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SUMÁRIO
Plenário
Processamento de governador: autorização prévia da assembleia legislativa e suspensão de funções - 3
Autonomia federativa: crimes de responsabilidade e crimes comuns praticados por governador - 3
‗Amici curiae‘e tempo de sustentação oral
Repercussão Geral
Propositura da ação: associação e momento para a filiação
1ª Turma
Perda do mandato parlamentar e declaração da mesa diretora da casa legislativa
Mandado de segurança: instauração de processo de revisão de anistia e direito líquido e certo - 2
2ª Turma
Prisão preventiva, risco de reiteração delitiva e presunção de inocência
PLENÁRIO
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estaduais, que têm sistematicamente se negado a deferir o processamento de governadores.
Asseverou ser refutável a referida autorização prévia em razão de: a) ausência de previsão expressa e
inexistência de simetria; b) ofensa ao princípio republicano (CF, art. 1º, ―caput‖); c) ofensa à
separação de poderes (CF, art. 2º, ―caput‖) e à competência privativa da União (CF, art. 22, I); e d) ofensa à
igualdade (CF, art. 5º, ―caput‖).
Esclareceu não haver na CF previsão expressa da exigência de autorização prévia de
assembleia legislativa para o processamento e julgamento de governador por crimes comuns perante
o STJ. Dessa forma, inexiste fundamento normativo-constitucional expresso que faculte aos Estados-membros
fazerem essa exigência em suas Constituições estaduais.
Não há, também, simetria a ser observada pelos Estados-membros. No ponto, o relator
considerou que, se o princípio democrático que constitui nossa República (CF, art. 1º, ―caput‖) se
fundamenta e se concretiza no respeito ao voto popular e à eleição direta dos representant es do povo,
qualquer previsão de afastamento do presidente da República é medida excepcional e, como tal, é
sempre prevista de forma expressa e taxativa, sem exceções.
O afastamento do presidente da República é medida excepcional, e, no caso de crime comum,
seu processamento e julgamento devem ser precedidos de autorização da Câmara dos Deputados
(CF, arts. 51, I; e 86, ―caput‖ e § 1º, I). Essa exigência foi expressamente prevista apenas para
presidente da República, vice-presidente e ministros de Estado. Essa é uma decorrência das
características e competências que moldam e constituem o cargo de presidente da República, mas
que não se observam no cargo de governador.
Diante disso, verifica-se a extensão indevida de uma previsão excepcional válida para o
presidente da República, porém inexistente e inaplicável a governador. Sendo a exceção prevista de
forma expressa, não pode ser transladada como se fosse regra ou como se estivesse cumprindo a
suposta exigência de simetria para governador. As eventuais previsões em Constituições estaduais
representam, a despeito de se fundamentarem em suposto respeito à Constituição Federal, ofensa e
usurpação das regras constitucionais.
Segundo o relator, afastado o argumento de suposta obediência à simetria, a consequê ncia da
exigência de autorização prévia de assembleia legislativa para processamento e julgamento de
governador por crime comum perante o STJ é o congelamento de qualquer tentativa de apuração
judicial das eventuais responsabilizações dos governadores por cometimento de crime comum. Essa
previsão afronta a responsividade exigida dos gestores públicos, o que viola o princípio republicano
do Estado.
A exigência viola, ainda, a separação de poderes, pois estabelece condição não prevista pela CF
para o exercício da jurisdição pelo Poder Judiciário. Assim, o STJ fica impedido de exercer suas
competências e funções até a autorização prévia do Poder Legislativo estadual. Esse tipo de restrição
é sempre excepcional e deve estar expresso na CF. Além disso, a previsão do estabelecimento de
condição de procedibilidade para o exercício da jurisdição penal pelo STJ consiste em norma
processual, matéria de competência privativa da União (CF, art. 22, I), portanto impossível de ser
prevista pelas Constituições estaduais.
O relator afirmou que estabelecer essa condição de procedibilidade equivale a alçar um sujeito
à condição de desigual, supostamente superior por ocupar relevante cargo de representação. No
entanto, tal posição deveria ser, antes de tudo, a de servidor público. A autorização prévia de
assembleias estaduais para o processamento e julgamento de governador por crime comum perante o
STJ é, portanto, afronta cristalina à cláusula geral de igualdade estabelecida na CF.
Destacou que a Emenda Constitucional (EC) 35/2001 alterou a redação do art. 53, § 1º, da CF e
aboliu a exigência de autorização prévia das casas legislativas para o processamento e julgamento de
deputados federais e estaduais. O mesmo entendimento de valorização da igualdade e
―accountability‖ dos representantes do povo deve ser aplicado aos governadores, sem as exigências
prévias que consubstanciam privilégios e restrições não autorizados pela CF.
Por fim, sustentou inexistir inconstitucionalidade na expressão ―ou queixa‖, por considerá -la
coerente com o disposto no art. 105, I, ―a‖, da CF. Explicou que a CF não fez nenhuma distinção ao
se referir a ―crimes comuns‖, ou seja, não fez diferenciação entre crimes de ação penal pública ou
crimes de ação penal privada. Da mesma forma, a Constituição do Estado de Minas Gerais previu o
afastamento do governador no caso de recebimento de denúncia ou queixa.
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Nesta assentada, o ministro Roberto Barroso esclareceu acompanhar o relator, e o ministro
Marco Aurélio esclareceu, ultrapassada a preliminar de admissibilidade da ação, também
acompanhar o relator.
Vencidos os ministros Dias Toffoli e Celso de Mello, que julgaram improcedente a ação, na
linha da jurisprudência até então prevalecente na Corte no sentido de considerar legítimas as normas
de Constituições estaduais que subordinam a deflagração formal de um processo acusatório contra o
governador a um juízo político da assembleia legislativa local.
ADI 5540/MG, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 3.5.2017. (ADI-5540)
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL - INTERVENÇÃO DE TERCEIRO
REPERCUSSÃO GERAL
DIREITO PROCESSUAL - SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
(1) Lei 9.494/1997: ―Art. 2º-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo propos ta por entidade
associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na
data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. Parágrafo único. Nas
ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações,
a petição inicial deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléia da entidade associativa que a
autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação dos respectivos endereços.‖
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(2) CF/1988: ―Art. 5º (...) XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;‖
RE 612043/PR, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 4.5.2017. (RE-612043)
PRIMEIRA TURMA
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Plenário. Assim, para quem está condenado à prisão em regime fechado, no qual deva permanecer por
mais de 120 dias, a perda é automática. Vencido, quanto à interdição, o ministro Marco Aurélio.
Por último, a Turma assentou a perda do mandato e sinalizou a necessidade de declaração pela Mesa
da Câmara, nos termos do § 3º do art. 55 da CF (4).
(1) CF/1988: ―Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.‖
(2) Lei 9.613/1998: ―Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade
de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (...) V – contra a Administração Pública,
inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática
ou omissão de atos administrativos;‖
(3) CF/1988: ―Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: (...) III – que deixar de comparecer, em cada sessão
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;‖
(4) CF/1988: ―Art. 55. (...) § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva,
de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa.‖
AP 694/MT, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 2.5.2017. (AP-694)
SEGUNDA TURMA
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Penal (CPP), art. 319 (1)], a ser estabelecida pelo juízo de origem. Além disso, determinou a extensão da
ordem concedida à prisão decretada em outro processo em que o paciente também é réu (2).
No caso, o paciente foi preso preventivamente em 3.8.2015 em razão de decisão do juízo de primeiro
grau fundada na garantia da ordem pública — em virtude do risco de reiteração delitiva — e da conveniência
da instrução criminal. Sobreveio, em 17.5.2016, sentença condenatória na qual o paciente foi
condenado à pena de vinte anos e dez meses de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro em contexto de organização criminosa, vedado o direito de recorrer em
liberdade.
O Colegiado pontuou que a prisão cautelar é a ―ultima ratio‖, e somente pode ser imposta se as
outras medidas cautelares não se mostrarem adequadas ou suficientes para a contenção do
―periculum libertatis‖ [CPP, art. 282, § 6º (3)].
Os pressupostos que autorizam uma medida cautelar devem estar presentes não apenas no
momento de sua imposição, como também necessitam se prolongar no tempo, para legitimar sua
subsistência.
A constrição cautelar do paciente somente foi decidida e efetivada dez meses após o último
pagamento atribuído a ele — em outubro de 2014 — pelo juízo de origem. Com efeito, ainda que a
decisão da autoridade judiciária tenha-se amparado em elementos concretos de materialidade, os
fatos que ensejaram o aventado risco de reiteração delitiva estão longe de ser contemporâneos do
decreto prisional.
Nesse contexto, a Turma entendeu subsistir o ―periculum libertatis‖, que pode ser remediado
com medidas cautelares diversas da prisão e menos gravosas, o que repercute significativamente no
direito de liberdade do réu.
Ademais, o princípio da presunção de inocência [Constituição Federal (CF), art. 5º, LVII (4)],
como norma de tratamento, significa que, no curso da persecução penal, o imputado, diante do
estado de inocência que lhe é assegurado, não pode ser tratado como culpado nem ser a ele
equiparado. Em sua mais relevante projeção, o referido princípio implica a vedação de medidas
cautelares pessoais automáticas ou obrigatórias. A prisão provisória derivada meramente da
imputação se desveste de sua indeclinável natureza cautelar e perde seu caráter de exce pcionalidade
[CF, art. 5º, LXVI (5)] — traduz punição antecipada —, o que viola o devido processo legal [CF, art.
5º, LIV (6)].
Para o Colegiado, descabe utilizar a prisão preventiva como antecipação de uma pena que não
foi confirmada em segundo grau. Do contrário, seria implementada verdadeira execução provisória
em primeiro grau. Tal medida seria contrária ao entendimento fixado pela Corte no sentido de que a
execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito
a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de
inocência (7).
Vencidos os ministros Edson Fachin (relator) e Celso de Mello, que denegaram a ordem. Para
eles, a complexidade dos fatos apurados permite o alongamento do trâmite sem que isso configure
constrangimento ilegal. Ademais, pontuaram que, diante da pluralidade de condutas atribuídas ao
paciente e da gravidade concreta dessas infrações penais, o receio de reiteração delitiva que ensejou
a manutenção da prisão preventiva estaria fundado em base empírica idônea.
(1) CPP: ―Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I – comparecimento periódico em juízo, no prazo e
nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II – proibição de acesso ou frequência a determinados
lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para
evitar o risco de novas infrações; III – proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV – proibição de ausentar-se da Comarca
quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V – recolhimento domiciliar no
período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI – suspensão do
exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua
utilização para a prática de infrações penais; VII – internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi -imputável (art. 26 do Código Penal) e
houver risco de reiteração; VIII – fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo,
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX – monitoração eletrônica.‖
(2) Ação Penal 5030883-80.2016.4.04.7000/PR.
(3) CPP: ―Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I – necessidade para
aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para ev itar a prática
de infrações penais; II – adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
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indiciado ou acusado. (...) § 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra
medida cautelar.‖
(4) CF/1988: ―Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo -se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;‖
(5) CF/1988: ―Art. 5º (...) LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;‖
(6) CF/1988: ―Art. 5º (...) LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;‖
(7) HC 126.292/SP (DJE de 17.5.2016).
HC 137728/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgamento em
2.5.2017. (HC-137728)