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na Evoluçã o do Espı́rito
A Doutrina Espírita perante a Arte Musical
Agosto de 2012
1 A Importância da Música na Evolução do Espírito
Índice
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................2
CONCLUSÃO................................................................................................................................................................ 24
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................................. 26
Introduçã o
China antiga
Acima de tudo, foi esse fato que levou os filósofos chineses a dirigirem muito da
sua atenção à música do seu país, pois, para que todos os cidadãos estivessem
livres dos perigos do uso indevido do poder da música e para que todos
aproveitassem o seu uso benéfico e o mais otimizado possível, era necessário
assegurar que só se executava a música considerada correta. Acreditavam
convictamente que o objetivo da música não era o de mero entretenimento, pois
compreendiam que o lado mais negro da natureza humana poderia ser estimulado
pela música sensual, imoral e de teor mundano, prejudicando o individuo e a
própria sociedade. Consequentemente, a toda música caberia a função de
transmitir verdades eternas e influir positivamente no caráter do homem, com o
objetivo de se aperfeiçoar. Com efeito, a própria palavra usada na China para
significar música (Yüo) é representada pelo mesmo símbolo gráfico empregado
para designar a serenidade (Lo).
A música poderia até afetar diretamente a saúde do corpo físico. Cria Confúcio que
a boa música poderia ajudar a aprimorar o caráter do homem, ao afirmar:
“A música do homem de espírito nobre, suave e delicada, conserva um estado d’alma
uniforme, anima e comove. Um homem assim não abriga o sofrimento nem o luto no
coração; os movimentos violentos e temerários lhe são estranhos.”
Mais do que isso, uma vez que os indivíduos são os materiais básicos de construção
da sociedade, a música também poderia afetar nações inteiras, melhorando-as ou
piorando-as, de acordo com a qualidade da sua música:
“Se alguém desejar saber se um reino é bem ou malgovernado, se a sua moral é boa
ou má, examine a qualidade da sua música, que lhe fornecerá a resposta.”
Confúcio in Tame (1984:36)
Antigo Egipto
Para os egípcios, a música teria sido inventada por Tot, sendo este o nome egípcio
mais comum pelo qual era conhecido o deus que corresponde à segunda pessoa da
trindade egípcia. Muitos relatos asseveram que Tot viveu e andou entre os homens.
Consoante Clemente de Alexandria e outras fontes, Tot era outro nome de Hermes
Trismegisto, “inventor da música” e autor de livros de cantos egípcios entoados aos
deuses. Na época do Império Antigo, entre a III e X Dinastias, c. 2635 a 2060 a.C., a
música egípcia viveu o seu auge. Muitas representações figurativas mostram
pequenos conjuntos musicais com cantores, harpas e flautas, bem como com
inscrições coreográficas descrevendo danças realizadas para o faraó. Nos festivais,
os músicos, cantores e dançarinos andavam em procissão no exterior dos templos
e os sacerdotes transportavam um relicário que abrigava a estátua da divindade.
Frequentemente o que se pretendia não era produzir música agradável, mas um
som rítmico que criasse um estado de êxtase religioso ou simplesmente para
espantar os espíritos inferiores. Acredita-se que este tenha sido o período de maior
florescimento da arte musical egípcia. Os músicos gozavam de grande prestígio
dentro da comunidade. Os egípcios utilizavam a música tanto para a guerra como
para a recreação, mas preferiam as expressões consideradas mais elevadas, como
as dos cultos aos deuses e dos banquetes cerimoniais.
Índia antiga
A mitologia hindu diz que Shiva ensinou a música aos homens há cerca de 6 mil
anos. No entanto, os achados arqueológicos demonstram que é pouco provável que
uma civilização sedentária se tenha estabelecido no vale do Indo antes de 2500
a.C.. A civilização pré-ariana tornou-se próspera e é provável que uma cultura
musical própria tenha sido desenvolvida, possivelmente com influências da
Mesopotâmia. Embora os Vedas (escritos entre 1500 a.C. e 500 a.C.) documentem a
importância religiosa da música na civilização indiana e forneçam extensa
informação mitológica, nenhum documento ou informação precisa sobre como
seria essa música foi encontrado. Desse facto, decorre que pouco ou nada se sabe
sobre os instrumentos, escalas e toda a teoria musical na Índia Antiga.
A música faz parte do quotidiano do povo indiano. É entrelaçada na vida social,
religiosa e cultural do país e integra a envolvente unidade do mundo místico da
Índia. Música é denominada por “Gandharva Veda” e que significa ciência musical.
É um dos quatro “upa vedas”, isto é, “vedas” secundários. Os outros três são
“Dhanur Veda” que significa a arte de manejar o arco; o “Ayur Veda” que significa a
medicina; e o “Artha Sastra” que significa a política.
século XIX, Sundaramoorthy Nayar descreve Deus como manifestando-se nas sete
notas e nas formas da arte musical. “Sangita marga”, ou o caminho da música, é o
meio mais eficiente para chegar a Deus. Música é arte (“kala”) e ciência (“sastra”)
ao mesmo tempo. É a linguagem dos deuses.
Grécia antiga
A cultura da Grécia antiga (c. séculos VII a I a.C.) contribuiu categoricamente para a
origem da presente civilização ocidental. A música era compreendida como um
fenómeno de origem divina, estando ligada à magia e à mitologia, existindo várias
histórias místicas relacionadas com a origem da música, seu poder e suas funções.
Acreditavam que a música tinha a capacidade de curar doenças, purificar o corpo e
o espírito e operar milagres no reino da natureza. Além disso, existem diversos
registos que indicam que os sábios gregos acreditavam que a música era parte
integral da génese existencial do ser humano e que continuava a ser usada
sabiamente pelos deuses. Por exemplo, Anfião teria construído Tebas através do
poder do som e Orfeu podia tocar com tamanha doçura que até as feras quedavam
absortas.
Hipócrates “o pai da medicina”, levava os seus casos de enfermidade mental ao
templo de Esculápio para ali ouvirem a música comovedora, a fim de aligeirar os
seus padecimentos e de pacificar os doentes.
Pitágoras, no século VI a.C., achava que a Música e a Matemática poderiam fornecer
a chave para os segredos do mundo. Acreditava que os diversos corpos celestes
produziam diferentes tons musicais e que o próprio universo cantava
harmonicamente. Para os pitagoristas, as energias vibratórias universais eram a
Música das Esferas: harmonia etérea que supunham ser produzida por vibrações
das esferas celestes e sobre as quais julgavam moverem-se as estrelas e os
planetas.
Acima de qualquer outra coisa, os grandes pensadores da antiguidade destacavam
o vigoroso efeito da música sobre o carácter do homem, visto que ela parecia
exercer tamanho poder para determinar a moral do povo. A música era um assunto
que nenhum dos grandes filósofos morais poderia ignorar. Aristóteles, por
exemplo, escreveu:
“… emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo; através da
música, por conseguinte, o homem se acostuma a experimentar as emoções certas; tem a
música, portanto, o poder de formar o carácter, e os vários tipos de música, baseados nos
vários modos, distinguem-se pelos seus efeitos sobre o carácter – um, por exemplo,
operando na direção da melancolia, outro na efeminação; um incentivando a renúncia,
outro, o domínio de si, um terceiro o entusiasmo, e assim por diante …”
Aristóteles in Tame (1984:19).
A energia musical era entendida como algo muito sério, com a capacidade de
interferir e modificar a matéria, bem como o espírito humano. Daí o cuidado
extremo que era colocado na sua realização, procurando preservar a harmonia
inerente com a natureza e com a divindade.
Tal como nos afirma Léon Denis, todos os seres vivos sofrem a influência das
vibrações musicais, as quais transportam em si mesmas uma energia inerente. Essa
energia poderá ser positiva ou negativa, de acordo com os seus efeitos físicos e
espirituais. Com o auxílio da ciência, já foi possível demonstrar os efeitos que
diferentes estilos musicais provocam nos seres vivos, mais precisamente em ratos
e em plantas. No último caso é mais interessante dado que as plantas não possuem
um cérebro, logo não existem fatores psicológicos para influenciar nos resultados.
A influência da música no reino vegetal primitivo concretiza-se apenas nas células
e na sensibilidade que indiscutivelmente apresentam.
Câmara I - Reação positiva: Ravi Shankar e Bach Câmara II - Reação negativa: Acid Rock
Diagrama da inclinação dos caules de plantas em ambiente sonorizado com música
música rock, tinham definhado por completo. As que estiveram sujeitas à música
barroca de Bach e à música indiana de Ravi Shankar tinham um desenvolvimento
acima do normal e de forma exuberante e as que estiveram privadas de música
apresentavam um desenvolvimento normal.
Podemos aferir desta forma que a música também afeta fisicamente o ser humano,
assim como afeta os seres vivos dos reinos inferiores da natureza, e que,
certamente, afetará espiritualmente através da energia que a sua mensagem em
forma de linguagem musical transmite, descodificada pela razão e pelo sentimento
humano.
Em parte, o poderoso efeito produzido por ritmos diferentes sobre nós talvez seja
determinado pelo primeiro ritmo que ouvimos, ou seja, a pulsação cardíaca da
nossa mãe, ouvida por nós continuamente no transcurso dos meses que passámos
no seu ventre.
Numa experiência dirigida em 1960 pelo psicólogo infantil norte-americano Dr.
Lee Salk, fez soar um disco com os batimentos cardíacos normais gravados para
um grupo de bebés recém-nascidos num berçário de um hospital americano. A
maioria acalmou-se e adormeceu. De seguida, o Dr. Salk fez ouvir a pulsação
cardíaca acelerada de uma pessoa excitada. As duas gravações foram reproduzidas
com a mesma intensidade, mas, quando ouviram a segunda, todos os bebés
despertaram, quase todos tensos e alguns chorando.
Desde o tempo mais remoto, pescadores, ceifeiros e outros trabalhadores têm
cantado em uníssono a fim de estimularem seus espíritos para obter o máximo
rendimento no trabalho. Pesquisadores científicos descobriram que a música
melodiosa, animada, ouvida nas fábricas com períodos intervalares de silêncio,
aumenta consideravelmente a produtividade.
Vemos, portanto, que a música afeta o corpo físico de duas maneiras distintas:
• Diretamente, como efeito das vibrações sonoras sobre as células e os
órgãos;
• Indiretamente, como efeito das características globais (ritmo, harmonia,
melodia, dinâmica, interpretação, etc.) do objeto sonoro que é a música,
agindo sobre as emoções, sobre os sentimentos e por seu turno
influenciando numerosos processos químicos do corpo físico.
É justo, deste modo, afirmarmos que quando um músico se apresenta perante uma
plateia para realizar um concerto ou uma audição, ele não está apenas a tocar o seu
instrumento musical, está também “a tocar” na mente e no coração da assistência,
influenciando positivamente ou negativamente, de acordo com as características
do objeto sonoro, da mensagem inerente, da performance musical e da sintonia
criada com o público.
“R: Aludes à música terrena? Que é ela comparado à música celeste? A esta harmonia de
que nada na Terra vos pode dar ideia? Uma está para a outra como o canto do selvagem
para uma doce melodia. Não obstante, espíritos vulgares podem experimentar certo
prazer em ouvir a vossa música, por lhes não ser dado ainda compreender outra mais
sublime. A música possui infinitos encantos para os Espíritos, por terem eles muito
desenvolvidas as qualidades sensitivas. Refiro-me à música celeste, que é de tudo o que
de mais belo e delicado pode a imaginação espiritual conceber.” (o sublinhado é nosso).
Kardec (1857:163).
Verificamos que os espíritos são muito sensíveis à música e que ela assume um
papel de elevada importância ao ser considerada como “o que de mais belo e
delicado a imaginação espiritual pode conceber.” A beleza espiritual traduz um
conceito de estética divina, alcançada por inenarráveis labores íntimos, os quais
purificam o coração, alicerçados no desenvolvimento do conhecimento que se
traduz por sabedoria. A delicadeza sintetiza o sentimento do amor, que tudo vê
com natural ternura e sensibilidade e revela a elevada conceção de elegância
espiritualizada, bem como de harmonia com o universo. A beleza e a delicadeza
manifestam-se naturalmente pelo “amor a Deus acima de todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo.”
Podemos concluir que a arte musical tem certamente a sua importância espiritual
na medida em que exalta os valores inerentes do espírito, o qual foi criado por
Deus com o propósito de alcançar por mérito próprio a perfeição. A música tem a
capacidade de “tocar” as fibras mais íntimas da criatura e de a sensibilizar de uma
forma tão mais sútil e elevada consoante as conquistas alcançadas pelo espírito,
tendo um efeito de maior ressonância entre as vibrações da música e aquele que a
escuta. Tem também a função de despertar a própria sensibilidade para as noções
do belo divino, da harmonia universal e do sentimento de perene tranquilidade, o
qual é um campo fértil para o amadurecimento da própria personalidade.
“… a boa música, a música devocional, suave e doce, a clássica, a dos mestres, essa vai
buscar no recôndito das almas os germes do Bem e do Amor que lá se encontram, as
formas embrionárias dos bons sentimentos e no-los revelam…”
Imbassahy et al. (1944:34).
coração, a qual se abre sempre por dentro e permite que o Mestre Amado se
adentre e nos abençoe, nesses momentos de sincera comoção. É pois, este
sentimento sincero e emocionado, a chave da nossa alma, sintonizando-nos pela
vibração com as esferas mais elevadas e abrindo a porta da alma para a luz da
redenção, do êxtase perene, da eterna felicidade.
Constatamos deste modo, que é necessário despertar os valores artísticos do
espírito, procurando elevar o pensamento e sensibilizando o coração para a
compreensão da ideia do belo divino. Esse labor necessita de tempo e maturação
para desenvolver a justa conceituação desse ideal mais nobre, permitindo ao
espírito percecionar belezas inalcançáveis aos olhos humanos. Belezas descerradas
pela vivência íntima do mais puro sentimento do amor, o qual liberta as amarras
do orgulho e do egoísmo e cria um elo que une o espírito aos padrões mais
elevados do sentimento e desvela à razão, a compreensão de uma infinidade de
estados de alma. A perceção do sentimento do belo apura-se com o aprimoramento
do sentimento e da sabedoria. O coração sente e entrevê as belezas imortais para o
espírito. A razão compreende porque se esclarece.
analíticos de suas vidas terrestres. Tudo isso repercutirá um dia no espaço, em cêntuplo,
pois as vibrações armazenadas no ser carnal despertarão e chamarão, como uma lira de
mil cordas, todas as sensações atrativas que podem proporcionar os sentimentos mais
harmoniosos, mais elevados, que circulam nas correntes que emanam diretamente da
esfera divina.
É o apogeu da arte, uma infinita sensação artística…”
O Esteta in Denis (1994:73)
“Concluindo, a arte é para o ser humano o apelo do campo divino. Quanto mais um ser,
por sua vontade e seus atos aproxima-se de Deus, mais está apto a sentir os eflúvios e as
vibrações divinas. De acordo com a sua evolução, essas vibrações se traduzirão por
criações de virtudes, sendo a palavra virtude tomada em sentido bastante geral. Para
mim ela significa tudo o que é digno de ser amado. A arte é, portanto, um dos meios de se
sentir a grandeza de Deus. Devemos agradecer ao Criador por nos deixar sempre em
relação com Ele. Cabe a nós nos tornarmos cada vez mais dignos disso. É preciso venerar
e amarmos a arte, uma vez que através da imensidão é ela a mensageira da imortal
irradiação e do movimento divino universal.”
O Esteta in Denis (1994:77)
Ao analisarmos a arte musical verificamos que existe no seu âmago uma força
energética capaz de transformar e alterar todos os estados de alma.
Vasto é o efeito da música sobre o corpo físico e espiritual. Sempre que estivermos
no campo audível da música, a sua influência atuará sobre nós, acelerando ou
retardando, regulando ou desregulando as batidas do coração; relaxando ou
irritando os nervos; influindo na pressão sanguínea; na digestão e no ritmo da
respiração; acabrunhando ou elevando o espírito a zonas de espiritualidade maior.
Podemos então afirmar que a música tem uma energia própria, que se manifesta
através das vibrações sonoras e que modela o ambiente espiritual com a harmonia
da qual é portadora.
A energia da música vive na sua harmonia, criada pelo compositor, fruto íntimo da
sua meditação e intuição. É um reflexo direto do sentimento do compositor e dos
seus laços com o plano espiritual. Quando este se deixa arrebatar pela magia dos
sons, busca no espaço cósmico, a fonte sublime de toda a criatividade, as melodias
e as harmonias da vida, transportando-as consigo de volta à Terra como foi
perscrutada no Espaço. Todos os matizes mais subtis e cristalinos perdem-se no
contato com a matéria densa. Os instrumentos que conhecemos e admiramos na
sua mais excelente qualidade, ficam muito aquém de produzir sons tão sublimes
como aqueles que se percecionam na suave dança das galáxias e das constelações,
no entanto, a ideia principal, a mensagem está presente, e essa, arrebata os
corações dos Homens e os faz comover. A música sublime ao ser interpretada,
liberta toda a sua energia para o espaço envolvente, impondo ordem ao
desordenado, tranquilidade à tempestade, paz à revolta, serenidade à confusão.
No plano espiritual, essas energias iluminam, permitindo uma maior aproximação
dos guias espirituais que nos poderão envolver e amparar, se nós nos deixarmos
enlevar pela suavidade dos sons e abrirmos o coração às energias envolventes.
“A música é uma lei moral. Ela dá uma alma ao Universo, asas ao pensamento, um
impulso à imaginação, um encanto à tristeza, a alegria e a vida a todas as coisas. Ela é a
essência da ordem e eleva em direção a tudo o que é bom, justo e belo, de que ela é a
forma invisível, porém surpreendente, apaixonada, eterna.”
Platão in Denis (1994:106)
O Compositor Espı́rita
“25. Por que a Ave … (Ave Verum Corpus) me comove até às lágrimas?
“Oh! sim, o Espiritismo terá influência sobre a música! Como poderia não ser assim? Seu
advento transformará a arte, depurando-a. Sua origem é divina, sua força o levará a
toda parte onde haja homens para amar, para elevar-se e para compreender. Ele se
tornará o ideal e o objetivo dos artistas. Pintores, escultores, compositores, poetas irão
buscar nele suas inspirações e ele lhas fornecerá, porque é rico, é inesgotável.”
A linguagem musical a ser usada também não pode vir de fora do Espiritismo. Tem
de nascer dentro da Doutrina Espírita, pois ela é tão imensamente rica e
inesgotável que basta arregaçar as mangas e começar a trabalhar, entregando a
nossa alma a Deus e confiando no seu amparo para o empreendimento desta
tarefa, como em qualquer outra.
Temos de analisar todo o nosso trabalho passando-o pelo crivo da razão, tal como
nos aconselhou Allan Kardec, relativamente a todas as ideias que sejam
apresentadas no seio do Espiritismo. Como Paulo de Tarso afirmava “Tudo
podemos mas nem tudo nos convém”. A música não é constituída apenas por notas
musicais, ela é energia! Temos de ter a consciência para compreendermos isto.
Nosso trabalho deverá alcançar o coração humano e alçá-lo a Deus, permitindo a
“Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em
grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais
completo a matéria, dá-lhe uma perceção mais clara do futuro; os princípios da
Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado
no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes
bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações más.
Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma
coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a
vontade.” (o sublinhado e o destacado são nossos).
Kardec (1992:276)
• A interpretação musical
A capacidade técnica e artística do intérprete em concretizar musicalmente
a ideia musical do compositor.
Conclusã o
Podemos concluir que desde as primevas eras, o homem busca na arte musical
uma íntima ligação com a divindade e entende nessa arte uma representação do
ideal divino. A arte musical para as civilizações da antiguidade permite uma
profunda comunhão sagrada com os planos superiores da existência,
possibilitando trilhar uma senda de autoaperfeiçoamento, de iluminação interior,
tendo como objetivo central, o encontro do homem consigo mesmo e com o seu
Criador.
Hoje, como espíritas, compreendemos que a arte musical influencia o homem, quer
fisicamente, quer espiritualmente. A ciência o comprova. Devemos compreender
que apenas a música mais elevada, a música sagrada, a música devocional deverá
ser utilizada em benefício das nossas atividades espirituais.
Se queremos trabalhar nessa área, é fundamental adestrar o espírito, é essencial
estudar essa arte, assimilá-la e munirmo-nos dos recursos que nos proporcionem a
capacidade de nos comunicarmos musicalmente com destreza.
“O Espiritismo vem abrir para a arte novas perspetivas, horizontes sem limites. A
comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as indicações
fornecidas sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis de
harmonia e de beleza que regem o Universo vêm oferecer aos nossos pensadores, aos
nossos artistas, motivos inesgotáveis de inspiração.”
Denis (1994:7)
A música espírita não tem apenas um caminho, terá certamente infinitos, desde
que os objetivos sejam os de servir a Jesus com honestidade, amando o próximo
como a si mesmo, para que em cada realização musical possa acontecer o encontro
do Homem com ele próprio, com a sua realidade cósmica, enlaçando-o ao coração
do Mestre Amado e alçando-o às virtudes mais nobres que o Amor mais puro pode
proporcionar. Para isto é necessário amar incondicionalmente e trabalhar
ininterruptamente pelo próprio progresso espiritual.
“Deixa que as águas vivas e invisíveis do Amor, que procedem de Deus, Nosso Pai,
atravessem o teu coração, em favor do círculo de luta em que vives; o Amor é a força
divina que engrandece a vida e confere poder.
Façamos, sobretudo, o melhor que pudermos, na felicidade e na elevação de todos os que
nos cercam, não somente aqui, mas em qualquer parte, não apenas hoje, mas sempre.”
Jesus in Lúcio (1994:133)
Bibliografia
Lúcio, Neio e Xavier, Francisco. Jesus no Lar. Rio de Janeiro: FEB, 1994.
Podolsky, Edward. Music for Your Health. New York: Bernard Ackerman, 1946.
Portnoy, Julius. Music in the Life of Man. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1963.
Music for your plants (s. d.), “How do plants respond to music, sound frequencies
or harmonic sound waves”, página consultada a 21 de agosto de 2012
<http://www.musicforyourplants.com/>.