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A IN EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

APLICADAS AOS MENORES ENVOLVIDOS COM O TRÁFICO


DE DROGAS EM MARATAÍZESES Á LUZ DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
NAYLLA RAMOS GONÇALVES NUNES 1
IVY DE SOUZA ABREU 2

RESUMO
O presente trabalho se propõe a analisar a (in) eficácia da aplicação das medidas socioeducativas aos menores infratores envolvidos com tráfico de
drogas no município de Marataízes-ES à luz dos direitos fundamentais. A proteção integral foi eleita como doutrina menorista pela Constituição da
República Federativa do Brasil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, garantindo-se, assim, uma blindagem protetiva de direitos. Entretanto,
os infantes serão punidos pela prática de condutas tipificadas pelo direito penal, os atos infracionais. As medidas socioeducativas são as punições
aplicáveis aos menores, dentre elas, a mais gravosa é a internação. O tráfico de drogas é um problema social (e de saúde pública) que tem afetado
cada vez mais crianças e adolescentes, não só pelo uso de entorpecentes, mas também pela participação nos atos criminosos. A ilusão de dinheiro
rápido e fácil e o status advindo da prática criminosa (e dos bens de consumo que se tornam acessíveis) são apresentados aos jovens já no
primeiro contato com o tráfico. Muitas vezes, a falta de punição efetiva e a impunidade são fatores favorecedores da inserção dos infantes nestes
crimes. No município de Marataízes-ES, ocorre um fenômeno que merece discussão: a reiteração dos menores infratores nos casos que envolvem
tráfico de drogas. Assim, se faz necessário analisar quais medidas foram e são aplicadas a estes menores, o motivo da reincidência e da não eficácia
da medida e se a internação é a medida mais eficaz.
Palavras-chave: Direitos Humanos. Medidas Socioeducativas. Reiteração.

INTRODUÇÃO

A proteção da criança e do adolescente se inicia no Brasil através do Código de Menores


GHHVH¿QGDDWpRSUHVHQWHPRPHQWRFRPR(VWDWXWRGD&ULDQoDHGR$GROHVFHQWHGH
1990. Sendo assim, tem-se que analisar todo contexto histórico para uma base do direito da
criança e do adolescente em relação às garantias constitucionais.

1 Graduanda do 5º ano de Direito pela Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim; (naylla_ramos@


hotmail.com), GT IV.
2 Doutoranda em Direitos e Garantias Fundamentais pela FDV; Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais
pela FDV; Especialista em Direito Público; MBA em Gestão Ambiental; Avaliadora da Revista Brasileira de
Políticas Públicas (qualis B1); Advogada; Bióloga; Professora Universitária.
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Há de se analisar que o menor, mesmo em condições de extrema proteção, que prática


ato infracional, deve ser punido nos moldes do Estatuto da Criança e do Adolescente para
TXHWRPHFLrQFLDGRVHXHUURHTXHSRVVDUHSDUiORGHDFRUGRFRPRIHLWReSRVVtYHOUHÀHWLU
neste contexto que o ato infracional vem a ser conduta descrita como tipo ou contravenção
penal, cuja denominação se aplica aos inimputáveis, ou seja, será aplicado às pessoas que no
tempo do fato não hajam chegado aos 18 anos de idade.
As medidas socioeducativas são punições aplicadas ao menor que comete um ato in-
IUDFLRQDOWLSL¿FDGRQR&yGLJR3HQDO1HVVHVHQWLGRpSUHFLVRYHUL¿FDUDH¿FiFLDGDDSOLFDomR
de mencionadas medidas à luz do princípio da proteção integral. Isto porque, embora haja
uma robusta proteção em torno dos infantes, quando o menor comete um ato infracional
ele deve ser punido como forma de disciplinar o seu comportamento, bem como visa sua a
adequação no seio da sociedade.
Inicialmente, o presente trabalho abordará o direito à vida e à saúde do menor como um
dos principais direitos fundamentais, preconizados na própria Carta Magna. Neste diapasão,
WHPVHTXHRXVRGHHQWRUSHFHQWHVSHORVPHQRUHVDOpPGHFRQWULEXLUSDUDRDXPHQWRGRWUi¿FR
de drogas, trás malefícios à própria integridade física do infante, o que fere o direito à saúde.
Neste contexto, tem-se que as medidas socioeducativas são divididas em seis mecanis-
mos punitivos, quais sejam, advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviço à
FRPXQLGDGHOLEHUGDGHDVVLVWLGDLQVHUomRHPUHJLPHGHVHPLOLEHUGDGHHSRU¿PDLQWHUQDomR
em estabelecimento educacional. Dentre elas a internação tende a ser a medida mais gravosa
HH¿FD]QRVFDVRVGHUHLWHUDomRQRWUi¿FRGHGURJDVWHQGRHPYLVWDDJUDYLGDGHGRFULPHSUD-
WLFDGRSHORPHQRU WUi¿FRGHGURJDV GL¿FLOPHQWHXPDPHGLGDPDLVEUDQGDFRQVHJXLUiVXUWLU
o efeito esperado de reabilitação, para que conviva novamente com a família e a sociedade.
Assim, ao longo do estudo será analisado que no Município de Marataízes/ES, osme-
QRUHVHPFRQÀLWRFRPDOHLHPUHODomRDRWUi¿FRGHGURJDVSRUVXDUHLWHUDomRVmRSRVWRVHP
regime de internação, como forma de necessidade de tratamento especial, tendo como foco o
tratamento psicológico para sua reestruturação no seio familiar e social. Assim, pergunta-se:
$V0HGLGDV6RFLRHGXFDWLYDVDSOLFDGDVDHVWHVPHQRUHVVmRH¿FD]HV"
O presente trabalho tem como objetivo geral exporo problema da reiteração praticada
SHORVPHQRUHVQRFULPHGHWUi¿FRGHGURJDVQDUHDOLGDGHGR0XQLFtSLRGH0DUDWDt]HV(6
WHQGRFRPRREMHWLYRVHVSHFt¿FRVjDQiOLVHGDV0HGLGDV6RFLRHGXFDWLYDVDSOLFDGDVDRVPHQRUHV
HPFRQÀLWRFRPDOHLPRVWUDUTXDLVDV0HGLGDV6RFLRHGXFDWLYDVVmRDSOLFDGDVHPFDVRVGH
UHLWHUDomRGRVPHQRUHVQRWUi¿FRGHGURJDVHVSHFL¿FDPHQWHQR0XQLFtSLRGH0DUDWDt]HV(6
PRVWUDQGRTXDLVHVWmRVHQGRH¿FD]HVHDSUHVHQWDUHPTXDLVVLWXDo}HVRVPHQRUHVSUHFLVDP
GHLQWHUQDomRFRPRDPHGLGDPDLVH¿FD]

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Em relação à metodologia trabalhada para a realização da presente pesquisa, será uti-


lizado o método dedutivo. Para o desenvolvimento do trabalho, será pertinente a utilização
GDSHVTXLVDELEOLRJUi¿FDRXGRFXPHQWDODWUDYpVGHOLYURVHGRFXPHQWRVRVTXDLVSRGHUmR
SURSRUFLRQDUPDLRUHVLQIRUPDo}HVVREUHRWHPDFRPRWDPEpPGH¿QLUREMHWLYRVHIRUPX-
lar hipóteses para a pesquisa. Para uma melhor análise quanto ao tema, será necessário
ainda à pesquisa de campo, em que serão feitas entrevistas com aplicadores do Direito no
Município de Marataízes/ES.

DIREITO À VIDA E À SAÚDE DO MENOR

A Constituição Federal quando foi promulgada em 1988 previu vários direitos para a
criança e adolescente, dentre eles o direito à vida e à saúde, consagrando não só dever da
família, mas também do Estado e da sociedade em resguardar os infantes desde a concepção
da vida. Veja-se o descrito no texto constitucional:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
FRPDEVROXWDSULRULGDGHRGLUHLWRjYLGDjVD~GHjDOLPHQWDomRjHGXFDomRDROD]HUjSUR¿VVLRQD-
lização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão (BRASIL, 2014,p.134).

1HVVHVHQWLGRYHUL¿FDVHTXHSDUDDJDUDQWLDGRVGLUHLWRVGRVPHQRUHVpSUHFLVRTXH
haja uma ação concomitante do Estado, da família e da sociedade. No que se refere ao Estado
WHPVHTXHLQFXEHDR3RGHU([HFXWLYRVHSDUDUYHUEDVRUoDPHQWiULDVD¿PGHTXHSROtWLFDV
públicas relacionadas aos direitos do menor sejam efetivadas. A omissão do ente público em
referida efetivação pode ser sanada através de ação civil pública proposta pelo Ministério
Público que detém legitimidade para seu ajuizamento. (ISHIDA, 2014)
Ademais, é possível analisar que a Carta Magna de 1988 juntamente com a promulgação
do Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe um olhar mais amplo sobre os infantes, ao
incluir diretrizes da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Ainda convém ressaltar
que o Brasil é um dos poucos países que prevê legalmente a constituição de conselhos paritários
e deliberativos na área das políticas para crianças e adolescentes, bem como a estruturação
de conselhos tutelares eleitos pelas próprias comunidades.
Insta ressaltar que, o menor precisa de um ambiente familiar com uma base de exemplo
dos pais, para que nesta fase que é a de desenvolvimento eles possam crescer com saúde, uma

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vez que o seu desenvolvimento passa por mudanças extremas nesta fase e o dever da família
é primordial para que tal desenvolvimento possa ser alcançado da melhor maneira. Neste
sentido é possível analisar que a criança e o adolescente têm direito de ser criado em ambiente
livre de entorpecentes, ou seja, um ambiente sadio para que se desenvolva adequadamente.
Insta salientar que, a sociedade tem um papel importante na formação do indivíduo,
porque está diretamente ligada à família e ao Estado, participando como um todo na vida
dos menores. Isto porque o papel da sociedade está vinculada com a criação de um cidadão
para convívio social.
Assim, a própria sociedade proporciona diretrizes de comportamento adequado ao
menor visando a sua integridade física e psicológica, haja vista que o menor que se envolve
FRPRWUi¿FRGHGURJDVDOpPGHSUHMXGLFDUDVXDVD~GHpPDOYLVWRSHODSRSXODomRFRPR
XPSRWHQFLDOLQIUDWRUGDVQRUPDVOHJDLV'HVVDIRUPDYHUL¿FDVHDJUDQGHUHOHYkQFLDTXHD
sociedade tem no próprio desenvolvimento social do menor.
As medidas sócio educativas aplicadas aos infantes têm como objetivo primordial gerar
efeitos positivos às suas respectivas vidas, para que não pratiquem novamente atos infracio-
nais, assim é que:

Independente da modalidade aplicada, devem produzir impacto positivo na vida do jovem. Contudo,
DVGL¿FXOGDGHVHPVXDLPSOHPHQWDomRQmRWrPSHUPLWLGRVXSHUDURHVWLJPDGDSUHGLomRGHIUDFDVVR
atribuído aos adolescentes autores de ato infracionais e ao próprio sistema socioeducativo. O descrédito
DWULEXtGRjVLQVWLWXLo}HVGHDWHQGLPHQWRDRDGROHVFHQWHHPFRQÀLWRFRPDOHLGHULYDHPJHUDOGRVUHVXO-
WDGRVQHJDWLYRVDGYLQGRVGDLQDGHTXDomRHVWUXWXUDRXGDLQH¿FiFLDGRVSURJUDPDVQRIRUQHFLPHQWRGH
DSRLRHSURWHomRQHFHVViULRVDRMRYHPQDVXSHUDomRGHVXDVGL¿FXOGDGHV %$=21%5,722/,9(,5$
apud ASSIS, 2006,p.76).

Neste diapasão, em 1959 a Organização das Nações Unidas – ONU aprovou a Declaração
Universal dos Direitos da Criança, senão veja-se:

Explicitamente que a criança, em decorrência de sua imaturidade física emental, precisa de proteção e
FXLGDGRVHVSHFLDLVDQWHVHGHSRLVGRQDVFLPHQWR$¿UPDDLQGDTXHDKXPDQLGDGHGHYHjFULDQoDRPHOKRU
deseus esforços. Apela a que os pais (grifo nosso), cada indivíduo de per si, asorganizações voluntárias,
as autoridades locais e os governos reconheçamesses direitos e liberdades enunciados, empenhando-se
todos pela suaobservância, mediante medidas legislativas de outra natureza. (ONU, p.21, 1975).

Com efeito, salienta-se que o direito da criança e do adolescente é reconhecido em todo


bojo internacional e merece atuação sempre com prioridade, mas com cautela e com respon-

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sabilidade de que o menor deve ser punido de acordo com o fato cometido. Isto porque, as
Medidas Socioeducativas vão, da mais branda a mais gravosa, precisando neste caso que os
aplicadores do Direito se respaldem no delito cometido.

DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Dá-se o nome medida socioeducativa a providência originada através da sentença pro-


ferida pelo juiz de direito da Vara da Infância e Juventude, advinda do devido processo legal
de natureza sancionatória para o menor como resposta de um ato infracional praticado pelo
adolescente. Insta ressaltar que, a medida socioeducativa por vezes possui como natureza
administrativa, resultante de homologação judicial de remissão cumulada com alguma me-
dida permitida por lei.
Dessa forma, é possível analisar o papel do Ministério Público como sendo aquele que
tem atuação direta por meio de representação quando realizado o ato infracional, para que
SRVVDVHULQVWDXUDGDXPDDomRVRFLRHGXFDWLYD(WDPEpPRSDSHOGRMXL]FRPRMXOJDGRU¿QDO
do processo, o qual aplica a medida socioeducativa mais adequada.
No que se refere à criação do Estatuto da Criança e do Adolescente e as medidas socioe-
ducativas tem-se que:

(PSURPXOJRXVHR(VWDWXWRGD&ULDQoDHGR$GROHVFHQWH±(&$ 06 IUXWRGDUDWL¿FDomRGD


Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente da Organização das Nações Unidas (ONU),
que passou a considerar a população infanto-juvenil como sujeito de direito e merecedora de cuidados
especiais e proteção prioritária. Esta lei revogou o Código de Menores de 1979. Este Estatuto, considera
que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos que cometem crime ou contravenção penal.
A estes jovens não podem ser perpetradas penas,e sim medidas sócio-educativas de advertência,obrigação
de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semi
liberdade, internação em estabelecimento educacional, além de outras medidas que visem ao acompanha-
mento do infrator na família, escola, comunidade, serviços de saúde etc. (OLIVEIRA; ASSIS, 1999, p.833)

Diante todo contexto apresentado, há de se analisar que os direitos da criança e do


adolescente merece ser discutido e avaliado em todo seu parâmetro e estrutura, vez que é
um direito novo e que traz muitas tutelas, cautelas e deveres aos menores, tanto para os que
precisam de proteção quanto àqueles que precisam de medidas socioeducativas por estar em
FRQÀLWRFRPDOHL
Neste sentido, tem-se ainda o artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente, veja-se:

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$UW9HUL¿FDGDDSUiWLFDGHDWRLQIUDFLRQDODDXWRULGDGHFRPSHWHQWHSRGHUiDSOLFDUDRDGROHVFHQWH
as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias
e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
†ž2VDGROHVFHQWHVSRUWDGRUHVGHGRHQoDRXGH¿FLrQFLDPHQWDOUHFHEHUmRWUDWDPHQWRLQGLYLGXDOHHV-
pecializado, em local adequado às suas condições. (BRASIL, 1990)

Com isso, as medidas previstas no artigo 101, I a VI, por força do artigo VII do artigo
112, também podem ser aplicadas ao adolescente que pratica ato infracional, assim, recebido
do legislador uma nuance socioeducativa.
$OpPGRFDUiFWHUSHGDJyJLFRTXHYLVDjUHLQWHJUDomRGRMRYHPHPFRQÀLWRFRPDOHLQD
vida social, as medidas socioeducativas possuem outro, o sancionatório, em resposta que a
sociedade possui pela lesão decorrente da conduta típica praticada.
Nesse sentido tem-se que:

A medida socioeducativa é a manifestação do Estado, em resposta ao ato infracional, praticado por


menores de 18 anos, de natureza jurídica impositiva, sancionatória e retributiva, cuja aplicação objetiva
LQLELUDUHLQFLGrQFLDGHVHQYROYLGDFRP¿QDOLGDGHSHGDJyJLFDHGXFDWLYD7HPFDUiWHULPSRVLWLYRSRUTXH
a medida é aplicada independente da vontade do infrator – com exceção daquelas aplicadas em sede de
UHPLVVmRTXHWHPD¿QDOLGDGHWUDQVDFLRQDO$OpPGHLPSRVLWLYDDVPHGLGDVVRFLRHGXFDWLYDVWrPFXQKR
sancionatório, porque, com sua ação ou omissão, o infrator quebrou a regra de convivência dirigida a
WRGRV(SRU¿PHODSRGHVHUFRQVLGHUDGDXPDPHGLGDGHQDWXUH]DUHWULEXWLYDQDPHGLGDHPTXHp
uma resposta do Estado à prática do ato infracional praticado. (MORAES; RAMOS. Et al, 2011,p.1073)

No que se refere à medida de advertência deve-se analisar o artigo 115, da Lei 8.069/90
no qual consagra que “A advertência constituirá em admoestação verbal, que será reduzida
a termo e assinalada”. (ANGHER, 2013, p. 1034)
Com efeito, essa medida é a mais leve dentre as demais medidas existentes no ordena-
mento jurídico sendo realizada pelo juiz da Infância e da Juventude, senão veja-se:

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A advertência é típica medida a ser aplicada em remissão (adiante vista), e deve ser relegada aos casos de
menor gravidade, cometidos sem violência contra a pessoa ou grave ameaça, e envolvendo adolescente
sem antecedentes.[...] A advertência é uma admoestação que faz o adolescente ver o equívoco do seu ato
e as consequências negativas que poderão advir da reiteração de práticas semelhantes. Para infratores
renitentes ou violentos, é uma medida normalmente inócua. (MEZZOMO, 2004,p.07)

Insta salientar ainda acerca da advertência que, justamente por ser a medida mais bran-
da/singela das medidas socioeducativas, o ECRIAD admite sua aplicação quando existente a
prova de materialidade, mesmo que não esteja comprovada autoria do ato infracional, sendo
VX¿FLHQWHVLQGtFLRVGDDXWRULD '835(7
Em relaçãoa obrigação de reparar o dano, tem-se de acordo com a legislação do Estatuto
da Criança e do Adolescente em seu artigo 116, FDSXW, que “Em se tratando de ato infracional
FRPUHÀH[RVSDWULPRQLDLVDDXWRULGDGHSRGHUiGHWHUPLQDUVHIRURFDVRTXHRDGROHVFHQWH
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo
da vítima”. (MORAES; RAMOS. Et al, 2010)
É cediço que, essa medida é aplicada apenas nos casos em que o menor infrator cometer
XPDWRLQIUDFLRQDOTXHRVHX¿PYLHUDVHUDUHVWLWXLomRGDFRLVDSRUXPGDQRFDXVDGRFRP
UHÀH[RVSDWULPRQLDLV8PDYH]TXHYLVDGHVHQYROYHUQRDGROHVFHQWHRVHQVRGHUHVSRQVDEL-
lidade, compensando a vítima pelo dano patrimonial causado, seja por meio da reparação
ou por meio de compensação.
No que se refere à medida de prestação a serviços à comunidade tem-se que:

$ SUHVWDomR GH VHUYLoRV j FRPXQLGDGH p VHP G~YLGD XPD GDV PHGLGDV PDLV H¿FD]HV 2 SHUtRGR H D
quantidade de horas semanais deve levar em conta a condição do infrator e a gravidade da infração,
estabelecendo-se uma proporcionalidade. O período máximo é de seis meses, em regime de oito horas
semanais. O cumprimento da medida não pode causar prejuízo a outros direitos do infrator, como a
educação. (MEZZOMO, 2004,p.07)

Nota-se que essa medida apresenta aplicação mais efetiva no que se refere ao preenchi-
PHQWRGRWHPSRRFLRVRGRVDGROHVFHQWHVLPSHGLQGRTXHHVWHVYROWHPDHQWUDUHPFRQÀLWR
com a lei, tendo em vista que se trata de uma resposta social à coletividade pela conduta
infracional praticada pelo menor.
No que se refere à medida de liberdade assistida, estase consagra assim como as outras
medidas expostas até aqui no Estatuto da Criança e do Adolescente por força dos artigos 118
e 119. Esta é considerada a última medida em se tratando de meio aberto, utilizada logo de
início ou quão mecanismo de progressão.

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Neste sentido, tem-se que:

³2DUWLJRWUD]HPUROH[HPSOL¿FDWLYRDOJXQVGRVHQFDUJRVGRRULHQWDGRU3URPRYHUVRFLDOPHQWHR
DGROHVFHQWHHVXDIDPtOLDIRUQHFHQGROKHVRULHQWDomRHLQVHULQGRRVVHQHFHVViULRHPSURJUDPDR¿FLDO
ou comunitário de auxílio e assistência social; supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar,
SURPRYHQGRLQFOXVLYHVXDPDWUtFXODGLOLJHQFLDUQRVHQWLGRGDSUR¿VVLRQDOL]DomRGRDGROHVFHQWHHGHVXD
inserção no mercado de trabalho; e apresentar relatório do caso.” (DUPRET, 202, p. 229)

Em casos de infrações intermediárias, passível é o entendimento da Aplicação de me-


didas como a liberdade assistida. Nesse sentido:

A liberdade assistida é medida apropriada para os casos residuais, onde uma medida mais branda possa
UHVXOWDULQH¿FD]PDVQRVTXDLVRLQIUDWRUQmRVHUHYHODSHULJRVRGHPRGRTXHIRVVHUHFRPHQGDGDXPD
internação ou regime de semiliberdade. Trata-se de uma medida que pode ter excelentes resultados nes-
tes casos intermediários. A execução de medida faz-se através de um orientador, que deve ser escolhido
SUHIHUHQFLDOPHQWHHQWUHSUR¿VVLRQDLVRXDJHQWHVGHVHUYLoRVHVWDWDLVGHDVVLVWrQFLDVRFLDORXFRQVHOKHLURV
tutelares. (MEZZOMO, 2004,p.07)

$GHPDLVpSRVVtYHOYHUL¿FDUTXHHVWDPHGLGDGHYHVHUDSOLFDGDFRPRSUD]RPtQLPR
de seis meses, podendo ser prorrogada, sempre que observada alguma necessidade de o
adolescente receber acompanhamento, auxílio e orientação, por parte de pessoa competente
através da autoridade judicial e apta para o atendimento.
Destarte que, é de relevante importância o papel do orientador, já que a este cabe a
condução da medida, que envolve não só o adolescente, mas também sua família, devendo
diligenciar para que seja obtivo êxito pelo menos nos segmentos dispostos no art. 199, inci-
sos I a III – cujo rol não é exaustivo – como exemplo em relação à frequência escolar e na
SUR¿VVLRQDOL]DomR 025$(65$026(WDO 
No que se refere à medida de semiliberdade, analisa-se que não comporta prazo determi-
nado, está disposto no artigo 120 do ECRIAD, sendo aplicada aos menores infratores no que
couber nas disposições relativas à internação, tendo em vista a mesma ter subsidiariamente
o tratamento dado àquela.
2(VWDWXWRGD&ULDQoDHGR$GROHVFHQWHQmRGH¿QHRFRQWH[WRGHVHPLOLEHUGDGHQHP
estabelece o local e forma de cumprimento, prevendo somente que poderá ser determinada
pelo juiz logo no início ou como forma de transação para o meio aberto (DUPRET, 2012). No
FDVRSUiWLFRpSRVVtYHOYHUL¿FDUDRFRUUrQFLDGHXPDVpULHGHGL¿FXOGDGHVSDUDDLQVWLWXLomR
da medida denominada semiliberdade. Isto porque a falta de infraestrutura e a inexistência

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de locais apropriados para executar e acompanhar o procedimento de tal medida faz com que
a mesma não seja aplicada nos casos necessários.

A semiliberdade pode ser aplicada como regime de transição posteriormente a uma internação ou como
PHGLGDDXW{QRPD6mRREULJDWyULDVDHVFRODUL]DomRHSUR¿VLVRQDOL]DomRGRLQIUDWRU1DYHUGDGHDDSOL-
cação desta medida é difícil. Não há locais adequados para sua execução que acaba sendo procedida em
estabelecimentos destinados à internação. O reduzido número destes, de seu turno, torna prioritárias a
execução das medidas de internação.(MEZZOMO, 2004,p.08)

A medida socioeducativa de internação é aquela que consome mais disposições no


ECRIAD, sendo esta tratada nos artigos 121 a 125. Esta medida tem como função privar a
OLEHUGDGHGRDGROHVFHQWHHPFRQÀLWRFRPDOHL¿FDQGRHVWHLQWHUQDGRHPHVWDEHOHFLPHQWR
SUySULRSDUDHVWH¿PHLPSRUWDQWHVDOLHQWDUTXHQmRpSRVVtYHOSHUPDQHFHURPHQRULQWHU-
nado em sede policial ou em estabelecimento prisional. (DUPRET, 2012)Tem-se ainda que,
a internação e a semiliberdade, sujeitam-se aos princípios da brevidade, excepcionalidade
e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, conforme está disposto no
artigo 121 do ECRIAD.
A internação em nenhuma hipótese poderá exceder o prazo máximo de três anos e uma
vez que o menor infrator estiver internado, precisa haver manutenção e reavaliação a cada
seismeses, mediante decisão fundamentada, além da manutenção também precisa-se atentar
com os prazos estabelecidos nos artigos 121,§3º, 108, 122,§1º, ambos do ECRIAD.
Insta ressaltar que, além do prazo previsto de três anos, no máximo, é preciso atentar-se
também na idade permitida para o cumprimento da internação, que é de 21 anos, consoante
disposto no parágrafo 5º do artigo 121, do ECRIAD.
Contudo, no que se refere à internação provisória, sua disciplina está inserida nos arts.
HGR(&5,$'RTXDO¿[DRSUD]RPi[LPRGHTXDUHQWDHFLQFRGLDVVHQGR
GH¿QLGDVGHDFRUGRFRPDOJXPDVKLSyWHVHVVmRHODV, H[LVWrQFLDGHLQGtFLRVVX¿FLHQWHVGH
autoria e materialidade, devendo ser demonstrada a imprescindibilidade da medida ou II)
garantia da segurança pessoal do adolescente ou para manutenção da ordem pública, quando
o exigirem, em função da gravidade do ato infracional e de sua repercussão social. (MORAES;
RAMOS. Et al, 2011)
Após transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias, o juiz deverá de ofício ou atendendo
DUHTXHULPHQWRGHWHUPLQDUDOLEHUDomRGRDGROHVFHQWH'XUDQWHHVWHSUD]R¿[DGRRPDJLV-
WUDGRGHYHSURYLGHQFLDUSDUDTXHRSURFHGLPHQWRMXGLFLDOVHMD¿QDOL]DGRFRPRUHJUDRDUWLJR
183. (ROSSATO, LÉPORE e CUNHA, 2011)

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Em relação à medida mais gravosa, qual seja, internação, depreende-se que:

A medida de internação éaquela que coloca o infrator sob custódia do Estado, privando-o de liberdade
total ou parcial.Esta medida somente pode ser aplicada pelojuiz em caso de infração cometida por meio
degrave ameaça ou violência à pessoa e no casode reincidência de ato infracional grave. Nãohá previsão de
tempo para a internação, contudo, a permanência do jovem nesse estabelecimento não pode ultrapassar
o prazo de trêsanos, devendo ser a mesma avaliada a cada semestre. A libertação será compulsória aos
vintee um anos de idade. (OLIVEIRA; ASSIS, 1999, p.833)

$VVLPWHPVHTXHDPHGLGDVRFLRHGXFDWLYDGHLQWHUQDomRpDPHGLGDPDLVH¿FD]QRV
FDVRVGHPHQRUHVTXHVHHQYROYHPQRWUi¿FRGHGURJDV$XPDSRUTXHSRUVHUDLQWHUQDomR
a medida mais gravosa, sua metodologia de aplicação faz com que o menor repense suas ati-
tudes e não se reinsira na seara do crime, haja vista que sendo a internação uma modalidade
de privação da liberdade total ou parcial do menor, análoga à pena privativa de liberdade,
respeitado os direitos inerentes aos infantes, o menor infrator que é submetido à internação,
por si só, compreenderá o motivo da medida aplicada e por conseguinte se afastará das prá-
WLFDVLOtFLWDV$GXDVSRUTXDQWRRVFDVRVGHDWRVLOtFLWRVTXHHQYROYHPWUi¿FRGHGURJDVSRU
vezes, gerar grave ameaça ou violência à pessoa, sendo a medida socioeducativa internação
a mais adequada no caso concreto.
Com isso, em relação à reiteração, é importante destacar que este conceito não se con-
funde com o de reincidência, que necessitada realização de novo ato infracional após o trânsito
julgado de decisão anterior, enquanto que aquela exige seja a conduta infracional revestida de
HVSHFLDOJUDYLGDGHTXHLPSRQKDRUHJLPHGHSULYDomRGHOLEHUGDGHFRPRDOWHUQDWLYDPDLVH¿FD]

INEFICÁCIA DA MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS NO TRÁFICO DE DROGAS NA LOCALIDADE


DE MARATAÍZES/ES

Conforme dito alhures, as crianças e os adolescentes passam por uma fase de crescimento,
pelo qual suas estruturas biológicas, emocionais e sociais estão em constante desenvolvimento
para se tornarem adultos e se inserirem no rol da sociedade como cidadãos. Por esse motivo,
RFXLGDGRFRPRVLQIDQWHVGHYHVHUPDLRUD¿PGHTXHHVWHVSRVVDPFUHVFHUGHIRUPDVDGLD
e terem supridas todas as suas necessidades básicas. Infelizmente, o Estado deixa a desejar
no que se refere a investimentos na educação e saúde do menor.
Este cuidado não deve ser atribuído tão somente ao Estado, mas também a própria família
do menos e a sociedade, que juntos, devem zelar pelo bem estar dos infantes. A negligência

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de qualquer destes responsáveis(Estado, família e sociedade) é um de vários fatores enseja-


dores do aumento de criminalidade entre os menores culminando na majoração de usuários
de entorpecentes desde a tenra idade.
Neste diapasão, as medidas socioeducativas visam minimizar este quadro lastimável.
Com o objetivo de ressocialização, tais medidas, sendo aplicadas da maneira correta, trazem o
menor de volta ao convívio no seio da sociedade, mesmo que para isso precise de uma medida
mais gravosa e severa, como o caso tratado no presente capítulo, à internação. Nesse sentido:

Como as demais experiências vivenciadas na adolescência, o período da medida será dotado de signi-
¿FDWLYDLPSRUWkQFLDSDUDRGHVHQYROYLPHQWRVREUHWXGRSRUVHUHVWDXPDIDVHHPTXHDVPXGDQoDV±
biológicas, cognitivas,emocionais e sociais – são vivenciadas de modo bastanteintenso. Na adolescência
ocorre um aumento da variabilidade de experiências de vida e de demandas sem quehaja equivalente
incremento de suportes sociais e recursosdisponíveis para lidar com tantas situações. Este aspecto
torna ainda mais urgente que as medidas socioeducativas desempenhem papel protetivo numprojeto
ético e coletivo de produção de sentidos renovadores aos adolescentes atendidos pelo sistema. (SILVA;
HUTZ, apud ASSIS, 2006, p. 76)

Com efeito, na cidade de Marataízes/ES, infelizmente, o quadro de envolvimento de


PHQRUHVHPWUi¿FRGHGURJDVQmRpGLIHUHQWHGDUHDOLGDGHGRSDtVFRPRXPWRGR
A cidade litorânea conta com um número de aproximadamente 34.140 (trinta e quatro
PLOFHQWRHTXDUHQWD KDELWDQWHVVHJXQGRR~OWLPRFHQVRGHPRJUi¿FRUHDOL]DGRSHOR,%*(
em 2010. A reclamação da crescente ronda de violência na cidade é unânime por parte dos
moradores. O número de crianças e adolescentes envolvidos na criminalidade também
DXPHQWDDFDGDGLDIDWRHVWHODPHQWiYHOTXHSRGHVHUPRGL¿FDGRFRPXPPDLRUDSRLRGR
Estado, sociedade e a própria família do menor.
2VFDVRVGHWUi¿FRGHGURJDVVmRRVPDLVUHFRUUHQWHVQD9DUDGD,QIkQFLDH-XYHQWXGH
GDFLGDGH$VVLPRPHQRUTXHHQWUDSDUDDYLGDGRVFULPHVGHWUi¿FRGHHQWRUSHFHQWHVSRU
vezes já adentrou na seara criminosa através de pequenos furtos e prática de diversos outros
atos ilícitos menores.
$QHFHVVLGDGH¿VLROyJLFDGHXWLOL]DUDGURJDID]FRPTXHRVPHQRUHVXVXiULRVSUDWLTXHP
SHTXHQRVDWRVLOtFLWRVD¿PGHDQJDULDUIXQGRVSDUDFRPSUDUDGURJD,VWRSRUTXHQDPDLRULD
das vezes os menores que se insere na vida criminosa são de baixa renda, situados na periferia
da cidade, marginalizados pela própria sociedade. Por vezes, estes menores praticam atos
ilícitos porque a sociedade/Estado não dão o devido apoio/auxílio, preconizado no Estatuto
da Criança e do Adolescente para que estes infantes vivam com qualidade de vida.

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Entretanto, não são somente os menores de famílias menos favorecidas que entram
na vida do crime. Nos últimos anos houve um aumento considerável de jovens de famílias
DEDVWDGDVTXHVHHQYROYHUDPQRWUi¿FRGHGURJDV2IDOVRVHQWLPHQWRGHSRGHUEHPFRPRGH
impunidade invade o pensamento desses menores que acabam praticando atos infracionais,
aumentando o índice de delinquentes na cidade de Marataízes/ES.
Dessa forma, para mudança desse quadro lastimável que não só afeta a cidade de Ma-
rataízes/ES, mas também assola todo o país, necessário se faz a atuação concomitante da
família do menor, utilizando de métodos para auxílio, através de psicólogos e outros que
SRVVDPDMXGDUDIDPtOLDGRPHQRUHPFRPRSURFHGHUFRPRV¿OKRVQHVVHVFDVRVSDUDTXH
possa auxiliar na vida pessoal; atuação do Estado que deve efetivar o dever preconizado no
Estatuto da Criança e do Adolescente para se exista infraestrutura na saúde/educação no
trato de todos os menores; bem como a atuação da sociedade que deve estar aberta a receber
HVWHPHQRUDX[LOLDQGRQDYLGDSUR¿VVLRQDOHQRFRQYtYLRVRFLDOGRLQIDQWH
Segundo entrevista com o assessor da Promotoria da Infância e Juventude da Comarca
de Marataízes/ES acerca do caso, expõe seu posicionamento pautado em se reconhecer a
medida socioeducativa de internação como a última medida a ser adotada, no qual deve-se
buscar as outras medidas que não exijam a retirada do adolescente infrator do convívio social
HIDPLOLDUD¿UPDQGRTXHDSUHVWDomRGHVHUYLoRVjFRPXQLGDGHRXDOLEHUGDGHDVVLVWLGDVmR
medidas que podem se revelar úteis, dependendo do caso concreto.
Neste sentido afirma o assessor: “A toda sorte, reforço que a internação deve ser
uma resposta aos casos em que as outras medidas postas à disposição do Juiz se revelem
insuficientes; como uma porta que se abre apenas quando todos os demais caminhos
restarem bloqueados”.
(PUHODomRjUHLWHUDomRGRWUi¿FRGHGURJDVQR0XQLFtSLRGH0DUDWDt]HV(6IRLSHUJXQ-
tado ao assessor da Infância e Juventude se havia muitos casos de reiteração, nesse sentido:

Sim, embora me faltem números mais precisos, creio que eles são consideravelmente altos. Múltiplos
IDWRUHVSHVDPHPGHVIDYRUGDFLGDGHSRSXODomRÀXWXDQWHSREUH]DIDOWDGHHVWUXWXUDHPGLYHUVRVQtYHLV
(familiar, social, estatal).
Diante desse quadro de total falta de perspectiva, é cada vez mais comum que mais e mais adolescentes
LQJUHVVHPQDV¿OHLUDVGRWUi¿FRGHGURJDVVHGX]LGRVSHORGLQKHLURIiFLOTXHOKHVpRIHUHFLGR0XLWRVGHVVHV
adolescentes são apresentados mais de uma vez ao Promotor de Justiça e, mesmo quando suspeitam que
serão internados não se mostram arrependidos.

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3HUJXQWDGRDFHUFDGRORFDORQGHRVPHQRUHVHPFRQÀLWRFRPDOHLVmRSRVWRVHPUHJLPH
de internação, respondeu que geralmente são enviados para a cidade de Cachoeiro de Itape-
mirim/ES, no IASES (Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo).
3RU¿PDRDQDOLVDUVREUHHVWHDVVXQWRFRPRMXL]GH'LUHLWRGD&RPDUFDGH0DUDWDt]HV
ES, este expôs seu posicionamento a favor da medida de internação quando se tratar de trá-
¿FRGHGURJDVHHVWHDWRIRUUHLWHUDGRRXSHORPHVPRIDWRRXTXHHQYROYDYLROrQFLDRXJUDYH
DPHDoDXPDYH]TXHHPVHXHQWHQGLPHQWRpTXHRWUi¿FRGHGURJDVHVWiHTXLSDUDGRjYLROrQFLD
e possui grave ameaça a toda a sociedade, como forma de necessidade de tratamento especial,
tendo como foco o tratamento psicológico para sua reestruturação no seio familiar e social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da análise descritiva realizada no presente artigo, percebe-se que a aplicação de


PHGLGDVVRFLRHGXFDWLYDVPRVWUDVHH¿FD]HPDOJXQVDVSHFWRVQRPXQLFtSLRGH0DUDWDt]HV(6
Isto porque, em casos de internação quando há reiteração do ato ilícito (neste artigo em ques-
WmRRWUi¿FRGHGURJDV QmRVHUHVWDRXWURPHLRDQmRVHUWDOPHGLGDSDUDDDSOLFDomRH¿FD]
vez que o menor, quando recebe esta privação, tem um tempo para se adequar e repensar os
atos por ele praticados que não estão de acordo com a lei.
Ainda, durante este período, recebe auxílios médicos e psicológicos na seara da unidade
de tratamento, para que sua saúde se reestabeleça. No que concerne às outras medidas, são
H¿FD]HVHPFDVRVRQGHQmRKiUHLWHUDomRHVXDDSOLFDomRXPD~QLFDYH]pFDSD]GHUHHVWUX-
turar o menor.
No tocante à restrição de liberdade proporcionada pela aplicação da internação, em
qualquer de suas modalidades, deve ser considerada a mudança da conduta do infrator me-
diante esta restrição, tendo em vista que, por ser a sanção mais gravosa, apresenta resultados
mais representativos, embora afete momentaneamente um direito do menor. No entanto, é
importante salientar que, em caso de reincidência do menor, a aplicação de medidas alter-
nativas à internação melhor atendem ao propósito de recuperação do infrator.

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