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Texto em inglês original de Joe Navarro, adaptação para o Brasil de Leonardo Teles
Essas características primitivas ainda são tão fortes em nós, fazem parte de nosso DNA
e paleocircuits dentro de nossos cérebros, que até hoje nos comunicamos muito mais de
forma não-verbal do que verbal.
Nossos membros, rosto, olhos e até mesmo coração estão todo o tempo sendo
controlados por nosso cérebro. Nenhuma ação se realiza sem o uso do cérebro, sendo
que quando falamos da comunicação não-verbal, falamos da interação deste (o cérebro)
com o corpo. Pelo fato de a linguagem corporal estar intimamente interligada à nossa
psique (aquilo que ‘está dentro’ do cérebro), podemos analisar os não-verbais para
decifrar o que de fato se passa dentro de nossas cabeças. São essencialmente estes sinais
(mais notadamente aqueles de conforto, desconforto, emoções e intenções) que trato em
meu livro “What Every Body is Saying”.
As crianças chegam a este ‘estranho mundo’ tremendo de frio e chorosas. Sua mãe,
entendendo a necessidade imediata do bebê, protege-o com roupas quentes e
confortáveis. O recém-nascido fica, portanto, imediatamente satisfeito: sua primeira
comunicação não-verbal foi realizada com sucesso. A partir dessa necessidade inicial de
calor, abrimos uma ‘janela’ a partir da qual serão realizadas todas as futuras formas de
comunicação e interação entre corpo e cérebro, cada uma elegantemente coreografada
de forma a criar um repertório que garantirá a nossa sobrevivência através de uma
comunicação eficaz. (Ratey, 2001, 181; Knapp & Hall, 1997, 51).
O choro e os tremores são prontamente seguidos pelo ‘chupar dos dedos’, algo que se
aprende ainda na barriga da mãe. Trata-se de um gesto introspectivo, uma resposta do
cérebro a uma parte sua que busca a paz e tranqüilidade. O cérebro, por questões que
ainda desconhecemos, engajará o corpo (neste caso o dedão) na busca à tranqüilidade
que necessita. O corpo prontamente responderá de modo a manter a homeostase
(Navarro, 2008 pp. 21-49). Essa ação (o chupar de dedos) se repetirá centenas de vezes
no futuro de modo a liberar endorfinas indutoras de prazer no cérebro (Panksepp, 1998,
252,272).
Desta forma se estreita o vínculo entra a mãe e seu filho, aquilo normalmente chamado
de proto-socialização (o começo da harmonia social). Trata-se de um processo tanto
físico (corpóreo) quanto psicológico (GIVENS, 2005, 121). Ambos acabam por receber
enorme recompensa advinda da intimidade criada através da amamentação, já que
quando a criança é amamentada a mãe começa a ser ‘recompensada’ por seu esforço: o
leite é liberado, aliviando a pressão formada nas glândulas mamárias e liberando
ocitocina que acalmará tanto a mãe, quanto o bebê e mais importante: auxiliará no
estreitamento do vínculo maternal.
Assim sendo, a criança começa a comunicar aquilo que lhe dá prazer no conforto que
sente ao estar com sua mãe. Esta, ao mesmo tempo, observa e tenta decodificar cada
nuance do comportamento de seu filho. Este tempo juntos os auxiliará a melhor
entender um ao outro e a criar um modo de comunicação mais eficaz. A mãe logo
aprende as diferenças entre os diversos choros (comunicação não verbal) do bebê –
fome, frio, descontentamento, doença ou tristeza – algo essencial para a sobrevivência e
bem-estar do bebê. O bebe, por sua vez, começa (tão cedo quanto 72 horas de nascido) a
observar e imitar as gesticulações faciais de sua mãe, algo bastante útil no
desenvolvimento de músculos do rosto e mais ainda ao comunicar desejos, sentimentos
e necessidades (Ratey, 2001, 330). A partir de dias, senão horas, do nascimento o bebê
começa a processar o meio de comunicação mais eficaz para expressar os seus desejos e
sentimentos. Eventualmente ela será capaz de se comunicar de maneira mais complexa
e elaborada ao mundo a seu redor.
Será a partir da ‘calorosa’ intimidade advinda da interação com a sua mãe que a criança
desenvolverá ferramentas de socialização com os outros. A criança ‘chega’ ao mundo já
equipada para comunicar-se não verbalmente. Ao notar algo que não lhe goste, seu
cérebro (subconscientemente) imediatamente contrai as pupilas e gira o corpo na
direção oposta (negação ventral (Navarro, 2008, 179).
São todos comportamentos muitos sutis que fazem parte de nosso mecanismo básico de
Igualmente, quando o cérebro ‘gosta’ de algo, ele irá compelir a criança a expressar este
sentimento. Deste modo, quando a mãe entra no quarto da criança de manhã cedo e
observa, verá que os olhos do ‘pequeno’ irão abrir, suas pupilas se dilatarão, os
músculos faciais irão relaxar (permitindo um grande sorriso) e a cabeça irá se girar,
expondo um vulnerável pescoço (Givens, 2005, 63, 128). Estes sinais de conforto serão
de grande utilidade nas décadas por vir, no desenvolvimento e na manutenção de
amizades e mesmo em namoros. Facilitarão, assim, a sobrevivência da espécie com
mais uma nova geração.
Não deixa de ser maravilhoso que nosso cérebro exija do nosso corpo uma reação aos
sentimentos que nele são processados. Raiva, tristeza, medo, surpresa, alegria e
desgosto são manifestações universais de ‘não-verbais’, essenciais para que tenhamos
nossos desejos atendidos mesmo quando não podemos nos expressar (Ekman 1982,
1975, 2003). A bem da verdade, nossos cérebros são de tal maneira complexos que
crianças que nascem surdas e crescem juntas (sem a presença de adultos),
desenvolverão sua própria linguagem de modo a comunicar pensamentos mais
complexos umas com as outras (Ratey, 2001, 262).
For additional information see the below bibliography, www.jnforensics.com for a more
comprehensive bibliography, or follow me on twitter: @navarrotells.
Ekman, Paul. 1982. Emotion in the human face. Cambridge, UK: Cambridge University
Press.
Ekman, Paul. 2003. Emotions Revealed: recognizing faces and feelings to improve
communication and emotional life. New York: Times Books.
Ekman, Paul. 1975. Unmasking the Face. New Jersey: Prentice Hall.
Ekman, Paul & Maureen O’Sullivan. 1991. Who can catch a liar? American
Psychologist, 46, 913-920.
Givens, David G. 2004. The Nonverbal Dictionary of Gestures, Signs & Body Language
Cues. Spokane: Center for Nonverbal Studies
(http://members.aol.com/nonverbal2/diction1.htm).
Givens, David. 1998-2005. Love signals: a practical field guide to the body language of
courtship. New York: St. Martin’s Press.
Navarro, Joe. 2008. What Every Body Is Saying. New York: Harper Collins.
Panksepp, Jaak. 1998. Affective neuroscience: the foundations of human and animal
emotions. New York: Oxford University Press, Inc.
Ratey, John J. 2001. A user’s guide to the brain: perception, attention, and the four
theaters of the brain. New York: Pantheon Books.
http://leoteles.com/blog/2011/07/25/a-psicologia-por-detras-da-linguagem-corporal/