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Editorial

Digital e sua importância atual no tratamento da


insuficiência cardíaca

Há vários anos, vem sendo discutido o papel do exercício e necessidade de hospitalização 8,9.
digital no tratamento da insuficiência cardíaca1. Os trials clínicos PROVED10 e RADIANCE11, com
Embora sua importância clínica nesta síndrome, a finalidade de demonstrar a eficácia e segurança
quando associada a fibrilação atrial, não deixe da digoxina em pacientes com insuficiência cardí-
dúvida, sua eficácia, quando o ritmo é sinusal, aca congestiva leve e moderada secundária à
constitui, ainda, motivo de controvérsia2-4. Esta é, disfunção sistólica do ventrículo esquerdo em uso
sem dúvida, o resultado de estudos não adequada- de digoxina e diurético (PROVED), ou digoxina,
mente conduzidos e do sucesso das drogas ini- diurético e inibidor de enzima conversora de
bidoras da síntese de angiotensina na melhora da angiotensina (RADIANCE), demonstraram que os
qualidade de vida e na longevidade dos pacientes pacientes que suspenderam o digital, em ambos
com falência miocárdica5. estudos, apresentaram piora clínica e da função
Os cardiotônicos digitálicos exercem moderado cardíaca, com menor tolerância ao exercício,
efeito inotrópico positivo no músculo cardíaco, quando comparados aos pacientes que mantive-
ligando-se às membranas dos cardiomiócitos e ram a droga em nível sérico de 0,9 a 2,0mg/mL).
inibindo a Na+/k+ ATPase delas. Atuam, conse- Até recentemente, o benefício da digoxina na
qüentemente, aumentando o sódio intracelular, mortalidade por insuficiência cardíaca não havia
que, por meio do sistema trocador de cálcio, au- sido devidamente analisada utilizando-se protoco-
menta, também, este e o inotropismo da fibra los randomizados. O trial DIG (Digitalis Inves-
muscular cardíaca. tigators Group) foi recentemente apresentado na
A ação inotrópica positiva do digital em dose Annual Scientific Session of the American College
terapêutica é uma propriedade não tão importante of Cardiology (março/1996); 7.788 pacientes com
como se admitia ser no passado. Em pacientes idade média de 64 anos, com classe funcional II-III
com insuficiência cardíaca, sua ação moduladora (NYHA) e ritmo sinusal, foram acompanhados em
neuro-hormonal tem sido valorizada, mais recen- 301 centros nos EUA e Canadá; 25% dos pacientes
temente, e inclui redução na atividade plasmática eram mulheres. O estudo preliminar avaliou os
da renina, diminuição do drive simpático, resta- que possuíam disfunção sistólica (fração de ejeção
belecimento da sensibilidade dos barorreceptores de ventrículo esquerdo menor ou igual a 45%),
e menor liberação de noradrenalina, com conse- embora, aproximadamente, 1.000 pacientes com
qüente diminuição do seu nível plasmático. Este insuficiência cardíaca e fração de ejeção superior
efeito neuro-hormonal permanece durante o tra- a 45% fossem seguidos como estudo auxiliar. A
tamento e não é dose-dependente. A combinação dose de digoxina empregada variou de 0,125mg a
das propriedades inotrópica e não-inotrópica pro- 0,5mg ao dia, baseada no algoritmo que considera
duz resultado hemodinâmico benéfico, que se idade, sexo, peso e função renal. Os pacientes
mantém, determinando melhora evidente da fra- foram randomizados para receber placebo ou digo-
ção de ejeção e redução da pressão de enchimento xina enquanto mantinham o tratamento com
ventricular6. diurético e inibidores de enzima conversora de
Desde 1980, vêm sendo realizados estudos mais angiotensina; 93% que entraram no estudo esta-
rigorosos e melhor conduzidos sobre o uso da digo- vam recebendo esta droga.
xina em pacientes com insuficiência cardíaca e Os resultados da primeira análise sobre todas
ritmo sinusal. As últimas análises destes estudos as causas de mortalidade em 37 meses de segui-
envolvendo 617 pacientes demonstraram, clínica mento revelaram diferença não-significante entre
e estatisticamente, o benefício desta droga7, tanto os pacientes tratados com digoxina e com placebo,
em relação aos sintomas, como na capacidade ao e que a fração de ejeção baixa e/ou superior a 45%

Rev Ass Med Brasil 1997; 43(1): 1-2 1


não influenciou no resultado. Eles evidenciaram, nio da disfunção diastólica do ventrículo esquer-
contudo, redução estatisticamente significante no do, havendo dúvidas, ainda, se ela é realmente
risco de morte decorrente da piora da insuficiência uma droga pró-arritmica em pacientes com falên-
cardíaca no grupo tratado com digoxina, compara- cia miocárdica.
do com o grupo que recebeu placebo; mas esse
A.C. Lopes
benefício foi contrabalançado por um risco acumu- Editor da Revista da Associação Médica Brasileira; Professor
lado de morte atribuído a presumível arritmia ou Livre-Docente de Clínica Médica e Chefe da Disciplina de Medi-
cina de Urgência da Universidade Federal de São Paulo — Escola
infarto do miocárdio. Paulista de Medicina.
A análise da morbidade, também, demonstrou
um aparente benefício da digoxina em pacientes 1. Lee C, Johnson RA, Bingham JB. Heart failure in outpatients.
N Engl J Med 1982; 306: 699-705.
sem arritmia. Os pacientes tratados com a droga 2. Fleg JL, Gottlieb SH, Lakatta EG. Is digoxin really important
tiveram 28% de redução no risco de primeira in treatment of congestive heart failure? Am J Med 1982; 73:
hospitalização secundária a piora da insuficiência 244-50.
3. Taggart AJ, Johnston GD, McDevitt DG. Digoxin withdrawal
cardíaca, comparado com placebo, com redução de after cardiac failure in patients with sinus rhythm. J Car-
risco de infecção pulmonar, presumivelmente in- diovasc Pharmacol 1983; 5: 229-34.
4. Young JB. Do digitalis glycosides still have a role in congestive
dicando menor congestão pulmonar. Houve sus-
heart failure? Cardiol Clin 1994; 12: 51-61.
peita de intoxicação digitálica somente em 110 5. The Captopril-Digoxin Multicenter Research Group. Com-
pacientes, e verificou-se que vários pertenciam ao parative effects of therapy with Captopril and digoxin in
patients with mild to moderate heart failure. JAMA 1988; 259:
grupo placebo.
539-44.
Em relação à mortalidade e hospitalização por 6. The German and Austrian Xamoterol Study Group. Double-
insuficiência cardíaca, a digoxina mostrou-se efi- blind placebo-controlled comparison of digoxin and Xamoterol
in chronic heart failure. Lancet 1988; 1: 489-93.
ciente, quando comparada ao placebo. 7. Jaeschke R, Oxman A, Guyatt G. To what extent do congestive
O estudo posterior de subgrupos sugeriu que heart failure patients in sinus rhythm benefit from digoxin
seu benefício é maior em paciente com menor therapy? A systematic overview and meta-analysis. Am J Med
1990; 88: 279-86.
fração de ejeção e maior cardiomegalia, e os resul- 8. DiBianco R, Shabetai R, Kostuk W et al. A comparison of oral
tados preliminares deste estudo sugerem que é milrinone, digoxin, and their combination in the treatment of
segura e seu benefício é incrementado com a asso- patients with chronic heart failure. N Engl J Med 1989; 320:
677-83.
ciação da enzima inibidora da síntese de angio- 9. Guyatt GH, Sullivan MJ, Fallen EL et al. A controlled trial of
tensina e diurético. Ela é bem tolerada e menos digoxin in congestive heart failure. Am J Cardiol 1988; 61: 371-5.
tóxica do que se advoga. 10. Uretsky BF, Young JB, Shahidi FE et al. Randomized study
assessing the effect of digoxin withdrawal in patients with
É importante salientar-se que, à luz dos conhe- mild to moderate chronic congestive heart failure: results of
cimentos atuais, a digoxina possui ação ino- the PROVED Trial. J Am Coll Cardiol 1993; 22: 955-62.
trópica positiva e neuro-hormonal, com efeito 11. Packer M, Gheorghiade M. Young JB et al. Randomized,
double-blind, placebo-controlled, withdrawal study of digoxin
benéfico mesmo na insuficiência cardíaca com in patients with chronic heart failure treated with converting-
ritmo sinusal e, até mesmo, quando há predomí- enzyme inhibitors. N Engl J Med 1993; 329: 1-7.

2 Rev Ass Med Brasil 1997; 43(1): 1-2

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