O Turismo no Centro do Rio de
Janeiro no Início do século XX e
no século XXI.
Orientador José Carlos Souza Dantas
Aluna Katharina Borchers Azevedo
Curso: Turismo – Campus: Tijuca
Resumo
A urbanização da cidade do Rio no início do século XX, teve como objetivo
“limpar a cidade”, ou seja, vários prédios que serviam de moradia às
populações pobres, foram destruídos. De fato com o alargamento das ruas
centrais e a inauguração de novas vias de circulação, ocorreu a destruição de
inúmeros cortiços, que eram entendidos como sínteses da insalubridade, da
violência e espaço da barbárie. As novas construções da cidade tiveram como
influência a arquitetura francesa de modo que atraísse o visitante europeu e,
também, facilitando o acesso de turistas na chagada pelo porto.
Já no século XXI, a revitalização teve o propósito de levar o carioca até a zona
portuária, que foi esquecida por muito tempo, e, também, atrair o movimento de
turistas para um novo tipo de atrativo da cidade que tradicionalmente é focada
na Zona Sul.
Introdução
No início do século XX, houve uma reforma realizada pelo prefeito Pereira Passos
para limpar a cidade conhecida por ser insalubre e evitada pelos viajantes pela falta
de planejamento urbano e infraestrutura sanitária. Essa reforma foi realizada no
intuito de atrair imigrantes europeus. De acordo com Castro (2014, p. 05) “a iniciativa
realizou uma modernização necessária naquele momento, combatendo a
insalubridade e realizando a adequação funcional e formal do centro da cidade, em
particular da área portuária, mesmo que isso tenha ocorrido, principalmente, em
função da necessidade de inserir o país no mercado internacional”.
Junto com a reforma popularmente conhecida como bota-abaixo surgiu o processo
de “favelização” da cidade, pois ao mesmo tempo em que o centro era higienizado,
grande parte da população era transferida para os morros da cidade, criando um
verdadeiro problema social conforme constata-se com Castro (2014, p.05) “Todo o
processo era, também, a expressão de interesses e valores das oligarquias
dominantes naquele período, que tinham a cidade de Paris como modelo. Nesse
sentido, a Reforma pode ser interpretada como positiva, apesar de autoritária e
conservadora, pois representava um esforço de modernização. Por outro lado, foi
negativo o modo como foi implementada, de maneira incompleta e com a expulsão
de parte da população do centro reformado, com efeitos nefastos e duradouros
principalmente para a população mais pobre”.
Por conta desse processo de modernização do Centro como área turística, os
moradores foram migrando também pra regiões na Zona Sul e Norte. A partir da
segunda metade do século XX, as pessoas passaram a migrar para a região da Zona
Oeste. Com o tempo, o Centro da cidade foi esquecido como área turística e virou o
centro econômico e empresarial da cidade.
Pouco mais de 100 anos depois da Reforma Pereira Passos, a cidade do Rio de
Janeiro passa novamente por essa onda de revitalização, mais especificamente, da
área do centro da cidade com o objetivo de valorizar o mercado imobiliário da área a
aumentar a capacidade de navios no porto, valorizando também os prédios e
monumentos históricos.
O projeto Porto Maravilha, por exemplo, tem como objetivo atrair a população para o
centro novamente, a fim de melhorar a mobilidade urbana e também visa qualificar
as pessoas para as novas oportunidades de empregos e negócios ligados aos
patrimônios culturais da região com finalidade de contribuírem para ao movimento da
atividade turística do bairro. Por ser uma área de enriquecimento cultural que
engloba tanto a cultura europeia, como indígena e principalmente africana, sendo
possível criar roteiros turísticos e novos patrimônios para o futuro. A atração de um
novo mercado turístico junto com a possível demanda de novos moradores,
transforma em um grande potencial de demanda para novos serviços no bairro,
estimulando o investimento de grandes empresas e o empreendedorismo.
Todas essas reformas e oportunidades são legados das olimpíadas. Assim como foi
feito na cidade de Barcelona, para poder sediar um macroevento foi necessário
remodelar a cidade para os turistas, deixando as alterações infraestruturais para os
cidadãos e futuros visitantes da cidade. As apostas do centro como nova procura
turística se deve ao fato de o Boulevard Olímpico ter sido sede das demonstrações
artísticas e culturais durante o período das Olimpíadas, tirando o foco do ponto usual
que é a Praia de Copacabana. Essa mudança estratégica valorizará muito a nova
área e proporcionará muitas oportunidades de negócios e empregos para os
moradores locais e melhorias na qualidade de vida.
Metodologia
A metodologia utilizada nesse projeto será de pesquisa quantitativa com turistas
na área urbanizada no início do século XX e na área revitalizada no século XXI e
documental será realizada através de documentos disponíveis no Arquivo
Nacional e na Secretaria de Urbanismo da cidade do Rio de Janeiro.
Conclusão
O Centro guarda muitas surpresas e também muita história que é contada
através de seus casarões antigos, igrejas, praças, museus entre outros
pontos turísticos. Momentos marcantes do nosso país e da nossa história
aconteceram no centro da cidade. No fim do século XVI a cidade só tinha
quatro ruas: Rua da Misericórdia, Rua da Ajuda, Rua de São José e Rua
Santa Luzia. Após a primeira grande reforma urbanística no centro no início
do século XX, tendo como modelo Paris algumas dessas ruas ainda existem
de forma total ou parcial.
Atualmente a região vem passando por flagrante e rápido processo de
valorização e revitalização, em contraponto ao movimento de
desvalorização que se seguiu à extinção da Bolsa de Valores do Rio de
Janeiro. Tem recebido crescentes investimentos de empreendedores do
mercado imobiliário, inclusive de Fundos de Pensão internacionais e Bancos
Nacionais e Internacionais, que têm adquirido propriedades, por vezes
edifícios inteiros, com o objetivo de obter rendas oriundas da locação dos
imóveis comprados. Assim, tem-se assistido a um grande número de obras
de restauração, reforma e desmembramento de velhos edifícios.
O aumento do investimento da Petrobras no bairro causou também um
grande impacto imobiliário e atualmente o centro do Rio tem o metro
quadrado mais caro do Brasil. Com isso, outrora preterido pela Zona Sul, o
centro voltou a crescer e inclusive a receber grandes empreendimentos,
novos projetos, lojas, restaurantes e boutiques de luxo, assim como as
grandes metrópoles.
Resultados Obtidos
Sobre Eduardo Paes e Pereira Passos
Por: Felipe Lucena
“ […] Algumas das modificações da gestão Pereira Passos (que foram e
ainda são questionadas) ocasionaram em um aumento significativo de
pessoas a passeio, por puro lazer e diversão, no centro da cidade. Essa
área do Rio se tornou ponto de encontro da elite carioca e,
consequentemente, de turistas de outros lugares do Brasil e do mundo.
No caso mais recente, no governo Eduardo Paes, as inovações no centro da
cidade (que também foram e ainda são questionadas), principalmente na
região portuária, intensificaram ainda mais o turismo nessa região do Rio.
Até porque, o turismo e a movimentação de pessoas é bem maior hoje em
dia que no início dos anos 1900, quando a cidade do Rio de Janeiro tinha
menos de 10 automóveis.[...]”
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