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Literatura

Norte-Americana
Material Teórico
Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee
Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Adriana Torquete

Revisão Técnica:
Profa. Ms. Silvana Nogueira da Rocha

Revisão Textual:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Século XX: Dramaturgia no Modernismo
(Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur
Miller, Edward Albee)

• Introdução
• Eugene O’Neill (1888 - 1953)
• Tenessee Williams (1911 - 1983)
• Arthur Miller (1915 - 2005)
• Edward Albee (1928 - ****)
• Considerações finais

·· Apresentar a vertente da dramaturgia norte-americana do século XX, apontando


autores renomados que surgem com suas obras originais, contribuindo assim com
uma nova estética para essa arte.

Dear student!
Para obter um bom desempenho em seus estudos, explore cada seção da unidade.
Na Atividade de Sistematização estão disponibilizados alguns exercícios de autocorreção
que visam colocar em prática tudo o que aprendeu na disciplina, identificando os pontos em
que precisa prestar mais atenção, ou pedir esclarecimentos a seu tutor.
O Material Complementar traz informações adicionais para que você possa ampliar seus
conhecimentos sobre os tópicos apresentados na unidade.
Não se esqueça de acessar a Apresentação Narrada, que faz um resumo dos principais
tópicos estudados na forma de Power Point e áudio. A Videoaula também é um recurso a mais
que deve ser acessado, pois você tem a oportunidade de rever pontos importantes estudados
no Conteúdo Teórico.
O Fórum de Discussão é outra ferramenta disponível, que deve ser utilizada como forma de
participação nas discussões propostas.
Lembre-se da importância de realizar todas as atividades dentro do prazo estabelecido para
cada unidade, para evitar acúmulo de conteúdo e problemas ao final do semestre.
Caso tenha alguma dificuldade no acesso de algum item da disciplina, não hesite em entrar
em contato com seu professor tutor.
Bons estudos!

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Contextualização
Dear student!
Quem é fã de literatura e teatro, sabe que a dramaturgia norte-americana apresenta uma
variedade de peças famosas, que marcaram época e que ficaram registradas na história do teatro.
Aqui, escolhemos uma delas, para abrir a unidade sobre a dramaturgia nos Estados Unidos.
Você já deve ter visto esta imagem do caixeiro-viajante, este homem solitário, com sua
mala, não é mesmo? Pois é, trata-se de uma famosa peça escrita pelo dramaturgo norte-
americano Arthur Miller. Vamos nos aprofundar neste mundo?
É um prazer ter você aqui! Enjoy it!

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ow-FQRoSacs
(Acesso em 25 de mai. 2015).

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Introdução

Nesta unidade comentaremos sobre os principais dramaturgos norte-americanos do século


XX: Eugene O’Neill e sua obra Long Day’s Journey Into Night; Tennessee Williams com
A Streetcar Named Desire; Arthur Miller e o famoso Death of a Salesman; e Edward Albee
com Who’s Afraid Of Virginia Woolf?
A princípio, é importante salientar que o texto teatral tem uma natureza distinta da do texto
poético, romance ou conto, pois, de certa forma, ainda está incompleto, estando associado
à encenação. No entanto, não serão analisadas aqui determinadas montagens das peças em
questão, mas os textos literários em si.
O desenvolvimento do teatro norte-americano nos séculos XVIII e XIX correspondeu à
própria história dos Estados Unidos. A repressão puritana que as manifestações artísticas
sofreram durante o Período Colonial ainda estava presente: havia poucos teatros permanentes
e atores nativos.
No século XIX, o teatro começou a expandir-se por meio de atores amadores que montavam
peças abordando temas como liberdade e patriotismo. De certo modo, o teatro americano
também seguiu as tendências do teatro europeu, com seus melodramas, farsas e musicais, até
a Primeira Guerra Mundial, quando começaram a aparecer dramaturgos com obras realmente
originais, como Eugene O’Neill.

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Eugene O’Neill (1888-1953)

E ugene Gladstone O’Neill, filho do famoso ator da época James


O’Neill, nasceu em um quarto de hotel da Broadway e passou
grande parte de sua infância em colégios internos. Em 1906, ingressou
na Universidade de Princeton, porém, nove meses depois, foi expulso
devido a “atos indisciplinares”.
Passou os anos seguintes numa vida errante, entre trabalhos
temporários e viagens, frequentando bares e bebendo bastante. Em
1911, ao voltar para Nova Iorque, trabalhou como ator, ao lado do
pai, e como jornalista para o New London Telegraph. Em 1912,
Fonte: Carl Van Vechten/Wikimedia Commons contraiu tuberculose e foi internado num sanatório durante seis meses.
Durante o período de recuperação, O’Neill leu várias obras da dramaturgia moderna, como
as peças de Ibsen e Strindberg, suas grandes influências. Também escreveu suas primeiras peças
que, apesar de serem consideradas inferiores, já traziam certa originalidade nas personagens:
traficantes, marinheiros e prostitutas.
Em 1914, depois de ter cursado dramaturgia em Harvard, passou a visitar bares frequentados
por intelectuais, como o Hell Hole, onde conheceu os futuros integrantes do grupo teatral
que, em 1916, montaria sua peça Bound East for Cardiff (“Rumo a Leste para Cardiff”),
que fez um grande sucesso.
Entre 1916 e 1920, o grupo produziu as peças de um ato do dramaturgo, inclusive as
“peças do mar” (Bound East for Cardiff; In the Zone; The Long Voyage Home; e
Moon of the Caribees).

A primeira peça de
O’Neill’, Bound East For
Cardiff, estreou nesse
teatro em Provincetown,
Massachusetts.

Fonte: Carl Van Vechten/Wikimedia Commons

Para assistir ao vídeo com a apresentação da peça Bound East For Cardiff, realizada
pela Companhia Triptal no Festival O’Neill, em Chicago (2009), acesse o link:
http://www.eoneill.com/tv/cardiff/cardiff.htm
(Acesso em 12 de mai. 2015).

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Em 1920, foi montada na Broadway sua primeira peça em três atos, Beyond the Horizon
(“Além do Horizonte”), que lhe rendeu o prêmio Pulitzer e impressionou os críticos devido
ao realismo trágico. Entre 1920 e 1943, O’Neill escreveu 20 peças longas e inúmeras peças
curtas, ganhando mais três prêmios Pulitzer, por Anna Christie (1922), Strange Interlude
(1928) e Long Day’s Journey Into Night (1957).
Destaca-se também Mourning Becomes Electra (“Electra Enlutada”), de 1931), que é
baseada na Trilogia Oresteia do grego Ésquilo. Nela apresenta três peças em uma, retomando
seus temas, formas e personagens no contexto da Guerra Civil Americana.
O’Neill casou-se três vezes e teve três filhos: Eugene, o mais velho, suicidou-se; Shane era
extremamente instável; e sua filha Oona casou-se com Charles Chaplin, que tinha a mesma
idade de O’Neill, e que fora deserdada por isso. Passou seus últimos dias de vida solitário e
doente, vindo a falecer em um quarto de hotel em 1953. No entanto, Eugene O’Neill, ao
longo de sua carreira, consolidou-se como um dos mais importantes dramaturgos americanos.

Long Day’s Journey Into Night (1941)


Em português, “Longa Jornada Noite Adentro”, é considerada fundamental para a dramaturgia
contemporânea. Foi escrita em 1941, mas encenada somente em 1956, pois O’Neill proibiu
sua montagem até 25 anos após sua morte, alegando que “um dos personagens ainda estava
vivo”. Porém, a montagem foi autorizada por sua esposa três anos após sua morte.
Trata-se de um drama em quatro atos, cuja ação se passa em agosto de 1912 na sala
da casa de veraneio da família Tyrone. O casal James Tyrone e Mary, seus filhos (Jamie e
Edmund) e a empregada Cathleen.
A peça apresenta vários elementos autobiográficos: o patriarca da família é um veterano
ator egoísta, a matriarca é submissa ao marido e viciada em morfina, um dos filhos é alcoólatra
e o outro sofre de tuberculose.
A ação começa pela manhã, após o café, com Mary recém-chegada do sanatório devido a
um tratamento para o vício. Edmund também mostra evidências da gravidade de sua doença
(a tuberculose), pois tosse constante e violentamente.
Ao longo da peça, a família retoma conflitos antigos que foram incapazes de esquecer. Por
exemplo, Tyrone é apontado como o culpado pelo vício da esposa, ao recusar-se a pagar
um bom médico para tratar as dores causadas pelos partos. Já o filho mais velho, Jamie, é
frustrado e rejeitado pelos pais, que o responsabilizam pela morte do irmão Eugene ainda
bebê, devido ao sarampo transmitido por ele.
No trecho abaixo, podemos observar como a vida de Mary é infeliz, solitária e entediante,
o que contribui para o agravamento do vício:

MARY: It makes so much harder, living in this atmosphere


of constant suspicion, knowing everyone is spying on
me, and none of you believe in me, or trust me […]
If there was only some place I could go to get away
for a day, or even an afternoon, some woman friend
I could talk to – not about anything serious, simply laugh and
gossip and forget for a while – someone besides the servants –
that stupid Cathleen!

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Cada Ato apresenta um conflito, ou conflitos paralelos, entre duas personagens específicas:
Ato I - Mary e Tyrone; Ato II – Tyrone e Jamie/ Edmund e Mary; Ato III – Mary e Jamie; Ato
IV – Tyrone e Edmund/ Edmund e Jamie.
Entre a primeira e a última cena, a longa jornada das personagens para dentro de si mesmas
vai se revelando por meio de confissões e conflitos que refletem, noite adentro, o sofrimento
no qual estão mergulhados esses quatro seres incapazes de mudar seu destino. Observe que
a própria expressão “noite adentro” revela o mundo tenebroso, obscuro e desconhecido pelo
qual as personagens realizam sua jornada.

Saiba Mais
Em 1910, o Teatro Howard se tornou o primeiro espaço
para apresentações, construído para afroamericanos. Nele se
apresentaram músicos negros famosos como Duke Ellington,
Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Billie Holiday, Nat King
Cole, Marvin Gaye, Aretha Franklin, Otis Redding e Lena
Horne.
Depois que a escravidão foi abolida em 1865, muitos negros
deixaram as fazendas do Sul, onde haviam sido forçados a
Fonte: share.america.gov
trabalhar e se estabeleceram em cidades como Washington.
Embora não fossem mais escravos, os negros e os brancos eram segregados em todos os
Estados Unidos pelas leis “Jim Crow” (expressão ofensiva aos negros, que veio do nome
de um personagem de um show de menestréis do século XIX, no qual brancos pintavam o
rosto de preto e faziam representações caricaturescas da cultura dos escravos). Surgiram
bairros só de negros.
Um desses bairros em Washington era o Shaw, que recebeu esse nome em homenagem
a Robert Gould Shaw, comandante de uma famosa unidade de infantaria da Guerra
Civil composta só por negros. Foi no Shaw que o Teatro Howard foi construído. Até a
década de 1960, a faixa que começa no Teatro Howard e se estende até a Rua U era
conhecida como “Broadway Negra”. Embora surgida em decorrência do racismo, a
comunidade aspirava ser tão importante quanto a famosa Broadway em Nova Iorque.
Mas quando Martin Luther King foi assassinado em 1968, manifestantes incendiaram
bairros segregados de Washington e outras cidades, como Newark, Nova Jersey e Detroit.
O governo federal enviou tropas a Shaw para apagar os incêndios e restaurar a ordem.
No final dos anos 1970, o Shaw havia se tornado um lugar difícil para viver, com escolas
em ruínas e violência, relacionada com o tráfico ilegal de drogas. Edifícios incendiados
foram abandonados. As bandas go-go, que tocavam um estilo característico da música
de Washington, realizaram um dos últimos shows no Teatro Howard, em ruínas e
infestado de ratos, antes de ser fechado no início dos anos 1980.
Importante lembrar que o dramaturgo O’Neill estreou, em 1920, a peça
The Emperor Jones, cujo ator principal era afroamericano.
Disponível em: https://share.america.gov/pt-br/teatro-da-capital-negra-dos-estados-unidos/. Acesso em 18 de mai. 2015.

Você pode ter acesso à peça completa The Emperor Jones, em pdf:
http://www.encyclopaedia.com/ebooks/32/16.pdf
(Acesso em 18 de mai. 2015).

Um dos poetas e escritores mais importantes nessa época da tradição afroamericana


é Amiri Baraka (1934-), que também escreveu peças de teatro e teve ativa
participação na política norte-americana. Foi ele quem primeiro usou o termo Black
Importante!
Arts, com uma conotação positiva, para identificar essa estética afroamericana.

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Tennessee Williams (1911- 1983)

T ennessee Williams, cujo nome de batismo é Thomas Lanier Williams,


nasceu em Columbus, Mississippi. Teve uma infância difícil marcada
pelo sofrimento e preconceito. Constantemente incompreendido e
desvalorizado pelo prepotente pai, Tennessee se refugiou na figura
doce e submissa da mãe.
Para fugir da pobreza, sofrimento e insensibilidade paterna,
Tennessee buscou abrigo em seu quarto, que pintou de branco e enfeitou
com miniaturas de animais de vidro. Este episódio foi a inspiração
para uma de suas peças mais famosas, The Glass Menagerie
Fonte: Orlando Fernandez/Wikimedia Commons (“À Margem da Vida”), de 1945.
Em 1931, ingressou na faculdade e iniciou sua carreira jornalística. Ao ser recusado pelo
exército, foi punido pelo pai, que o obrigou a abandonar o jornalismo e o empregou como
auxiliar numa fábrica de calçados. Como reação, Tennessee passou a frequentar bares, viciando-
se em álcool, o que provocou uma profunda degradação física e mental e sua internação em
um sanatório.
Tennessee, ansioso por seguir a carreira teatral, enviou quatro peças de um ato, a coletânea
American Blues, para um concurso de dramaturgia em Nova Iorque, o que lhe rendeu uma
premiação e o início de uma carreira de sucesso. Estreou na Broadway, em 1945, com
The Glass Menagerie, peça que aborda a decadência de uma família do sul dos Estados
Unidos após a Grande Depressão.
Em 1947, escreve sua obra-prima A Streetcar Named Desire (“Um Bonde Chamado
Desejo”), que foi sucesso de crítica e público, e que teve traduções em várias línguas, dando ao
autor os prêmios Pulitzer e Critic’s Award.
Podemos destacar ainda as peças The Rose Tattoo (1951); Cat on a Hot Tin Roof
(1955); Orpheus Descending (1957); Sweet Bird of Youth (1959); e The Night of the
Iguana (1961).
Os temas centrais de sua obra são: a marginalidade, a busca pela compreensão, a
repressão sexual, a solidão e a violência. Suas personagens passam ou passaram pela
confrontação com a realidade, um embate que, na maioria dos casos, termina com a derrota
do indivíduo e seu refúgio em alguma forma de evasão. Símbolo dessa evasão são os animais
de vidro colecionados por Laura Wingfield em The Glass Menagerie (“À Margem da Vida”);
ou Brick Pollitt, na peça Cat On A Hot Tin Roof (“Gata Em Teto de Zinco Quente”), de 1955,
que encontra na bebida uma forma de escapar às demandas familiares e à homossexualidade
reprimida.

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

A Streetcar Named Desire (1947)


“Um Bonde Chamado Desejo”, a peça mais famosa de Tennessee Williams, apresenta
um enredo simples, mas suas personagens são complexas e marcantes, principalmente a
protagonista Blanche Dubois, em sua busca por amor e compreensão.
A irmã de Blanche, Stella, casara-se com Stanley Kowalsky, homem rude e pobre.
Para Blanche, é difícil compreender como sua irmã, educada de forma sofisticada, se apaixonou
por um polonês grosseiro e ignorante.

O personagem Stanley Kowalsky foi imortalizado na figura de Marlon Brando, a


princípio, na montagem da peça em 1947 e, posteriormente, no filme de 1951,
Importante! ambos dirigidos por Elia Kazan.

A peça começa quando Blanche, após sua expulsão do colégio onde lecionava, vai pedir
auxílio à Stella. Stanley fica incomodado com a presença da refinada Blanche, que ironiza
constantemente a rudeza do cunhado, como podemos observar no seguinte trecho:

BLANCHE: Oh, I guess he’s just not the type that goes for jasmine
perfume, but maybe he’s what we need to mix with our blood now
that we’ve lost Belle Reve.”

Stanley começa a investigar seu passado, descobrindo que a cunhada havia se prostituído
após o suicídio do marido homossexual. Com tal descoberta, Stanley encontra o argumento
necessário para expulsar a cunhada de casa.
Blanche inicia um relacionamento com Mitch, amigo de Stanley, mas o rapaz desfaz o
noivado ao saber do passado da noiva. Enquanto Stella está dando à luz na maternidade,
Stanley se embriaga e violenta a cunhada que, daí por diante, vai enlouquecendo até o desfecho
da peça, quando ele chama alguns médicos para interná-la em um hospício. Blanche diz ao
médico, que a conduz suavemente para fora de cena: “Whoever you are – I have always
depended on the kindness of strangers”.
Podemos afirmar que Blanche é uma personagem frustrada e traumatizada por uma
decepção amorosa e, diante de um homem rude e primitivo como Stanley, ela se sente
ofendida, mas, ao mesmo tempo, atraída. Sua fragilidade, suas roupas e modos refinados
incomodam naquele ambiente onde as pessoas estão preocupadas fundamentalmente com
a sobrevivência. Por exemplo, para Stanley importa apenas o presente e suas necessidades
básicas como comer, dormir, jogar e beber com os amigos.
Enfim, a peça aborda um tema comum à toda a obra de Tennessee Williams: a necessidade
de compreensão para indivíduos marginalizados.

Não deixe de ler as informações adicionais sobre o filme que leva o mesmo nome, na seção
“Material Complementar”.

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Arthur Miller (1915 - 2005)

A obra de Arthur Asher Miller é fortemente centrada nos aspectos


sociais, mas também apresenta uma constante preocupação com
a dimensão humana das personagens. De origem judaica, seu pai era
um fabricante de roupas e acabou falindo com a crise de 1929. A ruína
financeira contribuiu para a visão de mundo voltada para os problemas
que afetavam aos pobres.
Arthur Miller geralmente é lembrado por ter sido casado com a
atriz Marilyn Monroe (1956 a 1961), porém sua fama se estendeu
mundialmente pela qualidade de sua dramaturgia evidente nas peças All
My Sons (“Todos os Meus Filhos”), de 1947; Death Of A Salesman
(“A Morte do Caixeiro-Viajante”), de 1949; e The Crucible (“As
Fonte: Wikimedia Commons Bruxas de Salém”), de 1953.
Death of a Salesman, dirigida por Elia Kazan, recebeu vários prêmios, entre eles o Pulitzer,
e se tornou um dos pilares do teatro realista americano moderno. A visão do velho caixeiro
carregando sua pesada mala é uma das imagens marcantes do teatro mundial, que ilustra com
ironia a derrocada de um homem comum diante das promessas do “sonho americano”.
The Crucible trata de um processo verídico contra alguns acusados de feitiçaria em 1692,
numa crítica clara ao abuso de poder, existente em qualquer época, que não permite qualquer
defesa aos acusados. A alusão ao Macartismo foi logo percebida pela extrema direita e Miller foi
convocado, em 1956, a depor no comitê de atividades antiamericanas do senador McCarthy.
Após vários meses de inquérito, Miller foi condenado a cumprir trinta dias na prisão.

Saiba Mais
Macartismo
Passada a Segunda Guerra Mundial, o jogo político internacional ficara polarizado entre as nações comunistas e
capitalistas. Nesse contexto, a chamada Guerra Fria se desenvolveu com uma das várias manifestações que reafirmavam
claramente esse processo de polarização.
Nos EUA, tal divisão de perspectivas acabou favorecendo a perseguição daqueles que tivessem algum tipo de relação
com a militância comunista. Sob o âmbito político, a perseguição aos comunistas ganhou um relevante espaço através
das ações empreendidas pelo senador Joseph Raymond McCarthy.
Por meio de discursos inflamados e diversos projetos de lei, esse estadista conseguiu aprovar a formação de comitês e
leis que determinavam o controle e a imposição de penalidades contra aqueles que tivessem algum envolvimento com
“atividades antiamericanas”, ou seja, quaisquer manifestações políticas inspiradas pelo comunismo. O sucesso dessa
política acabou atingindo tais proporções que o próprio anticomunismo passou a também ser chamado de macartismo.
Apesar de defender a ampla perseguição aos comunistas, o senador McCarthy tinha suas ações limitadas ao quadro de
funcionários do Governo Federal. De tempos em tempos, ele ia até o público para exibir gráficos, mapas e relatórios
que indicavam a perseguição dos funcionários suspeitos de atividade comunista. A notoriedade delegada ao macartismo,
principalmente na década de 1950, pode ser vista como sendo auge de um costume anterior. Nos finais da década de
1930, o Comitê de Atividades Antiamericanas já desenvolvia um trabalho semelhante ao divulgar várias “listas negras”,
onde acusavam intelectuais, escritores e artistas de terem envolvimento com o comunismo.
Na década de 1960, a euforia das manifestações anticomunistas dava lugar ao desenvolvimento de outros caminhos. A
ascensão do movimento hippie e as novas reflexões da intelectualidade colocavam em questão essa visão política. Os
jovens dessa época conseguiam notar as injustiças vigentes no mundo capitalista, mas não concordavam com a faceta
autoritária de algumas experiências do socialismo. Atualmente, o macartismo é utilizado para se definir qualquer tipo de
perseguição sistemática aos comunistas.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia-da-america/macartismo.htm>. Acesso em 13 de mai. 2015.

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Durante os anos em que esteve casado com Marilyn Monroe, Miller não escreveu nenhuma
peça, apenas um roteiro para o cinema, The Misfits (“Os Desajustados”), de 1961, que foi
interpretada pelo célebre trio: Marilyn, Clark Gable e Montgomery Cliff. O casal se divorciou
após as filmagens e Miller se casou, em 1962, com a fotógrafa alemã Inge Morath. Alguns
meses depois, Marilyn cometeu suicídio em Hollywood.
Provavelmente inspirado pelos recentes acontecimentos de sua vida, Miller escreveu a peça
After The Fall (“Depois da Queda”), de 1964.

Não deixe de ler as informações sobre os filmes The Misfits (“Os Desajustados”);
e After The Fall (“Depois da Queda”), na seção “Material Complementar”.

Death of a Salesman (1949)


“A Morte do Caixeiro-Viajante” é considerada a peça mais significativa da dramaturgia
norte-americana do século XX. O protagonista Willy Loman, assim como qualquer americano
de classe média da época, acreditava no ideal do sonho americano, no poder de fazer amigos
e influenciar as pessoas, na possibilidade de começar do nada e, por seu esforço pessoal,
alcançar grande êxito profissional.

Willy tem como modelo um caixeiro-viajante chamado Dave Singleman que, aos 84 anos,
possuía tal prestígio que nem precisava sair do quarto de hotel para realizar seus negócios.
Quando Dave morreu, centenas de companheiros e clientes o homenagearam com um grande
funeral. O trecho abaixo demonstra a admiração de Willy por Dave:

WILLY: And when I saw that, I realized that selling was the greatest
career a man could want. ‘Cause what could be more satisfying
than to be able to go, at the age of eighty-four, into twenty or
thirty different cities, and pick up a phone, and be remembered
and loved and helped by so many different people?

Willy também queria ser estimado como fora Dave Singleman, mas quando o protagonista
entra em cena carregando suas malas e 34 anos de viagens sucessivas, percebe-se que ele não
terá o mesmo sucesso.

O leitor/espectador tem a impressão de que Willy está muito perto da loucura, uma vez que
presente e passado se confundem dentro de sua mente, apresentando, de certo modo, duas
peças paralelas: a que é dada pelo angustiante presente do protagonista, e outra que corresponde
às suas reminiscências, à sua memória, expressa cenicamente através de flashbacks.

O crítico Peter Szondi, em “Teoria do Drama Moderno” (2001), comenta sobre as


reminiscências de Willy, exemplificando com uma cena do primeiro ato, quando o protagonista
joga cartas com o vizinho Charley, e, sobre o palco, aparece o irmão de Willy, Ben:

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WILLY: – Estou morto de cansaço, Ben.
CHARLEY: – Continue a jogar e vai ver como dormirá melhor.
Você me chamou de Ben?
WILLY: – Que engraçado. Por um segundo você me lembrou o
meu irmão Ben. [...]
BEN: – A mãe mora com vocês?
WILLY: – Não, ela já morreu faz tempo.
CHARLEY: – Quem?
BEN: – Ah! Era uma verdadeira dama, a nossa mãe.
WILLY (para Charley): – Hem?
CHARLEY: – Quem já morreu faz tempo?
BEN: – Você soube alguma coisa do pai?
WILLY (agitado): – O que você quer dizer com “quem morreu”?
CHARLEY: – Mas afinal do que você estava falando?

Ao analisar o trecho acima, Szondi afirma:

O caixeiro-viajante não diz absolutamente que vê o


irmão falecido diante de si. Pois sua aparição só seria
uma alucinação no interior da forma dramática, que
exclui por princípio o mundo interior. Mas aqui a
realidade presente e a realidade interna do passado
chegam ao mesmo tempo à representação. No
instante em que o caixeiro-viajante se lembra de seu
irmão, este já se encontra no palco: a reminiscência é
inserida no princípio da forma cênica. (p. 175)

Willy tinha tudo o que um homem precisava: Linda, sua esposa, era bonita e companheira;
os filhos Biff e Happy eram um sucesso, principalmente Biff, que era campeão com o time de
futebol do colégio. Tinha também um ótimo carro, com o qual percorria sua enorme clientela
em mais de vinte Estados.
Porém, durante a ação da peça, os tempos são outros, muitos clientes antigos morreram,
seus filhos se tornaram motivo de chacota: Biff é inseguro e sem profissão, Happy é frustrado,
alcoólatra e dado às mulheres e, a cada viagem, Willy vai tomando consciência de seu fracasso.
Devido a isso, ele busca a morte nos sucessivos “acidentes” de automóvel. Seu comportamento
revela que o sonho americano de sucesso se transformou num grande pesadelo.
É tão terrível para Willy admitir a verdade, que ele prefere se apegar ao sonho absurdo
de um grande negócio de artigos esportivos para os filhos. Além disso, apega-se à ilusão de
conseguir do patrão Howard estabilidade e um escritório em Nova Iorque. Porém, ao invés de
uma resposta positiva do patrão, ele acaba sendo despedido.

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Depois de 34 anos de trabalho, Willy não tem nada: nem sucesso, nem estima, nem emprego,
nem cinquenta dólares para pagar a última prestação do seguro de vida. Ironicamente, é o
medíocre Charley, pai do apagado Bernard da classe de Biff e que se tornara um grande
advogado, que empresta o dinheiro para quitar a apólice.
Em sua última viagem à procura da morte, Willy está plenamente consciente de seu fracasso
e sabe que morto representará para a família vinte mil dólares, o dinheiro do seguro. A última
fala da peça pertence à Linda, que desabafa diante do túmulo do marido, dizendo:

“Hoje fiz o último pagamento da casa. Hoje, querido. E


não haverá ninguém nela. Não estamos devendo nada a
ninguém. Estamos livres de obrigações. Estamos livres...
Estamos livres... livres...”

Assista à peça “A Morte do Caixeiro-Viajante” pelo link:


https://www.youtube.com/watch?v=ow-FQRoSacs
(Acesso em 25 de mai. 2015).

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Edward Albee (1928 - ****)

F oi adotado por uma família da elite de Nova Iorque e cresceu


em meio ao luxo, estudando em ótimas escolas. Começou a se
envolver com movimentos de vanguarda aos 20 anos.
Considerado o sucessor de O’Neill, Tennessee e Miller, introduziu
o Teatro do Absurdo na cena americana, com peças como
The Sandbox (1959) e The American Dream (1960).
Dentre as várias características desse tipo de arte, podemos listar
como as mais recorrentes ou principais: a solidão humana em um
mundo sem Deus; a incapacidade de comunicação; a desumanização
Fonte: Wikimedia Commons
e impotência dos indivíduos em uma sociedade burguesa; a falta de
sentido para a vida; e a ausência de trama (quase nada acontece).

Assista à peça Sandbox acessando o link:


https://www.youtube.com/watch?v=DACiOxVdBJA
(Acesso em 25 de mai. 2015).

Sua primeira peça, que deu nascimento ao drama do absurdo, The Zoo Story (1958),
estreou em Berlim e divulgou o autor americano na Europa. Posteriormente, essa peça foi
encenada em Nova Iorque, surpreendendo o público com o experimentalismo e a intensidade
da obra, que aborda a desilusão e a alienação do homem moderno.

Assista à peça The Zoo Story acessando o link:


https://www.youtube.com/watch?v=ctPun9fzS2E
(Acesso em 25 de mai. 2015).

Para ter acesso ao roteiro completo da peça The


Zoo Story, utilize o link:
http://www1.dcsdk12.org/secondary/dchs/docs/407367.pdf
(Acesso em 25 de mai. 2015).

Sua primeira peça de três atos, Who’s Afraid of Virginia Woolf?, estreou na Broadway
em 1962, tornando-se popular e, ao mesmo tempo, polêmica, pois criticava as instituições
que os americanos mais prezavam: o casamento, a família e o “sonho americano de sucesso”.
A peça foi escolhida pela comissão do prêmio Pulitzer, porém alguns membros da supervisão
proibiram a premiação devido à linguagem explícita e aos temas polêmicos abordados nela.
Apesar do episódio, a peça recebeu o prêmio Tony Award e se tornou um filme antológico,
estrelado por Elizabeth Taylor e Richard Burton.
Albee, ao longo de sua carreira, ganhou três prêmios Pulitzer por Delicate Balance
(1966), Seascape (1975) e Three Tall Women (1991). Em 2005, o dramaturgo recebeu o
Tony Award especial pelas realizações ao longo da carreira.

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Who’s Afraid of Virginia Woolf? (1962)


Em “Quem tem medo de Virginia Woolf?”, temos quatro personagens: George (professor
de história da Universidade New Carthage); Marta (esposa de George e filha do presidente da
Universidade); Nick (um jovem professor); e Honey (esposa de Nick).
No primeiro ato, Fun and Games, Marta e George retornam de uma festa na faculdade
e aguardam a chegada de visitas: o jovem casal Nick e Honey. As cenas são marcadas por
discussões e ofensas de ambos os lados, sempre num tom irônico e inteligente. Marta começa
a flertar com Nick, a fim de irritar o marido.
No trecho abaixo, vemos como Marta credita a carreira universitária do marido ao fato de
ter se casado com a filha do presidente da universidade:

GEORGE: There are easier things than being married to the


daughter of the president of that university. […]
MARTHA: […] for some men it would be the chance of a life time.

Apesar de Marta dominar grande parte do primeiro ato, George também demonstra sua
insatisfação com o casamento e com a postura da esposa, como na seguinte fala:

“In my mind, Martha, you are buried in cement, right up


to your neck. No…right up to your nose… that’s much
quieter.”

As discussões e os flertes se intensificam no segundo ato, Walpurgisnacht, quando a


situação se torna extremamente desagradável, pois todos já estão bêbados. Marta e George,
além de se insultarem, também insultam aos visitantes, constrangendo-os a revelarem detalhes
íntimos de suas vidas, numa espécie de “jogo da verdade”.
No último ato, The Exorcism, Marta passa a desprezar Nick e se descontrola quando George
fala sobre seu filho que, segundo um telegrama recém-chegado, está morto. Entretanto, os
visitantes logo percebem que se trata de um filho imaginário, mais um jogo do casal.
No desfecho, George e Martha ficam sozinhos. O marido afirma que tudo melhorará e
começa a cantar Who’s Afraid of Virginia Woolf?.
Observe que o título da peça, bem como a canção, aludem à cantiga infantil
“Quem Tem Medo do Lobo Mau?”, como se as personagens estivessem presas entre a
ficção e a realidade, entre o sonho, a fantasia e seus conflitos.

Não deixe de ler as informações sobre o filme Who’s Afraid of Virginia


Woolf?, na seção “Material Complementar”.

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Saiba Mais
O título Who’s Afraid Of Virginia Woolf? vem da reescrita das palavras da
canção infantil “Quem Tem Medo do Lobo Mau?”.
Surge em uma brincadeira na festa do pai de Martha. A canção é significativa
porque ela une os temas da infância e paternidade, realidade e fantasia, carreira
e sucesso. Os casais na peça não têm filhos e permanecem ligados a seus pais.
Martha e George confiam no pai de Martha pela sua posição e sua folha de
pagamento. Honey e Nick rely confiam no pai de Honey pelo dinheiro que ele
deixou para eles.
Tal canção, adulterada de uma canção infantil, demonstra como os quatro
personagens da peça ainda se comportam mais como crianças do que como
adultos.
O fato de o nome ser trocado para “Virginia Woolf” é também significativo.
Em sua escrita, Virginia Woolf tentou revelar a verdade da experiência humana,
emoção e pensamento: todas as coisas que os casais nesta peça tentam encobrir.
Quando os casais cantam juntos a canção, debocham de seus próprios medos
sobre a verdade.
George, que parece querer voltar para alguma interação verdadeira com Martha,
apenas canta a canção quando tenta dominar o desprezo dela em relação a ele,
quando ela está acariciando Nick, e quando ele tenta confortar Martha ao final.
Se observarmos bem de perto esses três diferentes momentos, fica claro que
George usa a canção para impedir que Martha revele a verdade sobre ele mesmo,
para provocar Martha por esconder a verdade por detrás de um romance e para
lhe dar coragem para viver sem a falsidade a que eles estavam acostumados.
A canção está consistentemente ligada aos momentos em que os personagens
estão projetando ou tentando projetar uma falsa imagem.
Finalmente, a canção também se refere ao tema da competição acadêmica na
faculdade onde George e Nick trabalham.
Virginia Woolf é conhecida por ser uma escritora complexa. Pelo fato dela ser
um desafio intelectual, ninguém que demonstrasse poder intelectual gostaria de
admitir ter medo de não entender sua escrita.
A canção é uma brincadeira espirituosa, mas também representa o medo real
e comum, embora muito pequeno, nos círculos intelectuais.
Para maiores informações sobre a obra, acesse o link:

http://www.sparknotes.com/lit/afraidofwoolf/study.html
(Acesso em 13 de mai. 2015).

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Considerações finais

Você conheceu, nesta unidade, os principais dramaturgos norte-americanos do século XX.


Iniciamos com Eugene O’Neill e seu drama autobiográfico em quatro atos Long Day’s
Journey Into Night.
Na sequência, vimos a obra-prima A Streetcar Named Desire, de Tennessee Williams, e
seus inesquecíveis protagonistas Blanche Dubois e Stanley Kowalsky.
Estudamos também sobre a dramaturgia social de Arthur Miller e sua peça Death of a
Salesman, cuja cena inicial do velho caixeiro carregando sua pesada mala é uma das grandes
imagens do teatro mundial.
E encerramos com Edward Albee e sua polêmica peça Who’s Afraid of Virginia Woolf?

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Material Complementar
Dear student!
Caso você queira conhecer um pouco mais a respeito dos assuntos tratados nesta unidade,
seguem algumas sugestões de filmes e peças teatrais, baseados nas obras dos dramaturgos do
século XX. Elas estão listadas de acordo com a ordem dos autores no título da unidade.

Eugene O’Neill
Peça de teatro:
Bound East For Cardiff (“Rumo a Leste Para Cardiff”)
Você poderá ter acesso ao roteiro da peça de Eugene O’Neill pelo link:
http://www.eoneill.com/texts/cardiff/contents.htm
(Acesso em 18 de mai. 2015).

Tennessee Williams
Filmes:
A Streetcar Named Desire (“Um Bonde Chamado Desejo”) (1951)
Drama poderosíssimo de Elia Kazan, realizado a partir da peça teatral de Tennessee Williams.
Depois do sucesso da peça nos palcos da Broadway, o realizador Elia Kazan resolveu aceitar o
desafio de passar para filme a história situada em New Orleans.
Em relação ao elenco original da peça, resolveu trocar Jessica Tandy por Vivien Leigh, alegando
a fraca capacidade de Tandy para poder gerar um êxito de bilheteira.
A personagem principal é Blanche DuBois (Vivian Leigh), uma professora de inglês envelhecida
e neurótica que, depois de se envolver em sucessivos escândalos sexuais na sua pequena cidade
natal do Mississipi, resolve vender a sua plantação e viajar para New Orleans para passar uma
temporada com a sua irmã Stella (Kim Hunter), que vive no bairro de Desire. Esta está casada com
Stanley Kowalski (Marlon Brando), um alcoólatra de temperamento rude e irrascível.
Blanche não é bem aceita pelo cunhado, que acha que a sua mulher saiu a perder com a venda da
plantação. Com uma gravidez em fase terminal, Stella se vê obrigada a suportar os instintos animais
do seu marido, defendendo ao mesmo tempo a irmã, percebendo sua fragilidade física e mental.
Para tal, encoraja a relação da irmã com o solteirão Mitch (Karl Malden), um colega de trabalho de
Stanley. Contudo, este descobre toda a verdade sobre o passado da cunhada e resolve se vingar,
manifestando os seus instintos primitivos, violentando a sua cunhada e internando-a num hospício.

A Cat on a Hot Tin Roof (“Gata Em Teto de Zinco Quente”) (1958)


O personagem Brick, interpretado por Paul Newman, um famoso ex-jogador de futebol americano,
agora alcoólatra, nega sua bela esposa, vivida por Elizabeth Taylor, a quem culpa por seu fracasso
(por ter abandonado sua carreira), devido a um incidente com seu amigo de campo Skipper. Brick
também não quer saber de seu pai, Harvey, ou Big Daddy, como todos o chamam, interpretado por
Burl Ives, que está morrendo de câncer. Ambos nunca tiveram um diálogo aberto e são demasiado
orgulhosos para se tornarem amigos nessa altura da vida. Porém, no dia do aniversário de Harvey
toda a família está reunida, incluindo seu irmão, ambicioso advogado, e sua esposa intrometida,
e nesse dia segredos serão desenterrados e verdades serão ditas entre todos os presentes à festa.
Um fato curioso: na peça, existem insinuações homossexuais em relação ao relacionamento de Brick
e Skipper, mas na versão cinematográfica todas foram retiradas, o que fez o público ver a amizade do
protagonista com Skipper como uma relação tão intensa que o fez renegar sua belíssima esposa.

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Arthur Miller
Filmes:
The Misfits (“Os Desajustados”) (1961)
Dirigido com maestria por John Huston, com um roteiro vencedor do Prêmio Pulitzer, escrito por
Arthur Miller, o filme é um drama excitante e instigante de honestidade, intensidade e puro brilho
poético.
Divorciada e desiludida, Roslyn Tabor, interpretada por Marilyn Monroe, fica amiga de um grupo
de desajustados, incluindo um caubói envelhecido (Clark Gable), um mecânico de coração partido
(Eli Wallach) e um cansado cavaleiro de rodeios (Montgomery Clift). Apesar do estilo de vida
imediatista, Roslyn experimenta pela primeira vez a liberdade, animação e paixão. Mas quando
seu inocente idealismo entra em choque com o realismo cínico de seu novo grupo, Roslyn terá que
arriscar perder sua a amizade e o único amor verdadeiro que ela já teve.

After The Fall (“Depois da Queda”) (1974)


Filme que demonstra a luta de um homem para sobreviver em um mundo destruído. Seu principal
personagem é Quentin, um homem alienado, que acha que não há nenhum Deus para julgar
suas ações. Por meio da personagem, Arthur Miller explora o contexto histórico que conduziu a
humanidade a um estado de culpa universal.
Juntamente com sua namorada (Holga), Quentin visita um campo de concentração nazista. No
local, ele é surpreendido ao perceber que seres humanos praticaram tamanha atrocidade: matar
vítimas sem nomes. De acordo com a ética de Miller, um herói morre afirmando sua identidade ao
preservar seu nome.
As atrocidades dos campos fizeram todos, especialmente os sobreviventes, culpados. A inocência
não é mais possível, pois o Holocausto dos judeus violou todos os princípios da moralidade judaico-
cristã.
Quentin também vivencia a culpa herdada por ser parte de uma família, em que o pai foi à falência
na época da Depressão, outro símbolo da queda – a queda da estabilidade econômica que mudou
o sistema americano e fez os homens, uma vez de sucesso, sentirem-se culpados por sua própria
queda.

Peça de teatro:
Death of a Salesman (“A Morte do Caixeiro-Viajante”)
Assista à peça, acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=ow-FQRoSacs
(Acesso em 25 de mai. 2015).

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Edward Albee
Filmes:
Who’s Afraid OF Virginia Woolf? (“Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?”)
Martha e George formam um casal de intelectuais já de meia-idade, que se amam e se odeiam. A
trama gira em torno de uma festa na casa do pai de Martha (o presidente da  universidade  onde
George leciona). Ao retornarem da festa, bastante embriagados, acolhem Nick e Honey, um jovem
casal que também estava na mesma festa e mora longe do local. No entanto, ficam constrangidos
com o clima tenso entre George e Martha, que tinham acabado de discutir, mas acabam tomando
umas bebidas junto com os donos da casa.
Martha se insinua abertamente para Nick e humilha George que, despeitado, “inventa” um tipo de
jogo da verdade, induzindo as pessoas a seu redor a confessarem detalhes íntimos. Mas George não
diz quando fala a verdade ou quando mente sobre si mesmo, enquanto seus confusos interlocutores
dizem mentiras que pensavam ser verdades – geralmente escondidas e escabrosas, mas logo
desvendadas pelos outros.

Peças de teatro:
The Sandbox
Assista à peça, acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=DACiOxVdBJA
(Acesso em 25 de mai. 2015).

The Zoo Story


Assista à peça, acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=ctPun9fzS2E
(Acesso em 25 de mai. 2015).

Para ter acesso ao roteiro completo da peça, utilize o link:


http://www1.dcsdk12.org/secondary/dchs/docs/407367.pdf
(Acesso em 25 de mai. 2015).

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Unidade: Século XX: Dramaturgia no Modernismo (Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Arthur Miller, Edward Albee)

Referências

CUNLIFFE, M. The Literature of the United States. 4.ed. Middlesex: Penguin, 1986.

HIGH, P. B. An Outline of American Literature. England: Longman, 2002.

NABUCO, C. Retrato dos Estados Unidos a Luz da sua Literatura. 2.ed.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

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Anotações

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