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Nº CNJ : 0018470-43.2012.4.02.

9999
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL MESSOD AZULAY
NETO
APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : JULIANA BARBOSA ANTUNES
APELADO : IRACI FERREIRA BAPTISTA
ADVOGADO : LEANDRO FERNANDES E OUTROS
REMETENTE : JUIZO DE DIREITO DA 1 VARA DE AFONSO
CLAUDIO ES
ORIGEM : 1A. VARA ESTADUAL - AFONSO CLAUDIO/ES
(001090032713)

RELATÓRIO

Trata-se de REMESSA NECESSÁRIA e de APELAÇÃO CÍVEL interposta


pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, objetivando a
reforma da sentença de fls. 62/72 que julgou procedente o pedido para
condená-lo a conceder o benefício previdenciário de aposentadoria por idade
rural à autora, bem como o pagamento das parcelas em atraso, desde a data do
ajuizamento da ação, requerimento administrativo (08/04/2009), observando-
se a prescrição quinquenal, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de
mora de 1% ao mês e o pagamento dos honorários advocatícios, fixados em
10% sobre o valor das prestações vencidas, além do deferimento da
antecipação dos efeitos da tutela.

Em razões recursais, o INSS alega que não ficou comprovado o efetivo


exercício da atividade rural em regime de economia rural no período
imediatamente anterior ao requerimento administrativo do benefício, por
tempo igual ao número de meses correspondentes à carência. Alega, ainda,
que o único documento em nome da parte autora que a qualifica como
trabalhadora rural trata-se da ficha de matrícula de seu filho. Aduz, que a
autora omitiu que seu companheiro, pai de seu filho, faleceu em 1998 e que
recebe benefício de pensão por morte desde então. (fls. 90/96).

Petição do INSS à fl. 102 informando que foi implantado o benefício (NB
156.670.540-9).

Recebida a apelação, à fl. 106.

Contrarrazões, às fls. 109/110.

O Ministério Público Federal se manifestou no sentido de que o feito não


requer a sua intervenção (fls. 112/114).
É o relatório.

Des. Fed. MESSOD AZULAY NETO

Relator

VOTO

Pretende a autora a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria


por idade rural.

A respeito da condição de segurado especial da Previdência Social, importa


ressaltar a definição contida na norma do art. 11, VII, da LBPS, verbis:

“Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as


seguintes pessoas físicas:

(...)

VII - como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e


o arrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o
assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou
em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio
eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou
companheiros e filhos maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles
equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o
grupo familiar respectivo. (O garimpeiro está excluído por força
da Lei nº 8.398/92, de 07.01.92)

No que tange aos benefícios previdenciários cabíveis aos segurados especiais,


dispõe o artigo 39, I, da Lei nº 8.213/91, in verbis:

“Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do


art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão:

I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-


doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um)
salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade
rural, ainda que de forma descontínua, no período,
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao
número de meses correspondentes à carência do benefício
requerido; ou

(...)”
Especificamente quanto ao benefício de aposentadoria por idade rural, dispõe
o artigo 48, §§1º e 2º, da Lei 8.213/91 que o segurado especial deve atingir a
idade de 60 (sessenta) anos, se homem, e 55 (cinqüenta e cinco) anos, se
mulher e que “§ 2º Para os efeitos do disposto no parágrafo anterior, o
trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício pretendido.” (redação
anterior à Lei 11.718/2008).

Para efeito de comprovação do tempo de serviço exercido, cabe salientar a


norma disposta no §3º, do art. 55, da mesma lei, in verbis:

§3º. A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta


Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial,
conforme o disposto no artigo 108, só produzirá efeito quando
baseada em início de prova material, não sendo admitida prova
exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de
força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
Regulamento.” (grifei)

Nessa linha é a Súmula 149 do Superior Tribunal de Justiça: “a prova


exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola,
para efeitos da obtenção de benefício previdenciário”.

No tocante ao período de carência, não se aplica a regra geral prevista no


artigo 25, II, da Lei 8.213/91 de 180 meses. Isto porque o artigo 143 do
referido diploma legal estabeleceu regra de transição fazendo remissão ao
artigo 142 que dispõe sobre o período de carência que leva em consideração o
ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à
obtenção do benefício.

Assim, tendo a autora completado a idade mínima exigida (55 anos de idade)
em 2002, vez que o seu aniversário é 07/09/1947 (fl. 13), é necessária a
comprovação do exercício de atividade rural durante os 126 meses anteriores
ao requerimento administrativo, ou seja, durante 10,5 anos.

A propósito, vejam-se o Enunciado nº 54 da Turma Nacional de


Uniformização de Jurisprudência:

“Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador


rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência
deve ser aferido no período imediatamente anterior ao
requerimento administrativo ou à data do implemento da idade
mínima.”
No tocante à prova de exercício de atividade rural, a autora acostou os
seguintes documentos: sua certidão do nascimento (fl. 14), constando seus
pais como lavradores; certidão de nascimento de seu filho (fl. 15), constando
seu marido como lavrador; ficha de matrícula da escola, constando a autora,
bem como seu esposo como lavradores (fl. 16).

Entretanto, o caso em apreço apresenta uma peculiaridade, qual seja, o


Sindicato Rural da região, emitiu uma relação de processos, após análise
detalhada dos mesmos, que não se enquadram na categoria de trabalhadores
rurais, como segurado especial, pois não possuem provas materiais
comprovando atividade rurícola, bem como não apresentam o período de
carência necessário para fazer jus ao benefício pleiteado, constando
divergências nos depoimentos dos autores e de suas provas testemunhais,
estando a autora inserida em tal listagem (fls. 83/84).

Diante de tal circunstância, muito embora o juízo a quo tenha entendido que a
frágil documentação apresentada pela autora para a comprovação do exercício
da atividade rural deve-se ao fato da dificuldade inerente ao trabalhador rural,
entendo que tais provas, ainda que corroboradas pela prova testemunhal, não
consubstanciam o início razoável de prova material a que alude a lei para fins
de comprovação de atividade rural.

Pelo exposto, dou provimento ao recurso e à remessa para, reformando a


sentença, julgar improcedente o pedido autoral, condenando a autora ao
pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 5% (cinco) por cento
sobre o valor atualizado da causa, observado o art. 12, da Lei 1.060/50.

É como voto.

Des. Fed. MESSOD AZULAY NETO

Relator

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO CÍVEL.


APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. AUSÊNCIA DE INÍCIO
RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. RECURSO E REMESSA
PROVIDOS. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE.

- Tendo o Sindicato Rural da região emitido uma relação de processos, após


análise detalhada dos mesmos, que não se enquadram na categoria de
trabalhadores rurais, como segurado especial, pois não possuem provas
materiais comprovando atividade rurícola, bem como não apresentam o
período de carência necessário para fazer jus ao benefício pleiteado,
constando divergências nos depoimentos dos autores e de suas provas
testemunhais, estando a autora inserida em tal listagem, a frágil documentação
por ela acostada aos autos não consubstancia o início razoável de prova
material a que alude a lei para fins de comprovação de atividade rural.

- Recurso e remessa providos. Pedido julgado improcedente.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por
unanimidade, dar provimento ao recurso e à remessa, nos termos do voto do
Relator, constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente
julgado.

Rio de Janeiro, 14 de março de 2013.

Des. Fed. MESSOD AZULAY NETO

Relator

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