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Grupo I

PARTE A

Lê, com atenção, o texto seguinte, que é o início de um conto literário.

A estrela
Um dia, à meia-noite, ele viu-a. Era a estrela mais gira do céu, muito viva, e a essa hora
passava mesmo por cima da torre. Como é que a não tinham roubado? Ele próprio, Pedro, que
era um miúdo, se a quisesse empalmar, era só deitar-lhe a mão. Na realidade, não sabia bem
para quê. Era bonita, no céu preto, gostava de a ter. Talvez depois a pusesse no quarto, talvez
5 a trouxesse ao peito. E daí, se calhar, talvez a viesse a dar à mãe para enfeitar o cabelo. Devia-
-lhe ficar bem, no cabelo.
De modo que, nessa noite, não aguentou. Meteu-se na cama como todos os dias, a mãe
levou a luz, mas ele não dormiu. Foi difícil, porque o sono tinha muita força. Teve mesmo de se
sentar na cama, sacudir a cabeça muitas vezes a dizer-lhe que não. E quando calculou que pai
10 e mãe já dormiam, abriu a janela devagar e saltou para a rua. A janela era baixa. Mas mesmo
que não fosse. Com sete anos, ele estava treinado a subir às oliveiras quando era o tempo dos
ninhos, para ver os ovos ou aqueles bichos pelados, bem feios, com o bico enorme, muito
aberto. E se não era o tempo dos ninhos, andava à solta pela serra, saltava os barrancos,
jogava mesmo, quando preciso, à porrada como um homem. Assim que se viu na rua, desatou
15 a correr pela aldeia fora até à torre, porque o medo vinha a correr também atrás dele. Mas como
ia descalço, ele corria mais. A igreja ficava no cimo da aldeia e a aldeia ficava no cimo de um
monte. De modo que era tudo a subir. Mas conseguiu – e agora estava ali. Olhou a estrela para
ganhar coragem, ela brilhava, muito quieta, como se estivesse à sua espera. E de repente
lembrou-se: se a porta estivesse fechada? Levantou-se logo, foi ver. A torre era muito alta e
20 tinha uma porta para a rua. Pedro empurrou-a um pouco e viu que estava aberta. Ficou muito
admirado, mas depois nem por isso. Ninguém ia roubar os sinos que mesmo eram muito
pesados. E quanto às estrelas, se calhar ninguém se lembrava de que era fácil empalmá-las. E
tão contente ficou de a porta estar aberta, que só depois se lembrou de a ter ouvido ranger. E
então assustou-se. Voltou a experimentar e rangeu outra vez. Rangia pouco, mas o silêncio era
25 muito e parecia por isso que também a porta rangia muito. E teve medo. Reparou mesmo que
estava a suar e não devia ser da corrida, porque este suor era frio. A porta ficara já deslocada e
agora era só encolher-se um pouco e passar. Mas sem tocar na porta, para não ranger. Meteu-
-se de lado e entrou. Havia um grande escuro lá dentro. Já calculava isso, mas as coisas são

muito diferentes de quando só se calculam. E cheirava lá a ratos, a cera, às coisas velhas que
30 apodrecem na sombra. Como estava escuro, pôs-se a andar às apalpadelas. Mas as pedras
frias assustaram-no. Lembravam-lhe mortos ou coisas assim. Já com os pés não se assustava
tanto, porque o frio que entrava por aí era só frio da falta de botas. Até que pisou o primeiro
degrau e começou a subir. Cheirava mal que se fartava. Mas, à medida que ia subindo, vinha lá
de cima um fresco que aclarava o cheiro. À última volta da escada em caracol, olhou ao alto o
35 céu negro, muito liso. Via algumas estrelas, mas eram tudo estrelas velhas e fora de mão. Até
que chegou ao campanário e respirou fundo. Aproveitou mesmo para puxar as calças que
estavam a cair. Eram dois sinos e uma sineta. E de um dos lados havia só um buraco vazio sem
sino nenhum. Agora tinha de subir por uma escadinha estreita que começava ao lado; e depois
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ainda por uma outra de ferro, ao ar livre, e com o adro lá em baixo. Mas quando chegou à de
ferro, não olhou. Deu foi uma olhadela à estrela, que já se via muito bem. Todavia, quando a
escada acabou, reparou que lhe não chegava ainda com a mão. Tinha pois de subir o resto de
gatas, dobrando e desdobrando as pernas como uma rã. Mesmo no cimo da torre havia uma
bola de pedra e enterrado na bola havia um ferro e ao cimo do ferro estava um galo com os
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quatro pontos cardiais. Pedro segurou-se ao varão e viu que tinha ainda de subir até se pôr
mesmo em cima do galo. Subiu devagar, que aquilo tremia muito, e empoleirou-se por fim nos
ferros cruzados dos quatro ventos.
Vergílio Ferreira, Contos, Bertrand Ed., 1998

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. “Um dia, à meia-noite, ele viu-a.” (l. 1)
A compreensão total da frase que inicia o conto só é possível após a leitura das frases
que se lhe seguem. Indica a que ou a quem se referem os pronomes sublinhados.
2. No primeiro parágrafo, o Pedro deseja a estrela, sem saber exatamente o que fazer com ela.
Identifica o advérbio que é repetidamente usado e relaciona-o com o estado de espírito da
personagem.
3. Faz um breve retrato de Pedro, a partir das suas atitudes e das informações que o
narrador fornece.
4. Ao longo do texto, surgem algumas descrições – de sentimentos e lugares/espaços – que
vão alternando com a narração das ações de Pedro. Relê as linhas 19 a 35. (“A torre era…”
até “…fora de mão.”)

4.1. Indica os diferentes sentimentos de Pedro ao longo deste excerto.


4.2. Pedro vai conhecendo o local onde se encontra através de alguns dos seus cinco
sentidos.
Transcreve exemplos do texto que indicam o tipo de sensações que Pedro
experimenta.
5. Este texto é o início de um conto intitulado “A estrela”. Imagina que te pediam que o
“encaixasses” numa das seguintes antologias:
A. Contos fantásticos B. Contos realistas C. Contos policiais
Indica qual seria a tua opção e justifica-a.
PARTE B

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

Via Láctea
Num grande número de mitologias, este rasto esbranquiçado que se destaca sobre o negro
do firmamento foi interpretado como um caminho que ligava o Céu e a Terra, tal como o arco-
-íris, de que parecia ser a contrapartida noturna. Entre os índios da América do Norte, assim
como entre os quirguizes, os finlandeses, os lapões, a Via Láctea é a estrada que tomam as
5 almas para alcançar o mundo dos mortos. A Europa cristã, na Idade Média, fez dela a imagem
do “caminho de Santiago”, que os peregrinos seguiam para ir a Compostela.
Identificada com uma grande serpente branca na mitologia maia e azteca, é também vista
como uma ribeira celeste na China, na Coreia, no Japão, na Sibéria do Norte; segundo a
mitologia inca, é o grande rio onde o deus Trovão se enche de chuva. A mitologia greco-romana
10 atribui o seu aspeto esbranquiçado às gotas de leite que jorraram do seio da deusa Hera
quando amamentava o jovem Hércules, demasiado glutão: “Do seio de neve da rainha dos
deuses, diz-se, o leite escapou-se e deu assim ao céu a sua cor” (Manílio, Astronomica, I, 750-
-754). O termo “galáxia”, do grego galaxías (kuklos), “círculo de leite”, conservou este elo1
mitológico. A Via Láctea é, de facto, a vista que temos da nossa galáxia a partir do interior do
15 seu plano mediano2.
A sua natureza estelar, já pressentida por Demócrito, no século IV a. C., só foi
definitivamente estabelecida por Galileu, no princípio do século XVII: “A Galáxia não é senão
um cúmulo3 de estrelas inumeráveis, reagrupadas em montinhos” (O Mensageiro das Estrelas).
in ABCedário do Céu, trad. António Melo, Ed. Público, 2000 (texto adaptado)

1. elo: ligação. 2. mediano: que se situa entre dois extremos; colocado no meio. 3. cúmulo: amontoado.

6. Para cada um dos itens que se seguem (6.1. a 6.5.), escreve, na folha de respostas, o
número do item e a letra correspondente à opção que completa cada afirmação de acordo
com o sentido do texto.
6.1. A Via Láctea foi considerada,
a. por muitas mitologias, uma estrada entre a Terra e o Céu.
b. pelos índios da América do Norte e outros povos, um caminho que ligava a Terra
ao Céu.
c. pelas diferentes mitologias, como um caminho de ligação entre a Terra e o Céu.
d. por um grande número de deuses, um caminho entre a Terra e o Céu.
6.2. Para várias mitologias,
a. a Via Láctea e o arco-íris em tudo eram iguais.
b. a Via Láctea ficava parecida com o arco-íris, numa visão noturna.
c. o arco-íris e a Via Láctea opunham-se, pois o primeiro era um fenómeno diurno e a
segunda, noturno.
d. a Via Láctea e o arco-íris representavam a mesma realidade, embora em
momentos diferentes do dia.

6.3. Ao longo dos tempos, diferentes povos identificaram a Via Láctea como sendo
a. caminho, serpente, ribeira, rio ou a deusa Hera.
b. caminho, rio, serpente, ribeira ou gotas de leite.
c. caminho, serpente, ribeira, chuva ou gotas de leite.
d. caminho, ribeira, serpente, o deus Trovão, a deusa Hera

6.4. “O termo ‘galáxia’, do grego galaxías (kuklos), ‘círculo de leite’, conservou este elo
mitológico.” (ll. 13-14)
A frase transcrita refere que a palavra galáxia
a. foi escolhida por causa da cor esbranquiçada da Via Láctea.
b. é de origem grega por causa da grande ligação do povo grego à mitologia.
c. está ligada aos significados que as diferentes mitologias atribuíram à Via Láctea.
d. está associada, pelo seu significado, ao mito das gotas de leite que escaparam do
seio da deusa Hera.

6.5. A certeza de que a nossa galáxia, a Via Láctea, é constituída por estrelas
a. aconteceu no século IV a. C.
b. aconteceu no século XVII.
c. deve-se a Demócrito e a Galileu.
d. foi definitivamente determinada recentemente.

7. Relê o último período do primeiro parágrafo e indica a que se refere a palavra “dela” (l. 5).
Grupo II

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Indica o processo de formação destas palavras retiradas do texto da parte B:


a. mitologia. b. arco-íris. c. pressentir. d. montinhos.

2. Indica a classe e a subclasse de cada uma das palavras destacadas nestas frases:
Hoje foi o segundo debate sobre droga. A minha turma foi uma das selecionadas. Houve
dois convidados, mas achei a sessão desinteressante.

3. Divide e classifica as orações das seguintes frases complexas:


a. Pedi dispensa do teste, mas a professora não autorizou.
b. Prolonguei o debate, pois não queria o teste de História.
c. Ou fazia uma pergunta ou o debate acabava.
d. Eu fiz uma pergunta e o debate animou.
e. O debate prolongou-se, logo não tivemos teste de História.

4. Transforma em frases complexas os pares de frases simples a seguir apresentados,


utilizando conjunções ou locuções conjuncionais das subclasses indicadas entre
parênteses. Faz as alterações necessárias à correção das frases.

a. O rapaz queria a estrela. Ele gostou do seu brilho. (conjunção ou locução conjuncional subordinativa causal)

b. O rapaz quer a estrela. Ele não sabe bem para quê. (conjunção ou locução conjuncional coordenativa
adversativa)

Grupo III

O texto da Parte A termina com a seguinte frase: “Subiu devagar, que aquilo tremia muito,
e empoleirou-se por fim nos ferros cruzados dos quatro ventos.”
Escreve a continuação da história, num texto correto e bem estruturado, com um mínimo
de 180 e um máximo de 240 palavras.

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