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RESUMO
O presente trabalho se propõe a analisar a (in) eficácia da aplicação das medidas socioeducativas aos menores infratores envolvidos com tráfico de
drogas no município de Marataízes-ES à luz dos direitos fundamentais. A proteção integral foi eleita como doutrina menorista pela Constituição da
República Federativa do Brasil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, garantindo-se, assim, uma blindagem protetiva de direitos. Entretanto,
os infantes serão punidos pela prática de condutas tipificadas pelo direito penal, os atos infracionais. As medidas socioeducativas são as punições
aplicáveis aos menores, dentre elas, a mais gravosa é a internação. O tráfico de drogas é um problema social (e de saúde pública) que tem afetado
cada vez mais crianças e adolescentes, não só pelo uso de entorpecentes, mas também pela participação nos atos criminosos. A ilusão de dinheiro
rápido e fácil e o status advindo da prática criminosa (e dos bens de consumo que se tornam acessíveis) são apresentados aos jovens já no
primeiro contato com o tráfico. Muitas vezes, a falta de punição efetiva e a impunidade são fatores favorecedores da inserção dos infantes nestes
crimes. No município de Marataízes-ES, ocorre um fenômeno que merece discussão: a reiteração dos menores infratores nos casos que envolvem
tráfico de drogas. Assim, se faz necessário analisar quais medidas foram e são aplicadas a estes menores, o motivo da reincidência e da não eficácia
da medida e se a internação é a medida mais eficaz.
Palavras-chave: Direitos Humanos. Medidas Socioeducativas. Reiteração.
INTRODUÇÃO
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A Constituição Federal quando foi promulgada em 1988 previu vários direitos para a
criança e adolescente, dentre eles o direito à vida e à saúde, consagrando não só dever da
família, mas também do Estado e da sociedade em resguardar os infantes desde a concepção
da vida. Veja-se o descrito no texto constitucional:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
FRPDEVROXWDSULRULGDGHRGLUHLWRjYLGDjVD~GHjDOLPHQWDomRjHGXFDomRDROD]HUjSUR¿VVLRQD-
lização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão (BRASIL, 2014,p.134).
1HVVHVHQWLGRYHUL¿FDVHTXHSDUDDJDUDQWLDGRVGLUHLWRVGRVPHQRUHVpSUHFLVRTXH
haja uma ação concomitante do Estado, da família e da sociedade. No que se refere ao Estado
WHPVHTXHLQFXEHDR3RGHU([HFXWLYRVHSDUDUYHUEDVRUoDPHQWiULDVD¿PGHTXHSROtWLFDV
públicas relacionadas aos direitos do menor sejam efetivadas. A omissão do ente público em
referida efetivação pode ser sanada através de ação civil pública proposta pelo Ministério
Público que detém legitimidade para seu ajuizamento. (ISHIDA, 2014)
Ademais, é possível analisar que a Carta Magna de 1988 juntamente com a promulgação
do Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe um olhar mais amplo sobre os infantes, ao
incluir diretrizes da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Ainda convém ressaltar
que o Brasil é um dos poucos países que prevê legalmente a constituição de conselhos paritários
e deliberativos na área das políticas para crianças e adolescentes, bem como a estruturação
de conselhos tutelares eleitos pelas próprias comunidades.
Insta ressaltar que, o menor precisa de um ambiente familiar com uma base de exemplo
dos pais, para que nesta fase que é a de desenvolvimento eles possam crescer com saúde, uma
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vez que o seu desenvolvimento passa por mudanças extremas nesta fase e o dever da família
é primordial para que tal desenvolvimento possa ser alcançado da melhor maneira. Neste
sentido é possível analisar que a criança e o adolescente têm direito de ser criado em ambiente
livre de entorpecentes, ou seja, um ambiente sadio para que se desenvolva adequadamente.
Insta salientar que, a sociedade tem um papel importante na formação do indivíduo,
porque está diretamente ligada à família e ao Estado, participando como um todo na vida
dos menores. Isto porque o papel da sociedade está vinculada com a criação de um cidadão
para convívio social.
Assim, a própria sociedade proporciona diretrizes de comportamento adequado ao
menor visando a sua integridade física e psicológica, haja vista que o menor que se envolve
FRPRWUi¿FRGHGURJDVDOpPGHSUHMXGLFDUDVXDVD~GHpPDOYLVWRSHODSRSXODomRFRPR
XPSRWHQFLDOLQIUDWRUGDVQRUPDVOHJDLV'HVVDIRUPDYHUL¿FDVHDJUDQGHUHOHYkQFLDTXHD
sociedade tem no próprio desenvolvimento social do menor.
As medidas sócio educativas aplicadas aos infantes têm como objetivo primordial gerar
efeitos positivos às suas respectivas vidas, para que não pratiquem novamente atos infracio-
nais, assim é que:
Independente da modalidade aplicada, devem produzir impacto positivo na vida do jovem. Contudo,
DVGL¿FXOGDGHVHPVXDLPSOHPHQWDomRQmRWrPSHUPLWLGRVXSHUDURHVWLJPDGDSUHGLomRGHIUDFDVVR
atribuído aos adolescentes autores de ato infracionais e ao próprio sistema socioeducativo. O descrédito
DWULEXtGRjVLQVWLWXLo}HVGHDWHQGLPHQWRDRDGROHVFHQWHHPFRQÀLWRFRPDOHLGHULYDHPJHUDOGRVUHVXO-
WDGRVQHJDWLYRVDGYLQGRVGDLQDGHTXDomRHVWUXWXUDRXGDLQH¿FiFLDGRVSURJUDPDVQRIRUQHFLPHQWRGH
DSRLRHSURWHomRQHFHVViULRVDRMRYHPQDVXSHUDomRGHVXDVGL¿FXOGDGHV%$=21%5,722/,9(,5$
apud ASSIS, 2006,p.76).
Neste diapasão, em 1959 a Organização das Nações Unidas – ONU aprovou a Declaração
Universal dos Direitos da Criança, senão veja-se:
Explicitamente que a criança, em decorrência de sua imaturidade física emental, precisa de proteção e
FXLGDGRVHVSHFLDLVDQWHVHGHSRLVGRQDVFLPHQWR$¿UPDDLQGDTXHDKXPDQLGDGHGHYHjFULDQoDRPHOKRU
deseus esforços. Apela a que os pais (grifo nosso), cada indivíduo de per si, asorganizações voluntárias,
as autoridades locais e os governos reconheçamesses direitos e liberdades enunciados, empenhando-se
todos pela suaobservância, mediante medidas legislativas de outra natureza. (ONU, p.21, 1975).
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sabilidade de que o menor deve ser punido de acordo com o fato cometido. Isto porque, as
Medidas Socioeducativas vão, da mais branda a mais gravosa, precisando neste caso que os
aplicadores do Direito se respaldem no delito cometido.
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$UW9HUL¿FDGDDSUiWLFDGHDWRLQIUDFLRQDODDXWRULGDGHFRPSHWHQWHSRGHUiDSOLFDUDRDGROHVFHQWH
as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias
e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
2VDGROHVFHQWHVSRUWDGRUHVGHGRHQoDRXGH¿FLrQFLDPHQWDOUHFHEHUmRWUDWDPHQWRLQGLYLGXDOHHV-
pecializado, em local adequado às suas condições. (BRASIL, 1990)
Com isso, as medidas previstas no artigo 101, I a VI, por força do artigo VII do artigo
112, também podem ser aplicadas ao adolescente que pratica ato infracional, assim, recebido
do legislador uma nuance socioeducativa.
$OpPGRFDUiFWHUSHGDJyJLFRTXHYLVDjUHLQWHJUDomRGRMRYHPHPFRQÀLWRFRPDOHLQD
vida social, as medidas socioeducativas possuem outro, o sancionatório, em resposta que a
sociedade possui pela lesão decorrente da conduta típica praticada.
Nesse sentido tem-se que:
No que se refere à medida de advertência deve-se analisar o artigo 115, da Lei 8.069/90
no qual consagra que “A advertência constituirá em admoestação verbal, que será reduzida
a termo e assinalada”. (ANGHER, 2013, p. 1034)
Com efeito, essa medida é a mais leve dentre as demais medidas existentes no ordena-
mento jurídico sendo realizada pelo juiz da Infância e da Juventude, senão veja-se:
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A advertência é típica medida a ser aplicada em remissão (adiante vista), e deve ser relegada aos casos de
menor gravidade, cometidos sem violência contra a pessoa ou grave ameaça, e envolvendo adolescente
sem antecedentes.[...] A advertência é uma admoestação que faz o adolescente ver o equívoco do seu ato
e as consequências negativas que poderão advir da reiteração de práticas semelhantes. Para infratores
renitentes ou violentos, é uma medida normalmente inócua. (MEZZOMO, 2004,p.07)
Insta salientar ainda acerca da advertência que, justamente por ser a medida mais bran-
da/singela das medidas socioeducativas, o ECRIAD admite sua aplicação quando existente a
prova de materialidade, mesmo que não esteja comprovada autoria do ato infracional, sendo
VX¿FLHQWHVLQGtFLRVGDDXWRULD'835(7
Em relaçãoa obrigação de reparar o dano, tem-se de acordo com a legislação do Estatuto
da Criança e do Adolescente em seu artigo 116, FDSXW, que “Em se tratando de ato infracional
FRPUHÀH[RVSDWULPRQLDLVDDXWRULGDGHSRGHUiGHWHUPLQDUVHIRURFDVRTXHRDGROHVFHQWH
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo
da vítima”. (MORAES; RAMOS. Et al, 2010)
É cediço que, essa medida é aplicada apenas nos casos em que o menor infrator cometer
XPDWRLQIUDFLRQDOTXHRVHX¿PYLHUDVHUDUHVWLWXLomRGDFRLVDSRUXPGDQRFDXVDGRFRP
UHÀH[RVSDWULPRQLDLV8PDYH]TXHYLVDGHVHQYROYHUQRDGROHVFHQWHRVHQVRGHUHVSRQVDEL-
lidade, compensando a vítima pelo dano patrimonial causado, seja por meio da reparação
ou por meio de compensação.
No que se refere à medida de prestação a serviços à comunidade tem-se que:
$ SUHVWDomR GH VHUYLoRV j FRPXQLGDGH p VHP G~YLGD XPD GDV PHGLGDV PDLV H¿FD]HV 2 SHUtRGR H D
quantidade de horas semanais deve levar em conta a condição do infrator e a gravidade da infração,
estabelecendo-se uma proporcionalidade. O período máximo é de seis meses, em regime de oito horas
semanais. O cumprimento da medida não pode causar prejuízo a outros direitos do infrator, como a
educação. (MEZZOMO, 2004,p.07)
Nota-se que essa medida apresenta aplicação mais efetiva no que se refere ao preenchi-
PHQWRGRWHPSRRFLRVRGRVDGROHVFHQWHVLPSHGLQGRTXHHVWHVYROWHPDHQWUDUHPFRQÀLWR
com a lei, tendo em vista que se trata de uma resposta social à coletividade pela conduta
infracional praticada pelo menor.
No que se refere à medida de liberdade assistida, estase consagra assim como as outras
medidas expostas até aqui no Estatuto da Criança e do Adolescente por força dos artigos 118
e 119. Esta é considerada a última medida em se tratando de meio aberto, utilizada logo de
início ou quão mecanismo de progressão.
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³2DUWLJRWUD]HPUROH[HPSOL¿FDWLYRDOJXQVGRVHQFDUJRVGRRULHQWDGRU3URPRYHUVRFLDOPHQWHR
DGROHVFHQWHHVXDIDPtOLDIRUQHFHQGROKHVRULHQWDomRHLQVHULQGRRVVHQHFHVViULRHPSURJUDPDR¿FLDO
ou comunitário de auxílio e assistência social; supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar,
SURPRYHQGRLQFOXVLYHVXDPDWUtFXODGLOLJHQFLDUQRVHQWLGRGDSUR¿VVLRQDOL]DomRGRDGROHVFHQWHHGHVXD
inserção no mercado de trabalho; e apresentar relatório do caso.” (DUPRET, 202, p. 229)
A liberdade assistida é medida apropriada para os casos residuais, onde uma medida mais branda possa
UHVXOWDULQH¿FD]PDVQRVTXDLVRLQIUDWRUQmRVHUHYHODSHULJRVRGHPRGRTXHIRVVHUHFRPHQGDGDXPD
internação ou regime de semiliberdade. Trata-se de uma medida que pode ter excelentes resultados nes-
tes casos intermediários. A execução de medida faz-se através de um orientador, que deve ser escolhido
SUHIHUHQFLDOPHQWHHQWUHSUR¿VVLRQDLVRXDJHQWHVGHVHUYLoRVHVWDWDLVGHDVVLVWrQFLDVRFLDORXFRQVHOKHLURV
tutelares. (MEZZOMO, 2004,p.07)
$GHPDLVpSRVVtYHOYHUL¿FDUTXHHVWDPHGLGDGHYHVHUDSOLFDGDFRPRSUD]RPtQLPR
de seis meses, podendo ser prorrogada, sempre que observada alguma necessidade de o
adolescente receber acompanhamento, auxílio e orientação, por parte de pessoa competente
através da autoridade judicial e apta para o atendimento.
Destarte que, é de relevante importância o papel do orientador, já que a este cabe a
condução da medida, que envolve não só o adolescente, mas também sua família, devendo
diligenciar para que seja obtivo êxito pelo menos nos segmentos dispostos no art. 199, inci-
sos I a III – cujo rol não é exaustivo – como exemplo em relação à frequência escolar e na
SUR¿VVLRQDOL]DomR025$(65$026(WDO
No que se refere à medida de semiliberdade, analisa-se que não comporta prazo determi-
nado, está disposto no artigo 120 do ECRIAD, sendo aplicada aos menores infratores no que
couber nas disposições relativas à internação, tendo em vista a mesma ter subsidiariamente
o tratamento dado àquela.
2(VWDWXWRGD&ULDQoDHGR$GROHVFHQWHQmRGH¿QHRFRQWH[WRGHVHPLOLEHUGDGHQHP
estabelece o local e forma de cumprimento, prevendo somente que poderá ser determinada
pelo juiz logo no início ou como forma de transação para o meio aberto (DUPRET, 2012). No
FDVRSUiWLFRpSRVVtYHOYHUL¿FDUDRFRUUrQFLDGHXPDVpULHGHGL¿FXOGDGHVSDUDDLQVWLWXLomR
da medida denominada semiliberdade. Isto porque a falta de infraestrutura e a inexistência
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de locais apropriados para executar e acompanhar o procedimento de tal medida faz com que
a mesma não seja aplicada nos casos necessários.
A semiliberdade pode ser aplicada como regime de transição posteriormente a uma internação ou como
PHGLGDDXW{QRPD6mRREULJDWyULDVDHVFRODUL]DomRHSUR¿VLVRQDOL]DomRGRLQIUDWRU1DYHUGDGHDDSOL-
cação desta medida é difícil. Não há locais adequados para sua execução que acaba sendo procedida em
estabelecimentos destinados à internação. O reduzido número destes, de seu turno, torna prioritárias a
execução das medidas de internação.(MEZZOMO, 2004,p.08)
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A medida de internação éaquela que coloca o infrator sob custódia do Estado, privando-o de liberdade
total ou parcial.Esta medida somente pode ser aplicada pelojuiz em caso de infração cometida por meio
degrave ameaça ou violência à pessoa e no casode reincidência de ato infracional grave. Nãohá previsão de
tempo para a internação, contudo, a permanência do jovem nesse estabelecimento não pode ultrapassar
o prazo de trêsanos, devendo ser a mesma avaliada a cada semestre. A libertação será compulsória aos
vintee um anos de idade. (OLIVEIRA; ASSIS, 1999, p.833)
$VVLPWHPVHTXHDPHGLGDVRFLRHGXFDWLYDGHLQWHUQDomRpDPHGLGDPDLVH¿FD]QRV
FDVRVGHPHQRUHVTXHVHHQYROYHPQRWUi¿FRGHGURJDV$XPDSRUTXHSRUVHUDLQWHUQDomR
a medida mais gravosa, sua metodologia de aplicação faz com que o menor repense suas ati-
tudes e não se reinsira na seara do crime, haja vista que sendo a internação uma modalidade
de privação da liberdade total ou parcial do menor, análoga à pena privativa de liberdade,
respeitado os direitos inerentes aos infantes, o menor infrator que é submetido à internação,
por si só, compreenderá o motivo da medida aplicada e por conseguinte se afastará das prá-
WLFDVLOtFLWDV$GXDVSRUTXDQWRRVFDVRVGHDWRVLOtFLWRVTXHHQYROYHPWUi¿FRGHGURJDVSRU
vezes, gerar grave ameaça ou violência à pessoa, sendo a medida socioeducativa internação
a mais adequada no caso concreto.
Com isso, em relação à reiteração, é importante destacar que este conceito não se con-
funde com o de reincidência, que necessitada realização de novo ato infracional após o trânsito
julgado de decisão anterior, enquanto que aquela exige seja a conduta infracional revestida de
HVSHFLDOJUDYLGDGHTXHLPSRQKDRUHJLPHGHSULYDomRGHOLEHUGDGHFRPRDOWHUQDWLYDPDLVH¿FD]
Conforme dito alhures, as crianças e os adolescentes passam por uma fase de crescimento,
pelo qual suas estruturas biológicas, emocionais e sociais estão em constante desenvolvimento
para se tornarem adultos e se inserirem no rol da sociedade como cidadãos. Por esse motivo,
RFXLGDGRFRPRVLQIDQWHVGHYHVHUPDLRUD¿PGHTXHHVWHVSRVVDPFUHVFHUGHIRUPDVDGLD
e terem supridas todas as suas necessidades básicas. Infelizmente, o Estado deixa a desejar
no que se refere a investimentos na educação e saúde do menor.
Este cuidado não deve ser atribuído tão somente ao Estado, mas também a própria família
do menos e a sociedade, que juntos, devem zelar pelo bem estar dos infantes. A negligência
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Como as demais experiências vivenciadas na adolescência, o período da medida será dotado de signi-
¿FDWLYDLPSRUWkQFLDSDUDRGHVHQYROYLPHQWRVREUHWXGRSRUVHUHVWDXPDIDVHHPTXHDVPXGDQoDV±
biológicas, cognitivas,emocionais e sociais – são vivenciadas de modo bastanteintenso. Na adolescência
ocorre um aumento da variabilidade de experiências de vida e de demandas sem quehaja equivalente
incremento de suportes sociais e recursosdisponíveis para lidar com tantas situações. Este aspecto
torna ainda mais urgente que as medidas socioeducativas desempenhem papel protetivo numprojeto
ético e coletivo de produção de sentidos renovadores aos adolescentes atendidos pelo sistema. (SILVA;
HUTZ, apud ASSIS, 2006, p. 76)
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Entretanto, não são somente os menores de famílias menos favorecidas que entram
na vida do crime. Nos últimos anos houve um aumento considerável de jovens de famílias
DEDVWDGDVTXHVHHQYROYHUDPQRWUi¿FRGHGURJDV2IDOVRVHQWLPHQWRGHSRGHUEHPFRPRGH
impunidade invade o pensamento desses menores que acabam praticando atos infracionais,
aumentando o índice de delinquentes na cidade de Marataízes/ES.
Dessa forma, para mudança desse quadro lastimável que não só afeta a cidade de Ma-
rataízes/ES, mas também assola todo o país, necessário se faz a atuação concomitante da
família do menor, utilizando de métodos para auxílio, através de psicólogos e outros que
SRVVDPDMXGDUDIDPtOLDGRPHQRUHPFRPRSURFHGHUFRPRV¿OKRVQHVVHVFDVRVSDUDTXH
possa auxiliar na vida pessoal; atuação do Estado que deve efetivar o dever preconizado no
Estatuto da Criança e do Adolescente para se exista infraestrutura na saúde/educação no
trato de todos os menores; bem como a atuação da sociedade que deve estar aberta a receber
HVWHPHQRUDX[LOLDQGRQDYLGDSUR¿VVLRQDOHQRFRQYtYLRVRFLDOGRLQIDQWH
Segundo entrevista com o assessor da Promotoria da Infância e Juventude da Comarca
de Marataízes/ES acerca do caso, expõe seu posicionamento pautado em se reconhecer a
medida socioeducativa de internação como a última medida a ser adotada, no qual deve-se
buscar as outras medidas que não exijam a retirada do adolescente infrator do convívio social
HIDPLOLDUD¿UPDQGRTXHDSUHVWDomRGHVHUYLoRVjFRPXQLGDGHRXDOLEHUGDGHDVVLVWLGDVmR
medidas que podem se revelar úteis, dependendo do caso concreto.
Neste sentido afirma o assessor: “A toda sorte, reforço que a internação deve ser
uma resposta aos casos em que as outras medidas postas à disposição do Juiz se revelem
insuficientes; como uma porta que se abre apenas quando todos os demais caminhos
restarem bloqueados”.
(PUHODomRjUHLWHUDomRGRWUi¿FRGHGURJDVQR0XQLFtSLRGH0DUDWDt]HV(6IRLSHUJXQ-
tado ao assessor da Infância e Juventude se havia muitos casos de reiteração, nesse sentido:
Sim, embora me faltem números mais precisos, creio que eles são consideravelmente altos. Múltiplos
IDWRUHVSHVDPHPGHVIDYRUGDFLGDGHSRSXODomRÀXWXDQWHSREUH]DIDOWDGHHVWUXWXUDHPGLYHUVRVQtYHLV
(familiar, social, estatal).
Diante desse quadro de total falta de perspectiva, é cada vez mais comum que mais e mais adolescentes
LQJUHVVHPQDV¿OHLUDVGRWUi¿FRGHGURJDVVHGX]LGRVSHORGLQKHLURIiFLOTXHOKHVpRIHUHFLGR0XLWRVGHVVHV
adolescentes são apresentados mais de uma vez ao Promotor de Justiça e, mesmo quando suspeitam que
serão internados não se mostram arrependidos.
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3HUJXQWDGRDFHUFDGRORFDORQGHRVPHQRUHVHPFRQÀLWRFRPDOHLVmRSRVWRVHPUHJLPH
de internação, respondeu que geralmente são enviados para a cidade de Cachoeiro de Itape-
mirim/ES, no IASES (Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo).
3RU¿PDRDQDOLVDUVREUHHVWHDVVXQWRFRPRMXL]GH'LUHLWRGD&RPDUFDGH0DUDWDt]HV
ES, este expôs seu posicionamento a favor da medida de internação quando se tratar de trá-
¿FRGHGURJDVHHVWHDWRIRUUHLWHUDGRRXSHORPHVPRIDWRRXTXHHQYROYDYLROrQFLDRXJUDYH
DPHDoDXPDYH]TXHHPVHXHQWHQGLPHQWRpTXHRWUi¿FRGHGURJDVHVWiHTXLSDUDGRjYLROrQFLD
e possui grave ameaça a toda a sociedade, como forma de necessidade de tratamento especial,
tendo como foco o tratamento psicológico para sua reestruturação no seio familiar e social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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