Aluno: Willyan Nascimento

Disciplina: Elaboração de projetos culturais

Resenha do filme Entre les Murs

O filme francês Entre os muros da escola é escrito pelo professor François Bégaudeau
baseado em sua própria experiência como professor. Dirigido por Laurent Cantet, o filme se
passa em uma escola pública de subúrbio na França, uma França multicultural, plural,
multiétnica, onde conflitos e problemas de todas os tipos são comuns. O filme explora esses
conflitos, apresentando-nos uma perspectiva brutal dos conflitos. Não há eufemismos, o filme
passa longe daquele modelo padrão em que um professor idealista busca resolver,
heroicamente, o problema dos alunos, terminando com respeito e apreciação de todos.

O professor François Marins, protagonista do filme, às vezes aparenta estar tão perdido
quanto seus alunos, ele não é um salvador. O próprio professor não é o centro do filme, este
busca uma visão de conjunto, uma visão da relação entre o professor e os alunos, uma visão
que busca abarcar a totalidade dos eventos e dos conflitos, sem tomar partidos, sem opor
professor e aluno, aluno e aluno. Seu único objetivo é colocar-nos no conflito.

Acredito que a grande valia do filme é pôr-nos a par de nossas diferenças, reiterar-nos de
que o mundo em que vivemos hoje é diferente, é plural. Diferenças agora devem ser toleradas,
devem ser mantidas, recebem até salva guarda do estado. Em tal contexto, como
acostumarmo-nos a isso? Como acostumarmo-nos com pessoas que pensam de forma tão
diferente, que vivem numa realidade diferente, que possuem gostos tão diferentes? A
tolerância, o respeito, o colocar-se no lugar do outro, são elementos vitais para isso, essa é a
formula do filme. Quando o professor Marins aprende a perguntar mais sobre os alunos,
começa a querer conhecer mais os alunos, ele começa a entender as raízes profundas de seus
problemas. O mal comportamento deles passa a ser visto como um fruto de uma árvore cujas
raízes estão fincadas em uma triste realidade social de abandono, tristeza, raiva,
ressentimento.

Esse reconhecimento do outro, essa dimensão plural da realidade, da vida, é algo a ser
buscado também em nossos projetos, em nossas próprias vidas.