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O contexto da diáspora na construção da identidade

cultural: a experiência do personagem José Viana, do


romance Sem Nome, de Helder Macedo
Juliana Raguzzoni Cancian∗

Índice identidade cultural. Se o exemplo mais


emblemático desse fenômeno está no Velho
1 Introdução 2 Testamento, quando Moisés conduz seu
2 Diáspora – Reflexĩoes e implicações povo à Terra Prometida, contemporane-
na construção da identidade cultural 3 amente não cessam os exemplos em que
3 José Viana, peersonagem deSem se percebem eventos diaspóricos refletidos
Nome, e a construção da identidade no modo de pensar, agir e atuar dos seres.
cultural a partir de um contexto de Stuart Hall (2003) fala do processo como
diáspora 7 sendo um núcleo imutável e atemporal,
4 Considerações finais 11 que liga o passado ao futuro e ao presente
5 Referências bibliográficas 12 numa linha ininterrupta. Em outras palavras,
a fidelidade às origens pode ser encarada
Resumo naquilo que se diz acerca da tradição. Não
apenas na História a diáspora está presente,
A diáspora, enquanto fenômeno de espa- como efeito da zona de contato, mas na lite-
lhamento dos povos, se efetiva em dois ratura ela também aparece, interferindo nas
sentidos: diáspora pré-transnacional e personagens e na narrativa, e muitas vezes
diáspora transnacional, interferindo ambos como força propulsora da história contada.
sensível e diretamente na construção da José Viana, personagem do romance Sem

Jornalista formada pela Universidade Federal de Nome de Helder Macedo (2005), vive um
Santa Maria (UFSM), especialista em Letras, Lei- contexto diaspórico, tal que aquilo que se
tura e Produção Textual, pelo Centro Universitário tornou é resultado desta experiência. Viana
La Salle, UNILASALLE, de Canoas (RS), especia- liberta-se de seus temores, ao final da trama,
lista em Comunicação, Mercado e Era Digital, pela
Universidade Paranaense, UNIPAR, professora do ao retornar à pátria de origem: Portugal.
curso de Jornalismo da UNIPAR, campus Cascavel
(PR), e da Faculdade Assis Gurgacz, FAG, Cascavel. Palavras-Chave: diáspora, identidade,
Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Le- personagem.
tras (Mestrado) da Universidade Estadual de Maringá
(UEM). E-mail: julianac@unipar.br.
2 Juliana Raguzzoni Cancian

Abstract sua casa jamais se desapegam das origens, e


mantém através da tradição a cultura na qual
The diaspora, while phenomenon of scat-
nasceram. Isso se dá pela manutenção da lín-
tering of the peoples, if effective two-way:
gua, da religião, modo de pensar e agir. Mas
pre-transnational diaspora and transnational
essa cultura original, no contexto diaspórico,
diaspora, intervening both sensible and
está em constante transformação, de maneira
directly with the construction of the cultural
que novos costumes acabam sendo assimi-
identity. If the example most emblematic of
lados e interferem não apenas na identidade
this phenomenon is in the Old Will, when
pessoal como na identidade coletiva, que por
Moisés leads its people to the Promised
sua vez reflete a identidade cultural de deter-
Land, in this days they do not cease the
minado grupo.
examples where if they perceive reflected
Não totalmente desapegados da terra na-
diasporics events in the way to think, to
tal, aqueles que passam pela diáspora man-
act and to act of the beings. Stuart Hall
tém consigo o desejo do retorno, da volta ao
(2003) speaks of the process as being an
local do nascimento. Muitos conseguem esse
invariant and atemporal nucleus, that binds
feito, outros constroem a vida mantendo essa
the past to the future and the present in
esperança. De fato, parece que uma das im-
an uninterrupted line. In other words, the
plicações da diáspora está, além da hibridi-
allegiance to the origins can be faced in
zação cultural pelo efeito da zona de contato,
that if it says concerning the tradition. Not
no desejo de querer regressar ao ponto zero,
only in History the diaspora is present, as
por um processo consciente ou inconsciente.
effect of the contact zone, but in literature
A História, enquanto relato que preserva
it also appears, intervening with the per-
os acontecimentos ao longo do tempo, ou
sonages and the narrative, and many times
pelo menos uma versão desses acontecimen-
as propeller force of counted history. José
tos, está cheia de eventos diásporicos, seja no
Viana, personage of the romance Sem Nome
período de formação de colônias e ocupação
of Helder Macedo (2005), lives a diasporic
dos espaços territoriais, ou modernamente,
context, such that what it became is resulted
quando povos vão em busca de melhores
of this experience. Viana is become free of
condições de vida e trabalho em outros paí-
its fears when returning to the origin native
ses. Mas não apenas ela é inconfundivel-
land: Portugal.
mente marcada pela diáspora. As histórias,
significando relatos verdadeiros ou fictícios
Key-words: diaspora, identity, character.
a partir de narrativas construídas por auto-
res, também são influenciadas e encontram-
1 Introdução se matizadas por este elemento que é próprio
da vida, seja de pessoas ou de personagens.
Diáspora significa o espalhamento dos po-
José Viana, personagem de Sem Nome, ro-
vos, que saem de sua terra de origem para
mance do escritor português Helder Macedo,
concretizar a vida em outros países ou em
publicado em 2005, vive uma experiência di-
outros continentes. Seja de forma forçosa ou
aspórica por cerca de três décadas. Essa ex-
por opção própria, os povos que abandonam
periência influencia na construção da iden-

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O contexto da diáspora na construção da identidade cultural 3

tidade cultural dele e dos que estão na sua migratórias atuais, em que povos do terceiro
convivência. Viana também guarda consigo mundo, em especial, buscam novas e melho-
o desejo do retorno a Portugal, da onde foi res condições de vida em países desenvolvi-
afastado por motivos políticos à época da di- dos; aí está a diáspora. No primeiro caso,
tadura salazarista na década de 70. Ao final parcelas das sociedades foram mandadas das
da narrativa, Viana está liberto de seus fan- metrópoles para as colônias para encabeçar
tasmas, e a maior prova disso é poder reto- a tarefa da ocupação dita civilizatória. Esse
mar a vida em território luso. Mas já não é processo foi seguido, tempos depois, das re-
mais o mesmo, já que foi moldado à luz da ocupações dos espaços pelos escravos ne-
mistura de antigos e novos costumes, de anti- gros, após as nações locais terem sido dizi-
gos e novos sentimentos. Acerca da diáspora madas por diversas razões (trabalhos força-
e do personagem José Viana falaremos daqui dos, guerras contínuas, doenças desconheci-
para frente. das para os nativos e trazidas pelos brancos
europeus). Já no segundo, a complexa rede
mundial de formação de blocos mandatários
2 Diáspora – Reflexĩoes e
de modelos econômicos subjuga os mais fra-
implicações na construção da cos, impelidos a buscar alternativas de sobre-
identidade cultural vivência e trabalho em outras terras que não
as suas de origem.
Talvez o exemplo mais emblemático do con-
Dentro desse quadro, o modelo caribenho,
ceito de diáspora possa ser resgatado da His-
exposto no artigo Pensando a Diáspora –
tória e, ainda que longínquo, mostra-nos de
Reflexões sobre a terra no exterior, de Stu-
maneira representativa que tipo de reflexões
art Hall (2003), é também exemplo do que
podem ser emprestadas ou transpostas para
se disse. O artigo, publicado em Da diás-
os dias de hoje em plena era de troca cultural
pora: identidade e mediações culturais, foi
e da chamada hibridização no mundo global.
escrito a partir de uma palestra apresentada
Trata-se de uma cena bíblica do Velho Testa-
como parte das comemorações do qüinqua-
mento, em que o chamado “povo escolhido”,
gésimo aniversário de fundação da Univer-
levado à escravidão no Egito, é guiado pelas
sity of the West Indies (UWI), realizada no
mãos de Moisés em caminho à Terra Prome-
campus de Cave Hill, Barbados, em 1998. O
tida. É uma narrativa de libertação, que fala
artigo fala sobre as experiências diaspóricas
sobre algo especificamente humano, seja em
tanto de africanos inseridos como escravos
que tempo for: a crença na redenção, a fuga
no Caribe pela colonização britânica, quanto
da opressão.
de afro-caribenhos que migraram para Lon-
Em pleno século XXI a imagem da diás-
dres (ou para o Canadá, ou Estados Uni-
pora pode ser resgatada. Desde os modelos
dos) e lá constituíram nova vida, compondo
coloniais, em que Nações-Estados constituí-
uma minoria étnica que se identifica com as
das buscaram a formação de verdadeiros im-
comunidades britânicas negras. Em todo o
périos pela apropriação e ocupação de terras
caso, para aquele que muda de lugar, há sem-
no Novo Mundo, ou mesmo em outros con-
pre um forte sentimento de identificação com
tinentes, como o africano; até as correntes
a cultura de origem, mantida através de cos-

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tumes, crenças, língua ou sentimento de que- de suas terras e colocados nas Améri-
rer, um dia, retornar. cas para trabalhar nas fazendas do Novo
Mundo. A diáspora transnacional in-
Os assentamentos negros na Grã- clui trabalhadores de indentured labour
Bretanha não são totalmente desligados no século 19, e deslocamentos contem-
de suas raízes no Caribe. O livro Nar- porâneos por causa da fome, guerra ci-
ratives of Exile and Return, de Mary vil, desemprego, prostituição, sedução
Chamberlain, que contém histórias de do mundo industrializado (SPIVAK apud
vida dos migrantes barbadianos para BONICI, 2005, p. 23).
o Reino Unido, enfatiza como os elos
permanecem fortes. Tal qual ocorre Explica-nos Bonnici (2005) que essa diás-
comumente às comunidades transna- pora chamada transnacional pode ter a dire-
cionais, a família ampliada – como ção Sul-Norte, envolvendo caribenhos, afri-
rede e local da memória – constitui o canos e asiáticos que emigram às antigas
canal crucial entre os dois lugares. Os metrópoles para trabalhar; e uma direção
barbadianos, sugere ela, têm mantido intra-continental, causada pela fome. Como
vivo no exílio um forte senso do que é exemplo dessa última tem-se o caso dos reti-
a “terra de origem” e tentado preservar rantes brasileiros que saem do Norte ou Nor-
uma “identidade cultural barbadiana” deste em direção ao Sul ou Sudeste do país,
(HALL, 2003, p. 26). especialmente os estados de São Paulo e Rio
de Janeiro, em busca de emprego.
A essa altura torna-se necessário defi- Seja no modelo bíblico, no caribenho ou
nir de forma mais específica a questão da no brasileiro, o espalhamento dos povos,
diáspora. Thomas Bonnici (2005), em ocorrido por motivos diversos, parece carre-
Conceitos-chave da teoria pós-colonial, ex- gar consigo algo em comum: em todos se
põe a origem epistemológica do termo. Do percebe a promessa do retorno redentor, que
grego, diasporein, a palavra significa semear, nem sempre acontece, mas que se enraíza
a dispersão das pessoas. As pessoas dias- na mente das pessoas como um apego in-
póricas são aquelas que vivem longe de sua quebrantável ao lugar de nascimento e uma
terra natal, real ou imaginária, mas a ori- forma de se pensar na superação dos proble-
gem se mostra ainda enraizada pela língua mas mais imediatos pela possibilidade de um
falada, religião adotada, ou culturas produzi- dia, quem sabe, voltar à origem.
das. Gayatri C. Spivak distingue entre duas Hall fala, acerca disso, da formação de
possibilidades: a diáspora pré-transnacional uma concepção fechada de “tribo”, diáspora
e a diáspora transnacional. Elas seguem, e pátria. Segundo o autor, possuir uma iden-
como explicaremos, as tendências já menci- tidade cultural nesse sentido é estar em con-
onadas anteriormente: tato com um núcleo imutável e atemporal, li-
gando ao passado o futuro e o presente numa
A primeira aconteceu quando aproxima- linha ininterrupta. “Esse cordão umbilical é
damente onze milhões de escravos en- o que chamamos de ‘tradição’, cujo teste é
tre os séculos 15 e 19 foram deslocados o de sua fidelidade às origens, sua presença

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O contexto da diáspora na construção da identidade cultural 5

consciente diante de si mesma, sua ‘autenti- pertencia, em geral, pereceram há muito


cidade”’ (HALL, 2003, p. 29). tempo – dizimados pelo trabalho pesado
De qualquer forma, é difícil não comparti- e a doença. (...) Longe de constituir
lhar da posição do crítico, no sentido de que uma continuidade com os nossos passa-
a identidade cultural nesses termos se trata dos, nossa relação com essa história está
de um mito, a moldar imaginários, ações, e marcada pelas rupturas mais aterradoras,
mesmo, a partir disso, conferir significado a violentas e abruptas ( HALL, 2003, p.
vidas e a histórias. O poder redentor desses 30).
mitos está no futuro, por isso Hall os define
como aistóricos, isto é, ainda estão por vir, Nesse contexto, a diferença, no sentido de
e ao mesmo tempo alimentam a necessidade Derrida apud Hall (2003, pág. 33), diffé-
de esperança de um povo. Mas se a estrutura rance, se faz presente. Ela não está posta
dos mitos é cíclica, com retorno às origens, apenas num sentido binário, como alertou o
na História freqüentemente temos os signi- filósofo, já que isso seria limitador do pró-
ficados transformados. Aí se inicia o para- prio entendimento do que é a diáspora e de
doxo: a diáspora interfere na identidade cul- suas conseqüências na identidade. Portanto,
tural dos povos, de maneira que não se pode não se trata de dois pólos apenas de oposi-
concebê-la mais como apenas linear, suces- ção: a identidade colonizadora e a identi-
siva, como em processos analisados sob o dade colonizada, mas de identidades cultu-
viés da História corrente; ou cíclica, como rais construídas segundo significados e po-
nos mitos. Em verdade, os povos, e tudo sições sempre relacionais e em constante
que os representa, não começam nem termi- transformação. O pano de fundo que pos-
nam em fronteiras facilmente distinguíveis sibilita essa mistura cultural, o hibridismo, é
e, nesse contexto, nossos vizinhos acabam composto justamente pela existência de uma
tendo um papel fundamental na construção zona de contato, nos termos de Mary Louise
do ser que somos. O sentimento de pertencer Pratt (1999), que possibilita maior ou menor
é algo móvel, não estanque, construído, se- fusão de elementos culturais de todos os ti-
gundo Benedict Anderson apud Hall (2003, pos: africanos, asiáticos, europeus, america-
p. 26), a partir de um “sujeito imaginado”, nos:
que por sua vez faz parte de uma “comuni- (...) aquilo que chamamos ‘zonas de con-
dade imaginada”, que está sempre em jogo. tacto’, espaços sociais onde culturas dís-
É inegável que a sobrevivência se ancora pares se encontram, se chocam, se entre-
em manter esperança em algo. Mas quando laçam uma com a outra, freqüentemente
se trata de pensar as influências da diáspora em relações extremamente assimétricas
na identidade cultural, é preciso delimitar de dominação e subordinação – como o
que: colonialismo, o escravagismo, ou seus
sucedâneos praticados em todo o mundo
(...) Nossas sociedades são compostas
(PRATT, 1999, p. 27).
não de um, mas de muitos povos. Suas
origens não são únicas, mas diversas. Esse hibridismo resultante da zona de con-
Aqueles aos quais originalmente a terra tato, como expressa a autora, não é livre de

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tensão. Ao contrário, está inscrito em re- e espontâneos que antes possuíam tives-
lações de poder, representadas pelo próprio sem sido interrompidos por suas expe-
colonialismo, seja ele de que tipo for, pré- riências diaspóricas. Sentem-se felizes
transnacional ou transnacional. São momen- por estar em casa. Mas a história, de al-
tos de entrelaçamento de valores, culturas, guma forma, interveio irrevogavelmente
idéias, políticas, religiões, etc., e combina- (CHAMBERLAIN apud HALL, 2003, p.
ções que estão sempre em processo de nega- 27).
ção, assimilação, revisão, reapropriação.
Nesse contexto de subordinação versus in- Uma sensação de deslocamento profunda,
subordinação, a cultura se renova, se amplia, que parece não cessar mesmo quando há o
bem como a identidade cultural do povo sub- regresso. Sobre isso se tem que:
metido a essa trocas. Outros sujeitos são
construídos, e esses novos que surgem tem Não podemos jamais ir para casa, vol-
seu imaginário reformulado, remoldado à luz tar à cena primária enquanto momento
da zona de contato. O fato é que essa in- esquecido de nossos começos e “auten-
tersecção cultural e identitária propiciada no ticidade”, pois há sempre algo no meio
plano físico-geográfico pela diáspora, pelo [between]. Não podemos retornar a uma
dispersamento dos povos que saem de sua unidade passada, pois só podemos conhe-
terra de origem e passam a viver noutra, não cer o passado, a memória, o inconsciente
faz com que haja o abandono das origens. A através de seus efeitos, isto é, quando
origem se mantém, mas também se mistura este é trazido para dentro da linguagem
na nova situação de vida apresentada. Mas e de lá embarcamos numa (interminável)
há também, para muitos, o sonho, como já viagem. Diante da “floresta de signos”
dissemos, do retorno e, quando aposentados, (Baudelaire), nos encontramos sempre na
alguns conseguem fazê-lo. Entretanto, o sen- encruzilhada, com nossas histórias e me-
timento de pertencimento a um lugar tam- mórias (“relíquias secularizadas”, como
bém se transformou e a dificuldade de uma Benjamim, o colecionador, as descreve)
readaptação ao primeiro lar nem sempre é fá- ao mesmo tempo que esquadrinhamos a
cil ou direta, imediata, talvez até impossível. constelação cheia de tensão que se es-
Mary Chamberlain, citada por Hall, cole- tende diante de nós, buscando a lingua-
tou depoimentos de migrantes caribenhos no gem, o estilo, que vai dominar o mo-
Reino Unido, e seus entrevistados falam de vimento e dar-lhe forma. Talvez seja
forma eloqüente da dificuldade sentida por mais uma questão de buscar estar em
muitos dos que retornam em se religar a suas casa aqui, no único momento e contexto
sociedades de origem: que temos... (CHAMBERS apud HALL,
2003, p. 27-28).
Muitos sentem falta dos ritmos de vida
cosmopolita com os quais tinham se acli- Esse é justamente um dos motivos que
matado. Muitos sentem que a “terra” nos obriga a pensar a diáspora numa con-
tornou-se irreconhecível. Em contrapar- cepção mais ampla, numa reflexão em que
tida, são vistos como se os elos naturais está inconfundivelmente presa à construção

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de identidades culturais. Sair de casa, mudar protagonista. A história toda se passa na Por-
de lar não pode ser entendido apenas como tugal recente, em torno de uma jovem jorna-
processo histórico linear ou, como nos mi- lista chamada Júlia de Souza, de nome com-
tos, processo cíclico, como já se disse. E o pleto Maria Júlia Moraes Teixeira de Sousa
mesmo se pode dizer do retorno ao ponto de Bernardes, que em uma rápida viagem a
partida. A diáspora muda os que saem, os Londres se vê envolvida numa confusão com
que já estão e os que ficaram. a polícia alfandegária daquele país. Ainda no
aeroporto, Júlia é parada para interrogatórios
(...) a cultura não é apenas uma viagem após perceberem que seus documentos (pas-
de redescoberta, uma viagem de retorno. saporte e identidade) apontavam que ela ti-
Não é uma “arqueologia”. A cultura é nha 56 anos de idade, quando na verdade sua
uma produção. (...) Mas o que esse “des- aparência e fotos revelavam a idade exata:
vio através de seus passados” faz é nos tratava-se de uma moça de 26. O que era
capacitar, através da cultura, a nos pro- para ser um engano passageiro complicou-se
duzir a nós mesmos de novo, como no- quando Júlia, sem entender o que se passava,
vos tipos de sujeitos. Portanto, não é insistiu em dizer que aquela da foto era ela
uma questão do que as tradições fazem e que os documentos eram seus e mais, que
por nós, mas daquilo que nós fazemos não havia nada de errado com eles.
das nossas tradições. Paradoxalmente, Chamada a uma inspeção íntima e a pres-
nossas identidades culturais, em qualquer tar esclarecimentos Júlia apavorou-se, e re-
forma acabada, estão à nossa frente. Es- correu ao direito internacional nessas ho-
tamos sempre em processo de formação ras de aflição. Pediu para dar um telefo-
cultural. A cultura não é uma questão nema e a pessoa que chamou era o renomado
de ontologia, de ser , mas de se tornar advogado José Viana, português de nasci-
(HALL, 2003, p. 44). mento, como ela, mas que há 30 anos resi-
dia em Londres. Viana atendeu ao chamado,
Identidade e cultura estão assim de tal pois a polícia lhe disse que uma certa Marta
forma imbricadas que é impossível separá- Bernardo estava à sua espera. A confusão
las, e essas reflexões vem mais claramente à acentuou-se com essa troca de nomes, prova-
tona quando se enfatiza um processo diaspó- velmente um “t” no lugar de um “i” (Maria-
rico. Marta) e um “o” no lugar de “es” (Bernardes-
Bernardo), erros comuns de escrita nos docu-
3 José Viana, peersonagem mentos, até fáceis de serem corrigidos, mas
que nem sequer foram notados por Júlia.
deSem Nome, e a construção
Inicia-se o ponto chave da trama macedi-
da identidade cultural a partir ana. Uma Marta Bernardo havia sido amante
de um contexto de diáspora de José Viana, quando ambos eram camara-
das do Partido Comunista Português (PCP)
O personagem José Viana, do romance de
na década de 70. Chegaram a viver juntos
Helder Macedo (2005), Sem Nome, não é
por algum tempo, e a fazer planos de uma
vida a dois. Viana era, àquela época, estu-

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dante de Direito, portanto da chamada ala a Marta, e a construir enredos e desfechos


intelectual do Partido. Marta era secretária como se estivesse a escrever um romance, a
de uma firma, de origem mais humilde. Ha- história em torno do qual ela tece possibi-
via chegado ao Partido por vias mais difíceis, lidades é a vida de José Viana. Este, pela
era da classe operária, embora criada numa classificação proposta por Edward M. Fos-
família sem grande consciência política nem ter em Aspectos do Romance (1974), situa-
tampouco predisposta a heroísmos. Eles se se como personagem plana. Seguindo ainda
conheceram por acaso, depois de Marta ter pela linha de Antônio Cândido (2002), que
saído da prisão. Ela fora pega pela Pide1 , propõe uma ampliação da dicotomia perso-
interrogada, torturada, estuprada, e, como nagem plana e redonda, com uma nomencla-
nada tivesse revelado sobre os demais ca- tura para casos em que a personagem plana
maradas, solta por falta de provas. Aquela pode ressurgir em outra narrativa e tornar-
jovem moça à sua frente no aeroporto, por- se redonda, portanto “personagem plana com
tanto, não poderia ser a Marta que Viana co- tendência a redonda”, nos termos do crítico,
nheceu. Mas era de fato de parecença física, Viana torna-se mais concreto. Sua represen-
e ainda por cima tinha como residência em tação textual está sujeita a um tal aprofunda-
Lisboa o mesmo endereço que Marta e Viana mento, ainda que apenas no final da narra-
tiveram quando estavam juntos: um aparta- tiva. Trata-se de alguém cujas relações são
mento à Rua do Barão, quinto andar. previsíveis ao longo da história, mas com
Viana resolve-se com a polícia local, libe- uma abertura calculada pelo autor ao final.
rando Júlia da inspeção íntima e fazendo um Viana constrói sua vida diante de uma ex-
acordo com as autoridades: ela voltaria no periência de diáspora e sua identidade cul-
mesmo avião e corrigiria os documentos tão tural está marcada por esse fato. O perso-
logo chegasse em Portugal. Mas a dúvida nagem formou-se bacharel e teria de fazer-
permaneceu, afinal tudo teve de ser acertado se recruta, em preparação para os prescri-
rapidamente. Quem era aquela moça? Seria tos quatro anos como oficial miliciano em
a Marta? Mas como isso era possível? Sua uma guerra que considerava sem razão e sen-
filha? Não. Viana sabia que Marta havia fi- tido, em que os opressores também eram
cado estéril após as torturas no cativeiro. E oprimidos. No regimento dizia-se das pos-
como aquela mulher tinha seu telefone em sibilidades: Guiné, Angola ou Moçambique.
Londres? Viana e Júlia, ou Marta, ou fosse Estando em guerra, os militantes deveriam
quem fosse, trocaram e-mails, iriam se cor- subvertê-la internamente, e encorajar a todos
responder brevemente. a desertar. Viana preferiu a possibilidade que
Embora a personagem central, como se não estava nas cartilhas do Partido: ele pró-
disse, seja Júlia, que logo descobre que a prio desertar. Pegou um cargueiro para a Ro-
fantasia é possivelmente mais saborosa que terdã e fugiu em 2 de junho de 1972. Deixou
a realidade, e vive a sonhar ser outra pessoa, uma série de avisos para encontros às escon-
1
didas com Marta, para contar sobre a via-
Pide: Polícia Internacional e de Defesa do Es-
tado. Era a polícia política em Portugal na época da gem. Todos deram errado, e ele partiu sem
ditadura. dizer à sua amante para onde. Apesar de al-
gumas tentativas de reencontrá-la, inclusive

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através do PCP, e de um retorno breve a Lis- para o reino dos céus (MACEDO, 2005,
boa em 1974, antes da Revolução dos Cravos p. 117).
em 1975, Viana nunca mais soube de Marta
Bernardo. Talvez ela tenha sido presa, no- Um trecho que antecede essa passagem re-
vamente torturada, morta. Talvez simples- vela que, após o encontro com Júlia de Souza
mente tenha preferido a fidelidade partidária no aeroporto, Viana vai a Lisboa, tentar en-
ao amor. Nunca mais se viram até o episódio tender a série de enganos, e se eram mesmo
no aeroporto. enganos:
Não saber o que foi feito de Marta era algo
[...] E ele, em vez de ficar em Londres
insuportável para José Viana. Apesar de ter-
muito quietinho a rir-se de si próprio e
se tornado um advogado respeitável e de su-
dos seus involuntários símbolos, foi li-
cesso em Londres, onde defendia imigrantes
teralmente a Lisboa para tentar abraçar
portugueses comprometidos com irregulari-
fantasmas simbólicos. E saiu de lá com
dades diante do fisco, e só a compatriotas, o
o pensamento fixado na linda menina e
“senhor doutor” como era chamado por to-
num agrupamento político com o nome,
dos, não se recuperou. A culpa de ter dei-
está-se logo a ver, de Renovadores [...]
xado Marta, de ter desertado, de ter aban-
(MACEDO, 2005, p. 116-117).
donado seu país o consumia. Mesmo após
empreitar a fuga clandestina, continuava per- A lembrança do amor vivido não lhe es-
ceptivo quanto ao destino político português. capa da memória, ou a culpa de a ter dei-
Em correspondência trocada com Júlia de xado. Além disso, a ideologia com a qual
Souza ele revela nunca ter deixado de estar esteve envolvido na juventude ainda perma-
atento aos acontecimentos de seu país de ori- nece presente em Viana, embora a vida que
gem: tenha construído para si seja algo formal,
diria-se até comum, tradicional. Na seqüên-
[...] Estava nisto quando anunciaram na cia desta passagem, percebe-se que, ao re-
rádio a notícia do novo governo em Por- tornar a Londres e tentar retomar sua ro-
tugal. E na manhã seguinte, sábado, a no- tina como advogado, freqüentando locais co-
tícia da morte de Maria de Lourdes Pinta- muns aos juristas londrinos, os pensamentos
silgo. Não teria sido causa e efeito, mas a começam a saltar-lhe. Poderia mesmo conti-
justaposição retrospectiva fazia com que nuar ou deveria regressar a Portugal vez por
passasse a ser, como narrativa histórica. todas?
Nunca inteiramente desatento à vida po-
lítica portuguesa, sempre nostálgico dos Não ia ao Wig e Pen desde a semana an-
seus anos de militância, tinha ido ouvi-la terior ao incidente no aeroporto. Decidiu
quando ela falou em Londres no Institute ir. Porta fechada e explicação num edi-
of Contemporary Arts, nos anos oitenta. tal colado à porta que deixara de existir.
Uma religiosa a querer corrigir as injus- Assim de repente. O mundo a colapsar à
tiças de Deus na matéria do mundo. O sua volta. Racionalizou: não, o passado a
oposto da secular Thatcher, então no po- abrir espaço para o futuro. Tinha de des-
der, a relegar os injustiçados do mundo pedir a secretária. Estava farto do monco

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10 Juliana Raguzzoni Cancian

caído de sua malsofrida dedicação resig- deixei de acreditar em mim. Mas ainda
nada. Largar tudo e mudar-se para Lis- me lembro de quando acreditava (MA-
boa? Pegou num papel e começou a fa- CEDO, 2005, p. 123 – grifo nosso).
zer contas. Valor do apartamento, valor
do escritório em Aldwych, conversão de E num trecho mais adiante, o próprio Vi-
tudo isso em euros, preços prováveis de ana novamente diz estar a fazer restaurações
casas em Lisboa. Ou Sintra. Ou Cascais. do que foi e do que é, buscando um elo entre
Tinha de se informar melhor (MACEDO, o presente e seu passado: “E sim, foi por isso
2005, p. 117). que fui a Lisboa, por causa das restaurações
[...]” (MACEDO, 2005, p. 128).
Essas possibilidades de retorno à antiga Ao final do livro o personagem toma a
vida e ao país de origem tornam-se mais pró- atitude que os leitores já tinham por previ-
ximas para Viana após um relatório recebido sível. Ele retorna a Portugal, país do qual
de Júlia, onde uma morte trágica, cheia de nunca se separou de fato, por razões emo-
detalhes e falsas testemunhas foi arquiteta- cionais, familiares, político-ideológicas. A
das por Júlia. Era a jornalista a brincar de fa- estada em Londres interferiu na sua identi-
zer romance. Viana acredita na história con- dade cultural, mas realmente parece ser rein-
tada por ela, ou quer acreditar para colocar cidente que aqueles que vivem num contexto
um ponto final a uma busca de três décadas. diaspórico construam para si o mito do re-
Portugal começa a ser novamente um lugar torno às origens. Em Sem Nome o retorno
para Viana, um lugar que de fato ele nunca concretizou-se de fato. Em um diálogo tra-
se separou. vado com uma personagem secundária, Vi-
ana escuta sobre seu retorno. Parece comum
A História ensina-nos que todas as res- que se associe um retorno à idade avançada,
taurações são fantasmáticas. Visam sem- que chega mais dia menos dia. Viana sabia,
pre impor o passado no presente. Por entretanto, que não voltava pela idade, mas
exemplo, o Portugal que foi restaurado porque agora, com a mentira de Júlia, assu-
em 1640 já nada tinha a ver com o país mida por ele como verdade, sentia-se liberto
que houve até 1580. Não me lembro para voltar.
quem foi que disse que Os Lusíadas não
“Mas então o José Viana vai regressar a
são uma celebração mas um epitáfio. O
Portugal? Palavra que nunca pensei. Só
novo país que herdou o nome do outro
lhe digo que Londres não vai ser a mesma
que tinha havido sobreviveu vendendo
coisa, o colega vai fazer cá muita falta.
pratas que sua gente encontrou nos es-
Mas suponho que a idade chega a todos
consos da casa. Depois ficou sem mais
nós, compreendo perfeitamente”. [...] A
para vender além da sua gente. Por isso
verdade é que há muito se não sentia tão
levou muito tempo até se tornar no mo-
bem, com tanta energia, tão jovem, tão
desto país que de facto pode ser. Que
activo (MACEDO, 2005, p. 171).
é mais ou menos o que somos agora.
Fui comunista porque acreditei na nossa E mais: “Era por isso que podia finalmente
gente. Deixei de ser comunista quando voltar para Portugal. Tinha sido um longo

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O contexto da diáspora na construção da identidade cultural 11

desterro, uma longa viagem, uma perigosa que são colhidos e percebidos tanto em men-
peregrinação. Podia voltar com ou sem re- sagens diretas quanto em mensagens subli-
novadores” (MACEDO, 2005, p. 173). minares pelos leitores de Macedo. Ao final
Viana retorna após o exílio político. Mas, do livro, Viana concretiza essa possibilidade
como já se disse, a História não é cíclica, pela libertação que a mentira da jovem jorna-
nem linear. A experiência diaspórica de Vi- lista Júlia de Sousa lhe causou. Uma mentira
ana interferiu em sua identidade, no homem ‘pacificadora’, como o personagem descre-
que passou a ser, e nas pessoas que convive- veu, que o permite regressar e retomar a vida
ram com ele. Uma mentira pregada por Júlia deixada para trás.
de Sousa bastou-lhe para que pudesse aceitar Certo, entretanto, apesar de não se ter es-
o passado, conformar-se com ele, sem nunca crita a trajetória que passou a ser para Viana,
tê-lo de fato abandonado. Estava agora fi- é que este não é mais o mesmo, e isso sim
nalmente “pacificado” (MACEDO, 2005, p. fica evidente na construção textual. Aquele
174). que busca ‘restaurações’ do que foi teve sua
Não se sabe pela narrativa do Viana que identidade marcada pelo tempo em que vi-
passou a existir após a volta a Portugal. veu fora de seu país e, mesmo retornando a
Sabe-se apenas da Júlia que passou a existir Portugal, os reflexos do que passou na Ingla-
após o contato com o advogado. Uma men- terra não se afastarão agora. Viana é outro,
tira contada lhe traz à tona uma certa vontade pacificado por uma mentira, mas outro. An-
de fazer diferença enquanto jornalista, uma tes de retornar, o advogado, que nunca se li-
certa consciência política que não tinha an- bertou completamente das experiências por-
tes, uma vontade de fazer como seu mestre tuguesas, agora demonstra que também não
no jornal, o jornalista que a inspirava, Car- se libertará das londrinas. Isso faz parte do
los Ventura. Júlia ocupa o lugar do mestre seu novo eu:
quando este é demitido, e se todos a tomam
por jovem ingênua e desligada, ela planeja Começou um inusitado passeio a pé ao
escrever exatamente as mesmas críticas soci- longo do Tamisa, ali ao lado, a dois pas-
ais que Ventura, mas numa outra roupagem, sos do Aldwych e dos Royal Courts of
com outra linguagem. Quando todos se de- Justice. Eram anos sem ir ver o rio, anos
rem conta, já estava. A mensagem já se tinha em que o olhava sem o ver. Mesmo a
saído no jornal. Júlia também saiu “pacifi- grande roda de feira popular que agora
cada”, também não era mais a mesma após o dominava a vista só tinha dado por ela de
encontro com Viana. longe, de dentro de um táxi ou do carro.
Até era bonita, beneficiava o rio (MA-
CEDO, 2005, p. 171).
4 Considerações finais
Parece natural que José Viana tenha mantido Mas não apenas Viana mudou pela expe-
ao longo da narrativa desejos conscientes e riência na zona de contato. A própria Jú-
inconscientes de retornar à terra de origem lia, que o conheceu nessa vivência de diás-
(no que diz respeito ao processo diaspórico pora, e depois passou a se corresponder com
já se viu ser isso bastante comum). Desejos o advogado, saiu diferente. A mentira que

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12 Juliana Raguzzoni Cancian

contou a fez perceber algumas coisas sobre a MACEDO, Helder. Sem Nome. Lisboa: Edi-
vida, a fez perceber que a vida também fazia torial Presença, 2005.
coisas com ela. Brincar de inventar desfe-
chos lhe proporcionou entrar mais a fundo PRATT, M. L. Os olhos do império. Bauru:
na História em torno dela, de Viana, do USC, 1999.
país, e das conjunturas políticas atuais. Pas-
sou a ser uma jornalista mais historicizada
e o reflexo disso colocaria nos seus futuros
textos, aproveitando-se da fama de menina
boba, ingênua, que era o que todos pensavam
dela. Fica evidente que mesmo com retor-
nos, a cena primária não será mais a mesma:
“Não podemos jamais ir para casa, voltar
à cena primária enquanto momento esque-
cido de nossos começos e “autenticidade”,
pois há sempre algo no meio [between] [...]
(CHAMBERS apud HALL, 2003, p. 27-28).
Nossos vizinhos realmente acabam tendo um
papel fundamental na construção do ser que
somos.

5 Referências bibliográficas
BONNICI, Thomas. Conceitos-chave da te-
oria pós-colonial. In: BONNICI, T.
Coleção Fundamentum, n˚ 12. Ma-
ringá: Eduem, 2005.

CANDIDO, Antônio. A personagem de fic-


ção.10a ed. São Paulo: Perspectiva,
2002.

FORSTER, Edward M. Aspectos do ro-


mance. Porto Alegre: Editora Globo,
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HALL, Stuart. Pensando a Diáspora: refle-


xões sobre a terra no exterior. In.Da
Diáspora: identidades e mediações cul-
turais. Org. Liv Sovik. Belo Horizonte:
Editora UFMG, Brasília: Representa-
ção da UNESCO no Brasil, 2003.

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