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PROVAS NO INQUÉRITO POLICIAL: prova testemunhal e sua falibilidade

Gabriela Antoniacomi Maschio1


Renato Abrão Calixto Krauczuk2
Professor Ms. Flávio Ernesto Gaya Zanin
Universidade Estadual de Ponta Grossa

RESUMO: Os atos de investigação realizados no inquérito policial, fase


preliminar à ação judicial, têm validade e importância para o processo penal. As
provas colhidas nessa fase pré-processual levam o conhecimento ao Ministério
Público da autoria e materialidade dos fatos ocorridos, e além disso, cedem os
elementos que podem fundamentar a futura sentença de condenação ou
absolvição do acusado, servindo como um instrumento de justiça social. Por fim,
o trabalho visa analisar a prova testemunhal e sua credibilidade, apontando para
os possíveis erros quanto à memória humana e a falibilidade da prova
testemunhal.

Palavras-chave: inquérito policial; provas; prova testemunhal; falibilidade

1. INTRODUÇÃO

Existe muita discussão acerca da eficácia probatória das provas colhidas


na fase de investigação policial na ação penal. Esse estudo tenta analisar se as
provas produzidas nessa fase são valoradas pelo magistrado e servem para
fundamentar a sentença condenatória ou absolutória no processo judicial, ou se,
apenas assumem caráter informativo no processo.
Após a Constituição Federal de 1988, que trouxe grande democratização
e garantias para o processo penal, a investigação preliminar assumiu outro
papel. O investigado, antigamente considerado mero objeto, passou a ser sujeito
passivo detentores de direitos e garantias. Com isso, a investigação preliminar,
pelo seu caráter inquisitivo e secreto, passou a ser alvo de críticas. Porém,
apesar da dispensa legal do inquérito policial para a propositura da ação penal,
vemos que são de suma importância as provas produzidas nessa fase.
Primeiramente, analisa-se o conceito, natureza jurídica, finalidade e
princípios constantes no inquérito policial. Após, há a análise da prova, seus
meios e a força probatória dos atos de investigação preliminar. Por fim, este
artigo discorre sobre a prova testemunhal e sua falibilidade, pois a testemunha
que depõe é um ser humano, passível de falhas e principalmente do
esquecimento.
O objetivo pretendido com este trabalho foi o de expor a fragilidade da
prova testemunhal e a falibilidade da mesma dentro do processo penal,
começando pelo primeiro contato com ela no inquérito policial.

1 Aluna de Pós-graduação da Universidade Estadual de Ponta Grossa


2 Aluno de Pós-graduação da Universidade Estadual de Ponta Grossa
O desenvolvimento do estudo se deu através de pesquisas
bibliográficas, utilizando livros, artigos, documentos, internet e legislação
vigente.

2. INQUÉRITO

Através do modelo adotado pelo direito brasileiro, atribui-se à polícia


judiciária o trabalho de investigar e averiguar os fatos ocorridos quando de uma
notitia criminis. Por lei, a autoridade policial atua como titular da investigação
preliminar onde a polícia não é mera auxiliar, mas tem autonomia para
desenvolver a investigação no inquérito policial, “não podendo se afirmar que
exista uma subordinação funcional em relação aos juízes e promotores”.3

Essa fase de investigação criminal para Eliomar da Silva Pereira é:


Pesquisa, ou conjunto de pesquisas, administrada estrategicamente,
no curso da qual incidem certos conhecimentos operativos oriundos da
teoria dos tipos e da teoria das provas, apresentando uma teorização
sob várias perspectivas que concorrem para a compreensão de uma
investigação criminal científica e juridicamente ponderada pelo respeito
aos direitos fundamentais, segundo a doutrina do garantismo penal.4

O inquérito policial é o instrumento que materializa legalmente a


investigação criminal, presidida pela autoridade policial, nos termos do artigo 4°
do Código de Processo Penal5.

Segundo Nucci, é “um procedimento preparatório da ação penal, de


caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita
preliminar de provas para apurar a prática de uma infração e sua autoria"6.
Para Aury Lopes Júnior,

Inquérito policial é um procedimento administrativo preliminar presidido


pela autoridade policial, que tem como objetivo apurar a autoria e a
materialidade da infração, tendo como finalidade contribuir na
formação da opinião delitiva do titular da ação.7

A natureza jurídica do IP, conforme a maioria da doutrina, é de um mero


procedimento administrativo pré-processual, que visa a apuração da existência
de infração penal e indícios de autoria, para que o titular da ação penal, o

3 LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional. Volume I, 8ª ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
4 PEREIRA, Eliomar da Silva. Teoria da Investigação Criminal. Coimbra: Almedina, 2011.
5 A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas

circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
6 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12. ed. rev., atual.

e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015.


7 LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional. Volume I, 8ª ed.

Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.


Ministério Público ou o querelante, disponha de elementos que autorizem a
promovê-la.8
Distinguindo atos de prova e atos de investigação, Aury Lopes Jr.
discorre:

Como explica ORTELLS RAMOS, uma mesma fonte e meio podem


gerar atos com naturezas jurídicas distintas e, no que se refere à
valoração jurídica, podem ser divididos em dois grupos: atos de prova
e atos de investigação. Sobre os atos de prova, podemos afirmar que:
a) Estão dirigidos a convencer o juiz da verdade de uma afirmação; b)
Estão a serviço do processo e integram o processo penal; c) Dirigem-
se a formar um juízo de certeza – tutela de segurança; d) Servem à
sentença; e) Exigem estrita observância da publicidade, contradição e
imediação; f) São praticados antes o juiz que julgará o processo.
Substancialmente distintos, os atos de investigação (instrução
preliminar): a) Não se referem a uma afirmação, mas a uma hipótese;
b) Estão a serviço da investigação preliminar, isto é, da fase pré-
processual e para o cumprimento de seus objetivos; c) Servem para
formar um juízo de probabilidade, e não de certeza; d) Não exigem
estrita observância da publicidade, contradição e imediação, pois
podem ser restringidas; e) Sevem para a formação da opinio delicti do
acusador; f) Não estão destinadas à sentença, mas a demonstrar a
probabilidade do fumus comissi delicti para justificar o processo
(recebimento da ação penal) ou o não processo (arquivamento); g)
Também servem de fundamento para decisões interlocutórias de
imputação (indiciamento) e adoção de medidas cautelares pessoais,
reais ou outras restrições de caráter provisional; h)Podem ser
praticados pelo Ministério Público ou pela Polícia Judiciária. Partindo
dessa distinção, conclui-se facilmente que o IP somente gera atos de
investigação e, como tais, de limitado valor probatório. Seria um
contrassenso outorgar maior valor a uma atividade realizada por um
órgão administrativo, muitas vezes sem nenhum contraditório ou
possibilidade de defesa e ainda sob o manto do segredo.9

Portanto, depois da instauração do IP e a comunicação ao juízo


competente, iniciam-se as investigações criminais, tendo certas características.
Uma delas é a vigência do princípio inquisitivo, onde ocorre a concentração do
poder na autoridade policial.
Ao contrário da ação penal, não existe no inquérito um contraditório e
uma ampla defesa efetivos, apenas diluídos, pois outra característica dessa fase
é o sigilo.
Também, é discricionário, uma conveniência e oportunidade dentro dos
limites da lei. Deve ser escrito e o que for produzido oralmente deve ser reduzido
a termo.
Ainda, é considerado indisponível, pois o delegado jamais poderá
desistir do inquérito policial assim que souber da notitia criminis.

8 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 11 ed. Ver. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2009.
9
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional. Volume I, 8ª
ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
Após toda a investigação da infração penal, o delegado deve realizar o
relatório, contendo todos os atos realizados que chegaram à conclusão, ou não,
da materialidade ou autoria do crime.
Apresentado o relatório, o promotor de justiça pode requerer novas
diligências, ou, se convencido dos indícios de autoria e materialidade, pode
oferecer denúncia. Se a denúncia for recebida pelo juiz competente, inicia-se a
ação penal, que tramita em conformidade com os princípios constitucionais.
Como regra geral, afirma Aury, pode-se dizer que “o valor dos
elementos coligidos no curso do inquérito policial somente servem para
fundamentar medidas de natureza endoprocedimental, e, no momento da
admissão da acusação, para justificar o processo ou o não processo”.10
O autor ainda afirma que:

Também se impõe essa conclusão se considerarmos que é inviável


pretender transferir para o inquérito policial a estrutura dialética do
processo e suas garantias plenas, da mesma forma que não se pode
tolerar uma condenação baseada em um procedimento sem as
mínimas garantias.11

Devemos então, valorar adequadamente os atos do IP e, nas situações


em que a repetição em juízo seja impossível, deve-se transferir as garantias e
direitos do processo à fase pré-processual com a produção antecipada das
provas.

3. PROVAS

3.1 CONCEITO E ELEMENTOS

Prova vem do latim probatio, probus, que significa correto, bom. Provar
deriva do verbo provare, que significa demonstrar a certeza de um fato ou a
verdade acerca do que se alega.12
A palavra prova passou a ser usada para designar tudo o que a ela diz
respeito, bem como o resultado do procedimento probatório, qual seja, o
convencimento do juiz.
A prova resume-se a todo meio que leva ao conhecimento do juiz, a
existência de um fato, que é descrito na denúncia ou na queixa e rebatido pela
defesa, usada para a determinação da verdade, diz Michele Taruffo: “a prova se
configura como uma técnica racional de confirmação de hipóteses que

10 LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional. Volume I, 8ª
ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
11 LOPES JR. Op. cit.
12 AQUINO, José Carlos G. Xavier de. A prova testemunhal no processo penal brasileiro. 4ª

ed. ver. e ampl. São Paulo, Juarez de Oliveira, 2002. p. 7.


exteriorizam complexas e variáveis relações de aproximação com a verdade
empírica”13.
Como bem fala Francesco Carnelutti, as provas são instrumentos
elementares não só do processo, mas do direito e sem elas o direito não poderia
alcançar sua finalidade.14
Provar é demonstrar a existência de um fato em um espaço e tempo, e
estabelecer a existência da verdade. As provas são os meios pelos quais se
procura estabelecê-la. São elementos produzidos pelas partes ou pelo Juiz,
visando estabelecer, dentro do processo, a existência de certos fatos. 15
É por meio das provas que se tenta reproduzir, no processo, a realidade
que envolve o fato ilícito.
As provas são os materiais que permitem a reconstrução histórica e
sobre as quais recai a tarefa de verificação das hipóteses, com função
persuasiva.16
As provas no processo penal estão elencadas, não taxativamente, dos
artigos 155 à 250 do CPP e elas são regidas por vários princípios, dentre eles o
da oralidade, da comunhão da prova e do contraditório.

3.2 PROVA TESTEMUNHAL E SUA FALIBILIDADE

Neste contexto surge a prova testemunhal. Historicamente, há indícios


de que a prova testemunhal tenha surgido nos tempos antes da escrita, como o
primeiro elemento positivo de prova que dava eficácia às primeiras relações
jurídicas17.
É considerada a mais utilizada nas demandas judiciais, possuindo uma
grande relevância, já que em muitos casos pode ser o único meio de se trazer
esclarecimentos acerca de um determinado fato.
Testemunha é toda pessoa que assiste a determinado fato ou dele tem
conhecimento e é chamada a depor, sendo o meio de prova que o juiz se utiliza
para formar sua convicção18.
A testemunha judicial sempre teve a mesma função, mas seu
testemunho sempre será objeto de controvérsia, apesar da credibilidade que
possa transmitir, já que o esquecimento é o índice da falibilidade humana.19

13 TARUFFO, Michele. A prova. Tradução: João Gabriel Couto. 1ª ed. São Paulo: Marcial Pons,
2014, passim.
14 CARNELUTTI, Francesco. A prova civil. 4ª ed. Campinas: Bookseller, 2005. p. 227.
15 AQUINO, José Carlos G. Xavier de. A prova testemunhal no processo penal brasileiro. 4ª

ed. ver. e ampl. São Paulo, Juarez de Oliveira, 2002. P. 8.


16 LOPES JUNIOR, Aury. Introdução crítica ao processo penal: (fundamentos da

instrumentalidade constitucional). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 501.


17. AQUINO, op. cit. p. 5.
18 RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 13.ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen

Juris, 2007. p. 406.


19 DI GESU, Cristina. Prova Penal e Falsas Memórias. 1ª edição. Porto Alegre: Lúmen Júris,

2010. p. 31.
No processo penal, a prova testemunhal pode contribuir como
instrumento de pacificação de conflitos, já que intervém no equilíbrio entre o jus
puniendi e o jus libertatis.20
Conforme Mittermaier, frequentemente sucede de uma testemunha,
ainda que com toda a boa vontade do mundo, pretendendo aludir somente aos
fatos que efetivamente ocorreram e sob sincero juramento de falar somente a
verdade, afirmar ante o juiz fatos puramente imaginários ou produzidos pela
própria memória21.
Outras vezes a testemunha depõe na certeza de estar dizendo a
verdade, sem que o esteja, podendo também ser induzida a lembrar de algo que
não presenciou, como é o exemplo das falsas memórias.
A prova testemunhal deve ser tratada como subjetiva, diz Cristina Di
Gesu, a começar pelo fato dos relatos serem em primeira pessoa, parecendo
apenas ilusão sua objetividade.22
Carnelutti adverte que a prova testemunhal é um “male necessário”23,
pois existem erros intencionais e erros involuntários, os quais constituem o mais
grave perigo já que são mais difíceis de serem descobertos.24
A fonte oral, diz João Carlos Tedesco, é importante no esclarecimento
das trajetórias individuais e dos fatos históricos25, e ao narrar, "a memória se faz
ação, porém uma ação contextualizada, passível de modificação pela própria
ação."26
Segundo Jacques Le Goff, a narrativa é "um relato aberto, não um mero
recordar, mas um horizonte do refazer, da invenção, passa a ser uma
experiência."27
A subjetividade e a oralidade são elementos constitutivos da prova
testemunhal, bem como o conjunto de intenções, conscientes ou não, que
selecionam e relatam o que consideram importante28.
Para que seja sólida, a testemunha deve ser desinteressada dos fatos,
pois todas as relações da testemunha com o autor ou réu podem afetar seu
testemunho e sua imparcialidade.
Devido às circunstâncias ou motivações pessoais, oriundas da memória,
da intenção testemunhal consciente ou da própria oratória, altamente

20 NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2002.
p. 148.
21 MITTERMAIER, C. J. A. Tratado da prova em matéria criminal. Tradução de Herbert Wüntzel

Heinrich. Campinas: Bookseller, 1997. p. 233.


22 DI GESU, Cristina. Prova Penal e Falsas Memórias. 1ª edição. Porto Alegre: Lúmen Júris,

2010. p. 94.
23 “Mal necessário”.
24 CARNELUTTI, Francesco. La critica dela testimonianza. Rivista di Diritto Processuale Civile,

cit. 6:172-3, n. 3 e 4.
25 TEDESCO, João Carlos. Nas cercanias da memória: temporalidade, experiência e narração.

Passo Fundo: UPF; Caxias do Sul: EDUCS, 2004. p. 116.


26 Ibid. p. 117.
27 LE GOFF apud TEDESCO, Ibid. p. 116.
28 Ibid. p. 136.
manipulável e a incapacidade de expressar determinada situação fática, podem
desenrolar os fatos de outra maneira.
Essas circunstâncias e emoções da testemunha não têm
necessariamente a ver com a intenção dela em dizer ou não a verdade, pois o
problema que envolve a utilização da prova testemunhal remonta aos fatores
que fogem à sua liberdade29.
Magalhães Noronha doutrina seu entendimento da seguinte maneira:
Falível que é o testemunho, sujeitos a vícios que o deturpam, deve
merecer toda cautela do juiz, não apenas quanto ao conteúdo, mas
também quanto à idoneidade de quem o presta, o modo por que o faz30.

De acordo com Manoel Antonio Teixeira Filho:


As testemunhas contribuem com suas percepções sensoriais a respeito
de tais fatos que interessam à causa e que não eram da cognição privada
do juiz; ainda que o fossem, ao magistrado apenas seria lícito julgar
segundo seus conhecimentos pessoais somente em casos
extraordinários. Eis por que às testemunhas cabe reproduzir, perante o
juiz, a realidade que captaram; mas o descrédito que se tem manifestado
quanto a esse meio de prova reside, exatamente, na possibilidade de essa
realidade ser subvertida, contrafeita, em virtude de certas regras de
conveniência da própria testemunha ou da parte que a apresentou em
juízo.31

Os fatos são apreendidos pelos sentidos, que geram estímulos, que,


levados aos centros cerebrais, determinam as sensações e percepções que são
fixadas na memória. Esse registro sofre constantes mudanças com a inserção
de novas informações ao longo do tempo. Ou seja, a memória vai reescrevendo
o passado com dados atuais, reformando as recordações com as novas
experiências pessoais.
A memória, para Dalmaz e Netto, é

(...) uma das funções cognitivas mais complexas que a natureza


produziu, e as evidências científicas sugerem que o aprendizado de
novas informações e o seu armazenamento causam alterações
estruturais no sistema nervoso.32

O processo de lembrar de uma memória é um processo ativo de


reconstrução. As memórias:
Não são armazenadas de forma integral e, mesmo estabelecidas e
consolidadas, não são permanentes. Este é o fenômeno do
esquecimento: somos melhores na generalização e na abstração de
conhecimentos do que na retenção de um registro literal de eventos.

29 SEGER, Mariana da Fonseca; LOPES JUNIOR, Aury. Prova Testemunhal e Processo Penal:
A fragilidade do relato a partir da análise da subjetividade perceptiva e do fenômeno das falsas
memórias.
30 NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2002.

p. 148.
31 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. A prova no processo do trabalho. 7ª ed. rev. e ampl. São

Paulo: LTr, 1997. p. 300.


32 DALMAZ, Carla e NETTO, Carlos Alexandre. A memória. Ciência e Cultura, vol. 56, nº 1. São

Paulo, Jan./Mar. 2004.


O esquecimento é fisiológico e ocorre continuamente, enfraquecendo
o traço de memória do que foi aprendido.33

4. CONCLUSÃO

Com efeito
O transcurso do tempo é fundamental ao esquecimento, pois além de
os detalhes dos acontecimentos desvanecerem-se no tempo, a forma
de retenção da memória é bastante complexa. (...) Compreendemos
que a aceleração e o ritmo de uma sociedade complexa influem na
formação da memória, pois a velocidade dos acontecimentos, muitas
vezes, não permite que os fatos sejam fixados na memória, a qual
requer tempo para a consolidação e posterior evocação. 34

Aury Lopes Junior e Cristina Di Gesu discorrem que deve-se pensar em


medidas de redução de danos para melhorar a qualidade da prova oral. Dentre
elas: colheita da prova em um prazo razoável (objetivando diminuir a influência
do tempo); adoção de técnicas de interrogatório e a entrevista cognitiva (que
permitem a obtenção de informações quantitativa e qualitativamente superiores
às das entrevistas tradicionais, altamente sugestivas); e gravação das
entrevistas realizadas na fase pré-processual, principalmente as realizadas por
assistentes sociais e psicólogos (permitindo ao juiz o acesso a um completo
registro eletrônico da entrevista).35
As sugestões a que estão sujeitas a prova penal podem ser minimizadas
através da colheita da prova em um prazo razoável, objetivando-se diminuir a
influência do tempo na memória. A adoção da entrevista cognitiva permite a
obtenção de informações mais precisas em relação às das entrevistas
tradicionais, altamente indutivas.
Também é de grande importância que os entrevistadores explorem
todas as versões da história, não somente a versão acusatória, no sentido de
confirmar a materialidade e a autoria do delito.
Espera-se, em conclusão, que este estudo possa fomentar discussões
já iniciadas por alguns autores contemporâneos acerca da vulnerabilidade da
prova testemunhal, bem como elucidar a necessidade dos julgadores terem
consciência da condição humana e falível, a fim de que as decisões judiciais se
constituam sempre à luz da instrumentalidade constitucional garantista do
processo penal.

33 DALMAZ, Carla e NETTO, Carlos Alexandre. A memória. Ciência e Cultura, vol. 56, nº 1. São
Paulo, Jan./Mar. 2004.
34 GIACOMOLLI, Nereu José. Reformas (?) do Processo Penal: Considerações críticas. Rio de

Janeiro: Lumen Juris, 2008.


35 LOPES JUNIOR, Aury; DI GESU, Cristina Carla. Falsas memórias e prova testemunhal no

processo penal: em busca da redução de danos. Revista de Estudos Criminais 25, Set
2014, p. 59.
5. REFERÊNCIAS

AQUINO, José Carlos G. Xavier de. A prova testemunhal no processo penal


brasileiro. 4ª ed. ver. e ampl. São Paulo, Juarez de Oliveira, 2002.

CARNELUTTI, Francesco. A prova civil. 4ª ed. Campinas: Bookseller, 2005. p.


227.

CARNELUTTI, Francesco. La critica dela testimonianza. Rivista di Diritto


Processuale Civile, cit. 6:172-3, n. 3 e 4.

DALMAZ, Carla e NETTO, Carlos Alexandre. A memória. Ciência e Cultura, vol.


56, nº 1. São Paulo, Jan./Mar. 2004. Disponível em:
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-
67252004000100023&script=sci_arttext. Acesso em: 18/05/2017.

DI GESU, Cristina. Prova Penal e Falsas Memórias. 1ª edição. Porto Alegre:


Lúmen Júris, 2010.

GIACOMOLLI, Nereu José. Reformas (?) do Processo Penal: Considerações


críticas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.

LOPES JR., Aury; DI GESU, Cristina Carla. Falsas memórias e prova


testemunhal no processo penal: em busca da redução de danos. Revista de
Estudos Criminais 25, Set 2014, p. 59.

LOPES JR., Aury. Introdução crítica ao processo penal: (fundamentos da


instrumentalidade constitucional). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade


constitucional. Volume I, 8ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.

MITTERMAIER, C. J. A. Tratado da prova em matéria criminal. Tradução de


Herbert Wüntzel Heinrich. Campinas: Bookseller, 1997.

NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo:


Saraiva, 2002.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal.


12. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

PEREIRA, Eliomar da Silva. Teoria da Investigação Criminal. Coimbra:


Almedina, 2011.

RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 13.ed. rev., ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2007.
SEGER, Mariana da Fonseca; LOPES JUNIOR, Aury. Prova Testemunhal e
Processo Penal: A fragilidade do relato a partir da análise da subjetividade
perceptiva e do fenômeno das falsas memórias. Disponível em:
http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos201
2_2/mariana_seger.pdf. Acesso em: 18/05/2017.

TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. A prova no processo do trabalho. 7ª ed.


rev. e ampl. São Paulo: LTr, 1997.

TEDESCO, João Carlos. Nas cercanias da memória: temporalidade,


experiência e narração. Passo Fundo: UPF; Caxias do Sul: EDUCS, 2004.

TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 11 ed.


Ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.

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