FACULDADE DE MACAPA-FAMA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

CLÍNICA DE PSICOLOGIA

JEAN CARLOS SOUZA DA SILVA

OS PRIMEIROS PASSOS NO PROCESSO DE TORNAR-SE

PSICOTERAPEUTA SOB O REFERENCIAL
DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

MACAPA
2017
 JEAN CARLOS SOUZA DA SILVA

OS PRIMEIROS PASSOS NO PROCESSO DE TORNAR-SE

PSICOTERAPEUTA SOB O REFERENCIAL
DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

Relatório de Estágio na Abordagem

Cognitivo-Comportamental apresentado
ao Curso de Graduação em Psicologia
da Faculdade de Macapá, como requisito
de nota parcial no estágio profissional III
em prática clínica sob a supervisão da
professora Msc. Maria das Graças Teles
Martins.

MACAPÁ
2017
APRESENTAÇÃO

Tendo em vista a necessidade de viabilizarmos as ações educativas da Escola Estadual

Coelho Neto, elaborou-se o Projeto Político Pedagógico-PPP, onde possa orientar as
atividades a serem desenvolvidas através dos profissionais desta Unidade de Ensino. Além
disso, buscar-se-á, a implementação de políticas que subsidiem e desenvolvam de maneira
concatenada novas formas de organização do das atividades didática, técnica e pedagógica,
visando a melhoria da qualidade do ensino, com vistas à aprendizagem dos estudantes.
O objetivo precípuo do PPP, enquanto instrumento direcionador, é organizar a ação
da instituição escolar, pois quando se pensa em organização das ações educativas deve-se ter
como base, um planejamento amplo que compreenda todos os “atores” envolvidos no espaço
educativo.
Para que a realização do projeto seja eficaz, acredita-se na necessidade de buscar a
implementação de políticas públicas que subsidiem e desenvolva novas formas de
organização do nosso foco principal, a educação dos educandos. E para que as ações sejam
eficazes é necessário que tenha uma participação coletiva, pois os resultados no processo
ensino e aprendizagem somente serão eficazes, quando há integração na construção das
atividades junto à comunidade intra e extra escolar.
Sabe-se que a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto
educativo, portanto, necessita organizar seu trabalho pedagógico em função de seus alunos.
Nessa perspectiva, é fundamental que assuma suas responsabilidades, em contrapartida com
as esferas administrativas do sistema educacional. Portanto, é necessário que se fortaleça as
relações entre escola, comunidade e poder público. Atendendo os princípios estabelecidos na
Constituição Federal, o qual reafirma nos seus artigos 205 e 206 “a educação como dever da
família e do Estado”. Sendo assim, a escola assume como princípio a necessidade da
formação intelectual e moral do educando e também o desenvolvimento para o exercício da
cidadania.
Com efeito, este projeto, consiste em desenvolver metas e ações, através das quais
pretende-se efetivar a garantia de um trabalho educacional de qualidade.

JUSTIFICATIVA
O Projeto Político Pedagógico-PPP da Escola Estadual Coelho Neto-EECN, é um
instrumento, que norteará as atividades realizadas no contexto escolar durante o período
letivo, objetivando o engajamento da comunidade intra e extra-escolar, em busca de melhoria
do processo pedagógico que envolve a gestão escolar, como forma de revigorar o trabalho
educacional da escola como um todo.
A Lei nº 9394/96, menciona que os estabelecimentos de ensino, terão a incumbência
de colaborar e executar sua proposta pedagógica. Portanto, a EECN assume esse
compromisso e juntamente com a comunidade escolar através do PPP, estabelecendo suas
metas, ações e objetivos a serem alcançados a partir das reais necessidades vivenciadas no
cotidiano escolar. Há necessidade de se implementar as ações educacionais, considerando o
processo de inclusão, haja vista que não se trata somente da modalidade de educação especial,
mas também a educação de jovens e adultos, e temáticas que envolvem os fatores sociais,
econômico, político, cultural, religioso e étnico, os quais influenciam diretamente no contexto
escolar.
Portanto, nessa perspectiva, este Projeto apresenta-se como uma proposta da escola, a
qual visa à compreensão e a tomada de decisões a partir dos objetivos traçados por todos;
alunos, pais ou responsáveis, profissionais e demais parceiros, para que juntos comecem a
assumir uma posição de compromisso e responsabilidade diante de toda a sua execução,
visando, a melhoria do processo ensino, aprendizagem e a formação do aluno para o exercício
da cidadania.
Desta feita, compreende-se que a construção do PPP passa pela autonomia da escola,
da sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto significa resgatar a escola enquanto
espaço público, lugar de debate do diálogo, fundado na reflexão coletiva. Portanto, entende-se
que o Projeto político pedagógico da escola dará indicativos necessários à organização do
trabalho na escola, atendendo os preceitos legais e a dinamização das ações técnico,
pedagógicas e administrativa de seus profissionais.

CONCEPÇÃO DE PROJETO SOCIETÁRIO DA ESCOLA

A Escola Estadual Coelho Neto localiza-se em uma área periférica do Município de

Macapá, Escola Estadual Coelho Neto, situada na Avenida Clodóvio Coelho, nº 124, bairro
Buritizal, CEP: 68902-885, estado do Amapá, município de Macapá, sob o CNPJ:
00.918.998/000-08 e cadastrada no INEP: 16002334. Atualmente a Gestora Escolar
Professora Ana Flaura dos Santos Fonseca e na condição de Gestora Adjunta Professora
Taiana Furtado dos Anjos, a Secretária e Escolar (cargo em vacância) e Assessoras da
Direção Professoras Euracy Oliveira de Oliveira e Arialda da Conceição N. Lima. Os
Supervisores Pedagógicos o Especialista Elielson de Souza Nunes e Lívia Flora Freitas de
Souza. Há uma equipe de Coordenadores Pedagógicos que atendem os turnos matutinos,
vespertino e noturno. Elcione Rodrigues Colares, Maria do Socorro Barros, Maria do Socorro
Castro Pastana, Marli da Silva Almeida, Nilce Helena de Oliveira Ferreira e Valmina Pires
Barbosa da Silva. O Conselho Fiscal do Caixa Escolar é constituído pela Presidente nata,
gestora da escola, professora Ana Flaura Fonseca dos Santos, Secretária (cargo em vacância)
e Tesoureira, a assessora da direção Professora Euracy Oliveira de Oliveira. Tendo ainda
como membros do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) o Grupo de Sistematização
composto pela Gestora Escolar, Diretora Adjunta e a Supervisora Escolar.
No aspecto sócio-cultural, não há cinema, teatro, ginásio esportivos, etc. No aspecto
urbanístico, é uma área de bastante movimento comercial, principal área do bairro, pois está
localizada em ruas próximas a bancos, armazéns, posto de saúde, lojas de eletrodomésticos,
mercantis, emissora de rádio e TV e o principal atrativo do bairro é a Feira do Agricultor,
localizada ao lado da escola, onde há bastante movimento nas terças e quintas-feiras em
virtude das vendas de verduras, frutas, peixes e mercadorias da região em geral.
De acordo com a associação de moradores do Bairro do Buritizal, o asfalto e o
saneamento básico atendem uma pequena parte da população, pois existem muitas casas, que
localizam-se em área de risco, alagados e invasões que foram feitas sem uma organização
ordenada.
Os princípios norteadores do ideal geral da Escola Estadual Coelho Neto, fundamenta-
se em uma proposta de sociedade, onde envolve a pessoa e educação cidadã, assumida pelo
grupo que compõe a comunidade intra e extra escolar. Embora toda educação se baseie numa
visão de homem e de sociedade, nem sempre as escolas explicitam ou discutem consciente e
intencionalmente as suas práticas.
Portanto, é nessa perspectiva que todos construíram esse PPP, pois acredita-se que as
construções sociais de conhecer o mundo e nele atuar, são construções que dependem das
relações que os indivíduos estabelecem com o meio e de como apreendem tal realidade. A
comunicação entre as pessoas ocorre, muitas vezes, por meio de palavras nas quais
designamos e caracterizamos os objetos, representamos o pensamento e estruturamos nossas
ações. Para Vygotsky (2000) no decorrer da evolução psicossocial, as palavras utilizadas para
nomear o real, transformam-se e adquirem significados que congregam novos sentidos ao
longo do desenvolvimento dos indivíduos, e por fim, participam da formação de conceitos na
sociedade letrada.
A Escola tem como Missão, ser uma escola que tem compromisso pelo trabalho que
desenvolve com seus alunos, sujeitos do processo educacional, tendo como objetivo principal,
oferecer um ensino de qualidade num ambiente de bastante criatividade e respeito pelo outro,
contribuindo para formação de cidadãos críticos e conscientes, para o exercício da vida
profissional diante dos desafios da sociedade contemporânea, oferecendo sempre serviços
educacionais de qualidade excedendo as expectativas da nossa clientela escolar,
proporcionando possíveis cooperações num ambiente de bastante criatividade e respeito pelo
outro, e objetiva assegurar um ensino de qualidade, garantindo o acesso e a permanência dos
alunos na escola, formando cidadãos críticos capazes de agir na transformação da sociedade.
Os profissionais estão empenhados em contribuir para melhoria das condições yt da
população, visando a busca constante da satisfação nos serviços prestados, assegurando
diversas formas de participação da comunidade educativa, envolvendo pais, autoridades
locais, associações de moradores, conselho comunitário; parcerias com entidades, órgãos
públicos e empresas; parcerias com organizações da sociedade civil; trabalho voluntário;
relacionamento escola e família com a participação dos alunos.
Portanto, almeja contribuir para formação de cidadãos críticos e conscientes, para o exercício
da vida profissional diante dos desafios da sociedade contemporânea.
Introdução

Este relatório apresenta os registros das atividades que foram desenvolvidas durante o
estágio em Psicologia clínica com ênfase na Abordagem Cognitivo-Comportamental cursado
no nono semestre referente ao ano 2017 do curso de graduação em Psicologia da Faculdade de
Macapá.
O estágio refere-se aos atendimentos individuais, prestados pelo estagiário, na Escola
Estadual Coelho Neto e Clinica da Faculdade de Macapá Supervisões semanais foram feitas
pela professora encarregada Msc. Maria das Graças Teles Martins, visando que os casos
fossem discutidos em sala de aula.
Os atendimentos seguiram a abordagem Cognitivo-Comportamental, onde se buscou
remover ou modificar sintomas existentes, corrigir padrões de comportamentos
desadaptativos e promover o desenvolvimento da personalidade. Importante mencionar que as
queixas e demandas dos pacientes costumam agrupar-se no motivo da consulta, onde as
queixas geralmente fazem referência àquilo que vai mal e o que se quer eliminar, e as
demandas fazem referência àquilo que se quer adquirir, ao positivo. Toda queixa, em geral,
engloba uma demanda: uma nova forma de comportar-se ou uma mudança no ambiente, que
foi exatamente um dos maiores objetivos dos atendimentos realizados.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) foi desenvolvida, aprimorada e
extensamente difundida na Europa e nos Estados Unidos nos últimos vinte anos. É
caracterizada por ser muito bem estruturada, orientada ao momento presente, direcionada à
resolução de problemas atuais e à modificação de pensamentos e comportamentos
disfuncionais. Achados clínicos conduzidos através de vários estudos muito bem controlados,
apoiam a eficácia desta forma de tratamento.

Fundamentação teórica
Terapia cognitiva (TC)

O modelo cognitivo foi originalmente construído de acordo com pesquisas conduzidas

por Aaron Beck para explicar os processos psicológicos na depressão, em uma tentativa de
provar a teoria freudiana de depressão como hostilidade retrofletida reprimida. Ao invés de
hostilidade e raiva, a pesquisa sobre os sonhos dos pacientes deprimidos mostrou um “senso
de derrota, fracasso e perda” Beck (1967). Rangé (2001) atenta para o fato de que,
historicamente a Terapia Cognitiva teve como precursora a terapia racional-emotiva de Ellis,
mas foi justamente Aaron T. Beck que lhe deu os contornos atuais.
De acordo Beck (1976) os temas de pacientes deprimidos ao dormirem eram
consistentes com seus temas em vigília; sonhos poderiam ser simplesmente um reflexo dos
pensamentos do indivíduo. Baseado em pesquisa sistemática e observações clínicas, Beck
propôs que os sintomas de depressão poderiam ser explicados em termos cognitivos como
interpretações tendenciosas das situações, atribuídas à ativação de representações negativas de
si mesmo, do mundo pessoal e do futuro (a tríade cognitiva).
De acordo Beck e Alford (2000) embora haja significativas diferenças entre a teoria
cognitiva e a teoria comportamental, tem sido debatido, ultimamente, que a teoria cognitiva
constitui-se como unificadora para a psicoterapia e para a psicopatologia.
A terapia cognitivo-comportamental está baseada no modelo cognitivo, o qual parte da
hipótese de que as emoções, os comportamentos e a fisiologia de uma pessoa são
influenciados pelas percepções que ela tem dos eventos.
Conforme Beck et al. (1997), nossos pensamentos agem diretamente na forma como
nos sentimos e agimos, sendo assim, uma das formas de melhorarmos nosso estado de humor
é controlarmos nossos pensamentos, no sentido de que exerçam um efeito realista sobre a
forma como nos sentimentos perante a nós mesmos, ao mundo e a nosso futuro (tríade
cognitiva). A TC, obviamente, focaliza primordialmente os processos cognitivos. Estes, por
sua vez, interagem com os sistemas emocionais, ambientais e fisiológicos, determinando se
uma pessoa terá maior ou menor probabilidade de ser dependente. A noção de que são as
interpretações e não os fatos em si que trazem sofrimento ao indivíduo é central para
compreender a psicopatologia. A forma como os eventos são percebidos é expressa por meio
dos pensamentos automáticos (PA), os quais são pensamentos que coexistem com o fluxo de
pensamentos mais conscientes. Os PAs são avaliações espontâneas, geralmente não muito
conscientes, que podem ser mais ou menos correspondentes com a realidade.
A origem desses PAs, disfuncionais ou não, são as crenças centrais ou nucleares, que são
crenças muito arraigadas, precoces, supergeneralizadas e absolutistas em relação a si, aos
outros e ao mundo Beck ( 1997apud Cordioli et al, 2008). Nossas crenças, principais sistemas
de avaliação da tríade cognitiva, e mais profundamente arraigadas e previamente
estabelecidas mediante aprendizado, determinam nossos pensamentos automáticos,
pensamentos estes a quais não fazemos nenhum tipo de avaliação realista, simplesmente os
sentindo quando nos remetemos a algum estímulo que de algum modo faça parte do modelo
em que aprendemos previamente e estabelecemos a crença. "Não nos apercebemos dos
pensamentos que direcionam nosso comportamento, porque nossas ações tornaram-se rotina.
Entretanto, quando decidimos mudar ou aprender um novo comportamento, os pensamentos
podem determinar se e como essa mudança ocorrerá" (GREENBERGER; PADESKY, 1999,
p .25). Elas representam o nível mais profundo do processamento cognitivo e são
desenvolvidas a partir da infância, como uma tentativa de organização dos dados provenientes
do mundo externo e interno. Essas crenças, quando desenvolvidas a partir de experiências
favoráveis, permitem o surgimento de conceitos positivos de si, como: “eu sou atraente” ou
“eu sou competente”; caso contrário, surgem crenças negativas como: “eu sou indesejável” ou
“eu sou inadequado”. Beck (2007 apud Cordioli et al, 2008) propôs o agrupamento das
crenças centrais em três categorias: A partir das crenças centrais desenvolvem-se outros
grupos de crenças, denominadas crenças intermediárias ou condicionais, que incluem, além de
crenças, regras e atitudes. As crenças intermediárias frequentemente são expressas na forma
de “se.…então...” e revelam estratégias compensatórias por meio das quais a pessoa imagina
que suas crenças mais negativas não se manifestarão ou não serão descobertas Beck (2007
apud Cordioli et al, 2008). As regras são estruturadas de forma ampla, como: “tenho que fazer
tudo certo” ou “não devo confiar nas pessoas”. A compreensão desse grupo de crenças
permite que o terapeuta entenda melhor o emprego de certas estratégias comportamentais
(mecanismos que visam a ocultar ou a compensar crenças negativas) do cliente.

RANGÉ, Bernard (Org). Psicoterapia Comportamental e Cognitiva: Pesquisa, Prática,

Aplicações e Problemas. Vol. 1. São Paulo: Editoria Livro Pleno, 2001a.

BECK, Aaron T...[et al.]. Terapia Cognitiva da Depressão. Trad. Sandra Costa. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1997a

Beck AT. Depression: Clinical, Experimental, and Theoretical Aspects. New York,
NY: Harper and Row; 1967.
. Beck AT. Cognitive Therapy and the Emotional Disorders. New York: International
Universities Press; 1976.
Beck AT, Alford BA. O poder integrador da Terapia Cognitiva. Porto Alegre:
 Artes Médicas; 2000.
GREENBERGER, Dennis; PADESKY, Christine A. A mente vencendo o humor: mude
como você se sente, mudando o modo como você pensa. Porto Alegre: Editora Artes
Médicas Sul Ltda, 1999.
Psicoterapias : abordagens atuais [recurso eletrônico] / Aristides Volpato Cordioli (organizador) – 3. ed. – Dados eletrônicos.
– Porto Alegre : Artmed, 2008.
KNAPP P & BECK AT. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia
cognitiva. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2008.