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Considere a seguinte hipótese (baseada num acórdão do STJ):

No dia 1 de Agosto de 2012, Ana, de 6 anos de idade, e como vinha sendo seu hábito durante o Verão,
foi brincar com o seu vizinho Bernardo, de 7 anos de idade, na casa em que este passava férias com
os pais, Carla e Diogo.

A certa altura, Bernardo foi buscar uma arma de fogo que se encontrava numa arrecadação com a
porta aberta e que pertencia a Edgar, seu avô.

Bernardo voltou com a arma para junto de Ana e apontou e disparou a arma contra esta. A arma
estava municiada com um chumbo, que acertou no pescoço de Ana.

Ana esteve internada no hospital durante 3 meses e ficou com uma incapacidade permanente de
75%. Ao longo de toda a sua vida necessitará de apoio constante de outras pessoas e de assistência
médica e medicamentosa.

Em 3 de Janeiro de 2013, Francisco e Gabriela, avós maternos de Ana, sabendo que Hugo e Inês, pais
de Ana, permanecerão no estrangeiro por algum tempo, propõem num tribunal de Odemira uma
acção contra Carla, pedindo que o tribunal declare que esta é responsável pelos danos não
patrimoniais sofridos por Ana em consequência do disparo com a arma de fogo, no montante de €
200.000, acrescido de juros. Como fundamento do pedido invocam omissão do dever legal de
vigilância, nos termos do artigo 491o do Código Civil.

Responda às seguintes questões:

1 – Suponha que Ana, Francisco e Gabriela vivem em Ílhavo, que Bernardo, Carla, Diogo e Edgar
são emigrantes na África do Sul, e que o acidente ocorreu em Ílhavo. Pode a acção ser instaurada em
Odemira? Quid juris em caso negativo? (4 valores)

Trata-se de uma situação jurídica transnacional, uma vez que tem pontos de contacto relevantes com mais
de um ordenamento jurídico. Assim, deve o aluno começar por analisar a matéria da competência
internacional, em particular o direito da competência internacional da União Europeia, dada a sua
prevalência face às regras internas (cf. artigo 8.o/4 da Constituição da República Portuguesa e artigo 62.o/1
do CPC). Verifica-se, quanto ao Regulamento n.o 44/2001 (Reg.), que: o âmbito de aplicação material está
preenchido porque o litígio respeita a matéria civil (responsabilidade extracontratual) que não está
expressamente excluída do Regulamento (cf. artigo 1.o/1 e 2 do Reg.); o âmbito de aplicação temporal está
preenchido porque a acção foi intentada em 2013, ou seja, em momento posterior a 1 de Março de 2002 (cf.
artigos 66.o e 76.o do Reg.); o âmbito de aplicação territorial está preenchido porque a acção foi intentada
junto dos tribunais de um Estado-Membro (cf. artigo 288.o do Tratado sobre o Funcionamento da União
Europeia e 2.o parágrafo do artigo 76.o do Reg.);o âmbito de aplicação subjectivo não está preenchido
porque o réu não tem domicílio num Estado-Membro (cf. artigos 2.o/1 e 4.o/1 do Reg.).

O litígio em causa não respeita a matéria da competência exclusiva (cf. artigo 22.o do Reg.) nem foi
celebrado pelas partes pacto de jurisdição (cf. artigo 23.o do Reg.). Com os dados da hipótese não é
possível equacionar a questão do pacto tácito de jurisdição (cf. artigo 24.o do Reg.). O Regulamento não se
aplica. Por força do artigo 4.o/1 do Reg. devem ser agora analisadas as regras de competência internacional
internas.

É aplicável o artigo 62.o/1/b) conjugado com o artigo 71.o/2, ambos do CPC, porquanto este último artigo
aponta para o local do dano, o qual se situa em território português (mencionar posição divergente do prof.
Miguel Teixeira de Sousa, quanto à interpretação do 62/1/b) do CPC e a sua relação com a tese da dupla
funcionalidade das normas de competência territorial). Os tribunais portugueses são internacionalmente
competentes.
Analisam-se agora as regras de competência internas. Os tribunais hierarquicamente competentes (cf.
artigos 67.o a 69.o do CPC) são os tribunais de 1.a instância, uma vez que não se trata de acção que deva
ser intentada directamente ou nos Tribunais da Relação (cf. artigos 53.o e 55.o da Lei n.o 62/2013) ou no
Supremo Tribunal de Justiça (cf. artigo 73.o da Lei n.o 62/2013).

Deve agora ser analisada a competência territorial para determinar se a acção podia ou não ser intentada em
Odemira. O tribunal territorialmente competente é, nos termos do artigo 71.o/2 do CPC, o tribunal do local
onde ocorreu o dano. Como o acidente ocorreu em Ílhavo, o tribunal competente é o Tribunal da Comarca
de Aveiro (cf. Anexo II da Lei n.o 62/2013). Esta norma não pode ser afastada mediante pacto de
competência (que, segundo o enunciado, não foi celebrado) - artigo 95.o e 104.o/1/a). Conclusão: a acção
não deve ser intentada no Tribunal da Comarca de Beja cuja circunscrição abrange o município de
Odemira.

As consequências são as seguintes: verifica-se uma incompetência relativa (cf. artigo 102.o do CPC), que é
uma excepção dilatória (cf. artigos 476.o/2 e 477.o/a) do CPC), de conhecimento oficioso (cf. artigo
104.o/1 do CPC), que pode ser conhecida até ao momento previsto no artigo 104.o/3 do CPC. Caso seja
procedente, conduz à remessa do processo para o tribunal competente (art. 105.o/3).

O tribunal competente seria o Juízo de Grande Instância Cível do Tribunal da Comarca do Baixo Vouga
com sede em Aveiro, uma vez que a acção respeita a matéria cível (cf. artigos 64.o e 65.o do CPC e artigo
81.o/2/i) da Lei n.o 62/2013 e tinha um valor de 200.000€, por força do disposto no artigo 297.o/1, 2a parte
do CPC). O aluno podia, adicionalmente, referir os artigos 44.o/1 e 117.o/1/a) da Lei n.o 62/2013.

2 – A sua resposta à questão anterior manter-se-ia, caso as partes houvessem convencionado através
da troca de e-mails, depois do acidente, que a acção apenas devia ser instaurada em Joanesburgo
(África do Sul)? (3 valores)

Nesta questão o aluno deveria analisar o pacto de jurisdição à luz do artigo 23.o do Reg. 44/2001 e explicar
que o pacto de jurisdição não produziria efeitos à luz deste preceito pois não foi escolhida a jurisdição de
um Estado-Membro.

Deveria, depois, analisar o artigo 94.o do CPC. Todos os requisitos estão preenchidos: é uma situação com
conexão com mais de uma ordem jurídica (n.o 1); a acção diz respeito a direitos disponíveis (n.o 3/a); os
alunos devem presumir que a lei da África do Sul admite pactos de jurisdição (n.o 3/b); há um interesse
sério (o tribunal escolhido é o tribunal do domicílio da ré: n.o 3/c); não recai sobre matéria da exclusiva
competência dos tribunais portugueses (n.o 3/d); e foi reduzido a escrito (n.o 3/e) e n.o 4).

O pacto é válido. O aluno deve referir que o pacto atribui competência exclusiva pois as partes estipularam
que "a acção apenas devia ser instaurada em Joanesburgo". Trata-se assim de um pacto privativo de
jurisdição porque retira competência aos tribunais portugueses.

Existe por isso uma violação do pacto de jurisdição, o que constitui uma incompetência relativa (cf. artigo
102.o do CPC). A incompetência relativa do tribunal é uma excepção dilatória (cf. artigos 476.o/2 e 477.o/a
do CPC), que carece de alegação pela ré, no prazo

fixado para a contestação (cf. artigo 103.o/1 do CPC). Caso não seja alegada, sana-se o vício. Se for
alegada pelo réu e julgada procedente, tem como consequência a absolvição da ré da instância (cf. artigo
105.o/3 in fine do CPC).

3 – Quais as consequências da proposição da acção por Francisco e Gabriela? Distinga, na sua


resposta, duas hipóteses: Francisco e Gabriela propõem a acção em nome próprio; Francisco e
Gabriela propõem a acção em representação de Ana.(4 valores)

a) Na 1.a hipótese trata-se de um caso de ilegitimidade, porque os autores, Francisco e Gabriela, não são
titulares do interesse relevante pois não são os sujeitos da relação controvertida tal como a configuraram
(cf. artigos 30.o/1 e 3 do CPC): os sujeitos dessa relação, tal como configurada por F e G, são C e A. O juiz
deve absolver a ré (C) da instância (cf. artigos 577/e) e 278.o/1/d) do CPC) e não seria possível sanar a
ilegitimidade mediante aplicação do artigo 261o do CPC (que apenas versa sobre a preterição do
litisconsórcio necessário).

b) Na 2.a hipótese trata-se de um caso de irregularidade de representação. Ana é a autora (e não F e G), e é
parte legítima, porque é ela a titular do interesse relevante, uma vez que é o sujeito da relação material
controvertida tal como por si configurada (cf. artigo 30.o/3 do CPC). Mas Ana é menor, logo incapaz (cf.
artigos 122.o, 123.o e 127.o a contrario, todos do CC). Ana não tem por isso capacidade judiciária (cf.
artigo 15.o do CPC).

A incapacidade judiciária é suprida mediante representação, que, em regra, compete aos pais (cf. artigo
16.o/2 do CPC). No caso presente Ana está a ser representada pelos avós maternos, pelo que há uma
situação de irregularidade de representação.

Essa irregularidade é passível de sanação mediante intervenção dos pais da Ana (cf. artigo 27.o/1 do CPC).
Assim o juiz deve, oficiosamente e a todo o tempo, notificar os pais da Ana (cf. artigo 28.o/1 e 2 do CPC)
fixando-lhes um prazo para ratificar no todo ou em parte o processado anterior (os actos praticados pelos
avós). Se ratificarem todos os actos, o vício sana-se.

Se ratificarem só alguns dos actos praticados, correm novamente os prazos para prática dos actos não
ratificados. Aqui o aluno pode discutir se este regime pode ser aplicado à petição inicial: se considerar que
é possível, deve referir que o juiz deve fixar prazo para a repetição da petição inicial.

Por fim, se não ratificarem nem praticarem os actos não ratificados dentro do prazo, como o acto viciado é
a petição inicial, há absolvição do réu da instância (cf. artigos 278.o/1/c), 576.o/2 e 577.o/1/c), todos do
CPC), pois a incapacidade judiciária é, neste caso, verdadeiro pressuposto processual.

4 – Suponha que Carla vem a alegar, na contestação, que a acção devia ter sido instaurada também
contra Diogo, uma vez que, não estando embora em casa no dia do acidente, havia deixado aberta a
porta da arrecadação, e contra Edgar, uma vez que omitira as medidas de precaução adequadas a
evitar o manuseamento, por terceiros, da arma de que era proprietário. Terá Carla razão? (5
valores)

Carla não tem razão. Do ponto de vista substantivo Carla e Diogo são, cada um, por si, responsáveis pelos
danos naturalisticamente provocados por Bernardo, nos termos do artigo 491.o do CC. Quanto a Edgar, ele
poderá também ser responsável pelos danos, nos termos do artigo 492.o do CC. Significa isto que, quanto
aos danos naturalisticamente provocados por Bernardo, existem três pessoas responsáveis. Esta
responsabilidade é solidária (cf. artigo 497.o do CC). Logo, trata-se de um caso de litisconsórcio voluntário
comum (cf. artigo 32.o/1 do CPC). Conclusão: Carla é parte legítima e, por isso, não tem razão.

5 – Podiam Francisco e Gabriela limitar-se a pedir a declaração da responsabilidade de Carla pelos


aludidos danos, sem pedir concomitantemente o pagamento da correspondente indemnização? (4
valores)

Caso Francisco e Gabriela se limitassem a pedir a declaração da responsabilidade de Carla pelos aludidos
danos, estariam a intentar uma acção declarativa (cf. artigo 10.o/1 do CPC) de simples apreciação positiva
(cf. artigo 10.o/2/a) do CPC), quando tinham ao seu dispor a possibilidade de intentar logo uma acção
declarativa de condenação no pagamento da indemnização, que necessariamente envolve também aquele
aspecto declarativo (cf. artigo 10.o/2/b) do CPC).

Deveria então discutir-se se esta hipótese não configuraria uma situação de falta de interesse em agir ou
interesse processual, designadamente por desadequação do meio. Deveria analisar-se a questão à luz das
várias posições doutrinárias e da jurisprudência, indicando, nomeadamente, se o interesse em agir é ou não
um pressuposto processual, se está ou não consagrado no CPC e, em caso afirmativo, onde está consagrado,
o que visa tutelar, se é ou não de conhecimento oficioso e quais as consequências da sua falta.

No dia 1 de Agosto de 2012, Aida, portadora de deficiência que havia conduzido à respectiva
interdição, deslocou-se à casa de férias de Ílhavo dos seus tios, Bernardo e Carlota.

Bernardo possuía um quadro de que Aida muito gostou e que logo lhe comprou, gastando a quantia
de 1.000 euros, que os avós, Dora e Eduardo, lhe tinham dado.

Desgostosos por verem que Aida andava a gastar mal o dinheiro que lhe haviam dado, Dora e
Eduardo propõem num tribunal de Ílhavo, em nome de Aida, uma acção contra Bernardo, pedindo
que o tribunal anule a compra e venda do quadro, com fundamento na incapacidade de exercício de
Aida.

Responda às seguintes questões:

1 – Suponha que Aida, Dora e Eduardo estão domiciliados na Alemanha e que Bernardo e Carlota
estão domiciliados na Áustria. Pode a acção ser instaurada em Ílhavo? Quid juris se não o puder ser?
(4 valores)

Havia que analisar os vários âmbitos de aplicação do Reg. 44/2001. Este aplicava-se, porque B estava
domiciliado num Estado-Membro.

No entanto, nos termos do art. 5/1/b, a acção tanto podia ser proposta na Áustria como em Portugal.

O problema central que depois se colocava era o de saber se este artigo permite aferir simultaneamente a
competência em razão do território. Entendendo-se que é apenas uma norma de jurisdição, a competência
em razão do território tinha de ser aferida face aos 70 ss CPC.

Aqui chegados, tínhamos um novo problema: para as acções de anulação de contratos não há regra
especial, pelo que funciona o 80o/1: ora o domicílio de B está fora de Portugal. Assim, parece que temos de
aplicar o 80/3 e se B se encontrasse em Ílhavo era aí que devia ser demandado; se não, seria demandado em
Lisboa.

Neste último caso havia uma inc. em razão do território, de conhecimento não oficioso, determinativa da
remessa do proc. p/ o tribunal competente.

Deviam ainda referir-se os outros critérios de distribuição da competência na ordem interna: matéria,
hierarquia e valor.

2 – Imagine que a acção é instaurada em Ílhavo mas as partes tinham convencionado, através da
troca de e-mails, que a acção apenas devia ser instaurada em Odemira, onde Dora e Eduardo tinham
uma casa de férias. Quid juris? (3 valores)

Uma vez que os tribunais portugueses eram internacionalmente competentes para esta acção, a convenção
das partes nada interfere na competência internacional: trata-se de mero pacto de competência (95 CPC),
sendo necessário aferir a respectiva validade e consequências da sua violação.

3 – Quais as consequências da proposição da acção por Dora e Eduardo? Distinga, na sua resposta,
duas hipóteses: Dora e Eduardo são os tutores de Aida, mas não obtém autorização judicial para a
proposição da acção; Dora e Eduardo não são os tutores de Aida. (4 valores)

A 1a situação está prevista nos arts. 1938 1 e) do CC e 29 e 577 d do CPC.


A 2a situação está prevista nos arts. 27, 28 e 577 c (irregularidade de representação, que se não for sanada
mediante a intervenção do representante legítimo conduz à absolvição do réu da instância)

4 – Suponha que Bernardo vem a alegar, na contestação, que a acção devia ter sido instaurada
também contra Carlota, com quem era casado no regime da comunhão de adquiridos. Terá
Bernardo razão? (5 valores)

Estava apenas em causa a aplicabilidade do 34o/3, parte final.

Como se trata de bem móvel próprio de B, de que B tem a administração nos termos do 1678/1 CC, o
1682/2 do CC atribui a B legitimidade para o alienar.

Assim, a acção não tinha de ser instaurada contra C, porque não se tratava de acção da qual pudesse resultar
a perda de um bem que só por B e C pudesse ser alienado. B não tem razão.

5 – Imagine que a acção é intentada depois de Dora e Eduardo terem obtido uma decisão judicial
declarando nula a compra do quadro. Quid juris? (4 valores)

A anulação do contrato nada acrescenta em relação à anterior declaração de nulidade do mesmo. É uma
acção desnecessária.

Havia que analisar o interesse processual (se é pressuposto processual ou não e as várias teses a propósito)
e tomar posição sobre o problema

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1 – Trata-se de uma situação jurídica transnacional, uma vez que tem pontos de contacto relevantes com
mais de um ordenamento jurídico. Assim, deve o aluno começar por analisar a matéria da competência
internacional, em particular o direito da competência internacional da União Europeia, em face da sua
prevalência face às regras internas (cf. artigo 8.o/4 da Constituição da República Portuguesa e artigo 62.o/1
do CPC. Verifica-se, quanto ao Regulamento n.o 44/2001 (Reg.), que: o âmbito de aplicação material está
preenchido porque o litígio respeita a matéria civil (responsabilidade contratual) que não está
expressamente excluída do Regulamento (cf. artigo 1.o/1 e 2 do Reg.); o âmbito de aplicação temporal está
preenchido porque a acção foi intentada em 2013, ou seja, em momento posterior a 1 de Março de 2002 (cf.
artigos 64.o e 73o do Reg.); o âmbito de aplicação territorial está preenchido porque a acção foi intentada
junto dos tribunais de um Estado-Membro (cf. artigo 288.o do Tratado sobre o Funcionamento da União
Europeia e 2.o parágrafo do artigo 76.o do Reg.); o âmbito de aplicação subjectivo não está preenchido
porque o réu não tem domicílio num Estado-Membro (cf. artigos 2.o/1 e 4.o/1 do Reg.), nem o litígio diz
respeito à exploração da sucursal Boogle Portugal, Lda. (cf. Artigo 5.o/5 do Reg.).

O litígio em causa não respeita a matéria da competência exclusiva (cf. artigo 22.o do Reg.) nem foi
celebrado pelas partes pacto de jurisdição (cf. artigo 23.o do Reg.). Com os dados da hipótese não é
possível equacionar a questão do pacto tácito de jurisdição (cf. artigo 24.o do Reg.). O Regulamento não se
aplica. Por força do artigo 4.o/1 do Reg. devem ser agora analisadas as regras de competência internacional
internas.

É aplicável o artigo 62.o/1/b) conjugado com o artigo 71.o/1, 2.a parte, ambos do CPC, porquanto este
último artigo aponta para o local de cumprimento da obrigação, o qual se situa em território português
(mencionar posição divergente do prof. Miguel Teixeira de Sousa, quanto à interpretação do 62/1/b) do
CPC). Os tribunais portugueses são internacionalmente competentes.

Analisam-se agora as regras de competência internas. Os tribunais hierarquicamente competentes (cf.


artigos 67.o a 69.o do CPC) são os tribunais de 1.a instância, uma vez que não se trata de acção que deva
ser intentada directamente ou nos Tribunais da Relação (cf. artigos 53.o e 55.o da Lei n.o 62/2013) ou no
Supremo Tribunal de Justiça (cf. artigo 73.o da Lei n.o 62/2013).
Deve agora ser analisada a competência territorial para determinar se a acção podia ou não ser intentada em
Sines. O tribunal territorialmente competente é, nos termos do artigo 71.o/1, 2.a parte, do CPC, o tribunal
do local onde a obrigação devia ser cumprida. A obrigação devia ser cumprida na Amadora, pelo que o
tribunal competente é o Tribunal da Comarca da Grande Lisboa-Oeste (cf. Anexo II da Lei n.o 62/2013).
Conclusão: a acção deve ser intentada no Tribunal da Comarca da Grande Lisboa-Oeste cuja circunscrição
abrange o município da Amadora.

As consequências são as seguintes: verifica-se uma incompetência relativa (cf. artigo 102.o do CPC), que é
uma excepção dilatória (cf. artigos 576.o/2 e 577.o/a) do CPC), de conhecimento oficioso (cf. artigo
104.o/1 do CPC), que pode ser conhecida até ao momento previsto no artigo 104.o/3 do CPC. Caso seja
procedente, conduz à remessa do processo para o tribunal competente (art. 105.o/3).

O tribunal competente seria o Juízo de Média Instância Cível do Tribunal da Comarca da Grande Lisboa-
Oeste com sede na Amadora, uma vez que a acção respeita a matéria cível (cf. artigos 73.o e 67.o do CPC e
artigo 81.o/2/i) da Lei n.o 62/2013).

presente o valor da acção, que era de 30.000,00 €, por força do disposto no artigo 297.o do CPC, a acção
deveria ser intentada num dos Juízos de Média Instância Cível (cf. artigos 44.o/1 e 130.o/1 da Lei n.o
62/2013).

2 – Nesta questão o aluno deve analisar o pacto de jurisdição à luz do artigo 23.o do Reg. 44/2001. O pacto
é válido (uma das partes tem domicílio num Estado-Membro, foi celebrado por escrito, foram escolhidos os
tribunais de um Estado-membro e diz respeito a relação jurídica determinada) e tem competência exclusiva,
pois só não a teria se as partes tivessem convencionado em contrário, o que não parece ter sucedido.

O pacto em causa é privativo de jurisdição dos tribunais portugueses porque retira competência aos
tribunais portugueses.

Existe por isso uma violação do pacto de jurisdição, o que constitui uma incompetência relativa (cf. artigo
102.o do CPC). A incompetência relativa do tribunal é uma excepção dilatória (cf. artigos 576.o/2 e 577.o/a
do CPC), que carece de alegação pela ré, no prazo fixado para a contestação (cf. artigo 103.o/1 do CPC).
Caso não seja alegada, sana-se o vício. Se for alegada pelo réu e julgada procedente, tem como
consequência a absolvição da ré da instância (cf. artigo 105.o/3 in fine do CPC).

3 – O problema que aqui se coloca é o de saber se há ou não um pacto tácito de jurisdição, nos termos
do artigo 24.o do Reg. 44/2001.

Em primeiro lugar, deve discutir-se as teses sobre o âmbito de aplicação deste artigo. No caso, o réu não
tem domicílio num Estado-membro, mas a maioria da doutrina portuguesa defende que o artigo se aplica
desde que pelo menos uma das partes tenha domicílio num Estado-membro, o que sucede porque o autor
tem domicílio em Madrid.

Apesar de não se ter limitado a alegar a incompetência, isso, por si só, não é suficiente para afastar a
aplicação do artigo 24.o como resulta da jurisprudência (cf. Acórdão do Tribunal de Justiça de 24 de Junho
de 1981, Elefanten Schuh GmbH c. Jacqmain, proc. n.o 150/80).

Analisada a contestação verifica-se que apesar da Boogle.com alegar que o tribunal de Sines era
incompetente, resulta claro desta alegação que a empresa apenas o considera territorialmente incompetente.
Aliás, ao alegar que a acção não devia ter sido intentada no tribunal de Sines mas sim num da Amadora, a
ré está expressamente a aceitar que os tribunais portugueses são internacionalmente competentes. Isto é,
aceita que a acção seja intentada em Portugal. Formar- se-ia assim pacto de jurisdição tácito e os tribunais
portugueses seriam competentes. Todavia verificava-se uma incompetência territorial, que é uma
incompetência relativa (cf. artigo 102.o do CPC). A incompetência relativa do tribunal é uma excepção
dilatória (cf. artigos 576.o/2 e 577.o/a do CPC). Tendo sido alegada na contestação (cf. artigo 103.o do
CPC), seria julgada procedente e levaria à remessa para o tribunal competente (cf. artigo 105.o/3 do CPC).
4 – André não tem capacidade judiciária (cf. artigo 15o/2 do CPC) porque é menor (cf. artigos 122.o e
123.o do CC) e o caso presente não se encontra em nenhuma das excepções do artigo 127.o do CC. Esta
incapacidade deveria ser suprida pelos representantes do André, que se presumem ser os seus pais (cf.
artigo 16.o/2 do CPC). A incapacidade judiciária poderia, em regra, ser sanada nos termos dos artigos 27.o
e 28.o do CPC.

Todavia neste caso, essa não deveria ser a actuação do juiz.

O juiz devia proferir decisão de mérito condenando a empresa Boogle.com no pagamento dos €30.000,00.
Isto porque o pressuposto processual em falta (incapacidade judiciária do autor) existe apenas para tutelar o
interesse do autor e não existia qualquer outro motivo que impedisse uma decisão sobre o mérito da causa
que era integralmente favorável ao autor. Desta forma, tinha aplicação o disposto no artigo 278.o/3 do
CPC.

5 – Neste caso estaríamos perante uma situação de credores conjuntos (cf. artigo 513.o do CC). Presume-se
que os credores comparticipam em partes iguais no crédito (cf. artigo 516.o do CC).

Trata-se de uma situação de litisconsórcio activo, porque há um único pedido / uma única relação material
controvertida.

Trata-se de litisconsórcio voluntário, porque não é exigido por lei, contrato ou natureza da relação jurídica
(cf. artigo 33.o a contrario do CPC). Sendo litisconsórcio voluntário a sua preterição não acarreta uma
situação de ilegitimidade.

Trata-se de um caso de litisconsórcio activo voluntário conveniente porque a acção pode ser proposta só
por um dos credores mas, nesse caso, o tribunal só pode conhecer da respectiva quota-parte (cf. art. 32.o/1
do CPC). Assim, a decisão de absolvição da ré do pedido era errada. O juiz devia condenar a ré no
pagamento de €15.000,00.

6 – Neste caso, a acção seria desnecessária porque não havia litígio. Devia ser discutido se existiria assim
interesse em agir na acção declarativa que André intentou. O aluno deve discutir se o interesse em agir é ou
não um pressuposto processual na nossa ordem jurídica. De qualquer modo, este caso tem previsão
expressa na alínea b) do n.o 2 do artigo 582.o o e, bem assim, do artigo 610.o, n.o 2, al. a) e n.o 3, ambos
do CPC.

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