Sei sulla pagina 1di 76

SCIENTIRC

AMERICAN
www.mentecerebf"O.com.br

cérebro ANOXY
NO182
RS 10,90 6 4, 90

CABE~A
NAS NUVENS
desaten~¡¡o pode
ser patológica

o PEQUENO
CÉREBRO
revela~éies
sobre
1 o papel do cerebe

MULHERES
! aptidéies e
~
CIENTlSTAS
• preconceitos

~ Adoen~a da
t inconstancia
www.mentecerebro.com.br

o signo do excesso
o qlle fa: Jo tr.lIlS tOrllO dls e dos riscos <1OS qlwis "
bipolM (TB) lWlI/ dow fa pmoa se expoe. COHlO use
tao aSíl15 t.l,lor,l. ill/rigall le de álcool e drog/Is, len t,l/i-
e, '10 mesillo tempo, tlfIJo/la l'as de suicidio (att mtslllO
cm cata ,ll1r,¡ de glamour fl¡¡ inJallCi¡1 e ,do/escfn-
(pt lo IMfIIO, Ha opiuiao dr¡). alim .los f fllcmsos /Id
daqlldts que POllCO 1I CO- pid,t profissiollll/ e 'Ifetipa.
"j,rctm )? Há jl/stlficativd Hoje se silbe. por rxsm-
para esl" liltillW i"lpress/i o. plo. qtle d /Jtf,mfl/ genr1icll
Como It"lbr" o IlfliClllis- lem P,tptl im portanle 110
la M Oll c)'r Se/iar cm Stll desoJllolpimwto .1,1 dow\'ll
arligo "f ntre a (l/foria e a (qUt m I IHll itos C/ISOS surgt
dtprm ao ~, 11(5111 edil;iío. de form a precoce. (lU les
.Iowfll moltal, CritltlPidll.lt .10$ 13 mIos) e que Jlllores
egwiald ,¡Je tfm sido muitas " mbieuliljs tllHlbim podrm
eezes assoáadds. "Comodiz dtsWc,t.1e"repisódios deOll -
opsiqláatril illg/& Af1 /lJof1Y rill(lio pdtol6giCtl de /Jwuor.
Siorr cm T he dyna mics j\fas ,¡ llaried",le de sin/om"s
of creatíon (A di"tTmi(¡J (delHlI paciwle pI/m curre e
d,¡ criafaO). os bipolares t,;tllbi m 1111 IlltSlll,1 pessO<l).
precislllll de a/wfiio e de aprovllvio, assjm COmo 0 \ ulllÍIII Svezes mesdados a Irafos.le persolla/d,/,Ie. J¡eHl
tscritortS. 'RM./ m(, do /lot lel Ule die' ('l.Lja-fIle. mio (C HlO Il lln essid¡lde delllll IIJuste extrtm¡llIlwte.Ie/irrllJo
medá"e 1Il0rrtrr , escmx Seliar. .1" mrdicll(iio aifda {olifu fl demprofissiouais d,l s,llUe
Já a perplexiddde dimlle do ./iagnós tico po¡/e ser IUWtll/. Como sll/iwla o psiqlli'llrd Teflg Chei Tilllg.
fonrprttnd¡da pelt1 crolli, iJade egr,widllde do ,Iisllir- do Hospil,,1das Clínicas ,{,l FI1ClMade ae Alcdicúlll
bio. fomp roPildil pdas tslatístiws. [),¡dosda Or9"- da l/u ipm id",Je deS,io Hwlo (FAIUS'P), aulordo
/1iZllfrioA1lmdial da Smíde(OAiS) oapo/ltmJl COIIIO 'Irligo "Do(ll(" da iu{oJlst.inci'l" ello Iivro Enigma
a sex t" /lIlljor causa de jllcaprlciltlfao .le pel SOI1S uo bipolar (A1 G Edilores. 1007). o TU { lUflll I/mlls
IllUldo. Pll ra Pllcitlltts, CQujugts, p¡¡rtllles e mll igos, p,¡tologi", em que 11 iflJOnlUl(aO {f lll¡aamenl,,/ ntio
as a ises - sejalll de fIIJoria 011 de deprm ,io, W ll p ff aprlll/S pI/m que profim'ollllis OptOIl pe1l1abordagnll
regidas pdo signo do rxcn so - dtStllcadtilHll lima ttrllpflf liClI lIlIlis Il deqlll¡l/" , IIhlslamJ,tm pI/m que JUlja
¡¡P/I/auche deCOlljl!'Ios eexigelU 1II11 manejoPI1f11 o qual wuíor compromrlimwlo .Jo pllciwle e de \1411 flltlu1ia
IIW I sempre se tslá prcpllm.lo E/JiÍ, sim. motivo para COlll o IfIIl,'lllw tO.
preoCllplHJlio, I1final. es liio rtlacioll¡ldos <10 TB ,'/Ios Ell tao. llllf llOS as ilifonn"fiks.
Ílldices de 1l1orlalidade elll decorrfllcia decOlllorbida- Hall leílum'

Glliuda Lenl, editora


'.1 lm¡d"lt,,¡/(n\,{ru:lloedilori.,l.com./,,

WWW.MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 3
www. mentece rebro.com.br

DI RETOR GERAL: Alfredo Nasta ri


D IRETO R EXECUTlVO: Edimilwn Cardial e I'M CANDY/STOCKIl LUS'AAI ION SOU.CE
D IRETO RA DO GRUPO CD N H ECIMEN TO : Ana Claud ia Ferrer¡

REDA <;Ao (r ed acao m ec@d uetto ed it o r ial .co m .b r)


EDITORA: Gláucia Leal
ED ITO RA-A SSISTEN TE: tuce na C hristante

EDI TORA DE ARTE: serene Oliveira Vieira


secoes -
ASSISTENTES DE A RTE: Tatiane Santo! de Ol iveira, Marcene Sholl 3 EDITORIAL
e ju liana srenes
PESQ UI SA ICO N OG RÁ FICA: Silvia Nastari (coordena.;ao),
Gabr iela Farcetta e SaraAlenca r 7 CARTAS
PRODU <;Ao GRÁ FICA: Sylv ia Ferreira
TR ATAMEN TO DE IM AGEM , Carina Vieira e Cintia zeroe
REVi SAD: Edna Adorno (coorden a..ao), Lara M ilani e Lui z 10 ASSOC IA~ AO lIVRE
Robe rto Malt a
Notas sobre atualidades,
psicolog ia e psicanálise
Spe kt rum de r W ,ssemchafl
Verlagsgese llsch aft, Slevoglslr. 3-S 14 lIVROS
69 126 Heidelberg, Alemanha Winnicott e seus interlocutores
EDITOR: Canten Konne ker
OIRETORES·G ERENTES:M arku s Bossle e Tho ma s Bleck
MenlekC~l"4:'bro ~ um a p u b lica..iio d a Edio uro, Segmen to- 17 CINEMA
Duetto Editorial ltda., com conteú do est ran ge iro fo rn eddo
p ela G& G, sc b Iken..a de Sd en lif ic Am eric an, tnc .
A vidados outrm
Rua Cunha Gago, 412 - el. 33 _ Pinheiros _ Sao Paulo, SP

..
CEPoOS42 1· OO 1 _ Tel.: ( 11) 60 13-8 100 _ FaK: (11)3039 ·S674
18 NEUROClRCUITO
As novldades nas áreas de
pskolo qla e neurociencias
CO M ITE EXECUT IVO
jorge Carneiro, Edimilson Cardi al,
Luiz Fernando Pedrosc e Alf red o Nastari 24 PERSPECTIVAS

Dlversldade e ínclusáo escolar
PUBLlClDADE(publkidadeconhe<:imenlQ@duettoed itorial.com .br)
DIRETORA: Liliane San to s
EXECUTIVO DE CO N TAS: Walte<Pinheiro
26 PERSONA
CIRCU LA<;Ao E MAR KETI NG Carlos Eduardo Guinle Rocha Mirand a
GERENTE DE M ARKETIN G: Ana Keklig ian
ASSISTENTE: jul iana Mendes
GERENH D E ASSI N ATURAS: Davi d Casas
ASSISTENTES: Patrlda Blacco naro (ope ra<;óes) e Helena Ezequiel
(vendal pellOail)
GERE NTE DE VENDAS AVULSAS: Carla ternes
NÚ CLEO M ULTIMíDIA
GERE NTE: Mari ana M o nné
REDATO RA: Sabrina Wenzel
WEB DESIGNER: Anahi M od eneis

FI N AN<;A S E GESTAD
colunas
DIRETORA: Món ica Cernes

CENTRAL DE ATENDI MEN TO Aa ASSI NANTE 23 lIMIAR


BRASI L: (11) 3038 -63 00
(ate nd ime n lo@due t to ed ito r ial.eo m .b r)
Hologramas, faraós e
NOVAS ASSINATURAS democracia
(q uero ass' n ar@duettoed lto r ial. co m .b r)
S IDARTA R I HF.lRO
EDI<;ÓES AVULSA S E ESPEC IA I S:
(ed k oe savulsas@duel toed ito r ial.co m .b r )

Edi"lio n· 182, ISSN 180 7.1S62 . Di st r ibu i ~¡¡o com


eKciu, iv idade pa ra l o d o o BRASIL: DINAP S.A . Rua D r. Ken kiti
Sh im o m oto, 16 78 . N úme-ro s at rasados pode m ser IOlkilados
82 LITERATURA
¡¡ central de atendtmentc ao teno r _ ( 11) 3038-6300 _ o u Entre a euforia e a
pelo site www.lojaduetto.com.br.aopre..o da últim a eotcao depresséo
aere seldo do coste de p o stagem .
tvl0AC Y R S e llA R
DI RETOR RESPONSÁV EL: Alfredo Na stari

!'VI IV~
ANER
1 ~:

especial
42
TllANSTORNO BIPOLAR
Caracterizada por alterecóes de humor
que oscilam e ntre a euforia e a dep resséo,
a do enca - crónica e grave - se manifesta
com diversos gra us de intensidade

54
44 INFANCIA AMEA~DA
A DOEN<;A DA INCONSTÁNCIA l ee Fu-i
Teng Chei Tung Excesso de estímu los, ruptu ra
Nem semp re facilmente diagnosticad o do ciclo sono-vlqllla e prescrk áo
o disturbio é cercado por preconceito s, indiscriminada de antlde presslvos
mas o t ratamento pod e prevenir as pod em anteclpar síntomas
crises e controlar sínto mas agu dos maníacos em cianeas e ado lescent es

66 o PEQUENO cEREBRO
) A\ \l::S M . BO WFR e
U WIID' Cl:: M . PARSOr-.:S
Durante multo lempo o cerebe lo
foi considerad o um mero coo rdenador
ENSAIO encefálico dos movimcntcs corpo raís. mas
VElOCIDAOE: ABERRAC;:ÓES DE ago ra se sabe que ele tcm panicipacáo
30 TEMPO E MOV IMENTO ativa na cogmcáo e na percepcáo
Ü UVFR SACKS
Ern texto inédito no Hracil. o neumlogistaOlíver 74 TALENTOS SUBESTIMADOS
D IAI\l: F H ALI'(R.'\. CA.\ 1l1.l.A P. BEI\1I0 W, D AVID C.
Sackv aoresenra rcllcxóes sobre percepcác .
literatura e pstcopatologtas G EARY, RUIlEt' C. G UR. ) A.'\ET S. H YOE E M o zror,'
A. G ERNSIIACH ER
A polémica defl agrada há tres
62 CABEC;:A NAS NUVENS
!\\(lNI( A C \ ROUNA MIRA:-.J[>A
ano s pelo cx-re üc r
da Ll níversídadc Harvard
O tranctomo de déficit de segundo o oualrnulheres siio
atl'm;ao e h ipcrativídadc pode menos capazcv de fazer ci encia
nao terrrnnar na infáncia¡ deu impulso a novas pecouísas.
murtas vezcs permanece até a O, resultados rnostram que
¡dadc adulta o obstáculo a parncipacáo
[cnunina reside cm e....tercótipos
e prcconceítos

WWW.M ENTECEREBRO.COM .BR MENTI&CÉREBRO 5


www.mentecerebro.com.br SClENTlFIC AMERICAN BRASil NO70

EXCLUSIVO
Revendo as bases
Novidadesno combate 11 depressáo genéticas do autismo
Pescursadores da Biblioteca Cochrane. or¡.¡anizJc;3o internacio nal Para M chacl W iglcr, geneti-
que investiga a ef icacia de acóes tera péuticas. analisaram cinco ci..ta do Co ld Sprin¡.: H arbor
esrudos que avaliam o uso da música no trnarncruo de pcssoas de- Laboratory cm Lcog lsland.
pr imida.. QUiltro dele, wgercm que a UliliZ<II,dOde urn aco ntbmecéo E~talk" Lhndos, os métodos
de rumo-, harmoma, e rnelodas pode ser milis dicaz que outra.. nadicronais de estudo das
técnicas psicoterépicas. O resultado de outra pesquisa, publicado na base, ¡.:cnéticas do aunsmo
revista Nnlroll , con firmaurna 151' defendidahá algum tcmpo por es- prec tsam se r revistos. Até
pecialistas. medicamentosparadcpressáodevcrn ser personalizados. agora , diversos grupos de
~
prescritosde acorde com o perfil genético de cada paciente, já que pesquisa crconrraram genes
..eus efenos variam de lima pcssoa para outra Segundo a pcsrtuisa, associados ao tranctomo cm
'"'
há 11 variantes do gene que codifica uma pro teína transportad ora 20 dos 23 pare'> de cromcssomos do genoma
no ce rebro. o que pode comprometer a efcdc¡a de anndcprcwivos humano. Na edi<;ao de marro da Scirllllfir Amm-
corno n ritalopram e a venlafa nna Veja no sitc. CIIIl , o peqursador argumentaque, contrariando
asconceocóesmendelianas, parteda exphcacáo
• para os padróesobservados de he-anca e..tá cm
mu~espont.lncas, i~to é, ahcracóesna hnha
germinativa dos país que sao novas para scus
descendentes W'igler acredita que urna teoría
unificada do autismo pode ajudar a expl icar
cur ras dce ncas complexas de base gené tica ,

i
....._...........
"l'"'~-.. i
como a esquizofrenia, a deoresoo. a ~idade
mórbida e o drabeics Conftra

Benefícios inusitados
A.. pessoas que sofrem da docrca de Hunung-
ton (patolog ía na qual os neurómos ligados ao
BLOC DA REDA<;Áü
Ac cc,c, Id a e comente as
controle motor e a cogmcáo sáo destruidos)
inlorma~iK:~ e rctlcxóc -, ..áo menos propensas a de sen volver cáncer
e coswmam ter nlili<; [ilhos que a media da
NOTfclAS populncáo Ainda nño \C sabe
N o tas sobre fato~ relevantes n a~
áre as de ps icol()~i a , pcicanéluc e cxatarrcnre o que e<>t.i por tras
ncuroci énci ac dl'<;sa.. constetecóes, mas urna
equipe da Universidade Tufts
AGENDA
Progr amac ño de curcov , encontrou urna possfvel liga-
con¡.: re~"o~ e even tos ,50 . . mrcdas: a proteína p53,
Que controla a divis.'i.o celular
MULTI\1IDIA
e parece descmpe nhar papel
Vídem e podcasts cohrc
a~ ctencta-, da mente importante na imanidade .

6 MENTE&CÉREBRO M ARt:;O 2008


FALE CONO seo

,oo~

Te!.: 55 11 6013-8100 Fax: 55 11 3039·5674

ATENDIMENTD AO ASSINANTE
Mudenca de enderece, renovecáo,
lntormacóes e d úvldas sobre sua assinatu ra
atendimento@dueUoeditorial.com.br ou
rels.: 55 11 3038-6300 (2' a 6' feira, das 8 h as
GENÉTICA OU AMBIENTE? 20 h) Fax: 55 11 3038-1416
o que vem antes (00 com maior Iorca). as influencias
dos ~('nt."> ou das experiencias? Añnal, se a heredi- NOVAS ASSINATURAS
Sor¡cita~ao de novas assinat uras por e-rnall
tanedade é responsévcl por inlllllc ro<> traeos de per- queroassinar@duettoeditorial.com.br
sonehdadc, o ambiente também mflu¡ na expressáo ou no slte www.lojaduett o.com.br
genética.¡\1as qual prevalece e em qcc circunstáncia ou peJo tel. 55 11 3038--6300, central de
¡SSO acontec er ()c¡ arugos apresentados na eJi<;ao
atendimento ao assloante
18 1 nos fezern pcnsarqcc a bU<;CJ de..o llK¡ooünic<ls
NÚMEROS ATRASADOS
para os mi...t ériov humanos, bcm CO lllO J \ hnhasdc Podem ser solicitados a central de
retlexáoquc seapcx am a apenasum po nto de vista, atend imento ao leitor Tel. 11 3038-6300
despreaando OlllfQ'; como se fos\ClTI absurdos, esréo fora de moda. ou pelo slte www.lojaduetto.com.br.
ao p-ece da última edi~ao ecresctdo do
CIriOS H NOV<lts custo de postagem
sao Jos! dosCampes, SP
PUBLlCIDADE
Para anunciar ou adq uirir assinaturas
patrocinada s
O BEBÉ EA REVISTA publicidademec@duettoeditoria l.com .br
Eue minhamulhcreosernos metrode ler
a colccáo A ¡vlt'lllt do &hie acho que íssc REDA~Ao
rerminou influenciando noca Cleríce. de Cartas para o edito r, suqest óes de te mas,
5 meses (no LkloJ- Apen,]'; meare¡a revista oplnlóes ou d úvldes sobre o conte údo
a da e corno gesta da foto do bebe da redacaomeoé duett oedttortal.ccm.b r
capa,a ,1I{alTOU. Porcortero eslava I{U3r·
dando a máquina naqeele momento. Nonas publlcac ées:
Parabéns pelo bclo rrabalho de voces!
Mareo Rigo, PfOJ tSSOf da lblivmidllde
hlrml da B.1IJÚ, (l/ FBA)
H~'L\
www. historiaviva.co m.br

DEDO NA FERIDA ENTRE ASPAS


SCIENTIFIC
Aplausos, parab éns. parab éns! Apó'> Costó de ver a~ cuacócs de fIC"'>OO<' fa-
AMERICAN e -asn
www.scia m.com .br
lcr o texto "Hora de por o dedo na mosasde novo na 'il~ao "Emre aspa,," da
fenda", publicado na edícáo l i 9, de revista. Como loi duo110 editorial do me<;
Mentcs C érebro, Iiquei fa do articu- paseado, pode até ser um detalhc. mas é
lista Sidarta Rí bcíro: Ele cscrevv de de detalhcs que a vida se faz. Ob rigeda' www. mentece rebro.com .br
forma resumida, exara e especifica o que 5.m,Jrtlict Souz¡¡ Liultl
aco ntec e cm rclac áo ac U\O de drogas. NI1f¡,f, RN LlVROS
www.revista entrelivros.com. br
Tenho a mesmaopiniéosobre o assurno.
O especialista consegu¡n se exprecsar REVISTA AFINADA
~
~
claramente, ern apenas lima tolha, sem
tanto blá, blá, bla. "O hum scnso advcr-
Paraocn<. pela rcvi<.la~ EstácadaVt'"Zmaís afí-
rada C rarsk abraco ao pcssoal da rcdacáo.
t3bdos cia
www.revistaca belos.com .br
i te: -ufoc ar as drogas com vaco plástico jUi~ 1f11 Rmufltlsro
¡
i
r uara". Entenda quem uvcr (.:o n<'cicncia
e bom ~e nsol
5.-10 PI/ulo. SP ESTETI€A
wwwesteticabrazil.com.b r
e J\1.lrj'l files Nmlill Por raz óes de l im i t a~a o de espaco.
a reda cáo toma a Iiberdade de
1
• C lxias do Su/, RS selecloner e editar as carta s recebidas. HFFI(:I El:
www.lofficielbra sil.co m.b r

"WM/lI.MENTECEREBRO.COM.BR
Por Graziela Costa Pinto

EXPOSICAO

(ores exuberantes estimulam a lmaqínacáo


OBRA DE UZÁRRAGA, TETRAPlÉGlCO DESDE OS ANOS 80, MOSTRA FRONTEIRAS ENTRE lI NGUAGEM E PERCEPC;ÁO

o coti dia no , nao nos darnos corua da complcxtdadc


N envo lvida cm cada ¡';h to que fazemos al! imagcm que
vemos. Mas o tcmpo tod o somos convoca dos a transformar
es tím ulos e impressócs cm tatos d e hnguagem Ca be ao
cerebro a tarda mintcrrupta de dccodñlcé.los, criando cate-
¡.,'orias (oc represc rnac óc s rncruaiv), que, sincronizada.. entre
si, transforrnam-sc cm pcrccpcóc s. ..e n....acócs passfveis de se
to mar reahdade aprccnsfvcl para o ..ujcito por mcio de et apas
\ imhó licas de organízacáo e interprctacáo .
Em ).leral, cssc processo de dccodifkacác do reg istro
scncfvc] para o linguisuco ou intelectual acorre de modo
a
au tomá tico , qaase rossa rev elía. Toda a exubcráncia dessc
proccsso se revela, po r cxcmplo , no ato criativo (por meo da
téc nica, dos Tt"<-UT\OS fonn ai.. e da exploracáo das figura.. de
lingllah>em, com o as metáforas), nov [cnómcnov ..int'Sl<,'Sicos
(capacídadc mental em que o estímulo de um sentido leva a
oercepcáo dcoutro) ou cmsituac ócs.ltmne (na cmergéncia de
pcrigo ou de perdav funcionáis . motoras ou nccrológíca..). A
producáo madura tj¡ ) argcnt ino naturalizado brasílcíro Anto nio
Llzénage,cmcxpo..i.;ao no IsrúdíoBuck,cm sao Paolo, parec e
nos lernbrardisso
Na rnosrra co m 36 obras, entre telas e dC"SCnhO'> , cmcartaz Obra Teodolito, de 2007 (~rie ),m ela\), em a<nl¡co robre tela
a
até abril, a cor sobressaí forma. o artista plástico scguc a
lradi.;ao geomét r íco-cons nunvísta .Sea producéo dos anos 60 .;ao plástica é altamente m inucio..o . O artista dit a a o bra
e 70 e..teve ligada a cxpertmcruacócs técnica s, soh in..píracéo imagi nada cm seus m ínimos dctalhcs (scmprc projetada
o ARTISTA de elementos do dcscnho industrial. Em 1983, sofrcu um ect- para tela quadrada e, rnais rcccnrcmcnre, ret an guler). "Só ~
nos anos 70 dente vascular cerebral que o dcixou tetraplégico. Lizárraga ent ra na imagcm aquilo q ue pode se r nom cedo , medido i
paW"Il1em ác a produzi r obras ou numerado ", afirma o curado r da exposi<.;ao, Lo renzo ~
corn ajuda de colaborado res. Mamm í. Ainda as..im, como hdar intelectu almente com i
A mudanca no mé tod o d e as quabdades do scnsfvcl> Justamente ai, ncssc im pa....e, !
rrabalho rcdundou num no vo reside a poética de Lizérraga. A abstrac éo calc ulada e píe- ¡
csrtlo de arte no qua l a cx pe - tórica de suas oh ra.. nos rem ete a..
e nigmá ticas frontei ras g
nrncntecáo pictórica passou a da lmguagem com a pcrcerx áo - ca mpo de ande o art ista I
ser elemento ce ntral. parte para tes tar, até o limite, a capacldade das palavra..
O esq uema de tran scrtc áo de sig nificar e enquadrar sentido.., forjando nessa zona de 1
~ ~~.: entre tmagcm mental e exccu- ten ..áo sua gram ática da scnslbtltdadc. ;

Antonio L1zarraga. Pinturas e Desenhos. Eslúdio Buck. Rua LopesAmaral, 123, Vila Olímpia, sao Paulo, SP. Tels.:
(11) 3846-4028 e W44-4S7S. Grati\-. De 12 de mar~o a 30 de abril.
1
~

10 MENTE&CÉREBRO MAR';O 2008


EVENTO

Exposicáo e simpósio analisam desenho na arte e na ciencia


PROjH O MAPEIAAS INTERFACES ENTRE REPRE SENTA~ AO GRÁFICA E OUTRASllNGUAGENS

de<;enho contempor áneo e suav írucrface, com onro..


O saberes é lema do projcto Dcsm J1() ( S(lli pap6s, cru
car taz em Sao Paulo. Idealizado pela artista pld..uca Fduh
Dcrdyk. conte mpla urna s énc de anvtdadcs. de exposícác
a simpos¡o. Anvtdadcs como pi ntura, escultura, fotografía,
poe..la v¡..ual, matemática , física, .uquitettlra e corn umcacáo
visua l se cnrrclac am . Artistas, intelcctuaiv e cicntista-,
cxplorarn o te ma em suas v éríes vertcn rc.., retoma ndo o papel
fundamental do rraco para a consuucáo do pcnsamcrno. da
comunícac áo e das acóes humanas.
"I..so incluí o rab i..co nurn resto de papel para explicar
um tr ajet o , o rec ad o na me..a d e tele fnn e, o reg istro rnais
so fisticado de algurna engrcnagem", afirma Derdvk. 1\.
cxposicéo AlqUHSIISpcclos Jo descnlJo cOIl rnuporoneo , conceb i-
da pela art ista Sh irley Paes l .eme. aprescnta produc óes
iné d it as, q ue cxplo ram oos stbilidad cs co ncci rua¡.. e
matertais. Carme!a C rosc, An a Tavares e Cabclc sa o f N TRfPARfDfS (5UperiQr), de 'remare Aodrade (2007), carváo,
algun.. dos art!..ta.. convida dos. O ficina.., mes as.redonda.. q rattte e llnha de cost ura sob re parede
e relatos de exper iencias, a ca rgo d e art istas plásticos
. --...
com o Se rg io Hn gcrman n e d o filó..o fo N elson Brtssac . ....
e n tre cu rros nomos d e d e st aq ue cm arcas diversas.
com plctam o pa norama d o dc..c nho 113.. artes e nas cie n-
cías. N o contexto d o even to , foi lanceda a ent olo g¡a
de ensalos Diseguo. DesOl/Jo. Desígllio , pela ed ito ra Sc nac.


Do po nto de vista psíquico, o dcscnho fundame ntal.
é

a
Pelo fato de ser ind i....ooévcl <ubjenvidade, foi rap idarncnte
a
inco rpo rado psicoloa¡a e psícanéhse como reCUT<;O d iag -
"o
nóstico ou te rapé utico , princip almen te na clínica infa ntil.
Sabemos que a enanca des de pcqucna traca o mu ndo para
apreend é.lo, co rn isso, busca dar sentido as ocrcepc ócs e
.¡ aos afetos amda sem nome, a si própria como sujeito e aos
i a
objetos que se aorc sc nta m sua val la. Pnmcirarnente, o
í faz na ga ratuja, no rabísco , depo¡s nas bgurac óes csqucrn é-
¡ nc as, que aos poucos ganharn pers pec tivas, COTes, letras e DETAl HEOA OBRA Sem titulo, de Roberto Bethónico (2006):
!.' números . A auvtdadc oc upa, ponaruo, lugar de destaque Inclséo de po nte seta sobre papel, pó de ferro e pldnt<1 a rtiflcial
na estrururac áo do psiqu isrno, sen do arue paro fundamental
da hngua gcm escrita. Da í se r fonte de intcrcsse re nova do Desenhoe seusp<1pé1s. Sesc Pinheiros.Rua Paes terre. 1, SaoPaulo,
SP. I nfom1a~Oes pelo tel.: (11) 3095·9400ou no 'lite www.sesop.
po r parte de todos aqneles que se interés..am pelos ..inuoso-, org.br. Grális. O simpósio ocorre até 913 e a exposi~o, .lIé 30/3.

.i carr unhos d a críacáo e da mente humana.

WWW.MENTECEREBRO.COM.BR ME NTE&CÉREBRO 11
Rivalidade entre lrrnáos
L1VRO LANc;ADO PELA PAUlUS AlUDA ADULTOS A L10AR COM O C1ÚME INFANTIL

(e ter permisséo para fazer) quase rudo. Nem os f¡ lhos


A chegada de um be be costuma criar expectativas
e ser mo tivo de aleg ria. E rambém de confluos.
lnsegurancas e angustias - principa lmen te para as cria n-
do meío escapam aangús tia de vivcr 'esprernídos" e ntre
a primazia dos maís velhos e a atencáo dada aos rnals
cas rnais velhas. q ue po de m se senti r ameacadas pela novoso"As vezesfica mesmo difícil dividir.Quando vecé
prcscnca do recém-nascido. que se to rna o cen tro d as e scu irrnáo (ou irm á] dcsej am a mes ma cotsa e só um
atenc óes. O livro lrmiios ciumrntos, innas tgOíllaS , lancado pode t é-la naqucle mom en to , voces ter áo urna dis puta",
pe la Paulus, escrito e ilustrado pelo ame rica no R. W. escreve o autor. Eap render a ceder ou com part ilhar em
Alley, trata dcsse assun ro de licad o . O autor d irige -se gcral nao é lard a fácil. Mas rern suas compcnsacóes.
nao apenas as enancas, mas tamb ém a país e educ ado res Al1ey ressalta que nao importa o número de enancas
para lembrar que a rtvalldadc ent re irmács pode nao que há em urna casa, se sao meninos ou meninas, ou sua
ser urna situ<I<;ao tranvitóna, mas persi stir, p rivando ldade. Elas térn cm comum os país - e a nccesstdadede
as pcssoas da convivenc ia afeuv a intensa co m seus compartilhá·los. lndcpendentemente daordem de nas-
irmáos e propician do afastemcntos multas vczes • ci mento, en frentaressa realidade é um aprendizado
tntranspo nfve¡s na vida adulta. im po rtante e rnuitas vezes d o lo roso . "M ostrando
Afmal, pode havcr desconforto em se r
o primog énito e ver todas as atenc óes
volradas ao s caculos que ' precísam ~
~
M. ...
C' , ' .<
qu e há espaco afc tivo para todos, os adu ltos enea-
rajam as enancas a crescer unidas, partilha ndo suas
vidas. Asstrn, das podcm acreditar
de maís cuidados", mas ser o rnars ' ) que sao esoecíaís, cada urna a sua
jovern da turma tam bém despena a ..¡ -r mane ira, na fam fha e ta mb ém
sensacáo de que nunca será possfvel d -"" 'l''( no mun do. E o que o mundo ,
é

se r 'born o su ficien te" co mo os scn áo u rna grande famí liat'


lrméos maiores. que pareccm saber (Gláucill lLaJ)

ENTRE ASPAS

"Só se pode viver perto decerta pessoa. "Morre lf1ltamente quem nao viaja,
sem perigo deódio, seageu lc km amor. HaO lé, Ha O ouve »u/sira e
Qualquer amorjá { ",u POUqUiHhode tlao f?J1Cotltra gra~a em si mesillo. ti

sal/de,umdescanso da lot/cura . ti
Pa blo Neruda ( 190 4 - 19 7 3),
)050 C utma ráes Ro sa ( 190 8- 19 6 7), escrito r chilen o
cm CTlmdr su/tio: llad'ls

"QuaHdo se fa z aqu ilo que se pode.fa z-seaquiloque se deoe,"


Madelctnc d e Scud éry ( 1607- I 70 1),
no velista fran cesa

12 MENTE&CÉREBRO
lIVROS _

Conversa com amigos


EM lIVRQ ORGANIZADO POR BENILTON BEZERRA IR. E FRAN CISCO ORTEGA, PSICANAUSTAS E FILÓSOFOS
APR ESENTAM QUESTIO NAMENTOS E REFLEXOES SOBRE A OBRA DE WINNICOTT

ol(x ar"hvrns no contexto de curros uma 0lI curra das visocs cm debate. F. Klc¡n. Fned rtc h Nietzsche , Ceo rgc..
( livros" OU , o que di mais ou menos ts<;t' o espirito que atravessa ()', 15 artigo.. Cangudhem, entre ouoos. Scm a mtcn-
no r nevn o. aprescntar J UtoTt."S "he me a que cornpóem \Vinl1 icotl t 5tll~ mlu10Cl4tom, c;ao de n::tifiLarou corngtra'> opi n iiX.~ do
frente", reflcnndo e conversando so bre organizado por Bcmhon Bczerra j r e "dono da resta", O'> convidados buscam
'iUas dtssoréncías e consonánoe, teóri- Francisco Ortega. orofcssorcs do lnsrí- o diálogo te órico, pcrmiundo-sc co n-
cas. Esta propos ta do que dcveria ser o tute de 1\1edicina Social da tlníversídade cardar OlJ discordar arrngavelmcme dos
debate de io:ia<; cmqcelqucrdo'> campos Esradual do Rio de janeiro (lIERJ). pon tos de vista de Winnicott.
do ccnhecíme nto , como a filosofía, a No amplo encontró de idéias pre- Um dos artigov que se destaca é

literatura, a cíenc ta e a psícanéhsc, foi sentes na colcránca, o autor-anfnnéo "[ Jcfesa e crtanvídade cm Kkm, L.1Can
formulada pelo pensado r americano é o psicaralivta Dorald W. Winnicott e Winnicott", de Octavio Soeza. Nelc
Richard Rorry, mort o cm 2007. Sua ( 1896 · 197 1). Se«s convidados formam cnco ntramo.. ur na co mbm acáo rara
mct oJol u gid do debate int e lec tua l um grupo he terogéneo de f¡lmo fo<; e e: bcrn -sucedida de rigor cono-uual ('
conserva a crenca de que ouandose está p..icanalistas. Maurtce Merleau-Pontv, aplicabilidade clínica. Na pruueira porte
dantc de doi!> pontos de vista distintos William jemes. jacqoe, Lacen, Mdan¡c do texto, Souza organiza algumas das
s obre derermmada materia, nao há nada
"extramundo", isto é, do lado de fora de É IMPORTANTE QUE O ANALISTA ESTEJA SEMPRE APTOA
nós rnesmos, que autorize ou conftrme ESCOLHER ENTRE DUAS ÉTICAS: A DA RESPONSABllIDADE EA
luna dectsáo definitiva e rmutévcl por DO CUIDADO; SUA op~Ao CONDICIONA ATITUDES DIFERENTES

grandes linhavque onemarn o conjunto


DONALD WINNICOTT: di álogo com
Hl'in, Luan, Nil't:z~chp, e nt re ou teos das conmbnc óe, teóricas a psicanálsc
dcpoís de Freu d. Para isso toma como
balizas as noc ócs de trauma, de dcfesa e
scus respectivos papéis na constituicáo
da scbjetívidade. Na segu nda parte e<;<,c
tnvcnt éro te órico, conciso e eficaz ser-
virá para iluminare diferenciar modos de
prárica clínica na pvcanéhse. agrupados
segundo duas conccpcócs distintas dos
caminhos subjetivos pelos qcais se d é
ti LOII<;tiwili.io J o sojcito . O analista se
dcfronrará corn as chamadas "ética da
re...ponsabilidade" e "é tica do cuidado".
Na primeira, o processo analítico é
o rientado pelo firme propósito de que
o sujcito, qcando vcrdadetramcrue cm
anélíse, (lI"CIUe com J<; direcócs subicrívas
que torreo e com 05 cammhos pelos
quais scus smromas se co nsünnram. [m

14 MENTE&CÉREBRO M AR<;:O 2008


WlNNlcorr ESEUS A qua!dessas idéias adenrz N ao se cl ínica que cncomra", concluí Soeza.
INTERLOCUTORES trata de ur na qucsiáo de ge sto PCSS()il1. Embora os textos presentes no livro
Benilton aezera Jr. e Francisco m as de pertin e nc ia c lín ica da qual contcnham a lcvcza e a ¡.,t rarificacáo do
Ort.ega (orgs.). Rio de Janeiro: ~ o próprio an ali st a nao deve quere r enco ntr ó ent re noves e velhos amig ov,
Relllme Dumalá, 2007, 391
págs., RS 35,00. i esca par. "É importa nte que ele (o tlM- q ue nin gu ém se engane. po r trás de
/isfl¡) estcja semprc apto a realmen te toda facil idade e fluide z com que as
escolhcr entre as duas (rlicm)", afirma tdétas sao aprcscruadas pelos autores há
ourras palavrcs, o wjeito dcv c depa rar o au to r. A dccts éo. porta nt o , nao l : o csforc o intelectual de q uem trabalha
com o que tcve forca traumática e com dada pela Iídchdade do proííssfcnal a duro pe la precíséc dos conccitos e pel a
o conj unto de dcfcsas que co nsnr ufrarn dct errr unada COITC:ntc re ónca, mas por arquítctura da argume ntac áo teórica .
se u modo de operar no mundo . Na sua sc nsíbíbdadc em o ptar, diante de Aos autores coube o traba lho érduc e
segu nda ét ica, o trat amento scgue a cada pcssoa que o procura, po r um dos o prazer da pesquisa, aos letrc rcs, cabe
idéia de que o pacie nte nao é apenas o carrunhos poss fvc¡s. Sua opcáo condi- tomar parte no debate.
mo ntante dt' suas rcspostas defens ivas a c iona atitudcs diferen tes cm relacáo
urna cspécic de trauma constituinte, mas ao analísendo ma¡s silenciosa na ética
GUllHERME GUTMAN é méd ico psi-
efeito de urna ex perie ncia de consmui- da re-ponsabilidade e mats aco lhedora quiatra, psícenanste, doutor em saúde
liao subjetiva na qua l o ambiente é tao na do cuidado , po r excrn plo . uA étic a roletíva pe la UERJ e protessor de pstco-
protagonista quanro de próp no. do ana lista dcve ver a ética da situ ac,:ao log ía da PUC.Rj.

COLE~O

Encontros entre teoria e clínica


A coiecac Clínica r stcanauuca. da Casa do Psicólog o, gan hou
mais quatro títulos. Em Complexo de Édipo, Nora Beatriz Sus-
manscky de Miguelez revisa o tema co m base na literatura
pós -treudia na e pés-lecaniana. A prauca clínica é o foco de
Desafios para a técnica psicanatñica, de José Carlos Card a.
Além de reñeur sobre o alcance da rotervencac a luz de Freud,
Winnicott e Perenczi, entre outros autores, Gercia faz um relato
detalhado do caso clínico de um pacient e estranqeirc que
suscita questées met odológic as lncomc ns.
Tramo do o/har, de jdilene Freire de Oueiroz, trata. ern ter-
mos freudiaoos, da articula¡;ao entre percepcsoe representacáo,
sensecac e pulsáo, num jogo ctaréuco q ue se desdobra para o
campo da psicopatoloqia . A lógica na rezác e na desrazác, os
meandros da lingu agem natu ral e ciefltilica e o feflómeno da
repeucac na escuta pskenauuca sao os assuntcs abordados por
Nelson da Silva [r. em Linguagem e peasomeoio.

Complexo de Édípo. Nora Beatriz SusmanKky de Miguelez. Casa do


Psic:ó10g0, 2007, 180págs., RS22,00. Desafiw pora 11 t«nica pJicanolitica.
losé CarlosGarcia. Ca!HI do p~icórogo, 2007, 112 f)á9s~ RS 14.00. Trama
do o/hot. Edilene Preíre de Queiroz. Casado P~kólogo, 1.007, 98 págs.,
RS12,00. LinguageTIJ epeTIJamenfo. Neuon da Silva Ir. Casa do Pskólogo,
2007,142 págs., RS 18,00.

WNW.MENTECERE6RQ.COM.BR
L1VROS

PENSAR A MOR Tl REllGIAO E CIENCIA

lntroducáo a Efeitos da crenca sobre a mente


tanatologia Em Reigióo, psia:Jpatob;¡o t sW!* rrwrtd o mkico Pau60 O1IgaIam:Jndo,
A a tl!' lit mareo- ~ p4Jrois aborda profewJl' da l.lrWersidacit EstadwI dt' carnpn.s (Lnc.vnp), faz um ~
amon~ sce diferP'lles pen.pectivas. ~ das pesquisas que reaizou noJ últimos 1S anos. O a~ parte de

Org.nzado pela jomIisla f.O edL1do- lnla def~ da reIigiao como fen6mel IO, Ifyandoemconu.os múttipIos

raDoralncCJntri e pelo médlco FIankWl campos sematlticos em ~ se ~, para ~ abordara c~


SanaN ~ o iwo n!Une textos de dos esaocs dedicado eo lema , c.om er1~ ern pea menoI tres áreas de
~e'T\ meócina. ~ Intro-
corIlecimento: psícoIolJia. antropologia e. mais recentemente,. neuroaen-
¡:dog'a. filosol'ia e direito~ partiqlaram ces. Dalg.ll.lrrondorM lIS anáIists sistemáticas da ~ ef1tr!' os cedes,
d::ll Cuno d! Tanatologa, Educal;ao para a soceoeoe e a cultura. Part~ da Gricia anliga, abordando o pensarnenl0
a Mom.. realzado een 2007 n.t FaclJdade do fiósolo Xenólanesde C6Iolon (57Q.460a.c.). pomapt'Iosenu opóIogos
~ Mr<khI dd Uniy~nido!ldl!' de sao Paulo BronisIaw ~ t <laude LMStrauss e peIa5 contri:luk;mde Sigrnn:f
(usp). O ~o che9oJ ron momento Freud e CatfJung. Nos upituk:Js fnais, o psicopatok9sta cO'J1)ia estudos sobre a pos.sNel
adequ.do, quandocesce a reflex30sobre a ntluéncia da rrigiao sobre transtorros mentais,. uso de droga5. e suicídio.
~ das pmoas com ti própria l~
e univff1idadn americanas t' eu rop@ias Rtligióo, pskopotoJogio t soúdt rMnt a/. Paulo Dalg ala rrond o. Artmed, 2008, 288
...em formando mMcos especia~ em págs ., RS 52,.00.
unatologia. Os autores de A Ol''ft> de fI'IOl'rtI'
pi op6em q~ o lim da vida n.kl ~ E!t"ICMc\- PSICANÁlIS!
do como liltu. Como escecesanlO\ fazer
de cont.ll que a morte nao existe nao <ljuda Diálogo entre Dolto e Nasio
a liddr mehJr corn esse fenómeno. Mas, a
partlr !Jo lif....1 do ~ulo XVIII, 1I crescente o psiquiatra e psicana li~ta Juan David Nasio, dire tor dos Seminá-

med ica li~iIo tomou eoeceote a morte nos Psicanalñkos de Paris, co nvidou, em 1985 , F ran~o¡se porte
em público f o ~UlI, ern vez do próprio para d iscutir de fo rma simples e dire ta a teeria e a prálica de seu
quarto. o Iogar " natural" para o último sos- universo clínico . Dolto, co lega de Iacques l acan e fundado ra da
piro. Também merecedestaquea trajetória Escala Freudiana de Paris, na época havla acabado de publica r A
da psiquiatra SlJ¡~a Elizabeth Kübler·Ross, imogem in<onsdente do corpo. O resultado desse encont ra es tá ro
contada por Maria lúlia lí6vacks, professora livro A cri<:lnfo do tllpelho, que aborda, e o tre e urrc s te rnas, el fun..ao
do Instituto de Psicologil da USP. Coube el do resto, o papel do espelho e a importAncia d os de senh o s pa ra as
l(übler-RoM rec.oIocar o esontc em pauta na crian..as, melanco lía e esq uizofrenia. No segundo capitulo, o livro
wdedade com o Ia~arrento, em 1969, do traz um texto de 1959, originalmente publ icado nos Cadernos dt Psicopedagogia
Mo ~ a morfeec fTI(J(I"e( A obrafaz parte (Cahitrs de Psychopédagogit), no qual a csiceoauste francesa trata das alividades
da c~ao I'lm$Ofia, da Editot"oll ComeniU5, psicoterapéuücas que cond uziu nos reform<lt6 rios e centros médicos pedagóg icos
que busca .rtil:ular a ~ritualidade (001 (CMPP) e <linda reproduz as sessees de trata men to de um men ino de 1:1 anos. Outro
os eonhecimentos das ciencias humana s, livro de OoIto d isponívelao publico br..sileiro é QuandooJ pais se sqxJram, pa rte d..
col~Ao Transmisslo da ~canáli w, coorde nada por Ma rco AntonioCootinho Jorge,
eXiltds e bioI6gicas.
do Instituto de PSKanálise da Universidade Estad ual d o Rio de Jaroeiro (Uerj).
A arte dt nJOIm"-
f
VIs6n ¡Jurt:Jis. Dora nc:ontri
Fn,nkJin $.M¡toll" a Santo,. COfMnlul, 1007.
JO] págs., RS SO,OO.
A crio nfa do ~s~/ho. Fr.. n~oi le Oolto •
2008, 93 pág ~ ., RS 19,90.
I~n David Naslo . Jorge Z.ah.ar f d itor, i,
i
FILME

A vida em reconstrucáo
HI STÓR1A DA HUMANIZA y.\O DE AGENTEPOLICIAL NA EX·AlEMANHAQRIENTA l
SERV E COMO METÁFORA PARA o DESENVOLVIMENTO DA SUBJ ETIVIDADE

egundo o ditadc popular, a galinha


S do viz inho bota ovos rnais amare -
Hnhos. É um erro comurn julgar que a
FICHATÉCNICA
A VIDA DOS OUT1l0S
(131 minutos), Alemanha, 2006
vida do ou tro é melhor e mais fáci l que Di ~ Florian Henckel von ~aKk

a própna Essa iurcrpretacáo pode ser Com: U1ridl Mühe, MartinaGtdeck, Stbastian Kodl

A vida das OU ITas , do dircror


revista em "" OVO
alcmño Herían Hcnckel va n Donner-
srnarck vencedor do Osear de rnd ho r experiencias emocionaís,essac ce rtezas tctor de Georg, tomando-se alguém que
filme cstrangciro cm 2007. A lusr ória sao co locadas em xeque, trazendo a se em penha cm prese rvar todo o arco -
a
se passa num a época anterior queda tona d úvídas,contluos e ambivalencias. Iris de possibüidadcs presente na vida,
do J\luro de Berlirn , quando Ccrd, um É desse modo q ue se constr ó¡ uma contra o orcto -e-b ranco esrabclcctdo
agente da pol icía sec reta da Alemanha subje nvidadc , um mundo intern o que por lima educacác ríg ida e por regtmcs
Oriental, a Stasí, inte rpretado pelo ato r désentido ao vivero tota liténos. Proteger Georg significa
Lllrch t-.iühe, é incumbido de vigiar um Es'>C' proces so de dese nvolvtmcnto p reservar tod a a riq ue za huma na e
dramaturgo,Geo rg, suspe¡to de se opor é dc scnro no filme de Donncrsrnarck. também defender as preciosidades que
ao regtme comuni..ta. Com a obse rvacáo do dta -a-d¡a d o ganhou co m o contare co m ele.
No inicio do filme, vernos o pcrso- esc ritor, a vida mo nó to na e vazia do O filme pode ser entend ido como
nagernensillando a um grupo de atunes po licial se tinge de novas cores. Cerd uma me tá fo ra d o dcscnvolvirncn to
métod os de investig ac éo po licial, eujo se torna mats sensfvel e tr ans forma me nta l do ser huma no , e nao apela para
principio implícito seria o de que tod o sua man e ira de ser e ve r o m undo a idcaliaacño, tcrrninandc corn um final
suspcíto é culpado . As téc nicas que po r rncro du contare com um curro feliz. Aftnal, ntnguém pode dizer que
transmite servtriam para quebrar a tesis- tao d iferent e de le . Ele se apaixona seja fácil vivcr lima existencia plena de
téncta dos inimigos, fazendo apa recer pela mú sica , dcscobre o pode r d as perspectivas. Com ísso, Do nncrsmarck
a aversác ao sistema. O policial n áo se oalavras e a force contida nas relacóes nos inci ta a re pe nsa r a co nstat acéo
abele quand o um aluno o quesuo na de camaradagcm . Adm ira a riqueza cont'da no dirado popular. A vida alheia
sobre a humarndade dos procedirnen- afenva. humana e se xual d e Georg . pode ser invejada, mas seria melh or se,
°
tos . Para ele, o que existe é cc rto e a A Ob<'CiVaC;aO da vida do drama tur- na mterac áo com o outro, busc ássemos
errado, m bons e os maus, os que sao go [omece elementos para a recons- descobrír coisas novas , perceber curras
Iavo réve is ou co nt rário s ao siste ma. uuc áo da subjerividade do agente da possíbílidades. trocar afetos e ex perien -
Pod e -se supor que Cerd foi educado Stasí, funcionando co rno urna matriz cias, no lugar de desejar queos ovov dos
sob essad icotom ía, scm que csscsjufzos para a descoberta de novas realida des e cu rros sejam menos amarelos.
se aproxírnassem. irnpcdm do contln os, possibrhtando a apree nsño de um con-
d úvtdas, retlexócs ~ ambivalencias. cetro estético. lsso pode ser obse rvado SUElY GEVERTl , psicóloga clínica e psi.
A psicanéhse nos ensina que des sa
é em muít os mome ntos . Ver Cerd ouvir can aüste, é protesscr a do Instituto Sedes
°
marcíra que desenvolvimento mental e encantar-se co m urna música tocada sapenuae e do departamento de psiquiatría
da Unifesp. Membro da dsetorla da Soae-
se inicia. Prímetramente se esrabclccern po r Georg é percebcr c efeíto que a arte
dade Brasileira de Psicanálise de Sao Paulo e
o cert o e o errado, o bom e o rnau. A pode surt ir so bre a efettvidade. da ccmtssec de d ivulga~ .Jo da In/emational
med ida que cresc cmov e acumulamos De carrasco, Cerd passa a ser o pro- Psychoona/rtical AHOCia/ion (IPA).

VvV.W.MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 17

PERCEPCÁO

Para consumidor, vinho vale quanto custa


aOimporta asatradasuvas. rern o buque
N Oll tantos curros detalhes que caree-
tcrizam um bom vmho. Para consumidores
magnética funciona l para medir a anvidadc
deurnare¡.:iaoconhccida comocóucxomito-
frontalmed ial (CO FJ\1),que anvadoouand o
é

nao familiarizados com a bebida de Baco. a pcssoa passa por expcnénces prazcrosas.
au qeclídadc rem r neis a ver com o prcco da Os resultados mosrraram que quanto
garrafa do ~le corn a quelid ade do líquido r nais alto o pm;o do produtu, maior foi a
que há dentro dele. Essa a conclusáo de um
é auvidadc do COFM . Os autores eepcram
esmdo fc ito na Uruversdade Stanford. que a experiencia e, quc m sabe , a ajrda dos
I'dltiLi ¡Jdldlll da pesquisa JI csrudcmcs uní- cnó filos mud c m csscs dados, co n~ jdcr;mdo
vcrsitário,quediziamgestarde bcbervínhoun- que os part icipantes 'jao joven s amad ores
toocasicnalmenre. Foram apre-cnrados a ele-s no ramo . "Se o I..... rudo nvesse sido feno com
cinco tipos de cal:m Itl 51IUI''¡JI10H~ , identificado, pro fi~sio nais dovinho , os resultado, senam os
pelo PR'\ü (na verdadc, foram usados apenas rncsmos:", pergun tarn-sc os autores . Novas
t~; daisdeles foram oferccidcs duplamcmc). csrudos dcvcm responder aques táo.
O vinho mais caro "custava", cm moeda
ficticia, $ 90; o mais barato , $ 10 O cerebro PREC;:OS ALTOS añva ram ma is in tens a me nte
de cada um fo¡ monit omdo po r ressonárcía áre a cere bra l lig ad a ac p razer

18 MENTE&CÉREBRO MA~02008
PSICOlOCoIA

Celulares, MP3 e animais de estímacáo


PARA AMENIZAR ANGÚSTIA, SERES HUMANOS ATRIBUEM ESTADOS MENTAIS COMPLEXOS A BICHOS EOBJETOS

A tribuir qualfdadcs hum anas a ani-


mars de csnmecao e.: lima fo rma
de as pcssoas ahviarcrn o sofrirncruo
causado pela solíd áo, segundo pesquise
da U niversidad!: de Chicago publicada
na revista Psychologiml $cima . Até a¡
ncn huma novída de. O cuno,o ¿ que
cssaidenli(icac;ao nao seestcnde apenas
aos bichos. "Quando o individuo pcrdc
os dos atcuvos com seus scmclhamcs.
ele tcnd c a dcscrcvcr tambérn objetos
pessoats, especialmente os clctrónícos,
co mo celulares e tocadores de f\lP3,
como se Iosscm do tados de raciocin io",
explica o psicólo go Nícholas Epley,

ccordenador do cstudo. o
O pesqctsador realízcc diversosex-
ANTROPOMORFISMO mecan ismo que protege o psiquismo do isolamen to afelivo
é

perimentos nos quais isolou volomér íos


dura nte várias semana..e os fez escrcvcr protagonizado por Tom Hanks para ta-se de urn rnccar n..mo que protege o
peqacnos textos sobre tema.. ind icados exp licar o fenóm eno . Para conseguir psiquismc contra O'> etenos devastado-
pelos pcsquisadon..., corno bichos de hdar mm a solidan da ilha deserta. o res da privac áo social." A \olidiío pode
estírnecáo. "Corn (J pa..sardos días,eres- pcrscnagem inventa um amigo chama- ser urna experiencia do lorosa e mortal;
CeL! a tendencia de de-crcvcr I~ auinuiv do Wi lson, que nad a mai.. ¿ que lima como [ator de risco para diversas do-
como se d es Iosscrn humanos", diz. bo la de vole ibo l. "O.. pesquisadcres eneas , ainda rnaís preocupante que o
é

O autor c ita o film e () Ildlifrago, charnam i..se de anrropomorf..mo - tra- rabagtsmo. afirma Eplcy

PSIQUIATRIA ,
Protozoário pode deflagrar esquizofrenia
A to xo plasm osc, doen ca causad a pelo pro tozoár io
TOXOP/(l51l1(l gOlld¡¡ e gcral mente tr ansmitida por
gatos, pode.' alll!lentar 24 vezes o risco de urna peW la
feccáo com drogas ant ipara..ité nas conscguiu
dctcr a orogressáo do disturbio psiquiá trico.
"Estudos ant er iores já indícavam a relacá o en -
dese nvolver esquizofren ia. O da do vcm de urn es tud o tre a esq uizofre nia e a prese nca de anticorpo,
publicado no Americl1ll JourJllIl oJ Psyd'¡(llry, que compa- co ntra o tox o plasma. mas é a prim cire vez
roo amostras de sangue de cerca de 200 csquiz o fr éni- que se dcrncnsr rou que a infecc áo precede
ces com as de po uco mais de 500 pes soas seud évc¡... os síntomas mentáis", díz o psiquiatra Roben
O s dados rambém mostraram que o trat amento da in- Yolken, da Llmvcrsídade j o hns H opktns.

I/No/W.MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 19
FEROMONIOS

Cheirinho de homem
" H ornem cheira d jferente de earo to," Essa frase, ouvida casualmente
numa conversa . defímu o proje to de mest rado do psicólogo
Torraszewsk¡ Hípóh rode Moura defendido naUníversidade Pederal do
Ro Grande do Norte.Estudardc a influenciados fcromón i~ I\J sc:~30
de parce iros,o pesqui-ado r demonst rou que as mulhon \Jo capaz~ de
d i~t ingui r homen<i mas flOVO!; ou mars velhos apena.. pelo olfato.
ex resultados mdicam a existéooa de um mecanismo ancestral por
mcio do qua l as mulheres corseguern explicitar '> ua preferencia por
parccrros algun s anos mai.. velhos, o que teorícarrente ~ rraduz cm
individuos ma¡..maduros do ponto de vista fí!>ico, ma-sexpcnerucs para
enf ren tar as amcaca.. do ambiente e com mal.. rec ursos para prever e
proteger a companbe ra e O'> desce nde ntes. Os homens, por sua vez,
nao foram capases de d istingu ir a idade das mulheres pela percepcéo
olfativa, crnbo ra a maiona tenha preferido parcenas mais jovens. na
[arxa dos 20 anos, sernpre qu e o cometo visual foi permit ido

OLFATO FEMININO pode d isting uir parc:eir os


ma is veltws; ho me ns nao tem a me sma u pacidade

MOTRIClDADE

Como o cérebro controla as rnáos

S enda a mác a parte do corpo mals hábil e versátil,


é curioso que as neu rociencias tcn ham dedicado
tao pouc o ecpaco .l O estuda das bases neura¡s que
ent reta nto, pre tende rec upe rar o lempo pe rd ido .
O cienttsta public ou no Journal of Ncurosci(ll(( um
extenso artigo em que rnost ra urna circuitana cerebral
regem csse me mbro fasc inante . O neu robiólogo vasta e especializada relacionad a ao co ntrole motor
Francisco Valoro -Cuevas, da Llníversidade Co rne ll, das m áos. "O bservamos que a complexldade dessa rede
ncural está relacion ada part icularmente com o controle
temporal e a sinrorua fina entre os músculos dos dedos....
afirma o pesqutsador.
O s resultado s t am b ém ajudam a e xp li c a r
o lent e dese nvolvi ment o da de st reza manual na
infan cia e sua vulne ra büíd ade no caso de doencas
neu rod cgen eranv as. "Diversos proc esscs pato lóg icos
afet arn a mo mcidade manua l, t raze ndo grandes
pre iutzos para a quahdade de vida Nós queremos
en tende r co mo o c érebro contro la esses movimcn tos
finos para pode r preserv é- los", co nclui o auto r.

20 MENTE&CÉREBRO ~02008
<?=>-
H'.......•.....'A

For m acá o cm

J PSICOTERAPIA ESTRATÉGICA
c o m HIPNOSE

INSTITUTO MILTON H. ERICKSON


de Sao Paulo
INSTITUTO de
HIPNOTERAPIA EDUCATIVA
de Sao Paulo

Destinado ¿ Psicologia Clínica,


Hospitalar e Medicina
A fo rmacñc é embasada cm
Ica ria, d e m o ns tr a c óe s clínicas
d o s pro fesso re s e exerclcios
entre os alUDOS, visando:

Criacáo de intervencóes ricas


cm forma e conteúdo em
um curto período

E ntend imento e
Supcracáo de Traumas

Di a gnó st ico s I n d ividu ali z ado s

Como entende r, utilizar e induzir de


forma cl ássica e moderna
Relaxamen to ,
Tra ns e e Hipnose

Co rn u nicacáo indireta
cm p sicoterap ia

Distúrbi os P si c ossom átic os


e trat a m ento

1 0 H I P NO T E RA P I A EDU CATIVA
J
I 2' HIPNOTERAPIA ERI CKSONIANA

Um sábado por mes das 8:30 as 18:30


¡

!
a
SaO Paulo
Inicio 26 de Abril de 2008

I SaO Paulo 11 5585 3372

WNW.MENTECEREBRO.CQM .BR
www.hipnoterapia .com.br
D~DDíJ~CIl [[neurociencias
.
,,, .,.
«:;, !
po r Sidart a Ribeiro
1".. ,,
"J :-~I,
.." ~

Hologramas, faraós e democracia


o CÉREBRO PODE SER CONSIDERADO UM SISTEMA ORGANIZADO, NO QUAL OS NEURÓNIOS
ELEITOS PELA MASSA NEURAL "VOTAM" OU " SE ABSTÉM" NUMA SUCESsAo DE ASSEMBLÉIAS

o rn qua nros neurómos se parec e com urna democracia.


( faz um com po rtamcn to z cm que os neurómos vutd lll
Se verdade que as sinapws
é ou se absrérn nom a succsséc
tém mem oria , um ncurón¡ c de asscrnblétas.
solüéno nao toca sonatas de t-. las a ciencia \C alimen ta
Bccthovc n. Nos anos 50, Karl de polémicas. Pesquísadores
La..hley observou que ratos eurcpcuvrccenremenrc corree-
submcrtdos a vastas lcs ócs gutram associar a esum ulacño
ca n ica;.. rnantinham corn- de um únic o ne ur ón¡o no
po n a r ncn tos p rev ia me n te a
c órtex sensori al de ratos exc-
apre ndidos . Concluiu qcc a<; cu c áo de um co mpo rtamcn to
mem ónas \30 cod ificadas po r simp le<>: lambcr go tas de agua.
rnúhi p los ~rupo<; neuronars A I~'1m<; intcrpretaram o acha -
eq ui valentes. amplarn cnte do, que oc o rreu em número
espalhados pclo c órtcx cerebral. Com o d a ndo muítos ncuróníos-esc rcvos . de vezcs berupcqueno. mas cstarisnca-
num ho lograma, a memo ria do tod o No entanto , experimentos posterio- mente significativo, como ev ide ncia de
comida cm cada pcqucna parte... A teo- R"S mo-tmram que movimcntoc sunple, que ncuró níos individuais aruam co mo
ría holog ráfica da rcp rescruac ño ncural nao podcm ser descruos pela auvidadc faraos . O truque que fez o expe rimento
implod¡ u na d écada segut ntc com de ncurónfos motores ísolados. mas sím func io nar foi o rrcinamento pr év¡o
a dcsco bcrta de módul os neuronais por equipes neu ronais. O avanl;0 da do, animáis com est ímulos robu stos .
capazes de marcar topograficerncntc eletrofistologie de r nuhípios eletrodos cn volve ndo rmlheres de ncurórnos. lsso
o cspacc sensorial. pcrtnitju ao brasilciro Miguel t'icoleh.. condicioncc tod o um grupo neuronal a
Os cxocrhnemoc pioneiros de Ver- dcmonstrar que equipes neuro nais <jo funcionar em equipe, perrnuírdo que a
non Mounrcasrfe nocórtex som cstésíco rovamcntc recruudas acacia movt menro esrímulacáo subseqüenre de urna (mica
fo ram seguidos por estudo s cléssfcos Oll ¡X1U '¡x;: aO. Nícolehstambérndeseo- célula uves-e chancee pequeñ as. ma<;
do cór tcx visual feuo s por Torsten bnu que módulos co rucats bc m organi- eprccévets de díssenunar a ínformacáo.
\'\Iiescl e David l-lube l, Prémios No- zados se ernbaralham quando 05 anrmais É prec iso considerar que cada neur ónio
be! de Medicina e Fisiología de 1981 . nao estéo ancstc-slados, reveland o um faz milh ares de stnapses com outros e
O s mó du lo s nc uro nais ocorrcm cm ccn ário bem rnais próximo de Lashley que a ativac áo de urna célula se propa ga,
regfóes ccrcbrats próximas as e ntrada s do que seria legítimo supor há 20 anos, em instantes, por urna enorm e cadcía.
sensor ia ¡.., forma ndo um mosaico e m quando as hmuacócs t éc nicas irnpcdia m Nao '>C trata, po rtante, de ncuró nío s
que m ódulos contigu os rep rese ntam rcgístroccm annnaisdes pen os.Longe de Tiuan c ámon , e vim de representantes
atributos bcm simples de porcócs adja- ser urnaautocracia vert ical, o cércbro se clcitos da macea neuro nal. ~
cer nes do mundo - e somem em áreas
distantes da pe riferia, cujav respc srav
SIOARTA RIBEIRO é Ph. O. em neurobioloqia pel a Unlver sldade Rockel eller e diret or
sao rna¡s es pecializadas. Consolfdou-
de pesquisas do Instituto Intern acional de Neurociencias de Nata l Ed mond e Lily
se a teoria da hi erarquia piramid al, Safra (1INN· ElS). Fez pós-doutorado na Un iversida de Ouke (2000-200S) in vesti gando as
co m rouco<; neurbnios·fara6s coman- bases mol ecul'lres e cel ulares do sono e d os so nhos e o papel de am bo s no aprendi zado .

W\NW.M ENTECERE8RO.COM .BR MENTE&:CÉREBRO 23


Diversidade e inclusáo escolar
lIDAR CDM AS DIFERENl;AS NA SALA DE AULA É UM DESAFIO NAO APENAS PARA PROFESSORES,
MAS TAMBÉM PARA PSICÓLOGOS E OUTROS PROFISSIONAIS QUE ACDMPANHAM CRIANl;A5

o me, a () ano lcrivo. Ao e ntrar na enancas. adolescentes ou ad ultoc f](I(' - wja ele urna enanca sem dc ficiénc ia,
( sala de aula, o professor depara chegarn até as sa las de aula ? lncen- um aluno com ncccssíd ades es pccia¡s,
com 30, 35 ou 40 ro sros. As vezcs. tivam o pl an ejame nto de a ttvtd ades lI lTl "adolescente p ro blema" ou um
nao se det ém ern ncnhum deles e já va riada s, que podc m propo rcionar adu lto que ainda n50 [o¡ alfabe tizado.
comeca a coloc ar o plancjumc nto aos csrude rucs powibilidade de ob- É funda me nt al que acuele qu e, de al-
c m prética. é pre ciso se ap res-a r para ter SUCl'S<¡O, dcscobnr e mostrar as guma maneira, part icipa do proc esso
cumprir o programa . f\. tes é a¡ que algo habilidades. desafiando-os a b uscar de educa r renha dispcnilulidadc psí-
ac ont ece. há alu nos qu e stm plesmcnte novas con hecimcn to o quica para o acollumcnto. Segundo o
nao aprcndern. Se a acáo educa tiva devc levar pcsqutsador Con zalcz-Rey, a subicu-
Coloca-se en táo o desafio nao cm co m a todos ('''''es cuidado s, ser é vidade ca racte riza-se po r "formas de
apenas para educ adores, mas também possrvel inclui r ca da um dos edu - organ iza<;50 subjetiva dos indivi duos
para pais, psicopcda gogos, psicó log os ca ndos na ro tin a esc ola r. ge rantindo concretos. Nela aparece consnn uda a
e o ut ros pro ñsstc nats das áreas da qu e se sm ram seguros para mostrar h i\tóri a ún ica d e ca da um dos indiví-
..a üde e da educacéo. Havcn a um o que sabe rn e co rre r cm bu sca do d uo", a qual, den tro de um a cult ura,
dcscncontror Falta de preparo por que lhcs falta. A inclusño 11 qual me se constnu ¡ cm sua.. rela cócs pcssc ais".
parte do docen te? Ou as enancas re fi ro p arte dar. do res pcíto que dcvc Trata-se d e um proc es-o dtaléttco.
nao rivera m ' urna base boa" do ano pau ta r as relac ócs, seja com alun os q uan do a a~ao do sujeito mod ifica o
an terior? H ip ótcses sao cognadas. co nside rados "norm ais", com os que me¡o soc ial, é sig nificada por ele e,
alunos q ue ap rese nt ararn di Acuidades pcrrencaru a cu rras cu lturas O ll que a parti r dcssa si ~ n i hc a<;a o , o p róp rio
ce rta m e n rc térn alg urn problema : te nha m alguma ncccssídade ed uca- sujcito pode alte rar o sentido ante rior
A part ir dcsse mome nto, o olha r ci onal es pecial. relaci o nado aq ud a acáo.
d o professor para os alunos q ue o Mas o que ínclusáo> Como
é A subjetividadc é urna configu -
dccepcio naram jé est á con taminado praticá-!a ern salas de aulas lotadas. ra, 50 Ilextvcl e se dé ao lo ngo do
pelas idéias de fracassc e há o risco de co m poneos recu rsos, alunos indisci- rempo , co nsunn-sc po r mcio da ac éo
que ele, ainda que invol unta riame nte, plinados e tan tas o utras dtñculdadco d o suje ito , das rclac ócs lntcrpessoa¡s,
ambua r ótulos a essas enancas - cada C o mo pro mover valo res quando por d o contex to soc ial, cul tural e do mo -
qual com urna lust ória, urna trajet ória a
exc rnplo, a mídia eleva categoría mento lusr éncocm que {) suicuo está
escolar dís tím a. urna maneíra singu lar de hcróís c celeb ridades aquele.. q ue inserido . As rclacócs cstabelecídas na
de percebe- o mundo, de se relac io nar trapaceiam e mcntem , seja nas rtll/ily escola ent re pro fesso res e estudantcs e
e de apren de r. S¡'OUlS o u no ce nário pol üíco > D e entre os pr ópno s alun os s50 rel acóe s
O<¡ p ro fcsso res do e ncin o fu nda - falo , faze mos parte de um sist e ma e ntre su bjet ivida des, co ns t ituidas
me ntal, m éd¡o ou r ncsr no da umver- educac ional chcío de falhes c que, nao po r co nceítos e pr é-con ccíros, po r
sídade constderam a singularidadc raro , dificulta o pró prio 0110 de educar; ídétas sobre o que é apren de r e se
ao p re parar cuas aulas? O .. cu rsos induirooutro, porém, depende básica- desen vo lver, pelas ídéías q ue os edu -
de grad u a ~ a o d e fat o p re parararn mente da vontade e da d isponi b ilida- candos t érn de cscola . de cn sfno, d e
profissiona i<; para a divers id adc e de para co nhecer c se co m promete r seu papel na i n\ ti tu i~ ao, do <¡emido
para se preocupa rem cm co nheccr as (om o desen vo lvimento desse oulro que o s pro fcssorcs atr ibuem a p rática

24 MENTE&CÉRE BRO M AR<;02008


Por Ádria Assun~ao Santos de Paula

pertence a uma cultura e a um tcmpo.


Por mero dcssa s or éttcas é possfve l
mobílíaar scnnmenros, faze r despcr-
tar var iados ínre resses. motivac ác ,
propiciar a ínterac áo entre pessoas.
de txar fluir a cna rividad e.
O registro escrito, ao longo danossa
historia, rcflete a condícáo hum ana ,
dcscjos . angústias, lncertezas. co ntli-
tos, alegrí as, sofrime ntos, co nq uistas
e cvolucéo. Quando se trabalha com a
diversídade textual, dada aos alunos
é

a oportun idade de desenvolver habili-


dades, rcpresentacócs e compcrércías ,
facilitando a ínteracéo social, meihoran-

[CABE A INSTITUIl;:Ji.O PROMOVER A INSER~Ji.O do sua auto -estima e, porconsegu inte,


o desernpcnhoacadémico.
SISTEMÁTICA DOS ALUNOS NA CULTURA E U m co n to nao é mais importante
do que urna historia em qua dnnhos
TORNÁ-LOS APTOS A EXERCER O PAPEL DE o u urna noucta de jornal. S50 ape nas
d ife rentes , podc n d o se r d e boa
AGENTES SOCIAlS PARTICIPATIVOS] q uahdad e o u nao . Pri v il e g ia r o
trabalho com um tipo específi co de
pedagógic a, do mo men to histórico , nu nca nccesséno reflcrir sobre práti- tex to é excluir a riqu e za que as ma is
po lítico, econó mico e soc ial. cas peda gógicas. N ao rnaís rolerével
é diversas modalidades de producóes
Constt rufmos urna socíedadc que que se aja como se tod os os sujcitov escr ita s n o s of e recc rn e im pli ca
exclu¡ o que é diferente, o q ue [ogc fo ssem iguais e apre nd cssem do mes- excluir alunos que se tdentíficam co m
a regru. o que nao dá lucro. A escoja 01 0 jeito , em um mesmo ritmo e po r outros tipos de leirura.
rec ria e mantém as relac óes de poder meto das mesmas arívidadcs. A accnacáo da diversidade tex-
e subnussáo que carac rcnzam a socíc- Em meío aevse mrbílháo- cherna- tual crn sala d e aula povsrbíhta a
dade , por ¡SSO , também exclu í arrav és do ínclusáo <cabe aesc a la pro move r tnclusá o dos dive rsos estilos e ritmo s
da buscada padronizacáo privilegian- a tnsercáo sistemá tica d os alunos na d e ap re ndízage m. A busca da com o
do o resultado e nao o processo. cu ltura e torn é-los a pt os a serern peténcia . do desen vo lvimento das
Al u nos qu e "nao co nsc guern agentes ativos e panicipartvo s. habilidades individuá is. da se nstbtlí-
aco rnpanhar " a turma sao excluidos E o nde a leitura e a prod ucáo d e dade e do trabalbo cm co nju nto sao
por meto de notas, do s come ntá rios text os eru ram ncsse processo z F.ntram carnfnhos para líde r co m a stngu!a-
feítos a respeüo de scu dcscmpenho e desde o in ic io da v id a acad émica . ndade - e talvcz nos torne mais sen-
dos ró tulos aos q uais sao subme ttd os. Ou, pe lo me nos, devena ser asstm. sfveis. solidénos e p rep arados para
Ou por meto de gestos e olhares que Escrever é urna forma de exprescar enfrentar os desafios de um mundo
expressam a dcsaprovacáo. C omo o pensarnen to, os sennrnenros e de em constan te transformacáo. neo:
reverter cssc quadroz Com a a briga- se comu nic ar, O hábito da lei tura
tonedade determ inada po r leí de as perm ite , além d o desenvolvtmento
ÁD RIA ASSUN ~O SA NTOS DE PAULA é
esca las receberem lodos os alunos, cogn itivo , apropnac óes afeuvas e psicóloga educacional, mesrre em psicologia
sem distínc áo. se faz rnats do qu e dcscnvolvtrnenro da certe za de que se do de senvolvimento.

INWW,MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 25
~[f~®[]l)([) Carlos Eduardo Guinle Rocha Miranda

A máo do acaso
BRASllEIRO DESCOBRIU, NA DÉCADA DE 60, GRUPO PARTICULAR DE NEUR6NIOS DO SISTEMA
VISUAL; ATUAlMENTE SE DEDICA Á INClUSAO SOCIAL DE PESSOAS COM DEFlClÉNCIA MENTAL

D
cscobc rl a ~tntcrcssanrcs e valiosas oodem oco rrer
por mero acíden te. Mas nao fo¡ apenas por ob ra
do acaso que o ncurccicnusta caneca Carlos Edcar-
do C uinle Roch a Miranda idcntihcou neur ómos do 1000
temporal que s50 envados por csrün ulos visua is complexos,
particularmente máos Oll faces, lsso fo¡ no final da década
de 60, quandc ele fazta p ós-doutorado na Umvcrstdadc
H crvard e tovcsttga va o proc cssamcntc cerebral de imagens
cm parccna com o psicólogo experimental C harles C ross e
o cn gcn hc tro clctrónico David Bcndcr. Foi a¡ que sua própria
l11aO lhc rcndcu lima relevante cor uribuicáo a ciencia. O
achadc poderte ter paseado de... pcrccbído, nao fÜ'>'><.' a pcrs-
plcéc ía de Rocha Miranda e seus com pan he iros. E <,c trans-
Iormou cm urna valiosa pivta para a com preensáo da fo rma
como o c érebro proc es-a as irnagcns rcc cbídas pela retina.
O s pcsqu isadorcs co loc aran¡ macacos a nestesiados
diente de urna tela na qual um projetor de lmageov ahe mava
bordas e traeos. "lisrudévarnos havla horas urna célula que
mal respondía a I.... ses cst fmulos . qeando oacse¡ a ruáo na
frente da lente, proje tando sombra na tela. Qua! nao fo¡
nossa sorpresa ao ver que a célula COll1elJou a apresc r uar ur na
arividade tncnvel", coma Rocha Mirand a. C om base ncssa
. , 9 34 - N AK E NO RIO DE /ANEI!lO, fK) OlA l Q DE IANWlO. o bservac áo . sua equipe fonn ulou a hipótesc de filie cxistcm
• 1953 - INGRU SA NA FACUl DAOE DE M EDICINA DA U NIVE RSIDADE no c órtex temporal ncurómos muuo complexos, que uullzarn
00 S RASM. ( ATUAl. U NM RSIDADl fEDERAL 00 RIO DE JANEIRD) . informacócs provenientes do có rtex visual e as mtegrarn 11
• ,959 - ESPf.CIALl1A·~ 1M ELHR OFISIOl OGIA E NEURQA,NA,TQMIA, NO vivencia do animal.
tNSlfTUT M ARE V EM PARIS. Essa suspcua nasccu de expe rime ntos que haviarn
• 1963 - C ONCLUI o OOVTO RADO PElA U NIVERSIDADE FEDERAl DO mostrado qu e aqu ele tipo de neur ón¡o era sensfvel 11
Re DE JANEIIlO (UFRJ). vicáo de máos. "Ver ificamos. por cxcmplo. filie a célula
1 1967 - V Al PARA OS Es TADOS U NIOOS ~A.ZER PÓS- DOVTORAOO NA que c ntrou e m grande anvíd adc dura nte a proj ecáo nesca
U NIVERSIOADE H ARVARD.
ocasüo s ó respo ndía bern cua ndo a máo e ra aprcscntada
. , 9 70 - D E VOUA sa B W IL, ASSUMI A CHEf lAo 00 l...A.llOAATÓRIO
com os dedos pa ra cima, justamen te co mo o macaco
DE N W ROBIOLOGIA 11 DO INsm UTO DE BlOfislCA DA UFRJ.
vi: a sua própr¡ a." Além disso . o grup o constatou que
. , 993 -
havta outros nc ur ónío s se nsívcis a visan de olhos ou de
T ORNA-Sf UM DOSVICE-PRESIDENTtS DA A (AD( MI" BRA...•
lElAA DE CIENCIAS, CARGO QUE OCUPA "Ti 2004 .
faces humanas e de símias, sugcríndo que . de alg urna
• 1996 - C RIA o PllOGRAMA INTEGIl4NOO, LIGADO Á AcAofMIA
B RASILEIItII DE CiENClAS, QUEonaEn MORADlAS M'IlUIDAS (TlV.64lHO
forma, o c órtex te mporal capaz de integrar es tímulos
é

A PESSOAS cov NEceSSIDAOES ESPECIAIS. com pon amc nta¡s corn base c rn formas r na ts simp les.

26 MENTE&CÉREBRQ MAR~O 2008


por Mar a Figueira

PRO/ETO INTE CRANDO, cr iado por Ro<ha


Mirand., bus<.l inserir no mercado pessce s
com necesslded es esped ais

N ascído no d ia IUde jane iro de


1934, Rocha Miranda U ll"'iOU em Con-
nectknt. Estados Unidos,o equ ivalen te
ao ensillo médio (J'i.¡Jj,Khool). Foi lá que
sua omosdade pe la pt'Squisa cie nt ífica
dcsabrocbou. No laborat ór ío do colé-
gio, o adolescente m mt,\UU a esrudar
bactérias que f txam nitrog énio, o que
co m ribu iu para des pertar scu íntercvc
pela agronorma.Tanto que ele foi aceito
na Umversldade Comen para prosscguir
seusesudos ncssa área ,
No e ntamo, LIma brev e temporada
de rrcbalho em urna das fazcndas tle
sua familia, no interior de Sao Paulo,
fez o jovem de 19 ano" pcrceber que a
agronorrua n50 era a carreira que mats

[O EXPERIMENTO CONSISTIA NA OBSERVA<;AO scguiu urna linha de pesq uica similar


a em pregada pe los ncurobtologtstav
DA ATIVIDADE CEREBRAL DE MACACOS DIANTE D avid Hube! e Torstcn W ie<;c1, que
DE UMA TELA COM FIGURAS GEOMÉTRICAS] genhartarn. em 19 8 1, o Prem io Nobc l
de Hsiologia . Na época, O'> do is cíe n-
o atraía. O ptou emáo por csrudar me- Cond uído o curso de med icina e de - tista..analísavam o lobo occipital para
dicina na Untvcrstdadc do Brasil, arual fendida a tese sobre o n écleo caudato, entender como o cércbro procesca
Llrnvcrsídadc Federal do Río de janeír o pcsq uísa dor [o¡ incent ivado a sair do a mformacño que sa¡ da reti na para
l UFRJ), enderrabalhoucom o bíotísícc Bra<;il, pri nci pa lmente pelo méd ico reco nsrmír a furma de objetos co rno
Cerlos Chegas Hl ho - um dos pio oci- ncurologrsta Ansudcs Pachcco Leáo, bor das e ángulo s. considerados ele.
ros na implantacáo da pesquisa cien- um do'> pionciros das neu roci encias ruemos primitivo.. para a for rnac áo de
tífica no Brasil - , qu e cen tava c nráo no pa í'> , descobndor do fenómeno rc prese ruacóes men táis.
co m o auxilio da cngenhe ira francesa cer ebr al que ñcou mundialmente to o
Der useAlbe-Pessard, do lnsrtnn Merey nhectdo como de pressáo alastranrc. MUDANQ\ DE FOCO
cm París, que o introduziu ao cstudo da Roc ha Miranda voltouaosEstados Ost"x pt"'rimclltos realizados por Rocha
neurofkíclogía de r namñeros. U nido s. cm 19ó 1, pa ra fazer csrégto Miranda e os col egas Charles Cro<,s. e
Sub a supervisáo de Albc-Pcssard e nos lnstitu tos N aclonats de Saüde. D avid Bcnd er consísnarn cm observar
cm parceria com seu colega Eduardo em Bethesda . Se is anos depots, scguíu a anvidadc cerebral de macaco'> posi -
O swaldo C ruz , Rocha Mi randa cstu- para Bo'> to n para [azer oós- doutorado cionados diantc de urna tela na qual
dou, cm gatos , o n úcleo caudat o, urna n a U níver sidade H arv ard , rnesm a erern prc jctad a.. figuras geométrica".
estrutu ra cereb ral po uco ccnbccfda incmuicáo em que Pachcc o Leáo havta Difcrcnternemc de Hube! e WiC\c1,
na época e que pa recía desem pe nh ar bnlhado nos anos 40 . intcrcs sadoc no lobo occipital, Rocha
papel no con tro le da momctd ade. Em Harvard . Ro c h a M ira nda Miranda foc ou sua obscrvecéo no lobo

WW\N.M ENTECEREBRO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 27


EM HARVARD: pesqulsedor fOl a gesten
em busca de novos métodos e de
anos. No Hospuall nfannl de Bosron.
d iagnósti co para doe nca da f ilha soebe que a Illha era portadora de río-
cistemer nia,disfunc áogenética que leva
temporal, regiáo que, apcsar de pouco a falhas no metabolismo da metionina,
conhecida, já bavtase mostrado neces- aminoácido fundamental para o desen-
sária ao aprendnado visual, co nforme volvimento do sistema nervoso .
resultados obrídos pelo próprio Cross O disturbio, porérn havía sido iden-
e por onros pcs quisadc res. uficado tarde demais para que pudesse
Trabalhando por días e noitcs a lío, sercorrigido por meio de dieta adequa-
alternando-se cm tumos, os pesquisado- da. Mas a experiencia estimulou Rocha
res esrudararnuma um os ncur ómos do Miranda a criar, cm 1996, quando era
lobo temporal por mcio de minúsculos vice-presidente da Academia Brasilcira
ektrodos. Tanto esforco, a princípio, Alguns ocsqutsadores pcrguntavam se de Ciencias, o pro jcto Integrando
rendeu a importante conflrmacác de haver ta rambém gmtldmotlJtr ct1l5, isto é , (www.ín tcgra ndo.org.br). A iniciativa,
que a m fo rrnac éo visual realment e neuróntos especff icos para reconbccc r que conta atualmentc com o apoio da
atingia essa regü o. Essas células apre- nossas av ós. Naquele momen to era Fundacáo de Amparo a Pesquisa do
semavam o que os oennsras chamam difícil para a comunidade científica Estado do Río de janetro (Faperj), da
de campos receptores, que podem ser aceitar que neur ónícs fossern capazes Pmanctadora de Estudo s e Proje to ,
decntos. de forma simplificada, como
as áreas do campo visual as quais os
ncurónlcs sao sensfveís. "Os campos
["TEMaS SENSIBILIZADO I NSTITUI~ÓES A NOS
rece pto res do lobo temporal era m AJUDAR A CRIAR SOLU~ÓES PARA A INCLUSÁO DE
enormes quando comparados aos do
lobo occi pital, a área estudada por PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS"]
Hubel e WieseJ. Além dísso, rnosrra -
mes que eles mcluem a regtáo central de tamanha facan ha. "Até para publicar (Fincp}e da Perrobras,o terece moradlas
do campo visual, ondc o animal tcm a o trabalho foi difícil. Mas, ao langa assistldas a pcssoas com necessídades
maiar acuidade visual", explica Rocha dos anos, outros autores conñrrnararn cspccía ts e as auxilia na mclusáo no
Miranda. A partir daí, porém, o grupo a existencia de grupos ncuronais que mercado de trabalho.
revedíf ículdade para fazer novos avan- respondcrna cstfrnuloscorn <ign i fkedo O projet o tarnb érn procura for mar
\ os. Até que entrou cm cena o que se biológico para o animal." recursos humanos vohados ao traramcn-
cherna de acaso 00, como prefere o Con cluída a pesquisa com o grupo to e ao cuidado diário d<.'SS3S ¡X"S<;()JS.
neuroanatomista, S(ftIldipity, palavra em da Unívcrsídade Harvard, Rocha Mi· Apcsa r dos avan ce s obttdos, Rocha
inglés, sern tradocáo para o portugués, randa rctomou ao Brasil, ern 1970, para Miranda admite que enfrenta muitos
para designar descobcrtcs ínteressarucs co nrín uar sua ínvestíg acáo no Instituto problemas por trabalhar cm urna área
e feítas por aodcnte. deBiofí<;icada UFRJ. Veio com ele tamo multidisciplinar e aplicada que ainda é
bérn a pessoa que havia sido a grande vista com rnuíta cautela pelo setor J,lO-
CONSAGRAC;:ÁO raz áo de suaida aos Estados Un idos cm vcrnamerual. "Felizm ente re rnos senstbí-
As conclusóes de Rocha Miranda e 1% 7: sua filhe rnais velha. Mais do que ltzado díversas instituK;ñesa nos ajudar a
seus colegas gcraram polémica no rucio a intenc áo de fazer o pos-dourorado, estudare a crier solucóes para a mclusáo
científico. Havcríaneuróniosespeciali- Rocha Miranda havia escolhídc scu social das pessoascom deficíéncía r nen-
zados a ponte de seremestimulados por destino com o objetivo de encontrar tal", completao pesquisador. ore<
rnáos, facese olhos>As idéias do grupo tratamenro médico para o problema
de Harvard virararn alvo de zombaria. de sa üde da menina, na época com 4 MARAFIGUEIRA é jornali~~.

28 MENTE&CÉREBRO MARC;:O 2008


ENSAIO

VELOCIDADE
Aberracces de tempo
Em texto inédito no Brasil, o neurologista Oliver Sacks refle
-,-,--
. ,.. - -- _ .._ .-
..
.
- - ~ .,.
'" . l :t ; ..•
,~ -Ó »
. .i ~ . ..
.•

~ ~ ,
."........r ..•.,• .
. '-'-:"'~.
:. ~ ~
~~ .
~,

,.

,
I
~
'1 .íl ,¡jl
..' ,;
j' ~ ' '

Q
Jand O críaoca . cu era fascinado pela incrível arn- cnco n trava a.. malvas.ro sa um pou co rnats altas, a.. ro..as
plit udc de velocidad es. As pcssoas se moviam cm mais cm aranhadas nas trclíca s, mas, po r maís pacie nte qu e
diferentes ritmos; os animai.., rnais elnda. As asas fossc. nunca conseguía cpanh é-las cm movimc nto.
dos ins c tos se mexiam tao rápido q ue n50 e ra poscfvr-l Experiencias dessc tipo co ntribufrarn para me levar
vé.las. ma.. clava para imagi nar sua [req üencia pelo tom 11 foroerafta, po rque ela pe rmitia alterar a velocidade do
que cmitiam - um barulho odioso, um mi agudo como o rnovirnent o. acelerando -o ou tornand o -o mais lento, de
do s mosquitos, ou um ad o rével zuoido gra ve co mo o da.. maneira que pude ssc ver, ajustados ao ritmo pcrcc ptual
abe fhas gorducba s que voava m cm voha das malva..-rosa humano, os dc taibcs de movtmcmo o u mudanca que , do
a cada veranoNossa tartaruga, que podía levar um día in - co ntrario, esraríam fora do pod er de reg istro do'> olhos
retro para cruzar o gramado, parecía ViVCT numa estrurura Send o afeito aos microscopios e relesc ópios - meus inn áos
temporal inteirarnc nte diferente. O que dize r, e nráo, do mais vefhos. estudanr es de medicina e observado res de
mo vimen to das plantas? De rnan h á, cu ia até o jardim e p éssaros, g uardavam -no, ern casa - , cu pc nsava na acclc -

30 ME NTE&CÉREBRO MAR<;O 2008


e movimento
ore percepcáo, literatura e psicop atologias

r.'"c ";¿,:
"
: ....
'
"'.4•. "'
' ~' :" .

-
,.

---- -- "'.--
"

--'" " -."

_ . __ . _ _.:a-- _
~. .. _ . ,- '
Panzica

ra ~ao ou desacclcracéo co mo lima especi e de equivalent e se dcsenrola rcrn como as lfnguas -dc-sogra que assoprévamos
t empo ral: o movirnen to vag aroso co mo ampliac ñc , um nas testas , levando um ou dais segundos para aq uilo que, cm
microsc ópio do lempo, e o mo vírnc nto acelerado corno le mpo real, durava dais días.
resumo, um telesco pio do rern po. A rcducáo da velocfd cde de um movuneruo nao er a tao
Fiz experiencias fcrografand o as plantas. As sam amba¡a.., fácil quanro a accle rac áo caqui co ntci com a ajud a de meu
em particular, tinham rnuftos atrativos - principalmente os primo , fo tógrafo , que tinha urna cáma ra de cinema capa z
brotes densamente curvados, retesados mm o tcmpo cont ido , de tirar rnais de 100 ouadrcs por segundo . Com isso pude
como molas de rclógios, co m o futuro todo enrolado neles. cap tar as abel has cm a<;30 enqua nro pairavam sobre as plantas
M on te¡ cnr ñc minha c ámara num tripé no jardim e tire¡ foto'> e desacelerar os batimentos de asa bo rrados pelo te rnpo , de
deles a intervalo'> de urna hora; revele¡ os negativo." amphei- maneira que pude ver nindame nte cada movirnento .
os e cncademc¡ cerca de ur na dúzia deles num pequcno Mcu Interesse cm vclocidedc. rno vrm en ro e tc m po
íohosc ópio . Enráo, <.:01110 num passc de mágica, vi os broto'> - e nas possfvcís rnaneiras de tom é-los aparenteme nte rnaís

WWW.MENTECEREBRO.COM.8R MENTE&CÉREBRO 31
rápidos ou maic lentes - fez ccm que eu me deleitawe ccrn
do¡s textos de H. G. Wel1s, o romance A máquinll ,lo lrmpo
e o co nro O 'WlJO IlCthador, co m suas descrkócs vivídas e
imaginarias da alrcracáo temporal. ~A medida que aiuste¡
o ritmo, a noite se ~c¡"'l.liu ao día como o bater de urna asa
negra", relata o viajante do tcrupo de Wells, e conti nua,
Vi o >01 alrlwr55ar rllpiamllrlllr o cill, snllmrao portIt 11 cada mi-
nulo t a cada IMÍlwlo 1J1Ilrcallao um dia. (...) O mais leulo erastejault
CI1((/col passou corrm,/o rápido ,1rmms P¡1r¡¡ mimo (...) A. medida qur
fU prOSStgllÍlI, ainda ganl¡/lIldo w/oc·j,/adr, II fl¡1¡Pit/l~¿¡O do dia t da

lloik fuudÚl-5t Hum lífllÚ>t cOlllflulO ciUZIl, (...) " Sol rspasl1lóaico Pcrgunteí-mc algum as vczcs se a vekxidade de animáis
Ir'lIlsfonllou -sc rllI um ruco ,Ir fogo. (...) a LUII, (lll uma fi/t1 flu/umltr e a de plantas podcnam ser diferentes, ísto é , o quan to eles
mais ltime. ( ) Vi droom crescrrrm r sr lramfomwrrm como /u!a.las eram reprimidos por limites internos ou externos, como a
,Ir Pllpor, ( ) tllifícios rncrmes sr rrgutrrm pdliaos r tsplm.lorosos gravídade da Tcrra. a quanndadc de energía recebtda do Sol
r pmS</ltm (01110 smlhos, Toda a Sll(ltryícir all Trrra fl¡lrtWI mud.lr e de oxígen¡o na atmosfcra e assun por dtarue. Assirn, fique¡
- fUlldiudo-sr rflllillao dialltr dos mtlls olbos. também fascinado por outro hvro de Wcll'>, Os primórosholllfllS
O oposto dísso ocurre cm 0110110 acr!rra.10r, conto cobre ua!.mI, em que há unta linda dcscricáo de como o crescír ncnro
urna droga que acelera nuiharcs de VCZ<'''S a oerccpc áo, os das plantas era drasncamente acelerado num corpo celeste
pcnsarnentos c n metabo lismo de urna pcssoa. O inventor e com apenas urna fracáo da gravidade da Torra.
o narrador, que tomam a droga junios, vagam por um mundo ( omfinllr S(g u rml~1l r prou la dr/;bml\'lío. mas iucríDtis srmrn tts
glacial, observando gente como nós. mas. ao mcsruo rompo. Iml~lIm Illlla ptqutlJa raiz pllfa b.lixo 11<1 lrrrar lUII prqurno brolopma
oar.(...) Os brolos rmfóxts IlVOIUUlIlram -sr. rs!Jcartllll ·sr rabriram-sr
É COMUM OUVIR QUE OS ANOS VOAM mUIr SO/t1V<1I1(O, atirau,lo coroas (om(ltqHtlJa Spol1llli afiaJas (...) qllr
sr II/o/lg<lramrápidll r rlisivdmmtr, mtsmot/lqUtlHloobscroávm'105. O
CONFORME ENVELHECEMOS, MAS mO!limnrlo rra Ulllis 1m/o l/14r o drl/Iwlqllrr .mima/, m,1i5tÍj}i/qur o Je
l/lwlqlur pIlIll la qur tu já vira alllrs. COIlfO posso /1Je a.1r uma ¡,1(¡<1
O MESMO NAO ACONTECE COM AS .lisso - ,Ir como o rrtsciHlrnlo S( dtstllrolllVll ~ (...) Voci ll/g11m dicl jd
HORAS E OS MINUTOS, QUE SAO IGUAIS prgoll. mUlI Ji/l frio, IWI /rnllomrtro, tl1ViJlvru-ona m.-io qJulI lr t viu o
pel/IWlO fio dr I1Irrnirio subir vllgllroS<lll1rn lr pr/o IllboJ ESSc1S p/mlllls
AO QUE SEMPRE FORAM lulJarts crt5áalll ,lSSIl1I.
Aqui, como em A m<Íl/láua.lo tmrpo c O 1I0v0 arr!rmdor, a
di fc ~ nte,con gelada em atimdes desleixadas, apanhada no descrif1ao era irresi ~tive1 rne l1 te cincrnatrog ráfíca e me fez
meio de um I-:<.")to, deslizando pelo ar batendo a<;a<; lentamen- C'ipccular'){" o jovem Wells teria visto ou feilo expcriéncias
te, na velocidade de um caracol excepc ionalrlllonte l5.n¡.:uido com fotografía de plantas, como ell.
que, na verdade, era urna abelha, P OllCOS anos dl'pois, corno estudante em O xford, Ii os
A IlIdquinll 110 trmpo foi publicado em 1895, quando havia Pri"dpiOi dt psicologia de William )aml"S e num maravilhoso
grande interc'>se nO\ novo<; poderes da foto~a fía e do cine- capítulo sobre A (ltm p{.-io do lempo , encontrei esta descrif1ao,
ma para revelar detalhes de Illovimentos inacessíveis 11 visla TrillOS loaos 01 motillOS pllra imllj}ill,¡r qur liS aia/uras possam
desamlada. O fí siologista fra nces Étienne-) ules J\tarey tinha possilltlmrll le diferi r rllOmlmll'll/r '1Il5dlj r<l~'Ots qurrLli lullrllivtllllmlt
sido o primeiro a dcmonstrar que, cm um dado momento, srll trmr 11 0 dd'l/haml'lllodos (1101105COIll qur po,ltlll prtmchi-LI5. VO~1
um cavalo a galope tinha todos os quatro cascos no ar, Seu l1,rr St dedicolr a I1lgrms cd1clllos inltrts\4Iu/ts lohrr o ¿álo deslas
trabalho, (0010 ;¡ (¡nna a historiadora Malta Braun, C'>timuloll .IJfrrol~·1li l/hallaO sr modifica a ap<lrtiJcia da IIl1lurrza. Supou/lIlmos
os famosos estudos fotográficos do movimento realizados °
qur, .lUf¡JH/r illlmllllo at 11msr9I1n.1o, jihmllO! CllpaZrs .Ir ptrcrbtr
pelo fotógrafo britilnico F.adweard 1\ luybridgc. 1\-1arey, por /O mil roru/os dishll/dlllrult, rm vez de ifUllsr dez. como <lgom; sr
sua vez, incent ivado por Muybridge, pros<;eguill e deseovol. Ilos,a vida rsfil'tslr dtsli'lil.l<l ¡¡ IIlmllrr o mesl1lo ~ Úmtro ,IrimprtssJes,
vell <:amarascapazes de reduzir a velocidadc e qua'>e parar os da paJrria srr rrri/ll(lr5 mais curta, Dtvfríamos vivrr "'rIlOS.Ir 11 m
moviml'ntos de pássarose imetos Col pleno \"60 . No extremo mis r Il<io s"her U,,<i<l sobrr <1 mllJall~a dr rst.I~·Ots. Sr 1I11scidos uo
aposta, de usou a fotogra fía de lap<;o de lempo para acelerar iuvrmo, dwerílllllos mn aililr uo vcrao COl1l0 agora acrrdilill1los nos
movimentos qU,l<.c impcrceptívci'> de estrelas-do .mare outras clllorts da era carbollifrra. Os H'Ollilllmlos Jos srrts orgallicos strimtl
animais marinhos, l.-io IIllgllfQSO' aos HOS;oSsmtidos l/llr srriam lHfrrMos, H.-iO vislos. O

32 MENTE&CÉREBRO M AR<;O 2008


-
.. .'
. _.z.:===::::s::;~--:.....
Sol permal1« cria imóvd no CtU, ti LIlII soia pf<l /icamOl/t illllllávtl ( m inutos ainda par ecern d o lorosam ente longos c ua ndo
¡ls, lm porJiantt, Mas, agora. ;nvtrfamOI ti hjpól~( t ¡tllaginflllos um estou enrediadc e curtos dem ais qua ndo es to u ocupado.
serquecaptasst aPtnas um mi/islmo dm S('ll sa(O~ quecaptamos UWtl Quando men ino , odia va a esca la e ser fon:;:ado a ouvir
Jado lempo t ; cOl1scqiirnlcmrnlt, UiVfSSl por 11m lem po mil VCZC5 major. passívamcntc as ladam has dos pro fcs..ores. Quando olh ava
Invtrl10s ( vtrOts miio pnra de como WII quarto de hOril . CaguIIIllas dsfarcadamerue para o rdógio , com ando o tempo que le -
t planta sde crcsá rnrn lo milis rápido íráo brotar r l1luaaurta r COIll tal varia até minha hbe rdade, o pomciro do s m inutos, e até dos
fl1 pida que partcmi o ,-,iaflxs instaJltállMs, arbustos tllllUlis Vli o SI segu ndos, parecía se mover com infinita lcnríd áo. H á urna
rrgllfT do solo t cmr de uolta di! mesilla mmu lTa !fut as inClmsávcis consc iencia exage rada do rcm po cm ta¡s situa<;{K.'S ; de fato ,
fOllles deál}l4aSI{rmira s, os movimrntosdosanimais smio tao invisívcis quando se está enfasttedo , pode nao havcr co nsciencia de
QUilll/0 nos 51io os Itlovimrnlos das b¡lla, dearmas defcgo (callhotS, nada , execro do rernpo .
o Sol ptTcorrtrá o d I! como l.:tl! m(/rofO, ae;xlll1Jo 11m rastro defogo C ontrasravam corn tsso as delfcías da experimcnracáo e
atrásdesi etc. Seria trmerário lugar tillelai! casos imaginários possam da imagina<;ao no pequen o laboratório químico que mo nte¡
ser percebidos em all}llm /llt]arJo rei"oanimal. cm casa, Lá, num fir n de sema na, cu conseguía passar o d ia
Esse texto de James [oi publícadoem 1890, cuando Wells todo absorro e feliz . Na o tinha consciencia algum a do lempo ,
era atnda um jovem biólogo . Podena ele te r lido Jame s ou at é que comcc ava a sen tir dificuldade etn ver o que cstava
os cálculos orig mais de Vo n Baer dos anos [8607 Na ver- Iazcnd o e pcrcebia que a nort e havia cheg ado . Quando, anos
dade, podemos di zer que um modelo cinematográfico está depors, Ji crn A vida Jo espirilo, de H ann ah Arendt, que em
implícito ern todas essas descricócs , pois a tarefa de registrar urna "re gi áo intem poral , lima prcs cnca eterna cm completa
números rnaíorcs ou menores de even tos num dado rcrnoo quierude, situada inteirame ntc além dos rclógios e calendarios
é cxatamente o Que as cáma ras de cinem a farao se forem humanos (...) a quierude do Ago ra na ex istencia do hor nem
rodadas em maio r ou men or vclocfdadc que os habituái s 24 pressionada pelo tempo, perturbada pelo rompo . (...) Este
quadros po r segundo, ap roximadamente. pequeno cspaco nao-tempo ral no próp rio coracáo do tempo",
Ouvc-sc co rn freqüénca que o ternpo parece anda r rnais soube exa ramente de que cla esteva talando.
a
rápido , que os anos voa m medida que envelhecem os - ocja Se rnprc houve relatos tnfonnais de pcrcepcáo de tc rnpo
porq ue quando se jove m os días sao repletos de nova s e em-
é quando as pessoas sao subítamente amcacadas po r um pcri-
polganres tmpressóe s ou po rque, conforme f ícamcs velhos, go mo rtal , mas o primeiro esrudo sistemá tico foi rea lizado
um ano se torna urna fracáo cada vez me nor de nossa vida. em 1892 pelo geólogo suíco Albert H ctm, ele explo roc os
Mas se os anos parcccm pascar rnaís rápidamente, o mesrno estados mentaís de 30 tndlvfducs que tinham sobrevivi do a
nao aco ntece corn as horas e os m inutos, Que sao iguais ao acíde nrcs nos Alpes. "A anvidade mental romou-se enorme,
que sem pre foram . aumentand o 100 vez cs sua vclocidade", ObseTVOU H eim. "O
O u , no mín imo, assim me par ece m (estou na casa tem po se cxpandiu tremendamente . (...) Em muitos casos,
dos 70 ), em bo ra e xpe riment os te nha m mostrado que, seguill-sc uma súb ita revisan de todo o passado do individuo, "
enquanto os jove ns sao inc rive1 me nte precisos c m es ti- Nessa situa<;ao, escrevcu ele, "nao hOllVe ansi<:dade alguma",
mar um período de tres m inutos, indivíduos mais idosos pelo co ntrár io, uma "profu nda aceita<;ao".
apare nteme nte contam mai s lent amen te, de mancira que Q uase um '>éculo dep o is, nos anos 70 , os pesQuisadores
sua pe rcepc;:ao do mesmo intervalo es tá mais próx ima de Russell Noyese Roy Kletti, da Uni versidade de lowa, dese n-
tres m inu tos e me io ou qua tro minutos Mas .linda nao tc rraram e traduz iram o e!>tud o de H eirn e segu iram adia nte,
se sabe se esse fenó me no ter ia alguma co isa a ver com a coletando e ana lisando mais de 200 rela tos dessas ex perien-
sensal;ao existenci al ou psico lóg ica d o tempo passando c ias. A ma ia ría dos ind ividuos investigadm , as!>lm como os
ma is rá pido 11 medida que envelhecemo s. As horas e de H eim, desc reveu ma lar velocidade de pensarn cnto e uma

WI/I/W.MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&:CÉREBRO 33
aparente desec clc racáo durant e eqec lcs que imag inaram ser
seuc últ imos mo mentos.
U m p iloto de ca rros de corr ida, que fo¡ lancado a 10
metros de altura numa cohsá o , dcclar ou 'Parec en que a co lea
toda durou urna etcrmdade. Tud o e..tava em cá mara le nta e
nve a sell\;I(;ao de que eu era um at ar num palco e via a mim

__ - .__0->--
•• _0

rnes rno capotando v árias vezes 'ieb'llid"S (.. ) co mo se eu


cstivcsse nas arquíbancadas e assr..ussc a rudo acon recendo,
(...) rnascu náo estava com medo ". Outro piloto,..ubindo um
~ _. _.

morro a alta vclccldade e se vendo ti 30 met ros de um trem


que ele tinha ce rteza de que o r nataria , OOseIVOU : "Quando o Em urna corrida de bicicleta, os ci cl is ta~ podern estar se
trem passou porm irn, vi o ro..to do maquinista. Era comoum movendo a qu ase 65 km/h , co rn ape nas 10 cm se parando
filme pas-ando len tamente, cm que os quadros avancavam cm uns do.. c ut res. A ..itlla¡;ao, para um o bscrvado r ex te rno,
mo vim cm o cspasmódtco. Po¡ as..im que vi o rosto dele". parece prec érta ao ex trem o e . de fato , a d ist áncia e ntre eles
Embota algurnas desvae experiencia.. de quasc .rnonc é de U IlS míseros milisccgu nd c s. O me nor erro pode levar

sejam marcadas po r lima scnsac ác de desamparo e passivi- a urna colísáo. Ma.., para no; pr óprios ctclí..ta<;, ern int ensa
dade. até de dtsscctacáo, cm curra.., há urna nu cnsasensacáo ccncen trac áo, tud o pa rece ve mov er a urna velocidade
de lmcdiatismo e reelídade, e uma dra máti ca acclc rac áo do relativame nte batxa, ex!..ti nd o tem po e espaco suficientes
pc nsamcnro, da pcrce pcéo e da reac áo, que pcrmítem que para per m itir írnp rovt sacáo e manob ras co m plicadas.
a pcssoa seja capaz de hdar com o pongo . Noves e Klcn¡ A vclocfda dc estonteanrc do.. mestrcs das arte s maroaís,
dcscreveram o caso de uru pilo to de Jato que enfrcruou os gesto.. demasiado rápidos para que um olho scm tremo
co nsiga acompanhá-los poden ser realizados, na mente do
05 GESTOS ESTONTEANTES DOS cxccutor, qua'><.' que com a gra¡;a de um batlanno -, aqcilo que
os pro fessorev e técnicos gostam de chamar de 'cc rccntracác
MESTRES DAS ARTES MARClAIS, relaxada". Essaahcracáo na percepcáo da velocidadc apa rece
RÁPIDOS DEMAIS PARA NOSSOS OLHOS multas vezes cm ftlmcs. co mo cm Matrix, pelas versócs da
acáo ahcmadamcruc lent as e acelerada...
SEM TREINO, SAO EXECUTADOS COM A com petencia do.. at leta.. (tndependen rcmcn tc de <,('\JS
talentos maros) só sc rá adq uirida por anos de dedicacáo ao
A GRA~A DE UM BAILARINO
trcínamento. No infcio, muito csforco earencñosaoncc cs sé-
ríes para apre nder cada nuarce da téc nica e dasincronía. Ma s,
a rnor tc q uase cc rta quando seu avüo foi mdcvídamcnte cm algum mo mento , a.. apndóes b ésícas e a rcprcsc ntac áo
[ancado de um porta -avióe ..: "Lcrnb rci -mc nindamente, ncural se to rnam tao incru..tad as no si..tema nervoso que
cm quest éo de uns tres segu ndos, de ma¡s de urna dúz ia de qoasc parccern urna segunde natureza, nao havendo ma¡..
acóes nccess értas para conseguir eanhar alnru dc. O~ pro · a necewidadc de csforco ou dcctsáo conscic nres. U m nivel
cedimenlos dt' que eu prccisava se tornaram p ron tame nte da ativ idade cerebral funcio na auto malÍcamente, enquanto
dispo níveis , Tlve urna memária quasl' ab<;oluta e me ..emi outro, o co n<;ciente, cria urna P(,:rcc¡w.;-ao de tempo elástica,
totalme nte no co ntrole". que pode ser comprimida ou expand ida ,
Noyes e Klen i disseram que mui tos dos indi víduos por 1nves tiga ndo co mo sao to mada..a..dl'Cbcx:s mo toras sim-
(.1<.... c,>tudados ..enti ram que: ~hav i a m rea lizad o fa<;anha\, ples, o nt:llrofisiologista americano Iknjamin Libe t constatOll,
tan to ment ais qlla nto físicas, das quais ter iam sido inca pazl:s nos anos 60, que era po~síve1 dell'Ctar ..inai.. ce rebrais que
cm sitllac.;íX"S no onai s", D e cen a fnona, pode ser seme1hante indica m o ato dl'Ci'>Ório vá rias cem enas de m ilis..egu ndos
ao que acontece co m atle ta.. tre inado s, particularme nte na<; ames de qualqller pt°rCtrx,-ao consciente dele . U m veloci..ta
comp<:ti¡;:ñes que ex igem tem po de rea¡;ao cu rto . campeao pode estar corrc ndo ativame nte e já ter percorrido
Uma hol a d e bci..ebol pod e estar se aproximando a qua<,e 4,5 a 5,5 me tros do pt'rUlr'SO antes de perceber que o tiro
160 km/h e, ainda a....im, como muita .. pc..soas descrevem, de largada já fo i dad o (I.:le pode se dl">Cnco~ta r do bloco
a bola pode parecer estar qua..e imáve1 no ar, a~ própria<; de apoio em 130 mili"sc¡"'l.mdos, cnquanto o registro cons-
cost ura.. incrivdmente vi..ívcis, e o rebatedor "e descobre ciern e do tiro exige 400 m i l i sse),'l.lr1do~ o u mai...) A cre n¡;a
nutTl tecido tl'lllporal ..ubitamen te alargado e e..pa~oso, onde do corred o r de ter ou vido consci(.·ntelllente o tiro e, entao ,
tcm todo o tempo que pfl'Cisa para rebalt' -Ia. imed iatamente explodi rem disparada é urna ilusao possibili-

34 MENTE&.CÉREBRO M ARC:;O 2008


. . . .. . - .,. __. ~.

. .-
70-

lada, segu ndo l.ibcr , pe lo fato de a mente "antccipa r" o som um tempo indefinidam ente lo ngo . Entra mos ru ma rua curta
do tiro cm quase meto segundo . e como se nunca fósscmos cheger ,10 fim dela".
é

Tal rcordenacáo do rempo,como aparentecompressñow As obwrvacóes de j ames sao uru eco queso cxato da..
e xpan -áu, le va nta a qucstéo de corno pcrccbcmos o tempo do médico jacqucs-joscph Morcau, 50 ano<; an te", Morea u
normalmente. William j ames cspcculco que o julg arnento [oi um dos primcíros a divulgar o haxixc na París dos anos
que fazcrnos do tcrnpo , rossa velocídade de oerce pcño, 1840. Assim como C auuc r. Baudelaire. Balzac e outros
de pende de quam oc "eventos" somos capazes de oerccbcr íntelectua¡s e artistas. ele era mernbro do Le Club des Ha -
numa dada unídadc temporal. chíchms e eccreveu
Exlsrcm m utes coisas que suge rcrn que a percepcéo Ccrúl Iloile, I/lIllndo alrlll'l">S<J1U a fhlsS<l<}rlll COberú l ,t I P/':Kr dr
consciente (pelo menos a pcrcepcáovisual l n éo éco ntfnua, e Inpim. fiquá im/lrrssloll'u/O mm o lrmfxl que I"'OHftlra d}(!I"f ali o
sim Iorruada po r momcnrosdiscrcros üsroé, individualmente oull'O lado . nfri¡,¡ dl1,lo. 110 fflJxfmo, UfIS polKOS PllISOS, mm lile p<lrf(m
distintos), co mo os qua dros de urn fi lme, dcpcis fund idos para que r< lt¡¡~ l tí /1« JUil5 en Ir~ ¡'oms Aprrssri o {ll15S0. 'IIdS o lrmpo litio
dar uma apa rencia de con nnuídade . Essa parnc áo do te mpo, {llI5SOlI IJ!<lis mpiJammle. nl v ,1 imprrs"lo (..o].lr qlleo passrio na ill-
ao que parec e, ocorre cm acócs rápidas e automát icas, como ltmrinilllflmmlr /ellj}o ( que,1 ,,1¡;i<1 (ll l m 1IqJlr11 tu C",~ il l¡'m~ 1 rsLIP<1 S~
o rebarer de urna bola de bc.scbol. O ncurocícnrísta C hristof aj,r,'mdo 110 mr SIII O n'tmo ,1'1 ~)rloci,I' l<fe .los IflWI P<1\\1K
Koch. do Instituto de Tccnologia da Calífómía (Cahcc h), Acomp anhando a scnsac ác de que algumcs palavra-, e
faz urna d rstmcá o entre ' com po rtamcnro" e "experiencia" e elguns passos poden durarum rcmpo despropositado. pode
pro oóe que o ' com po rtamento pode ser execurado conti- es tar a se nsacáo de um mund o profundamente vagaroso. até
nuamen te , enquanto a experiencia é estruturada cm intervalos suspenso. No hvm PsyelJOlomimdic.!nr.qs . de 1970 . o psiq uiatra
discretos, corno ern urn fi lme". Esse mod elo de conscténoa americano L. J. \X!est con ra esta historieta: D o¡s hip pics,
permite um mecanismo jemesían o pelo qua l a perccpcáo inebriados pela mcc onha. e<;tao sentados na Praca Golden
tem poral pcderia se r acelera da ou frcada . Kcc h especula '>C a Cate em Sao Francisco. U m avüo passa zunmdo acima da
aparente lenudáo do tcm po nas cr ncrg éncles e descrnpcnhos cabeca deles c cmao desaparece. Lln¡ del es se viril para o
atléticos poderla se origina"do po der-da erenc áo intensa cm ou tm e diz. 'Ca ra. achcí que ele nunca tria ernbora".
reduzira duracáodos cuadros individuáis. ,' las embora o mun do externo possa parecer vagaroso,
O tema da perccoc áo de lempo e espacc está se torn ando Ulll mundo interior de imagen<; e pensamenro, pode dccolar
um tó pico po pu lar cm psicologia sensorial.l' a..rcacóes e pcr- a urna enorme velocida dc . U rna pcssoa capa z de partir é

ce rx;óes dm atletas e das PC ,<;¡l<l S que enfrcn tam necessiJ adl"S numa elaborada jomada mental . \'isitar diferentes paíscs e
~ bi tas e emc rgénc ias parccem <;er um campo óbvio de novO'; cultura s, escrever um livro ou uma sinfonia Olt viver loda
ex peri ment~, npccialmc nte a~ora que a rcalidade virtual uma vida ou época da h¡,>lória l' acaoo r descobrindo que ~e
nos dj o poder de ..imular M.;6es "ob cond i<;Ot"S controladas pas~ral1l mems minutos ou segu ndos. Cautier dcscrcveu
e a vt!oó dJdes CildJ vez mais rápid as. como de e ntrotl num tr,ln~t' de hJxixe em que "as sensa¡,:oc"'S se
Para Will iamjaml..... ~dl"wios mais incríveisem rela<;jo -.eguiram umas as out ra.., tao n umerO\il~ e apre s\ildas que era
3D tempo "no rmal" ..ao propo rcio Tkldo s pd O'> efei lQ<; de imp()<>';ívd llma verdadeira aprt-ciac;ao do tem po~_ Pareceu -
de !enn inadas d rogas. Ele pTÓprio experime ntou várias, do Ihe. subjetivamente, Que o trame havia durado "300 anos",
ó xido nitroso 30 peiote. DqlOis de Ul l1 ca pítu lo sobre a lllasde comtatou .lo despe rta r que nao havialll pas\,.l do lllais
perccp<;ao do tempo , segLC-\e sua rd lc xao sobre o haxixe . q ue 15 millutO'i.
:\a intox icac;ao pelo haxixc existe um cu rioso aum ento na A palavra "despe rtar" pode ser ma is que urna fi¡':llra de
perspectiva tem poral aparente. Profl.:rimos urna <;en ten~a C, linguagt'm aqui, já que l,<¡<;as "viagens" <;;lo <;cm düvida co m-
ante,> que o fl m seja atin gido, o COllll"f.;o já parece data r de parávei" a sonh o...As ve! es a ..c nsa~¡¡() que tcnh o é a de viver

WNW,MENTECEREBRO.COM.BR ME NTE&CÉREBRO 35
toda urna vida entre o primeiro toque do despertador, as 5
da rnanhé. e o segundo , cinco minutos dcpois.
Eventualmente,quando urna pessoa estácaindo no sa no,
pode haver urna sacudtdela Involuntaria - um espasmo mio-
dómco - do corpo. Embora esses espa..mo, sejam gerados
por parte-s primitiva..do tronco cerebral (sao ref lexos gerados
ncssa rcgüo) e, como tal, nao renharn nenhum significado
Oll motivo intrínsec o, eles podem ganhar sentido e contexto
e se transformarcm cm ates por um sonho instaruaneamente
improvisado. Portamo, o espasmo pode estar associadc a um
sonho sobre viajarou caminhar por um precipício, de sejogar Em Os majortS lomlOlto, ,1" mm/r, o poeta e pintor francés Hcnri
para frent e para apanhar uma bola e assím por díanre. Esses Micheux escrcve. "As pessoas que reromarn da cxcitacáo da
scn hos pode m ser extremamente vívidos e ter v érías 'cenas". r ncscahna falam de urna aceleracáo de 100 ou 200 vezes, Oll
Subjetivamente, d es parcccm comccar antes do espasmo e, até de 500 vczcs a vclccidade normal". Ele comenta que isso
ainda assim, todo o mecanismo de so nho prcsumívchncmc é é provavclmcnte urna ilusáo. mas, mesrnc que a aceleracáo
estimulado pela primeira pcrcepcáopré-conscíente do movt- fosse matsmodesta - "mesmo apenas seisvezes o norma]" - , o
mento, Toda cssa elaborada reestrururacác do lempo ocorrc aumento ainda daría urna sensacáoesrnagadora. A experiencia
cm um segundo ou menos. sentida,acredita Mícheux, n50 é tanto uma enorme acumula-
Exlstem cen as conculsóes epilénc as, as vezcs charna- ¡;:ao de detalhes hrcrais cxatos. mas lima série de impressóes
das de "ccnvulsóes vívencícis", em que urna lernbranca ou globais, relevos dramáticos, como em um sonho.
alucmacáo deralhada do paseado subnameme se impóe a Mas, duo isso . se a ve locidadc de pensamento pudesse
ser ampliada significativamente, o aliment o ficana pron o
HAVIA DEZENAS DE PACIENTES NOS tamc ntc evidente (se nv ésscmos meros expe rimentais de
examiné-lo) nos registros fkiolóaíccs do cerebro e, talvea,
CORREDORES, TODOS SE MOVENDO Ilustrasse os limites do que é neuralmcntc possfvel. Preci-
A DIFERENTES COMPASSOS; ALGUNS saríamos, entretant o, do nivel co rreto de envtdadc celu lar
para registrar nao m neur ónío s mdividuais, mas um nível
MUlTO ACELERADOS, OUTROS supcno r dc inleral;ao e ntre grupos de neuróntos do c órtex
cerebral, que, as dcaenas ou ce nte nas de rntlhares. forrnam
LENTOS, QUASE CONGELADOS o correl ato ncural da conscténcia.
A vclccid ade de ta¡s inrcracóes neurats é normalmente
consciencia de um paciente e segue um cursosubjetivamente regulada por UJn delicado equilib rio de [c reas excitat órias e
longo e pausado, para acabar se completando, objetivame-nte, imbit érics, mas cxistern certas síruacóes nas qcaís as inibit,:ix:s
em alguns pouccs segundos. Essas críscs cstáo ripicamente poden estar relaxadas. Sonhos podcm levar uar vóo, mover-se
assoctadas com urnaanvidadeconvukiva nos lobos temperáis livre e velozme nte, exaramcntc porque a auvtdade do córtex
doc érebroe, cm alguns pac tentes. podern ser mduaidas por cereb ral nao é restringida pela ocrccpcáoou rcalidade exter-
es ürnulacáo elétrlc a de de terminados pontos na superficie na, É possrvel que consideracócs similares se aphqocm aos
desses regióes. As vezes, essas expert éncias t ém duracáo transes induzídos pela mescalina ou pelo haxixe.
subjetiva enorme e sao banhades porsignificados metafísicas. Outras drogas dcpre.."ora'), como os opiáceos e os bar-
Sobre tais convulsócs. Dostotévsk¡ escreveu. bitúricos, podem ter d eito oposto, produzindo urnadensa e
Hámomrolo:'i, t {apnUl5 WllrT QHr5WO dt J>olICo:'i5tJ/lm,los, tln queved opaca inibicáo do pensamento e do movimento, de maneira
srolta prtsrora datkma I'drmmu'a,(...) Umacoj;altrrívt/i aapavormrtt que lima p¡:<;soa pode ('ntrar num estado em que quase nada
° °
dartZ4 (om qur tia sc lII<1nif"'14/ t {xli/st COIll qut tia prmrdx. (...) parece acontecer, para entao d<.'.SCobrir, depois do que parece
Durallk r55t'l ÓIlCO SC!JWl¡/OS. (lillO rod" mM ('Xisltllóa humalla t, por ter sido poucas minutos, que um dia inteiro foi consumido .
tia. ro dalÍa miu/,¡¡ vida jllltira t Ir<10 1I(1)(1IÍa qur r5fil"lt5st pagando l/m E')ses deitos lem bram a al;ao do Retardador, urna droga que
pm;o dtlllllsia.lo allo. Wells imaginou corno o a pas to do Acelerador :
Pode nao existir nenhum ~e nt i do interior dc vclocidade O Rtlllrdll,lor (...) dwtria prrnrjtjr C¡Ut oP.lritlllt r5ticasst14/1, POllCOS
cm taisocasi6cs, mas, cm ootra<; - paniculam,cnte sob efeito stglmdos /lO /ougo de llIw"n hor'15 dt Itmpo uon",d t, assim, mal1ttria
da mescalina ou do lSO - , é possívd sentir-se arrcmcssado urna illircia apática, I/ UIr' r1Imi rcia gl'lCialdtllitl;lciJ"dt, tm lII ~ioao milis
para universos de pensamento a velocidades iru.:ontroláveis. anImadoou ¡rrjtantrIUnbitllrr.

36 MENTE&CÉREBRO M ARC;:O 2008


,

Qu e pudcsscrnexistir rransto rnos profundos e persisten- Em 1969 , pude int roduzir no traramcnto da rnaiorta
tes da velocidade ncural que durassem anosa u d écadas me dcsses pacientes congelados a droga Ldopa. revelada havia
OCOITCU pela prtmeira vezem 1966, cuando fui trahalhar no pouco tempo como eficaz na clevacáo dos nfvcis de dopa -
Bro nx, no Beih Abraham, um hos pital de doencae cr ónicas. mina no c én-bro Inicialme nte, o rratamento restauroa a
lá exarntne¡ os pacientes sob re os quais. dcpot s cscreveria velocídade e a hberdade de movimcnto de munos pacientes,
em lTICU livro Ttmpo dtaespertllr. Havia dezcnas deles nosaguáo mas, depois. particularmente nos rneis grave mente atetados,
e nos corredo res, todos se rnovendo a diferentes co rnpassos tmpchu-os na dírccáo opcs ta. A pacien te Hesrer Y. , escrcvi
- algurs violentamente acelerados, out ros cm cámara le nta, no meu diario, aprescnroe tal acelcracáo de movímenro e fala
outro.. quase co ngelados. Aa ver cssa paisagem de lempo depois de cinco días co m Ldopa que "se antes d a lembrava
rranstomado, as lernbrencas do Aceleradore Retardador de um film e em cámara lem a, o u urn quad ro de fi lme persisten-
\'('ell.. subiramente voltaram aminha mente. Pique¡ sabendc rcmentc parado no projetor; ago ra ela deu a tmpressáo de
que tod os ('<¡StOS pacientes crarn sobrevivcntes da gra nde uma película acelerada , tanto que meus colega" assísrtndo a
pandemia de e ncefahre que varrcu o mundo de 1917 a 1928. um filme da sra. Y. que fiz na époc a, insistiram que o proj etor
Dos rmlhócs que con trafram essa 'doenca do sono", cerca de csrava andando rápido dcrnais".
um terco mo rrcu nos estégjos agudos , 1.'111 esradcs de toma Scpus, inicialme nte, que Hesrcre corras pacientes percc-
tác profundos que írnpossíbíluavam qualquer esnm ulacáo. bíam os ritmos lora do comum com que cstavam se movc rdo ,
ou cm esta dos de sa no t50 intensos q ue descartavarn a falando Oll pensando, mas que crarnsimplesmcnte mcapaacs
sedacáo. Alguns dos sob rcvivenr es, cmbo ra Im itas vezcs de se con trolar. Logo descobrt que n50 era este, de forma
acelerados nos pnmeiros días, r naís tarde descnvolvcrarn uma algurna, o caso. Nem é o caso nos pacientes com a docn ca
forma extrema de Parktnsonfilie havta provocado ocles uma de Parkínson comum, como co menta o ncurologista inglés
desacclcrac áo ou rncsmo u n co ngehmcnto. a~ vezes por W illlam Cooddy em seu hvro Time,m,1 l/x IItrV1lll5 5)'5tem. Urn
décadas. Alguns pacie ntes do Berh Abraham comínuaram observador pode nota r, diz ele, o quanto sao vagaroso - os
acelerados. Um deles, Ed 1\-1., este va acele rado crn U lll laJu movímcntos de um parkmsouinno , mas "o paciente dirá:
do ccrpo e len to no outro. 'M eus p r óprios mo vimen tos parecern ncrrn aís, a menos
A dopamina, um neurotransmíssor cssenctal para o fluxo que, olhando para um relógio, el!veja quanro rernpo levam.
normal de movnnemcs e pcnsamcnros, está drasticarnente O rclógio na parcde da enfennaria parece estar andand o
reduaída em menos de 15% dos nfvcisnormai-, nadocnca cc excepcionalmente rápido- o
Parkmsc n comurn. No parktnsomsmo pós-enccfalúíco, scus Gooddy refere-,e aquí ao tcmpo "pcssoal'. em oposic áo
niveis podcrn ser quase indetec réveis. No Parkmson comurn. ao tcmpo do ' relogio", e o grau de divergencia ent re um
além dos tremores e da rigidez, observam-scdesaccleracóes e outrc pode se to rnar insuperévcl dcvido a bradícíresla
e aceler~ó<'''S moderadas; no p<.Ís·enu:lalílico, cm que a lesao ext rema comum no parkinson islTIo pós-e nccfalítico , Vi
no ll:rebro é geralmc nte lllJito maiO(, 1)(11:1(' haver de<>..lce1e- muitas vezcs meu paciente Miran V. sentado no co rredor
ra, Oes e a(e1erav~>cs até os limites fis iológicos e meca nicos o nde ficava l11CU co nsultório. Ele paTt'Cia imóvd , com o
máximos do cé rcllro e do corpo . bra<;o dire ilo frcqüe ntememe erguido , as vezes 5 Oll Ie cm
O pró prio vocahldário do parkínronisrno faz rdererx.i a acima do joelho, as veze~ perta do TOstO. Q uando indaguei
avelocieb de. Os neurnlogistas tém uma série de teonos para sobre es~a s po,es co ngeladas, ele pcrgumou indignado: "O
de notar isso: se o movimento fo r desacelerado, falam cm "h ra· que vocé quer dizer com 'post'S congeladas'? Estava apenas
H
dicinC<iia";se chcga r a parar,"acinl.'Sia"; se exccssívament e río limpando o nariz •

pido, "¡aquicinesia". l ),1 me<;rna f01m a, pode haver hradifrenia Eu me pergunlava se ele estava fazendo uma e nce na~30.
ou taquifre nia - desacek-ray'io ou at elera¡;ao do pcn.-.amento. C ena manh a, durante ho ras, tirei uma série de 20 fotos

VVWW. MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 37


aproxi madamente e as gra mpce¡ para rnon terurn foliosc ópto,
como aqoclcs que cosurmava fazer para ver o de-enrolar dos
brotes de samambaa. Com isso pudever que Miren csrava
realme nte hmpando o nariz, mas faaendo-o mil vez maic
lentamente qu e o normal.
H est cr tarnbé m parecía nao ter conscléncta do gran cm
que scu lemp o pcssoal divergia daqeclc do rclog¡o. U ma
vez pcd! aos estudanres que iogasscrn hola com da. Eles
descobnram ser Impossfvcl apa nhar os lencarncr uos da agi-
lada senhora, ráp idos como um relámpago. H csrcr dcvclvia
a bola co m tal agilidadc que as rn áos deles. ainda es rendídas se fala r Oll co ntar cm voz alta em urn de scuv l... todo, bcm
pe lo larcamenro. podiarn ser dolorosamente atingidav lx-la acelerados, as oalavras ou n úmeros cohdam e cmravam
hola dcvolvída."Vocés sabcm o quantoda rápida", cudissc.
é cm contlito. Ta i.. hm itacóes físicas eram menos evide llle..
"N ao a subcsnmcm, burn que voces esteiam preparados."
é com o pensamen ro e a pcrccpcáo. 5<: lhc fosse mostrado
1\ tes eles nao conscguíríam se preparar, já que scus rnclh orcs urn desenhocm perspectiva do cubo de Nccker - um de -
rempos de rcecéo se aproxímavam de um séti mo de segu nd o , senho amhíguo que nor ma lme nte mud a de perspectiva cm
enqu anto o de H eaer d ifícilmente c hegava a r na¡s de Ul1l intervalos de poneos segundos - da pcdcna ve r, quando
décimo de segundo. desacelerada. rrocas cm intervalos de um ou doi s minutos
Apenas quando estavam em estado normal. nao e xce s- (ou nao ver, se esuvcsse "congelada"); mas.quando acelerada,
sivarncruc vagaroso, ncm acelerad os, é que Míro n e Hestcr da vena o cubo "piscando", trocando de pe rspectiva varias
con scguiam julga r o quanto sua velocídcde o u le ntidan veZL'S po r segundo.
Acclcrac ócs no t éveic tamb érn po de rn a c o rr er na
EM CERTOS CASOS, O FLUXO DE sínd rome de Tourettc. U11l quad ro caracte rizado po r corn-
pukóes, tiques, movimcntovc rufdoc involuntarios. Alguns
PENSAMENTO, RÁPIDO DEMAIS, pacicmcs conscgucrn apa nhar m os cas no ar o Quando
IRROMPE TORRENCIALMENTE, PARA pcrgunt ei a um bom em com srndrorne de Tourene co mo
conceguia i..so , de di-se na o ter sensacéo algurna de estar
DEPOIS SE DILUIR EM INCOERENClAS E se mc vcnd o es peci almente ráp ido, ac contrñno, as moscas
é q ue voavam vaga rosamc nte .
DELíRIOS FANTASMAGÓRICOS Quando urna pe...soa estic a a máo para loc ar ou pegar
algo, a veloddadc rnédla de cerca de I nu -tro por segundo.
é

¡¡ tinham sido iruprcssionantcs e, a.. vezes, era nccc..<;lÍrio F.m condicócs experime ntáis, cu an do '>l' pcdc a indív fducs
mos uur-lhc, um filme 01.1 ur na [ita de víde o para convc n. sauddve¡.. que Iacarn o mesillo o rnaic rá pido possfvcl, a ve-
I c é.los. (I ranstomos de esca la espac ial sao tao comuns no locídade chega a cerca de -1 ,5 metros por seg un do . Q uan do,
parkmsontsmo quanto os de esca la te m pora l. U m sinal diag. porém , pedi a Shanc F., urnartista com Tourcn c. que esríca sse
nóstico comurn nesse.. ca ..O'> é a m icro gratla, um ex<:rcicio a mao o mais ráp ido que pudessc , d e aling iu facilme ntL' a
de ca ligrafia mi nú'>Cula, em que a letra vai fica ndo cada vt'z marca de 7 metros por segundo, '>Cm qualq ller sacrifício da
me nor. De fo mla gcral, 05 pac ientes nao estao c iL·nt L... d isso suavidade ou da p1"<.'Ci...'í.o. Quando lhe pcdi que reali zas<,{'
no momento do l'Xame; sornente depois, quando C,>tao de o gest o na velocidadt: no ml., !, os Illovimenlo<; se tomaram
vo lta a um referenci al espacial nomlal, é qu e ~ao capazes limitados , de'>l'legantl's, im precisos e che ios de liqu t....
dL' julg ar que sua escrita e:ra menor que a ha bituaL Ponanto, Q Ulro pacieme m m síndro mt' de Toun.:ue , nt'Ste: caso
para algu ns indiv ídllos pode haver urna co mpressao de: es - grave e com fal., muito ráp ida , contou-me que , além dO'>
a
palJo comparável compn.:..--aodo tempo. U ma de m inhas tiques e das vocaliza<.;Oc,> que e u via e ouvia, hav ia olltro..
pac ientes , lima mulher pó<.·encefalílic a, co<.tumava di zer: dos qu ais - co rn os mL'US o lhO') e ouvidos "1cntu<,u- podl'ria
"M e u e<;pa\ o , nos<;ol'Spa, o , nao é neOl um pou co parecido nao e..tar ciente. Fo i alx :na,> com a grava<;;ao em vídeo e a
com o <>eu espa,o".) allálise <)uJdro-a-quadro que a amplitud t' dL'Sscs "micm tiqUL...~
N os tran<;tomos da escala lemporal parece q uase nao poderia ser vi..ta . D e fato, podia haver vár i a~ ~érics del es
haver limite para o grau t.'m qlll' a dt-..acdcralJao pode ocorrc r; aco ntecendo ao mesmo lem po, apart·l1temente d i~s()ci a dos
a acdera <;ao dos mov imentos as vezes parece <,{'r restn n~ida uns dos mlt ros, to tal izando, lalvcz, dezenas de m icro tiques
ape nas pel os limit es físims da an icula<;ao. Se Hnter (t;nt as- num único segundo . A com plcxidade d i..so ludo era tao

38 MENTE&CÉREBRO MAR(:O 2008


-- -:::"

",

,
assornbro,a quan to a velocidadc , e achc¡ que seria po,>sívd ta lentos musícaís. fizerar ndele um tremendo improvisador
escrever um livro int eiro, um atlas de tiques, com base em na batcne. Era quase imbeuvel no pingue-pongue . cm parte
meros ci nco segundos de gravac áo cm vídeo . Tal atla s, por causa da alta velocidade de reacéo. cm part e porque
imaginei, seria lima I..... pécie de microscopio da ment e , po is suas ho las eram tao ímprevtsfvcts (até para ele r nesrno) que
tod os os tiques t érn determinantes inte rnos Oll externos, e o desccncerta vam O'> ad versarios.
repertorio de cada pacient e é ún ico. (k casos de sínd rome de "Iourenc extremamente grave
O s tiqu es que podcm ocorrcr na ..Ind rom c de "louretrc pod em ser nossa maior apro ximacáo ao, tipo'> de seres ace -
lembram muito o que o gr ande ncurologtsta bri tánico .lohn lerados imaginados por Von Haer e james, poís essas pesso.1S
l-lugbhogs Iacks onchamou de rala "cmocíonal" nu "ejaculada" as vezcs se dcsc revem como "superclétncas". "Éco mo ter urn
a
(cm o posícáo fala propo..iuva co mplexa, vruancarncnrc mot or de 500 cavalos dcbaíxc do ca pó", descrevcu um de
e laborada). A fala ejaculada é csscnctalmenrc rcativa. pré- mcuc pac ientes . De fato, cxistcrn varios atleta, profíssíonats
consciente e impu lsiva; d a se esqui va do con trole J os lobo, COlll "Iouret te nos Estados Unidos , entre eles jiru Erscn rcich
fronreís, da consctencta e do ego, e escapa da boca ante.. que e ¡\1ike Iohnston no beísebol. Mahmoud Abdul-Rauf no
possa se r inib ida. basquctc e 11m Howard no futcbo l.
Na o apena .. a velocidade. Olas a quahdade do movi- Se a vclocidade conferida pela síndrome de Toureuc
memo e do pcnsarneruo l..'S tiÍ alterada no tourcnismo e no pode ser tao ada ptativa - u rna csp éc¡e de talen to neu rol ó-
parkínsomsrno. O I..... tado acelerado tcnde a ser exuberante gíco - , cru áo qual o sentido de ser re lativamente vagaroso ,
na inventividadc 1..' na Ianras¡a. saltando rapidamcn tc de lima calmo e "no rmal"> Por que a sclec éo natu ral nao scrviu
assocíacáo para a scguiruc, levado pel a forra do pró prio Im- para aume nt ar o n úmero de 'velocktas" entre nós? A..des-
peto. A vagarostdadc,cm co ntraste, tcndc a ser aca mpan hada van raac ns da lcnndáo exccssíva sao óbvías. mas cla pode
por cuidado e cautela, urna postura sobría e crítica. Iw ) Io¡ ser neccssana para ressalrar qu e a vcloc ídadc demasiada
ap resem ado pelo psicó logo [van Vaughan, que sofr ía de é igualmente carregada de problemas. O ritmo tour étrico
Parktnso n e cscreveu urna monogr afia sobre sua..experiencias Oll pos-ence falülco acompanhado de destr nblcéo, im pul-
é

(1[\ 111 - LVÍflg ",ah g"kimo1l5 distll'>l, de 1986 ). Segu ndo me stvíde dc e ir npct uosídadc que pe rmüe m que rnovímento s
contou, ele escrcvcu todos os tex tos sob cfeito da Ldopa, e impu lsos "irnprópnos" se ma nífcstern precip itadamente.
pois, ncsscs períodos, sua ímagfnacáo e process os mc nrels Nessas snuacócs, po rtante, ges tos perígos os. como colocar
parcciar n tluir curn rnais libe rdadc e rapidez, além de ter um dedo no fogo ou sair em dispa rada no mc¡o do IrMego,
essociacóes ricas e inespcradac de tod o tipo (se de esttvcssc atas ger alrnentc inib idos na maioria de nos. podcm entrar
acelerado dcmcís. no cntanto. is<,() oodcna compro meter a cm acác antes q ue a conscíéncía posea intcrvir.
co n( e ntra<;ao e leviÍ -lo a sair pela t an~ ente em toda<; as d ire- Em casos ex tremos, o t1uxo do pensamento , qua ndo
l;OcS) . Q uando os cfeito<; da d ro~ a \C d i<;<;ipavam, Vallghan riÍpido dem ais, poded irromper co mo lima torrente de
a
se dedicava edi<;ao, pois se cncontrava nlllll estado pe rCcito dist rac.;<'lCs e fugas por tan¡.¡entes superficiais, d isso lvenclo-se
para aparar a prosa as vezcs excessivame nte exuberante que e m brilhan tes incocrencias e ddírios fantasmagóricos quase
havia escrito cnQll<1nto es tava "ligado". o níricos. Os caSO'> ma is graves da sínd rome de Touretle,
Outro p<1ciente, Ray, embo ra rnuitas vezcs discr iminado c..:omo Sha ne, poJem co nside rar movinll'ntos, pc nsamento<; e
e maltratado por cau sa da sínd rnme de TOllrcn e, tamoc m rca<;Ocs de out ra.,; pessoas int o leravc1mente lento<;. "Para nós,
co n<;(.'gu ia explnrá-Ia de dive rsas rnanciras. A rapidez (c, as essa.,; pe<;soas parcc..: em mac acos", escrcveu Ja mes em ootro
vezes, a estranheza) da<; assoc ia<;ócs o to rnava rápid o cm fra- co ntexto, "e nquanto, para eles, ll()., parecemos reptilianos"
;,es espiritllosas- d e se rd eria a si mes[lJo co mo "Ray, o espiri- No famoso capítulo de Os priudpiex ¡j" psicologia, j amc.,; fala
OJOSO dos tiqucs«. [ssa rap idez e sagacidade, co mbinada,> 'l OS daquilo que ele c hama de vo made "pl..' rversa" ou pat oló ¡.:ica,

W\WII.MENTEC EREBRO.COM.BR MENTE61CÉREBRO 39


! .~~
(
e de suaapresenracéoem duas formas opcstas. a "explosiva"
.......,.
e a "o bsrn nda". James utllizon es-es termos cm rclacác a
temperamentos e propensóes psicológicas, mas eles parecern
ser igualmente perti nentes quando se fala de transtcmcs
neurológicos como o Parktnson. a sfndrcmc de Tourcne e "
a caratonía. Parece cstranho que o psicólogo nunca [ale que
,
esses o pos tos, as voruadcs "explosivas" e "obstrufdas", rém, • •
pelo me nos ocasionalmente, lima relacáo entre si, já que
ele deve ter exam inado pesscas com o que hojc chemamos
de transt o mo m anfaco-dcprcssivo al! bipo lar, que era m
lan cado s, em intervalos de poucas semanas ou meses, de As vars. a paz t a 4lút!llde sao quebradas t"do aflllrtc:imtll/o dt
um extremo ao out ro. um raprus ralalOnico. De flP(ll lt, o pllrienle di/lml snho. eslilha(a
Um amigo rncu parkmso nía no diz que o estado vaga - 1,/f/ 1I11l11 coisa, agarra algllim COIHforra t drslrr-z.l rxlrtlor'!illárias. (...)

roso é como estar preso num ro nel de manteígc . enq uanto L/m ((I1¡¡lóuico ,/esperta d" rigi.lrz, sal (Ofrendo pdas flUlS com seu
o estado acelerado é como estar no gelo, deslizando scm PJjmlll1 duraule Iris l10ms efillallllffl/t(ai e pWll(/lm:edeilado emC'i llldo
amtos para haixo por urna monranha cada vez mais fngreme, calakphm flll sarjeta. Os movimffllos saofft4iimlrlllm/f rxn-ulll.los
ou num minúsculo planeta scm gravtdade, scrn force para <;e (om urn a m:>rmr fO r(a r qlUlSl srlllprt mvolvtlH grupos mlm:lllllfes
scgurar Oll se prender. dC'illrcmrírios. (...J Parrcequedes pa.lmlmo (Ofllrole da lIIe,li'/ll e do
Embom tais estados obsnufd os possam parecer estar no po,!rr ,lr srns IIwl'illlenlos
polo c posro aos dos acelerados, os pacientes podem ir de A catatonia raramente observada hoje em dia, mas
é

um ao outro quase tnsrama neamente. O termo "cmesía pa- parte do medo e da perplexidadc inspirados pelas pcssoas
com doenca ment al ralvez tenha se originado dcssas .. übítas
SOL TAMOS AS AMARRAS DO e lmprcvisfveis rransformac óes.
, Poder nos pensarcmcatatonia, parkínsonísmc e síndrome
TEMPO E AGORA TEMOS A NOSSA de Tourcuc. além da dcpressñc maníaca, como transtornos
DISPOSU;AO MICROSCÓPIOS E 'bipolares". Todos eles, para usar o termo francés do séc ulo
XIX, ....i o transtornoc de duas fonnas. que podem oscilar, in-
TELESCÓPIOS TEMPORAIS
,
DE continentement e,ent re as duas faces del ano. A possibihdade
de qualqucrcstadc neutro, náo-pclanzcdo, de "normalidade",
EXTRAORDINARIO PODER é tao rcduztda tlt'S'>eScasos que precisarnos imaginar a doenca
com Lima superficie cm forma de halrcre ou ampulhcte. com
radoxal"foi inrroduzido por ncurologtsras franceses nos anos apenas um pcqucno peco coou istmo de ncurraltdadc entre
20 para descrever essas transicócs notavcís. embora raras, as duas extremidades.
nos pacientes pós-encefalúicos. que mal haviam se movido f m neurología comum falar de "déficits" - a falha de
é

durante anos, mas podiam ser subitamente "libertados" e se urna fun céo fisio lógica (e talvez psicológica) por urna lesáo
mexcr corn enorme energía e torca. para acabar voha ndo, no ce rebro. A.. lcsóes no c órtex tcndem a produzir déficits
depo is de poneos minutos, JO estado antc rionnem e irnovel. "simples", como a cerda da vi..ao colorida Oll da capactdadc
Q llando H~ter Y. recebcu tratanll'nto mm I.·dopa, c,<;sas de reconhcccr letras ou ntímeros. Em contraste, as Icsóes
alternancias atingiram um grau extraordinário e d a se tomou nos sistemas r('gulatórios do \uocórtex - que co ntrolam
propensa a dezenas de inver<.Oes abruptas por dia. movimento, ritmo, cmrx;ao, arctite, nivd de consc iéncia
Tais invtTIÓeS sao observadas em padentes com síndrome etc. - minam o con trole e a e\tabilidade, de mancira que os
de Tourelte extremamente grave, que podcm '>er levadas a pacientes perdem a h.1\e nom1.11 de e1astici(bde,o meio-cam-
urna parali "'1~50 quase letárgica por doses mínimas dc detc'r- po, e podem c'n tao ser lan¡;ados sem dd csa,como fantochc,<;,
minadas drogas. J\lesmo <;cm medica¡;ao, ('stados de imob i. de um extrcmo ao nutro.
lidadc e concentra¡;aoqua<;e hipnótica tende l1l a oco rrcr cm A escritora britanica Doris Les~ in¡.¡ certa vez l'SCrevell
tOllrétticos e representam o oulro lado, por assim dizer, do sobre a situa¡;ao dos meus pad entes pós-cncd alíticos: "Ela
e<;tado hipcrativo. Na catalonia pode haver tamocm transfnr· no~ faz cientes do fio de navalha sobre o qual vivemos~. Na
ma<;Oes instantall('aSdramáticas de estados letárgicos ¡ ll1úve i~ saúdc, n50vive mos num fio da navalha, rn a ~ em lIm amplo e
a tremendamente ativos e frenéticos. O grande psiquiatra cstável assento da nonnalidade. Fisiologicamente, a nomlali·
Eu~en Blelller descreveu o fenómeno em 19 11: dade neuralretlete llm balan¡;oentre os sistemas l'xcitatório\e

40 MENTE&CÉREBRO MARí; O 2008


,..
~ -- . _ ~

e:;~~~"
~ . "

,
r''''''''' ' \ :,\
• • "\
r
.. _tio-.

inibitórios do cerebro, balarcoes-e que, na auséncía de drogas estamos suposrarnenre hdando nao com as velocídade.. de
ou lesóes, possuíurna incrfvel latitndc e elasrlcidade. neur ónios individuáis e circuitos simples, mas corn redes
Como seres humanos, ternosvelocidades de movirnen:c neurai.. de ordem bcm suocríor, que superam acornplcxidadc
relativamente constantes e caractertsncas. embora algumas dos maro rcs supercomputadores.
pescoes sciam um poueomais rápidas ouvagarosas, C' possam Atnda assirn . nós, seres humanos, mcsmo o mai..veloz de
exisnr vartacóes em nossos ntvctsde energía e comprometí- OÓ<; , somos limitados cmvclocídadc por determtnantesnearai..
mento durante o dia. Somos mai.. animados, moverno-nos básicos, por células corn velocidades limitadas de di..paro e
uro POlK O ma¡s rápido , vivemos cm rnator vclocldede quan - de conducáo entre diferentes ncurómos e grupos neurona¡s.
do joven'>; desaceleramos um pouco, pelo menos cm termos E ..e, de alguma forma, pudésscmcs nos acelerar 12 ou 50
de rnovirneurocorporal e tempo de reac áo conlorme envc- vezes. pcderfamosnos VC1" intciramente fora de stncronla com
lhecernos. Mas aampltrude de todas c....asvelocidades, pelo ° mundo que nos cerca e numa sitlla~ao tao bizarra quanto a
me nos nas pCS50as co muns, soh circunstáncies no rrnais é do narrador do romance de Wetls.
bc m limitada. Nao há d ifen:m,a 15.0 grande no lempo dl;' Entretanto, podernos compensar as línutacóes do nosso
reacéo entre o velho e o iovcm, ou entre os melhores atletas corpo esenüdoscom o usodc instrumentosdcdíversos tipos.
do mundo e o ma¡s scde r ué r¡o de nós . Parece ser tam bém Soharncs as amarras do tcmpo, como fizcrnos com o cspaco
essc o caso com as o pera cóe.. menta rs b ásicas- a vclocid adc no século XVII, e agora temosa nossa dísposlcáo tnstrumcn-
máxima co m que urna pcssoa capaz de realizar urna séne
é tos que sao, de fato, rnícrosc óplose telescopios tempor aísde
de cálculo.., reco nhecim entos e a....ooacoc.. vi..ua¡.. etc . Os exr raodm éno podcr. C om eles podemos atingir 1 quatnllt áo
deslumbrantes descmpenhcs dos mcstrcs de xadrcz. dos de vezcs a aceleracáoOlla dcsaceleracáo. de tal rnanetra que
músicos que im prov¡..am e de ou rros virtuosos podem ter podemos, a rosso bel-praaer, ver por esrrobosc ópíoa láser
menos a ver com a vclocidade ncural básica e maís com a a formacáo e díssolucáo de ligacócs químicas a velocidade
va..ra arnplitudc de ccnheci mc nto , pad r óes memorizados, de femtcsscgundos ( 10 IS segundos), ou observar, compri-
estrarég¡as e apridóes íncrívelmentc sof ..rícada.. as qua¡s midos cm pcccos minutos por simll 'a~ao computacional,
eles podcm recorrer. os 13 bílhóes de anos da hísróría do universo. do BigBang
Aínda assun cxistern alguns que pareccrn atingir velo- atéo presente ou (a urna compressáo temporal ainda maior]
cidades de pcnsamcruo quasc sobre-humanas. É público o fu turo projetadc até o final do s tcmpos . Por meic de tais
e no tóri o que o físico ame rican o Ro ben O p pe nheimer in..numenros . podernos ampllficarrossas perccpcóe...,aumcn-
compreendia O cerne e as imp1ica~ócs das idéia<; de ..eus tar Oll diminuirde fato a vclocidade a um grall infinitamente
jovens colegas cm S(.'gundos e os interrumpia, ampliando di..tante daqueleque qualquerprnccsso vivo poderiaa1canc:;ar.
esscs raciocinios qua..e liiD rápido quanto eks ahriam a hoca. Dessa maneiTa, presos quee<;tamosem IlOSSO próprio tempo e
Praticamente todas as rx:s.-.oas que ti'l(.~sem ouvido o filósofo vclocidade, podemos, cm nos<;a imagina<;ao,entrar cm todas
e historiador britanico lsaiah Berlio proferir de improvI..o a.., velocidades, o tempo todo. © 0lil'~r S<1cb ......c
seu discurso torrencialmente rápido ,empilhando LIma idéia
sobre a outra, crgucndo cstruturas mentais gi ~a nte<;cas que o AUTOR '.
evoluíam e se dissolviam diante dos olhos , sent iam que
Oll VER SACKS é profelsor de neurologia clínica da Faculdade
cstavam d iantc de um assombroso fenóm(:no mental. E
de Medicina Albert Eimtein e profeoor adjuntoda Univeriidade
rsso é igualmente verdadeiro para um genio cómico como de Nova York. Escreveu Um onlropéJogo em Motte, Tempo de des·
o acoramericano Robin Witliams, cujo..vÓO<i de a..socia<;ao pertar, entre outros livf05, publicados no Brasil pela Companhia
e de fa la..espirituosa.., explosivase incandescentes parl'ceOl das Letras. Migo publicado na The New Yorl:er.
decolar e arremeter a velocidades de (oguete. Aqlli,co ntudo, - T~óo de Vera de Paul:l Assis

WWW.MENTECEREBRO.COM.8R ME NTE&CÉREBRO 41
Embora fato res ambrentats tcnha m
grande inlluéncia na dctlagracáo das emes,
é consenso que o d rsí ürbio tcm forte base
genética: esrudos realizados em varios países
revelam que rretade dos portadores tem pelo
menos um patente próximo com TB, e filho\
de pessoas com a docrca aprescnram maior
risco dedesenvolvé-la, quando comparados
com a popula<;ao em geral.
A Associac áo Brasileira de Transto rno
I
Bipolar, filiad a a lnremauonal Soctery for

Bipolar 1Jisorder (ISBD),estimaque no Bra-- _ ...._ - -


sil podcm ex istir até 15 milh ócs de pc ssoas
cc rn o problema, de forma rnais Oll menos
pronunciad a. C riada cm 2005 por pviquia-
tras ligados a uruversrdades e cent ros de
pesqu isa, a mvtitu ic áo tem o objetivo de
incentivar a invcstigac áo, csrabc lcc cr trocas
com cn ndadcs inremacionais que também
'>C dedtcarn ao estudo do lema e d ifundir
informa cócs entre pacien tes. íamtlias e
profiwionais da saúde mental. Afinal, co m
medcacac e acompanhamcruo pck orcr ápi-
co, o TB pode ter os e ntornas controlados
e mtormacóe, ajuda m a salvar vidas . Para
saber rnais. www.abrb.org.br.

WWW.MENTEeEREBRQ.COM.BR MENTt&CÉREBRO 43
44 MENTE&CÉRE8RO MARC;OZOOll
o transtorno bipolar ainda é uma doenca cercada de
preconceitos e o diagnóstico nem sempre é fácil: o
t ratamento deve tanto prevenir as crises quanto
controlar os sintomas agudos

ntes do enigma , a igno rancia . A pcsso a com


A tranvtorno bipolar (T U) recebe o d iagn óst ico pela
pr irncira vez, em méd ia, s ó dez ano s a p ós as pri me iras
tentativas de t rata ruento. Antes disco, po de con clu ir ou
ser informada de que sofre dos mais variados problemas,
co mo depen denc ia de d rogas, obcstdadc. distúrbios de
ca rátcr e de pe rso nalidade, transtorno do pánico. O
d iag nóst ico mais co mur n é, co m ce rtez a, o de dc prcssáo.
No cas o, dcprcvsáo unipolar. Infel izmente, ainda sao
pOllCOS os profi sstooaís d a sa üdc que co nhec em o q uadro
sufic ientemente bcm e po dcm o fcrcc c r orientacáo
adcq uada para d iminuir a ang ust ia ta nto do pac iente
quanto de paren tes e amigos.
O T B é t raico círo. os sina is e síntomas podem ter
inúme ras mamtestac óes num mesillo paciente e variar
muito de urna pcssoa para ou tra . Em gcral , quem cofre
do t ranstorno tcm d tficulda de em dedic ar -se a carrcira
profiss ional, ma ntcr a produ tividade e o equilibrio na
vida afeuva e cultivar rclacio narnen ros duradouros . Os
afetados pelo divtürbio nao térn controle do que pc nsam
ou falarn durante os pcrfodov de mamfestacáo da doenca .

WWW.MENTECEREBRO.COM .BR MENTI&CÉREBRO 45


Os sinais e sintomas
podem ter inúmeras
manífestac óes
num mesmo
paciente e variar
muito de uma
pessoa para outra

cóes ínteltgcnres (ou até ge niais); os


do segu ndo tipo sao vilócs e podern
o DIAG NÓSTICO DA DOEN<;:A MENTAL fu eme rgi r pre cc nceños e fantaslas so bre
ter tres destinos pad ronía ados . no fi -
int ernacáo e loucur a, o q ue pod e dif icultar o tra la me nto
nal, admnem a culpae se retratern, sao
o tratamcnto me dicam entoso é cedo e mais profun darnemc o paciente presos , ou, quando a maldade é exccs-
fundame ntal e co m plexo , pots exige e sua familia cmendcrem o TI, maior a viva, ficam loucos e sao trancados cm
duasesua t égtas. a profilaxia (prevcn, 30 chance de conseguir controlar a docnca manico mios "pelo resto da vida". Fica
das críscs) e o controle dos ..inte rnas e tornar <,uas conscqü énct as menos claro. por cssc pad ráo , que a pío r pena
agudos ; o acom pa nh am cn to ps ico - noc ivas. E, ncsw caso, a mformac áo é ter urna doenca me ntal, a loucura é

lógico é fund amental para urna boa pode ser considerada pa rt e fun da - irrcvc rsIvcl e a pcsvoa louca se ria, cm
cvolucáo a lan ga prazo. A bo a noticia mental do Iratamento . Éfundame ntal principio , má . A trnagcm do docntc
é que a abordagcm adequada pode que as pessoas im plicad,l s na situa,50 mental co mo algu érn dcsprczfvcl faz
garant iruma vida prancamenee normal, sejam informadas de que o TEé urna com qu e multes ainda ho je reajam
principalmentese a doerca fordíagnos- doenca c rón ica, cc m causas btológi . de manei ra e xalta d a, e ar é ratvosa.
tkada na fase inicial.Mes quanro ruáis cae (gené ticas e outtas) assoc tadas a c uan do se sugcre q ue consult em
fa tores ambienra¡s. um psiquiatra - ou um psicólogo . A
resposta maís co rnum é . "F.u? Mas n30
CONCEITOS-CHAVE lOUCO, EU? so u louco:" .
• Sinilis e sinlomils do u en stcrno bipoler O d iagn ós tico de docnca mental faz É com prcensfvcl, portante, q ue
pod em ter jnu meras man ifesla<;6e s num crnerg ir urna s énc de prcconceucs as- frcq ücn tcrnen te seja q uesttona do o
mesrno peclente e variar de uma pessoa
pa ra cutre . Em geral, quem sofre dessa ..oci ados a essa condícáo . mcuralulída- status de doe nca mental do transtom o t
doe~a crónica tem dificuldade pa ra
ded icar -se 11 carrelra prctísslonal, mante r de , dcsfiguramcnto da pe....cnaltdade. bipol ar. Añnal, o paciente aprcse nta f
iI produtividad e e o eq uilib rio na vida incapac tdade d e gcr tr a própr¡a vida, reacócs exace rba das cornuns, que urna ~
atetfve, nao cultiv ando
relad on ilmentos durad ouro s. rsola mc n to to read o d a sociedadc , pcssoa saudével rambé m poderla ter. I
• o acomp anhamento psicológ ico é pcrda da Hberdade e do ltvre -arb ñno. Q ualquer um é ca paz, po r cxcmplo, i
fundamen tal para uma bo a evo luc;iio a Essa image m é t30 arraigad a cm nc ssa de reag ir com raiva dia nre de frust ra- _!,
Iongo prazc, e o trateme nto adequado cult ura que pode se r exemplificada cócs Ol! injusti,as. Po r ém, o paciente _
pode gilranlir umil vida pretkemente
norm ill, principalment e SI." a doen~a ter
diagnosticada na fase inlelal.
pelo modo estereotipado co mo o s b ipo lar pode se dep rimir ou filar ex- r
metes de cornu rucac áo a aprescnram . cessívamcnre agrcssivu , Mu ita gente !
• Quanto mais cedo e milis
pr otu ndamente o pacie nte e sue filmma
principalmente nas novelas. Pe rso na- tamb ém já gasto u um pouco mais de l'
en tenoerem o TB, malor a chance de gens que soírem de docnca mental din hciro do q ue pretendía . ou fico u
conseg uir co ntrolar a docn~iI e tor nilr
SUilSconseqüenclas mt'oos noc ivils. podem se r d ivididos, de forma geral, amuada por te r recebi do uma no ticia ¡
E, nesse caso, a informa~iio pod e ser em doi s tipos : o.. do primciro grupo ruim. Mas a pessoa com T B vai além: ~
cons ider ad a pilrte fund ilme ntal do
tratamento. O uso de mt'dicil5ao é
fundilmen tal e exige duas estrat eg iils:
sao os que nasceram ou sem pre fOr¡llTI gasta e normes quantias sem nenh um I
"Iouco s"; e m ge ral sao "bo nz inhos" c , p lanejamento, a ponto de envolve r-se !
a p..-ofilaxia (prevent;a o dils crises) e o
controle do s sintomas ag udos. oca sionalmente, podem ter pcrcep- cm dividas para ad qu irir prodUIOS dos I
46 MENTE&CÉREBRO MARC;: O 2008
quais nao neces..ita cu, ao recebe-urna ,
notic ia desagradévcl. fica de cama. ALTERA<;:6ES TIPICAS DO TRANSTORNO
M as como reac ócs ex acerbada..
podem d isti ngui r urna pcssoa com
PRINClPAIS FUN~ÓES ALTERADAS EXEMPLOS DAS ALTERA~ÓES
rranstomo bipolar? Nao se ria ape nas
OBSERVÁVEI S
uma reac áo peculiar d e ca da indi-
v iduo , pu ram ente psicológica , scm Ritmo s bi ol ó g ico s Sa no, apet it e. ho r m ón io s etc.
resultar de algu ma lcséo ou falha no
fun ciona mcruc cerebral ? Aiu almente .
a O rgar nzec áo Mundia l d a Saú dc Ativida d e m otora co r po ra l Ag jt a ~ a o/ l ent i d a o
(0 1\15) rcco nbcc c o transtomo bipo-
lar como doenca . Para ser concebido
Ate n~ao, cc ncent r acao,
assírn , preciso que o quadro renha
é

me m ó ri a, exageras d os
ca usas orgánicas bem estabelecídas, Atlvldade co g n itiva
pe nsame n tos, p essim ismo,
sua cvolucá o no te mpo e Irnplicacóes
otim ism o, perd a d o praz er etc.
físicas devern se r conhectdes. bcm
como as possíbtlídades de rrarame r uo
Tri st eza, eu fo r i a, lrrtt abillded e,
dos stnt ornas. A rnaior d ificuldad e , Hum or
ansieda de etc.
por ém . definir seus lim ite s, que
é

dep cndem de avalíac óes clínic as


ba...eadas cm síntomas e sinais, urna encrgia. O rncsmo ocorre em relacáo fundament al para q ue o se r humano
vez que nao há ainda cx ames labo- 11 capacidade de senti r prazer. O ma¡v se ada pte a síma cóes ambienrais que
ratoriais qu e posvam da r o dia gnós- cu rioso é qu e a mudanca po de se dar muda m com frcq üénc ¡a e exigem
tico definitivo de transt omo bipol ar. em poucas horas, o u cm poneos días acomodacócs como, eventualmente.
A princ ipal carac te rística d o TB - e as vezes d urar se ma nas , meses ou d o rm ir m a is ta rde pa ra part icipa r
é a instabtlídadc de van as fu nc óes até an os . Ponanto, existem paci ent es de um eve nto social o u term inar de
ccrcbrats. q ue podem ser percebídas que sao bi polares e Bcam longos rcdig ir um art igo.
na aheracáo do humor, variando da períodos ern um mesmo estad o , que N o o rg anismo do paciente corn
tristeza profunda 11 alegria excessíva. é geralmen te dcprcssivo . transtom o bipol ar esses sistemas de
transpareccndo na ansíedade e irrita - N csws casos , qua ndo se examina con trole fu ncionam d e fo rma ina -
btlídadc que em pouco tempo podern um mom ento qualquer da vida de-se dcquada. o que pe rmite ' escapes " e
seconverter em aoana. Essas vanacócs pac iente , a imprcváo que se tem é de acarreta descontroles, acabando por
a
aparecem associadas in...tab ilidade do que nao existe instabilidade. ernbora doorgan¡ zar cutres func ócs corporars.
funcíonarncmo do cércbr o , tanto no ele possa te r oc o rrido no passado ou As pe....soas consideradas saud éve¡..cos -
armazc namento de íntorrnacócs (me - simplesmen rc te r sido re p rese ntad a uunam ap rewn rar pequeñas van ac óes
moria) corno no controle da atcncáo por urna única mudanca, do es tado nas funcóescc rporats, que se adaotam
(dís rracáo excessíva). considerad o norma l para o dcpressivo . as exigencias do am biente, enquanro
É ooss fvcl have r van ac áo d o Surge ar urna qucstáo.se a mstabilidade os pac ien tes bipolares aprescntam
pcsstrnísmo exa gerado ao oumisrno é a característica ce ntral do trans to rno grandes alterac ócs. q ue se tornarn
incontrolévcl. e a vclcctdcde do pcn - bipolar, as pcssoas saudévcísdcvcrtaru. mcor npatfvc is com O'> aco ruec uncntos
semento pode aumentar al! dim inuir. entáo, ser esréve¡s, sem grandes exprés- externos . Port anro, é co mpletamen te
Alterac óes no sa no e no apetite , sócs de tristeza 01.1 alegria? Essa pc rgun - aceíravel (e até u m siual d e sa üde
tanto par a excesso como para falta , ta leva a urna reflexao int erescan te. men tal) q ue se stnram, reconh ccarn e
tam b érn sao com ~ms . Nessas sítua - O carpo hum ano pcssu¡ sistem as ex pressem alegria e rns teaa, cm gr aus
cócs, sis temas ho rmo nais costurnam de controle que impcdcm qu e as vá rias variad os, de sde q ue es.-.es senttmcntos ,
fi car desorganizados, refleundo um Iuncócs (iqucm exces sivame nte fora de nagr ados por fata r('s ex terno s O ll
rit m o b io ló g ico caótico Ol! cíclico, dos chamad:ls parametros mín imo s subjetivo\, se apliquem ao co nte xto
e , nao raro , o paciente troca od ia - no q ue se refe re, por exem plo, a - e te n ham inte nsidade co m patível 11
pela noite. Observa -se tam hém di· ho ras de sono ou a níveis de ativida- situa c,;ao. N o ca so dos pacient es co m
m inui c,;ao ou aume n to ex cessivo de de física e me nta1. A variahi lidad e é transtorno bipola r, qu ant o mais as fun ·

WWW.M ENTECEREBRO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 47


, movimentos co rporats (co m predonu -
TRISTEZA NORMAL OU PATOLOGICA nio de Jgita¡;ao oulcnud áo do corpo),
das funcóes de memoria e de concen -
TRISTEZA tracáo mental, d a nn pulstvtdadc e dos
TR ISTE Z A N O RM AL
PATO LÓG IC A desejos e das vontades, inclus ive d o
prazcr, tan to da s pcq uc nas co rsas d a
Du ra~ a o Breve Prol o ngada
v ida (cuida r da ca sa, hobbies ) qua nto
do dese¡ o sex ua l. O T U seria ma ts
Fo r t e e co m bem com pree ndídc como a docnce
Intensldad e e pre juízo das
l eve e sem prejuízo das ins tabilidades, sendo a do humo r
prejuízo a t ivida d e s a mais pe rcc puvcl.
habituai s U m aspecto muitc bcm descrit o
Mu ito m aior e e siste matizad o a re..peno do tran s-
Com pa ráve l com
Qu alidad e d ilerente d as torno ~ d dcfi n i~ a o das crtscs. fase s
a s ex pe rie ncias
da tristeza ex per ie ncias ou "episodios" de hu m or , quando
anteri ore s
a nt er io res muit o s sin to mas surgem. dcfinin do
um qua d ro e specifico. Reccnteme n-
t:;.óeSI1UC regulam m est ados de humor relcrem a estados e moc ío naíc m ais le, vém sendo cstudada s e descritas
estívercm deso rganizad a.. mais grave prol o nga dos, que du ram horas, dia s com r nais dcralh es as carac tc rfsncas
e ma is co mplexo o q uodro clínico se ou se man as, e podem intluenclar a que aparc ce m ent re as crtse s. co rno
J.
aprcsenra (Vt'r qUIT.lropág, ' 7 forma de pe nsar e ag ir do individuo tempe ra m e nt o s do ti po irrüével.
Extste m duas dcnomtn acóe s un- Um ex emplo seria o hu mor de prcsst- hipc ra nvo , dep resst vo . imp ulsivo
haada, para o dtsujr b ío. t ranstoruo vo. En tre curras m Jn ifesuc¡:oes, pode- e <1\ convcq üé ncias no co ti d ia no
atetívo bipolar e trenvrcrno bipolardo mos pen sar »essc quad ro da scguir ne dc ssc mo do d e se r ins távc l. como
humor, este últim o con siderado atu- for ma , ..cm mo tivo apare nte , a pcssoa dífículdadcs de relac io nameruo , de
alrncntc o termo mais adcquado. Essa acordevarios drasseguidosdesanima - pe r m anece r em u m e mp rego o u
dtfercnca de no menclatura se d é por da , co mo ..e a tristeza lo....e o pan o mantcr arruzad es duradou res .
causa dos con cc itos de 4,toe IJ IHUO T, de fun do d e sua vida; as tm pr essoe.. d Em bora o T B com p o rt e qu a -
que sao tecnica memc difere ntes. De seu pr óprio respeit o se tor na m m ais rro tipos d e e pisodios patológico s
man cir a s uu ples . o pr imeiro se referc neg ativas e críticas, ou ela acredita - carac te riz ados co m o dcprcssivo ,
as emocóes que surucru rapídarncntc que os col egas ou parerucs a avaliam hípornantaco . m an íaco e m isto - ,
diant c da altcracáo de urna suuacáo de modo nega tivo, d cpre ciauvo. po de ser co nsiderado . basicament e,
espec lñca - co mo o sen nruen ro de O conccno de "transrc m o bipo lar" urna d oe nca deprcssíva, poi .. a maio-
alegria qua ndo se ganha urn presente, é ce n trado nas ah er acóe s do humor na dos pac ien te s pavsa gra nde parte
tristeza ao sabe r qu e foi m al nurna - um de scus pólos é o humor depres- de sua vida ncssc polo d a doenca.
pre va. mítec áo no mom ento em q ue sivo e cetro. o eu fór ico. En trcr anto, Exivtc rn, por ém, formas m ais leves
!l tim e edvers ér¡o faz urn gol numa n50 é s<> o humor que fica alterado de rnanífestec áo desses cp ís ódíos .
final de cam peona to ou me do quan- no rra nstorro b ipolar. ,I\1uita.. curras nas q uais se místuram carác ter ¡..ncas
do algunta dor surge de re pente e se fu nc.;Ót.-.; cercbrais e cxrracercbrats 50- da própria pess oa . oarcc endo co m por
pe nsa na possibilidade de se r vít il11a [rcm mud anca.., como a..relac iona das um a estn ltUTa de base , um tem pera ·
de urna d ocm; a 8rave . )á l'U ~IQr(S se aos ritmo s bio ló¡.¡-icos, .lO wntlUle d o<; n1e ntoque se manifesta na infancia OU
lid ddolcsccn c ia c: se co nfund e <:om o
"je ito de ser' do ind ivíd llO.

TENG CHEI TUNG é psiquiatra, coorden ado r do servi"o de pronto-atendimento e FACES DA DEPRESSAO
de interconsultas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas dd Facu ldade de Alé m da c o no ta ~ 5.o pa to ló g ic a , a
Med icina da Universidade de sao Pauto (F MU~P) e integra nte do Grupo de Doell"ds pal,w ra "de r ress5. o~, em ger al, (raz a
Afetivas (Cruda) do mesmo instituto. t autor de Psicoformocologia aplicada (Athene u)e
co ·auto r de Suicídio - Estudas fundamentais (Segm ento Farma), entre outros li\lros. Este me mária da~ peS\llas a\ fa<;es: ruins da
artigo foi adaptado do livro Enigma bipolar - ConseqiJendos, diagnóstico e lratomento vidd. Em algu ns conteJl tos, o te rmo
do tronstorno bipolar, CQm aut oriza~ a o da MG Ed itores. é usad o d e modo ab ran gent t:, e m

48 MENTE&CÉR[BRO MAR¡;OlOO8
Qualquerum
pode ter raiva,
mas quem sofre
do transtorno se
deprime ou fica
muito agressivo J•
sem razáo !
1

anal ogía co rn os períod os de crtse


eco nómica. També m se to rnou co -
mum ucar a pelavra como sin ónimo
de trtvteze . desespero ou anRúsl ia PERSONALlDADE OU DOEN<;A?
A depre..<;jo costuma ser deflagrada
po r urna perda significativa como a Qual a fronteira entre o no rmal e o patológic o? Afinal, os limite s do
ma n e dcum e me queri do, a pcrda do lB sao dif usos, o q ue evoca uma perg unta inevit ável: a té qu e po nto o
emprego, urna desilusaoamorosa. ou com po rt a mento de uma pessoa po de se r atribu ído a per son alidade ou
mesmo numa fase da v.da altam ente a uma doen~a ? Para entender melhor, e necessári o conside ra r a per-
esuessamc po r causa do trabalho ou so na lidade como um conjunto de aspectos psíquicos qu e ca racte riza m
de problemas [amillares Estimativa.. um indivídu o, cnerenctend c -c dos demais, podendo ser dividida e m
da O~tS a apo ntam co mo a doc nca dois componentes princlpai s: o temperam ento e o cor óter. O tempera-
psiquiát rica mals d iagnosticada arual. mento retere.se as características de comport a me nto mai s es t évets,
mente, ocupando o quarro lugar entre pre sentes de sde a prim eir a infa ncia e mets Io rt e me nte associa da s
o-. pnoopa¡ .. problema.. de saú dc do a retores genéticos. O car át er o e mbasa me nto moral, vinculado a
é

Oodente . Só no Brasil se estima q ue influen cias culturais e scctets. A personalidade de pe nde, portento, de
aproxi mada me nte 10 rntlh óes de influenci as soctocun urets sobre a base da s caracte rísticas pessoe ts.
PCS\OO S sof rem de dcp rcssác. Senda ess tm, pode ser mudada. Dessa ma nei ra, urna dcen ca pod e
O falo é que, do pu nto de vista alt e ra r o compo rt ame nto de uma pessoa, m ud ando a form a como ela
clínico, a dcpressáo aleta a forma de reage aos estím ulos am bientais. Até por q ue, e m ge ral, os pa cie ntes
o individuo pensar, aRir e ser e deve bip olar es t ém slntoma s leves do l B des de a infancia que interfere m
ser encarada como um proble ma de e molda m pa rcialme nte sua forma de se relacion ar consigo me smos
sa üde que aleta nao '.oÓ o cerebro l' e com os cutres. Muito s deles pe rcebiam desde cedo a d esa prc vecac
o es tado psicológico, mas tambérn alheia e cresceram se culpando pe la fo rma com o agiam. se m co nseg uir
pratica meme todo o organismo (l'tr mudá-Ia. Mas é a d ificuldade de aceitar que há um lranst orno - q ue
qu,¡Jro tia pág. so]. pode ser t ratado - é o ma ior problema.
A tristeza, caracrensuca freo üenrc Especialista s reconhecem que os limit es s30 difusos e acredita m
da dcp resséo. é urna experiencia uní- que há urna grada~clo de Inte nsidades . Parte grande da popula~clo tem
versal. É urna emocáo experimentada t end encia s a patolog ia, embora com pou cos síntoma s e rar os prelurzc s,
de ma neira ncgat iya, desagrad ével. e apenas eventualmente poderiam desenvolver quadros mais graves e
que, do ponto de vista evolutivo, necesstte r de tratamento. O ideal se ria sa ber quet s genes e srtoecóes
parece servir, co mo um "apre nduado", estressaotes podem indicar se urna pes sce val ter a dc enca ou nao. Mas,
para que, no tntuito de néo revivé . la, por enquanto, a ciencia nao te m esses re spostas. O melh or crite rio para
o indívfduo evite siruacóes dcca gra- diferenciar o normal do pa to lógico, portante, é avaliar se os síntomas
d éveis no futuro. Em termos gerals. t razem sofrimento s e prob lemas em áreas impor tantes da vida.
podernos pensar que , se um il[U11 0 tira

WWW.MENTECE REB RO.COM.BR MENTE&CEREBRO 49


SOR O PRISMA DA VARIA~O
Na Ant ig üidad e, Hipócrat e s já de screvia a melancolia nias e de pressees) e tipo 11 (hipomanias e depressóes).
(usando a palavra como sinónimo de depresséc) e a mania, Nos paciente s bipolare s do tipo 11,. mals de 95% do
mas nao propunha a uníéo entre os dois quadros. Seg..ndo tempo d e doe nca correspo nde afase depressiva, portan.
ele, as varíacóes resu ltavam de deseq ullfbrtos do s líquidos to. o tipo 11 basicamente é urna c oen ca c epress fva com
do corpo, os chamados humores, por lsso poderiam ter algumas poucas características do TB. com essa disti n~ao
mudancas cíclicas, associada s a ett erecóes de e stados unipolar/ bipolar,noves estucos foram tenos e c bservou-se
emociones. Essa teo ría pe rduro u até surg irem algumas que, para cada paciente bipolar, existiam 20 depressivos
descr kcesde q uad ros cíclicos do humor, no século XIX, su- unipo lares. Mas logo toí constatado qu e a maioria dos
gerind o q ue sertam form as distintas para uma mesma do- pacientes bipo lare s apresentava, inicialmente, episódios
en ea. No século passado, depressivos, O que contcn-
Emil Kraepelin separo u as día o diagnóstico . Ece rca de
demen cias precoces (que 20% do total d e unipolares
viriam a ser cha mada s de ace bav a ev olul ndo para
esquizofrenias) das pslco- quadro s bipolares.
ses ma meco-depre ssfvas A da s sif ica ~ ao unipo -
(PMD). Ele defendia que -- lar/bipolar acabou se tor-
a s PMD co ns istia m e m nando oficia l, tanto na
um conjunto de dcencas décima edkao do Código
cujo s slnto mas mais pro· Inte rnacio nalde pceoces, o
eminentes e ram as varia- ClD·10, q uanto no 0 5M -IV.
cóes do humor. N áo eram O conceit o de "d ep ressác
feltas d ístíncóes entre as w ñpotar ", também des crita
pessoa s que tivessen só como "depressáo malor",
depre sséc e aq ueta s com acabou populari zando e
ma nta: toda s eram da ssi- facilitando o diagn óstico da
ficadas como pacien tes de depressao, que com e~ou a
PMD. Era co mo se ho u- ser feito cada vez mais po r
vesse dois pó los: pacien- médico s de outras espec ia-
te s com de pre sséo p ura lidades, out ros profissionais
e man ia pura, e no mere da saúde .
ficaria a mai oria de les, Hoje, o term o "espectro
com po rcóes variadas d e bipola r" e stá ga n h a ndo
c e pressac ou ment a. espaco nos mete s científicos
Na d écada d e 50 , e é cada vez mais veiculado
su rg iu a t end en cia de na midia. O neme lembra
separar os que tfvessem fan ta smas ou pe sedeto s.
m ania e depress ác d a- mas também defin e uma
q ueje s só co m d epr e s- das principais caracteristicas
sao, chama ndo o s prfrnerro s de blpolaee s e os vltimos d o distúrbio: a va ria~50 d e estados. A palavra é usada
de unipolare s. Est udo s mo stra ram q ue pacientes co m ne sse sentido para definir, por exemplo, a gama d e ralos
c ep ressso unipolar tinham mais pessoes da fa milia com de luz como no arco-iris o u no reflexo da luz num prisma .
quadro s dep ressívc s, e os bipolare s tin ham maior número
d e pa rente s co m o me smo transtomo que eles. A mania
unipolar to r entac en eq rad e no concelto de "transtorno
bipolar". Uma subdlviséc dos pa cientes bipolares tamo
De aco rdo com e sse conce ito, o espectro bipolar se refere
el ga ma d e ap resentacées clínicas d a do en ca, que podem
ir de um pétc a outro, da depresséo unipolar pura para
dep re sséo com epísódíos de hipomania, depressác com
l
!
¡
1-
bé m g anhou torce, na forma d e bipolares tipo I (ma- manta, até a mania pu ra.
--'1

50 MENTE&.CÉREBRO MAR';:0 2008


urna not a baix a na e-cola, a triste za de predo minar cm grande parte do dia funda , qu e dura alguns minutos. e se
pavar po r cssa situac ío. asvoci ada ao do pac iente. Oll se ocorrcr na maioria lembrar de ter udo um dta muiro triste.
fracasso, o lcvana a reavaltar sua forma dos dias. SU;] tntcnsídadc um criterio
é ) á ou tra, qu e scn rc tristeza mo dera da
de esrudo. para Que nao rcccbcsscava- bc m po uco prccívo, pois cada um tcm todos 0<; dtcs. quasc o tc mpo todo,
lia<;ao n nm nova mc r ue . Seg undo tal a sua pr ópria "med ida" para avaliá -Ia, pode con síderar cssc d ía normal, igual
teo ría. a tristeza deflagra o r novtmc nro e o que é Intenso para urn seria qua - J O anterior O ll ao da "emana pescada,
in trospec t ivo , as pcssoas se isolem se imperce puve l par a nutro. Alé m em que tarnbém estav a trist e.
um polleo do mu ndo externo "rec e- disco, da pode variar de acorde com Pa ró n , quando acontec e de a pes-
lbendo-se" para rctlct:r sobre como o momento do dia, po den do. asstm , sea ficar c ho rando , freq ücmcrncntc.
a si tua,ao desagradévcl aco ntcceu distorcer a percepcéo de tntcnsfdade. por mot ivos que aparenteme nte nao
e como seri a poss ívcl proc ede r para U ma pcssoa que recebe urna no tícia se jusnfic arn, ou qu ando se urc ang úv-
Que nao vohessc a ocorrer. Dcs"a ma- ruim pode se ntir uma angustia pro - tia , numa ln tcnsidadc difíci l de ser
ne ira, a tr iste za ajud ar¡a no proccsso
de ama durectmemo. nos preparan do
para e nfre nta r mclhor uma vida que AS DOEN<;:ASAFETIVAS
é. por narurezn. repleta de cerdas e
frusrracócs incvitévcis. Definj,; ao é feita pelos tipos de episódio5 patológicos:
Ela pod e surgir no dta-a-dta. corno
• TRANSTORNO OEPRESSIVO DE EPI SÓOIO ÚNICO: apena s uma
resultado de algo ruirn que oc orrcu. ou
manifesta(:ao d epresslva e m to da a vida.
quando lembrancacde fatos pav ados a
provoc am. Em gcr al, nesses casos, tem • TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE: de is o u ma is episód ios
pcqucna mtensídade e cu rta duracsc. d epressivos.
O estado ma¡s insistentc, chamada de • TRA NSTORNO AFETIVO BIPOLAR OU TRANSTORNO BIPOLAR DO
humor drprr;sÍlIO, contamina a pcrcepc áo HUMOR: peto menos doi s e pisódios eteuvc s, sendo ao menos um
do que sc pa","él naquclc período . Unta e ufórico (m ania ou, se m ais leve, hipomania) o u m isto.
situacáo habitual do cotidia no , como
• DISTIMIA: síntom a s depressivos leve s (tr es) por pelo menos 2 anos.
ver uma enanca pcdindo esmo la numa
es quina, pode ser pcrccbída de manci- • CICLOTIMIA: a lterna ncia entre sinto mas dep ressivos e eufóricos leves,
ra mais aogu snantc se o individuo esu- por pelo menos 2 ano s.
ver CO lll o hum or dcprcssivo , ao passo
qu e, cm ou tr o momento , e~~a mesma
sítu ac áo ca usaría mal-estar passagciro,
mdíferenca. ou até raiva.
O humor dc prcssfvo, gc relmcnte
a-socia do a urna perda. ccstur na apa-
rece r vinculado a um mal-estar físico,
co mo UIll resfriad o o u com a fase
pr é-rnensnual. Muíras vczcs po de vir
co m se nsacócs físicas. como inquie-
tacño. ansíedadc. vor nade de chorar,
wnsacño angusttaruc de pre..~3o ou de
peso no perro.
M as a té q ue po nto essc scn u-
me nto pode ser conside rado normal,
e c ua nd o pa ssa a se r p ato ló g ic o ,
ou seia. se r vlmom a de dc press éoz
Em bo ra nao veja um c riterio muito
preciso, possfvellevar cm canta seu
é

te m po de durac áo. /\ tristeza to rna - NO FILME Mr. tooes. de 1993, Richard Gere vive personage m com a patologia
se pre ocu pante , po r exe m plo, se d a

WWW.MENTECEREBRO.COM .8R MENTE&CÉREBRO 51


ESTABILIZADORES DE HUMOR EPSICOTERAPIA
Medicamentos sao eructan no treta- A medt cecao deve se r prescrita
mento do transtomo bipolar para dkn l- ta mbé m para dimin uir a instabilida-
n u i~ao da Intensidade e do número de de de fun(:oes psíquicas e corpo rais
episódios do d istúrbio. A necessjdade - como o sono e o a petite. t ssa te-
dessa terape utlca pod e ser justificada ra p éutlca básica precisa ser avaliada
pela forte carga genética e biológica da como es t ra tégia d e lo ngo prazo,
dce nce. Afinal, ge nes e lesóes cerebrais urna vez que seus resultados surge m
nao podem se r curados, ma s é possível mais clarame nte e m meses ou até e m
controlar d isfu n ~oes. O uso correta de anos. Durante as fases aguda s, muit as
estabilizadores como o ca rbonato de vezes sao ut ilizados a ntide pressivos,
litio, por exempío, lend e a diminuir ou antipsicóticos e benzodiazepfnicos
em até sete veze s a mortalidade (por nas fases man íacas e mistas.
suicídio, ectdentes e doences de cor- Mas a fa rmacologia te m limit a-
rentes de distúrbios imunológ icos do cóes. Mesmo os sintomas residu ais,
o rg anismo) d e pacientes bipol ares. Os e nt re as fases, n e m se m p re sao
estabilizadores do humor deve m ser passívei s de tota l cont ro le. Alé m
introduzidosjá no início do tratament o d isso, faz par te do q ued ro clín ico

I
¡

e esta r presentes e m grande parte do
tempo e só podem ser alterados ou
retirados se houve r, claramente, pre-
juízos importantes relacionados a eles.
do pacie nte nao acredita r q ue tem
alg um proble ma. Just a me nte por
Issc. a psicoter a pia - e mbo ra po r si
só nao seja suficiente - te m pa pel

to lerada, algo q ue cla rame n te atete de admitir q ue está docnte e justifica a euforia cxcewiva ser muito carac-
scu cotidia no , cssa tristeza pode se r sua condfcéo co m argu me ntos co rno terística e ev ide nte nesses quadros.
considerada exccsviva. Em gcral. as desemprcgo, solid áo, diñculd ades ela nem scmprc es tá prese n te num
pessoas tém rnais dlficuldade para financeires ou a inc o rnpreens ño de e pisodio man íaco . O s síntomas maís
d ife renciar a tristeza chamada no r- pessoas importantes em sua vida . O comuns sao irrit abilidade (que po de
m al de sua manífe stacáo pato lóg ica q ue essa pcs soa raramente pe rcebe é deri va r para agressívídade ocasio nal)
(típ ica d a depresséo) quando ela su r- que outros passam por c ircuns tanc ias e híperatrvtdade. Outros síntomas da
ge ap ós urn eve nto justtftcével. como similares e podcm reagir de outras rna- manía sao a dirmnuicáo da neccssld adc
a perda de UOl en te qu erid o , o que net ras - e que v árias deseas süu acócs de: so no, auto-estima repe nt ina mente
poder la jus t ifica r p len am ente urna pod cm se r con seq üéncía e nao causa elevad a, fala excesstva, díficuldadc
tri st e za rna¡s intensa e duradoura da melancolía ern toca r a ate ncáo e c nvolvimcm o
Emb o ra esse t ipo de siru ac áo acabe com anvldadcs prazcrosas. porém
pro vocando g ra nde triste za na mai o - RISCOS DA MANIA perígoses - como compras e gastos
ria da s pessoas. passadas algurnas O te rmo "ma nía" costu rna ser enten- excessfvos, ates imp ulsivos, uso de
se ma nas o u me ses (dcpcndendo d o d ido pelos lclgos como um com po r- drogas, índíscrícócs e aum e n to d a
caso ), a te nde nci a é q ue o in d ivídu o tamc nto inu sitado e re pe ti tivo . Já anvídade sexua l.
re tome suas ativida des, apcsar da dor "m aníaco" dcscrcvc aoucle indivfduo O pacienree m mania nao pe rcebe
da pcrda e d a saud ade. Quando cssa que te m compo rt amen ta s ext re ma- a própria alterecño , tcru a im prcssáo
triste za se pro longa e , pnncipalmen- me n te desviados da no rm a aceita, de estar ext re m ame nte bem, como
te, se a tristeza inte rfcrc na vid a do gcralrncnte assocíados a perversóes. se vivcssc a rncl hc r fase de sua vida.
indiv ídu o , pro vavelmenre se tra ta de Para pro fissiona is d a área da saú de. Para ele, sao os out ros qu e tero pro -
um síntom a patoló gico . por érn, o termo "m ama" re presenta blemas. Em alguns casos, a pessoa
Multas vezes, a pcssca que sofrc o pó lo eufórico d o transtorno d e nessc estado, corn agrcssívídad c e im-
de tristeza pato lógica tem difículd ade humor. O curio so é que , apesar de pulsívídadc exac er badas, prec isa se r

52 MENTEIiICEREBRO M AR<;:02008
A pessoa ern
mania nao nota
fundam ental par a ajudar a pessoa bili ta~ao, com foco na "pskoed ucáo",
a se co nhe ce r me lho r, ficar ma is Ne sse mo me nto, o eco mpe nha -
alterac óes, tem a
ate nta a si, a prende ndo a reconhecer me nto psicológ ico cost uma ser de - impress áo de estar
sinto mas. Urna fu n~Ao importante da cisivo numa tar efa tao difícil quanto
ter apia é favorece r O com promeli- necessérta: a reconstru cáo da vida bern, para ela, sao
mento do pacie nt e com o tratame nto penoa l após um e pisódio afetivo, já
farm acológico, já qu e urna das prl n- q ue apó s urna ccorr énda grave da
os outros que t érn
clpais cau sas de crtses ~ o abandono dcenca é comum q ue a pe ssoa se problemas
de Iratamento. sint a em ocionalmente mu ito ateta-
Nas fases agudas da doenca, po- da. Ao melhorer; se constata q ue a
rém. O papel do psicólogo ~ )uportivo, vida profissiona l e a social podem ter
restringe.se ao apoio, com técn icas sido seriame nte abalada s e relaciona- cnanvidade e soctahzacáo. Ma .. há
de alívio do sofrimen to q ue facilite m mentos corn conjuge. filhos, a migo s um fato relevante. a hípornania é um
a eoesao ao tratamento med icamen- e fam ília de oríqem, deter iorados. indicador de Que a pessoa sof re de
toso, deixando para seg undo plano a Nos casos mets graves, é necess é- tra n..tomo bipolar.
necessidade de buscar ou discutir sen - rio o a uxílio de um acompanha nte
tidos psíq uicos para as crees, ¡á que os te re p éu ucc o u de um t erapeut a ESTADOS MISTOS
sintom as intensos do paciente tornarn oc upacio na l q ue a jude a pe n oa a Os slmomes d o tranctomc bi po lar
improdutivo o processo te repéuuco recobrar habilid ades simples, co mo nem ccrnp re se apresentam em blo -
mais apt'ofundado. Após a fase aguda, tom ar banho wzi nha ou ir 01 0 ban co ca, corno típico.. de de presséo ou
se faz necessénc um períod o de rea- saca r dinheiro. manta/htpomama. Compo namcruos
maníacos podcrn apa rece r no meio de
um epicódio depre..sivo - e vice-versa.
p ro tegi da d e ..i rm.....ma . j,1 que ne,..a pa ra ficar pa rada. nao con..egue se Quando exis te e....a "m¡..tu ra", o rece-
fase d o tran..to rno po d e comete r atoe co ncent rar cm urna única anvidadc e nhcdmcnto e o tratameuto fieam con-
dos quals se arre pc ndcr é no fut uro , sed¡..trai com facilídade. AIJ.luns che - fusos . co m quad ros depressivos cm
da¡ a ncce....idadc de intcr nacác e ru ga rn a epresentar ilu..óes auditi vas ou q ue a agit31030 é mareante, qcc oodem
dcrcrrntnadas ..ituac óc... É comum vtsuaiv e mamfc..tar cornponamcnrcs pio rar com o uso de antide pre..sívcs .
que, a p¡)~ o t érmino de urue cr t..e de paranoic os. E.... t'S stn tomav po dcru scr e mamas cum id é¡a.. depressfvas que
manta. o pac ie nt e ..e envcrgonhe de confundidos com 0 .-. de csoulzofrcnia. ..30 confundida.. com depressñ o. No
..uas amude.. (vtrqw,.{ro ,'fim,,). princi palm ent e se OCO ITC Ill no inicio cornec,:o do s éculo XX, o psiqui atra
A eu for ia pode ser defin ida corno d a docnca. Tamhém há probabilidade alcmño Ennl Kracpclin, que defimu
urna alegria cxcc....iva e e xag e rada , de ..u rgir críces de anocdade. de pám. a bace do.. d iag n ósticos psiquiá tricos
q ue ..e mantém inde pendc nremc me ca (com mal-e ..tar físico pro nun( iado , arua¡s, já tin ha desc rito lima s ér¡e
dos 3Contec ime ntO'> externo... A pes- ..udore\(', taqu ica rdia , falta de a r, de va ria¡;i'K:s dO'> ch am adO'i -es tados
'>OJ Ilt...~ (,....tado aprt"'>('nla ol imi\l1lO vcrti gem etc. ) ou sintoma.. o b..es..i- m i..tos -. Trat a-se de um a fom la po ·
exacema do e 'le relaciona cOln pc-.1oOa" vos. N em todas cs.-.as m an ifc..... t~ñes te ncial men te g rave do tra nsto rno,
com muita facilidade, prindpalrnem e aparecem cm llma cr;<>ede mania, m as po i.., qua ndo há m i..tu ra de ag itac,:ao
quando '>C trala de estranh!:)f,. Na<> for- podem dificultar o diagnÓ\tlw . e pensarncntO'> de morte temperad o<;
ma.. mai.. J.,'fav~, c hc~a a acredilar que Te cn ic amen te , a h ip o m a n ia é com grande im pu lsiv idade, í> risco de
pode c;er famo<.a . ÉcomUl11 Quc ocorram urna fa"t' de m ania mai.. leve, com OCOITe'r ~ idd io é enorme. "'0<
muda "Vls súhitas <k hu mor: quando <oc 0\ mt-..mos ..intoma.., porém meno!>
kmhra, porcxcmplo, da mort e da m.1c, intenso.-. e evidente... Na prálica, PARA CONHlCER M
irrompe (,'111 pranlCK, par a depoi.. dc pode 'oCr considerada -invisíve r . poi ..
algum minutO'> conlinuar a rir. em ge ral pa..sa des pe rcebi da e pode Enigma bi pol ar _ Conseqüendas,
d iagn ósticos e t ralamentos d o
A pe'>'iOa le nta fazcr mui la.. coiYS <,er interp relada wmo urna fa~ de transtomo bi po lar. Teng CheiTung.
ao m~mo te mpo, 1em dificulda d t" ma io r produ ti vidade no Irab alh o , MG Edito res. 200 7.

WWW.MENTECEREBRO.COM.BR MfNTC&CÉREBRO S3
POR LEE FU-I

Falta de rotina, excesso de estimulas, ruptura do ciclo


sano-vigilia e prsscrícáo muitas vezes indiscriminada de
antidepressivos podem antecipar a expresséo dos sintomas
maniacos em críancas e adolescentes

pesar da cons tat acáo de que a maio ria dos pacientes


A cc m o t ranstomo bipolar (T B) marufesta síntoma s da
docnca ainda na in fancia, a fo rma prcco ce o dist úrbio fo¡
freqüen ternc nre subdiagnosticada d urante q uasc todo o
... éculo XX e 56 ganhou relevancia depois dos anos 70. l-lojc,
cmbora sua ocorr éncia entre ena ncas e adolescentes seja
indiscut fvcl, dúvid as e polémicas ainda cc rcaru os índices
epidem iológicos, as características clínicas, o cu rse da docnca
e os prc g nósticos. Um a revisác das pesqu isa.. co m as dcen cas
afctivas ncssa faixa etária most ra que as maíores dific u ldades
sjo a falta de especifi cacño. a urilizac áo náo-padrcruzada
de c rh érios de diagn óstico para en ancas e a vanedadc da
populacáo escudada .
Evidencias sugerem que a prevale ncia do T B aumcnto u em
gcrec ócs mais recentes e q ue isso nao se devc apenas ao maio r
número de casos di ag nosti cados .
. Entretanto, nido indica que esse crescimc nto tenha sido
provocado por mudancas ambiemais . falta de retina , acesso
a estímulos durante 24 horas do dia, maior ruptura do ciclo

i

so no-vigflia e presc ricáo de est imulantes e antideprcssivos podc m
an tccipar a expressño dos sintornas maníacos.

WWW.MENTECEREB RO.COM.BR MENTE&CÉREBRO 55


a prevalencia, o curso da doenca e a
rclacáo cc m os transtornos mani fest a-
dos na filse adulta. A tende ncia é que
sejam estipulado s c nt énos unive rsais
ada ptados para diag nóstico nas dife-
rentes fases de dcscnvolvímento. corn
stntomac equivalentes ou substitu tivos
para enancas e ado lesce ntes.
Variam rnuito a prevalén cía e a
inci de ncia de T B p rccoce . As dtfc -
rencav entre as po pulacócs est udadas
- enancas da comur ndade. pac ientes
S ambulatorta¡s psiquiátricos , pacien tes
iambulatortaís pcdiátncosou pac ientes
1, internados, pcdiétricos ou psiquiátri-
cos - influenciaram os resultados. As
!baixas prevalen cia e incide ncia ou a
•varíacáo de índ ices rambérn pcdem
o uso PRECOCE d e droga s e alcocl ag rava o s sintoma s e m pe ssoas co m
dccc rrer do fato de q ue as rnanifesta-
pred i sposi~ao ao d ist úrbi o
cóes co nside radas cxcecócs em adul-
o uso p recoce de élcool e drogas Atualmcmc, d iversos aspec tos so - tos sao comuus em enancas. Po r ísso,
agrava os stn romas do TE cm pcssoas bre o transtornc antes da fase adu lta muttosprcñssíonats nern inclucrno TE
predrspos tas JO dístúrb¡o. M as, se rais co ntinuam em d iscucs áo e aguardarn entre as powihilidades de diag nóstico
[atorespodcrn eleva r o risco de desen - c onsenso e n t re es pec ia lis tas; os infant il - o que termina por difi cultar
volver a doenca, tarnbérn possíbíhtam crn énos de incl us áo e exc lus áo de o tratamc nto.
que cstrat égies prevent ivas e farores de pe squises ,>jo pouco de finid os ; há Para complicar, o qu e nao é ráo
prcrecáo sejam adorados. d esn ivel no trct narncmo do s pesqut- c ornum cm adultos po de apa rece r
A fa lta d e d ad o s evolu tivos , sadorcs de campo ; existe de fi c ienc ia com mais Ireq üéncta c m e nancas.
po rém . impede qualquer concluséo d e instrumen tos d e apoio dtagn ós - estados mistos, ciclos ráp idos , prc -
seg ura a rcsocüo da influencia dcsscs rico e contro le de evolucáo clínica, senca d e sintcmas pstc óuccs, alta s
[ato res. porque o aparente aume nto pr ot o col os de pesq uisa n ao sao taxes d e comorb tda dc e prejuizo
da raxa de manía pode reflenr pr éucas específicos e no te-se g rande vartac áo pstcossccta l severo . C rtancas com
d iag nóstica-,, mudancas d os [atores de p reva le ncia e/ou inc ide nc ia de TB TB sao co m freqüéncía identificadas
d a rnorbídade ínerentcs 11 é poca e na in fancia e na ad o lesce ncia . co rno se tívessem tranctomo de déficit
disponibilidadc da amos tra, Em relac áo ao primeiro aspect o, de ate ncáo e hiperanvidade (T DAH )
algun s tra b alh os mo stram nao se r e adolesce ntes co m doenca b ipo lar
CONCEITOS-CHAVE necess ér¡o de se nvo lve r um cntér¡o (lJtr arligo /ll/ pdg, 6 2) '><10 munas vezes
especifico para tran ctom ov afcuv os con fu n d i d o s c o m port ado re s d e
• A maioria dos adultos com trans tomc dos 7 ao s 16 anos, mas é sab ido q ue o
bipolar (fB) relata sintomas da doenca tra nsro m o de pcrso nalid ad e ou es-
d e soe a infanda. O aumento recente nivel de dcscnvolvúne nro psico ló gico quizofrenia. Essa d tfl culdade po r parte
da freq üend a do diagnóstico pode ser
reüe xc de mudan~as ambienta is como de urna ena nca rcm papel impo rtante dos proñ sstonaís co rnprcc nsfvel.
é

falta de rotina, acesso a est ímulos, na expressáo de smars e ruanifcstacócs urna vez q ue sín to mas presentes em
miliar ruptura d o ciclo scno-vtqñta e
prescril;ao freq üente de estlm ufante s clínica'>. Também vanarn CO Ill a ldadc transtomos disruptivos (hip cranvída .
e antidepressivos. Ah~m dtsso, o uso
mais preccce de álcool e drogas pode
agravar os sintomas ou an tecip ar o
desenvolvimen to do distu rbio.
• O l B em jovens costu ma se LEE FU-I é méd ica supervscra d o Servirc de Psiquiatría d a Infancia e da Ad ole scencia
manifestar, primeiro , CDm um quadro e Coord enadora d o Am b ulatór io de r raostomc Afetivo (ATA) d o Inst ituto de Psiquiatría
depresslvo. Cerca de um terco dos d o Hosp it al das Clínicas da Faculdad e de M edicina d a Universidad e d e Sao Paulo.
pacientes com o transtomo de inicio
prec oce ja este ve Intern ado e menos de Este artiq o fo¡ adaptado d o livro Translorno bípolor na infancia e Odo1eSCf?ncia, com
35% recebe u educa~ao es pecial. autor izat;ao da Segmento Farma.

56 MENTE&CÉREBRO MARC;:O 2008


Muitos profissiona ís
nem sequer inclucrn
o TB entre as
possibilidades de
diagnóstico - o que
termina por dificultar
o tratamento

d e, agrcss lvtdadc e co mpo rtamcn tos


an t t-soc tat s) po de m a co rr er cm
cria r cas com TB. A con fusáo aume nta
quando os adolescentes se rnostrarn
particula rmente ex p los ivo s ou de -
sorganizados e con seqücnte me nre
mil is vulner ávets a agrcssóes físicas e
a problemas social". PAPEL DA FAM íUA É FUNDAM ENT AL: se os pa i s na o compreen de m o probl em a do
É cornum q ue o T B com in id o filho , a des áo eo t ra ta m e nto @ p rfOjudicada
prccoce se mantfes re primeir o por
um quadro depressfvo . Im rc crtancas ter ah cm ad o co rn ag itac;ao; síntomas a dep rcsséo d e in ic io p rccocc reque r
e ado lesce n tes de primidos , 20 % a psic ónco s, reac óes d e (h ipo) ma nia cuidados o q uan to antes, para que se
30 % pod e rn desenvolver episo dios a pós uso d e anüd epressjvo, hiper- evítc m prej ufzov no dcsenvotvírnenro
maníacos até cm 24 meses segut ntes . sor na e híperfagía, h¡.. tó ria familiar e no functonarnentoglobal do jovem.
Esrudos da década de 90comtataram positiva pa ra transtornc b ipo lar. Essas Algu ns pesqcísado res dcfend em
que g randes p ro po rc ócs d e cria n- c arac te ríst icas ramb ém sao sína ts a i d é¡a d e que a s en anca s c o m
cas em tra tam e n to por d eprc sséo predu tvos e [a tores de risco para T B d e in ic io precocc j á tin ha m
dcsenvolvíem sínt omas var iad os de posterio r aparccimcntc d e epts ód¡o temp eramento disti nto d o d e seus
TB e freq ücn tes episodios man íacos . man íac o cm enancas de p rim idas . pares ant es mes illo d e de se nvo lver
Segundo urna h íp ótese polémica, O es tad o misto dep ressivo é u rna a doenca . No cs rud o pub lic ado e m
gra nd e pa rle - se nao a maíor¡a dos aprescntacéo cornum no T I3 ti po 2001 pel o gru po de Findhng, os pa¡s
casos de deprcssáo infant il - cvolu i 11, e os pacie ntes com sin to mas d a de screvcm os ftlh os po rtad o res de
pa ra T B. O g ru po de Ro ben L. hip oman ¡a que oc c rrem durante um TE co mo cr ónicamen te pe rt urbados
1 Findling , dirctor d a Dívt sáo de P.. i. cpísódto dep resslvo pod erta rn sugerir e irrit ad os nos pe ríodos de estad o
I q uiatria de Cria n~a s e Adol esce ntes a bipolartdadc. C omo os stntor nas de misto , h ipoman ia ou ma nía , e rnais
¡ d o s H o spi ta¡ s Llni v ersi t érlo s d e aumen to de ativídadc easensacáo de irritados do que triste s cm pe ríodo
! Clcveland e professo r associado de "estar cheio de energía" muitas vczes de de prcssáo . M a nifestam ta rnb érn
I pcdetrta e psiquiat ría da U ntvcrstda- II d U s.iio vistos como prc ocupantcs. o s irriracáo, mcsmo em mom e nto s de
J de Case W estcrn Rese rve. tnvesugou episodios de h ipo mania podcm nao hum or mais eq uilibrado .
11 em 2001 pacien tes de 5 a 17 anos constituir urna qu eixa para o pac iente
~ po rtad o res d e T B·ti po I e o bse rvou o u até pessar despe rccbtdo s. PE RIGO DE SUiciDIO
! que ce rca d e me tad e deles já tinh a A deprcssáo q ue ccmcca na ado- O p rofissíonal da saüdc men tal qu e
~ t ido e pi s ódíos de presswos .
I A fase depresstva do T B infan til se
j caracte riza por in ício multe prccoce
lesce ncia parece continuar na vid a
adulta , e há evide ncias de transmissáo
familiar. Por se r urna patolog ía reco -
assíste ena ncas ~ adolescen tes C0 111
TB deve aten ta r para a p n:se n c;a
de id cac áo suici da d uran te todo o
~ (antes dos 13 anos ); retardo PSiCOffiO- nhectdemeraecichca.sabe-sehojc que ecom pan hame n tc dcsses pac ientes.

WWN. M ENTECEREBRO.COM .BR MENTE.&CÉREBRO 57


com diver:,o<; qca d ros de into xica<;.lo
e ecidcnres. wm que secogue rratar-w
de: tentativ a de snodio. e meno<; ainda
que (lonadofl'" de transtorno do ....m 'lCK,
..o b R:tuoo TE. lnfehzmcnre, a ma ioria
das t:quipc.-<; que presta 'oC.'TVH;os a ('<.~
peccrnc.. aírda C'>Iá dcsorcrcreda para
abo rdar, avahar e condunr os C3'oO\ cm
pronn.....ocorro. Puuc O'> .,jo os bo ouais
com especialista.. na eq uipe capazos de
avaliar CSS3 S ocorrércias.
A avahecáo psiquiátrica no pronto-
s ocorro já representa urna mrervencáo.
J enanca ou o adolescente é oovido, e

C0111 iw ) podc scnrtr qcc scv pedrd o dc

ajud a foi ate ndido. Eventos agudos de


vida também t ér n ridn sua ocurrencia

__..1f
a
assocuda mandestecáo de uma séne
de dl\türbicJ<. psíqutérncos. principal-
me nte depressáo , transtornc, de co n -
EQUívoco: ad ultos muititi vezes lk-sc:omideram o d'l<lCJ"IÓ'tico de TBe in$i~tem que Oi dure. anorexia nervosa , aros suicidas,
jowoos wjam tratados com ~ para TOAH visando rndlofar rendilllffito eKola r abe-o de drogas e difculdadc e-colar.
Analisen do urn a amovtra na o -

DUAS É importante que '>C' avaliem os falo , cl ínica de ena ncas e adolesc entes.
res de risco . Por cxernplo . ..internav concratoc .sc urna relacác de even tos
POSSI BILlDADES dcprcsst vov e hrpcmen facos. com maiore.. re pent inos, ocomdo, num
lB TIPO I - manife st a ~ ¡ o atencáo especial no, estados m istos e perfodo de dais 01 110\, com a mudarca
na qual o cor r em um o u síntomas psic éricos . tentativas p révia s de comportarncn to e problemas cmo-
ma is epi sódios maníacos o u de su icid io , abu..o fí..reo. emocional cíonatc cxplrcitoc, além de urna liga<;ao
mist os. Afeta apena s 1% da ou sexua l, abu ..o de su bs ta nc ias ..ignihcativa e nt re acontccirnentov
pcpu tacác e a presenta fa ses pstcoenva.., g rau de im pulcividade , regauvo, e mamfesracócs de problc -
de ma nia plen a, qu e pode presenca de arma.. de fogo c m casa e ma~ cm ocionai-, c co mportamc rua¡c.
da r l ug ar a urn a profu nda falta de suporte farml¡ar. Ixtudov de monstrarn também 1I1<1 iOl
depressac. Ne na fo rm a sao ()., pai.. também dcv cm ser críen - incidencia gera l de transtornos po;iqui-
co m uns síntoma s pslcótlcos, tados quanto aos ..inais que denuncíam éuico, no ambiente fam iliar de pe...soav
corno delirios e a l u d na~6e s. urna po,..ívcl idcacáosuicidados fil hm CO tl1 problemas memais. dcwio ou

e remover do alcance da enanca tod o.. prcdisposicáo a e'i~ cuadros.


1 8 TIP O 11 - ocorrem um ou
O<; agentes [eraisco mo armas, venenos
ma is episódi os depresssvc s e medic amentos. E devem zcla r pe lo ESTRESSORES EM SINERGIA
acompanhad os por ao U'iO da mcdicacáo presenta. O cnvol- Outras pesq uisas sugerern que rrue -
meno s urna m a n i fe s t a ~a o vimento da fami lia é fundamen tal , rac;OC'"'i di..funcio nais na fa-.c inidal da
de hipoman ia (fase sob retudo para ev itar a r üc-adcréncta vda R."\Ultam cmpcrceocóes di\torcidas
maníaca curta e bran dal . Ola rratamenro. Com o su~ imen to de ~a tiva\ de ..¡ mC'\OlO, do mundo e
As depre ss óes podem ser i"';meTO'> fatorcs de n-eo, torna-se ne- do futuro , que pcrsisuriam a de...pcito
p ro fund as, m e smo qu e cessário avaliar a \Cgurall\a de mantcr de novas ex perienc ias , pre di"f)(mdo
dem orem a se ma nifest a r. 0 5 a criall\a ou adol l'\C.:ente l-nl regime de o ind lvíduo a de-.env olver tran..tor-
sintomas sao se melha ntes tratamento amhulaturial. na ~ d c pn:\\ ivo... Deficiencias nm
a05 do ti po 1, mas preju dica m "'O<; ühimos anos, um CTcscente rcladonamenlO'> preuX:D rNJltariam
m en o s a vida d a penoa . número dl' crian <;as e adolesce ntes muna trajCtória negativa na infanda,
cntram na.. unidadl-<; dt." emergenc ia predi ..potldo a tranSIOm O'i em()ciona i~ .

58 MENTE&CÉREBRO MARt;O 2008


Entre jovens
deprimidos, de
20 % a 30% podem
desenvolver
episódios de mania
nos dois anos
seguintes

TIPOS CLíN ICOS


Em debate promovido pelo Instit uto
Na cional d e Sa ú d e Menta l dos
Estad o s Unid os (N IM H) em 2001 ,
pesqvtsedores concluíram hever,
na prática clin lca, da is t ipos de
crtencas descritas como lB: as que
apresentam todos os sintoma s e
caracte rísticas ex ig idos pela quarta
edi ~ao do Manual de diag nóstico e
f!s rorístico das perrurbat;óes me num
DSM-IV par a lB tipo I ou tipo 11 e m eio científico, ainda es ta c e m (hl po )ma nla) e o intermedióri o 11
as qu e apresentam ap ena s alg un s debate e nao cc nstam em nenhum (n30 ep reseneem humor e ufó rico
sinto m as de transtorno bi po lar, crité rio oficial de di agnóstico. nem g ra ndiosida de, mas slm a u-
mas nao os princi pals - sofre m de O primeiro é o bem definido: mento de Irr it abi lidade e o ut -os
instabilidade cró nica d e hum or casos qu e preenchem totalmente sfn t o m as d e ( h ip o) m a nia com
e te m se u funcion amento glo bal os crtt értcs d e D5M -IV pa ra TB d ura~ 3 0 prol ongada).
s e ve r a me n t e com pro m et id o . tipo 1, co m presence obrigatórla O t ercet rc tipo é cha ma do
Po r a p r e se n t a r e m se m e n te de humor e ufó rico ou exalt ado e aeveq utocoo grave de humor. Sao
al g uns s intoma s, geralm en te ma nia de g randeza. Os e pls édtos crtencas se m pre mal- hu mo ra das
r e ceb e m d iag n ó stic o d e lB d e vem te r a du r a ~ ao ex ig id a o u tri ste s, que rea gem exagera-
se m cu t ra s e spe ct t fcec ñe s, pe lo D5M -IV, bem co mo iníclo dame nte a es tímu los emocionai s e
Em 2003 , a p e squlud ora e fi m de ca d a fa se d ef ini d o s. ambien ta is. Apresentam também
a m e rica na Ellen l e lb en luH e Os i ntermediórios, g eralm en - hlperañvldade motor a, d¡ stra ~a o,
colega s suge rira m a d efjn i ~ a o d e t e, recebem o d ia gn ó sti co d e imonla e pe nsa me nto a ce le rado ,
t re s t ip o s clínicos, c1ass jfic a~ao (hipo) ma nl a sem o utras especl- co m freqü éncla apro ximada d e
qu e está e m ava lia~ao p elo ttcac óes, seg undo os crit é rlos de tr és o u ma is ex ptos óes de ra iva
NIMH ant e s d e se r ad ot ada D5M -IV (T B-SOE). Há o intermedió- por se ma na nu m períod o de um
co mo c r it é rlo d e d ia g n ó st ico tio I (com binam stnto mas de e ufo - me s. Co st umam te r pr o bl emas
no s Est ado s Unid os. Seri a m na ria e exa l ta~ao ou grand iosid ade e de rela ciona me nto co m os pai s,
realid ad e q u alro t ip o s, po is o curros srnto mas d e hipo(ma nia), irmaos e coleg as, o qu e dificulta
chamado lntermedt ério t em duas com episó dios ge ra lme nte de a socializa~ao Nes se t ipo, é pa r te
subd ivlsoes. Essas ctesstñcecóes, du ra~¡o ma is curta q ue a ex i- do d iagnóst ico a histó ria famili ar
ape sar d e qua se un án im e s no gida pe lo DSM -IV par a crtse de po sit iva de tr anst orno afetivo .

Vv\Y'N.MENTECI REBRQ.COM.8R MENTE61CÉREBRO 59


Écomum que
os pacientes
manifestern grande
irritacáo, mesmo
em momentos
de humor rnais
( equilibrado

IMPORTANTE SABER A teoríadodesamparoaprendi-


1. Multas crte ncas com tra nsto rno bipolar (TB)apresentam curso e evolu- do, prcposta po r Ma!!i." Se ligman,
'tao do distúr blo de form a id éntke ao q uadro de transt o rno de d éficit de na década d e 70, sugcrc que a
ate ncáo e hiperativida de (TDAH). Se um caso de l B nao é reconhecido e expo sicño a eve ntos estresso rcs '
é trat ad o como TDAH, o pacie nte pode até melh o rar inicialmente. pots a cró nicos, ínconrr ol évcís e impre-
medica'tao (meti lfe nldato) cont ro la a impulsividade e a hiperatividad e por visiveis, mes mo cuando os cuidados
alguns meses o u até por um ano. p e pots, a piara q uase ce-te.
é
parenta¡s sao adeq uados. predisp óc
0\ indiv iduos a desenvolver quadros
2. Por ser menos cornum. os pals e os cuidadores mu ltas veze s d esconsl- dcpn..ssivos. Existe aindaa posabilidade
der am o diagn óstico de l B e insistem pa ra q ue o fil ha seja tratado como de que urna parcela significativa de difi-
TDAH (met ilfenid at o) por echar qu e com 15m po der áo obter m elho ra do
culdadesvivcncíadasdecorra da própria
rendlmento esco lar de forma ma is rápida. vulnerabtlídadc causada pela dcpresséo,
3. Eroalg uns casos, nao ha ene racao evidente de hum o r para a man ia, e sim como sugerido cm estudos ant erio res.
au me nto da irritabilidade persistente após o uso de medlcecác pa ra TDAH . O fato de a crianca estar deprimida a
Quando uma enance que semp re foi inquieta e htperatíva fka "calma", os toma mais vulncr ével a experimentar
familia res ficam aliviados, e mud an ces para fase s de humor de pressivo novos es tressores. piorando o estado
pode m pas sar despe rce btdas. Muitas vezes, nem os profissionais da saúd e noma espiral descendente. Em 2000,
menta l valorizam esses relatos de rnudan cas de co mpo rta men to. T. C. Eley e I. Stevenson estudaram
4. Mudances de humor ao longo de um mesmo dia podem ser comuna. 61 pares de g érncos e enconrraram
Os pars e educado res nem semp re not a m a altern áncia e nt re fases de co rrclacéo signifi cativa entre eventos
emocso. lntc rmace es sob re a dce nca sao impor t an tes por q ue ajudam na relacio nados a pcrdas, stress na esco ta
identificat;ao dos sintomas e e uxutam o controle do TB. ou no trabal ho . prob lemas de rcla .
cionamcnt o familiar e de amuades e
5. Em sltuacóes ern q ue difícil visualizar o q uad ro chnicc principa l, em
é
prescnca de síntomas deprcsslvos. E 'i.53
deco erencla da inte rferencia de diferentes euerp rete cees sobre os sintomas
correlacáo nao foi encontrada com os
e os sinais do pacien te por par te dos cuida do res e do resultado de interv en-
síntom as de ansíedadc.
lOoes medicam entosas a nte riores, econselbe-se a realizat;30 de novo diag-
Em 2002, o pesquisador] . A Rice
nóstico, feito de forma imparcial, com coleta de ínfc rm acóes de múltip las
fon tes e c bservac áo do paciente (usando pOllea ou ne nhuma medtcacáo,
em ambiente protegido par a reor gani zar o esquema te rap éutko).
cccrde no u nos Estados U nidos lima
pesquisa so bre a et iolo g ía de sín tom as
dcpressfvos cm enancas e adol esce n-
i
6. Se e-lances, adole scente s e seus pals nao compree ndem o pro blema e nao
se co mpro metem com a terapia, a adesáo ao tratam ento med icamentoso
te, e xaminando a mfluén cia de gene -
ro, tdadc, suu omas de inquictacáo e ~
I
tam bém costuma se r baíxe . depressáo materna , e m urna amostra ....,1
7. O uso de e ntrcepresslvos e m crtences e adolescent es com TB deve ser de populacác de g érneos com ldade
evitado, sempre qu e possfvel. ent re 8 e 17 anos , de 1.463 famñtas.