconhecimento e promoção de um
importante ícone cultural.
Notícia publicada pela Secretaria de Estado da Cultura em 28/03/2010
Nacional | Eventos http://www.cultura.gov.tl/pt/noticias/coleccao-antoulas-regressa-a-timor-leste (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
património cultural: bens da cultura de um povo; proeminente: que mais se destaca; postal: do correio; ícone: objeto
representativo.

2. Ouça agora, com atenção, o texto completo, que constitui a notícia publicada em http://www.cultura.gov.tl/
pt sobre a referida coleção.
2.1. Escute novamente a leitura do texto por excertos. Após a audição de cada extrato, complete de imediato
as alíneas seguintes, utilizando expressões que ouviu:
a) A coleção foi exposta na .
b) O texto da notícia foi retirado do .
c) Durante um conflito violento é difícil pensar na .
d) Syméon Antoulas foi recolhendo objetos com valor cultural em e, posteriormente, em .
e) A coleção contém objetos que refletem .
f) Umas peças timorenses da coleção foram oferecidas e outras foram .
g) Até regressar a Timor, a coleção esteve guardada em e foi exposta no em .
h) O facto de a coleção integrar peças muito variadas e de estas serem trabalhadas em materiais distintos
permite dizer que é uma coleção .
i) As peças de maiores dimensões são importantíssimas e valorizam a rica .
j) Várias peças da coleção exibem a forma de um .

3. Após a audição do último excerto, sintetize a informação essencial nele apresentada.

Formas de expressão artística | 59


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Denotação e conotação

Denotação
Na expressão “Para um país como Timor-Leste”, retirada do excerto analisado no último exercício, a palavra
país apresenta o sentido de espaço demarcado por fronteiras geográficas e dotado de soberania própria.
Este é o significado estável da palavra, aquele que o falante de uma língua apreende de forma objetiva.
É pelo processo de denotação que se conhece o significado literal de uma palavra.

Conotação
Na expressão “a argamassa de inclusão e respeito”, retirada também do texto, a palavra argamassa não
apresenta o sentido de “pasta utilizada na construção civil e formada por cal ou cimento, a que se junta areia
e água” (valor denotativo). O seu significado, nesta expressão do texto, é subjetivo, tem uma significação
secundária, não literal.
A partir do significado de argamassa – que é uma pasta que cola e agrega tijolos – constrói-se um significado
subjetivo para esta palavra: agente que contribui para a união da sociedade.
Assim, a frase, a que a palavra argamassa pertence, apresenta significados como:
• preservar e celebrar estes objetos pode constituir um fator de inclusão e respeito (a argamassa da
sociedade).
É pelo processo de conotação que se conhece o significado subjetivo de uma palavra.

Exercícios
1. Leia atentamente o texto proferido por Luís Cardoso aquando da morte de Fernando Sylvan.
Fernando Sylvan era um poeta para quem as palavras e só as necessárias deviam ser ditas. Pois o silêncio
não é o vazio das palavras. Mas dia 25 de Dezembro [1993], quando todos procuravam as mais variadas
palavras para saudarem o Nascimento do Menino, Fernando Sylvan calou-se. E o seu pequeno corpo curvou-
-se sob o peso do silêncio que, desta vez, tinha o peso de todas as palavras.
O exílio, desde os tempos de menino e depois de décadas de ausência da ilha querida, fizeram com que
ele próprio construísse com palavras ilhas que salpicavam o oceano do seu silêncio e tormento. Estudou o
idioma português e escavou como “ai-suak” para escavar até ao fundo das palavras onde procurava o que
unia todas as línguas, entre as quais, a da sua infância.
Excerto de texto de Luís Cardoso citado na página 2 de
http://www.sul-online.org/ficheiros/Literatura_Timorense_artigo.pdf

1.1. Indique o sentido conotativo que as seguintes palavras assumem no texto: “Calou-se” (l. 3); “ilhas” (l.
6); “oceano” (l. 6); “escavar” (l. 7).

60 | Vida cultural
GRUPO B

LEITURA
O cinema
1 O cinema, que se constitui a partir do cinematógrafo de LeRoy,
Edison, Paul, Skladanowsky e dos Lumière, reunia várias modalidades de
espetáculos derivadas das formas populares de cultura, como o circo, o
carnaval, a magia e a prestidigitação, a pantomima, a feira de atrações
5 e aberrações, etc., formando um mundo paralelo ao da cultura oficial,
que se baseia no princípio do riso e do prazer corporal; é um mundo
invertido, que possibilita permutações constantes entre o elevado e o
baixo, o sagrado e o profano, o nobre e o plebeu, o masculino e o feminino.
No início, os filmes foram exibidos como curiosidades ou peças de entreato nos intervalos de apresentações
10 ao vivo em circos, feiras ou carroças. Essa forma de difusão permaneceria viva em zonas suburbanas ou rurais,
em pequenas cidades do interior e em países economicamente atrasados até aos anos 60. Nos grandes
centros urbanos dos países industrializados, porém, a exibição de filmes muito cedo se concentrou em casas
de espetáculos de variedades, nas quais se podia também comer, beber e dançar, conhecidas como music-
-halls na Inglaterra, café-concerts na França e vaudevilles ou smoking concerts nos Estados Unidos.
15 O cinema era então uma das atrações entre as outras oferecidas pelos
vaudevilles, mas nunca uma atração exclusiva, nem mesmo a principal. A
própria duração dos filmes (de alguns segundos e não mais do que cinco
minutos) impedia que se pensasse em sessões exclusivas de cinema nos
primeiros anos de cinematógrafo.
20 Nos primeiros dez anos de comércio do cinema não se havia ainda
desenvolvido um conjunto de técnicas e procedimentos de linguagem
apropriados para a elaboração de uma narrativa visual que fosse suficientemente autónoma a ponto de se
poder dispensar a explicação de um apresentador.
Assim, o cinema dos primórdios ia buscar aos espetáculos populares não apenas inspiração e os modelos
25 de representação, mas até mesmo os seus figurantes: basta lembrar que a equipa que trabalhou no célebre
Voyage dans la lune (1902), de Méliès, era constituída por acrobatas do Folies Bergères, cantoras de vaudeville
e dançarinas do Théâtre du Châtelet. E no que diz respeito mais propriamente ao conteúdo, os primeiros
filmes não só davam exemplos abundantes de cinismo e perversão, como ainda ridicularizavam a autoridade,
invertendo os valores morais. O grande herói deste período, reverenciado
30 por um número incontável de pequenos filmes, é o tramp (vagabundo,
andarilho), de que Chaplin seria uma espécie de reencarnação, quase 20
anos depois, com a sua personagem Charlot.
A busca de um novo público leva ao desenvolvimento de uma nova
linguagem e os realizadores vão buscar ao romance e ao teatro o
35 modelo capaz de conferir legitimidade ao cinema. Com tal modelo,

Formas de expressão artística | 61


impõe-se a narrativa e a linearidade no cinema praticado a partir de então. Prova disso é que o diretor
David W. Griffith levou à tela nada menos do que um pelotão de escritores como Shakespeare, Dickens,
Eliot, Cooper, pois era preciso dar legitimidade ao cinema, superar a reação e os preconceitos das
classes mais ilustradas, aplacar a ira dos conservadores e moralistas e sobretudo inscrever o cinema no
40 universo das belas-artes.
Carla Miucci Ferraresi (texto com supressões e adaptações)
http://www.mnemocine.com.br/cinema/historiatextos/carla2int.htm

Vocabulário
cinematógrafo (l. 1): aparelho que reproduz cenas animadas e que está na origem do cinema; prestidigitação (l. 4): forma de arte
que vive da habilidade com as mãos; pantomima (l. 4): forma de arte que vive da expressão de sentimentos pelo gesto e não pela
palavra; aberrações (l. 5): anormalidades humanas, físicas e psicológicas, que eram expostas em público; invertido (l. 7): ao con-
trário; permutações (l. 7): mudanças; exibidos (l. 9): apresentados, projetados; carroças (l. 10): carros, normalmente puxados por
cavalos, que serviam de transporte de pessoas e objetos; exclusiva (l. 16): única; procedimentos (l. 21): processos, modos de ação;
autónoma (l. 22): independente; primórdios (l. 24): o início; acrobatas (l. 26): aqueles que fazem exercícios de tal maneira perigosos
que se tornam um espetáculo; cinismo (l. 28): atitude pouco correta; perversão (l. 28): atitude escandalosa; ridicularizavam (l. 28):
riam-se, gozavam, escarneciam; reverenciado (l. 29): adorado, respeitado; conferir (l. 35): dar; pelotão (l. 37): grande quantidade;
superar (l. 38): ultrapassar; ira (l. 39): fúria; conservadores (l. 39): os que se opõem a mudanças; moralistas (l. 39): os que exageram
o conceito de moral.

1. Releia a transcrição das linhas 7 e 8: “o elevado e o baixo, o sagrado e o profano, o nobre e o plebeu, o
masculino e o feminino”.
1.1. Indique a relação de sentido que existe entre cada par de palavras.
1.2. Apresente um sinónimo para o primeiro par (“o elevado e o baixo”) e para o último par (“o masculino e o feminino”).

2. Das palavras apresentadas, forme outras da mesma família, de acordo com as indicações.
a) Um espetáculo de circo (l. 3) corresponde à atividade .
b) O carnaval (l. 4) é normalmente representado através de cortejos .
c) A pessoa que faz apresentações de prestidigitação (l. 4) designa-se por .
d) A pantomima (l. 4) é representada por .
e) A legitimidade (l. 35) é conferida pela .
f) A linearidade (l. 36) é a qualidade daquilo que só possui uma , uma dimensão.

3. Faça corresponder as afirmações da coluna B às palavras da coluna A .


Coluna A Coluna B
a) insatisfeito
1. palavras que contemplam a ideia de negação
b) invejável
c) “industrializados” (l. 12)
d) inútil
2. palavras que contêm a ideia de movimento para dentro
e) “inspiração” (l. 24)
f) “incontável” (l. 30)
g) “impõe-se” (l. 36)
3. palavras em que in- não é efetivamente um prefixo
h) “inscrever” (l. 39)

62 | Vida cultural
4. Escreva uma frase para cada uma das palavras seguintes, dando-lhes um sentido diferente daquele que
apresentam no texto.
a) “interior” (l. 11);
b) “inspiração” (l. 24);
c) “romance” (l. 34);
d) “tela” (l. 37);

e) “ilustradas” (l. 39).

Sobre o texto
1. Leia com atenção as afirmações apresentadas sobre o conteúdo do texto.
a) No seu início, o cinema não era o momento principal das diversões.
b) O cinema, inicialmente, conviveu com formas variadas de diversão.
c) Os filmes viveram sempre muito afastados da literatura.
d) O teatro e a dança influenciaram vivamente o cinema.
e) A arte do cinema necessitou sempre de um espaço próprio para as suas exibições.
f) O cinema foi considerado, desde o seu início, uma arte.
1.1. Indique se são Verdadeiras (V) ou Falsas (F) e justifique as que considerar Falsas.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Constituintes da frase: grupo nominal, grupo verbal, grupo adjetival, grupo preposicional, grupo adverbial

Grupo nominal e grupo verbal

A ideia brilhante da exposição surgiu imediatamente perante a qualidade dos trabalhos dos alunos.

• Nesta frase, o grupo nominal – A ideia brilhante da exposição – e o grupo verbal – surgiu imediatamente
perante a qualidade dos trabalhos dos alunos.– constituem dois blocos de sentido que se podem autonomizar,
como se exemplifica:
>>A ideia brilhante da exposição foi minha.
>>A surpresa surgiu imediatamente perante a qualidade dos trabalhos dos alunos.

• O núcleo do grupo nominal é ideia (um nome) e o núcleo do grupo verbal é surgiu (uma forma verbal).
A estes núcleos agregaram-se outros grupos de palavras que alargaram o sentido da frase: grupo adjetival,
grupos preposicionais e grupo adverbial.

Formas de expressão artística | 63


Grupo adjetival, grupo preposicional e grupo adverbial
O grupo nominal contém:
• um grupo adjetival – brilhante;
• um grupo preposicional – da exposição.

O grupo verbal contém:


• um grupo adverbial – imediatamente;
• um grupo preposicional – perante a qualidade dos trabalhos dos alunos – que é composto, por sua vez, por:
>>um grupo nominal – a qualidade;
>>dois grupos preposicionais – dos trabalhos// dos alunos.

Algumas explicitações
• Dos cinco grupos de palavras, apenas o grupo adjetival aparece obrigatoriamente integrado em outro
grupo. Na frase “Ele é simpático e educado.”, o grupo adjetival é composto por dois adjetivos coordenados
e integra o grupo verbal.
• No grupo preposicional, a preposição pode aparecer contraída com um determinante ou um advérbio,
dando origem a expressões como: no espaço (em+o espaço); deste lugar (de+este lugar); naquele dia
(em+aquele dia); dalém (de+além).
• O grupo preposicional surge muitas vezes integrado num grupo nominal: “Os alunos desta turma são
trabalhadores.”

Exercícios
1. Preste atenção à frase:
A exibição de filmes concentrou-se muito cedo em casas de espetáculos de variedades, nos grandes
centros urbanos dos países industrializados.
1.1. Tendo em conta as expressões sublinhadas na frase, transcreva:
a) um grupo nominal que contém um grupo preposicional;
b) o grupo adverbial;
c) o grupo preposicional que contém dois outros grupos preposicionais;
d) o grupo preposicional que contém um grupo adjetival;
e) o núcleo do grupo nominal da resposta da alínea anterior.
1.2. Transcreva o grupo verbal da frase.
1.3. Transcreva o grupo nominal com função de sujeito e agregue-lhe outro grupo verbal, formando uma
frase coerente.

64 | Vida cultural
ORALIDADE
Apresentação crítica de um filme
1. Leia a crítica proposta por Rui Madureira ao filme “O rapaz do pijama às riscas”.

Crítica do filme “o Rapaz do Pijama às Riscas” Estruturação


 Podemos pensar que a Segunda Guerra Mundial já foi interpretada de todas as maneiras
do discurso
pela Sétima Arte. Porém, de quando em quando, surgem filmes que visionam este período
Introdução
histórico de forma inovadora. O Rapaz do Pijama às Riscas é um desses filmes. O que este
filme traz de novo é a visão disso através dos olhos inocentes de uma criança.
Bruno é um menino de 8 anos que é forçado a mudar-se com a sua família para uma mansão
isolada no campo. O seu pai é um oficial do exército Nazi e Bruno desconhece a natureza do seu
trabalho. Num dia, enquanto explora os terrenos para lá da mansão, Bruno encontra um campo de
concentração e interpreta-o como uma estranha quinta povoada por bizarros agricultores que usam
pijamas durante todo o dia. É na orla exterior desse campo que conhece um rapazinho judeu, com
quem trava amizade e com quem tenta compreender o significado e a essência do trabalho do pai.
O Rapaz do Pijama às Riscas é, acima de tudo, um ensaio sobre a inocência e sobre a luz de
pureza que emanamos enquanto crianças, e que se perde gradualmente com o aparecimento da
razão e da vida adulta. Bruno ignora tudo o que lhe vão dizendo sobre a malvadeza dos Judeus Desenvolvimento
e a grandeza da pátria alemã, mantendo-se fiel ao seu coração e ao seu amigo judeu, no qual
não consegue encontrar nenhuma maldade ou diferença. Sendo incapaz de compreender a bruta
realidade, Bruno mantém a amizade proibida com consequências incomensuravelmente trágicas...
A realização de Mark Herman é eficaz e a sua câmara capta tudo aquilo que deve captar. A
perda da inocência por parte de Bruno e a descoberta da humanidade por parte do seu pai
são conseguidas de forma tragicamente bela, numa última sequência simplesmente brutal.
A banda sonora de James Horner é comovente e ao mesmo tempo assustadora, contribuindo
para o tom inocente, mas também duro.
Estamos perante uma obra que consegue tocar-nos, afirmando-se como um triunfo e como
mais um filme de visionamento obrigatório, numa altura em que as salas de cinema estão a Conclusão
abarrotar com películas de enorme qualidade.
Rui Madureira, revista Première de março de 2009
  
2. As afirmações A, B, C, D, E, F definem os principais aspetos que correspondem à estruturação do discurso,
dividido em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
A. Tece considerações sobre a história, dando a sua interpretação pessoal.
B. Sintetiza a opinião emitida e termina com a recomendação de que se deve ver este filme.
C. Apresenta uma referência generalizada ao tema, já considerado muito utilizado, realçando a forma especial
como ele foi abordado neste filme.
D. Apresenta um breve resumo da história.
E. Comenta aspetos técnicos (poucos) da realização.
F. Refere a banda sonora, como fundamental ao serviço das emoções que se pretendem despertar.
2.1. Associe cada uma das afirmações ao segmento de texto que lhe corresponde.

3. Reconte oralmente um filme que já tenha visto, focando as aspetos seguintes:


a) o título e o realizador do filme;
b) os acontecimentos narrados;
c) os motivos pelos quais aconselharia os seus colegas a verem esse filme.

Formas de expressão artística | 65


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Funções sintáticas ao nível da frase

A frase simples pode apresentar as funções sintáticas seguintes: sujeito, predicado, modificador de frase
e vocativo.
A frase Ó João, para grande surpresa minha, eu e tu fomos escolhidos para organizar a festa.

Sujeito: eu e tu

Predicado: fomos escolhidos para organizar a festa


é composta por:
Modificador de frase: para grande surpresa minha

Vocativo: Ó João

Sujeito: função sintática do constituinte da frase que controla a concordância com o grupo verbal.

Sujeito expresso grupo nominal: O autor fazia sempre duas versões do tema.

(pode assumir a pronome: Ele fazia sempre duas versões do tema.


forma de) oração: Quem gostava da escrita fazia sempre duas versões do tema.

O sujeito simples é constituído por um único grupo nominal, pronome ou oração:


>>O autor fazia sempre duas versões do tema.
O sujeito composto é constituído por dois ou mais grupos nominais, pronomes ou orações:
>>Eu e tu fomos escolhidos para organizar a festa.

subentendido: Comecei a escrever muito novo. [sujeito: eu; o sujeito


é recuperado contextualmente ou, como neste caso, a partir da pessoa
verbal]
Sujeito nulo indeterminado: Começa-se a escrever e depois fica o gosta pela escrita.
(nã está lexicalmente [sujeito sem referência definida]
expresso) expletivo: Há um escritor em cada um de nós. [o sujeito é inexistente
em formas verbais que se referem a fenómenos naturais como trovejar,
chover, anoitecer, amanhecer… bem como em alguns usos de verbo
haver]

Predicado: função sintática desempenhada pelo grupo verbal.


Um predicado é constituído por um verbo ou complexo verbal e pelos complementos ou predicativos por ele
selecionados. Os modificadores integrados nesse grupo verbal também fazem parte do predicado.
>>“Bruno mantém a amizade proibida com consequências incomensuravelmente trágicas…” (l. 16)

Modificador de frase: função sintática desempenhada por um constituinte não selecionado por nenhum
outro constituinte da frase.

66 | Vida cultural
Um modificador de frase incide sobre a totalidade da frase a que se associa e é um elemento opcional. A
sua omissão não afeta a gramaticalidade da frase. Os modificadores podem ser grupos adverbiais, grupos
preposicionais ou orações.
>>Provavelmente, verei este filme.
>>Para minha grande alegria, encontrei o filme que procurava.
>>Eu hei de ver este filme, se conseguir encontrá-lo na Internet.

Vocativo: função sintática desempenhada por um constituinte que representa a pessoa ou entidade que o
interlocutor chama ou interpela.
Ocorre frequentemente em frases imperativas, interrogativas e exclamativas. O vocativo pode surgir em diferentes
locais da frase e pode ser precedido por interjeição ou invocação “ó”. Na escrita, surge isolado por vírgulas.
Professor, podemos ver este filme aqui na escola?
Confrontar p. 133 do Manual do 10.º Ano.

Exercícios
1. Considere as frases apresentadas.
1.1. Indique, para cada frase, as funções sintáticas que os grupos sublinhados exercem.
a) Infelizmente, Bruno ignorou todas as recomendações.
b) Bruno, presta atenção ao que te digo.
c) A descoberta da natureza humana pode ser aterradora.
d) Com grande esforço, consegui ver o filme até ao fim.
e) Céus, se o homem não mudar, o mundo continuará em guerra.
1.2. Tendo como referência as cinco frases, complete o texto:
Todas as frases apresentam a função sintática de (a) . Há três frases que têm sujeito (b) . Em duas frases,
regista-se a presença de um (c) e em outras duas existe um grupo nominal que exerce a função de (d) .

GRUPO C

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Entrevista a Luís Cardoso


1 Sissa: Quando começou a escrever?
Luís: Eu fiz a literatura muito tarde. Foi precisamente numa altura em que, no
Instituto Superior de Agronomia, onde eu andava a estudar, dois colegas meus, o
José Eduardo Agualusa e o José Riço Direitinho, começaram. Um dia o Agualusa
5 pegou num escrito meu e achou que devia levar para a editora. Levou e a editora
decidiu publicar. Assim começou minha fase oficial na literatura. Agora, se

Formas de expressão artística | 67


pensamos na literatura como o começo da escrita de qualquer coisa, então começou muito mais cedo. Em
Timor, normalmente, os portugueses, quando vão para lá, nas suas imigrações, fazem sempre uma padaria. No
Brasil, julgo que seja a mesma coisa. No caso de Timor, havia um padeiro português que tinha um filho, o Vasco,
10 que era meu colega na escola. Normalmente se faziam redações na escola. Então eu fazia sempre duas versões,
uma para ele e outra para mim, e ele pagava-me com pão com manteiga. Julgo que a partir daí comecei, pela
primeira vez, a ganhar dinheiro com a literatura. Mas isso atiçou o gosto, sobretudo, pela ficção, porque eu
era obrigado todas as vezes a imaginar duas versões, uma para ele e outra para mim. Depois foi a fase quando
a gente começou a escrever para as namoradas cartas de amor. Nós, antigamente, utilizávamos as cartas de
15 amor. E depois comecei a escrever alguns contos, que ficaram na gaveta e nunca publiquei.
Sissa: Porquê a opção de estrear com um romance assumidamente autobiográfico, como Crónica de uma
travessia?
Luís: Seria o único livro da minha vida. Foi quase como tentar explicar um bocado de Timor para as outras
pessoas através da literatura, sem ser através da política. Na altura, eu desenhava um papel político por
20 Timor, era o representante da resistência timorense em Portugal. Portanto, era um complemento do meu
trabalho político explicar um outro Timor às pessoas, sobre seus mitos, seus ritos, sua história, sobre as
travessias. E podendo começar por contar através de uma história pessoal, que era a minha.
http://recantodaspalavras.com.br/2010/03/02/luis-cardoso-escritor-timorense-vira-ao-brasil

Sobre o texto
1. No texto, o autor refere dois momentos importantes para a sua afirmação como escritor.
1.1. Identifique-os.
1.2. Indique as motivações para a escrita, em cada um desses momentos.

2. No caso de encarar a possibilidade de vir a ser escritor, apresente as motivações e os objetivos que o levariam
a tomar essa opção.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Orações subordinadas adverbiais

A oração subordinada adverbial exerce, em relação à oração subordinante, as funções sintáticas


normalmente desempenhadas por grupos adverbiais.
>>“Eu fiz a literatura muito tarde.” (l. 2) – grupo adverbial
>>Eu fiz a literatura quando iniciei a minha formação superior. – oração subordinada adverbial temporal

Uma oração subordinada adverbial expressa uma das seguintes noções: causa, tempo, fim,
condição, concessão, comparação, consequência.
• Oração causal: indica uma causa ou uma justificação.
>>Mas isso atiçou o gosto pela ficção, porque eu era obrigado a imaginar duas versões.
• Oração temporal: estabelece uma relação de tempo.
>>Quando éramos novos, costumávamos escrever cartas de amor.

68 | Vida cultural
• Oração final: indica uma intenção ou finalidade.
>>Agualusa disse-lhe que os seus trabalhos tinham qualidade para serem publicados.
• Oração condicional: apresenta uma condição para que outra situação se concretize.
>>Se não fosse escritor, o que gostaria de ser?
• Oração concessiva: expressa uma situação contrária a outra, mas que não impede a sua realização.
>>Embora a sua entrada oficial na literatura tenha começado tarde, Luís Cardoso é atualmente um dos
mais importantes escritores timorenses.
• Oração comparativa: estabelece uma comparação.
>>O colega Vasco não escrevia com tanta facilidade como Luís Cardoso o fazia.
• Oração consecutiva: refere uma consequência.
>>Luís Cardoso era tão criativo que o colega lhe pedia ajuda nos trabalhos escolares.

Nota: Como os casos anteriores mostram, quando a subordinada adverbial está antes da subordinante, deve ser demarcada por
vírgulas. O mesmo acontece quando uma oração subordinada adverbial está intercalada na subordinante:
> A leitura, se for feita com regularidade, torna-se um prazer indispensável.

Vejamos agora algumas transformações exemplificativas de que as orações subordinadas adverbiais finitas
se podem transformar em orações não finitas.
Orações subordinadas adverbiais finitas Orações subordinadas adverbiais não finitas
(A forma verbal pertence a um modo e tempo que (A forma verbal encontra-se no infinitivo, gerúndio
flexiona em pessoa e número.) ou particípio.)
concessiva
Eu escrevi um conto em jovem, embora tivesse Eu escrevi um conto em jovem, apesar de ter ficado
ficado sempre na gaveta. sempre na gaveta.
temporal
Quando terminei o conto, pedi ao meu amigo que Depois de ter terminado o conto, pedi ao meu
o lesse. amigo que o lesse.
condicional
Se eu levasse o teu conto a um editor, ele poderia No caso de eu levar o teu conto a um editor, ele
ser publicado. poderia ser publicado.
Confrontar p. 115 do Manual do 10.º Ano e p. 47 deste Manual.

Exercícios
1. Considere as frases seguintes: “Agora, se pensamos na literatura como o começo da escrita de qualquer
coisa, então começou muito mais cedo. Em Timor, normalmente, os portugueses, quando vão para lá, nas
suas imigrações, fazem sempre uma padaria” (ll. 6-8).
1.1. Transcreva a oração subordinada adverbial do primeiro período e classifique-a.
1.1.1. Reescreva o período, transformando a oração destacada anteriormente numa oração não finita participial.
1.2. Transcreva a oração subordinada adverbial do segundo período e classifique-a.

Formas de expressão artística | 69


GRUPO D

ORALIDADE
Ali Babá e os Quarenta Ladrões
 As histórias e contos populares ou tradicionais fazem parte
da cultura de um povo e vão passando de geração para geração,
contados de viva voz.
 Alguns, quando são passados à escrita, podem alcançar uma
grande divulgação e tornam-se conhecidos a nível mundial.
 Foi o que aconteceu com uma coleção de histórias e contos
populares, sendo alguns possivelmente originários da Índia,
outros da Pérsia e outros do mundo árabe – As Mil e Uma Noites
–, onde se integra o conto Ali Babá e os Quarenta Ladrões.
Pintura de Maxfield Parrish (1870-1966)

1. Ouça atentamente uma versão do conto Ali Babá e os Quarenta Ladrões.

2. Após a audição, e tendo em atenção a história ouvida, leia as afirmações apresentadas.


2.1. Assinale as afirmações Verdadeiras (V) e as Falsas (F).
a) Ali Babá era comerciante.
b) Uma noite viu os quarenta ladrões carregados com objetos roubados.
c) Quem usasse a frase mágica tinha acesso ao tesouro.
d) Ali Babá não conseguiu levar nada para casa.
e) O irmão de Ali Babá, quando soube do tesouro, quis logo repartir a riqueza entre os dois.
f) Ali Babá não se preocupou com o desaparecimento do irmão.
g) O chefe dos ladrões prometeu vingar-se de Kasim e de quem o ajudou a fugir.
h) Kasim não acolheu os ladrões em sua casa.
i) Frahazada salvou os dois irmãos, ao contar-lhes o que tinha ouvido.
j) No fim, Ali Babá exigiu toda a fortuna para Frahazada.

SABIA QUE…
SÉSAMO: O sésamo é um fortificante tradicional chinês. Crê-se que os grãos desta planta fazem alcançar a longevidade. Esta palavra,
Sésamo, ficou associada a uma fórmula mágica, “Abre-te Sésamo”, que Ali Babá pronunciava para abrir a porta da caverna misterio-
sa, na qual 40 ladrões guardavam as suas riquezas. (...) Do ponto de vista psicológico, o “abre-te sésamo” assume uma significação
específica: diante de todas as portas fechadas que são os seres, uns para os outros, basta uma pequena palavra mágica para que se
abram, não só os seus corações, mas os caminhos secretos do inconsciente. O “Abre-te Sésamo” é o grito do chamado lançado à ri-
queza encerrada na caverna, seja este o grão nutritivo e fecundador, o cofre das riquezas materiais, o refúgio da revelação espiritual
ou o labirinto do inconsciente.
Dicionário de Símbolos – Jean Chevalier e Alain Gheerbrant

70 | Vida cultural
LEITURA
Leia atentamente o conto integral de Miguel Torga.

“O SÉSAMO”, in Novos Contos da Montanha, Miguel Torga


Texto integral Apontamentos de leitura
1 – Abre-te, Sésamo! – gritava o Raul, no meio do silêncio pasmado da assistência.
A fiada estava apinhada naquela noite. Mulheres, homens e crianças. As
mulheres a fiar, a dobar ou a fazer meia, os homens a fumar e a conversar,
e a canalhada a dormitar ou nas diabruras do costume. Mas chegou a
5 hora do Raul e, como sempre, todos arrebitaram a orelha às histórias do
seu grande livro. Em Urros, ao lado da instrução da escola e da igreja, a
primeira dada a palmatoadas pelo mestre e a segunda a bofetões pelo
prior, havia a do Raul, gratuita e pacífica, ministrada numa voz quente e
À noite:
húmida, que ao sair da boca lhe deixava cantarinhas no bigode. > as pessoas juntam-se para conviver
10 “– Abre-te, Sésamo! – E o antro, com seu deslumbrante recheio, e trabalhar;
> todos prestam atenção ao contador
escancarou-se em sedutor convite.” de histórias.
As crianças arregalavam os olhos de espanto. Os homens estavam
As atitudes das personagens:
indecisos entre acreditar e sorrir. As mulheres sentiam todas o que a > as crianças ficam encantadas;
Lamega exprimiu num comentário: > os homens ficam indecisos entre
acreditar ou não;
15 – O mundo tem cousas!...
> as mulheres aceitam a história de
Urros, em plena montanha, é uma terra de ovelhas. Ao romper de alva, Ali Babá como provável.
ainda o dia vem longe, cada corte parece um saco sem fundo donde vão A vida em Urros, terra de
saindo movediços novelos de lã. Quem olha as suas ruelas a essa hora, montanha:
vê apenas um tapete fofo, ondulante, pardo do lusco-fusco, a cobrir os > ”é uma terra de ovelhas” que dão o
leite, as crias e a lã que se aplica em
20 lajedos. Depois o sol levanta-se e ilumina os montes. E todos eles mostram vestuário e tecidos com outros fins;
amorosamente nas encostas os brancos e mansos rebanhos que tosam o > os rebanhos passam o dia nos
montes.
panasco macio. A riqueza da aldeia são as crias, o leite e aquelas nuvens
merinas que se lavam, enxugam e cardam pelo dia fora, e nas fiadas se
acabam de ordenar. Numa loja de gado, ao quente bafo animal, junta-
25 -se o povo. Todos os moradores se cotizam para a luz de carboneto ou
petróleo e o serão começa. É no inverno, nas grandes noites sem-fim,
que se goza na aldeia essa fraternidade.
VOCABULÁRIO
pasmado (l. 1): surpreendido; assistência (l. 1): público; fiada (l. 2): tratamento dos fios de lã feito em ajuntamento das pessoas da
aldeia; apinhada (l. 2): com muitas pessoas; fiar (l. 3): torcer a lã para fazer fios; dobar (l. 3): fazer novelos (dos fios de lã); fazer meia
(l. 3): confecionar meias com lã e agulhas; canalhada (l. 4): criançada; diabruras (l. 4): traquinices; palmatoadas (l. 7): pancadas com
palmatória na palma da mão; bofetões (l. 7): pancadas na cara; gratuita e pacífica (l. 8): feita de graça e em paz; cantarinhas (l. 9):
pequenas gotas; antro (l. 10): caverna; escancarou-se (l. 11): abriu-se; ovelhas (l. 16): animais que dão leite, carne e lã; corte (l. 17):
curral; fofo (l. 19): macio; pardo (l. 19): cinzento; lusco-fusco (l. 19): período em que amanhece ou anoitece; lajedos (l. 20): pedras
da rua; rebanhos (l. 21): grupo de animais domésticos herbívoros, normalmente guardado por um pastor; tosam (l. 21): comem; pa-
nasco (l. 22): erva; crias (l. 22): filhotes (das ovelhas); nuvens merinas (ll. 22-23): aglomerados de lã (tirada aos animais para tratar);
loja (l. 24): cave que serve de curral; cotizam (l. 25): pagam a sua parte; serão (l. 26): reunião de pessoas, à noite, para trabalhar e
conviver; fraternidade (l. 27): convivência amigável entre pessoas.

Formas de expressão artística | 71


  Há sempre novidades a discutir, namoriscos a tentar, apagadas fogueiras
Raul, o contador de histórias…
que é preciso reacender, e, sobretudo, há o Raul a descobrir cartapácios
> lê as histórias trágicas “com tal
sentimento” (l. 30) que os ouvintes
30 ninguém sabe como, e a lê-los com tal sentimento ou com tanta graça,
choram; que ou faz chorar as pedras ou rebentar um morto de riso.
> lê as histórias cómicas “com tanta
graça” (l. 30) que todos riem muito.
Daquela feita tratava-se de uma história bonita, que metia uma grande
fortuna escondida na barriga de um monte. E o rapazio, principalmente,
abria a boca de deslumbramento. Todos guardavam gado na serra. E a
Qualquer penedo pode 35 todos ocorrera já que bem podia qualquer penedo dos que pisavam estar
esconder um tesouro !!!
prenhe de tesouros imensos. Mas que uma simples palavra os pudesse
abrir – isso é que não lembrara a nenhum.
Os rapazes, todos pastores,
eram os mais atentos… Da gente miúda que escutava, o mais pequeno era o Rodrigo, guicho,
imaginativo, e por isso com fama de amalucado. No meio de uma conversa
40 séria, tinha saídas inesperadas e desconcertantes. Via estrelas de dia,
que ninguém, por mais que fizesse, conseguia enxergar, assobiava modas
inteiramente desconhecidas, e desenhava no chão a cara de quem quer
Rodrigo que fosse, o que era o cúmulo dos assombros. Enfezado, sempre a pegar
> o mais pequeno;
com os outros e a berrar como um infeliz quando depois lhe batiam,
> imaginativo: via estrelas de dia,
desenhava; 45 ouvia do seu canto a leitura do Raul, maravilhado e a fazer projectos.
> sem medo de enfrentar os outros, A fiada acabou tarde, com a assistência a cair de sono e a lutar
apesar de lhe baterem…
para prender na imaginação aquela riqueza oriental enfragada. E de
> perante a história do Raul fazia
projetos; manhãzinha, o Rodrigo, contra o costume, esgueirou-se sozinho para a
> no dia seguinte foi para a serra da serra da Forca atrás do rebanho. A história do Raul tinha-lhe incandescido
Forca sozinho.
50 os miolos. Necessitava por isso de solidão, e de apagar o incêndio sem
testemunhas. A serra da Forca é longe e é feia. Tem pasto, mas de que
vale?! O passado deixou ali tanto grito perdido, tanto cadáver insepulto,
tanta alma penada, que até mesmo as ladainhas da primavera se desviam
e passam de largo. Mas é nos sítios assim amaldiçoados que o povo,
55 talvez para as preservar da coscuvilhice da razão, gosta de plantar lendas
bonitas e aliciantes. E vá de inventar que havia um tesoiro escondido
naquele ermo de maldição. Encontrá-lo é que era difícil.
Enterrado entre penedias, guardado por mil fantasmas, quem teria
coragem de tentar a empresa? Ninguém. E o monte excomungado lá
60 continuava azulado na distância, agreste e assombrado.
VOCABULÁRIO
namoriscos (l. 28): relações amorosas sem importância; apagadas fogueiras que é preciso reacender (ll. 28-29): namoros antigos a
retomar; cartapácios (l. 29): livro grande e antigo; feita (l. 32): ocasião, vez; fortuna (l. 33): grande riqueza; deslumbramento (l. 34): en-
canto; penedo (l. 35): rochedo; prenhe (l. 36): cheio; guicho (palavra usada numa determinada região) (l. 38): mexido, buliçoso, esperto;
amalucado (l. 39): meio doido; enxergar (l. 41): ver; enfezado (l. 43): pouco desenvolvido, franzino; enfragada (l. 47): entre rochas,
fragas; esgueirou-se (l. 48): afastou-se procurando não ser visto; incandescido (l. 49): posto em brasa; miolos (l. 50): cérebro; cadáver
insepulto (l. 52): morto sem sepultura; alma penada (l. 53): alma de um morto que, segundo a crença popular, vagueia por este mundo,
em penitência; ladainhas (l. 53): série de breves invocações usadas no culto católico; amaldiçoados (l. 54): malditos, esconjurados; pre-
servar (l. 55): proteger; coscuvilhice (l. 55): bisbilhotice, indiscrição; plantar lendas (l. 55): criar lendas; aliciantes (l. 56): encantadoras;
ermo (l. 57): despovoado, descampado; excomungado (l. 59): amaldiçoado; agreste (l. 60): rude; assombrado (l. 60): enfeitiçado.

72 | Vida cultural
  O Rodrigo, porém, resolvera quebrar o encanto. E, às pedradas ao
gado, ao nascer do sol tinha-o na frente.
Ia simplesmente rasgar o véu do mistério. Ia imitar o ladrão da
história, com a diferença apenas de que uma vez dentro da caverna não
65 se esqueceria, como o outro, das palavras mágicas que lhe assegurariam
a retirada.
Das riquezas que encontrasse não sabia ainda o que fazer. Nem sequer
pensara nisso, porque os tesouros não eram o seu fim verdadeiro. A A serra da Forca:
sedução de tudo estava no prodígio em si, na fascinação do próprio acto > local amaldiçoado e, por isso, feio,
apesar de ter pastagens;
70 assombroso que iria realizar. > segundo uma lenda, na serra havia
E o pequeno, ágil e confiado, chegou ao alto, trepou à fraga maior e olhou um tesouro escondido;
> O Rodrigo resolveu “imitar o ladrão
em redor. A seus pés jaziam, caídos, os dois grossos pilares da forca, onde da história” (ll. 63-64) do Raul.
segundo a tradição tinham exalado o último suspiro todos os justiçados da
montanha. Sentar-se neles, tocar-lhes, era ainda, dizia o povo, uma pessoa
75 condenar-se a morrer de morte infeliz. Mas o Rodrigo trazia na vontade O sonho do Rodrigo:
uma força que o preservava dessas contingências. A fórmula encantatória > abrir a serra com as palavras
mágicas e conhecer os tesouros (“Ia
brincava-lhe nos lábios finos e frescos de criança. E uma alegria imensa, pura, simplesmente rasgar o véu“ l. 63);
calma, arredou para longe os espectros patibulares que tentavam perturbar > dominar a serra (“trepou à fraga
maior e olhou em redor” ll. 71-72),
a grandeza daquela hora. Abrir um monte! Dizer com ânimo e certeza duas sentir o poder e prolongá-lo;
80 palavras, e uma riqueza sem par oferecer-se passiva aos olhos da gente! > viver um estado de “uma alegria
imensa, pura, calma” (ll. 77-78).
Para dilatar o gosto do poder que possuía (e talvez por um sentido
íntimo de falência de que não tinha consciência inteira), prolongava o
tempo. Murmurava mentalmente a ordem de comando que aprendera
no conto, e cerrava os dentes para que a boca o não pudesse trair antes
85 do momento escolhido.
O rebanho, esquecido do dono, pastava, alheio aos segredos da serra
e do pastor. De quando em quando erguia-se do meio dele um balido
solitário, mas era um apelo sem resposta.
– Vai ser agora! – disse o Rodrigo, alto, a resolver-se.
90 E com medo de a montanha fender precisamente pelo sítio onde estava, que
era no pino e no meio da fraga mais alta, desviou-se um pouco para a esquerda.
– É por ali, com certeza...
Media os penedos, calculava o tamanho do buraco, via de antemão as
entranhas da terra expostas à luz do sol.
95 – E o gado? – lembrou-se então.

VOCABULÁRIO
véu (l. 62): o que serve para encobrir; sedução (l. 69): tentação; prodígio (l. 69): maravilha; fraga (l. 71): rocha, penhasco;
jaziam (l. 72): estavam estendidos; forca (l. 72): instrumento para matar por estrangulação; encantatória (l. 73): mágica;
patibulares (l. 78): relativos à forca; falência (l. 82): fracasso; trair(l. 84): atraiçoar, contrariar; balido (l. 87): berro da ovelha;
fender (l. 90) abrir, romper; pino (l. 91): cume; penedos (l. 93): rochedos; antemão (l. 93): antecipadamente; entranhas (l. 94):
o interior.

Formas de expressão artística | 73


Vivência do sonho:   O gado pastava em baixo, num valeiro, em lugar por onde a imaginação
> pensou em tudo com pormenor mais ardente não podia fazer passar o prodígio. Mesmo que rolassem
(“Media os penedos, calculava o
tamanho do buraco” l. 93); pedras, ou caísse a carvalha agarrada a um barranco, não havia perigo.
> o gado estava fora de perigo; – Só se houver muito azar – rematou, a serenar os cuidados.
> pronunciou as palavras mágicas;
100 E de alma tranquila, mas a tremer de emoção, solenemente, o pequeno
> “Transfigurado, o Rodrigo estava
entregue ao milagre” (l. 110) que feiticeiro ergueu a mão e gritou:
tanto desejava e em que acreditava.
– Abre-te, Monte da Forca!
A sua imaginação ardente acreditava em todos os impossíveis. Tinha a
Campo lexical relativo à crença
e serenidade perante o pedido certeza de que o Sésamo da história do Raul existira realmente. Por isso
mágico (vocabulário retirado das ll. 105 ouviu com serenidade e confiança o eco da própria voz a regressar ferido
96-116):
Verbos: serenar, acreditava. das encostas. Tudo requeria o seu tempo.
Nomes: alma, emoção, feiticeiro, Irreais, os horizontes perdiam-se ao longe, esfumados e frios. Vago,
imaginação, certeza, serenidade,
confiança, tempo, horizontes. o rebanho, à volta, tosava a erva mansamente. Impreciso, o gemido
Adjetivos: tranquila, ardente, da ovelha queixosa não conseguia transpor o limiar da consciência do
irreais, esfumados, frios, vago,
impreciso, transfigurado. 110 pastor. Transfigurado, o Rodrigo estava entregue ao milagre. Ordenara-o
Advérbios: solenemente, longe. e esperava por ele.
– Abre-te, Monte da Forca! – gritou de novo, já enfadado de uma
espera que não cabia na ilusão.
Qualquer coisa à volta pareceu tremer, e o coração do pequeno saltou.
115 – Abre-te! – reforçou, angustiado.
Mas os horizontes começaram a tomar crueza e sentido, o rebanho
avolumou-se, e o balido da ovelha aflita subiu mais.
Mas… (l. 116) – Era mentira! – e pelo seu rosto infantil e desiludido uma lágrima
o momento mágico vai desceu desesperada.
desaparecendo, a realidade
impõe-se e o Rodrigo começa: 120 – Era mentira... – repetiu, debruçado sobre a alta fraga, a soluçar.
> a tomar consciência da
realidade que o cerca (“os Tudo nele tinha a verdade da inocência. Lograra e fora logrado já, mas
horizontes começam a tomar no jogo dos botões e a esconder da mãe um novelo de linhas para a baraça
crueza” l. 116);
> a prestar mais atenção ao do pião. Quando, porém, se tratava de cousas grandes como fábulas e
rebanho (“o rebanho avolumou-
-se” ll. 116-117); mitos, a sua alma cândida não concebia que pudesse haver mistificação.
> a preocupar-se com “o balido 125 E a primeira vez que tirava a prova àquela confiança, que tentara ver de
da ovelha aflita” (l. 117).
o mistério estava, afinal, no “ventre
perto a miragem, acordava cruamente traído!
fechado” (l. 135) de uma ovelha Valeu-lhe a feliz condição de criança. Ele ainda a chorar, e já a mão do
que se iria abrir para nascer mais
um cordeiro. esquecimento a enxugar-lhe os olhos. Breve como vem, breve se vai o
pranto dos dez anos. A ovelha chamava sempre. E o balido insistente

VOCABULÁRIO
valeiro (l. 96): pequeno espaço entre duas montanhas; carvalha (l. 98): carvalho (árvore) pequeno; barranco (l. 98): precipício,
abismo; azar (l. 99): desgraça; emoção (l. 100): agitação, alvoroço; solenemente (l. 100): majestoso, que infunde respeito; ardente (l.
103): inflamada, entusiasmada; eco (l. 105): repetição de um som reenviado por um corpo duro; Vago (l. 107): Disperso, Espalhado;
Transfigurado (l. 110): Alterado, Muito mudado, Transformado; enfadado (l. 112): aborrecido, cansado; crueza: (l. 116) realidade;
aflita (l. 117): ansiosa, impaciente; soluçar (l. 120): chorar de forma agitada; Lograra (l. 121): enganara; fábulas (l. 123): histórias fan-
tásticas; mitos (l. 124): personagem, facto ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza uma generalidade; cândida (l. 124):
ingénua, inocente; mistificação (l. 124): engano; tirava a prova (l. 125): experimentava; miragem (l. 126): ilusão.

74 | Vida cultural
130  acabou por acordá-lo para a realidade simples da sua vida de pastor.
Ergueu-se, desceu da alta fraga enganadora, e, de ouvido atento, foi
direito ao queixume.
– Olha, era a Rola ...
Um cordeiro acabara de nascer, e a mãe lambia-o. O outro estava ainda
135 lá dentro, no mistério do ventre fechado.
VOCABULÁRIO
cordeiro (l. 134): filho da ovelha, ainda novo.

Miguel Torga nasceu em 1907, na aldeia que o havia de marcar para toda a vida: S.
Martinho de Anta, Trás-os-Montes. De nome Adolfo Correia da Rocha, adotou o
pseudónimo de Miguel Torga (torga é o nome dado a uma planta com raízes muito
duras, infiltradas por entre as rochas). Frequentou apenas por um ano o seminário e em
1920 partiu para o Brasil. Regressou a Portugal, fez, em três anos, o ensino secundário,
matriculou- se na Faculdade de Medicina, e terminou o curso em 1933. A sua importante
obra abrange poesia, prosa e teatro. Foi várias vezes candidato a Prémio Nobel da
Literatura. Ganhou vários prémios, como o Grande Prémio Internacional de Poesia e, em 1985, o Prémio Camões.
Com ideias que se demarcavam do regime político de António Salazar, foi preso e pensou em sair do país, mas não era
capaz de estar longe da pátria nem de Trás-os-Montes. Publicou de 1928 a 1993, tendo falecido em 1995.

Análise do conto O SÉSAMO de Miguel Torga


O conto é um texto de tipo narrativo.
Por esse facto, proceder à sua análise implica referir as principais categorias que constituem este tipo de texto:
espaço, tempo, personagens, ação e narrador.
Nota: esta última categoria não vai ser abordada, por se considerar não relevante para a compreensão deste conto.

ESPAÇO

O espaço é o local onde se desenrola a ação. Pode ser:


físico: como o campo, a cidade, uma casa, uma praia, uma montanha, etc.;
social: sempre que haja elementos que nos permitam detetar o estatuto social das personagens, como a
profissão, a cultura, a situação económica, etc.;
psicológico: quando interfere no modo como as personagens interagem com o espaço: podem senti-lo
como agressivo ou como fonte de bem-estar.

FIADA Loja de gado


“Numa loja de gado, ao quente bafo animal, junta-se o povo. Todos os moradores se cotizam para a luz de
carboneto ou de petróleo, e o serão começa. É no inverno, nas grandes noites sem-fim, que se goza na aldeia
essa fraternidade.” (ll. 24-27)

Formas de expressão artística | 75


ALDEIA Urros
“Urros, em plena montanha, é uma terra de ovelhas. Ao romper de alva, ainda o dia vem longe, cada corte
parece um saco sem fundo donde vão saindo movediços novelos de lã. Quem olha as suas ruelas a essa
hora, vê apenas um tapete fofo, ondulante, pardo do lusco-fusco, a cobrir os lajedos. Depois o sol levanta-
-se e ilumina os montes. E todos eles mostram amorosamente nas encostas os brancos e mansos rebanhos
que tosam o panasco macio. A riqueza da aldeia são as crias, o leite e aquelas nuvens merinas que se lavam,
enxugam e cardam pelo dia fora, e nas fiadas se acabam de ordenar.” (ll. 16-24)

SERRA DA FORCA
“A serra da Forca é longe e é feia. Tem pasto, mas de que vale?! O passado deixou ali tanto grito perdido, tanto
cadáver insepulto, tanta alma penada, que até mesmo as ladainhas da primavera se desviam e passam de largo.
Mas é nos sítios assim amaldiçoados que o povo, talvez para os preservar da coscuvilhice da razão, gosta de plantar
lendas bonitas e aliciantes. E vá de inventar que havia um tesoiro escondido naquele ermo de maldição. Encontrá-lo
é que era difícil.
Enterrado entre penedias, guardado por mil fantasmas, quem teria coragem de tentar a empresa? Ninguém. E o
monte excomungado lá continuava azulado na distância, agreste e assombrado.“ (ll. 51-60)

Questões de análise e verificação dos conceitos


1. A caracterização do espaço físico da aldeia acaba por dar indicações sobre o espaço social.
1.1. Partindo dos excertos do esquema anterior, complete o quadro sobre o espaço físico, de acordo com as indicações.
Elementos do
Características Processo de apresentação
espaço
a) comparação
b) metáfora
“tapete fofo ondulante” (l. 19) dupla adjetivação e metáfora
“A riqueza da aldeia são as crias, o leite e aquelas nuvens c)
aldeia
merinas” (ll. 22-23)
“que se lavam, enxugam e cardam pelo dia fora.” (l. 23) d)
e) reforço de diminuição de espaço
dado pelo sufixo -elas
“os brancos e mansos rebanhos que tosam f)
montes o panasco macio” (ll. 21-22) adjetivo que transmite uma sensação
relativa ao tato
g) dupla adjetivação
Serra da
“E o monte excomungado lá continuava azulado na múltipla adjetivação
Forca
distância, agreste e assombrado.” (ll. 59-60)
1.2. Transcreva expressões dos excertos que revelem ruralidade, trabalho, isolamento, características deste
espaço social.

2. A Serra da Forca, como o nome indica, é um espaço inóspito.

76 | Vida cultural
2.1. Depois de procurar num dicionário o sentido da palavra “inóspito”, construa o seu campo lexical, com
palavras do excerto.
2.2. Esta serra constitui-se como um espaço psicológico. Retire do texto as expressões que revelam o medo
que a aldeia tinha dessa serra.

3. A fiada é um espaço simultaneamente de realidade e fantasia.


3.1. Justifique a afirmação.

TEMPO

O tempo corresponde à duração de uma determinada ação. No conto, normalmente, encontra-se


condensado em expressões como “passados dez anos”, ou então é reduzido, como é o caso de O Sésamo
– a ação inicia-se à noitinha, desenvolve-se e termina na manhã seguinte. Estamos perante o tempo
cronológico.
Mas também podemos encontrar tempo psicológico, que está associado ao estado de espírito de uma
personagem, quando lhe parece que o tempo é mais longo ou mais curto relativamente ao tempo
cronológico efetivamente decorrido. Por exemplo, a noite depois da história, para o Rodrigo, deve ter
parecido interminável, dada a ansiedade em que ele se encontrava para ir ao Monte da Forca.

4. Construa uma frase que dê continuidade a “Enfezado, sempre a pegar com os outros e a berrar como um
infeliz quando depois lhe batiam, ouvia do seu canto a leitura do Raul, maravilhado e a fazer projetos.” (ll. 43-45),
de modo a dar a entender que o Rodrigo, envolvido nos seus projetos, nem deu pelo passar do tempo.

5. Elabore outra frase, a integrar no parágrafo seguinte, que evidencie o suplício que foi para o Rodrigo ter de
esperar que amanhecesse para ir ao Monte da Forca.

PERSONAGENS

Uma ação é sempre praticada por personagens. São elas que determinam o seu desenvolvimento, embora
com diferentes graus de participação.
Assim, neste conto, o Rodrigo será personagem principal, uma vez que é ele quem pratica a ação. O Raul, pelo
facto de contar a história, contribui para o Rodrigo desencadear a ação, logo é uma personagem secundária.
Os habitantes da aldeia apenas contribuem para caraterizar o espaço social, como já foi dito, pelo que se
designam como figurantes.

A seguir, sintetiza-se no quadro o que se considera mais saliente para a caracterização dos figurantes (mulheres,
crianças e homens) e das personagens (Rodrigo e Raul).

Formas de expressão artística | 77


MULHERES CRIANÇAS HOMENS
“a fiar, a dobar ou a fazer meia” “e a canalhada a dormitar ou nas “a fumar e a conversar” (l. 3)
(l. 3) diabruras do costume” (l. 4)
RAUL – Contador de histórias
“há o Raul a descobrir cartapácios
ninguém sabe como, e a lê-los com tal
sentimento ou com tanta graça, que
ou faz chorar as pedras ou rebentar
um morto de riso.“(ll. 29-31)
Reações às histórias do Raul

“O mundo tem cousas…” (l. 15) “arregalavam os olhos de espanto” “indecisos entre acreditar e sorrir.”
(l. 12) (l. 13)
“E o rapazio, principalmente, abria a
boca de deslumbramento.” (ll. 33-34)

RODRIGO
“Da gente miúda que escutava, o mais pequeno era o Rodrigo, guicho, imaginativo, e por isso com fama de
amalucado. No meio de uma conversa séria, tinha saídas inesperadas e desconcertantes. Via estrelas de dia,
que ninguém, por mais que fizesse, conseguia enxergar, assobiava modas inteiramente desconhecidas, e
desenhava no chão a cara de quem quer que fosse, o que era o cúmulo dos assombros. Enfezado, sempre a
pegar com os outros e a berrar como um infeliz quando depois lhe batiam, ouvia do seu canto a leitura do Raul,
maravilhado e a fazer projectos.“(ll. 38-45)

6. Repare nas atividades que cada grupo desenvolve na fiada (primeira linha de informações do quadro).
6.1. Refira, por comparação com as restantes personagens, o papel da mulher neste momento do dia.

7. Repare, agora, no texto sobre o Raul.


7.1. Apresente uma palavra que caracterize o Raul como bom contador de histórias.
7.2. Indique os processos que o narrador utiliza para dizer que as histórias do Raul são emocionalmente muito
intensas: ou muito alegres ou muito tristes.

8. Compare a atitude das crianças com a dos adultos, face às histórias do Raul.

9. Indique duas características físicas do Rodrigo, a partir do texto do esquema.

10. Retire do texto duas passagens que mostrem que o Rodrigo tinha alma de artista.

Caracterização de personagem
Podemos chegar às características de uma personagem por uma caracterização direta, como é o caso da

78 | Vida cultural
indicação dada sobre o Rodrigo: ele é “imaginativo”.
No entanto, também podemos deduzir as suas características através de atitudes que a personagem
assume – caracterização indireta. Por exemplo, através da frase “sempre a pegar com os outros” (ll. 43-44)
podemos deduzir que o Rodrigo é peguilhento, buliçoso, traquinas.

11. Atendendo à atitude do Rodrigo face ao tesouro, diga qual das seguintes características psicológicas não faz
parte do seu carácter:
fantasioso | otimista | ambicioso | confiante

11.1. Transcreva do texto as frases que justificam a sua escolha.

12. Tenha em conta o momento em que o Rodrigo, depois de gritar as palavras mágicas, espera que o Monte se abra.
12.1. Retire do conto as características psicológicas, apresentadas através de caracterização direta,
relacionadas com o momento de espera.

AÇÃO

Neste conto há apenas uma ação, que se desenrola em volta de uma personagem, o Rodrigo. A ação deste
conto é constituída por vários acontecimentos que se encadeiam cronologicamente.
As frases que se apresentam seguidamente referem esses acontecimentos. Sublinharam-se algumas formas
verbais para realçar o que acontece.

Organização da ação
1. Situação inicial
A. (O Rodrigo) ouvia do seu canto a leitura do Raul, maravilhado e a fazer projectos.“ (l. 45)

2. Desenvolvimento: acontecimentos em crescendo


B. “E de manhãzinha, o Rodrigo, contra o costume, esgueirou-se sozinho para a serra da Forca atrás do rebanho.
A história do Raul tinha-lhe incandescido os miolos.” (ll. 47-50)
C. “O Rodrigo, porém, resolvera quebrar o encanto. E, às pedradas ao gado, ao nascer do sol tinha-o na frente.”
(ll. 61-62)
D. “Ia simplesmente rasgar o véu do mistério. Ia imitar o ladrão da história, com a diferença apenas de que
uma vez dentro da caverna não se esqueceria, como o outro, das palavras mágicas que lhe assegurariam a
retirada.” (ll. 63-66)
E. “chegou ao alto, trepou à fraga maior e olhou em redor.” (ll. 71-72)
F. “Para dilatar o gosto do poder que possuía, prolongava o tempo. Murmurava mentalmente a ordem de
comando que aprendera no conto, e cerrava os dentes para que a boca o não pudesse trair antes do momento
escolhido.” (ll. 81-85)
G. “E com medo de a montanha fender precisamente pelo sítio onde estava, que era no pino e no meio da fraga
mais alta, desviou-se um pouco para a esquerda.” (ll. 90-91)

Formas de expressão artística | 79


H. “E de alma tranquila, mas a tremer de emoção, solenemente, o pequeno feiticeiro ergueu a mão e gritou”
(ll. 100-101)
I. “gritou de novo, já enfadado de uma espera que não cabia na ilusão.” (ll. 112-113)

3. Desenlace
J. “- Era mentira! - e pelo seu rosto infantil e desiludido uma lágrima desceu desesperada.” (ll. 118-119)
K. “E o balido insistente acabou por acordá-lo para a realidade simples da sua vida de pastor.” (ll. 129-130)

13. Atente nas formas verbais sublinhadas e diga qual o tempo verbal predominante.

14. Justifique o emprego do pretérito mais-que-perfeito simples do indicativo na frase C.

15. Associe as afirmações seguintes aos diferentes momentos da ação acima referidos de A a K.


a) A ação referida nesta frase vem a ser executada nas frases H e I.
b) Nestas frases os verbos encontram-se maioritariamente no pretérito imperfeito do indicativo, embora se
registe também a ocorrência do pretérito mais-que-perfeito do indicativo e do imperfeito do conjuntivo.
c) Nesta frase percebe-se muito bem que os acontecimentos estão organizados cronologicamente.
d) A convicção do Rodrigo levava-o a preparar tudo ao pormenor.
e) A realidade impunha-se com toda a sua crueza.

16. Em determinado momento da história do Rodrigo, o narrador descreve deste modo a personagem e o espaço
envolvente: “Irreais, os horizontes perdiam-se ao longe, esfumados e frios. Vago, o rebanho, à volta, tosava a erva
mansamente. Impreciso, o gemido da ovelha queixosa não conseguia transpor o limiar da consciência do pastor.
Transfigurado, o Rodrigo estava entregue ao milagre. Ordenara-o e esperava por ele.” (ll. 107-111)
16.1. Identifique esse momento da ação.
16.2. Faça corresponder os adjetivos às realidades que caracterizam.
Coluna A Coluna B
a) o limiar da consciência
1. “Irreais” (l. 107)
b) o rebanho
c) o pastor
2. “Vago” (l. 107)
d) o milagre
e) o Rodrigo
3. “Impreciso” (l. 108)
f) os horizontes
4. “Transfigurado” (l. 110) g) o gemido da ovelha
16.3. Indique o sentido comum aos quatro adjetivos da questão anterior.
16.4. Justifique a sua colocação em início de frase.

17. O conto acaba com a frase “Um cordeiro acabara de nascer, e a mãe lambia-o. O outro estava ainda lá
dentro, no mistério do ventre fechado.” (ll. 134-135)
17.1. Caracterize a atitude do Rodrigo face ao acontecimento com que se deparou ao voltar a dar atenção ao rebanho.
17.2. Dê a sua interpretação para o facto de o conto terminar com uma expressão como a sublinhada.

80 | Vida cultural
PRÁTICA DE LÍNGUA

Museu e Centro Cultural de Timor-Leste


1 O Museu e Centro Cultural de Timor-Leste é um projeto atualmente a ser desenvolvido em parceria com a
UNESCO. O Museu e Centro Cultural é um projeto fundamental para a afirmação da identidade nacional de
Timor-Leste, e deverá ser construído nos próximos anos.
Servirá para expor permanentemente as coleções geológica (atualmente em exposição no Palácio
5 Presidencial), arqueológica (espalhada por várias países) e etnográfica (composta por cerca de 800 peças
guardadas no Ministério da Educação). Existem igualmente coleções patrimoniais de alto valor, compostas
por materiais etnográficos e outros, que, tendo saído de Timor-Leste, apenas esperam a existência de uma
estrutura como o Museu e Centro Cultural para poderem regressar ao país.
Para além disso, o Museu e Centro Cultural albergará as futuras Escolas de Artes e Música, para que uma
10 parte substancial da cultura viva, uma das grandes riquezas patrimoniais de Timor-Leste, esteja devidamente
representada e possa ser preservada e desenvolvida condignamente.
http://www.cultura.gov.tl/pt/instituicao/projectos/museu-e-centro-cultural-de-timor-leste

VOCABULÁRIO
parceria (l. 1): sociedade, juntamente; geológica (l. 4): referente à ciência que se ocupa do estudo da Terra; arqueológica (l. 5):
referente ao estudo das civilizações antigas com base nos vestígios e monumentos que vão sendo descobertos; etnográfica (l. 5):
referente ao estudo descritivo das instituições e dos factos da civilização dos diversos povos ou etnias; substancial (l. 10): essencial;
patrimoniais (l. 10): com valor cultural; condignamente (l. 11): de acordo com o valor merecido.

 A Grupos constituintes da frase e funções sintáticas

1. Observe que cada uma das quatro frases de A. a D. é constituída por:


• um grupo nominal com a função sintática de sujeito;
• um grupo verbal com a função sintática de predicado.
A. Timor-Leste irá construir um Museu e Centro Cultural em parceria com a UNESCO.
B. As futuras Escolas de Artes e Música funcionarão nesta instituição cultural.
C. A identidade nacional de Timor-Leste será reforçada com este projeto.
D. Este projeto permitirá o regresso ao país de coleções patrimoniais de alto valor.
1.1. Identifique, em cada frase, os grupos que exercem as funções sintáticas referidas.
1.2. Em relação a cada uma das frases, identifique:
a) o núcleo do grupo verbal da frase A. c) o grupo preposicional integrado no grupo verbal da
b) o núcleo do grupo nominal, com função de sujeito, frase C.
da frase B. d) o grupo nominal integrado no grupo verbal da
frase D.

2. A função sintática de modificador de frase pode ser exercida por grupos adverbiais (talvez; evidentemente…),
grupos preposicionais (com muito orgulho nosso; sem dúvida…) ou orações (Se tudo correr como previsto;
Embora possa surgir algum problema…).

Meios de comunicação social | 81


2.1.  Considere a frase:
No Museu e Centro Cultural de Timor-Leste ficará preservada a nossa riqueza patrimonial.
2.1.1. Tendo em conta os exemplos apresentados no ponto 2. e o sentido do texto, selecione um modificador
de frase e agregue-o à frase apresentada.

 B Orações adverbiais finitas e não finitas

1. Preste atenção às frases apresentadas e, de seguida, reformule-as de acordo com as indicações.


1.1.  O Museu servirá para expor permanentemente as coleções.
Transforme a oração sublinhada (subordinada adverbial final, não finita) numa oração finita.
1.2.  As Escolas de Artes e Música contribuirão para que a cultura tenha uma maior representatividade no
Museu.
Transforme a oração sublinhada (subordinada adverbial final, finita) numa oração não finita.
1.3. Apesar de ausentes do país algumas coleções patrimoniais, elas regressarão para o Museu.
Transforme a oração sublinhada (subordinada adverbial concessiva, não finita) numa oração finita.

 C Conotação

1. Atente nas seguintes frases:


 A. Quando vou a um museu, quase sempre saio com um paraíso dentro de mim.
 B. A cegueira do espírito não deixa apreciar as obras de arte.
 C. A leitura é uma viagem diária para muitas pessoas.
1.1. Transcreva as palavras que são utilizadas com sentido conotativo.
1.2. Reescreva agora essas frases, substituindo as palavras transcritas por outras de sentido equivalente.

 D Polissemia

1. Faça corresponder a cada frase, apresentada na coluna B, o respetivo significado da palavra peça (“peças” – l.
5), coluna A.
A (Alguns exemplos da polissemia da palavra peça) B (Frases exemplificativas dos vários sentidos)
1. objeto a) Arruma as peças de xadrez.
2. móvel b) Os atores desta peça são excelentes.
cada uma das pedras ou figuras, nos jogos de Aquele navio está armado com três peças de
3. c)
tabuleiro artilharia.
4. obra teatral ou musical d) Esta mesa é uma peça muito antiga.
canhão Chegou uma bonita peça para vestidos de
5. e)
senhora.
6. cada uma das partes de um todo f) Esta caixa é uma peça de arte valiosa.
7. porção extensa de tecido que sai da fábrica g) Estas peças serão todas do motor?

82 | Sociedade de informação e conhecimento


 E Funções sintáticas ao nível da frase

A Secretaria de Estado da Cultura pretende adaptar o antigo Mercado Municipal de Baucau a Centro
Cultural da Região. (…). Na área central, atualmente a descoberto, será criada uma estrutura de cobertura
móvel para espetáculos culturais, conferências e exposições. Está ainda prevista a recuperação do jardim
anexo ao edifício para feiras e atividades de ar livre.
http://www.cultura.gov.tl/pt/instituicao/projectos (texto adaptado)

1. Atente na primeira frase do texto.


1.1. Transcreva a expressão com função sintática de sujeito e classifique-o.
1.2. Transcreva a expressão com função sintática de predicado.
1.3. Reescreva a frase, anexando-lhe um modificador de frase constituído por:
a) um grupo adverbial;
b) um grupo preposicional;
c) uma oração subordinada adverbial concessiva.

2. Leia atentamente as outras duas frases do texto.


2.1. Indique a função sintática da expressão sublinhada.
2.2. Reescreva a última frase, iniciando-a pela expressão com função sintática de sujeito.

Meios de comunicação social | 83


Subtema 2 | Identidades culturais

GRUPO A

ORALIDADE
Mosaico cultural
Observe as seguintes imagens.

Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4

Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8

1. Descreva o conteúdo de cada imagem, referindo os locais/ culturas/ grupos sociais a que se reportam.

2. Identifique os aspetos culturais representados em cada uma das imagens (ex.: na Figura 1, estão representados
a dança, a música e os trajes tradicionais).

3. Leia a seguinte citação: “Um povo que não tem raízes acaba se perdendo no meio da multidão. São exatamente
nossas raízes culturais, familiares, sociais, que nos distinguem dos demais e nos dão uma identidade de povo, de
nação” (Sergio Flores Pedroso, 1999)
3.1. Comente a citação, indicando os aspetos que podem concorrer para a definição de identidade cultural.
3.2. Refira aspetos que caracterizam a identidade cultural de Timor-Leste.

Da arte do cumprimento
O texto que irá ouvir refere-se à forma como as pessoas se cumprimentam em diferentes países.
1. Ouça a primeira parte do texto e indique se as seguintes afirmações são Verdadeiras (V) ou Falsas (F),
corrigindo as falsas.
a) Foram os japoneses que propagaram o aperto de mão pelo mundo.
b) O autor do texto sentiu-se muito à vontade com o tipo de cumprimento que é comum, entre os homens,
na Guiné-Bissau.
c) A forma como reagiu ao tipo de cumprimento que é comum, entre os homens, na Guiné-Bissau está
relacionada com os padrões culturais do seu país de origem.
d) O colega com quem o autor do texto se encontrou em Lisboa era guineense.

84
e) Na Guiné-Bissau, é muito comum ver um casal de namorados ou cônjuges a passear de mãos dadas.

2. Preste agora atenção à segunda parte do texto e complete as seguintes frases.


a) Em Timor é muito raro ver .
b) O cumprimento entre homens em Timor é diferente do da Guiné-Bissau, já que, em Timor, .
c) Segundo as tradições culturais da terra natal do autor, o aperto de mão deve ser .
d) Alguns conterrâneos do autor aproveitam o aperto de mão para , transformando o cumprimento
quase numa .
e) Duas das formas de os homens se cumprimentarem em Timor são de origem e consistem em e .

3. Ouça, por fim, a terceira parte do texto e responda às seguintes questões.


3.1. O autor apresenta três formas de cumprimento utilizadas com mulheres, que traduzem diferentes graus
de formalidade.
3.1.1. Refira-as, identificando o grau de formalidade de cada uma.
3.2. Explique por que motivo o cumprimento com dois beijinhos nas faces se torna tão complicado entre o
autor do texto e os malaes.

4. Considerando o texto na sua totalidade, explicite o sentido do título.

5. No caso de já ter presenciado/ passado por uma situação semelhante às retratadas no texto, relate essa experiência.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Pronome pessoal: reflexividade e reciprocidade

Os pronomes pessoais podem marcar reflexividade e reciprocidade, entre outros valores.


• No caso do valor de reflexividade, expresso pelas formas me, te, se, nos, vos, si, comigo, contigo, consigo,
connosco e convosco, o sujeito da oração é simultaneamente aquele que pratica a ação e aquele sobre
quem recai a ação do verbo.
>>Ele viu-se numa situação embaraçosa.
>>Eles viram-se numa situação embaraçosa.

O sentido da oração pode ser completado com expressões como: a mim/ ti/ si próprio(a)/ mesmo(a) ou a
nós/ vós/ ele(a)s próprio(a)s/ mesmo(a)s.
>>Ele viu-se A SI MESMO numa situação embaraçosa.
>>Eles viram-se A SI MESMOS numa situação embaraçosa.
• No caso do valor de reciprocidade, expresso pelas formas nos, vos e se, o sujeito é necessariamente plural,
sendo que as duas ou mais entidades que estão envolvidas na situação são simultaneamente agentes e
pacientes da ação.
>>“As pessoas cumprimentam-se de maneiras diferentes pelo mundo”.

Identidades culturais | 85
O sentido da oração pode ser completado com expressões como: um(a) ao/à outro(a), uns/umas aos/às
outro(a)s, entre si.
>>As pessoas cumprimentam-se UMAS ÀS OUTRAS de maneiras diferentes pelo mundo.

Exercícios
1. Para cada frase, identifique e classifique os pronomes pessoais reflexos e recíprocos.
a) O autor do texto e o colega conheceram-se na Guiné-Bissau.
b) Nós encontrámo-nos em Lisboa e pusemos a conversa em dia.
c) Nós colocamo-nos em situações caricatas quando não conhecemos a cultura dos outros.
d) Em determinados países, os namorados não se abraçam em público.
e) Quando os casais mais velhos passeiam, a mulher afasta-se ligeiramente do homem, caminhando
uns passos atrás.
f) “Outro costume javanês que por cá ficou é a forma como as pessoas se curvam…”
1.1. Escreva as frases acima apresentadas em Tétum e/ou na sua Língua Materna.
1.2. Explicite como se realizam os pronomes nessas línguas, comparando com o Português.

GRUPO B

LEITURA
Leia atentamente a seguinte entrevista.

Próxima paragem: Nova Iorque


1 Chegou a Nova Iorque há dois anos e meio com a mala numa mão e um sonho na outra. A sua experiência profissional
de seis anos em hotelaria e um pouco de sorte concorreram para que conseguisse arranjar trabalho num hotel de cinco
estrelas em Manhattan. O Volta ao Mundo em 80 Páginas viajou até à “cidade que nunca dorme” e esteve à conversa
com Ana Patrício, de 32 anos.

5 Porque é que decidiu vir para Nova Iorque? Nova Iorque é uma “selva de betão” no sentido em que
Eu tinha este sonho de vingar em Nova Iorque, as construções que mais se destacam na paisagem são,
primeiro porque é a “capital do mundo” e depois porque sem dúvida, os arranha-céus. Obviamente, é uma cidade
a nível de trabalho, como se costuma dizer, “if you can 20 recente e moderna, e os edifícios demonstram isso mesmo.
make it here, you can make it anywhere”, ou seja, quem Por exemplo, Manhattan, que é a zona onde eu trabalho,
10 consegue ser bem-sucedido em Nova Iorque consegue é uma ilha que fica em Nova Iorque, e como tal não pode
sê-lo em qualquer sítio do mundo. crescer para os lados, portanto, simplesmente cresce
para cima. No entanto, não acho que a palavra “selva” se
Nova Iorque é caracterizada, comummente, como 25 aplique bem a esta cidade, em termos urbanísticos. Sendo
uma “selva de betão”. Sendo assim, o que é que torna uma cidade recente, foi crescendo de forma organizada.
15 esta cidade tão especial para ser apelidada, como Foi criada toda por blocos, portanto, por quarteirões. Se
disse, de “capital do mundo”? repararem, e isso é bem visível quando subimos ao topo

86 | Vida cultural
de um edifício alto e podemos ter uma vista panorâmica espetáculos, que caracterizam muito a cidade de Nova
30 da cidade, as ruas são todas paralelas e perpendiculares, 75 Iorque. Há espetáculos que estão em cartaz há anos e
e organizam-se por números de rua, em vez de nomes. É anos e continuam a ser um sucesso de bilheteira! E a
muito simples. Claro que, para quem não conhece bem a oferta é bastante, há espetáculos para todos os gostos.
cidade, também pode ser confuso.
Esse será outro dos atrativos desta cidade – o facto de
35 E então, onde reside o encanto desta cidade, na sua 80 oferecer tantas atividades a quem vem de visita, e de
perspetiva? ter tantos pontos turísticos…
Bem, Nova Iorque é uma cidade muito grande. Não Sim, sem dúvida!
é só arranha-céus! Aliás, há várias zonas distintas em
Nova Iorque, quase que parecem mundos diferentes, Que pontos turísticos a fascinaram mais?
40 com características próprias. Existe uma zona na baixa de 85 É uma pergunta difícil… Desde a Estátua da Liberdade,
Manhattan que se chama Soho, que era uma zona muito aos vários museus, salas de espetáculo, até aos edifícios
industrial, e depois foi transformada numa zona de artistas mais altos, como o Chrysler Building, o Rockefeller Center,
e de modelos, e muitas galerias estabeleceram-se lá. É o Empire State Building… Talvez aquilo que me fascinou
uma zona basicamente de pessoas novas, de diversão, de mais, quando cá cheguei, tenha sido a vista incrível sobre
45 festas. Muitas pessoas aproveitam para ir festejar a seguir 90 a cidade, depois de subir a um desses edifícios. É uma
ao trabalho, encontrar-se com amigos e descontrair. vista absolutamente assombrosa, conseguimos ver a
Depois, existem outras zonas tipicamente residenciais, cidade inteira, o rio, o Central Park. É uma experiência
como West Village, com casas pequenas, de tijolo, onde verdadeiramente marcante. Para além da vista incrível,
tudo é mais calmo e relaxado. As pessoas são mais acho que qualquer pessoa se sente pequena a tantos
50 próximas umas das outras, conhecem os vizinhos, fazem 95 metros do chão e com a cidade a perder de vista.
atividades em conjunto. Por exemplo, fazem aquilo a que À parte de locais turísticos, aquilo que é mais
chamam de “limpeza de Primavera”, em que as pessoas impressionante nesta cidade, pelo menos para mim, é
que moram em determinada rua fazem uma espécie de o encontro de culturas. Nova Iorque é a casa de toda a
feira, uma vez por ano, para vender tudo aquilo de que já gente e não é a casa de ninguém! Há gente de todas as
55 não precisam – objetos, roupa, móveis, etc. 100 raças, vem gente de todo o mundo, é uma cidade com
Acho que o que torna Nova Iorque tão conhecida é o milhões de pessoas, há gente por todo o lado.
facto de ser o centro mundial de tanta coisa: comércio, Outra coisa que me impressionou é que Nova Iorque
espetáculos, negócios, etc. Por exemplo, Wall Street é uma cidade muito rápida. Aqui não se anda: corre-se!
é o centro do mundo financeiro, onde se concentram Nova Iorque é conhecida pelos barulhos, pela confusão,
60 muitos bancos e, claro, onde se situa a Bolsa de Nova 105 pelas pessoas a andar de um lado para o outro, pelas
Iorque. É uma zona frequentada principalmente por luzes, muitas luzes! Os dias aqui passam a correr. Estou cá
pessoas de negócios. Já a 5.ª Avenida é o expoente há cerca de dois anos e parece que cheguei há dois meses.
máximo do consumismo; tem lojas de marcas conhecidas É um ritmo alucinante, muito frenético. Também por isso
internacionalmente e lá conseguimos encontrar tudo é que existem tantas bancas de rua a vender comida, que
65 aquilo de que precisamos. As montras em Nova Iorque 110 é para as pessoas conseguirem comer alguma coisa sem
são impressionantes, é uma guerra, uma competição perderem muito tempo. Num dia normal de trabalho,
para conseguir captar a atenção dos clientes. Temos não há tempo para parar e preparar comida, ou esperar
ainda Times Square, a praça mais emblemática de Nova por uma refeição mais demorada num restaurante!
Iorque. É o grande centro de Nova Iorque, é um sítio onde
70 há mais luz, há mais informação luminosa e é onde se 115 Por falar em comida, o que é que é típico em termos
concentram as grandes salas de espetáculo da Broadway, gastronómicos?
e também por essa razão muitos turistas vão lá – não só Nessas tais bancas de rua de que falei vendem os famosos
pela praça, mas também para assistirem a esses mesmos hot dogs, amendoins, pretzels – que são uma espécie

Identidades culturais | 87
de pão salgado. Se formos a um restaurante americano Street, por exemplo, a renda de um apartamento é sempre
120 típico, podemos comer ovos feitos de todas as maneiras e de 2000 dólares para cima. Claro que depende das zonas.
feitios – cozidos, mexidos, estrelados, omeletes –, e ainda Até o preço dos produtos varia de loja para loja e de zona
hambúrgueres, waffles belgas, tostas, panquecas, bagels… 165 para zona. Em Wall Street, uma garrafa de água é capaz de
custar dois dólares, mas se formos lá mais para cima, para
Como é que se desloca em Nova Iorque? West Side ou Upper East Side, já é menos de metade, é
125 Eu normalmente vou para o emprego de autocarro. uma diferença exorbitante. Para assistir a um espetáculo
Não tenho carro, portanto desloco-me sempre de na Broadway também não é barato. Os bilhetes podem ir
transportes públicos. Aliás, Nova Iorque é das cidades 170 dos 35 dólares até aos 200 ou 300.
que mais aposta em transportes públicos, portanto
é raro a pessoa ter o seu próprio veículo. Há sempre Estando em Nova Iorque há tanto tempo, tem alguma
130 autocarros a circular para todo o lado, há milhares recomendação para quem venha aqui pela primeira
de táxis e temos ainda o metro. Andar de autocarro vez, para minimizar as despesas?
em Nova Iorque é uma das maneiras mais fáceis de 175 Claro que há algumas formas de cortar nas despesas,
locomoção. Para ir para outras cidades, a melhor opção e que quem chega pela primeira vez desconhece. Por
é o comboio, dependendo da distância, obviamente. exemplo, há pouco falei dos preços dos bilhetes para se
135 A Grand Central Station ainda hoje é um dos maiores assistir a espetáculos da Broadway. Uma forma de não pagar
centros de entrada e saída de nova-iorquinos. Se não tanto é comprar os bilhetes no próprio dia do espetáculo,
me engano, são cerca de dois milhões de pessoas que 180 porque os bilhetes que sobram são normalmente vendidos
por aí passam diariamente. ao desbarato, muitas vezes com um desconto de 50%.
Obviamente que se as pessoas vêm a Nova Iorque por
140 Como é um domingo típico em Nova Iorque? pouco tempo e querem mesmo ver um espetáculo em
Um domingo típico será passar o dia em Central Park. particular não podem fazer isso, pois arriscam-se a que não
Fazer um piquenique com os amigos ou com a família, 185 haja bilhetes. Outra forma de poupar dinheiro é visitar a
passear junto aos lagos, praticar desporto ou fazer outra cidade num autocarro normal, cujo bilhete custa cerca de
atividade coletiva. Existem sítios para jogar basebol, há 2,50 dólares, em vez de apanhar um autocarro turístico,
145 campos de futebol, há campos com areia para jogar vólei, que fica caríssimo, entre 40 e 50 dólares para dar uma
há sempre pessoas a fazer acrobacias com os seus patins, volta, e o que se vê é praticamente a mesma coisa.
pessoas que trazem equipamento de som, artistas que 190
mostram as suas habilidades, e as pessoas que passam Para finalizar, há alguma informação que considere
vão-se juntando à volta para assistir, ou para dançar. Há útil para quem visita Nova Iorque pela primeira vez,
150 sempre muita animação, muita alegria coletiva. e que possa evitar alguma situação embaraçosa ou
menos positiva?
Quais são, para si, as desvantagens de viver em Nova Iorque? 195 Deixe-me ver… Ah, sim. Em relação às gorjetas.
Talvez o clima de insegurança que se sente. Na minha Normalmente dá-se 15 a 20% do valor do produto ou do
opinião, é uma cidade segura, as ruas são seguras, serviço, e quem não paga essa quantia fica muito mal visto.
155 de um modo geral. Felizmente, nunca tive problema O próprio empregado persegue a pessoa para perguntar:
nenhum nesse sentido. Mas os ataques terroristas do “O que é que aconteceu, não gostou do serviço?”. Nos
11 de setembro deixaram uma cicatriz muito grande no 200 táxis, por exemplo, dá-se mais um ou dois dólares.
sentimento de segurança dos nova-iorquinos. Quem Bem, penso que chegámos ao fim desta entrevista.
vive aqui tem de lidar com essa ameaça latente. Quer acrescentar alguma coisa?
160 Outra grande desvantagem é o elevado custo de vida. As Só que é uma cidade realmente com uma dinâmica
rendas, de uma forma geral, são muito caras. Em Wall própria. Quando se entra, já não se consegue sair!
(texto baseado no documentário Portugueses pelo Mundo – Nova Iorque)

88 | Vida cultural
Sobre o texto
1. Na introdução da entrevista, é dito que Ana Patrício “Chegou a Nova Iorque há dois anos e meio com a mala
numa mão e um sonho na outra.” (l. 1)
1.1. Que sonho era esse?

2. Na 1.ª página da entrevista, surgem três expressões vulgarmente utilizadas para designar a cidade de Nova Iorque.
2.1. Transcreva essas três expressões.
2.2. Com base nas informações fornecidas nesta entrevista, explique por que motivo cada uma destas
expressões se aplica a Nova Iorque.

3. Ao longo da entrevista, são referidos alguns locais/ pontos turísticos da cidade de Nova Iorque.
3.1. De acordo com as informações fornecidas no texto, faça a legenda das figuras abaixo, identificando os
seguintes locais de interesse: West Village; Bolsa de Nova Iorque; 5.ª Avenida; Times Square; Estátua da
Liberdade; Empire State Building; Central Park; Grand Central Station.

(a) (b) (c) (d)

(e) (f) (g) (h)

4. Retire do texto as seguintes informações, respondendo sob a forma de tópicos:


a) as 4 características de Nova Iorque que mais impressionaram a entrevistada;
b) os 5 meios de transporte disponíveis em Nova Iorque que Ana Patrício mencionou;
c) os 3 desportos com locais próprios para serem praticados no Central Park;
d) as 2 desvantagens de viver em Nova Iorque, na opinião de Ana;
e) as 2 sugestões avançadas pela entrevistada para um turista poupar dinheiro em Nova Iorque.

5. Atente na frase “Nova Iorque é a casa de toda a gente e não é a casa de ninguém” (ll. 98-99).
5.1. Explique o significado desta frase.

Identidades culturais | 89
Para além do texto
1. Responda às seguintes questões.
a) Que aspetos relativos a Nova Iorque, mencionados na entrevista, já conhecia/ ficou a conhecer?
b) Das zonas referidas (Soho, West Village, Wall Street, 5.ª Avenida, Times Square, Central Park), com qual se
identifica mais? Porquê?
c) De todos os locais e monumentos referidos, quais gostaria mais de visitar?
d) Que aspetos considerou menos positivos?
e) A zona onde vive é muito diferente de Nova Iorque? Quais as principais diferenças?

2. A entrevistada menciona os seguintes produtos alimentares: hot dogs, amendoins, pretzels, ovos cozidos,
ovos mexidos, ovos estrelados, omeletes, hambúrgueres, waffles belgas, tostas, panquecas e bagels.
2.1. Legende as imagens, identificando cada um destes produtos alimentares.

(a) (b) (c) (d)

(e) (f) (g) (h)

(i) (j) (k) (l)

2.2. Relacione a citação abaixo com o que é dito na entrevista sobre os hábitos alimentares dos nova-iorquinos.

As sociedades modernas, nomeadamente a partir das últimas décadas do século passado, são sociedades
altamente competitivas, que se movimentam a um ritmo frenético, em que o homem parece estar numa
permanente luta contra o tempo.
Consequência natural destas transformações sociais, a nível da alimentação, são as várias soluções
encontradas, entretanto, pelo homem, com o fito de gastar o menos tempo possível a alimentar-se,
recorrendo a soluções várias, desde o “comer em pé” ou o “comer qualquer coisa”, sentado a um balcão ou
a uma mesa de café, até à opção pela compra de refeições pré-cozinhadas, fabricadas em série, práticas e
rápidas, que basta aquecer num forno elétrico ou no micro-ondas. Entrámos, assim, no domínio da chamada
fast-food.
Joaquim Castanho, http://www.gastronomias.com/cronicas/gastronomia-sociedade.html

90 | Vida cultural
2.3. Refira-se aos hábitos alimentares comuns na sua região, comparando-os com os retratados na entrevista
e na citação anterior.

3. Sistematize as principais características da Entrevista, completando as frases seguintes com as palavras/


expressões abaixo apresentadas.
comunicação social | Conclusão | consulta | contacto direto | diálogo | entrevistado | entrevistador |
escrita | guião | informações | Introdução | nível sociocultural | oral | ordem lógica | Questionário |
reprodução | trabalho prévio | variadas | vocabulário

• A Entrevista consiste numa conversa entre duas ou mais pessoas (o (a) eo (b) ), cujo objetivo é
obter mais (c) sobre uma determinada pessoa, uma atividade, um ponto de vista, etc.
• Trata-se de um texto muito utilizado na (d) , nas suas vertentes (e) (rádio, televisão) e (f)

(imprensa), por criar a impressão de um (g) entre o público/ leitor e o entrevistado.


• A realização de uma entrevista pressupõe um (h) de preparação sobre o tema/ personalidade em
questão, nomeadamente através da (i) de livros, dicionários, enciclopédias, páginas de Internet, etc.
• As perguntas, preparadas previamente através da elaboração de um (j) , deverão atender aos
seguintes princípios:
>>obedecer a uma (k) (a qual poderá ser, contudo, ajustada à medida que a entrevista se desenrola);
>>serem adequadas ao (l) e à idade do entrevistado, assim como à situação em que decorre a
entrevista (momento e lugar);
>>utilizar um (m) claro, acessível e rigoroso;
>>serem (n) , mas evitando as perguntas fechadas (cuja resposta seja “sim”, “não” ou “talvez”), de
forma a levar o entrevistado a desenvolver o tópico em causa, de acordo com os objetivos estipulados
para a entrevista.
• No caso da entrevista impressa, o (o) mantido entre o entrevistador e o entrevistado é passado o mais
fielmente possível para um registo escrito, através da (p) das suas palavras em discurso direto ou indireto,
podendo também ser acompanhadas de breves descrições e/ou comentários pessoais do entrevistador.
• Normalmente, a entrevista de imprensa apresenta a seguinte estrutura:
>> (q) – uma espécie de lead, que pode referir, por exemplo, o nome do entrevistado, o local, o motivo
da entrevista e outros elementos considerados importantes;
>> (r) – conjunto de perguntas e respostas da entrevista;
>> (s) – última pergunta/ resposta, que fecha a entrevista; ou, mais raramente, um breve comentário
do jornalista sobre o tópico em análise.

Identidades culturais | 91
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Modo condicional

O modo condicional compreende duas formas: o condicional simples e o condicional composto.


O condicional simples pode ser utilizado nos seguintes contextos:
1.  Quando a situação expressa é passada, mas posterior a outra situação passada:
>>A Ana e os amigos prepararam de manhã a comida que levariam para o piquenique.

2. Quando o enunciador considera que a situação enunciada depende de determinada condição para se
realizar, condição essa que não se verifica ou que é encarada como improvável. Essa situação é perspetivada
no seu decurso e pode ser passada, presente ou futura, sendo sempre simultânea ou posterior à condição
de que depende para se realizar:
>>Se eu tivesse visitado a cidade num autocarro turístico, pagaria muito mais. (passado)
>>Se a Ana tivesse carro, não precisaria de andar de transportes públicos. (presente)
>>Se os pais da Ana a visitassem nas próximas férias, ficariam alojados em casa dela. (futuro)
Nota: em registos menos formais (sobretudo na oralidade, mas também na escrita), o condicional simples é
frequentemente substituído pelo pretérito imperfeito do indicativo:
>>Se eu tivesse visitado a cidade num autocarro turístico, pagava muito mais.
>>Se a Ana tivesse carro, não precisava de andar de transportes públicos.
>>Se os pais da Ana a visitassem nas próximas férias, ficavam alojados em casa dela.

3. Para exprimir incerteza quanto a factos passados perspetivados no seu decurso:


>>A Ana teria 29 anos quando chegou a Nova Iorque.

4. Para exprimir um desejo ou fazer um pedido de modo delicado:


>>Poderia dizer-me onde fica a Grand Central Station?

O condicional composto pode ser utilizado nos seguintes contextos:


1. Quando o enunciador considera que a situação enunciada depende de determinada condição para se
realizar, condição essa que não se verificou. Essa situação é passada e perspetivada como concluída, sendo
sempre simultânea ou posterior à condição de que depende para se realizar:
>>Se a Ana não tivesse experiência em hotelaria, não teria conseguido este emprego. (passado)
Nota: em registos menos formais (sobretudo na oralidade, mas também na escrita), o condicional composto
é frequentemente substituído pelo pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo:
>>Se a Ana não tivesse experiência em hotelaria, não tinha conseguido este emprego.

2. Para exprimir incerteza quanto a factos passados e perspetivados como concluídos:


>>A Ana já teria ido a várias entrevistas de emprego antes de ser chamada para este hotel.

92 | Vida cultural
Exercícios
1. Complete as seguintes frases, colocando no condicional simples ou composto os verbos fornecidos,
conforme o contexto.
a) Ana Patrício preparou cuidadosamente a entrevista que (fazer) no dia seguinte.
b) A Ana (fazer) uma visita guiada ao entrevistador, se tivesse tido tempo.
c) Se tivessem vindo mais cedo, (encontrar) a Ana a trabalhar.
d) Os nova-iorquinos (ser) mais saudáveis se não comessem tanta fast-food.
e) Por favor, (poder) dizer-me a que horas começam as visitas à Estátua da Liberdade?
f) Se nós tivéssemos lido esta entrevista antes de marcar as férias para Bali, (escolher) outro destino.
2. Substitua as formas verbais sublinhadas por outras de sentido equivalente.
a) Daríamos tudo para conhecer Nova Iorque.
b) Se a Ana não tivesse arriscado, não teria conseguido.
c) Já viste o que terias perdido se não me tivesses vindo visitar?
d) A minha mãe adoraria assistir a um espetáculo na Broadway.

GRUPO C

LEITURA
Leia atentamente o seguinte excerto.

De regresso a Luar-do-Chão
1 A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência.
A bordo do barco que me leva à Ilha de Luar-do-Chão não é senão a morte que me vai ditando suas ordens.
Por motivo de falecimento, abandono a cidade e faço a viagem: vou ao enterro de meu Avô Dito Mariano.
(…) No Avô Mariano confirmo: morto amado nunca mais pára de morrer.
5 Meu Tio Abstinêncio está encostado na amurada, fato completo, escuro envergando escuridão. A gravata
cinza semelha uma corda ao despendurão num poço que é o seu peito escavado. (…)
Abstinêncio é o mais velho dos tios. Daí a incumbência: ele é que tem que anunciar a morte de seu pai,
Dito Mariano. Foi isso que fez ao invadir o meu quarto de estudante na residência universitária. Sua aparição
me alertou: há anos que nada fazia Tio Abstinêncio sair de casa. Que fazia ali, após anos de reclusão? Suas
10 palavras foram mais magras que ele, a estrita e não necessária notícia: o Avô estava morrendo. Eu que viesse,
era o pedido exarado pelo velho Mariano. Abstinêncio me instruiu: rápido, fizesse a mala e embarcássemos
no próximo barco para a nossa Ilha. (…)
A vontade é de chorar. Mas não tenho idade nem ombro onde escoar tristezas. Entro na cabina do barco
e sozinho-me num canto. Não importa o rebuliço nem os ruídos coloridos das vendedeiras de peixe. Minha
15 alma balouça, mais murcha que a gravata do Tio. Houvesse agora uma tempestade e o rio se reviravirasse,
em ondas tão altas que o barco não pudesse nunca atracar, e eu seria dispensado das cerimónias. Nem a

Identidades culturais | 93
morte de meu Avô aconteceria tanto. (…) Mas não, a morte,
essa viagem sem viajante, ali estava a dar-nos destino. E
eu, seguindo o rio, eu mais minha intransitiva lágrima. (…)
20 Na praia esperam-nos. É a família, quase completa. Os homens
à frente, pés banhados pelo rio, acenam-nos. As mulheres atrás,
braços de umas cruzando braços de outras como que segurando
um só corpo. Nenhuma delas me olha no rosto.
Quando me dispunha a avançar, o Tio me puxa para trás,
25 quase violento. Ajoelha-se na areia e, com a mão esquerda,
desenha um círculo no chão. Junto à margem, o rabisco
divide os mundos – de um lado, a família; do outro, nós, os chegados. Ficam todos assim, parados, à espera.
Até que uma onda desfaz o desenho na areia. Olhando a berma do rio, o Tio Abstinêncio profere:
– O Homem trança, o rio destrança.
30 Estava escrito o respeito pelo rio, o grande mandador. Acatara-se o costume. Só então Abstinêncio e meu
pai avançam para os abraços. Voltando-se para mim, meu tio autoriza:
– Agora, sim, receba os cumprimentos!
Nada demora mais que as cortesias africanas. Saúdam-se os presentes, os idos, os chegados. Para que nunca
haja ausentes. Palavras que apertam tanto quanto o entrecruzar de braços das mulheres que nos esperam. (…)
35 Por fim, avisto a nossa casa grande, a maior de toda a Ilha. Chamamos-lhe Nyumba-Kaya, para satisfazer
familiares do Norte e do Sul. «Nyumba» é a palavra para nomear «casa» nas línguas nortenhas. Nos idiomas
do Sul, casa se diz «kaya».
Mesmo ao longe, já se nota que tinham mandado tirar o telhado da sala. É assim, em caso de morte. O luto
ordena que o céu se adentre nos compartimentos, para limpeza das cósmicas sujidades. A casa é um corpo
40 – o tecto é o que separa a cabeça dos altaneiros céus. (…)
No quintal e no interior da casa tudo indicia o enterro. Vive-se, até ao detalhe, a véspera da cerimónia. Na
casa grande se acotovelam os familiares, vindos de todo o país. (…)
Paramos à porta do quarto da Avó Dulcineusa. (…)
Entramos, nos respeitos. A Avó está sentada no cadeirão alto, parece estatuada em deusa. Ninguém é tão
45 vasto, negra em fundo preto. O luto duplica sua escureza e lhe acrescenta volumes. Em redor, como se fora
um presépio, estão os filhos: meu pai, Abstinêncio e Ultímio, que acaba de entrar. (…)
– Seu Avô queria que você comandasse as cerimónias.
Meu pai se levanta, incapaz de se conter. Abstinêncio o puxa para que se volte a sentar, em calada
submissão. No rosto de meus tios disputam zanga e incredulidade. O Avô terá mesmo dito que eu iria
50 exercer as primazias familiares? Que eu seria chefe de cerimónia, sabendo que isso era grave ofensa contra
a tradição? Havia os mais-velhos, com mais competência de idade. (…)
– É aqui onde escondo as chaves todas da Nyumba-Kaya. Você vai guardar estas chaves, Mariano.
Faço menção de me desviar do encargo. Como podia aceitar honras que competiam a outros? Mas
Dulcineusa não cede nem concede.
55 – Tome. E guarde bem escondido. Guarde esta casa, meu neto!

94 | Vida cultural
Estendeu-me o braço para que eu recolhesse o molho de chaves. E eu, boca fechada, aceitando os comandos de
minha Avó. (…) A Avó se acanhava com esse sentimento fundo e antigo, um medo fundado no que ela já vira e agora
adivinhava repetir-se. Que outros da nossa família viriam disputar os bens, reclamar heranças, abutrear riquezas.
Mia Couto, Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, Caminho

Vocabulário
amurada (l. 5): parte inferior da borda de um barco que serve de parapeito; envergando (l. 5): vestindo; incumbência (l. 7): encargo,
missão, tarefa; estrita (l. 10): incisiva, mínima, reduzida ao essencial; exarado (l. 11): proferido, feito; rebuliço (l. 14): agitação, alvo-
roço, confusão, balbúrdia; atracar (l. 16): chegar ao destino e parar (verbo usado para embarcações); intransitiva (l. 19): persistente,
presa; Acatara-se (l. 30): Respeitara-se, Seguira-se; cósmicas (l. 39): relativas ao universo; altaneiros (l. 40): altos, distantes; incre-
dulidade (l. 49): choque, dificuldade em acreditar que determinada situação é real; primazias (l. 50): honras; encargo (l. 53): tarefa,
missão; se acanhava com (l. 57): se retraía com, era dominada por.

1. Atente nas seguintes palavras: “cinza” (l. 6); “sozinho-me” (l. 14); “se reviravirasse” (l. 15); “abutrear” (l. 58).
1.1. Para cada palavra, indique o processo de formação de palavras que está na sua origem, de entre as
seguintes possibilidades: derivação por sufixação; truncação; composição morfossintática.
1.2. Identifique as palavras que entraram na formação de cada um destes vocábulos.

Sobre o texto
Atente nos primeiros cinco parágrafos deste excerto.
1. Atendendo a que o narrador deste texto – aquele que relata os acontecimentos – é, simultaneamente, a
personagem principal da narrativa, responda às questões.
1.1. Indique onde se dirige o narrador.
1.2. Refira o motivo que o leva a realizar esta viagem.
1.3. Indique como se desloca.
1.4. Identifique quem o acompanha na viagem.
1.5. Indique o local de onde parte.

2. O acontecimento que motivou a deslocação do narrador reflete-se na caracterização das personagens.
2.1. Justifique esta afirmação, referindo-se à caracterização física de Tio Abstinêncio e à caracterização
psicológica do narrador.

3. O narrador formula um desejo.


3.1. Explicite-o.
3.2. Explique por que motivo o narrador formula esse desejo.

4. Transcreva uma expressão com sentido equivalente a “a morte (…) ali estava a dar-nos destino” (ll. 17-18).

5. Explique, por palavras suas, o significado das frases/ expressões que se seguem.
a) “A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência.” (l. 1)
b) “morto amado nunca mais pára de morrer.” (l. 4)
c) “a morte, essa viagem sem viajante” (ll. 17-18)

Identidades culturais | 95
Releia o texto desde o 6.º parágrafo até ao 11.º parágrafo.
6. Na linha 30, é dito “Acatara-se o costume”.
6.1. Refira que costume foi acatado.
6.2. Explique o que esse costume representa.
6.3. Coloque uma hipótese que explique por que motivo o narrador ia avançar logo para os cumprimentos,
sem cumprir primeiro o ritual.

Tendo em conta o texto desde o 12.º parágrafo até ao fim, responda às perguntas.
7. Indique que usos e costumes adotados em caso de falecimento são referidos nesta parte do texto.

8. Esclareça qual o medo que a Avó sente e que a leva a insistir para que o neto guarde a casa.
8.1. Explique o significado do verbo “abutrear” (l. 58), atendendo à palavra de que deriva.

Considere agora o texto na sua totalidade.


9. Na linha 51, o narrador afirma “Havia os mais-velhos, com mais competência de idade”.
9.1. Comprove que, nesta comunidade, as pessoas mais velhas têm mais autoridade e, consequentemente, é
a elas que compete, por norma, o desempenho de muitas tarefas.

10. Trace o percurso feito pelo narrador, atentando nos espaços referidos ao longo do texto.

11. Existe, na narrativa, uma interrupção na sequência temporal dos acontecimentos para introduzir um
acontecimento anterior.
11.1. Identifique esse acontecimento anterior.
11.2. Refira que tempos verbais assinalam esse retrocesso temporal, apresentando exemplos.

12. Identifique as personagens referidas neste excerto, explicitando as relações familiares que as unem.

13. Identifique a figura de retórica presente na frase “A morte é como o umbigo” (l. 1).
13.1. Transcreva outras passagens do excerto que também recorrem a esta figura de retórica, e que se referem
aos seguintes assuntos:
a) caracterização física do Tio Abstinêncio;
b) forma como o Tio Abstinêncio se expressa;
c) estado de espírito do narrador;
d) postura física de algumas pessoas que os esperam na praia;
e) cumprimentos entre os familiares, na praia;
f) caracterização física da Avó Dulcineusa;
g) disposição física das pessoas presentes no quarto da Avó.
13.1.1. Destaque os elementos linguísticos que, em cada uma das frases transcritas, estabelecem a relação
de semelhança (ex.: “como”, em “A morte é como o umbigo”).

96 | Vida cultural
Para além do texto
1. Responda às seguintes questões:
>>Na sua região, são praticados alguns dos costumes mencionados no texto? Quais?
>>Que outros costumes são praticados na sua terra, em caso de falecimento?
>>Que crenças existem relativamente à vida depois da vida?

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Campo lexical e campo semântico

Estruturas lexicais
Campo lexical é um conjunto de palavras cujos significados estão relacionados, pertencendo a um
determinado domínio de referência.
Por exemplo, no texto analisado anteriormente, são utilizadas muitas palavras que pertencem ao mesmo
campo lexical, relacionado com a morte:
>>“morte” (l. 1); “falecimento” (l. 3); “enterro” (l. 3); “morto” (l. 4); “morrer” (l. 4); “luto” (l. 45)

O campo semântico de uma palavra consiste no conjunto dos diferentes significados que essa palavra pode
adquirir de acordo com o contexto em que é usada.
Por exemplo, os seguintes significados pertencem ao campo semântico da palavra casa:
Exemplos Significados
“Por fim, avisto a nossa casa grande, a maior de toda a Ilha.” nome genérico de todas as construções
(l. 35) destinadas a habitação
Moras numa casa ou num apartamento? construção destinada a uma única
unidade de habitação; = moradia, vivenda
Fazem entregas em casa? Se não fizerem, não temos como local de habitação; = domicílio, lar,
transportar os móveis. morada, residência
O espetáculo teve casa cheia; não havia uma única cadeira lotação de um estabelecimento comercial,
vazia. geralmente de diversão ou espetáculo
A equipa da casa é a favorita para a partida de futebol desta local ou instalação que se considera
noite. pertença de algo ou alguém
Calhou 4 no dado, por isso tens de andar 4 casas no tabuleiro cada uma das divisões em tabela,
com a tua peça. tabuleiro, tabuada, mapa, etc.
Cosi mal o botão. Agora não entra na casa certa da camisa. abertura onde entra um botão de roupa
Não sei ao certo a idade dele, mas deve andar na casa dos 40. número arredondado

Exercícios
1. Transcreva, do texto “De regresso a Luar-do-Chão”, cinco palavras/ expressões que pertençam ao mesmo
campo lexical, relacionadas com os seguintes conceitos:
a) corpo (humano); d) família;
b) barco; e) cumprimentos;
c) rio; f) casa.

Identidades culturais | 97
2. Nas linhas 39 e 40, o narrador diz que “A casa é um corpo – o tecto é o que separa a cabeça dos altaneiros céus”.
Os dois exercícios seguintes abordam vários significados que pertencem ao campo semântico da palavra ‘cabeça’.
2.1. Estabeleça a correspondência entre as definições da palavra ‘cabeça’ e as frases que exemplificam os
significados apresentados.
Definições Frases
1. Parte do corpo humano que assenta no pescoço. a) A cabeça do prego tem de ficar rente à tábua.
2. A parte da cabeça que, no estado normal, é b) A minha mãe levava um lenço na cabeça.
coberta de cabelo.
3. A parte da cabeça que fica no interior do crânio. c) A visita de estudo fica a cinco dólares por cabeça.
4. Parte superior ou anterior do corpo de um d) Dói-me a cabeça.
animal.
5. Parte superior e mais grossa de um objeto. e) Hoje vou fazer sopa de cabeça de peixe.
6. Conjunto de alhos que crescem no mesmo f) Não sei onde deixei as chaves. Ai, esta cabeça!
bolbo.
7. Pessoa. g) Não tenho cabeça para continuar a ouvir-te.
8. Animal. h) Preciso de uma cabeça de alho para a sopa.
9. Juízo, tino, bom senso. i) Vendeste o anel? Não tens cabeça nenhuma!
10. Memória. j) Virem a cabeça lentamente para a esquerda.
11. Paciência. k) Só me restaram dez cabeças de gado.
2.2. O campo semântico da palavra ‘cabeça’ inclui muitas expressões idiomáticas.
2.2.1. Faça corresponder a cada expressão idiomática o seu significado.
Expressões idiomáticas Significados
1. agir de cabeça quente a) agir impulsivamente, sem pensar
2. atirar-se de cabeça b) perder o temperamento; agir impulsivamente
3. cabeça de cartaz c) artista mais importante de um espetáculo
4. cabeça de lista d) com orgulho, sem motivo para ter vergonha
5. cabeça de vento e) convencer-se, cismar, teimar; decorar, fixar
6. com cabeça f) de forma refletida, pensada
7. dar cabo da cabeça (de alguém) g) discutir com alguém, fazendo ver que não tem razão
8. de cabeça erguida h) envolver-se em algo sem medir as consequências
9. dos pés à cabeça i) estar à frente ou no topo de
10. estar à cabeça de j) estar mentalmente cansado
11. manter a cabeça fria k) não se enervar
12. meter na cabeça l) não ter lógica, ser um disparate
13. não sair da cabeça m) pessoa distraída, esquecida
14. não ter pés nem cabeça n) pessoa que está em primeiro lugar numa lista eleitoral
15. passar pela cabeça o) ponderar uma hipótese
16. perder a cabeça p) sentir tonturas; ter muitos problemas por resolver
17. ter a cabeça a andar à roda q) ter como ideia fixa; pensar fixamente em algo
18. ter a cabeça em água r) totalmente

98 | Vida cultural
2.2.2. Complete as frases, utilizando algumas das expressões idiomáticas apresentadas (faça as
alterações necessárias).
a) Ele que ia acabar o curso este ano e conseguiu.
b) As imagens do acidente . Será que algum dia vou conseguir esquecer?
c) Temos de fazer este trabalho , se queremos ter boa nota.
d) O que ela disse é completamente descabido. !
e) Depois de tantas reuniões e problemas na empresa, . Vou chegar a casa e deitar-me.
f) Esqueceste-te dos óculos na escola? És mesmo uma !
g) Já me largar tudo e despedir-me, mas preciso do dinheiro.

ESCRITA
Mistério ao amanhecer
Leia o seguinte excerto, que pertence ao mesmo livro de onde foi retirado o texto analisado anteriormente.

Logo na primeira noite após a sua morte, depositaram Dito Mariano num caixão. Sobre aquela mesma
mesa o encaixotaram, acreditando ter ele superado a última fronteira. (…)
Na manhã seguinte, porém, o corpo apareceu fora do caixão, posto sobre o afamado lençol. Como tinha
saído? A suspeita perpassou para toda a família. Aquela não era uma morte, o comum fim de viagem. O
falecido estava com dificuldade de transitação, encravado na fronteira entre os mundos. A suspeita de
feitiço estava instalada na família e contaminava a casa inteira.
Mia Couto, Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, Caminho

1. Tomando o texto acima como ponto de partida, escreva um texto ficcional no qual inclua:
>>a sequência dos acontecimentos que se seguiram;
>>uma explicação para o facto insólito de o corpo de Dito Mariano ter saído do caixão;
>>um final para esta história.
Dê largas à sua imaginação!

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Sinonímia, antonímia, hiperonímia, hiponímia

Relações semânticas entre palavras


As palavras podem estabelecer entre si diferentes tipos de relações semânticas:
• de sinonímia – relação entre palavras com significado equivalente (sinónimos);
>>“superado” = ‘ultrapassado’; “suspeita” = ‘desconfiança’
• de antonímia – relação entre palavras com significado oposto (antónimos);
>>“seguinte” ≠ ‘anterior’; “fim” ≠ ‘início’

Identidades culturais | 99
• de hiperonímia e hiponímia – relação de hierarquia entre palavras; um hiperónimo consiste num termo
genérico cujo significado inclui o de vários outros (designados de hipónimos).
>>‘fruta’ é hiperónimo de ‘papaia’, ‘manga’, ‘banana’ e ‘coco’
>>‘papaia’, ‘manga’, ‘banana’ e ‘coco’ são hipónimos de ‘fruta’

Exercícios
Atente no excerto apresentado na Atividade de Escrita – “Mistério ao amanhecer”.
1. Refira, com a ajuda de um dicionário, sinónimos dos seguintes vocábulos, retirados do texto:
a) “após”; c) “afamado”;
b) “depositaram”; d) “contaminava”.

2. Identifique, no excerto, antónimos das seguintes palavras:


a) ‘última’; c) ‘sob’;
b) ‘duvidando’; d) ‘entrado’.

3. Preencha os espaços, de forma a obter afirmações corretas.


a) ‘Meio de transporte’ é hiperónimo de , ,e .
b) ‘Amor’, ‘tristeza’, ‘alegria’, ‘inveja’ e ‘carinho’ são hipónimos de .
c) ‘Nacionalidade’ é hiperónimo de , , ,e .

GRUPO D

ESCRITA
Leia o seguinte texto, que consiste na Introdução e na Conclusão de um trabalho de pesquisa sobre costumes timorenses.

Raízes de Timor
1 Introdução
A família é a base estrutural da sociedade timorense. O conceito familiar diverge, contudo, daquele a
que os ocidentais estão habituados. Em Timor-Leste, a família extravasa o âmbito restrito pai, mãe, filhos.
Porque o tio e a tia são também pai e mãe, os seus filhos, no Ocidente apenas primos, aqui em Timor-Leste
5 são também considerados irmãos. E o mesmo acontece com os irmãos dos avós, os filhos dos primos, numa
interminável sucessão de laços renovados pelo casamento, pelo nascimento, pela morte. (…)
À sombra da família se desenham os destinos de uma comunidade. Primeiro, num espaço restrito que se
vai gradual e ordenadamente alargando, com a adesão de novos membros. Depois, são tantos, tão fortes e
sólidos os laços e os interesses que ligam família a família, aldeia a aldeia, região a região que, rapidamente, o
10 que poderia surgir apenas como solidez no âmbito estreito de uma família se transforma no robustecimento
de uma vasta comunidade harmónica e solidária entre si.
Vindos de tempos imemoriais, os usos reiteradamente postos em prática, obedecendo a determinada
organização baseada numa intrincada sequência de regras em que o dever e o direito são observados com o
máximo rigor, foram-se multiplicando por vários núcleos, ampliaram-se e sedimentaram-se como costumes.

100 | Vida cultural


15 Seguir um determinado costume geração após geração também tem como objectivo criar maior harmonia
social, melhor defesa da comunidade e maior poder económico. A tudo isto se soma necessariamente mais
solidariedade baseada na indispensabilidade de protecção e fortalecimento da estrutura familiar.
Nos bons e nos maus momentos, a família une-se. Em dias de festa e de tristeza. No nascimento como
na morte. Na dor e na alegria. Na guerra como na paz. Se não se dá nada a ninguém, então nada se peça a
20 ninguém. Se a sua condição económica é precária, aí está a família, sempre grande e solidária, a contribuir
para ignorar os efeitos que o compromisso económico-social provoca no elemento mais fraco. (…)
Os costumes estendem-se por todo o país mas diferem nos seus pormenores de região para região.
Assente é que, embora haja nuances, os costumes são observados por todo país, por toda a comunidade,
independentemente do poder económico e da classe social de cada elemento.
25

Conclusão
Num país como Timor-Leste, frágil, pequeno e conservador, são as
tradições, os hábitos culturais, os usos e os costumes que robustecem
a identidade do país e funcionam como instrumentos necessários
30 para o estabelecimento da ordem sócio-político-económica.
Mas isso já se sabia e já se praticava muito antes de Timor-Leste
existir como país independente. Porque os usos e os costumes,
fundamentais para que qualquer faceta do curso da vida se torne
mais fácil, vêm de tempos muito recuados, dos tempos em que os
35 nossos antepassados criaram formas de alicerçar os laços familiares passando para o enraizamento e a defesa
de um grupo, de um povo, da nação Timor.
Há aspectos que se devem realçar:
• O reconhecimento da importância da mulher na sociedade timorense. É ela que determina a força de
uma família. É dela que nascem os herdeiros. É sempre ela que está no centro das negociações entre clãs
40 diferentes; são os seus ascendentes os destinatários dos bens, numa revelação de respeito que, numa
sociedade de natureza marcadamente patriarcal, (…) é devido à mulher.
• As cerimónias fúnebres podem ainda conduzir ao conhecimento de familiares circunstancialmente mais
afastados ou desconhecidos que, por força da distribuição dos bens recebidos, se aproximarão da família,
com quem inevitavelmente iniciarão o estabelecimento de novos laços.
45 • A concessão de dote aquando do barlake, a reposição e distribuição de bens por ocasião da vida e da morte
são uma prática continuada e exigem a obrigatoriedade do seu cumprimento. Todos obedecem, cientes de
que darão hoje e receberão amanhã; pedirão agora mas serão depois recompensados.
• Com a constante renovação de atribuição de bens fica assegurado o bem-estar familiar e a sua estabilidade
económica; qualquer um dos pontos acima descritos exemplifica como se contribui para a melhoria
50 económica e social e para o aumento substancial do património familiar.
• A concepção parental timorense de feto san umane alarga e enriquece o conceito de família. Casa a casa, a
família alarga-se ao povoado, à região. Passo a passo, os interesses primeiros de uma só casa são agora, pela
prática continuada de renovação de laços através do nascimento, do casamento e da morte, os interesses do
povo, todo ele parente próximo ou distante da mesma família.
55 Como fruto de interesses e hábitos comuns repetidos e observados secularmente de forma organizada e
ordenada temos o Costume. Com a mesma língua, a mesma cultura, o mesmo passado, a mesma História e a

Identidades culturais | 101


mesma terra, os membros de uma/ várias famílias, unidos pela construção de um futuro melhor, consideram-
-se um só Povo, pertencem a uma Pátria de uma Nação cuja alma está simbolizada em cada belak de ouro
guardado religiosamente na casa sagrada, em cada relíquia de mulher, geradora de novo ser humano, do
60 novo ser timorense do futuro.
Ângela Carrascalão, “Timor”, 17-19/12/2006, http://timor2006.blogspot.com (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
extravasa (l. 3): excede; âmbito (l. 3): esfera, contexto; sucessão (l. 6): sequência; robustecimento (l. 10): fortalecimento, consolidação;
reiteradamente (l. 12): repetidamente; intrincada (l. 13): complexa; sedimentaram-se (l. 14): consolidaram-se, estabeleceram-se; indis-
pensabilidade (l. 17): necessidade absoluta; precária (l. 20): frágil; Assente é que (l. 23): Certo é que; nuances (l. 23): variações, ligeiras
diferenças; faceta (l. 34): aspeto; alicerçar (l. 35): fundar solidamente; enraizamento (l. 35): estabelecimento, consolidação; de natureza
marcadamente patriarcal (l. 41): em que os homens têm mais poder do que as mulheres; fúnebres (l. 42): relativas à morte e aos fune-
rais; circunstancialmente (l. 42): geograficamente; concessão (l. 45): atribuição; dote (l. 45): bens materiais transferidos no âmbito de
um casamento; substancial (l. 50): significativo, grande; relíquia (l. 59): algo precioso, valioso; geradora (l. 59): criadora.

1. Manifeste a sua opinião e partilhe a sua experiência pessoal com a turma, oralmente, sobre as ideias presentes
nos seguintes excertos do texto, tendo em conta o contexto em que surgem.
a) “Em Timor-Leste, a família extravasa o âmbito restrito pai, mãe, filhos.” (l. 3)
b) “Nos bons e nos maus momentos, a família une-se. Em dias de festa e de tristeza. No nascimento como na
morte. Na dor e na alegria. Na guerra como na paz.” (ll. 18-19)
c) “Os costumes estendem-se por todo o país mas diferem nos seus pormenores de região para região.” (l. 22)
d) “Num país como Timor-Leste, frágil, pequeno e conservador, são as tradições, os hábitos culturais, os
usos e os costumes que robustecem a identidade do país e funcionam como instrumentos necessários para o
estabelecimento da ordem sócio-político-económica.” (ll. 27-28)
e) “O reconhecimento da importância da mulher na sociedade timorense.” (l. 38)

2. Propõe-se agora que, em grupos, sejam elaborados textos que constituirão a secção intermédia (ou seja, o
Desenvolvimento) do trabalho de pesquisa a que pertence o texto apresentado acima. Para tal, deverá realizar
as atividades que se seguem, em conjunto com os restantes elementos do seu grupo.

Preparação
• Selecionar um tema que represente um costume praticado em Timor-Leste ou um aspeto relativo à organização
social timorense. Alguns exemplos de temas são: o nascimento; o batismo; o barlake; o casamento; o fetosan
umane; o tara bandu; as cerimónias fúnebres; o mate ulun; o toli mate; a casa sagrada; …
• Procurar informações sobre o tema selecionado em diversas fontes: em livros, na Internet, junto de familiares.
• Partilhar com o grupo as informações reunidas.
• Definir a estrutura do texto, anotando num papel os tópicos a abordar e a ordem pela qual serão abordados.
• Selecionar citações interessantes/ relevantes para incluir no texto.
• Escolher imagens para ilustrar o texto.

Textualização
• Redigir o texto, com o mínimo de uma página e o máximo de duas páginas, de acordo com a estrutura definida

102 | Vida cultural


previamente e utilizando as citações selecionadas. Se necessário, reformular a estrutura, assim como alterar
a escolha de citações a incluir.
• Elaborar a lista das referências bibliográficas consultadas.

Revisão
• Rever o texto em grupo e fazer as reformulações necessárias.
• Mostrar o texto ao professor, que o irá comentar; e reformular o texto de acordo com as sugestões do professor.
• Finalmente, passar o texto a limpo (a computador ou à mão), inserindo as imagens selecionadas anteriormente
(devidamente legendadas) ao lado das passagens do texto que as enquadram.

ORALIDADE
Costumes timorenses
Apresente oralmente o trabalho que realizou anteriormente.

Preparação
1. Em grupo, planeie formas de tornar a sua apresentação mais interessante:
• Que objetos posso utilizar para ilustrar o que vou dizer? Exemplos: belaks, velas, alimentos, fotografias,
imagens de revistas ou da Internet, …
• Existe alguma canção característica do ritual a que me vou referir?
• Posso simular, em grupo, uma parte do costume que quero apresentar?
• De que forma posso interagir com o público durante a apresentação? Exemplo: pedir a um elemento do
público que participe numa simulação; fazer perguntas ao público.

2. Em grupo, definam o que cada elemento irá apresentar e de que forma.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Nome: subclasses; flexão em grau

Subclasses do nome
Existem duas subclasses principais em que se podem dividir os nomes:
>>nomes próprios: referem-se a um ser ou entidade único e individualizado; escrevem-se sempre com letra
maiúscula. Ex.: “Timor-Leste” (l. 3); ‘João’.
>>nomes comuns: designam seres, objetos ou realidades de forma não individualizada. Ex.: “casa” (l. 51);
“bem-estar” (l. 48); “família” (l. 3).

Os nomes comuns podem ser:


>>contáveis: referem algo que pode ser enumerável, pelo que admitem plural. Ex.: ‘casa’.
>>não contáveis: referem uma realidade na qual não é possível distinguir partes, pelo que, à partida, não
admitem plural. Ex.: ‘bem-estar’/ *’bem-estares’.

Identidades culturais | 103


>>coletivos: no singular, referem um conjunto de seres ou entidades. Ex.: ‘família’.

Os nomes comuns coletivos também podem ser contáveis (ex.: ‘família’/ ‘famílias’) ou não contáveis (ex.:
‘fauna’/ *’faunas’).
NOTAS:
• A oposição ‘contável’/ ‘não contável’ não é estanque, pois pode depender do contexto em que os nomes surgem. Ex.: “Comi duas
maçãs.” (contável) / “Comi maçã à sobremesa.” (não contável)
• Alguns nomes não contáveis podem ser enumerados através do recurso a determinadas expressões; é sobre essas expressões que
recai a marca de plural. Ex.: “Comi arroz.” / “Comi uma colher de arroz.” / “Comi duas colheres de arroz.”

Flexão do nome em grau


Os nomes podem variar em grau, havendo duas possibilidades:
>>grau aumentativo: pode intensificar o significado do nome (ex.: ‘trabalhão’ = muito trabalho), expressar a
ideia de grandeza (ex.: ‘casarão’ = casa muito grande) ou transmitir um sentido depreciativo (ex.: ‘carantonha’
= cara feia). Sufixos mais comuns: -ão, -zão, -onha, -orra, -arra.
>>grau diminutivo: pode exprimir a ideia de pequenez (ex.: ‘mesinha’ = mesa pequena), transmitir afeto
(ex.: ‘mãezinha’ = querida mãe) ou menosprezo (ex.: ‘livreco’ = livro sem importância). Sufixos mais comuns:
-inho, -zinho, -ito, -zito, -eco.

Exercícios
1. Leia o seguinte excerto.

O pão, um alimento milenar, básico na maior parte do mundo, é feito de milho no México, de aveia
ou cevada na Escócia, de centeio, trigo ou cevada na Alemanha, Rússia e Escandinávia, de trigo nos
Estados Unidos e no Canadá, e de uma mistura de milho e trigo no Brasil, sendo que, em algumas
regiões brasileiras, pode-se encontrar o pão de trigo puro.

1.1. Transcreva os 8 nomes próprios.


1.2. Transcreva os 6 nomes comuns contáveis.
1.3. Transcreva os 5 nomes comuns não contáveis.

2. Relativamente a cada um dos nomes comuns coletivos que se apresentam, refira que tipo de conjunto
cada um designa (ex.: ‘fauna’ – conjunto de espécies animais).
a) arquipélago;
b) cacho;
c) cardume;
d) constelação;
e) elenco;
f) manada;
g) matilha.

104 | Vida cultural


PRÁTICA DE LÍNGUA

Leia o seguinte texto.

O Gen Verde
1 Foi em 1966 que se formou o Gen Verde. Passaram quatro décadas desde que 129 jovens de 29 nações
deram corpo a uma mesma ideia: “contribuir para a construção de um mundo mais unido” através da arte,
em particular da música, da dança e do teatro. O que resulta do trabalho do grupo é, naturalmente, reflexo
da variedade de culturas, de tradições e de formação de cada uma das artistas que integra o projeto. Uma
5 variedade que, porém, não se revela na afirmação da diferença mas na “aceitação da diferença” – como o
grupo sublinha – já que “no trabalho coletivo e na vida quotidiana descobrem-se elementos que unem as
várias culturas, desencadeando um processo irreversível de integração”.
Atualmente, as 24 artistas do Gen Verde vêm de 13 países. O grupo tem na variedade de linguagens
expressivas e de estilos uma forte característica do trabalho que desenvolve. As artistas preferem, no entanto,
10 apresentar como elemento essencial do projeto uma estimulante experiência coletiva de vida e de trabalho
criativo, inspirado na espiritualidade do Movimento dos Focolares.
É a partir desta inspiração que se desenvolvem os processos de criação artística no seio do grupo, o que
se traduz em “cultivar e desenvolver os próprios talentos até se conseguir exprimir toda a riqueza interior
de valores e de ideias”. Um esforço que é feito em conjunto e cujo resultado é depois apresentado numa
15 linguagem de música, dança e teatro.
O público, no entanto, tem também a oportunidade de conhecer de perto todo este trabalho. No dia seguinte
aos espetáculos, o Gen Verde organiza encontros e workshops em que se quebram as barreiras entre público e
artistas num espaço de troca de experiências. Momentos em que, por vezes, também se organizam equipas de
música e de dança para permitir um contacto mais direto com o estilo de vida e de trabalho do grupo.
20 No palco do mundo
Os países europeus têm sido palco de boa parte dos 1200 espetáculos que o Gen Verde já realizou, mas as
digressões do grupo já foram muito para além das fronteiras da Europa. Depois de espetáculos no Canadá,
nos Estados Unidos da América, no Brasil, nas Filipinas e na Coreia do Sul, em 2004 o Gen Verde esteve pela
primeira vez no Japão.
25 A viagem ao Extremo Oriente foi uma experiência marcante para as artistas, que tiveram oportunidade de
realizar nove espetáculos por todo o país. Como a comunicação com o público é a principal preocupação do
Gen Verde, o grupo apresenta o espetáculo na língua falada em cada país, o que também aconteceu desta
vez, tendo sido traduzidos para japonês os vários textos e as letras das canções.
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=78779 (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
reflexo de (ll. 3-4): resultado de, consequência de; irreversível (l. 7): que não se pode reverter, que não pode voltar atrás; estimulan-
te (l. 10): que desperta interesse, desafiante, excitante; Movimento dos Focolares (l. 11): movimento religioso de inspiração cristã
fundado em 1943, em Trento, Itália, por Chiara Lubich; seio (l. 12): interior, meio; talentos (l. 13): dons, capacidades; workshops (l.
17) [Inglês]: sessões de curta duração, em que os participantes aprendem uma arte, técnica ou saber de uma forma prática e/ou
através da troca de experiências e conhecimentos; ateliers, oficinas.

 A Sinonímia, antonímia, hiperonímia, hiponímia


1. Transcreva, do 1.º parágrafo, palavras ou expressões sinónimas das seguintes:
a) criou/ constituiu; d) advém/ decorre; g) diária;
b) concretizaram; e) diversidade; h) juntam/ ligam;
c) projeto; f) salienta/ destaca; i) iniciando.

Identidades culturais | 105


2. Transcreva, do 2.º parágrafo, antónimos das seguintes palavras:
a) fraca; b) ocultar; c) acessória; d) individual.

3. Indique os antónimos formados por prefixação das palavras seguintes, retiradas do texto.
a) “unido” (l. 2); b) “expressivas” (l. 9); c) “feito” (l. 14); d) “conhecer” (l. 16);
e) “organiza” (l. 17); f) “encontros” (l. 17); g) “direto” (l. 19).

4. Transcreva do texto todos os hipónimos de:


a) arte; b) países; c) línguas.

5. Refira seis hipónimos do seguinte hiperónimo, retirado do texto: “países europeus” (l. 21).

6. Indique os hiperónimos de:


a) Tétum, Português, Fataluco, Macassae, Inglês, Mandarim;
b) Microlete, biscota, anguna, táxi;
c) Díli, Viqueque, Bobonaro, Baucau, Aileu, Manatuto;
d) Crocodilo, cobra, toke, búfalo, galo, cão.

7. Agrupe os seguintes hipónimos e descubra os hiperónimos que correspondem a cada grupo.


abril dadir domingo Crisódio T. Araújo
babadok Francisco Borja da Costa Fernando Sylvan dezembro
catolicismo islamismo março flauta de bisel
Luís Cardoso outubro protestantismo hinduísmo
sábado terça-feira viola quinta-feira

 B Pronome pessoal: reflexividade e reciprocidade


1. Identifique e classifique os pronomes pessoais reflexos e recíprocos presentes nas seguintes frases.
a) O grupo Gen Verde apresentou-se pela primeira vez em público em 1966.
b) Apesar das diferenças, em termos de nacionalidades, línguas e culturas, os membros do Gen Verde
entendem-se lindamente.
c) O Gen Verde prepara-se para entrar em palco.
d) Os membros do Movimento dos Focolares despedem-se uns dos outros utilizando a expressão “toda a unidade”.
e) O público levantou-se para aplaudir o Gen Verde.

 C Modo condicional
1. Complete as seguintes frases, colocando no condicional simples ou composto os verbos fornecidos, conforme
o contexto.
a) Se tivesse tido companhia, (ir) ao concerto do Gen Verde.
b)  (dever) convidar a Maria para assistir ao próximo concerto, não achas?

106 | Vida cultural


c) Eu não me (importar) de pertencer a um grupo destes.
d) Se soubéssemos que o concerto iria ter tanta afluência, (comprar) os bilhetes com antecedência.

2. Substitua as formas verbais do condicional em cada uma das frases anteriores pelas formas do indicativo equivalentes.

 D Campo lexical

1. Indique, em cada série, a palavra que não pertence ao mesmo campo lexical.
a) dança | artistas | malária | música | bilheteira | público
b) amor | tristeza | ódio | carinho | alface | saudade
c) cabeleireira | ponta de lança | árbitro | baliza | penalti | fora de jogo
d) areia | corais | peixes | maré | pesca | primo
1.1. Identifique a que área/ domínio se refere cada campo lexical.

 E Nome: subclasses

1. Indique a que subclasses pertencem os seguintes nomes, retirados do texto:


a) “Gen Verde” (l. 1); d) “aceitação” (l. 5); g) “público” (l. 16); j) “comunicação” (l. 26).
b) “décadas” (l. 1); e) “integração” (l. 7); h) “equipas” (l. 18);
c) “variedade” (l. 4); f) “Focolares” (l. 11); i) “Filipinas” (l. 23);

2. Complete as seguintes frases com os nomes coletivos adequados.


a) Do Gen Verde fazem parte um (grupo de cantores) e uma (grupo de músicos) multiétnicos.
b) O grupo possui já uma considerável (conjunto de discos).
c) O (conjunto de obras musicais) do Gen Verde é muito diversificado, incluindo músicas dos quatro
cantos do mundo.
d) Uma das características dos espetáculos do Gen Verde é a grande interação que os artistas estabelecem
com a (grupo de espectadores).

 F Nome: flexão em grau


1. Identifique em que grau se encontram os nomes sublinhados nas frases seguintes.
a) O grupo costuma oferecer um livrinho a todos os espectadores.
b) O público esteve um tempão a aplaudir o grupo Gen Verde.
1.1. Explicite a ideia expressa por cada um deles no grau em que se encontram.

Identidades culturais | 107


ROTA
Não sei se o mar tem voz
Mas a sua voz
Desde pequeno me falava lento.
E eu via nele
O que não existia na memória.
Ninguém sabia
De meus avós e bisavós
Se era quadrado ou redondo
Se tinha vida ou não.
Mas sem saber se tinha voz o mar
Ouvia a sua voz.
E sem saber se tinha vida ou não
Sentia a sua vida.
Foi ele que me disse
Que havia Espaço e Tempo.
E comecei a viajar sem medo da viagem.
E nunca mais parei
Com medo da paragem.
Fernando Sylvan, in
7 Poemas de Timor, 1965
Unidade Temática 3
Mobilidade

Migrações
Turismo
Subtema 1 | Migrações

GRUPO A

LEITURA
Leia atentamente o seguinte texto.

Migrações e trabalho. Assegurar os direitos no trabalho num mundo globalizado


1 Em 2005, 191 milhões de pessoas viviam fora do seu país de
origem ou de nacionalidade e, de acordo com estimativas da OIT,
cerca de metade estava inserida no mercado de trabalho. De facto, as
migrações por razões laborais são uma das dimensões mais visíveis
5 da globalização e, se excluirmos as guerras e as epidemias, a fuga à
pobreza e à insegurança e a procura de um melhor emprego são os
factores que mais levam as pessoas a procurarem outros países e a
aceitar muitas vezes qualquer trabalho, independentemente das respectivas condições.
Este movimento abarca todos os sectores de actividade, desde a agricultura às novas tecnologias, e envolve
10 homens e mulheres em todos os continentes.
Há muito que as migrações deixaram de ser vistas exclusivamente como uma oportunidade para quem
emigra, um direito humano, para passarem a ser consideradas como um benefício para as sociedades de
acolhimento, bem como para os países de origem, ainda que se reconheça que existem dificuldades a
ultrapassar quanto à sua integração.
15 Com efeito, de acordo com o Relatório Global da OIT de 2007, Igualdade no trabalho: enfrentar os desafios:
«as pessoas com naturalidade estrangeira representam uma proporção significativa e crescente da força de
trabalho em muitos países», mas continuam a ser «objecto de discriminação devido à sua cor e raça, ou à sua
religião efectiva ou presumida, ou à combinação destes factores, e podem também ser alvo de tratamento
desfavorável apenas devido à situação de migrantes.».
20 Constitui manifestação de discriminação a concentração dos trabalhadores e das trabalhadoras migrantes
em trabalhos que não têm em conta as suas qualificações, em que a protecção social é inadequada ou
omissa na lei ou na prática, ou quando as condições de trabalho são inferiores às da população nacional.
As normas da OIT sobre as migrações, e em particular as Convenções n.º 97 e n.º 143, visam dar aos países
de imigração e de emigração os meios para gerir os fluxos migratórios e assegurar uma protecção adequada
25 a esta categoria de trabalhadores muitas vezes vulnerável e sujeita à exploração, ao trabalho forçado e à
violação dos direitos humanos.
Face ao processo de globalização, a necessidade de um quadro regulador da migração laboral sustentado nos
direitos fundamentais tornou-se mais evidente. Foi por isso que os constituintes tripartidos da OIT decidiram
adoptar, em 2005, um novo referencial que pode traduzir-se para português como Quadro Multilateral da OIT
30 sobre Migração Laboral: princípios e orientações não vinculativos para uma abordagem baseada em direitos.
No âmbito da promoção desses direitos, um dos valores acrescentados de uma organização multilateral
como a OIT é o de poder facilitar a partilha de experiências entre vários dos seus 181 Estados-membros.
Paulo Bárcia, 2008, Revista Migrações, n.º 2
http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Revista_2/migracoes2_art13.pdf

110
Vocabulário
OIT (l. 2): sigla de Organização Internacional do Trabalho; epidemias (l. 5): ocorrências súbitas de doenças, especificamente infeccio-
sas, que se disseminam rapidamente na população; abarca (l. 9): abrange; omissa (l. 22): ausente; quadro regulador (l. 27): referen-
cial, conjunto de orientações ou características que servem de referência, de modelo; constituintes (l. 28): elementos; tripartidos (l.
28): que pertencem a três partes distintas; não vinculativos (l. 30): que não têm de ser obrigatoriamente seguidos.

1. Indique que palavras ou expressões do texto correspondem às definições/ informações que se apresentam
abaixo, tendo em conta a grelha de palavras cruzadas, onde se pode observar quantas palavras e letras tem cada
resposta, e onde algumas letras se encontram já na posição correta.
Nota: Ao dar as respostas, deverá atualizar a grafia de algumas palavras, uma vez que o texto segue o Acordo Ortográfico anterior.

1 M

2 I

3 G

4 R

5 A

6 Ç

7 Õ

8 E

9 S

10 T

11 R

12 A

13 B

14 A

15 L

16 H

17 O

1. Processo de saída de pessoas do seu país (ou região) para se estabelecerem noutro. 2. Processo de entrada de pessoas num país
(ou região) diferente do seu, para aí se estabelecerem. 3. Movimentos de entrada e saída de pessoas entre países (ou regiões), por
um período de tempo mais ou menos longo. 4. Nações de onde os migrantes saem. 5. Grupos sociais que recebem os migrantes.
6. Fenómeno de interação mundial a diversos níveis (conhecimento, culturas, mercados, pessoas, etc.). 7. Número estimado
de pessoas que, em 2005, residiam num país diferente do seu. 8. Processo pelo qual uma pessoa ou um grupo se adapta a uma
sociedade ou a uma cultura. 9. Ação de tratar pessoas ou grupos de pessoas de forma injusta ou desigual, com base em argumentos
de sexo, raça, religião, origem, etc.; segregação. 10. Relação entre a oferta e a procura de emprego num país ou numa região em
determinado período. 11. Entrada e saída de pessoas de um país por motivos relacionados com o emprego. 12. Áreas de emprego
(ex.: hotelaria, restauração, serviços, construção civil, saúde, ensino, etc.). 13. Conjunto da população ativa num país ou região.
14. Circunstâncias (físicas, contratuais, relacionais, etc.) em que uma pessoa desempenha a sua profissão. 15. Conjunto de medidas
sociais de apoio ao cidadão em situações como gravidez, desemprego, doença ou velhice. 16. Direitos e liberdades básicos de todas as
pessoas, tais como a liberdade de pensamento e de expressão e a igualdade perante a lei. 17. Abuso de um trabalhador por parte da
entidade empregadora (ao nível da remuneração, da carga horária, das condições de trabalho, etc.).

Migrações | 111
Sobre o texto
1. O seguinte parágrafo sintetiza algumas ideias presentes no texto “Migrações e Trabalho”.
1.1. Preencha os espaços com palavras ou expressões retiradas do texto.

Atualmente, as migrações são vistas como vantajosas não só para (a) , mas também para (b) e para
(c) , sobretudo porque se reconhece que os migrantes constituem (d) da mão de obra (e) . No
entanto, existem dificuldades associadas à sua (f) na sociedade de acolhimento. Este grupo social é
particularmente vulnerável e constitui um alvo fácil de (g) , a qual se pode revestir de diversas formas.
Alguns exemplos são: a inserção de migrantes em atividades profissionais que estão nitidamente abaixo
das suas (h) ; a ausência de mecanismos de (i) (nalguns casos, porque não estão previstos na lei,
noutros, porque as leis existentes não são cumpridas); e o desempenho da profissão em (j) inferiores
às da restante população. De uma forma geral, são um grupo que se sujeita, frequentemente, a (k)
qualquer trabalho, pelo que fica mais exposto à (l) , ao trabalho (m) e à (n) dos direitos básicos.

2. Ao longo do texto, são referidos alguns dos motivos que levam as pessoas a emigrarem.
2.1. Identifique-os.

3. Indique os aspetos na origem das atitudes de discriminação social de migrantes, de acordo com o texto.

4. Transcreva os excertos do texto que comprovam as afirmações que se seguem.


a) As migrações são uma realidade transversal a todos os ramos de atividade profissional e espaços geográficos,
e abrangem pessoas de ambos os sexos.
b) O facto de vários países estarem representados na OIT constitui uma grande vantagem, pois permite a
troca de conhecimentos e a reflexão sobre diferentes práticas de integração de imigrantes.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Funções sintáticas internas ao grupo verbal

O Predicado é a função sintática desempenhada pelo grupo verbal. O núcleo do grupo verbal é o verbo (que
pode apresentar uma só forma ou ser um complexo verbal, isto é, ser constituído por verbo auxiliar + verbo
principal).
Além do verbo, podem integrar o predicado os seguintes elementos.

1. Complemento direto (CD)


Complemento selecionado pelo verbo; pode ser constituído por um grupo nominal (substituível pelos
pronomes pessoais o, a, os, as) ou por uma oração (substituível pelos pronomes demonstrativos o, isso).
>>“Este movimento abarca todos os sectores de actividade” (l. 9) (grupo nominal)
 [Este movimento abarca-os.]
>>“ainda que se reconheça que existem dificuldades a ultrapassar quanto à sua integração”(ll. 13-14) (oração)
 [Ainda que se reconheça isso.]

112 | Mobilidade
2. Complemento indireto (CI)
Complemento selecionado pelo verbo; pode ser constituído por um grupo preposicional (substituível pelo
pronome pessoal lhe/lhes) ou pelos pronomes pessoais me, te, lhe, nos, vos, lhes.
>>“As normas da OIT sobre as migrações (…) visam dar aos países de imigração e de emigração os meios
para gerir os fluxos migratórios” (ll. 23-24) (grupo preposicional)
 [As normas da OIT sobre as migrações (…) visam dar-lhes os meios para gerir os fluxos migratórios.]

3. Complemento oblíquo (CO)


Complemento selecionado pelo verbo; pode ser constituído por um grupo preposicional ou por um grupo
adverbial.
>>“191 milhões de pessoas viviam fora do seu país de origem ou de nacionalidade” (ll. 1-2) (grupo preposicional)
>>A maioria dos imigrantes vive muito mal. (grupo adverbial)
Quando se trata de um grupo preposicional introduzido por a, distingue-se do complemento indireto por
não poder ser substituído por lhe/lhes.
>>Muitos imigrantes fogem à pobreza e à insegurança. (grupo preposicional)
 [Muitos imigrantes fogem*-lhes.]
Como o CO é selecionado pelo verbo, se for retirado, a frase fica frequentemente incorreta ou de sentido
incompleto.
 [*Muitos imigrantes fogem.]

4. Complemento agente da passiva


Função desempenhada por um grupo preposicional (introduzido pela preposição por) numa frase passiva.
Na frase ativa, este grupo preposicional desempenha sempre a função de sujeito.
>>As migrações são frequentemente motivadas por questões de ordem laboral.

5. Predicativo do sujeito (PS)


Complemento que surge associado ao sujeito e completa o sentido dos verbos copulativos (ser, estar, parecer,
permanecer, ficar, continuar, tornar-se e revelar-se); pode ser constituído por um grupo nominal, adjetival,
preposicional ou adverbial.
>>“as migrações por razões laborais são uma das dimensões mais visíveis da globalização” (ll. 3-5) (grupo
nominal)
>>“a protecção social é inadequada ou omissa na lei ou na prática” (ll. 21-22) (grupo adjetival)
>>A observância dos direitos fundamentais dos estrangeiros é do interesse de todos os cidadãos. (grupo
preposicional)
>>Muitos imigrantes não estão bem a nível laboral. (grupo adverbial)

Migrações | 113
6. Predicativo do complemento direto (PCD)
Complemento que surge associado ao complemento direto e que completa o sentido de verbos como, por
exemplo, os seguintes: achar, chamar, considerar, julgar, tratar, eleger, nomear; pode ser constituído por
um grupo nominal, adjetival ou preposicional.
>>Os especialistas consideram os estrangeiros uma parte fundamental da economia dos países onde vivem.
(grupo nominal) CD

>>Há quem considere as migrações benéficas para as sociedades de acolhimento. (grupo adjetival)
CD

>>Muitas pessoas chamam a exploração laboral de nova escravatura. (grupo preposicional)


CD

7. Modificador do grupo verbal


Função sintática desempenhada por um grupo preposicional, um grupo adverbial ou uma oração.
>>“Foi por isso que os constituintes tripartidos da OIT decidiram adoptar, em 2005, um novo referencial.” (ll.
28-29) (grupo preposicional)
>>Os 181 Estados-membros da OIT partilham regularmente experiências sobre as questões das migrações
laborais. (grupo adverbial)
>>Quando os constituintes tripartidos da OIT decidiram adotar um quadro regulador da migração laboral,
os direitos dos imigrantes passaram a ser oficialmente reconhecidos nos 181 Estados-membros. (oração)
Apesar de integrar o predicado, não se trata de um complemento selecionado pelo verbo, podendo, pois,
surgir em diferentes posições na frase ou omitir-se, sem afetar a gramaticalidade desta.

[Foi por isso que, em 2005, os constituintes tripartidos da OIT decidiram adotar um novo referencial.]
[Foi por isso que os constituintes tripartidos da OIT decidiram adotar um novo referencial em 2005.]
[Foi por isso que os constituintes tripartidos da OIT decidiram adotar um novo referencial.]

Exercícios
1. Identifique a função sintática desempenhada pelos elementos sublinhados nas seguintes frases.
a) Há muito que as migrações deixaram de ser consideradas exclusivamente como uma oportunidade
para quem emigra.
b) Por vezes, os estrangeiros são discriminados por membros da comunidade de acolhimento.
c) É necessário garantir condições de trabalho dignas aos estrangeiros.
d) Algumas pessoas tratam os imigrantes de forma incorreta.
e) “a necessidade de um quadro regulador da migração laboral sustentado nos direitos fundamentais
tornou-se mais evidente” (ll. 27-28)

114 | Mobilidade
GRUPO B

LEITURA
Leia atentamente a seguinte notícia.

Jovem irlandês gasta as suas poupanças em anúncio

“Paddy desempregado” não quer ter de sair da Irlanda


para encontrar trabalho
02.06.2011 - 16:12 Por Maria João Guimarães
1 O que faz um jovem desempregado, num país sem grandes
oportunidades, que passou meses a enviar dezenas de currículos
e que começa a ponderar, contrariado, a possibilidade de emigrar?
Feilim Mac An Iomaire, 26 anos, decidiu fazer algo diferente:
5 investiu todas as suas poupanças, cerca de 2 mil euros, num
anúncio colocado numa rua movimentada de Dublin. O cartaz está no centro de Dublin

 “Salvem-me da emigração”, diz o pla- prego, resolvi fazer uma última tentativa 50 “Paddy” também quis rejeitar “o con-
card gigante, mostrando um jovem de 30 de continuar na Irlanda antes de ser for- ceito quase universal” de que os jovens
10 costas, de mala na mão, olhando para çado a procurar noutros sítios trabalho e têm de sair do país para ter qualquer es-
lá de um oceano para a estátua da Li- desenvolvimento profissional”, explicou perança de prosperar. Segundo o diário
berdade em Nova Iorque, a Ópera de “Paddy desempregado” na sua página britânico “The Guardian”, espera-se que
Sydney, Westminster em Londres e a no Facebook. “Senti a permanente re- 55 cerca de 50 mil irlandeses, a maioria jo-
Torre de Toronto. Em baixo, está o con- 35 jeição e frustração que vem com o estar vens, deixem a Irlanda à procura de tra-
15 tacto do “Paddy desempregado”, como desempregado”. balho. “Gostava de ficar e fazer parte da
decidiu chamar-se na sua campanha O mecanismo tradicional de chegar recuperação deste país”, diz Iomaire.
apoiada ainda por páginas no Facebook a um emprego, com currículos de duas O Facebook do “Paddy desempre-
e Twitter. páginas vistos à pressa pelos recursos 60 gado” está cheio de comentários de
Feilim Iomaire está à procura de 40 humanos, torna tudo mais difícil. “Li apoio.
20 um trabalho em vendas e marketing, que um gestor de recrutamento irá ver Para além dos muitos elogios, o Fa-
a sua área de estudos. Passou os úl- um CV em oito segundos, por isso te- cebook de “Paddy” tinha já propostas:
timos nove meses a enviar currículos mos oito segundos para conseguir a sua uma de colaborações freelance e outra
e concorreu a mais de cem empregos atenção. Isso é assustador”, comentou 65 de uma entrevista para um cargo numa
depois de ter voltado da Austrália, 45 Feilim Iomaire ao jornal “Irish Times”. empresa irlandesa.
25 onde trabalhou no setor do turismo. Iomaire quis, com este anúncio, mos- “Dei um prazo até ao final de junho”,
“Tendo tentado e falhado durante trar que conseguia pensar “fora da cai- explicou Iomaire ao site do irlandês
meses e explorado exaustivamente to- xa”, algo que é muito difícil de pôr num “The Journal”. “Se não resultar, vou-me
das as vias tradicionais de busca de em- currículo, explicou. 70 embora.”
In Público, http://www.publico.pt/1497206

Vocabulário
1. Estabeleça a correspondência entre as palavras e expressões retiradas do texto e os seus significados.

“Paddy” (título); “contrariado” (l. 3); “placard” (ll. 8-9); “marketing” (l. 20); “recursos humanos” (ll.
39-40); “gestor de recrutamento” (l. 41); “«fora da caixa»” (ll. 47-48); “freelance” (l. 64)

Migrações | 115
a) Pessoa responsável, numa empresa, pela seleção do pessoal, através da análise das candidaturas às
vagas de trabalho, realização de entrevistas de emprego e outras modalidades de avaliação.
b) Desagradado, contra a sua vontade.
c) Conjunto de ações e técnicas que tem por objetivo a implantação de uma estratégia comercial nos seus
variados aspetos, desde o estudo do mercado e suas tendências até à venda propriamente dita e ao apoio
técnico após a venda.
d) Em regime independente, por conta própria, sem estar vinculado a uma entidade patronal.
e) Pessoa de origem irlandesa (origem da palavra: Padraig [Irlandês] – Patrick [Inglês], santo padroeiro da
Irlanda).
f) De maneira inovadora e não convencional; com uma perspetiva diferente da tradicional.
g) Quadro onde se afixam cartazes publicitários.
h) Departamento responsável pela gestão da mão-de-obra de uma empresa – contratação de pessoal,
formação inicial e contínua, organização e distribuição dos funcionários, etc.
1.1. Indique, nas palavras e expressões anteriores, três empréstimos, identificando as línguas de que são
originários (se necessário, consulte um dicionário).

2. Nesta notícia, é referida algumas vezes a palavra “currículo(s)” (ll. 2, 22, 38 e 49). No 10.º Ano, estudou
algumas noções básicas sobre o que é um currículo, para que serve, quais as secções típicas e como se redige
um bom currículo.
2.1. Explique o que é um currículo, indicando para que serve e que informações deve conter.
2.2. O currículo é, por vezes, designado por uma sigla.
2.2.1. Transcreva essa sigla do texto.
2.2.2. Indique as palavras latinas que estão na origem dessa sigla.

Sobre o texto
1. O 1.º parágrafo do texto constitui o lead da notícia, no qual são fornecidas as informações principais. Com
base na sua leitura, extraia todas as informações que permitem responder às seguintes perguntas:
a) Quem? b) O quê? c) Onde?

2. Os 2.º, 3.º e 4.º parágrafos constituem o corpo da notícia, no qual são normalmente referidas informações
que permitem responder às perguntas «Como?» e «Porquê?». Partindo da leitura destes parágrafos, responda
às seguintes perguntas, por palavras suas.
2.1. Refira as informações fornecidas que permitem compreender a forma como o jovem concretizou a sua
campanha (“Como?”).
2.1.1. Identifique os países que estão representados no cartaz através dos monumentos.
2.1.2. Explique o motivo de o jovem representado no cartaz estar a olhar para esses monumentos.
2.1.3. Com base nos seus conhecimentos, refira que características têm em comum os países representados

116 | Mobilidade
no cartaz (e que terão estado, provavelmente, na base da sua escolha por parte deste jovem).
2.2. Indique o motivo que o levou a dinamizar esta campanha (“Porquê?”).
2.3. Este jovem tinha já passado por uma experiência de emigração.
2.3.1. Refira onde, há quanto tempo e em que área de atividade.

3. Os restantes cinco parágrafos fornecem informações adicionais.


3.1. Explique o motivo que leva Feilim a considerar que “o mecanismo tradicional de chegar a um emprego
(…) torna tudo mais difícil” (ll. 37-40).
3.2. Para a voz de Feilim chegar aos leitores deste jornal, foram inseridos alguns excertos de entrevistas
realizadas a este jovem.
3.2.1. Indique a que jornais foram concedidas as entrevistas cujos excertos são apresentados nesta parte
da notícia.
3.2.2. Identifique as marcas linguísticas que nos permitem compreender que esses excertos foram ditos
por Feilim.
3.3. “Iomaire quis, com este anúncio, mostrar que conseguia pensar «fora da caixa», algo que é muito difícil
de pôr num currículo” (ll. 46-49).
3.3.1. Explique por que motivo é particularmente relevante para este jovem demonstrar que consegue
“pensar fora da caixa”.
3.4. Na Irlanda, instalou-se a crença generalizada de que a geração mais nova só pode ser bem-sucedida
profissionalmente no estrangeiro.
3.4.1. Transcreva a passagem que expressa esta ideia.
3.4.2. A propósito deste assunto, é apresentada uma estimativa com a intenção de sustentar que a
emigração em massa da geração mais nova na Irlanda é um facto real.
3.4.2.1. Transcreva essa estimativa.
3.4.2.2. Refira a fonte de onde essa informação provém.
3.5. Indique que resultados teve, até ao momento, esta campanha, em termos de ofertas de emprego.
3.6. Refira o que Feilim pretende fazer no futuro.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Preposições e locuções prepositivas

As preposições são palavras invariáveis, pertencentes a uma classe fechada de palavras, sendo o núcleo do grupo
preposicional. Podem preceder orações, grupos nominais e advérbios, ou ainda integrar complexos verbais.
>>“resolvi fazer uma última tentativa de continuar na Irlanda” (ll. 29-30) (preposição + oração)
>>“«Isso é assustador», comentou Feilim Iomaire ao jornal «Irish Times».” (ll. 44-45) (preposição + grupo nominal)
>>Feilim pode sempre imigrar, mas preferia que o seu futuro não passasse por aí. (preposição + advérbio)
>>“os jovens têm de sair do país para ter qualquer esperança de prosperar” (ll. 51-53) (complexo verbal)

Migrações | 117
Algumas preposições podem contrair-se com determinantes e pronomes, como, por exemplo:
>>a + o à ao • a + aquele à àquele • de + esta à desta • em + esse à nesse • por + os à pelos
Certos verbos selecionam determinadas preposições, tais como:
>>acreditar em • gostar de • esquecer-se de • lutar por • desistir de • confiar em • sonhar com

As locuções prepositivas são sequências fixas de duas ou mais palavras, sendo a última uma preposição, e
que têm o mesmo comportamento sintático das preposições.
>>“Para além dos muitos elogios, o Facebook de “Paddy” tinha já propostas” (ll. 62-63)
>>“O cartaz está no centro de Dublin.” (legenda da imagem)

O sentido que as preposições adquirem é, frequentemente, definido pelo contexto linguístico em que surgem.
Alguns valores que podem ser expressos por preposições e locuções prepositivas são:
Preposições e
Valores Exemplos
locuções prepositivas
Espaço:
• lugar; em, entre, junto de, “a estátua da Liberdade em Nova Iorque” (ll. 11-12)
sob, sobre, …
• aproximação de um a, até, para, … Feilim tinha emigrado anteriormente para a Austrália.
lugar;
• afastamento de um de, desde, … “os jovens têm de sair do país para ter qualquer esperança
lugar. de prosperar” (ll. 51-53)
Tempo:
• duração; ao longo de, durante, “Tendo tentado e falhado durante meses” (ll. 26-27)
em, …
• momento. antes de, após, em, “concorreu a mais de cem empregos depois de ter voltado
depois de, … da Austrália” (ll. 23-24)
Como se pode observar, cada preposição ou locução prepositiva pode adquirir diferentes valores consoante
o contexto. Apresentam-se alguns exemplos:
Preposições Valores Exemplos
com associação “frustração que vem com o estar desempregado” (ll. 35-36)
instrumento “quis, com este anúncio, mostrar que conseguia pensar «fora da caixa»”
(ll. 46-48)
companhia Iomaire viajou para a Austrália com um amigo.
de meio Iomaire viajou para a Austrália de avião.
posse “Em baixo, está o contacto do «Paddy desempregado»” (ll. 14-15)
sobre assunto Esta notícia é sobre um rapaz que não quer sair do seu país.
lugar Feilim tem sempre vários jornais espalhados sobre a mesa.
Consultar Apêndice

118 | Mobilidade
Exercícios
1. Atente nos seguintes excertos do texto, particularmente nas expressões destacadas, e responda às alíneas
da pergunta que se segue.
• “O que faz um jovem desempregado, num país sem grandes oportunidades, que passou meses a enviar
dezenas de currículos e que começa a ponderar, contrariado, a possibilidade de emigrar?” (ll. 1-3)
• “«Salvem-me da emigração», diz o placard gigante, mostrando um jovem de costas, de mala na mão,
olhando para lá de um oceano” (ll. 8-11)
• “Em baixo, está o contacto do «Paddy desempregado», como decidiu chamar-se na sua campanha apoiada
ainda por páginas no Facebook e Twitter.” (ll. 14-18)
• “e concorreu a mais de cem empregos” (l. 23)
• “«Li que um gestor de recrutamento irá ver um CV em oito segundos, por isso temos oito segundos para
conseguir a sua atenção.»” (ll. 40-44)
• “Segundo o diário britânico «The Guardian», espera-se que cerca de 50 mil irlandeses, a maioria jovens,
deixem a Irlanda à procura de trabalho. «Gostava de ficar e fazer parte da recuperação deste país», diz
Iomaire.” (ll. 53-58)
• “«Dei um prazo até ao final de junho», explicou Iomaire ao site do irlandês «The Journal».” (ll. 67-69)
• “«Paddy desempregado» não quer ter de sair da Irlanda para encontrar trabalho” (título)
1.1. Das expressões sublinhadas, transcreva:
a) as preposições simples (preposições não contraídas);
b) as preposições contraídas;
c) as locuções prepositivas;
d) um complexo verbal com valor aspetual de início da situação, construído com a preposição “a”;
e) um complexo verbal com valor modal de obrigação, construído com a preposição “de”;
f) três expressões constituídas pelo verbo e por uma preposição selecionada pelo verbo;
g) a expressão cuja preposição, no contexto, significa “de acordo com”;
h) a expressão cuja preposição, no contexto, significa “com uma”;
i) a expressão cuja locução preposicional, no contexto, significa “aproximadamente”;
j) o grupo preposicional que expressa o valor de duração temporal;
k) o grupo preposicional que expressa o valor de afastamento em relação a um local;
l) dois grupos preposicionais que expressam o valor de finalidade;
m) o grupo preposicional com a função sintática de complemento indireto;
n) o grupo preposicional com a função sintática de complemento agente da passiva;
o) o grupo preposicional com a função sintática de modificador do verbo, com o valor de localização
espacial.

Migrações | 119
2. Atente nas seguintes frases e nos valores que as preposições aí assumem.
• “quis, com este anúncio, mostrar que conseguia pensar «fora da caixa»” (ll. 46-48) – instrumento
• Iomaire viajou para a Austrália com um amigo. – destino (“para”); companhia (“com”)
• Iomaire viajou para a Austrália de avião. – meio de transporte
• “Em baixo, está o contacto do «Paddy desempregado»” (ll. 14-15) – posse
2.1. Escreva as frases em Tétum e/ou na sua Língua Materna.
2.2. Explicite como se realizam nessas línguas os valores que, em Português, são veiculados pelas
preposições destacadas.

GRUPO C

Leitura
Leia atentamente o texto.

Em busca de um sonho
1 Não conseguia dar nem mais um passo. Estava exausto, o coração parecia querer saltar-lhe do peito e as
pernas simplesmente não obedeciam às suas ordens. Era preciso avançar, continuar, estava quase, era só
mais um esforço, dizia-lhe o passador de nome Tony, que lhe fincava os dedos grossos no braço e o puxava,
com força, na esperança de o fazer avançar. Mas o seu corpo permanecia imóvel. (…) Queria ficar ali, parado,
5 a ganhar fôlego e coragem, entre a sua terra e o desconhecido.
– Vamos lá, amigo, anda que já falta pouco – disse-lhe ao ouvido Albano, pousando-lhe a mão no ombro.
Albano era amigo de há longa data, tinha nascido e crescido na mesma aldeia, estudado na mesma escola
primária e partilhado jogos de bola pelada e disputas de amor juvenil. Agora estava ali, ao seu lado (…).
Eram emigrantes, índios, salteadores… o que lhes quisessem chamar. Para Joaquim eram apenas homens
10 desesperados por um destino melhor. Foi o amigo Albano que o convencera a semelhante aventura. Bem, na
realidade, tinha sido ele e o tio Adelino emigrado em França desde 1953 (…).
Era com um misto de curiosidade e fascínio que lia as cartas que de tempos a tempos o seu tio escrevia
ao pai. Este, analfabeto das letras, mas um letrado da labuta no campo, pedia ao filho, que frequentava a
escola, que lhe lesse o que lá vinha escrito. (…) O tio falava de cafés, de sonhos, de trabalho na construção e
15 em fábricas que faziam carros, e de dinheiro, o mesmo que colocava em todas as cartas que enviava. “Uma
ajuda para o que fosse preciso”, escrevia em todas as missivas. O imaginário de Joaquim ficava contagiado
por aquele mundo e pelo cheiro das notas que rapidamente eram colocadas na lata velha do pai, guardada
religiosamente na cozinha, no armário de cima para ninguém tocar. (…)
Ali parado (…), Joaquim lembrava-se de uma frase das cartas do tio que o tinha marcado para sempre:
20 “aqui em França todos os sonhos são possíveis”.
Seriam mesmo? Estaria o Deus em que a sua querida mãe tanto acreditava, a quem tanto rezava de joelhos
no chão, mais atento aos seus desejos em França? (…) Seria mesmo possível realizar os seus sonhos? Perguntas
que o assaltaram naquela noite em que leu a carta ao pai e, sem ele ver, a guardou no bolso das calças… para ler
e voltar a ler mais tarde. Talvez para recordar que ainda havia um lugar no mundo onde era possível sonhar. (…)

120 | Mobilidade
25 Com os pés enterrados na lama, Joaquim não conseguiu
disfarçar a desilusão. Ao seu lado, Albano permanecia
mudo e calado. Depois de um mês de viagem, o corpo
marcado pela fome e pelo cansaço, chegava finalmente
ao seu destino. À sua frente tinha Champigny-Sur-
30 -Marne, a terra dos sonhos e das oportunidades. A
terra onde ele e o amigo iam enriquecer e fundar a tão
desejada empresa de construção. A terra onde ia ser
feliz. Mas o que tinham à sua frente era um cenário de
total desolação. (…)
35 As ruas mais pareciam rios de lama e o ar estava impregnado de um cheiro pestilento que Joaquim
rapidamente identificou. Ali, a céu aberto, mesmo ao lado das casas, erguia-se uma lixeira de se perder de
vista onde as crianças brincavam descalças como se estivessem num parque de recreio qualquer. (…)
Tinha saído da sua aldeia para isto? Isto era bem pior do que a sua aldeia, ao menos lá tinha uma casa
decente, com telhado de telha, a estrada era de terra, mas os pés não se enterravam, havia flores e canteiros
40 e cheirava sempre a pão acabado de fazer. Apesar da miséria a sua aldeia era um local aprazível. (…)
Uma coisa Joaquim e Albano aprenderam logo no primeiro dia. França era sinónimo de trabalho. Acordaram
bem cedo, antes das seis da manhã já o bairro se agitava com os homens a saírem para o trabalho. (…) O
ordenado era de 600 francos (…). Mais do dobro do que ganhariam em Portugal e metade do que ganhava
um trabalhador francês com as mesmas funções. Não havia contrato de trabalho, não havia reivindicações,
45 muito menos queixas. Era trabalhar sol a sol e calar.
Júlio Magalhães, Longe do Meu Coração, A Esfera dos Livros

Vocabulário
passador (l. 3): aquele que passa, deixa passar ou faz passar (neste caso, o homem responsável por fazer passar os emigrantes de um país para
outro, em troca de dinheiro); fincava (l. 3): cravava, enterrava; jogos de bola pelada (l. 8): partidas de futebol com regras livres, futebol amador;
salteadores (l. 9): bandidos, ladrões; letrado (l. 13): conhecedor, sábio, experiente; labuta (l. 13): trabalho; missivas (l. 16): cartas; Champigny-
-Sur-Marne (ll. 29-30): localidade/ cidade francesa; fundar (l. 31): estabelecer, criar, dar origem a; cenário (l. 33): panorama, ambiente; estava im-
pregnado de (l. 35): estava infestado de, cheirava muito a; pestilento (l. 35): fedorento, que cheira mal, muito intenso; lixeira (l. 36): local público
onde as autoridades depositam o lixo recolhido numa localidade; canteiros (l. 39): pequenas áreas de jardim ou horta, nas quais são cultivadas
plantas; aprazível (l. 40): agradável; reivindicações (l. 44): exigências, reclamações; sol a sol (l. 45): do nascer ao pôr do sol, todo o dia.

1. Explique, por palavras suas, o sentido das seguintes expressões.


a) “analfabeto das letras, mas um letrado da labuta no campo” (l. 13)
b) “lata velha do pai, guardada religiosamente na cozinha, no armário de cima para ninguém tocar” (ll. 17-18)
c) “a céu aberto” (l. 36)
d) “de se perder de vista” (ll. 36-37)
e) “já o bairro se agitava” (l. 42)

Sobre o texto
1. O texto acima apresentado, que retrata o processo de emigração de Joaquim, remete para quatro diferentes fases:
expectativas iniciais em relação à emigração, viagem para o destino, chegada ao destino e primeiro dia de trabalho.

Migrações | 121
1.1. Preencha a seguinte tabela com informações do texto.
Fase 1: expectativas ini- Fase 2: viagem Fase 3: chegada Fase 4: primeiro
ciais no país de origem para o destino ao destino dia de trabalho
Onde se encontra Joaquim? a) d) g) j)
Com quem se encontra? b) e) h) k)
A que parágrafos corresponde? c) f) i) l)
1.2. Como pode verificar, o processo de emigração não é relatado de acordo com a ordem cronológica dos acontecimentos.
1.2.1. Identifique a fase que, na narrativa, não respeita a ordem sequencial dos acontecimentos.

2. Joaquim foi influenciado a emigrar.


2.1. Identifique as pessoas que o influenciaram, explicitando a relação e o grau de proximidade com Joaquim.
2.2. Explicite de que forma cada uma dessas pessoas contribuiu para a decisão tomada por Joaquim.

3. Uma frase das cartas do tio que marcou Joaquim foi “aqui em França todos os sonhos são possíveis” (l. 20).
3.1. Sistematize as expectativas que essas cartas criaram em Joaquim.
3.2. Explicite em que medida a família de Joaquim já beneficiava com a emigração antes de este sair da sua terra natal.

4. Descreva, por palavras suas, o estado físico e psicológico de Joaquim durante a viagem para França.
4.1. Identifique, na descrição de Joaquim, uma comparação.
4.1.1. Explicite a sua expressividade.

5. A seguinte passagem retrata a forma como Tony incentivava Joaquim a não desistir: “Era preciso avançar,
continuar, estava quase, era só mais um esforço” (ll. 2-3).
5.1. Transforme este excerto em discurso direto.

6. Atente nas questões enunciadas no 6.º parágrafo.


6.1. Selecione, das palavras apresentadas abaixo, aquelas que melhor traduzem o estado de espírito de
Joaquim nesse momento, justificando a sua resposta.
medo | certeza | dúvida | expectativa | confiança | euforia | esperança

6.2. Explique a expressividade do verbo sublinhado na frase seguinte, atendendo ao contexto em que surge:
“Perguntas que o assaltaram naquela noite em que leu a carta ao pai” (ll. 22-23).

7. À chegada ao destino, contrapõem-se duas perspetivas de Champigny-Sur-Marne: a perspetiva idealizada por
Joaquim e a perspetiva real, que tinha diante de si.
7.1. Sistematize as duas perspetivas.
7.1.1. Transcreva duas comparações utilizadas para descrever o local.
7.1.2. Transcreva o elemento linguístico que marca a oposição de perspetivas.
7.2. Compare as realidades do país de destino e do país de origem de Joaquim e Albano.

122 | Mobilidade
8. Joaquim e Albano cedo aprenderam que “França era sinónimo de trabalho” (l. 41).
8.1. Identifique os prós e os contras das condições laborais dos dois amigos, em França.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Pronome pessoal: flexão em caso

Os pronomes pessoais podem exercer diferentes funções na frase, apresentando variação em caso, isto é,
mudando de forma consoante a função sintática que desempenham: sujeito (caso nominativo), complemento
direto (caso acusativo), complemento indireto (caso dativo), complemento oblíquo ou complemento agente
da passiva (caso oblíquo).
Complemento Indireto Complemento
Sujeito Complemento (caso dativo) Complemento
Agente da
Pessoa (caso Direto (caso Oblíquo (caso
sem com Passiva (caso
nominativo) acusativo) oblíquo)
preposição preposição oblíquo)

1.ª eu me me (a) mim mim, -migo mim


Singular

2.ª tu te te (a) ti ti, -tigo -ti


3.ª ele/ela o/a, se lhe (a) ele/ela, si ele/ela, si, -sigo ele/ela, si

1.ª nós nos nos (a) nós nós, -nosco nós


Plural

2.ª vós vos vos (a) vós vós, -vosco vós


3.ª eles/elas os/as, se lhes (a) eles/elas, si eles/elas, si, -sigo eles/elas, si
Notas:
• No tratamento mais formal não se usa a forma de 2.ª pessoa do singular (‘tu’) para referir o interlocutor; utiliza-se ‘você’, ‘o/a
senhor/a’, o nome próprio da pessoa, ou não se usa nenhuma forma em posição de sujeito. As formas correspondentes nos
restantes casos são as de 3.ª pessoa do singular: ‘o’/’a’, ‘se’ (acusativo); ‘lhe’, ‘(a) si’ (dativo); ‘si’, ‘-sigo’ (oblíquo).
• A forma nominativa de 2.ª pessoa do plural (‘vós’) é usada apenas em algumas regiões e em alguns contextos restritos, como,
por exemplo, no discurso religioso católico. Noutros contextos, é privilegiado o pronome ‘vocês’ no caso nominativo, a que cor-
respondem as formas ‘vos’, ‘se’ (acusativo), ‘(a) vocês’, ‘vos’, ‘lhes’ (dativo) e ‘vocês’, ‘-vosco’ (oblíquo).
• As formas mim, ti, si aparecem sempre precedidas por uma preposição (ex.: O meu pai despediu-se de mim com tristeza.)
• As formas -migo, -tigo, -sigo, -nosco, -vosco aparecem sempre aglutinadas com a preposição ‘com’ (ex.: Albano tinha crescido
comigo na mesma aldeia.)
• No caso acusativo, na 3.ª pessoa do singular, o pronome ‘se’ usa-se com valor reflexo (ex.: Joaquim levantava-se cedo.); na 3.ª
pessoa do plural, ‘se’ pode ter valor reflexo ou recíproco (consultar pp. 85-86).

Exemplos
• sujeito (caso nominativo)
>>Eles pretendiam fundar uma empresa de construção.
• complemento direto (caso acusativo)
>>“Foi o amigo Albano que o convencera a semelhante aventura” (l. 10)
• complemento indireto (caso dativo)
>>“disse-lhe ao ouvido Albano” (l. 6)
• complemento oblíquo (caso oblíquo)
>>Albano estava com ele nesta aventura.
• complemento agente da passiva (caso oblíquo)
>>O sonho de enriquecer no estrangeiro foi construído por eles desde a infância.
Consultar Apêndice

Migrações | 123
Exercícios
1. Atente nas seguintes frases.
a) “Era preciso avançar, continuar, estava quase, era só mais um esforço, dizia-lhe o passador de nome
Tony” (ll. 2-3)
b) “Perguntas que o assaltaram naquela noite em que leu a carta ao pai” (ll. 22-23)
c) Tony puxava-o com força, na esperança de o fazer avançar.
1.1. Identifique os pronomes pessoais presentes em cada uma das frases.
1.2. Indique a função sintática que desempenham na frase.

2. Reescreva as frases, substituindo as expressões sublinhadas pelos pronomes pessoais correspondentes.


a) Joaquim e Albano são amigos de há longa data.
b) O pai de Joaquim guardava a lata velha no armário da cozinha.
c) Joaquim prometeu aos pais que enviava uma carta assim que chegasse a França.
d) ‘Vai correr tudo bem comigo e com o Albano!’
e) ‘Comprometo-me a enviar a ti e ao pai parte do meu primeiro ordenado.’
2.1. As frases d) e e) contêm já pronomes pessoais.
2.1.1. Identifique-os.
2.1.2. Indique a função sintática que desempenham nas frases.

ORALIDADE
Perspetivas sobre Imigração
1. Responda às seguintes questões:
a) Conhece histórias de estrangeiros que se tenham sentido discriminados no seu país/ noutros países? Quais?
b) Como é que se relaciona com os estrangeiros que conhece?
c) Como reagiria se chegasse um colega novo à sua turma, vindo de outro país?
d) Coloca a hipótese de emigrar, no futuro? Porquê?
e) Se emigrasse, que país escolheria como destino? Porquê?
f) Se emigrasse, como julga que se sentiria? De que é que sentiria mais falta?

2. Comente as seguintes afirmações.


a) A imigração é uma das grandes questões do nosso tempo.
b) Todas as pessoas deveriam poder escolher o país onde querem viver.
c) Os imigrantes contribuem para o desenvolvimento económico das nações que os acolhem.
d) A imigração contribui para a globalização de produtos, crenças e culturas.
e) A integração dos imigrantes é da responsabilidade destes e da sociedade de acolhimento.

124 | Mobilidade
GRUPO D

LEITURA
Na rota dos cangurus
Os textos que se apresentam abaixo consistem em testemunhos de seis jovens que viveram ou estão a viver uma
experiência de imigração na Austrália.

1. Faça uma primeira leitura global dos textos para encontrar as seguintes informações, e registe-as.
1.1. Em que cidade (Gold Coast, Launceston, Melbourne, Perth ou Sydney) se instalou cada um dos jovens?
1.2. Quem refere que:
a) onde vive, os estrangeiros costumam trabalhar em hotéis, restaurantes, construção civil e limpezas?
b) a Austrália é o sexto maior país do mundo, mas tem apenas 20 milhões de habitantes?
c) foi para a Austrália para fazer um Mestrado?
d) viajou para a Austrália com o irmão?
e) frequentou o curso de Gestão antes de ir para a Austrália?
f) partiu para a Austrália em outubro de 2009?
g) pretendia completar o Bachelor of Business na Austrália?
h) está a tirar o curso de Sports & Fitness?
i) conseguiu emprego na “Sylvanvale Foundation”?
j) se mudou para uma cidade da qual nunca tinha sequer ouvido falar?

Texto A – Carlos Semedo


O fascínio pela Austrália já durava há uns anos e, em 2009, após ter ficado desiludido com o meu curso de
Gestão, surgiu, através de um amigo, a possibilidade de vir estudar para a Austrália. Definidas as prioridades
– completar o Bachelor of Business com sucesso e gastar o menos possível – Perth pareceu-me a melhor
opção. O facto de ser uma cidade pacífica e bem tratada, as ofertas de emprego e o baixo custo de vida
quando comparada com Sydney ou Melbourne foram os fatores determinantes para a minha escolha.
Perth revelou-se bastante diferente daquilo a que estava habituado. Tirando o centro, composto por
arranha-céus, toda a cidade é um enorme subúrbio composto maioritariamente por vivendas, e por isso,
apesar de a rede de transportes públicos servir para as deslocações essenciais, grande parte dos estudantes
não dispensa ter carro próprio. Conseguir casa foi fácil e dentro do orçamento. Quanto a emprego, Perth
não para. Estão sempre a surgir e a desaparecer oportunidades; hotelaria, restauração, construção civil e
limpezas são as principais escolhas para quem vem de fora. Para fins turísticos, Perth é uma cidade que se
visita em poucos dias, tem uma vida noturna que só satisfaz quem está ocupado durante a semana e gosta
de sair ao fim de semana, contudo é uma cidade ótima para golfe, surf, kitesurf, etc.

Migrações | 125
Texto B – Sofia Mendonça Texto C – Manuela Silva
A Austrália sempre foi dos meus países de eleição para Desde pequena que sonho morar
viver. Tudo o que sabia era pela televisão, pelo que via no na Austrália. Talvez inspirada pelos
estilo de vida das pessoas nas séries australianas e pelas documentários que andava sempre a ver.
estatísticas que a colocam no topo do ranking dos países Quando percebi que a Austrália tinha uma
com melhores condições de vida. Eu e o meu irmão das melhores universidades na área em
Pedro decidimos agarrar esta aventura juntos e partir que queria estudar, atirei-me de cabeça.
para Sydney. A universidade fica na Tasmânia, o que no
Viver num país de língua inglesa fazia-me sentir início me levou a ponderar se seria boa ideia
empolgada para melhorar o meu Inglês, portanto apostei ir para um sítio tão pequeno, onde a oferta
num curso intensivo de Inglês e tentei arranjar um de emprego poderia ser reduzida. Mas, como
trabalho que me fizesse evoluir nesta área, neste caso, queria mesmo fazer o meu Mestrado nesta
num bar/ restaurante. área, vim, e sinto que foi o melhor que fiz.
Procurei trabalho na minha área, mas, no início, com a Launceston é excelente. Tem uma beleza
questão do reconhecimento dos cursos e o tipo de vistos, natural, podemos estar na floresta dentro da
tudo foi bastante complicado. No entanto, tal como diz cidade. Adaptei-me rapidamente, e arranjar
o ditado, “água mole em pedra dura, tanto bate até que trabalho não foi muito difícil. Consegui alguns
fura”, e duas semanas antes do meu voo de regresso trabalhos casuais, o que não só ajuda a viver
ingressei na “Sylvanvale Foundation” como educadora aqui, mas também a integrar na sociedade.
social para dar apoio socioeducativo a crianças com A Tasmânia é um sítio lindo! As pessoas
problemas mentais. Tratei de adiar a minha viagem, mas são excelentes, assim como a universidade.
o meu irmão partiu. A vida selvagem é fantástica; os animais
Estou bastante surpreendida com o valor que o meu são fabulosos e aproximam-se bastante,
curso tem aqui e a forma organizada como trabalhamos. especialmente quando estamos a (tentar)
Já decidi que é aqui que quero passar o resto da minha fazer piqueniques. No futuro, quero fazer o
vida, construir família e ter filhos, pois as expectativas Doutoramento nesta universidade, e, quem
foram mais do que superadas! sabe, ficar a viver aqui.

Texto D – Bruno Sousa


Viajar foi um prazer que descobri há uns anos atrás. Fascina-me conhecer pessoas, culturas diferentes,
novos hábitos e costumes, cidades e diferentes panoramas sociais. Escolhi Melbourne como porto de abrigo.
Porquê? Não é a capital, não é a maior cidade da Austrália, mas é conhecida como o centro cultural da Austrália.
É uma cidade fantástica. Por um lado, moderna e organizada, por outro, com uma grande diversidade cultural.
A melhor forma de aproveitar o máximo da cidade foi vir para cá estudar. Assim, posso viver a vida
australiana no seu melhor e conhecer pessoas dos quatro cantos do mundo que, tal como eu, vieram para
cá estudar. Não só os australianos como também rapazes e raparigas que vieram atrás de um sonho, o sonho
de conhecer a Austrália.

Texto E – Diana Sobral


A vontade de viajar era muita, só não sabia era para onde, mas um clique no computador fez as suas
maravilhas e a cidade eleita foi Gold Coast. Cidade de que nunca antes tinha ouvido falar, mas que acabou
por ser, a meu ver, a melhor opção.
Tudo de início parecia impossível de realizar e milhares de perguntas surgiram na minha cabeça. O que
tenho que fazer? Como conseguir o visto? O que fazer quando lá chegar? Conseguirei emprego?
Em outubro de 2009, deixei o que conhecia para trás e fui à descoberta da vida, e de mim... e descobri! Descobri
que sermos donos das nossas vidas nos torna mais fortes, que passar por dificuldades nos faz crescer, que os nossos
medos se desfazem quando os enfrentamos e que ser feliz depende de nós!
Lá vive-se ao ritmo das ondas, do surf, do bom tempo e com muito pouco stress... Parece uma aldeia, onde

126 | Mobilidade
todos se conhecem e onde os barbecues na praia são uma constante. A oferta de emprego não é muita, mas
sempre se vai conseguindo alguma coisa.
Nunca pensei que aquele país fosse tão organizado e que houvesse tanto civismo. É, de facto, um paraíso
social. Vivi experiências memoráveis, conheci pessoas fantásticas, vi paisagens únicas e voltei, em dezembro
de 2010, com a minha bagagem cheia de tudo o que vivi e com a certeza de que tomei uma das melhores
decisões da minha vida!

Texto F – Hélder Pacheco


Viajar e conhecer a Austrália foi sempre um dos grandes sonhos da minha vida. Não só pela natureza
e paisagens maravilhosas, mas essencialmente por ser uma nação jovem e com um enorme potencial
de crescimento. A Austrália é o sexto maior país do mundo e tem apenas 20 milhões de habitantes. Para
além disso, é famosa pela excelente qualidade de vida. Sendo um país com pouca população e de grandes
dimensões, tem carência de profissionais nas mais diversas áreas; ou seja, é um bom país para se recomeçar
uma vida, é, ao mesmo tempo, um bom país para se fazer uma mudança de carreira – se for esse o objetivo
– e, como é óbvio, é um país maravilhoso de se visitar.
Confesso que os primeiros dias foram estranhos, de algum nervosismo e ansiedade, mas passada essa
fase, só posso dizer que todos esses sentimentos desaparecem num ápice, quando nos apercebemos de
que estamos numa das cidades mais espetaculares do mundo. As praias, a diversão noturna, o movimento
da cidade, a diversidade cultural, os parques, Darling Harbour, Harbour Bridge e a inesquecível Opera
House fazem de Sydney um lugar apetecível para estudar, trabalhar e viver.
Até agora, a experiência está a ser muito boa e estou a contar ficar por cá pelo menos dois anos para acabar o
curso de Sports & Fitness, e depois logo se vê.

Textos baseados em www.informationplanet.pt/Home/Testemunhos/tabid/3208/Default.aspx

Fig. 1. Darling Harbour Fig. 2. Harbour Bridge Fig. 3. Opera House

VOCABULÁRIO
Texto A – prioridades: ordenação do mais importante para o menos importante; subúrbio: localidade situada nas proximidades de uma cidade,
zona maioritariamente residencial; restauração: atividade comercial de preparação e fornecimento de refeições em restaurantes e estabeleci-
mentos similares; kitesurf [Inglês]: desporto aquático que consiste em se deslocar sobre uma prancha, com a força do vento, através de uma
estrutura que se assemelha a um papagaio gigante ou a um parapente, a que o praticante está preso pela cintura; Texto B – ranking [Inglês]: lista
ordenada segundo determinados critérios; reconhecimento dos cursos: verificação e aceitação de que os cursos tirados dão habilitação para o
desempenho de uma profissão; vistos: documentos legais que permitem a entrada e a permanência por tempo determinado num país estran-
geiro; ingressei: entrei, comecei a trabalhar; superadas: cumpridas, excedidas; Texto C – casuais: ocasionais, que surgiram por acaso; Texto D
– panoramas sociais: contextos sociais; porto de abrigo: local de acolhimento; Texto E – vive-se ao ritmo de: a vida gira em torno de; barbecues
[Inglês]: churrascos; civismo: comportamento demonstrativo de respeito pelos valores da sociedade e pelas suas instituições; Texto F – num
ápice: num instante, rapidamente; apetecível: desejável; estou a contar: tenciono, pretendo; depois logo se vê: depois decido o que fazer.

Faça agora uma leitura mais pormenorizada dos textos e responda às questões que se seguem.

Sobre o texto
1. Sofia, Manuela e Diana referem que, quando foram para a Austrália, tinham já alguns conhecimentos sobre
este país ou sobre a cidade de destino.
1.1. Quais foram as suas fontes de informação?

Migrações | 127
2. Diana e Hélder mencionam como se sentiram no início das suas experiências de imigração.
2.1. Como se sentiram, inicialmente, estas duas pessoas?
2.2. Como evoluíram esses sentimentos?

3. Sofia refere uma dificuldade com que se deparou nos primeiros tempos.
3.1. Que dificuldade foi essa?
3.2. Como foi ultrapassada?

4. Sofia menciona que arranjou trabalho num bar/ restaurante, e Manuela diz que arranjou alguns trabalhos casuais.
4.1. Que vantagens trazem estes trabalhos, de acordo com Sofia e Manuela?

5. Ao longo dos textos, são referidas algumas características das cidades australianas onde estes jovens moram
ou moraram.
5.1. De acordo com os textos, identifique que cidades (Gold Coast, Launceston, Melbourne, Perth ou Sydney)
correspondem às seguintes descrições.
a) cidade pequena, em contacto direto com a natureza, com muitas zonas verdes e animais; pessoas muito
simpáticas; existência de uma universidade;
b) cidade calma, arranjada, maioritariamente composta por zonas residenciais; animação noturna e oferta
turística relativamente reduzidas; muita oferta de emprego; custo de vida inferior ao de outras cidades
australianas; boa para amantes do golfe ou surf;
c) cidade pequena, pacata, onde as pessoas se conhecem; atividades na praia (surf e churrascadas); pouca
oferta de emprego;
d) cidade moderna e organizada; centro cultural da Austrália; frequentada por pessoas de diversas origens
e por muitos estudantes;
e) cidade muito movimentada, com pessoas de origens diversas, e com interesse turístico – com praias,
diversão noturna, parques, monumentos, etc.

6. Três pessoas referem que pretendem continuar na Austrália, a curto, médio ou longo prazo.
6.1. Quem são essas três pessoas?
6.1.1. Por quanto tempo tencionam ficar na Austrália e com que objetivos?

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Deixis pessoal, espacial e temporal

Os enunciados estão necessariamente associados ao momento em que são produzidos. É por referência à
situação de enunciação (eu/tu – aqui – agora) que as referências de espaço e de tempo se organizam. Assim,
num texto, há palavras que remetem para a situação em que este é produzido, e só em função dessa situação
podem ser completamente compreendidas. Essas palavras podem referir-se:
• às pessoas que participam no ato de interlocução (Quem fala? A quem se dirige?);
• ao tempo das situações enunciadas (que tem como referência o tempo em que decorre a enunciação);
• ao espaço (que tem como referência o local onde se situa o enunciador).

128 | Mobilidade
Essas palavras constituem a deixis (a referência deítica) e são elementos linguísticos, pertencentes a diversas
classes morfológicas, que não têm um referencial próprio, pois aquilo a que se referem depende do contexto
de enunciação. Podemos distinguir deíticos pessoais, espaciais e temporais.

DEIXIS PESSOAL
A deixis pessoal indica os papéis dos participantes no ato comunicativo, através da categoria gramatical de
pessoa. Assim:
• a 1.ª pessoa do singular refere-se ao enunciador (“eu” à quem fala);
• a 1.ª pessoa do plural refere várias pessoas, entre as quais se inclui o enunciador (“nós” à quem fala +
outra(s) pessoa(s));
• a 2.ª pessoa do singular refere-se ao interlocutor (“tu” à a quem se fala);
• a 2.ª pessoa do plural refere-se aos interlocutores, ou a um interlocutor e a outras pessoas (“vocês” à a quem se fala).
Nota: Podem ainda surgir referências a pessoas presentes na situação de comunicação, mas que não participam no ato de interlo-
cução (“ele/a(s)” à de quem se fala).

Os deíticos pessoais podem ser pronomes pessoais, pronomes e determinantes possessivos e a flexão verbal
em pessoa e número:
1.ª Pessoa 2.ª Pessoa
Singular Plural Singular Plural
eu, me, mim, tu, te, ti, -tigo vocês, vos, se*, lhes*,
pronomes pessoais nós, nos você, o*, a*, se*, -vosco
-migo lhe*, si*, -sigo*
pronomes e meu(s)/ nosso(s)/ teu(s)/ tua(s) vosso(s)/
determinantes minha(s) nossa(s) seu(s)*/ sua(s)* vossa(s)
possessivos
flexão verbal ex.: “gosto” ex.: “gostamos” ex.: “gostas” ex.: “gostam”
(pessoa-número)
* Apenas para o tratamento mais formal, usando a 3.ª pessoa verbal – você(s), o(s) senhor(es)/ a(s) senhora(s).

DEIXIS ESPACIAL
A deixis espacial especifica a localização espacial de pessoas, objetos ou outras entidades em relação a um
ponto de referência. Existem três pontos de referência:
• o espaço próximo do enunciador (aqui);
• o espaço afastado do enunciador, mas próximo do interlocutor (aí);
• o espaço afastado do enunciador e do interlocutor (ali).

Os deíticos espaciais podem ser advérbios e locuções adverbiais com valor de lugar, pronomes e determinantes
demonstrativos ou ainda verbos de movimento/ direção:
Espaço afastado do Espaço afastado do
Espaço próximo do enunciador, mas enunciador e do
enunciador próximo do interlocutor interlocutor
advérbios e locuções adverbiais aqui, cá aí ali, lá, além, acolá
com valor de lugar
pronomes e determinantes aquele(s)/ aquela(s),
demonstrativos este(s)/ esta(s), isto esse(s)/ essa(s), isso
aquilo

verbos de movimento/ direção vir, trazer ir, levar ir, levar

Migrações | 129
DEIXIS TEMPORAL
A deixis temporal especifica o tempo das situações enunciadas em relação ao momento da enunciação, que
funciona como ponto de referência para a localização.
As noções de tempo (presente, passado e futuro) não são, pois, noções absolutas; definem-se em função do
momento de enunciação.
Os deíticos espaciais podem ser advérbios, locuções adverbiais e outras expressões com valor temporal,
tempos verbais e complexos verbais e alguns adjetivos:
Passado Presente Futuro
(anterioridade) (simultaneidade) (posterioridade)
advérbios, locuções amanhã, depois de
ontem, anteontem, há agora, hoje, neste
adverbiais e outras amanhã, daqui a uma
um mês, na semana momento, já,
expressões com semana, na próxima
passada, ... imediatamente, ...
valor temporal semana, ...
tempos verbais e ex.: “estive”, “estava” ex.: “estou” ex.: “vou estar”
complexos verbais
alguns adjetivos passado, ... atual, contemporâneo, ... futuro, ...

Exercícios
1. Atente nos deíticos pessoais presentes no Texto B.
1.1. Transcreva os pronomes pessoais que se encontram na 1.ª pessoa do singular.
1.2. Transcreva os determinantes possessivos que se encontram na 1.ª pessoa do singular.
1.3. Transcreva as formas verbais que se encontram na 1.ª pessoa do singular.
1.4. Indique a quem se referem os deíticos pessoais identificados nas três alíneas anteriores, justificando.
1.5. Identifique as duas formas verbais que se encontram na 1.ª pessoa do plural.
1.5.1. Indique a quem se referem.
1.6. Justifique o facto de este texto não apresentar marcas da 2.ª pessoa.

2. Atente nos deíticos temporais presentes nas seguintes passagens do Texto B.


a) “Procurei trabalho na minha área, mas, no início, com a questão do reconhecimento dos cursos e o
tipo de vistos, tudo foi bastante complicado.” (ll. 13-15)
b) “Estou bastante surpreendida com o valor que o meu curso tem aqui e a forma organizada como
trabalhamos.” (ll. 22-23)
2.1. Indique se as situações enunciadas em cada uma destas passagens são anteriores, simultâneas ou
posteriores ao momento da enunciação.
2.1.1. Refira as marcas linguísticas deíticas em que se baseou para responder à pergunta anterior.
2.2. Na frase a), o grupo preposicional “no início” também tem valor temporal, mas não constitui um deítico.
2.2.1. Justifique esta afirmação.
2.2.2. Indique a que ‘início’ se refere esta expressão.
2.2.2.1. Indique como se pode inferir a que ‘início’ se refere esta expressão.

130 | Mobilidade
3. Os testemunhos apresentados anteriormente (Na rota dos cangurus) contêm vários deíticos espaciais
que permitem saber se aquelas pessoas ainda se encontravam na Austrália no momento da enunciação.
3.1. Indique quem ainda estava na Austrália e quem já tinha ido embora.
3.1.1. Identifique os deíticos espaciais que, em cada testemunho, permitem saber essa informação.

4. Indique as formas linguísticas que existem em Tétum ou na sua Língua Materna para referir:
a) o espaço próximo do enunciador – formas linguísticas equivalentes a ‘aqui’, ‘cá’, ‘este/a(s)’, ‘isto’;
b) o espaço afastado do enunciador, mas próximo do interlocutor – formas linguísticas equivalentes a ‘aí’,
‘esse/a(s)’, ‘isso’;
c) o espaço afastado do enunciador e do interlocutor – formas linguísticas equivalentes a ‘ali’, ‘lá’, ‘além’,
‘acolá’, ‘aquele/a(s)’, ‘aquilo’.

GRUPO E

ORALIDADE
Há cada vez mais estudantes que estão fora do seu país

VOCABULÁRIO
OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico; programas
de mobilidade internacional: programas que dão a oportunidade a estudantes do
ensino superior de realizarem parte dos seus estudos em universidades estrangei-
ras; em queda: a diminuir; concorrência: competição entre empresas ou setores
económicos; emergência: surgimento, aparecimento; atores: intervenientes,
participantes; disputa: luta; fatia: parte; mercado do conhecimento: conjunto de
instituições que atuam na área do ensino; ascensão: progresso, desenvolvimento;
figuram: estão, constam; atratividade: atração, interesse; jogam: influenciam, estão
em causa, são considerados; prendem-se com: estão relacionados com; prestígio:
importância, estatuto; equivalências: processos através dos quais se comparam o
grau de exigência, duração e conteúdo programático de disciplinas, para estabelecer
uma correspondência em termos avaliativos; efetivos: números, valores; contingen-
te: grupo, conjunto.

Ouça o texto com atenção e responda às questões.


1. Ordene as seguintes frases de acordo com a ordem pela qual as informações são transmitidas.
a) As condições oferecidas pelas universidades australianas e neozelandesas atraem muitos estudantes.
b) A percentagem de estudantes universitários envolvidos em programas de mobilidade internacional
aumentou significativamente no prazo de um ano.
c) Grande parte dos alunos que estudam no estrangeiro provém da Ásia.
d) A escolha de formações na área das Ciências, por parte de alunos de origem neozelandesa e americana,
relaciona-se com o facto de serem falantes de língua inglesa.
e) Apesar de os Estados Unidos da América continuarem a ser o país de eleição para a maior parte dos alunos
estrangeiros, verifica-se uma concorrência crescente por parte de outros países, como a Austrália, a Nova
Zelândia, a Rússia e a Coreia.

Migrações | 131
2. Indique se as seguintes afirmações são Verdadeiras (V) ou Falsas (F) e corrija as Falsas.
a) O relatório no qual se baseia este texto foi escrito originalmente em Português.
b) Em 2008, o número de alunos a estudar num país estrangeiro ascendia a mais de 4 milhões.
c) Os Estados Unidos da América possuem uma percentagem reduzida de estudantes universitários no estrangeiro.
d) Os estudantes asiáticos representam quase metade do número total de alunos que participam nos
programas de mobilidade internacional nos países da OCDE.
e) As áreas das Ciências são mais procuradas do que as áreas das Ciências Sociais e de Direito.

3. Faça uma lista dos aspetos que os estudantes universitários têm em conta quando escolhem o país onde vão
fazer formação.

LEITURA
Uma parte significativa dos programas de mobilidade internacional no
âmbito do Ensino Superior consubstancia-se na atribuição de bolsas de
estudo, no âmbito de Licenciaturas, Mestrados, Doutoramentos ou outras
especializações. O regulamento abaixo apresentado reporta-se a bolsas de
investigação para pós-graduação e especialização, destinadas a estudantes
africanos de Língua Portuguesa e a timorenses.

1. A partir da leitura dos títulos das diferentes secções que compõem o regulamento abaixo apresentado,
indique em que capítulo podem ser encontradas informações sobre:
a) os deveres dos bolseiros perante a instituição financiadora e a instituição universitária na qual irão realizar
os seus estudos;
b) a forma como se realiza o processo de seleção dos candidatos e a concessão das bolsas por parte da
instituição financiadora;
c) a forma como se processa a renovação das bolsas;
d) as situações que podem levar à interrupção do financiamento por parte da instituição financiadora;
e) os procedimentos de candidatura a estas bolsas;
f) o programa que enquadra as bolsas de investigação a atribuir;
g) os tipos de apoio concedidos no âmbito das bolsas.

132 | Mobilidade
REGULAMENTO DE BOLSAS DE a) À circunstância de o candidato pretender ingressar ou
prosseguir na carreira universitária ou na de investigador
INVESTIGAÇÃO PARA PÓS-GRADUAÇÃO em qualquer instituto ou centro científico de reconhecido
E ESPECIALIZAÇÃO DESTINADAS A mérito, com sede em qualquer dos países africanos de língua
ESTUDANTES AFRICANOS DE LÍNGUA portuguesa e em Timor-Leste;
b) À importância e qualidade do trabalho que o candidato se
PORTUGUESA E DE TIMOR-LESTE propõe realizar, no quadro das necessidades de conhecimento
especializado do país onde exerce a sua actividade;
CAPÍTULO I
c) Ao mérito dos trabalhos de investigação por ele já realizados
DISPOSIÇÕES GERAIS
e ao das publicações de que seja autor;
Artigo 1.º d) Às classificações universitárias do candidato, mormente à
1. Com o fim principal de estimular a investigação e a valorização informação final do curso.
dos recursos humanos, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) 2. A análise dos candidatos é feita por um júri constituído por
concede bolsas de investigação em Portugal a Nacionais dos Estados especialistas académicos altamente qualificados, geralmente
Africanos de Língua Portuguesa e de Timor-Leste que nestes países habilitados com, pelo menos, o grau de doutor.
exerçam a sua actividade e que pretendam prosseguir, actualizar e CAPÍTULO IV
especializar os seus conhecimentos nos vários ramos do saber. DA CONCESSÃO E PRORROGAÇÃO DAS BOLSAS
2. A Fundação reserva-se o direito de fixar, em cada ano, o
Artigo 8.º
número de bolsas disponíveis e de limitar a respectiva concessão
a determinados sectores de investigação ou especialização. 1. As bolsas concedidas ao abrigo deste Regulamento poderão
ser prorrogadas, nos termos do Artigo 3.º.
Artigo 2.º
2. O pedido de prorrogação será formulado por escrito e
A Fundação atribui, entre outros, os seguintes tipos de bolsas: apresentado com a antecedência mínima de 60 dias em relação
a) Bolsas para mestrado; ao termo da bolsa.
b) Bolsas para doutoramento; 3. O pedido, devidamente fundamentado, deverá ser instruído com o
c) Bolsas de especialização. plano de trabalho a realizar e com o parecer do respectivo orientador.
Artigo 3.º CAPÍTULO V
As bolsas serão atribuídas por períodos de doze (12) meses, DA COMPOSIÇÃO DA BOLSA
podendo ser prorrogadas por períodos de igual duração ou Artigo 9.º
inferior, e até uma duração máxima de dois (2) anos para o
A bolsa compreenderá subsídios para manutenção, instalação,
mestrado e quatro (4) anos para o doutoramento.
seguro e comparticipação nas propinas.
Artigo 4.º
Artigo 10.º
Ao aceitar a bolsa, o respectivo beneficiário constitui-se na
1. Será pago ao bolseiro, no início da bolsa e de uma só vez, um subsídio
obrigação de regressar, no termo dela, ao país africano lusófono
de instalação igual ao valor do subsídio mensal de manutenção, salvo
ou a Timor-Leste, onde exerce a sua actividade.
se o candidato já se encontrar a residir em Portugal.
CAPÍTULO II
CAPÍTULO VI
DO CONCURSO
DAS OBRIGAÇÕES DOS BOLSEIROS
Artigo 5.º
Artigo 11.º
1. Para se candidatarem a uma bolsa, os interessados deverão
Constituem obrigações do bolseiro:
preencher um boletim que estará disponível on-line.
a) Cumprir pontualmente o plano de actividades estabelecido,
Artigo 6.º não podendo este ser alterado unilateralmente;
1. O boletim de candidatura só será considerado quando devidamente b) Cumprir as regras de funcionamento interno da entidade
preenchido e acompanhado dos seguintes documentos: acolhedora e as directrizes do orientador ou coordenador;
a) “Curriculum Vitae” em que se demonstre a preparação do c) Apresentar trimestralmente à Fundação um relatório
candidato para o programa que se propõe realizar; escrito da sua actividade.
b) Plano de trabalho a desenvolver, devidamente estruturado; CAPÍTULO VII
c) Documento comprovativo da nacionalidade do candidato; DO TERMO, SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DA BOLSA
d) Diploma de estudos;
Artigo 12.º
e) Documento comprovativo de que o candidato tem
previamente assegurado o acesso à instituição portuguesa 1. A Fundação reserva-se o direito de fazer inspeccionar a
onde irão decorrer as respectivas actividades de formação; actividade dos seus bolseiros e, se for caso disso, de cancelar
f) Parecer do orientador ou do responsável pelo as respectivas bolsas com base nas informações prestadas pelos
acompanhamento da actividade do candidato, se aplicável. orientadores dos estudos ou pelos inspectores.
2. Se a bolsa for cancelada por acto imputável ao bolseiro, este
CAPÍTULO III fica constituído na obrigação de restituir à Fundação o valor das
DA ATRIBUIÇÃO DAS BOLSAS importâncias que, a esse título, tiver recebido.
Artigo 7.º
http://www.gulbenkian.pt/media/files/actividades/bolsas_subsidios
1. Para efeitos da selecção a que se refere o artigo anterior,
atender-se-á: /2009-2010/EDUC-RegBolsasEstPosGrad_palop2010.pdf (texto adaptado)

Migrações | 133
Vocabulário
Pós-Graduação: grau académico que se destina a pessoas que já concluíram um curso superior e que pretendem especializar-se numa
dada área científica ou aperfeiçoar técnicas de investigação; Especialização: aprofundamento dos conhecimentos técnico-profissionais
numa determinada área, não constituindo um grau académico; recursos humanos: conjunto dos funcionários e colaboradores de
uma organização, empresa, instituição; reserva-se o direito de: atribui/ concede a si mesma o direito de; prorrogadas: prolongadas;
constitui-se na obrigação de: compromete-se a; boletim: impresso, formulário; ingressar: iniciar; mérito: valor; sede: local onde uma
instituição tem a sua direção ou administração; no quadro das: no âmbito das; mormente: sobretudo, principalmente; ao abrigo de:
em conformidade com, no âmbito de; nos termos do: tal como se encontra descrito/ determinado no; instruído: acompanhado (dos
documentos necessários); comparticipação: pagamento parcial; salvo: exceto, com exceção de; pontualmente: rigorosamente, dentro
dos prazos; unilateralmente: por decisão de apenas uma das partes; directrizes: indicações; inspeccionar: examinar, analisar; imputá-
vel: atribuível, da responsabilidade de; restituir: devolver; importâncias: quantias de dinheiro; a esse título: nesse âmbito.

1. Estabeleça a correspondência entre as palavras e expressões retiradas do texto e os seus significados.


1. “sectores de investigação a) áreas científicas no âmbito das quais uma dada instituição concede bolsas
ou especialização” de estudo
2. “plano de trabalho” b) declaração contendo a opinião de um especialista sobre um determinado
assunto
3. “parecer” c) fim do período de financiamento
4. “termo da bolsa” d) instituição universitária onde os alunos realizam os seus estudos
5. “propinas” e) projeto elaborado com objetivos específicos e no qual se estabelecem as
várias etapas para os atingir
6. “subsídio de instalação” f) quantia a pagar à instituição universitária onde o estudante realiza os seus estudos
7. “entidade acolhedora” g) quantia atribuída para apoio às despesas de alojamento do estudante

Sobre o texto
1. Identifique no texto as seguintes informações:
a) a entidade financiadora;
b) os tipos de bolsa que atribui;
c) a duração das bolsas;
d) os documentos a apresentar obrigatoriamente para efeitos de candidatura;
e) os tipos de apoio financeiro concedidos no âmbito da bolsa.

2. Indique se as seguintes afirmações são Verdadeiras (V) ou Falsas (F), transcrevendo do texto expressões/
frases que o comprovem.
a) O número de bolsas atribuídas é sempre o mesmo todos os anos e diz respeito a todas as áreas científicas.
b) O bolseiro tem obrigatoriamente de regressar ao seu país de origem após a conclusão dos estudos.
c) O formulário de candidatura deve ser entregue na sede da instituição financiadora.
d) Um dos aspetos que será tido em consideração na análise das candidaturas tem a ver com a relevância do
plano de trabalho proposto, nomeadamente no que se refere às repercussões que a formação realizada venha
a ter nas atividades que o candidato exerce no país de origem.
e) A análise dos processos de candidatura e seleção dos candidatos é feita por um especialista em gestão de
recursos humanos.
f) Dos deveres do bolseiro faz parte a elaboração de vários relatórios.
g) Se se verificar o incumprimento das obrigações do bolseiro, a instituição financiadora exige que o estudante
devolva o dinheiro entretanto recebido.

134 | Mobilidade
Para além do texto
Leia o aviso que a seguir se apresenta, o qual corresponde a um edital de candidaturas a programas de mobilidade internacional.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
DIREÇÃO-GERAL DO ENSINO SUPERIOR
GABINETE DE BOLSAS DE ESTUDO
Rua de Vila Verde, Díli, Tlf: 3339645, Timor-Leste

AVISO
PROGRAMAS DE BOLSAS DE ESTUDO PARA CHINA E JAPÃO
1. O governo chinês, através do programa Chinese Government Scholarship, Ministério da Educação Chinês, oferece bolsas de
estudo de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento, na China, a 6 timorenses.
2. O governo japonês, através do programa Japanese Government Scholarship for 2012 (Teacher Training Students), oferece bolsas
de estudo, através do Ministério da Educação Timorense, para professores(as) timorenses que pretendem estudar no Japão, no
curso de formação de professores.

A Direção-Geral do Ensino Superior, através do Gabinete de Bolsas de Estudo do Ministério da Educação, avisa todos os timorenses
interessados nos programas referidos que está aberto o período de candidaturas.

Requisitos gerais do Concurso e documentos de apresentação obrigatória:


a) certidão RDTL;
b) idade máxima de 20 anos para Licenciatura, 35 anos para Mestrado e 40 anos para Doutoramento;
c) compreensão e domínio oral e escrito de Inglês – Certificado do curso de Inglês IELTS (versão original do documento);
d) atestado médico de robustez física e psíquica;
e) pareceres (apenas para o curso de Mestrado);
f) cópia do passaporte;
g) cópia do Diploma de Licenciatura (para mestrandos) e de Mestrado (para doutorandos).
h) os documentos exigidos devem ter o conteúdo em Inglês.

O prazo para as inscrições começa no dia 13 de fevereiro e termina no dia 24 de fevereiro.

1. Identifique, para cada um dos programas de bolsas de estudo publicitados (e sempre que possível):
a) o nome do programa; d) o número de bolsas disponibilizadas;
b) o público a quem se dirige; e) os requisitos mínimos em termos de idade;
c) o tipo de formação oferecida; f) competências linguísticas exigidas.

2. Refira os documentos que os candidatos às bolsas de Mestrado terão necessariamente de apresentar.

ESCRITA
Candidatura a uma bolsa de estudo
No 10.º Ano, aprendeu a escrever cartas/ emails de candidatura a um posto de emprego,
com base em anúncios semelhantes ao aviso que acabou de analisar. Imagine que está
prestes a concluir o Ensino Secundário e que gostaria de se candidatar à bolsa oferecida
pelo governo chinês, para realizar os seus estudos superiores (Licenciatura) .

1. Redija uma carta de candidatura a esta bolsa, respeitando a estrutura externa da carta formal.

Migrações | 135
PRÁTICA DE LÍNGUA

Leia o excerto de uma conversa telefónica entre dois amigos, Manuel e Carlos. Ambos são timorenses, mas Carlos mudou-se
recentemente para a Austrália, para fazer um curso universitário; Manuel continua a viver em Timor-Leste.

1 Manuel: E então, como é que estão a correr as coisas por aí?


Carlos: Até agora, está tudo a correr bem. Mas não está a ser fácil… Não conheço cá quase ninguém. Só os
meus colegas de curso, mas pouco falo com eles.
Manuel: E a tua casa nova? Estás bem instalado?
5 Carlos: Não é bem uma casa… Aluguei um quarto. Quer dizer, tenho acesso à casa toda, mas estou a partilhar
casa com mais dois rapazes.
Manuel: Afinal já conheces alguém…
Carlos: Nem por isso! Um ainda não veio de férias. O outro está quase sempre fechado no quarto, por isso é
como se também não o conhecesse.
10 Manuel: Então, e a casa? Aposto que essa casa é melhor do que aquela onde fiquei quando fui aí no ano passado…
Carlos: Não sei dizer. Só vi as fotos que me mostraste. Mas é provável que sim. Esta casa é boa, não me
posso queixar. Só tem um problema: é muito fria. Não estou habituado a este tempo. Aí está sempre calor,
e uma pessoa habitua-se ao quentinho! Mas é melhor do que quando estive em Inglaterra. Lá é que não se
aguentava o frio. E aquela casa onde fiquei era gelada! Então e tu? Não te liguei para falar de casas! Conta
15 novidades!
Manuel: Não há assim nada de novo. Esta semana tem estado aqui a chover, por isso não vale a pena teres
saudades do tempo de cá. De resto, está tudo bem. Amanhã é feriado, não tenho aulas…
Carlos: Ah, é verdade! Sortudo. Não é justo! Aqui também devia ser feriado!
Manuel: Não te preocupes, também hás de ter feriados aí e eu não. Olha, os meus pais mandam-te
20 cumprimentos.
Carlos: Obrigado! Manda-lhes um abraço!
 A Funções sintáticas internas ao grupo verbal

1. Identifique as funções sintáticas dos elementos sublinhados nas seguintes frases.


a) “Estás bem instalado?” (l. 4)
b) “Aluguei um quarto. Quer dizer, tenho acesso à casa toda, mas estou a partilhar casa com mais dois rapazes.” (ll. 5-6)
c) “O outro está quase sempre fechado no quarto (…)” (l. 8)
d) “Conta novidades!” (ll. 14-15)
e) “Amanhã é feriado, não tenho aulas…” (l. 17)
f) “Manda-lhes um abraço!” (l. 21)
g) A casa de Carlos é partilhada por três jovens.
h) Carlos considera o seu colega de casa um rapaz muito reservado.

 B Preposições e locuções prepositivas: valores

1. Identifique as preposições presentes nas seguintes frases.


a) “(…) como é que estão a correr as coisas por aí?” (l. 1)
b) “Só os meus colegas de curso, mas pouco falo com eles.” (ll. 2-3)

136 | Mobilidade
c) “Quer dizer, tenho acesso à casa toda, mas estou a partilhar casa com mais dois rapazes.” (ll. 5-6)
d) “Um ainda não veio de férias.” (l. 8)
e) “Aposto que essa casa é melhor do que aquela onde fiquei quando fui aí no ano passado…”(l. 10)
f) “Não estou habituado a este tempo.” (l. 12)
1.1. Das preposições identificadas, indique aquelas que foram selecionadas por verbos principais.

 C Pronome pessoal: flexão em caso

1. Transcreva os pronomes pessoais que se encontram na 1.ª ou na 2.ª pessoa do singular.

2. Identifique os pronomes pessoais presentes nas seguintes frases retiradas do texto.


a) “Só os meus colegas de curso, mas pouco falo com eles.” (ll. 2-3)
b) “O outro está quase sempre fechado no quarto, por isso é como se também não o conhecesse.” (ll. 8-9)
c) “Manda-lhes um abraço!” (l. 21)
2.1. Indique a função sintática que desempenham.

 D Deixis pessoal, espacial e temporal

1. Responda às seguintes questões sobre deíticos pessoais presentes no texto.


1.1. Indique a quem se refere cada um dos pronomes pessoais identificados na pergunta 1 do Grupo C.
1.2. Transcreva os determinantes possessivos que se encontram na 1.ª ou na 2.ª pessoa do singular e indique
a quem se refere cada um deles.
1.3. Transcreva as formas verbais que se encontram na 1.ª ou na 2.ª pessoa do singular e indique a quem se
refere cada uma delas.

2. Os deíticos espaciais presentes no texto encontram-se sublinhados.


2.1. Indique em que país (Timor-Leste, Austrália ou Inglaterra) se situam as entidades referidas por cada deítico espacial.
2.2. Justifique o uso de cada um dos deíticos espaciais presentes na seguinte frase: “Manuel: (…) Aposto que
essa casa é melhor do que aquela onde fiquei quando fui aí no ano passado…”(l. 10).

3. Responda às questões sobre deíticos temporais presentes no texto, com base nas passagens seguintes:
a) “Carlos: Até agora, está tudo a correr bem. Mas não está a ser fácil… Não conheço cá quase ninguém.(l. 2)
b) “Manuel: (…) aquela [casa] onde fiquei quando fui aí no ano passado…” (l. 10)
c) “Manuel: Não há assim nada de novo. Esta semana tem estado aqui a chover, por isso não vale a pena
teres saudades do tempo de cá.” (ll. 16-17)
d) “Manuel: (…) Amanhã é feriado, não tenho aulas…”(l. 17)
e) “Manuel: (…) também hás de ter feriados aí e eu não.” (l. 19)
3.1. Indique se as situações enunciadas são anteriores, posteriores e/ou simultâneas ao momento da enunciação.
3.1.1. Para cada alínea, refira as marcas linguísticas deíticas em que se baseou para responder à pergunta anterior.

Migrações | 137
Subtema 2 | Turismo

GRUPO A

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Fazer turismo
1 Inicio a minha viagem pela Indonésia. Primeira etapa: Bali para lá de Kuta. Para nós, de passagem, o paraíso
inventado segundo as conveniências dos catálogos turísticos. Para os que lá vivem, o paraíso real, graças
também aos catálogos turísticos.
Atravesso o estreito já de noite. O ferry demora trinta minutos a chegar ao outro lado da escuridão. É
5 pouco tempo, pouca água, para explicar tanta história. Atravesso de Bali para Java e mudo de ilha, de idioma,
de religião, de passado comum.
Por algum motivo, o islão não atravessou o estreito. A onda islâmica converteu Sumatra, Java, a península
da Malásia, o litoral do Bornéu, as ilhas de Lombok e Sumbawa. Olhando no mapa, Bali aparece assediada
pelo islão. E no entanto, em Bali, o hinduísmo permaneceu. Deixo Bali, atravesso o estreito e entro no islão.
10 Java é a ilha com maior densidade populacional do mundo. Com uma área mais ou menos equivalente à de
Portugal, alberga doze vezes mais seres humanos que o território português. Esta profusão de humanidade
reflete-se nas estradas, provavelmente as mais congestionadas e perigosas do universo. Salto sem hesitação
para o comboio, troco de boa vontade a condução sinuosa e imprevisível dos aguerridos autocarros
indonésios pelo embalar férreo e sereno de qualquer carruagem Ekonomi ou Eksekutif que percorra a doce
15 paisagem javanesa. (…)
Desço em Yogiakarta, símbolo da identidade nacional e primeira capital da República da Indonésia, antes
de Jacarta assumir o título que naturalmente lhe pertencia. Mas o principal polo de atração turística da
cidade remonta a um passado muito mais distante do que a ideia moderna de unir 17 000 ilhas sob uma única
nação. Desço em Yogiakarta para visitar os templos mundialmente famosos de Borobudur e Prambanan.
20 Tal como Agra, a cidade do Taj Mahal, e Cuzco, a
cidade de Machu Picchu, também em Yogiakarta
encontro as grandes cadeias hoteleiras internacionais.
Alegro-me. Não pela pretensão de registar-me em
alguma delas: estaria totalmente fora das minhas
25 possibilidades económicas e da minha estratégia
moral. Que é a de deixar o meu dinheiro nas pensões
e restaurantes locais, de propriedade local. Mas a
presença dessas cadeias permite-me um capricho, o
de uma bica fumegante. (…)
30 Naturalmente, não esboço qualquer resistência aos templos monumentais de Borobudur e Prambanan. Aliás,
trato de potenciar o efeito que podem ter sobre a minha sensibilidade ávida de beleza antiga, visitando-os apenas
nos extremos das horas. Chego a Borobudur de madrugada, a Prambanan ao final do dia. Pelo silêncio, pela luz.
Em Borobudur, um guia aproxima-se com alguma hesitação. Recuso delicadamente, não pretendo
pagar um guia. “Não sou um guia, sou um estagiário. Faço a visita de graça”, diz-me um miúdo em idade

138
35 universitária. Chama-se Jack, imagino que seja um
nome para facilitar a vida aos turistas. Aceito os seus
serviços de futuro guia de bom grado. Passeamos
pelos séculos de Borobudur, entretidos com a vida
petrificada de milhares de figurantes, nos mais
40 variados momentos de um quotidiano intemporal
ressuscitado da negligência do tempo pelo trabalho
paciente da Unesco. Recuperada depois de uma
minuciosa intervenção que durou vários anos, a
estrutura de Borobudur recorda uma pirâmide – é na
45 realidade uma estupa budista – e, com os seus 34 metros de altura e 200 metros quadrados de área, iguala
em espanto as suas congéneres egípcias e maias.
Com incertezas ainda, mas já com brio profissional, o Jack explica-me o significado obscuro das dezenas de
histórias reveladas nos baixos-relevos: as reencarnações de Buda, a conversão de Sudhana, o caminho para
o nirvana. Conversamos sobre outras coisas, também. (…)
50 Olho para Java desfocada pela velocidade do comboio, que ginga e geme em direção a Jacarta, a capital
da nação. São felizes as pessoas em Jacarta? E quantos habitantes tem Jacarta? Mais que Portugal, resposta
primária que junto a outras respostas por encontrar sobre a Indonésia. Porque leva aquela mulher tudo às costas
e o homem vai de mãos a abanar? Porque está o comboio anunciado na plataforma dois e toda a gente, menos
eu, espera na plataforma um? O que significa “dari mana”? Porque parou o islão no estreito de Bali? Quanto
55 devo pagar por uma corrida de táxi sem taxímetro? Como se diz “Sem gelo, por favor”? O que querem aqueles
três que estão a olhar para mim com expressão curiosa? Aproximam-se, sorriem. Disparam: “Hello Miiister!”
Gonçalo Cadilhe, A Lua Pode Esperar, Oficina do Livro

Vocabulário
conveniências (l. 2): interesses; catálogos turísticos (l. 3): espécie de revistas onde se publicitam os destinos turísticos; ferry [do
Inglês “ferryboat”] (l. 4): barco de transporte de passageiros e veículos; península (l. 7): massa de terra que avança no mar; asse-
diada (l. 8): cercada, envolvida; hinduísmo (l. 9): conjunto dos sistemas religiosos dos povos da Índia; cadeias hoteleiras (l. 22):
conjunto de hotéis de um mesmo grupo que se encontram em diferentes países; pretensão (l. 23): desejo, aspiração; capricho (l.
28): mania, extravagância; bica (l. 29): café concentrado; fumegante (l. 29): quente; templos monumentais (l. 30): edifícios grandio-
sos destinados ao culto de uma religião; potenciar (l. 31): intensificar, reforçar; ávida (l. 31): ansiosa, desejosa; guia (l. 33): cicerone,
orientador de visitas turísticas; estagiário (l. 34): praticante, aprendiz; vida petrificada (ll. 38-39): representações de vida em pedra,
estátuas; figurantes (l. 39): o conjunto das figuras representadas no templo; negligência (l. 41): desleixo, indiferença; minuciosa (l.
43): cuidadosa, rigorosa, pormenorizada; estupa (l. 45): templo budista, pagode; congéneres (l. 46): semelhantes, idênticas; brio (l.
47): valor, dignidade; baixos-relevos (l. 48): esculturas sobre um fundo em que as figuras não sobressaem em todo o seu volume;
nirvana (l. 49): estado de libertação suprema; ginga (l. 50): oscila, baloiça.

1. Preste atenção às seguintes palavras e expressões do texto, relacionadas com turismo:


viagem | guia | catálogos turísticos | paisagem | templos mundialmente famosos |
cadeias hoteleiras | polo de atração turística | beleza antiga

1.1. Com estas palavras e expressões, preencha os oito espaços, de modo a obter frases coerentes.
Bali é um paraíso, quer para os turistas que viajam segundo os (a) , quer para os que viajam segundo as
conveniências. É um (b) onde muitos gostariam de ir de (c) . Em Java, mesmo sem (d) turístico, podem
visitar-se os (e) de (f) e percorrer a doce (g) e, nas cidades, encontrar boas (h) .

Turismo | 139
2. Transcreva as palavras ou expressões do texto que exemplificam as seguintes situações:
a) duas palavras do segundo parágrafo que mantêm uma relação de antonímia;
b) as expressões do segundo parágrafo que constituem aspetos culturais;
c) a expressão do antepenúltimo parágrafo que significa “sem receber pagamento”.

Sobre o texto
1. Ao longo do texto, a personagem apresenta-se como um turista determinado, experiente e que reflete sobre
o que anda a conhecer. Transcreva do texto as expressões ou frases que comprovam que o autor:
a) observou que uma religião pode resistir à proximidade de outra religião;
b) revelou já ter visitado diversas regiões do mundo;
c) escolhe os momentos mais favoráveis para realizar as visitas.

2. Tenha em atenção a seguinte transcrição: “Chego a Borobudur de madrugada, a Prambanan ao final do dia.
Pelo silêncio, pela luz.”(l. 32)
2.1. Esclareça, por palavras suas, o que leva o turista a escolher aqueles momentos para visitar os templos.

3. A série de perguntas do último parágrafo revela que fazer turismo pode ser uma oportunidade para conhecer
um pouco mais e um pouco melhor o local que se visita, o Mundo e o Homem.
3.1. Transcreva as perguntas que mostram que o turista:
a) aproveita a viagem para pensar no local para onde se dirige;
b) gostaria de saber a explicação do que culturalmente lhe parece estranho nesse local;
c) ainda pensa em aspetos históricos que o intrigaram;
d) não domina a língua do local que visita;
e) sabe que irá encontrar situações problemáticas.

SABIA QUE…
Borobudur é o maior monumento budista do mundo. Situa-se na parte central da ilha de Java, aproximadamente a 40 km a no-
roeste da cidade de Yogyakarta, um dos centros de cultura javanesa tradicional. Atualmente, é a atração turística mais popular da
Indonésia. Foi construído no século VIII, originalmente como um templo hinduísta. Posteriormente, esta construção passou a ser
uma estupa budista. Com o surgimento do islamismo na ilha de Java, foi abandonado e envolvido, com o passar dos anos, pela selva,
até à sua redescoberta em 1814 por colonos ingleses. A UNESCO promoveu um programa para a sua reconstrução e recuperação
que acabou em 1983.

Prambanan é um conjunto de templos situados no centro da ilha de Java. Formado por dois complexos, o Loro Jonggrang,
hindu, e o Sewu, budista, a sua construção data do ano de 856. No que se refere ao interesse arquitetónico, destacam-se as
esculturas e relevos das fachadas que relatam passagens épicas. Em 1991, foram incluídos pela UNESCO na lista do património
Mundial da Humanidade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Patrim%C3%B4nio_Mundial_da_UNESCO_na_Indon%C3%A9sia

140 | Mobilidade
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Frase ativa e frase passiva

Frase ativa
Preste atenção à seguinte frase:
>>“Por algum motivo, o islão não atravessou o estreito.” (l. 7)
• O verbo atravessar é transitivo direto, ou seja, a expressão o estreito completa-lhe o sentido e exerce a
função sintática de complemento direto. É uma frase ativa.
Frase passiva
• A frase anterior pode assumir a forma passiva:
>>Por algum motivo, o estreito não foi atravessado pelo islão.
• Observe o quadro onde se apresentam as transformações operadas:
Frase ativa Frase passiva
sujeito: o islão sujeito: o estreito
predicado: não atravessou o estreito predicado: não foi atravessado pelo islão
complemento direto: o estreito complemento agente da passiva: pelo islão
A forma verbal da frase passiva
A frase passiva mantém o mesmo verbo principal, sendo, no entanto, o seu auxiliar o verbo ‘ser’. É este verbo
que se conjuga no tempo e modo em que a forma verbal da ativa se apresenta:
• “atravessou”, na forma ativa, está conjugado no pretérito perfeito simples do modo indicativo;
• “foi”, forma do verbo ‘ser’, auxiliar da passiva, apresenta-se no mesmo modo e tempo, seguido do
particípio passado do verbo principal: “atravessado”.

Exercícios
1. Preste atenção à frase: Avisto o Taj Mahal ao longe.
1.1.  Identifique o sujeito, o predicado e o complemento direto.
1.2.  Apresente, agora, a frase na passiva com o complemento agente da passiva expresso.

2. Tenha em atenção o procedimento anterior e apresente a forma passiva da frase: “A onda islâmica converteu
Sumatra, Java, a península da Malásia, o litoral do Bornéu, as ilhas de Lombok e Sumbawa.” (ll. 7-8)

GRUPO B

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Comer, Orar, Amar e Relaxar


Uma viagem turística implica quase sempre uma planificação. Tanto pode ser preparada pelo próprio turista
como comprada, já organizada, a uma agência.

Turismo | 141
A imagem seguinte é a reprodução de uma página de um catálogo turístico onde se apresentam propostas de
viagens para diferentes partes do mundo. Observe-a com atenção e leia os textos informativos.

142 | Mobilidade
VOCABULÁRIO
formalidades de embarque: preceitos e regras a cumprir antes de embarcar; Denpasar: cidade capital da província de Bali;
via: direção, rumo, com passagem por; Doha: cidade capital do Qatar; alojamento: hospedagem, acolhimento; Ubud: cidade
da ilha de Bali; demonstração: explicação; caráter informal: natureza descontraída, sem formalidade; exóticas: raras, originais,
especiais; condimentos: temperos; Yoga: disciplina tradicional hindu que visa a libertação e a união com o absoluto através de
práticas espirituais e corporais; tamanha: muito grande, enorme; antiquíssima: muito antiga; traçando: planeando, compondo;
curandeiro e adivinho tradicional: pessoa da comunidade local tida como entendida em doenças e que também prevê o futuro;
esfoliação: eliminação das células mortas da pele; tonificará: revigorará, fortalecerá; massagem: fricção ou compressão da parte
muscular do corpo para obter resultados terapêuticos; iogurte: alimento preparado com leite coalhado; romântico: sonhador;
mimos: ofertas, delicadezas.

Sobre o texto
1. Observe o folheto de publicidade à viagem e indique:
a) o público ao qual se destina esta publicidade;
b) o itinerário e as condições da viagem de ida e de regresso, no que respeita a comida e dormida;
c) a localização, com a ajuda de um mapa, das cidades mencionadas;
d) a companhia aérea que realiza o transporte;
e) o local das três refeições incluídas no pacote de viagem e as atividades que lhes estão associadas.

2. Tenha em conta que as atividades programadas de lazer e cultura são as seguintes:


aula de Yoga encontro com um curandeiro e adivinho jantar romântico
aula de culinária tratamento de beleza com massagem, especiarias e banho de flores
tratamento de pele com banho e massagem visita à nascente sagrada de Tirta Empul
2.1. Indique em que dias se realizam estas atividades.
2.2. Escolha a atividade que mais gostaria de realizar e indique os motivos da sua escolha.

ESCRITA
Relato de viagem

Preste atenção às palavras e expressões retiradas do folheto publicitário, que pertencem ao campo lexical
“turismo”:
aeroporto | formalidades de embarque | partida | avião | destino | chegada | hotel | alojamento | visita |
estadia | regime de alojamento e pequeno-almoço (regime APA)

1. Elabore um texto, com cerca de 100 palavras, no qual relate um episódio de uma viagem, real ou imaginada,
e em que empregue o vocabulário apresentado.

Turismo | 143
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Classes do verbo

Todos os verbos se integram numa das seguintes classes: principais, copulativos e auxiliares (confrontar p.
76 do Manual do 10.º Ano)
Os verbos principais têm diferentes designações, de acordo com os complementos que selecionam:
complemento direto (CD), complemento indireto (CI), complemento oblíquo (CO), predicativo do sujeito
(PS) e predicativo do complemento direto (PCD).

No quadro abaixo, fazem-se corresponder estes complementos às designações que o verbo principal adquire,
de acordo com cada situação.
subclasse o que seleciona exemplos
Transitivo direto CD “Atravesso o estreito já de noite.” (l. 4)
Transitivo indireto CO “atravesso o estreito e entro no islão.” (l. 9)
CI “o título que naturalmente lhe pertencia” (l. 17)
Transitivo direto e indireto CD e CI “Mas a presença dessas cadeias permite-me um
capricho” (ll. 27-28) (CI/CD)
CD e CO “troco de boa vontade a condução sinuosa e imprevisível
dos aguerridos autocarros indonésios pelo embalar
férreo e sereno de qualquer carruagem Ekonomi ou
Eksekutif” (ll. 13-14) (CD/CO)
Transitivo predicativo CD e PCD O rapaz considerou esta viagem uma enorme
aventura. (CD/PCD)
A hospedeira achou-o muito pálido, no final da
viagem. (CD/PCD)
Intransitivo Não seleciona “E no entanto, em Bali, o hinduísmo permaneceu.”
complementos (l. 9)
Confrontar pp. 112-114 do Manual

Exercícios
1. Classifique os complementos do verbo sublinhados nas seguintes frases:
a) Gosto da gastronomia da Indonésia.
b) Depois do pequeno-almoço, terá uma aula de Yoga.
c) Há uma noite em que poderá apreciar um pôr do sol maravilhoso.
d) Quando fui a Bali, tive aulas de culinária.
e) Pagavam uma pequena quantia aos jornalistas envolvidos na recolha de informações.
f) As agências tomam providências para tornar inesquecível a estadia dos turistas.
g) A variedade de atividades apresentadas neste folheto deixa prever que a viagem será muito interessante.

144 | Mobilidade
2. Leia as frases, adaptadas do folheto turístico: – “Haverá uma visita à nascente sagrada de Tirta Empul,
onde se toma banho nas piscinas, cujas águas, segundo se diz, têm propriedades curativas. Depois,
regressar-se-á ao hotel para providenciar o alojamento”, disse o guia. Os turistas acharam a ideia excelente.
2.1. Indique a subclasse dos verbos sublinhados.
2.2. Justifique a sua classificação.

3. Considere as formas verbais sublinhadas nas frases seguintes.


a) Antigamente, enquanto o homem lutava, a mulher trabalhava.
b) Amanhã começamos uma nova viagem.
c) Ele já nomeou o seu acompanhante.
3.1. Indique a subclasse a que cada verbo pertence.
3.2. Construa novas frases, utilizando:
a) o verbo “trabalhar” como transitivo indireto;
b) o verbo “começar” como intransitivo;
c) o verbo “nomear” como transitivo predicativo.

GRUPO C

LEITURA
Leia atentamente o texto.

O novo turista
1 [É] evidente o interesse do meio académico e científico pelo “novo turista” ou o “turista verde”, um dos
principais protagonistas desta nova era da indústria turística, visível especialmente a partir do início da
década de noventa do século XX, conforme atesta a literatura científica (Douglas et al., 2001; Boniface e
Cooper, 2001; Weaver e Oppermann, 2000, entre outros, citados por Lima e Partidário, 2002).
5 O “novo turista”, tal como se apresenta, possui um novo estatuto. É mais exigente e mais consciente das
suas ações no desenvolvimento das atividades de lazer. Tem sempre uma apreciação crítica e sugestiva na
utilização dos recursos naturais e culturais, por se posicionar como um agente participativo e catalisador
no desenho de novos produtos turísticos. É igualmente um tipo de consumidor que se evidencia pela
individualidade e originalidade de gostos e preferências, normalmente associados à valorização do ambiente
10 e das culturas locais. Neste particular, Lima e Partidário (2002) sugerem que o “novo turista”, avaliado
individualmente ou em pequenos grupos, não se configura como o tradicional “turista de massas”, que aceita
passivamente as propostas apresentadas, sob a forma de pacotes turísticos, muitas vezes com promessas de
venda de sonhos e expectativas estandardizadas, sem a preocupação centrada no consumidor.
O “novo turista” é um explorador de novos lugares. Procura novos destinos de menor escala, diferentes dos
15 oferecidos pela indústria, e quer experimentar novas sensações e emoções autênticas, preferencialmente
em contacto mais direto com a natureza e as culturas locais. Os turistas do futuro (o mesmo será dizer, o

Turismo | 145
“novo turista”), com maior consciência ambiental, poderão muito bem optar por, ou mesmo exigir, provas de
um efetivo compromisso com formas sustentáveis de turismo (Pigram et al., 1997).
O “novo turista” não resulta de uma educação pré-estabelecida universalmente. Adquiriu valores e estilos de vida
20 diferentes, reflexo de mudanças demográficas. Estes turistas são flexíveis e mais independentes – são consumidores
híbridos, espontâneos e imprevisíveis. Desejam participar ativamente na escolha e na organização da viagem.
Querem ser diferentes da “multidão”. Também têm uma maior experiência de viagens, o que origina uma
procura de férias mais flexíveis, tendo em conta as situações específicas: se são casais jovens, famílias, pais
separados, casais sem filhos e com grandes rendimentos (…).
25 Um outro grupo-alvo em emergência é o grupo das pessoas solteiras ou sozinhas, que incluem nas suas
exigências um alojamento para turistas individuais, sem encargos ou reservas adicionais.
Solicitam, nas suas preferências, o acesso a instalações desportivas, entretenimento e oportunidades de
conhecerem novas pessoas. Por exemplo, na Alemanha já representam uma fasquia significativa no sector
da indústria hoteleira (Strietska-Ilina e Tessaring, 2005).
30 Este grupo de turistas individuais é composto por pessoas que já gostaram de andar de mochila às costas,
sozinhas, quando mais jovens, e que agora gostariam de ter uma experiência similar, ou por pequenos
grupos que gostam de explorar rotas cénicas de bicicleta ou de mota. As viagens temáticas são normalmente
escolhidas por pessoas sozinhas ou solteiras, e são uma ótima solução para pessoas com personalidades
idênticas, para desfrutarem e partilharem de interesses comuns (Strietska-Ilina e Tessaring, 2005).
35 Os jovens viajantes também surgem como um novo segmento do mercado turístico. Com idades
compreendidas entre os 15 e os 26 anos e movidos pela curiosidade, pelo conhecimento e pela autonomia,
passam a ocupar cerca de 20% das chegadas turísticas.
O turismo com a família é, para muitos, um dos raros momentos para estarem juntos. Por isso, viajar em
família é também uma das grandes tendências desta época (Chagas, 2006).
40 Independentemente do que foi discutido até agora, com base na análise de tendências apresentadas na
literatura sobre o fenómeno turístico, importa realçar que o aqui chamado “novo turista” continua a coexistir
com um tipo de turista que se caracteriza por modos de comportamento turísticos tradicionais.
Graciela Figueiredo, As Novas Tendências em Turismo, Universidade de Aveiro, 2007
http://ria.ua.pt/bitstream/10773/1545/1/2008001301.pdf

VOCABULÁRIO
académico (l. 1): escolar, universitário; protagonistas (l. 2): figuras principais num acontecimento, promotores; atesta (l. 3): demons-
tra, certifica; literatura científica (l. 3): bibliografia, livros e trabalhos sobre determinado assunto; estatuto (l. 5): situação, condição;
lazer (l. 6): descanso, divertimento, entretenimento; recursos (l. 7): fontes de riqueza, meios; catalisador (l. 7): incentivador, estimu-
lante; evidencia (l. 8): salienta, destaca; ambiente (l. 9): meio natural e social em que se vive; estandardizadas (l. 13): uniformizadas;
sustentáveis (l. 18): suportáveis, defensáveis; flexíveis (l. 20): adaptáveis, condescendentes; híbridos (l. 21): diferenciados; emergên-
cia (l. 25): aparecimento; fasquia significativa (l. 28): quantidade elevada; similar (l. 31): equivalente, semelhante; rotas cénicas (l.
32): percursos excecionais (dignos de teatro ou cinema); desfrutarem (l. 34): fruírem, apreciarem; coexistir (l. 41): existir juntamente.

Sobre o texto
1. Nos dois primeiros parágrafos surgem as expressões “o novo turista” e “turista de massas”.
1.1. Apresente um adjetivo para cada expressão que defina o que entendeu por cada uma.

2. Os terceiro e quarto parágrafos permitem conhecer o perfil do “novo turista”.

146 | Mobilidade
2.1. Faça o levantamento das características do “novo turista” no que se refere a:
a) características psicológicas;
b) gostos;
c) valores.
2.2.  Imagine que quer dizer a um amigo como é o “novo turista”. Elabore uma ou duas frases que sintetizem
o perfil desse turista.

3. A partir do quarto parágrafo, o texto vai diferenciando grupos sociais e especificando como a situação de
cada grupo interfere na escolha das viagens de férias.
3.1.  Elabore a lista dos vários grupos referidos no texto.
3.2.  Indique o grupo social em relação ao qual são apresentados mais detalhes e clarifique em que consistem
as suas exigências e gostos.
3.3. “As viagens temáticas” podem ter como objetivo, entre muitos outros:
>>observar espécies animais raras;
>>praticar desportos, como esqui ou escalada;
>>visitar locais especiais de culto religioso;
>>…
3.3.1. Explique a razão pela qual as pessoas que integram grupos de viagens temáticas se identificam,
normalmente, umas com as outras.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Advérbios e locuções adverbiais

O advérbio constitui uma classe aberta de palavras, admitindo, alguns apenas, variação em grau.
Pode completar ou modificar o sentido de:
um verbo:
>>“Desejam participar ativamente na escolha e na organização da viagem.” (l. 21)
>>“Tem sempre uma apreciação crítica e sugestiva na utilização dos recursos naturais e culturais” (ll. 6-7)
uma frase:
>>Efetivamente, o ‘novo turista’ é um explorador de novos lugares. (l. 14)
um adjetivo:
>>“[É] evidente o interesse do meio académico e científico pelo ‘novo turista’ ou o ‘turista verde’, (…), visível
especialmente a partir do início da década de noventa do século XX” (ll. 1-3)
>>“É mais exigente e mais consciente das suas ações” (ll. 5-6)

Turismo | 147
Variação em grau
>>O turista tradicional intervém pouquíssimo na organização da sua viagem.
(O advérbio pouco aparece aqui no grau superlativo absoluto sintético)
As subclasses do advérbio são:
subclasses exemplos
de predicado “o tradicional “turista de massas”, que aceita passivamente as propostas apresentadas”
(ll. 11-12)
de frase Necessariamente o turismo evoluirá no sentido de uma maior consciência ambiental.
conetivos Consequentemente, o turismo tradicional também sofrerá alterações.
de negação “o ‘novo turista’, avaliado individualmente ou em pequenos grupos, não se configura como
o tradicional turista de massas” (ll. 10-11)
de afirmação O ‘novo turista’, esse sim, é um explorador de novos lugares.
de grau e O turismo desenvolveu-se bastante nas últimas décadas.
quantidade
de inclusão “Os jovens viajantes também surgem como um novo segmento do mercado turístico.” (l. 35)
de exclusão O turista tradicional visita apenas os locais propostos pelo guia.
interrogativos Quando começou a surgir o “novo turista”?
relativos O hotel onde fiquei alojado era acolhedor.
Consultar Apêndice

Exercícios
Atente nas frases apresentadas e na identificação dos advérbios ou locuções adverbiais.
• É conveniente chegar cedo ao aeroporto. > ‘cedo’ é um advérbio de predicado com valor de tempo.
• Pelo contrário, eu gosto de visitar calmamente um museu. > ‘Pelo contrário’ é uma locução adverbial
conetiva e ‘calmamente’ é um advérbio de predicado com valor de modo.

1. Agora proceda de forma semelhante em relação às frases apresentadas.


a) Onde vais estas férias?
b) Provavelmente, este ano não irei para fora do país.
c) Viaja-se bem com esta equipa.
d) Brevemente estaremos a pensar na preparação da viagem.

ESCRITA
Panfleto turístico

Uma ação indispensável ao desenvolvimento da indústria turística de um país consiste na divulgação dos
pontos de interesse que poderão captar a atenção de turistas nacionais ou estrangeiros.
Elabore um panfleto turístico que poderá integrar uma revista de divulgação, em conjunto com as
propostas de panfletos de outros colegas.

148 | Mobilidade
Preparação
1. Selecione e defina:
>>a região ou a realidade de interesse turístico que quer publicitar;
>>o público que quer cativar e o objetivo da viagem: descansar, contactar com culturas diferentes, conhecer
uma região;
>>as atividades a desenvolver e os respetivos locais;
>>os meios de transporte a utilizar;
>>o alojamento a disponibilizar;
>>outros aspetos que sejam importantes, como fotografias e mapas.

2. Esboce o itinerário.

3. Proceda à seleção de vocabulário que lhe permita ser claro nos conteúdos a transmitir.

4. Anote formas de tornar o estilo mais apelativo: uso de adjetivação e de comparações, apelo aos sentidos da
visão e do gosto, etc.

Textualização
5. Elabore agora o panfleto turístico, tendo em conta o público-alvo que determinou e o objetivo da viagem.

GRUPO D

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Pamukkale
1 O minarete esguio eleva-se no ar, o vale veste-se de
verde e amarelo e as montanhas, com contornos bem
definidos, recortam o céu pintado de azul onde sobe
um sol ainda tímido.
5 – Parece neve. Achas que é possível?
As dúvidas do casal de turistas, fitando preguiçosamente
o lado oposto com uma expressão de êxtase, enxertaram
no meu ser um sorriso estéril de sinceridade e resgataram-
-me daquele mergulho no silêncio que parecia não
10 ter fim. Virei as costas para a extensa planura, senti os
odores da manhã que se abria bonita, de uma luz pura e ténue, e permiti que o olhar se afogasse na colina de um
branco ofuscante, pálida como uma taça de leite, antes de empreender a subida. Retalhos da abóbada do mundo,
manchada apenas por uma nuvem ou outra, refletiam-se nas águas opacas que também devolviam o verde da
escassa vegetação em redor da lagoa onde começavam a trepar os socalcos. E, de repente, como que por encanto,

Turismo | 149
15 projetam-se à esquerda do caminho de terra batida por onde seguem os meus passos piscinas de um azul que
desencadeia de imediato no viajante um espasmo de emoção e uma sensação que dificilmente se desmorona.
Como se de um magnetismo se tratasse, a atração é fatal e nem os mais velhos ou as almas mais disciplinadas
resistem a chapinhar na água ao lado das crianças ébrias de euforia e de contentamento. Mudando de cor de
acordo com a luz solar, Pamukkale é um lugar mágico e poético a qualquer hora do dia e de uma infinita beleza
20 quando a manhã desponta ou quando é abrangido pelo crepúsculo, na orfandade de turistas – mais de um milhão
por ano, o que lhe confere o estatuto de um dos lugares mais visitados da Turquia.
Sempre de olhos postos naquela paisagem que exala misticismo, erguendo-se como um bolo de noiva e
recetiva a tantas outras metáforas, encontrei ainda mais silêncio para tentar compreender este fenómeno
natural. As ténues correntes de água quente (35 graus) que brotam do solo, por baixo do monte, são ricas
25 em cálcio e, ao deslizarem sobre as rochas da colina, deixam restos calcários (carbonato de cálcio) que,
com o decorrer do tempo, foram criando um conjunto de terraços sobrepostos que comunicam entre si e
belíssimas estalactites. (…)
Não há muito tempo, quando era referência em todos os folhetos e postais da Turquia, o local
estava inundado de vendedores com as suas tendas e de hotéis construídos sem grande distinção
30 arquitetónica que trepavam até ao dorso da colina. Mas a partir de 1988, ano em que Pamukkale
passou a integrar a lista de património da UNESCO, a situação sofreu uma alteração profunda e grande
parte do castelo de algodão apenas pode agora ser absorvido com o olhar, de forma a controlar um
desastre que parecia iminente.
Sousa Ribeiro, in revista Fugas, Público de 18 de fevereiro de 2012

VOCABULÁRIO
minarete (l. 1): torre de mesquita de onde se chamam os fiéis para a oração; enxertaram (l. 7): introduziam, provocaram; estéril (l.
8): inútil; resgataram-me (ll. 8-9): tiraram-me, libertaram-me; mergulho (l. 9): imersão; ofuscante (l. 12): que cega de tão intenso;
empreender (l. 12): começar; abóbada do mundo (l. 12): céu; opacas (l. 13): turvas, que não são transparentes; escassa (l. 14): rara,
pouca; socalcos (l. 14): degraus em terrenos muito inclinados; espasmo de emoção (l. 16): emoção forte, delírio; desmorona (l. 16):
desfaz, desaparece; magnetismo (l. 17): atração, encantamento; chapinhar (l. 18): bater com os pés ou com as mãos na água; cre-
púsculo (l. 20): cair da noite; orfandade (l. 20): ausência; ténues (l. 24): delicadas, fracas; estalactites (l. 27): formação de sedimen-
tos de cálcio que se formam a partir do teto das grutas.

Sobre o texto
1. Transcreva a passagem do texto que explica como se formam as construções naturais existentes em Pamukkale,
na Turquia, e que podem ser observadas na imagem.

2. O autor descreve Pamukkale como “um lugar mágico e poético” (l. 19), pelo que o seu texto está repleto de
expressões que revelam a magia do lugar e de figuras de retórica que lhe conferem uma certa poeticidade.
2.1. Faça corresponder as palavras ou expressões sublinhadas na coluna A aos seus significados, na coluna B.

150 | Mobilidade
Coluna A Coluna B
A. “o vale veste-se de verde e amarelo” (ll. 1-2) 1. branca e em socalcos

B. “resgataram-me daquele mergulho no silêncio” 2. entusiasmadas e alegres


(ll. 8-9)
C. “permiti que o olhar se afogasse na colina” (l. 11) 3. as pessoas menos expansivas
D. “pálida como uma taça de leite” (l. 12) 4. ausência
E. “piscinas de um azul que desencadeia (...) uma 5. apresenta-se
sensação que dificilmente se desmorona” (ll. 15-16)
F. “nem os mais velhos ou as almas mais disciplinadas 6. estado de contemplação
resistem a chapinhar na água” (ll. 17-18)
G. “ao lado das crianças ébrias de euforia e de 7. desaparece
contentamento” (l. 18)
H. “quando a manhã desponta ou quando é abrangido 8. ficasse submerso
pelo crepúsculo, na orfandade de turistas” (l. 20)
I. “Sempre de olhos postos naquela paisagem que 9. cheio
exala misticismo, erguendo-se como um bolo de
noiva” (l. 22)
J. “o local estava inundado de vendedores com as 10. muito branca
suas tendas e de hotéis construídos sem grande
distinção arquitetónica” (ll. 28-30)
2.2. Identifique as figuras de retórica presentes nas frases da coluna A:
a) metáfora;
b) personificação;
c) comparação;
d) hipérbole.
2.3. Retire do texto três expressões que revelem o aspeto transcendente do local.

3. Releia o último parágrafo do texto.


3.1. Indique o que significa UNESCO.
3.1.1. Refira o processo de formação de palavras presente.
3.2. A última frase menciona “um desastre que parecia iminente” (ll. 32-33).
3.2.1. Em sua opinião, que desastre seria previsível?
3.2.2. Explique em que consistiu a intervenção da UNESCO.

Turismo | 151
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Modo conjuntivo

O modo conjuntivo apresenta a ação como um desejo, uma


possibilidade, uma eventualidade ou uma dúvida.

Tempos verbais do modo conjuntivo


Presente Pretérito imperfeito Futuro simples
Oxalá vá à Turquia. Talvez fosse à Turquia. Se eu for à Turquia, vou ter
Embora estude, preciso de Se pudesse, viajava todos os anos. umas férias mágicas.
trabalhar. “permiti que o olhar se afogasse na Quando nós pudermos,
colina” (l. 11) iremos à China.
Queira Deus!
Detesto que faças isso.
Receio que ele não venha.
Concordo que lhe peças
autorização.
Pretérito perfeito composto Pretérito mais-que-perfeito composto Futuro composto
Forma-se com o presente do Forma-se com o pretérito imperfeito Forma-se com o futuro simples
conjuntivo do verbo auxiliar ter do conjuntivo do verbo auxiliar ter ou do conjuntivo do verbo auxiliar
ou haver e o particípio passado haver e o particípio passado do verbo ter ou haver e o particípio
do verbo principal. principal. passado do verbo principal.
Espero que ele não tenha feito Embora me tivesse sentido mal, Assim que tiver feito tudo,
o que dizem. consegui chegar a casa. vou ler um livro.
Duvido que ele já tenha ouvido Se me tivesses pedido o panfleto
essa canção. turístico, tinha-to dado.
Nota: O modo imperativo utiliza as formas do presente do conjuntivo, nas pessoas em que não tem formas próprias (Saiam!) e
também nas formas negativas (Não andes tão depressa!).

Exercícios
1. Complete as frases, usando o modo conjuntivo, de acordo com os contextos.
a) Estão a contratar guias que (falar) inglês e (estar) livres ao fim de semana.
b) Espero que a viagem (correr) bem e que o tempo (melhorar) depressa.
c) É natural que se (subir, nós) ao alto do monte, se (observar) melhor a natureza.
d) Achas que vai mesmo chover? Talvez não (chover).
e) Se (ter) um guia, sentíamo-nos mais confiantes.
f) Preferia que (ir, nós) a pé.
g) Pedi ao meu pai que (vir) connosco.
h) Eu não gostaria que (ver, nós) todos os monumentos num só dia.
i) Assim que (saber) alguma coisa sobre a viagem, aviso-te imediatamente.
j) Quando (fazer) anos, vou dar uma grande festa.

152 | Mobilidade
GRUPO E

LEITURA
Leia atentamente o texto.

Turismo de massas
1 Hoje estava frio em Praga. O clima é uma dessas coisas a que eu não me acostumo nesta cidade, neste
país. Quando vim de Madrid, tínhamos uma temperatura ainda própria do verão, porém, aqui, o outono
antecipou-se. Mas a friagem não desencoraja os turistas. Esses são uma casta que cada vez se torna mais
resistente ao clima; são um vírus humano aparentemente inofensivo, mas que é imune à cultura. Se calhar,
5 vão dizer-me que estou a falar dos turistas como uma praga. Pois é, os turistas são uma praga em Praga (lindo
jogo de palavras apenas possível nesta língua). Por acaso são todos os turistas iguais? Com certeza não: há-os
maus e há-os piores. Não posso evitar sentir-me misantropo com os turistas.
O turismo de massas é uma ameaça. Tudo o que pode
ter de positivo o intercâmbio de pessoas no mundo está a
10 tornar-se uma arma de destruição massiva das culturas,
nomeadamente das culturas mais ameaçadas. É um facto que
não tenho verificado, mas tenho a suspeita de que o turismo
massivo também tem grande influência no desaparecimento
das línguas e culturas minoritárias.
15 Na realidade trata-se de massas sem controlo, que vão
sem rumo, à procura de não se sabe bem o quê que seja
interessante. O que lhe interessa realmente, a esta massa, do país ou da cidade que visitam? Monumentos?
Paisagens? Na realidade visitam o que se quer que visitem. Quando eu voo, escuto o pessoal contar as
viagens que têm feito até aos dias de hoje. Trata-se na realidade de uma coleção de visitas por Europa e
20 mesmo além.
Sinceramente, não gosto da maioria destes turistas. Nenhum deles sabe o que é entrar num alfarrábio
de Praga e deixar os dedos cheios de pó com dúzias de anos. Quando me perguntam: “O que é que nos
recomendas ver?”, eu digo muito formal: “Vejam tudo”. Porém, eles não entendem que além do que veem
todas as pessoas que fazem a visita de Praga, eu quero dizer: vejam o Café Literário, entrem numa livraria e
25 apreendam um bocadinho desta língua esplêndida que tem sete casos. “Sete casos?, Buf, que complicado!”.
Pronto, é complicado, mas o que fazer? O turismo, para ser turismo, tem que ser simples?
http://pivonauta.wordpress.com/2010/09/13/o-turismo-de-massas-a-ultima-ameaca/ (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
Praga (l. 1): capital da República Checa, no centro da Europa; Madrid (l. 2): capital de Espanha; antecipou-se (l. 3): veio mais cedo;
friagem (l. 3): frio; vírus (l. 4): microrganismo que provoca doenças; imune (l. 4): que não é atacado, está protegido; se calhar (l. 4):
talvez, eventualmente; praga (l. 5): doença, calamidade; misantropo (l. 7): insociável, não gosta de conviver; intercâmbio (l. 9): troca,
contacto variado; massiva (l. 10): em grande quantidade, em massa; alfarrábio (l. 21): livro muito antigo; casos (l. 25): em certas
línguas há terminações que se colocam nas palavras, para exprimir a função sintática que a palavra desempenha.

Turismo | 153
Sobre o texto
1. No 1.º parágrafo, o autor trata certos turistas como uma doença.
1.1.  Refira todas as palavras que possam estar associadas ao campo lexical de “doença”.
1.2.  Indique a palavra que resume o sentir do autor, face a essa classe de turistas.
1.2.1. Clarifique a atitude que o autor assumia para com esses turistas que considerava como uma doença.

2. Retire dos 2.º e 3.º parágrafos do texto as frases que confirmam as seguintes afirmações.
a)  O turismo de massas pode levar ao aniquilamento de aspetos particulares de determinadas zonas.
b) O tipo de turista referido pelo autor do texto gosta de enumerar os locais que visita.
c) O turismo de massas controla o viajante.

Para além do texto


1. Partindo das seguintes imagens, refira aspetos característicos do turismo de massas.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Colocação do pronome pessoal átono face ao verbo

Os pronomes pessoais com função de complemento direto e indireto colocam-se, normalmente, a seguir ao
verbo e separados por hífen. No entanto, existem diversas situações em que a sua posição ocorre no interior
da forma verbal ou antes dela.

154 | Mobilidade
Posição do pronome face ao verbo Exemplo
Depois do verbo (ênclise) “Há-os maus e há-os piores.” (ll. 6-7)
(normalmente)
Intercalada na forma verbal (mesóclise) Visitá-lo-ei.
Nas formas de futuro e condicional Chamá-la-ia.
Entre o auxiliar e o verbo
Na forma passiva Foi-lhes permitido visitar o local.
Nos tempos compostos Tenho-os visto todos os dias.
Antes do verbo (próclise) Eu já não o quero.
• Com o verbo antecedido de alguns advérbios: Ela apenas se apercebeu do perigo quando já era
ainda, já, sempre, talvez, também, só, somente, tarde.
apenas, não, nunca, pouco, quase
• Com pronomes ou advérbios interrogativos “O que é que nos recomendas ver?” (ll. 22-23)
Quem a viu?
Onde se magoaram?
• Com expressões exclamativas Oxalá a encontres!
• Em orações subordinadas “O clima é uma dessas coisas a que eu não me
acostumo nesta cidade.” (l. 1)
“Quando me perguntam:“ (l. 22)
• Em orações cujo sujeito é um pronome indefinido Todos me acompanharão amanhã.
(excepto ‘um’) Ninguém me convenceu.
Confrontar p. 123 deste Manual

Exercícios
1. Complete os espaços com uma das alternativas apresentadas.
1.1. Caso na cidade, imediatamente, para que não .
a) te percas / avisa-nos / nos preocupemos  
b) te percas / avisa-nos / preocupemo-nos  
c) percas-te / nos avisa / preocupemo-nos
d) percas-te / nos avisa / nos preocupemos

2. Reescreva as frases, introduzindo o pronome indicado no local adequado.


a) A verdade é que sentíamos infelizes. (nos)
b) Ajudai uns aos outros. (vos)
c) Damos uma viagem diferente. (lhe)
d) Preciso de enviar os folhetos turísticos. (lhe)
e) Diria que pouco sabíamos sobre alfarrábios. (nos)
f) Sabia que entenderíamos sobre o assunto aqui tratado. (nos)

Turismo | 155
PRÁTICA DE LÍNGUA

1 No dia seguinte, deparo com um grupo de turistas que se deslocaram da África do Sul para fazer
observação de pássaros. Apresentam-se na qualidade de birdwatchers como se se reclamassem de uma
rara e orgulhosa etnia. Ali estão, alojados em tendas, com pouco conforto mas em total harmonia com
as gentes e o lugar. Procuram pássaros raros e aves endémicas como o abutre-das-palmeiras, a codorniz-
5 -azul e o oriolo-de-cabeça-verde. Não é uma surpresa tão grande encontrar este grupo. A região a norte do
Dondo é, na realidade, um importante centro de atração internacional dos tais birdwatchers. A avifauna
ali presente é famosa pela sua raridade e pelo seu grau de endemismo. Convidam-me para jantar, partilho
com eles uns enlatados acompanhando um arroz do tipo “juntos venceremos”. Estão felizes porque, nessa
tarde, observaram grupos de grous carunculados, uma ave protegida que apenas ocorre naquelas pradarias
10 inundáveis, os chamados “tandos”.
Adormecemos sob o doce mas monótono coaxar das rãs.
Mia Couto, Pensageiro Frequente, Caminho, 2010

VOCABULÁRIO
birdwatchers [Inglês] (l. 2): observadores de pássaros; etnia (l. 3): indivíduos que, podendo pertencer a raças e a nações diferentes,
estão unidos por uma cultura e, particularmente, por uma língua comuns; tendas (l. 3): abrigos desmontáveis usados para pernoitar
no campo; endémicas (l. 4): pertencentes a uma região restrita; avifauna (l. 6): conjunto das aves de uma região; pradarias (l. 9):
conjunto de prados, grandes planícies; coaxar (l. 11): emissão de voz das rãs.

 A Frase ativa e frase passiva

1. Considere a frase: “Os turistas procuram pássaros raros e aves endémicas.”


1.1. Indique a classe do verbo.
1.2. Transcreva a expressão que desempenha a função sintática de complemento direto.
1.3. Transforme a frase, dando-lhe a forma passiva.

2. Considere, agora, a frase: “Convidam-me para jantar” (l. 7).


2.1. Classifique o sujeito.
2.2. Indique o complemento direto.
2.3. Transforme a frase, dando-lhe a forma passiva.

 B Classes do verbo

1. Preste atenção aos verbos sublinhados no excerto a seguir transcrito.

Na história dos Nobel, Portugal obteve duas atribuições. O mérito foi para Egas Moniz (1874-1955), que
recebeu o Prémio Nobel da Medicina em 1949, e para José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da
Literatura em 1998. Ao longo dos tempos, alguns prémios foram rejeitados, devido a proibições impostas

156 | Mobilidade
por determinadas entidades governamentais aos cidadãos dos respetivos países. Em 1937, Hitler proibiu os
alemães de receberem prémios Nobel, porque considerou uma afronta a atribuição do Nobel da Paz a Carl
von Ossietzky, em 1935.
Prémio Nobel. In Infopédia [Em linha]. Porto Editora, 2003-2011

1.1. Identifique, conforme as indicações do esquema, as subclasses a que pertencem os verbos sublinhados.

Transitivo Transitivo
indireto predicativo
[1 exemplo] Transitivo [1 exemplo]
Transitivo
direto e
direto
indireto
[1 exemplo]
[1 exemplo]

1.2. Indique, agora, os complementos desses verbos (se existirem) que justificam as designações atribuídas.

 C Advérbios e locuções adverbiais

1. Leia atentamente as frases do texto inicial em que aparecem sublinhados alguns advérbios.
1.1. Transcreva a expressão em que se integra:
a) um advérbio de exclusão;
b) um advérbio de quantidade;
c) um advérbio de grau;
d) um advérbio de predicado com valor de lugar;
e) um advérbio com valor de negação.

 D Modo conjuntivo

1. Leia o texto.

Um monomotor rompe o céu bem-humorado, tão baixo que permite perscrutar o rosto alegre de
um turista gozando aquela privilegiada perspetiva aérea, e logo de seguida sou assaltado por um silvo
agudo que enche o ar da manhã esplendorosa. Um turista, indiferente às regras impostas aos visitantes e
provavelmente assombrado com tamanha magnificência, exacerba a irritação do guarda que agora segura
o apito na mão esquerda e com a direita lhe faz sinal para se retirar daquela pequena piscina que brilha à
luz do sol como se abrigasse mil espelhos.
Sousa Ribeiro, in revista Fugas, Público de 18 de fevereiro de 2012

Turismo | 157
VOCABULÁRIO
monomotor (l. 1): avião pequeno, apenas com um motor; perscrutar (l. 1): examinar com atenção; silvo (l. 2): som agudo de um api-
to; esplendorosa (l. 3): muito bonita, deslumbrante; assombrado (l. 4): espantado; magnificência (l. 4): esplendor, beleza; exacerba
(l. 4): aumenta; abrigasse (l. 6): tivesse.

1.1. Reescreva parte do segundo período do texto, iniciando-o por “Não me parece que um turista,” até “a
irritação do guarda”.

2. Complete os espaços com as formas verbais adequadas, atendendo aos verbos indicados.
a) Espero que a viagem de avião rápida. (ser)
b) Tenho muita pena que a tua mãe não nos acompanhar. (poder)
c) Só queríamos que eles bem. (sentir-se)
d) Se todos juntos, será mais divertido. (ir)
e) Mesmo que ele viajar, não teria dinheiro suficiente para toda a viagem. (querer)

 E Colocação do pronome pessoal átono

1. Substitua as expressões sublinhadas por pronomes, atendendo à sua correta colocação face ao verbo.
a) Obedece aos teus avós.
b) Tens de obedecer aos teus avós.
c) Para a semana vejo os meus amigos.
d) Para a semana telefono aos meus amigos.
e) Já mostrei este livro?
f) Tira o caderno de cima da mesa.
g) Será que pus o casaco na cadeira?

2. Justifique a colocação dos dois pronomes sublinhados no excerto do texto apresentado no Grupo D.

158 | Mobilidade
Apêndice

Conjugação verbal
Conjunções e locuções conjuncionais
Preposições e locuções prepositivas
Advérbios e locuções adverbiais
Apêndice

CONJUGAÇÃO VERBAL

VERBOS REGULARES (falar, viver, partir)

MODO INDICATIVO – TEMPOS SIMPLES


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
Presente Pretérito imperfeito
eu falo vivo parto falava vivia partia
tu falas vives partes falavas vivias partias
ele fala vive parte falava vivia partia
nós falamos vivemos partimos falávamos vivíamos partíamos
vós falais viveis partis faláveis vivíeis partíeis
eles falam vivem partem falavam viviam partiam
Pretérito perfeito simples Pretérito mais-que-perfeito simples
eu falei vivi parti falara vivera partira
tu falaste viveste partiste falaras viveras partiras
ele falou viveu partiu falara vivera partira
nós falámos vivemos partimos faláramos vivêramos partíramos
vós falastes vivestes partistes faláreis vivêreis partíreis
eles falaram viveram partiram falaram viveram partiram
Futuro simples
eu falarei viverei partirei
tu falarás viverás partirás
ele falará viverá partirá
nós falaremos viveremos partiremos
vós falareis vivereis partireis
eles falarão viverão partirão

MODO INDICATIVO – TEMPOS COMPOSTOS


Pretérito perfeito composto Pretérito mais-que-perfeito composto
eu tenho tinha
tu tens tinhas
ele tem falado/ vivido/ partido tinha falado/ vivido/ partido
nós temos tínhamos
vós tendes tínheis
eles têm tinham
Futuro composto
eu terei
tu terás
ele terá falado/ vivido/ partido
nós teremos
vós tereis
eles terão

160
MODO CONDICIONAL MODO CONDICIONAL
Condicional simples Condicional composto
eu falaria viveria partiria teria
tu falarias viverias partirias terias
ele falaria viveria partiria teria
falado/ vivido/ partido
nós falaríamos viveríamos partiríamos teríamos
vós falaríeis viveríeis partiríeis teríeis
eles falariam viveriam partiriam teriam

MODO CONJUNTIVO MODO CONJUNTIVO


Tempos simples Tempos compostos
Presente Pretérito perfeito composto
eu fale viva parta tenha
tu fales vivas partas tenhas
ele fale viva parta tenha
falado/ vivido/ partido
nós falemos vivamos partamos tenhamos
vós faleis vivais partais tenhais
eles falem vivam partam tenham
Pretérito imperfeito Pretérito mais-que-perfeito composto
eu falasse vivesse partisse tivesse
tu falasses vivesses partisses tivesses
ele falasse vivesse partisse tivesse falado/ vivido/ partido
nós falássemos vivêssemos partíssemos tivéssemos
vós falásseis vivêsseis partísseis tivésseis
eles falassem vivessem partissem tivessem
Futuro simples Futuro composto
eu falar viver partir tiver
tu falares viveres partires tiveres
ele falar viver partir tiver falado/ vivido/ partido
nós falarmos vivermos partirmos tivermos
vós falardes viverdes partirdes tiverdes
eles falarem viverem partirem tiverem

MODO IMPERATIVO
(tu) fala vive parte
(vós) falai vivei parti

FORMAS VERBAIS NÃO FINITAS


Infinitivo Gerúndio Particípio passado
simples composto simples composto
falar ter falado falando tendo falado falado
viver ter vivido vivendo tendo vivido vivido
partir ter partido partindo tendo partido partido

Apêndice | 161
VERBOS AUXILIARES

pres. ind. estou, estás, está, estamos, estais, estão


pret. perf. ind. estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram
estar
pres. conj. esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam
pret. imp. conj. estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis, estivessem
pres. ind. hei, hás, há, havemos, haveis, hão
pret. perf. ind houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram
haver
pres. conj. haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam
pret. imp. conj. houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis, houvessem
pres. ind. vou, vais, vai, vamos, ides, vão
pret. perf. ind. fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
ir
pres. conj. vá, vás, vá, vamos, vades, vão
pret. imp. conj. fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem
pres. ind. sou, és, é, somos, sois, são
pret. perf. ind. fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
ser
pres. conj. seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam
pret. imp. conj. fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem
pres. ind. tenho, tens, tem, temos, tendes, têm
pret. perf. ind. tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tiveram
ter
pres. conj. tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham
pret. imp. conj. tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES CONJUNCIONAIS

COORDENATIVAS

subclasses conjunções locuções conjuncionais


copulativas (adição) e, nem não só… mas também, tanto… como
adversativas (oposição) mas
disjuntivas (alternativa) ou ou… ou, quer… quer, ora… ora, seja… seja
explicativas pois pois que
conclusivas logo pelo que

SUBORDINATIVAS

subclasses conjunções locuções conjuncionais


temporais quando, enquanto, mal, apenas antes que, depois que, desde que, logo que, sempre que
causais porque como que, visto que, já que, uma vez que
comparativas como, conforme assim como, bem como, como se, tanto / tão… como
condicionais se, caso desde que, salvo se, sem que, a não ser que
finais que para que, a fim de que
consecutivas que de (tal) modo que, de maneira que
integrantes que, se, como
concessivas embora ainda que, posto que, nem que, mesmo que

162 | Apêndice
PREPOSIÇÕES E LOCUÇÕES PREPOSITIVAS

preposições locuções prepositivas


a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, abaixo de, junto de, longe de, antes de, depois de, dian-
para, perante, por, segundo, sem, sob, sobre, trás te de, atrás de, em frente de, para com, por entre, …

ADVÉRBIOS E LOCUÇÕES ADVERBIAIS

subclasses advérbios locuções adverbiais


agora, ainda, amanhã, antes, a qualquer momento, à noite, à
com valor de antigamente, cedo, depois, então, tarde, às vezes, de manhã, de novo,
tempo hoje, já, jamais, logo, nunca, de repente, de vez em quando, em
ontem, sempre, tarde, ... breve, ...
abaixo, acolá, adiante, aí, além, ali, à distância, à esquerda, ao lado, em
de predicado com valor de
aquém, aqui, atrás, cá, debaixo, baixo, em cima, em frente, em volta,
lugar
dentro, fora, lá, longe, perto, ... no centro, no meio, por trás, ...
assim, bem, depressa, devagar, mal a custo, a pé, a sós, à vontade,
com valor de
(e muitos advérbios terminados em à toa, ao acaso, aos poucos, em
modo
‘-mente’, como: amavelmente, ...) silêncio, em vão, por acaso, ...
certamente, decerto, efetivamente, com certeza, com efeito, de facto,
felizmente, naturalmente, de forma nenhuma, de jeito
de frase
obviamente, possivelmente, nenhum, de modo algum, por
provavelmente, realmente, talvez, ... certo, sem dúvida, ...
assim, consequentemente,
contrariamente, contudo, depois, de mais a mais, de resto, no
conetivos finalmente, nomeadamente, entanto, por conseguinte, por
primeiro, porém, portanto, consequência, por isso, ...
seguidamente, todavia, ...
bastante, demais, demasiado,
de grau e quantidade excessivamente, mais, menos, de mais, de menos, ...
muito, pouco, tanto, tão, ...
de negação não
de afirmação sim
até, inclusivamente, mesmo,
de inclusão
também
apenas, exceto, exclusivamente,
de exclusão
senão, só, somente, unicamente, ...
de tempo quando?
de lugar onde?, aonde?, donde?
interrogativos
de modo como?
de causa porque?
relativos onde, como

Apêndice | 163
Créditos das Imagens

Ana Luísa Oliveira (p. 154)


Armindo de Jesus (p. 132)
Mariana Martinho (p. 84)
Paulo Cachim (p. 54, 94)
Paulo Morgado (p. 24)
Teresa Almeida (p. 101)
Teresa Ferreira (capa, p. 14, 33, 52)
Zélia Breda (p. 84)
Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de
Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro

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