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JANEIRO / 2006
BAURU / SP
Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - Campus Bauru
JANEIRO / 2006
BAURU / SP
i
(Tolstoi)
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço e dedico esse trabalho à minha mãe, Maria Nazaré, que com muita humildade,
simplicidade e coragem de uma guerreira, foi meu sólido alicerce em caráter, personalidade e
principal responsável por toda minha carreira profissional e acadêmica. Mãe eu te amo.
À minha esposa Daniela Estaregue Alves pelo amor, paciência e compreensão nessa
atribulada etapa, onde muitas vezes estive ausente para alcançar meus objetivos. Dani eu te
amo.
À empresa Bruno Moldes, pelo apoio na confecção das amostras aqui analisadas. Em especial
ao meu amigo Luiz Silva, pela colaboração incondicional no desenvolvimento das amostras.
À empresa Tapetes São Carlos pelo fornecimento das fibras vegetais de sisal e coco, em
especial aos amigos Srs. Giuseppe F. N. Lombardo (Neto) e Pedro Michieleto pelo suporte
técnico e, principalmente, pela boa vontade em difundir seus conhecimentos.
Ao meu orientador Ivan de Domênico Valarelli e ao co-orientador Mário Morio Isa, pelo
apoio, conhecimento transmitido, incentivo, sugestões e críticas em todas as etapas desse
trabalho.
Ao técnico de laboratório Hamilton, por sua paciência, auxílio na realização dos ensaios e por
sua amizade.
E a todos que de alguma maneira tenham colaborado na realização desse trabalho, fica aqui
meu muito obrigado.
iii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................vii
LISTA DE QUADROS.............................................................................................................. x
RESUMO.................................................................................................................................xiv
ABSTRACT..............................................................................................................................xv
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 1
1.3. Objetivos..................................................................................................................... 4
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 44
iv
3.2.1. Reforços............................................................................................................ 45
3.3.2. Molde................................................................................................................ 49
3.3.5. Moldagem......................................................................................................... 52
3.4. Ensaios...................................................................................................................... 53
5. CONCLUSÃO.................................................................................................................. 112
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 4 – Curvas de ecoeficiência. (Fonte: Brezet, 2000 apud Leão, 2003) .......................... 20
transportation, 2005)........................................................................................................ 37
LISTA DE QUADROS
LISTA DE ABREVIAÇÕES
UE – União Européia
RESUMO
sistema produtivo.
utilizadas no setor industrial e, compósitos reforçados com fibras de sisal, juta e coco. Todas
as amostras foram confeccionadas com e sem a adição de carga mineral na matriz a base de
poliéster insaturado, variando de 0 a 30% da mesma, via processo de injeção de resina TRV
(Transferência de Resina a Vácuo). Dessa maneira, analisou-se o efeito da carga mineral aos
carga mineral como controles estatísticos. Dessa maneira chegou-se a resultados promissores,
pois estes ilustram a viabilidade das fibras vegetais como reforço em compósitos a base de
ABSTRACT
The present production analyzes the designer’s role on selection of materials for
development “sustainable projects” and the use of natural fibers on the pieces and
In this context design is a consumption tool persuasion, executed like social promotion
process. Then the obligation of designers is search the means of change of social usage,
because the industrial design control another discourse yonder formal/esthetic. Thus, the
selection of the best material will depend the possible success of the sustainable products, is
the obligation of designer think about another variable like price, production process mainly
the pretension with this new materials, because it will generate new habits, new conduct and
1. INTRODUÇÃO
humana sobre o meio ambiente, pois permite a utilização das mãos, antes empregadas
sobrevivência num mundo hostil e desconhecido. Porém, tal intervenção se fazia de maneira
sobre a natureza, esta relação torna-se desfavorável ao meio ambiente com a aceleração do
industrial alcança patamares maiores que toda a produção humana até 1945
e sem fronteiras que, enxerga o meio ambiente como fornecedor permanente de recursos e, ao
mesmo tempo, como um desmedido aterro sanitário, capaz de infinita absorção de dejetos.
então de ser um debate em círculos fechados - para poucos privilegiados - e ganha a dimensão
(CAVALCANTI, 2003).
Tem inicio assim, nos anos 60, movimentos ambientalistas que, ao lado da natural
não renováveis tornar-se-ão, segundo Back (1983), escassos dentro dos próximos 20 anos.
2
Podendo ser notada tal escassez nas reservas nacionais de petróleo que, encontra-se em nível
(2004).
Faz-se então necessária uma nova política de sistema de gerenciamento produtivo que
lembrar que, apenas o redesign dos produtos e/ou os estudos sobre a utilização de recursos de
fontes renováveis por si só não impedem a degradação ambiental. Portanto, é necessária uma
mudança profunda nas crenças e hábitos da sociedade moderna, crenças estas atualmente
motivado a adquirir produtos e objetos, não mais para satisfazer suas necessidades básicas de
interação com o meio ambiente, mas sim, segundo Baudrillard (2002), para atender suas
necessidades sociais, manipulando signos e não mais objetos em seu valor de uso.
criação de códigos nos objetos? Qual a relação dos novos materiais, providos de fontes
contexto que o design é inserido na questão ambiental, para que seja uma alternativa de
fixação de uma nova ética projetual, que objetive o desenvolvimento e o bem estar do cidadão
pois sendo o homem o principal transformador do meio ambiente, torna assim impossível o
discurso sobre o processo produtivo e seus impactos ambientais, sem discutir também o
3
design. Aliás, design não está ligado exclusivamente à relação estético/formal dos objetos,
mas atua também com as potencialidades da prática de vida de uma comunidade, ou seja, nos
seus hábitos e formas de relações com o ambiente em que vive. Passando de design tecnicista,
dos recursos naturais, torna necessária a busca por fontes renováveis desses recursos a fim de
pesquisas no mundo: Centre for Design, Green Design, CGECon, ECOLIFE, ESTO, IPTS,
Center for Sustainable Design, entre outros, vêem concentrando esforços na diminuição dos
vantagens quando comparados com materiais de fontes não renováveis entre elas: fontes
para a sociedade rural e finalmente o seu baixo custo. Dentre os materiais naturais encontram-
se as fibras vegetais que fazem parte da paisagem de diversos países e que Brasil podem ser
encontradas diversos tipos como sisal, juta e coco, que já possuem aplicações comerciais.
1.3. Objetivos
Este trabalho tem como objetivo principal analisar o atual momento do design sustentável
e suas inferências nos hábitos coletivos, avaliando seus impactos econômicos, sociais,
Avaliar o desempenho das fibras de sisal, juta e coco como reforço na produção de
compósitos com matriz a base de poliéster, como alternativa de substituição da fibra de vidro.
artificial.
propriedades citadas.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
sobrevivência, como o plantio, a caça e a pesca (MOREIRA, 2004), o homem não mais
aguarda passivamente àquilo que o meio pode lhe oferecer, mas inicia um procedimento ativo
Este procedimento alcança seu ápice na revolução industrial, marco histórico do domínio
da máquina. Altera-se assim, de modo expressivo, sua relação com o meio ambiente, que
passa a ser sobrepujado de modo a tornar natural a atitude de negligenciar tudo aquilo que não
foi concebido pelo homem e tratá-la como produto de menor valor, descartável. Assim, a
natureza aparenta não mais ser essencial para a sobrevivência humana que, passa a
custo e maravilhados com a ciência, não mais nos distinguimos como parte do meio ambiente,
mas sim como força exterior destinada a conquistá-la e a usurpá-la de maneira ilimitada, não
problemas ambientais.
toda a produção da humanidade até 1945 (SCHUMACHER, 1981), o meio ambiente é visto
equilíbrio das pressões do homem sobre a natureza e desta sobre os sistemas sociais é
rompido com o aumento significativo da pressão humana e sua degradação do meio ambiente,
pois, durante toda a história humana, sua interação com o meio ambiente, foi fator dominante
custo a ser pago pelos impactos ambientais, inerentes a qualquer processo de produção, requer
a inserção da variável ambiental em suas contabilidades, algo inédito até então, pois, durante
toda a história, as sociedades sempre desfrutaram dos recursos naturais sem grandes
preocupações com o meio ambiente (MOURA, 1998 apud SILVA, Benedito, 2003).
pós-moderna, adepta do consumismo sem fronteiras motivado, entre outros, pelos meios de
comunicação de massa.
Dessa maneira, acanhadas mudanças nas relações humanas com a natureza começam a
foco na proteção biológica e a extinção dos animais. Deste modo, a década de 50 se faz
7
presente por meio de um ambientalismo chamado de “ecologismo dos cientistas” (Id., 1998),
caracterizado por pesquisas científicas voltadas aos problemas ambientais e à vida selvagem.
Na década de 60, a explosão demográfica dos países pobres surge como grande causadora
ferramenta para evitar a maior degradação do planeta. Então, em 1968 é dado início às
se reúne para formar o chamado de Clube de Roma que se opõe ao progresso ilimitado e
ganham popularidade com seu relatório final intitulado “Limites do crescimento” – duramente
futuro mostram um limite a ser atingido, provocando uma desestabilização sem antecedentes
Em 1972 ocorre a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambientes Humano em
ambiental. Não faz comentários sobre a questão do consumo excessivo, porém, pela primeira
vez, o aspecto relacionado à educação ambiental passa a existir (GRÜN, 1995 apud
GONÇALVES, 1997), assim como a pergunta sobre qual poluição teria maiores impactos
ambientais: a poluição dos ricos (consumo excessivo) ou a poluição dos pobres (explosão
força capaz de eliminar as disparidades sociais com danos ecológicos irrelevantes perante os
8
muda a perspectiva na qual era vista a questão ambiental; de caráter puramente quantitativo
(crescer ou não crescer) para qualitativo. O eco desenvolvimento aparece então como uma
espécie de fusão entre essas duas linhas de pensamentos, reconhecendo tanto o progresso
Alasca contribuíram para essa perspectiva e, em 1983 a ONU cria a Comissão Mundial sobre
Brundtland, é responsável por uma pesquisa em 10 países entre 1985 e 1987, resultando o
relatório Our Common Future (Nosso futuro comum). O relatório definiu desenvolvimento
capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades e, não apresenta
(GONÇALVES, 1997).
fronteiras. Em 1992, acontece no Rio de Janeiro a ECO-92 – Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, evento de grande expressão mundial que contou
com a presença de mais de cem chefes de estado, uma vez que o agravamento da questão
9
ambiental é suficiente para envolver o mundo nesta problemática. Nesse encontro é criada a
Joanesburgo, África do Sul. O encontro visa dar continuidade e analisar as propostas da Rio-
92 após uma década e, tem como foco principal a relação sociedade e meio ambiente.
Suas projeções não são animadoras, pois após dez anos da Rio-92, apenas 40 países
haviam cumprido suas metas – as emissões de carbono haviam crescido 10% até 2002 e a
ONU apontava que 24% das florestas haviam sido destruídas nos anos 90, o consumo de
combustíveis fósseis havia crescido 10% até o ano do encontro e apenas poucos países como
(ALVES, 2002).
O resultado final coloca em dúvida a validade dos mega encontros (MUITO..., 2002, p.
ONGs, pois não contempla ações contra a pobreza ou contra a autodestruição do planeta
(ALVES, 2002). Do mesmo modo, o caráter político que envolve as questões ambientais vem
favor do meio ambiente,. Afinal, não existe nação que não queira mais crescer, pois já possui
Enfim, o novo milênio traz consigo mais dúvidas sobre a questão ambiental,
recentemente, debatidas e trazidas à tona pelo mais novo e, polêmico, tratado deste milênio, o
“Tratado de Kyoto”, que estabelece metas para a redução de emissão de gases poluentes para
países industrializados (BBC BRASIL, 2005). Porém, independente das questões políticas a
respeito do tema, empresas de todo o mundo buscam maneiras para reduzir os impactos
ambientais de suas atividades e produtos a fim de conquistar um novo e forte mercado, que
de imagem “indústria suja” para “indústria limpa ou verde”. Com o objetivo de quebrar o
vêem pressionadas a produzir mais produtos com muito menos custo, sendo assim, a partir
dos anos 80, passam a investir na busca de novas técnicas e/ou tecnologias para suas
Figura 1 – Fatores que motivam as empresas a integrarem a variável ambiental no processo produtivo.
(*Adaptado de Motta e Rossi, 200-)
Essa nova postura industrial traz consigo o conceito de “Ecoeficiência”, que objetiva a
Contudo, os custos e os aspectos mercadológicos são, ainda, os fatores decisivos para tal
onde as empresas passam a se comportar de forma responsável, mas somente quando lhe é
12
delas, líderes de mercado em seus segmentos. Motta e Rossi (200-) também relatam duas
pesquisas realizadas no Brasil em 1998, a primeira junto a 1451 empresas, mostra que 85%
delas adotavam algum tipo de pratica ambiental em suas atividades e, na segunda, realizada
junto a 23 grandes grupos econômicos, demonstra que 90% assumem a questão ambiental
como estratégia de mercado. Outro dado importante é o relatório publicado pela revista norte
americana Fortune Small Business em junho de 2003, este mostra que o segmento de
200-).
renováveis triplicou desde 1999. Nos países desenvolvidos, até a década de 80 eram poucos
os produtos com apelo ecológico, mas em 1991 esse índice atinge 33,9% no Canadá, 13,4%
nos Estados Unidos e 7,2% na Grã-Bretanha (MOTTA; ROSSI, 200-). Além disso, as
expectativas para 2010, sobre o ecobusiness, são de faturamento na casa dos US$ 600 bilhões,
entretanto, é possível notar no quadro 02 que o mercado verde dos países subdesenvolvidos é
pouco expressivo, evidenciando-o como negócio do primeiro mundo (MAIMON, 199- apud
CAVALCANTI, 2003).
78 213
Europa 11 28
Reino Unido 10 30
França 15 48
Alemanha
15 25
Europa do Leste
46 138
Ásia / Pacífico 24 65
Japão 2 4
Austrália 5 30
Taiwan 6 12
Resto do Mundo
Total 255 580
Fonte: Maimon, 199- apud Cavalcanti, 2003.
Empresas Faturamento
Générale dês Eaux (França) 23.000
Waste Management (EUA) 7.000
Bilfinger e Berger Baú (Alemanha) 2.100
ABB Flask (Suécia) 2.800
Thames Water (GB) 1.200
KSB (Alemanha) 640
Plastic Omnium (França) 640
SITA (França) 640
Attwoods (GB) 460
Degremont (França) 460
Clagon – Carbon (EUA) 340
Rollins Environmental Services (EUA) 240
BUS (Alemanha) 120
da sociedade com os problemas ambientais (CRESPO, 2001). De acordo com o esse órgão,
14
Isso pode ser observado no quadro 04, que traz as atitudes da população quando questionadas
Atitudes %
Separar lixo para reciclagem 68
Eliminar o desperdício de água 62
Redução do consumo de energia e gás 72
Participação em mutirão 20
Campanhas contra empresas poluentes 15
Disposição para pagar mais impostos para despoluição de rios 7
Contribui com organizações ambientais 5
Paga mais por alimentos de agricultura orgânica 6
Consomem produtos com selo ecológico 5
Não opinou / não sabe / nenhum destes 9
Deixa de comprar produtos devido informações no rótulo 46
Elimina a compra de certos produtos por acreditar que prejudica o meio ambiente 35
Evita comprar alimentos transgênicos 34
Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE BRASILEIRO, 2001.
A pesquisa esclarece também que, 81% dos brasileiros têm práticas de consumo que
levam em consideração outras variáveis além de preço e qualidade e que o “marketing verde”
das normas de gestão ambiental ISO 14000, que surgem como forma de inserção empresarial
Survey of Corporate Sustainability Reporting – com as 250 maiores empresas globais, 45%
resultado é 10% maior que pesquisa anterior, realizada em 1999, mostrando um aumento da
2001). Faz-se necessário, portanto, que se realizem esforços para que a racionalidade
ecológica também seja motivação para o gerenciamento ambiental das empresas, pois,
soluções dos problemas ambientais e, por outro lado, o “grupo social”, acredita que somente
como uma proposta conciliadora desses grupos, buscando um equilíbrio entre as técnicas e as
crenças da sociedade contemporânea. Objetiva uma alternativa de fixação de uma nova ética
projetual, com possibilidade de desenvolver outro sistema de significação que objetive o real
desenvolvimento e bem estar do cidadão do futuro e não apenas como mais um instrumento
sendo este o elo entre os princípios técnico-científicos e artísticos (HAMAD, 2002) e, sendo o
homem o principal transformador do meio ambiente, torna assim impossível o discurso sobre
o processo produtivo e seus impactos ambientais, sem discutir também o design. Além disso,
16
design não está ligado exclusivamente à relação estético/formal dos objetos, mas atua também
com as potencialidades da prática de vida de uma comunidade, ou seja, seus hábitos e formas
de relações com o ambiente em que vive. Enfim, design como processo da criação de novas
realidades, que inferem diretamente no modo de vida cotidiana criando assim, segundo a
teoria de Peirce (1939 – 1914 apud SILVEIRA, 2005), uma semiose de novas estéticas, éticas
adotar novas metodologias e/ou ferramentas (Anexo 02), que colaborem com a inserção
As concepções DfX (Design for X – Design para algo), onde o componente “X”
representa o objetivo com o qual o projeto está relacionado, tiveram início nos anos 90, dando
origem a diversos outros conceitos: DfA – Design for Assembly, DsD – Design for
Disassembly, DfR – Design for Recycling e DfE – Design for Environment e, podem ser
consideradas como parte de um conceito geral conhecido como LCA – Life Cycle Assessment.
Este conceito tem grande aceitação como método apto a quantificar as intervenções
Sua utilização como ferramenta ambiental, tanto por empresas quanto por órgãos públicos,
proporcionou sua inclusão na norma ISO 14000, propondo às empresas a aquisição do total
ambiental dos produtos e para direcionar as políticas de decisão das empresas. Porém, o uso
dessa ferramenta no marketing empresarial é freqüente, mostrando assim que uma imagem
LCPD – Life Cycle Process Design, onde variáveis ambientais são incorporadas ainda na fase
do design ao lado de critérios técnicos e econômicos (Anexo 03) e, que oferece potencial para
18
(AZAPAGIC, 1999).
Outra metodologia de ecoinovação, a PIT – Product Ideas Tree (Anexo 04), segundo seus
Investiment in Design, mostra que a competitividade pode ser melhorada através de um bom
design que deve envolver criação, adaptação ou adoção de novas tecnologias, ou ainda,
PPM – Polar Profile Map (Anexo 05), uma nova ferramenta de análise, identifica diferentes
importância, pois estudo realizado pelos institutos UK Departament of Trade and Industry e
essencial para a competitividade (ROY; RIEDEL, 1997). Enfim, essas metodologias são
respeito de diferentes maneiras de tratar a questão dos impactos ambientais (CHARTER, 200-
, 200-).
interferências que são possíveis de serem realizados nos produtos (MANZINI; VELZZOLI,
2002):
os produtos e/ou serviços que ofereçam mais vantagens ecológicas em relação aos demais;
desenvolver atividades no plano cultural que promovam novos critérios de qualidade de vida e
(GOEDKOOP, 1999; MONT, 1999; MEIJKAMP, 2000 apud LEÃO, 1997) indicam que em
design podem reduzir o impacto ambiental por unidade consumida na ordem dos 25% - 50%
(Id., 1997). A figura 04 mostra claramente que a inovação em todo o sistema produtivo leva a
uma melhor ecoeficiência, ou seja, mostra que o redesign do produto é um paliativo rápido
para a problemática ambiental, explicando talvez, sua maior aplicação nas empresas
(MANZINI, 2002).
20
e atualmente é objeto de estudo de vários centros de pesquisa como Center for Design, Green
Design, CGECon, ECOLIFE, ESTO, IPTS, Center for Sustainable Design. Neste plano se
1997; CRESPO, 2002; PORTILHO, 200-; SACHS, 1986; SCHUMACHER, 1981), refere-se
naturais, a questão ambiental excede as capacidades da ciência e da tecnologia. Uma vez que
os valores atuais são materialistas e não mais voltados às necessidades básicas das sociedades,
Atualmente, os valores sociais estão voltados à satisfação das necessidades humanas por
meio do consumo de novos objetos e, quase todo o processo natural possui equivalente
insatisfação via consumo pode ser explicada pela não relação do aumento da renda das
PUGNO, 2003; ROMEIRO, 1999). Segundo Easterlin (1995), pesquisas realizadas nos EUA
e Japão (Anexo 06), mostram um paradoxo entre o aumento de renda per capita e a
felicidade, ou seja, dinheiro e felicidade não estão diretamente relacionados. Uma das razões
para esse paradoxo pode ser comprovada pela psicologia moderna e a limitação do
1999).
de vida, mostrando assim que a sociedade consome, segundo Amaral (2004) como signo
satisfação através de consumo que, passa a significar uma espécie de indenização à falta de
realização social, onde a qualidade de vida e a felicidade são mensuráveis por meio de signos
satisfação”.(PORTILHO, 2004).
sustentável, surgiu com a Agenda 21 e agora, emerge definitivamente para a esfera da política
ambiental global. Contudo, estudos sobre o esgotamento dos recursos naturais, alertam para a
considerando a existência não somente de um mínimo, mas também um máximo, para o bem
estar individual. Estima-se, por exemplo, que caso o padrão atual de consumo do recurso água
for mantido, em 2025 a utilização de água potável do planeta poderá chegar a 90% do total
disponível. “A escassez de água poderá ocasionar sérios conflitos entre nações e, a ONU
estima que atualmente 300 rios sejam objeto de conflitos fronteiriços”.(TEICH, 2002).
ordem de 4 a 20 vezes para um mundo sustentável (IPTS, 2000; ROY, 2000). Sugerem
também novas maneiras de organizações sociais de consumo, como por exemplo: novos
altamente empregada, e possíveis de serem reformados ou reciclados. Para isso acredita que o
ecodesign seja essencial, mas insuficiente versus o aumento das pressões da economia global,
especialmente dos países em desenvolvimento. Roy (2000) ainda aponta uma tendência de
informação e conhecimento. Entre 1950 e 1990 a produção nos EUA caiu de 25% para 15% e
no Reino Unido de 35% para 20%, enquanto a distribuição, finanças e serviços aumentaram
de 40% para 62% e de 32% para 57% respectivamente. Porém, vale lembrar que o aumento
transferência da produção industrial, altamente poluente, para países periféricos. Com isso,
recursos naturais, segundo levantamento, entre 1980 e 2000 houve um pequeno aumento per
capita no uso de materiais na UE, porém o PIB dessa região aumentou cerca de 56% no
mesmo período. O consumo energético europeu também cresce dissociado do PIB (Anexo
23
07), entre 1995 e 2001, o consumo aumentou apenas 7% enquanto o PIB apresentou aumento
um firme aumento no consumo energético até 1998, seguido de estabilidade, até 2002 (Anexo
queda de vida útil de determinadas reservas (Anexo 09). Em razão do alto consumo dos
recursos, o potencial das reservas naturais tem diminuído consideravelmente e sua vida útil
de recursos ocorre desde 1980 e permanecerá em queda até 2020 e a intensidade energética
reduziu cerca de 31% entre 1976 e 1996, enquanto o consumo energético aumentou 23%
nesse mesmo período (Anexo 10). Ainda assim, a expectativa é que a geração de desperdício
dessas nações cresça cerca de 43% até 2020 enquanto sua intensidade energética diminua,
2001).
24
ultrapassado seu limite biofísico, ou seja, a diferença entre a velocidade de seu consumo e a
consumo de lenha e carvão a maior participação do uso do gás natural na matriz energética do
de energias renováveis no consumo energético total de 4,5% em 1992 para 5,6% em 1999
EUA esse percentual sofreu leve queda de 6,8% em 1999 para 6,3% em 2003 (Anexo 12).
Esses dados abonam a posição da Europa como o continente que mais investe em redução de
impactos ambientais.
compósitos reforçados com fibras vegetais, que apontam grandes possibilidades de utilização
industrial.
2.4. Compósitos
materiais que lhe havia originado. Esses novos materiais, conhecidos como compósitos, estão
entre os materiais mais antigos utilizados pelo homem e, segundo Vizinha (2004), a grande
como principal reforço dos atuais compósitos (GIACOMINI, 2003). Diversas aplicações da
indústria moderna exigem propriedades que não são encontradas em materiais “puros”, assim,
a modificação desses materiais, por meio da adição de outros componentes, torna-se viável
26
para suprir tais exigências. Os materiais compósitos podem ser combinados de maneira a
melhorar diversas propriedades mecânicas por meio da afecção do sistema – capacidade dos
seres em se afetarem mutuamente (PEIRCE, 2003) – onde a matriz polimérica transfere para
acordo com Bonsiepe (1997), o design industrial domina outros discursos além do
sucesso do projeto, cabendo ao designer considerar outras variáveis, como custo, processo
produtivo (BAXTER, 2000) e, principalmente, o que se pretende com os novos materiais, pois
estes, criarão novos hábitos, induzirão a novas condutas e possibilidades sociais. É preciso
que o designer, enquanto criador de condutas, questione sobre o que se pretende com novos
projetos e, seu objetivo deve ser o comprometimento e responsabilidade com essas condutas.
Os compósitos fibrosos, utilizados em grande escala, são compostos basicamente por uma
substância conhecida como matriz – que pode conter cargas minerais a fim de aprimorar
A matriz é o elemento que proporcionará a forma final de uma peça, pois é uma resina
como metálicas ou cerâmicas, mas as plásticas são mais comuns e, dentre estas, destacam-se a
e responsável pelo melhoramento das propriedades físicas e mecânicas (Id., 2005), contudo,
mercado, cerca de 90% dos plásticos reforçados utilizam essa fibra como reforço que, pode
em 20 a 30% às fibras tipo “E” e melhor resistência térmica e à fadiga. Porém, seu
principalmente, ao seu descarte final, que é realizado em aterros, lixões ou até mesmo
Assim, pesquisadores (ISAAC et al., 2004; JOSEPH et al., 1999; JUNIOR, 2002; LEITE
et al., 2004; PAIVA et al., 1999; TITA et al., 2002) trabalham na possibilidade da substituí-las
por fibras vegetais – que podem ser classificadas de acordo com sua fonte: plantas, animais ou
dessas fontes na atividade industrial que, conforme ilustrado no quadro 06, faz maior uso das
fibras de plantas, pois são abundantes e podem ser encontradas de maneira natural ou
cultivadas pelo homem. Sendo assim, também são fontes de renda para diversas famílias (Id.,
2001). O Brasil possui potencial de cerca de 10.000 t/ano, de fibra natural, somente para o
1997). Porém, a abundância de materiais naturais depende, ainda, da demanda industrial e sua
componente químico, e a lignina, seu polímero natural – após sofrerem tratamento superficial,
resistência biológica. Ainda assim vantagens são proeminentes, devido à baixa densidade e
custo, resistência específica elevada, módulo elevado, não tóxicas, não abrasivas, provém de
fontes renováveis e, principalmente, por serem biodegradáveis. De tal modo, que sua
30
utilização torna-se vantajosa e atrativa para a indústria, pois é passo importante para a
Segundo Giacomini (2003), um dos campos de maior aplicação das fibras vegetais é o da
construção civil que utiliza fibras de cânhamo, linho e rami. A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
ratifica a vasta utilização de fibras vegetais nesse mercado, possuindo linha de pesquisa
concentra sua produção nas regiões tropicais da África, América Central e do Sul. Segundo o
caracterizam por ser uma planta forte, suportando condições climáticas de seca – plantações
de sisal na Tanzânia resistiram a períodos de seca onde outras culturas foram destruídas. Além
áreas, pois não precisam, na maioria dos casos, de pesticidas (Id., 2000).
31
As fibras são obtidas por meio do desfibramento das folhas da planta e, conforme
por “periquita” e muito parecida com moendas de cana – muitas vezes o operador tem seu
braço mutilado. Assim o design, conhecido como sustentável, deve operar também na
“inessencial”, mas sim no nível de uso, onde os objetos se equivalem e realmente são
As características das fibras de sisal são: comprimento de 60 – 120 cm, com fibra
individual de cerca de 2.5 cm, boa aceitação de corantes e tolerante a umidade (LEÃO, 1997).
Devido sua grande produção, baixo custo e propriedades mecânicas, é alta a procura pela
restringe a esse nicho de mercado. No quadro 08, é possível verificar algumas das
Propriedades Valores
Diámetro da fibra (µm) 100 – 300
Teor da lignina (%) 4–5
Teor da celulose (%) 85 – 88
Resistência à tração (Mpa) 400 – 700
Módulo de elasticidade (GPa) 9 – 20
Alongamento na ruptura (%) 5 – 14
Densidade (g/cm2) 1,45
pelo imigrante japonês Ryota Oyama. Extraída do caule da planta e, de origem imprecisa, a
Índia, Bangladesh, China, Nepal, Myanmar e Tailândia que, juntos detêm 95% da produção
uma planta de clima quente e úmido que carece de excessos de chuva, solo fértil e bem
fibra, contida no caule, é obtida pelo processo de maceração (Figura 07) – após limpas das
folhas, fardos da planta são imersos em água a fim de obter o amolecimento desta que, é
fibra e o talo (Id., 2005). Aqui o design deve contribuir com estudos sobre a otimização do
As fibras de juta têm comprimento médio cerca de 0.5 – 6.0 mm, com fibra individual
cilíndrica e pouca variação no diâmetro que varia entre 0.01 – 0.03 mm. Sua composição
química varia, entre outros, conforme a idade da planta e maceração e, apresenta como
principais constituintes: lignina 12.5 – 13.5 % (torna a fibra mais resistente a ataques
microbiais), celulose 59 – 61 %, gorduras e ceras 0.9 – 1.4 %, substâncias minerais 0.5 – 0.79
%, matéria nitrogenada 1.56 – 1.87 % (CTC; IJSG, 2004, 2005). O quadro 09 ilustra outras
Propriedades Valores
Absorção de água (%) 12 – 35
Densidade (kg/m3) 1440 – 1460
Resistência à tração (MPa) 453 – 550
Módulo de Young (MPa) 300 – 780
Alongamento (%) 0,8 – 2
Fonte: IdeMat, 2005.
tropicais, pois necessita de grande umidade, muita luz solar, solo bastante drenado e constante
34
suprimento de água fresca, a fibra de coco tem baixo valor como produto em vários países,
assim é descartada como sobra ou usada como combustível. (ROYAL BOTANIC GARDENS,
2005).
realizada na Ásia, Indonésia, Índia, Sri Lanka, África e América Central e do Sul, onde são
produzidos bens de baixo custo como redes, vassouras, pincéis, enchimento para colchões,
cortinas etc. Estas aplicações “rudimentares” são viáveis quando comparadas a materiais
sintéticos, porém, a fibra de coco possui potencial para diversas aplicações industriais, afinal
sua máxima produção anual é estimada entre 5 e 6 milhões de t/ano, não apresentando assim
O processo de extração da fibra pode ser artesanal, no qual se obtém melhor qualidade –
por meio da maceração, ou seja, a imersão em água ou lagos por um período de 3 a 6 meses,
mecânico, afetando suas qualidades – pode ser usado para processar as cascas logo após 5
35
diâmetro e têm, geralmente, entre 56 – 65% de fibras longas (maiores que 150 mm) e 5 – 8 %
de fibras curtas (menores que 50 mm). Possuem baixa resistência à tração, quando
comparadas ao sisal, contudo são menos prejudicas pela imersão em água, pois são resistentes
Propriedades Valores
Comprimento da fibra (cm) 2 – 33
Diâmetro da fibra (mm) 0,05 – 0,4
Densidade (kg/m3) 1,15 – 1,33
Resistência à tração (MPa) 140 - 150
Alongamento (%) (sites dados fibras) 15 – 17,3
Fonte: Leão, 1997; IdeMat, 2005.
(2003), podem ser classificados por dois critérios distintos: características do molde (aberto
utilização de determinado processo dependerá, entre outras, das características da peça a ser
confeccionada, sua escala produtiva e sua aplicação. Vale lembrar que, independente do
processo utilizado para a moldagem de compósitos, alguns fatores podem afetar diretamente
suas propriedades mecânicas, como por exemplo: tipos de reforço e seu tratamento
• Prensagem a frio.
São processos de moldes abertos e, aplicados para a produção de baixo e médio volume
(OWENS CORNING, 2005). São os mais utilizados no Brasil – 56% e 18% respectivamente
(PACHINOS, 2003) – apesar de não garantirem a qualidade das peças, pois são extremamente
processos a matriz e seu reforço são aplicados manualmente nas cavidades dos moldes,
conforme figura 09, por meio de pincéis (Hand Lay-up) ou “sopradores” (Spray-up), por esse
motivo, possuem um alto índice de desperdício de material, que acarreta maior peso e custo
das peças.
São muito poluentes e prejudiciais à saúde, uma vez que os operadores têm contato direto
e permanente com as substâncias dos compósitos, sendo necessário vestuário especial para o
37
manuseio dos mesmos (Figura 10). Podem ser considerados processos rudimentares de
produção, ou ainda, “produção suja”, com altos índices de impactos ambientais e não
condizente com as normas ISO 14000, que promovem a gestão ambiental nas empresas e
Figura 10 – Processos em molde aberto. (Fonte: Prodesign, 2005; U.S. Departament of transportation, 2005)
processos Hand Lay-up e Spray-up. É realizado em molde fechado, sendo aplicado para a
SITES). Neste processo, também conhecido como VARTM (Vaccum Assisted Resin Transfer
Molding), a qualidade e o bom acabamento são garantidos em ambas a faces das peças
essencial que todos os reforços escolhidos sejam multiaxiais de alta permeabilidade, formados
pela superposição de fibras unidirecionais unidas por costura de fios de poliéster, fazendo
com que a matriz “ande” o mais rápido possível por todo o comprimento da peça
Neste processo o reforço (seco) é distribuído na cavidade do molde que, em seguida deve
ser devidamente fechado e vedado por meio de borrachas, a fim de evitar a entrada de ar
durante seu preenchimento pela matriz. Em seguida aplica-se pressão negativa em um das
matriz por ação da gravidade. A matriz é forçada a preencher o molde, passando por entre o
reforço – irá "andar" homogeneamente através do molde até chegar à outra extremidade,
O vácuo aplicado é, geralmente, da ordem de 01 bar, contudo, pode variar conforme o tipo
O processo TRV possui baixo índice de desperdício de material, pois é possível obter
considerações especiais do projeto do molde (Figura 12). Ao contrário dos processos manuais,
é considerado pouco poluente e pouco prejudicial à saúde, pois os operadores não têm contato
direto e permanente com os componentes dos compósitos, não sendo necessário vestuário
especial para o manuseio dos mesmos. Podem ser considerados processos de “produção suja”,
com baixos índices de impactos ambientais e condizentes com as normas ISO 14000.
39
• repetibilidade no processo;
nacional (PACHINOS, 2003). O processo RTM, assim como o TRV, garante boa qualidade
é injetada sob pressão e ocupa o lugar do ar que, é expulso do molde por “respiros” (pinch-
40
peça confeccionada. A matriz passa pelo reforço e a injeção é suspensa assim que iniciar a sua
saída pelos pinch-off, indicando que este está completamente preenchido (Figura 13).
A cura da matriz é rápida, caso seja utilizada resina poliéster insaturado e reforço de fibra
de vidro, esse tempo pode variar entre 05 e 20 min, acelerando assim a produção de peças.
Porém, a resina deve ser consumida rapidamente sob pena de iniciar sua polimerização,
O processo RTM, assim como o TRV, atende as características técnicas, exigidas pelas
• processo mecanizado;
• repetibilidade no processo;
de basicamente quatro componentes: resina termofixa, fibra, carga e aditivo. Este composto
passa por um sistema de compactação que garante a impregnação completa dos fios de fibra
É um processo de combinação entre fios picados e resina, em forma de uma pasta (Figura
O teor de reforço fica geralmente entre 15 a 20%, mas é possível obter 25% para uma
melhor performance. Apropriado tanto para moldagem por injeção como por compressão (Id.,
2005).
43
velocidade na fabricação das peças são necessárias. É indicado para produção entre 1.000 e
a pressão que faz com que a matriz flua e molhe o reforço. Neste processo o molde encontra-
se em temperatura ambiente e ambas as faces das peças têm bom acabamento, porém, quando
retiradas do molde, apresentam grande quantidade de rebarbas a serem retiradas via usinagem
(Figura 17).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Experimento
Foram analisados os efeitos das fibras vegetais (sisal, juta e coco) utilizadas como reforço,
a presença de carga mineral e o percentual desta carga no compósito, conforme quadro 11. As
3.2.1. Reforços
• sisal e coco – fabricadas pela empresa Tapetes São Carlos – São Carlos/SP, mantas
com fibras curtas e sem alinhamento (orientação), conhecidas como mantas não
tecidas;
Estudos mostram que existe uma relação entre a resistência ao escoamento da matriz no
maior a densidade do reforço, maior a resistência à moldagem. Desse modo, com o objetivo
reforçado, a escolha das mantas de fibra natural foi definida por meio de produção prévia de
amostras.
Foram selecionadas aquelas que apresentaram maiores semelhanças à fibra de vidro, com
3.2.2. Matriz
Segundo o fabricante, a matriz possui reatividade média, baixa contração durante sua
polimerização (cura), pode ser utilização com a adição de cargas minerais para laminados em
geral e, com relação ao aspecto visual, sua aparência é liquida, viscosa e de coloração âmbar.
(mistura) foi realizada por meio de agitadores. Não foram utilizados aceleradores, pois a
matriz, segundo o fabricante, é pré-acelerada e sua composição final é ilustrada no quadro 14.
• carga mineral – carbonato de cálcio (CaCO3) – fabricado pela empresa Minérios Ouro
Branco – São Paulo/SP, possui partículas de 325 mesh e teor de umidade de 0,50 máx;
3.2.3. Desmoldante
desmoldante utilizado na moldagem das amostras foi o álcool polivinílico. Este foi aplicado
com o auxilio de um tecido de algodão e, somente após sua total secagem, a moldagem é
realizada. A fim de auxiliar e melhorar o efeito do desmoldante foi aplicado, ainda, uma
do molde com o auxílio de pincel ou rolo, o gel coat – tipo cinza ortoftálico, fabricado pela
empresa Cray Valley – foi utilizado na produção das amostras a fim de simular a produção de
moldagem.
49
3.3. Equipamentos
A bomba de vácuo, fabricada pela empresa Symbol e utilizada (Anexo 13) na confecção
das amostras pertence à empresa Bruno Moldes – São Manoel/SP e suas características são
Bomba Dados
Pressão máxima 5 x 10-2 mmHg
Modelo E 80
RPM 1750
Dimensão (mm) 500 x 440 x 450
3.3.2. Molde
O molde para confecção das amostras pertence à empresa Bruno Moldes, atualmente
utilizado para a confecção de peças, em fibra de vidro, para a indústria Máquinas Agrícolas
Jacto. Possui as faces lisas e é confeccionado em resina epóxi, conforme figura 19.
• ponto de vácuo – local por onde sairá o excesso de resina, quando totalizado o
preenchimento do molde;
• espessura da amostra;
• borracha de vedação;
• área de rebarba.
A produção das amostras foi realizada, após algumas tentativas, onde o teor de fibra
vegetal foi a variável, de maneira a facilitar o escoamento da matriz por entre o reforço.
Sendo assim, definiu-se seguinte número de mantas utilizadas na produção das amostras:
aplicação do desmoldante, no molde devidamente limpo e polido. Após a secagem deste, foi
aplicada uma camada de cera carnaúba, seguida de aplicação de uma camada de gel coat, para
que as mantas, previamente recortadas, pudessem ser dispostas na cavidade do molde. Depois
dessa operação, o molde foi fechado e iniciou-se a moldagem, por meio da aplicação de vácuo
e adição de resina.
3.3.5. Moldagem
utilizados para a moldagem foram os mesmos já aplicados para a moldagem desta peça em
fibra de vidro, ou seja, “in loco”. Foram considerados o aspecto da peça, do reforço e as
A escolha dos parâmetros de moldagem, expostos no quadro 16, foi obtida através de
análise da peça a ser moldada e, devido à prática da empresa Bruno Moldes em já as produzir,
reforçadas em fibra de vidro. Porém, em razão da substituição da fibra de vidro por fibras
• desmoldagem da peça;
53
Parâmetros Valores
Pressão aplicada* 5 x 10-2 mmHg
Tempo de cura 20 min
Temperatura** Ambiente
Tempo de mistura do iniciador 1min
*Pressão máxima atingida durante todo o tempo de moldagem. (-1 bar registrada em manômetro)
**Moldagem realizada no período de Janeiro a Fevereiro (temperatura entre 23ºC e 35ºC).
3.3.7. Desmoldagem
A retirada, das amostras, do molde foi realizada manualmente por meio de ar comprimido,
a fim de não danificar a camada de gel coat, na superfície. Após a retirada do molde, a
amostra foi assentada sobre uma superfície de maneira a evitar seu empenamento, seguida da
3.4. Ensaios
Para a realização dos ensaios, a retirada dos corpos de prova foi realizada de forma ser
obtido o maior número possível destes em cada amostra, não considerando alinhamento das
fibras, pois somente a manta de juta, dentre as vegetais e a de fibra de vidro, possuía tal
A área utilizada da amostra para a retirada dos corpos de prova é indicada na figura 22.
foram realizados em duas etapas, com média de cinco repetições por etapa, velocidade de
A primeira etapa (preliminar) foi realizada na empresa Tapetes São Carlos, a fim de se
obter resultados comparativos e utilizou-se uma máquina universal (Anexo 14), fabricada pela
Máquina Características
Modelo Versat 500
Número 1008
Fabricação 1987
Calibração Setting
Garra (Panambra) ZV733
Mesquita Filho” – Campus de Bauru, utilizando a máquina universal (Anexo 15) da empresa
quadro 19. A célula de carga utilizada para o ensaio foi de 2000 Kg.
Máquina Características
Modelo DL 20000
Fabricação 2002
Medição Eletrônica
Capacidade 20000 Kg
Abertura (sem garras) 1220 mm
Os ensaios de resistência à flexão foram realizados, também em duas etapas, com média
de cinco repetições por etapa, velocidade de ensaio de 1,5 mm/min e corpos de prova de
A primeira (preliminar) foi realizada na empresa Tapetes São Carlos, também objetivando
tração.
56
ensaio de tração. A célula de carga utilizada para o ensaio foi de 2000 Kg.
apenas uma etapa e com média de cinco repetições. O ensaio foi realizado na empresa
UNIPAC, pertencente ao grupo Jacto, e utilizou-se uma máquina fabricada pela empresa
Microtest (Anexo 16), com as características ilustradas no quadro 20. As dimensões dos
corpos de prova são ilustradas na figura 25 e sua maior espessura foi obtida com o auxilio de
Máquina Características
Modelo Série 5106
Número 061
Medição Analógica
Capacidade 4J
com fibras vegetais (0% e 20% de carga), com os corpos de prova reforçados com fibra de
Realizado na empresa Tapetes São Carlos, com corpos de prova que possuem as mesmas
radiação UV-b foi de 60% do total, alternando em ciclos de 07 horas e 15 min. em exposição
A fim de obter a maior quantidade de dados possíveis, das fibras vegetais analisadas,
câmara de envelhecimento artificial. Após esse período os corpos de prova, que possuem as
Tais ensaios foram considerados complementares, uma vez que não fazem parte do
objetivo desse trabalho e, devido ao curto espaço de tempo, não sofreram tratamento
estatístico. Contudo, colaboram para uma melhor compreensão dos compósitos analisados e,
O teste de Dunnett detectou probabilidades maiores que 5%, não sendo consideradas,
portanto, protegidas. Isso ocorre devido a grande variância ocorrida em determinados dados.
componentes reforçados com fibras de vidro, tais variâncias não foram considerados
prejudiciais para a análise dos resultados finais, sendo assim, os valores para P>0,05 foram
considerados viáveis.
Este teste é indicado para análises comparativas entre as médias do objeto de estudo e as
médias de um controle. O teste foi aplicado de duas maneiras: no primeiro caso, foi analisada
óbitos com o teor de 0% de carga mineral, esses foram comparados aos resultados obtidos
No segundo caso, após a análise da carga nos compósitos, foram analisados os resultados
obtidos, nos ensaios, com as fibras vegetais (objeto de estudo) em comparação aos resultados
Dessa maneira, é possível saber se as médias são ou não iguais, considerando o nível de
significância determinado (P<0,05) e assim, constatar a real influência da carga mineral nos
compósitos reforçados com fibras vegetais e fibra de vidro. Do mesmo modo, é possível
averiguar, dentre as fibras vegetais analisadas, aquela que possui características semelhantes à
As diferentes densidades dos reforços, expostas no quadro 12, suas diferentes agulhagens
A confecção das amostras reforçadas com fibras vegetais não tecidas (sisal e coco), foi
realizada com apenas uma manta, uma vez que o molde possui apenas 3mm de cavidade e tais
mantas contêm volume superior ao da manta de fibra de vidro. O volume superior das fibras
vegetais não tecidas ocasiona o chamado “calçamento do molde”, que significa o não
fechamento total deste, desse modo, foi necessária uma menor quantidade de mantas na
Entretanto, tal fenômeno não é observado quando na confecção das amostras reforçadas
com fibras vegetais tecidas (juta). Dessa maneira, a produção das amostras reforçadas com
Assim, possuindo a manta de juta um alinhamento em suas fibras e tal alinhamento não
ocorrendo na confecção das mantas de sisal e coco, é possível conferir que tal característica, o
alinhamento das fibras, infere no teor de fibra vegetal quando na produção de compósitos com
baixa espessura (3mm). Devido, entre outras coisas, sua conseqüente diminuição e/ou
Contudo, quando na confecção das amostras para ensaio de impacto, confeccionados com
5mm de espessura, o “calçamento do molde” não foi observado. Desse modo, pode-se deduzir
que a espessura da peça a ser confeccionada, infere no teor de reforço do compósito. Ainda
ocasiona a redução do teor de fibra nas amostras (% em massa), ainda que seu volume
permaneça o mesmo. Tal verificação torna-se possível devida ser calcada no % de massa do
ocasionado pela maior densidade do carbonato de cálcio (2,72 g/cm3), em relação à densidade
do reforço e da matriz. A relação entre os teores de carga mineral e fibra é pouco pronunciada
nas amostras reforçadas com fibra de vidro. Segundo Giacomini, isso ocorre devido à
O limite máximo do teor de carga mineral foi alcançado com 30%, acima disso, as
com os reforços utilizados, não obtiveram bons resultados e culminaram na reprovação das
amostras. Pois, a concentração de carga acima deste limite, impossibilitou a fluidez da matriz
25
Teor de Fibra (% em massa)
20
15
10
0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga MIneral
Conforme verificado no quadro 11, o teor de fibra (em massa) do compósito, diminui à
medida que o teor de carga mineral é aumentado, dessa maneira é possível observar que a
64
carga mineral torna-se uma vantagem quando adicionada ao compósito. Pois, não infere
outros materiais do compósito, portanto colabora com a redução do custo da peça final.
meio da variável peso, a adição da carga mineral torna-se onerosa para a empresa compradora
do produto final, pois a carga mineral aumenta o peso do produto e conseqüentemente seu
custo.
Nesse caso, o uso de fibra natural colabora com a redução do custo final do produto, pois
possui densidade inferior à fibra de vidro, portanto reduzindo o peso do produto, foi
observada uma redução entre 25% - 30% e, seu custo também é inferior ao custo da fibra de
A figura 27 mostra a resistência à tração dos compósitos reforçados com fibras de vidro,
sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz poliéster.
45
Resistência à Tração (MPa)
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral
grupo, formado pelos compósitos confeccionados com fibras não alinhadas (não tecidas).
ausência de carga mineral, o compósito reforçado com fibra de juta apresenta maior
resistência à tração, contudo de maneira não significativa. Após a adição da carga, o controle
passa a ser superior aos demais, porém, somente na presença de 20% desta, a superioridade é
significativa. Nos demais teores, o compósito reforçado com fibras de vidro (controle)
É possível concluir que, entre outras variáveis como processo de produção e tipo de
reforço, o alinhamento das fibras na confecção das mantas, contribui para o aumento da
Ao se considerar a ausência de carga mineral como controle, verifica-se que esta apresenta
pela adição de carga mineral, somente nos compósitos reforçados com fibras alinhadas. Pois,
os compósitos reforçados com fibras não alinhadas não apresentaram mudança significativa,
Assim sendo, na resistência à tração, o compósito reforçado com fibras de vidro não difere
É possível concluir que, para a propriedade de resistência à tração, somente a fibra de juta,
controle estatístico, o compósito reforçado com fibra de vidro apresenta tendência ao aumento
limite a resistência à tração tende a diminuir à medida que se adiciona carga mineral ao
compósito. Entretanto, somente na presença de 30% desta, a resistência, ainda superior, volta
adição de carga mineral acarreta efeito positivo ao compósito reforçado com fibras de vidro.
Porém, analisando os resultados, podemos concluir que o teor de 10% de carga mineral
compósito reforçado com fibras de vidro, é superior aos demais compósitos analisados.
superioridade.
para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível observar, mesmo não havendo
uniformidade das fibras, melhor interface reforço/matriz no compósito reforçado com 10% de
67
carga mineral, pois se verifica maior destruição na matriz após o ensaio – ocasionada pela
extração forçada do reforço na matriz (efeito pull out). Sendo assim, conclui-se que a adição
de carga mineral colabora com uma melhor ancoragem do reforço na matriz, uma vez que na
tração.
compósito, ou seja, onde ambos recebem o código imposto pelo ensaio (força de tração), a
interpretam e transmitem, para a outra substância do compósito, o novo signo gerado por essa
interpretação.
possuírem hábitos cristalizados. Hábitos cristalizados, segundo Peirce (2003), possuem maior
de compósitos, portanto sua conduta (reação), quando exposta a cargas de ensaios, tem maior
grau de previsibilidade, manipulada ainda na sua confecção. Essa previsibilidade não acontece
facilmente com as fibras vegetais, pois são materiais ainda em processo de formação e
de previsibilidade baixo.
Isso pode explicar o comportamento distinto para fibras de mesma fonte biológica, porém
vindas de localidades distantes. Pois, a interação dessa fonte com seu entorno, infere na
Dessa maneira, os resultados mostram-se condizentes com a teoria de Peirce (1939 – 1914
está em todos os seres. Isso implica nas diversas composições de fibras, dentro de uma mesma
Segundo análise estatística, a adição de carga mineral não atua de maneira significativa,
compósito.
Vale lembrar que os resultados encontrados para o compósito reforçado com fibras de
sisal, devido a alta dispersão dos dados, apresentaram P>0,05, portanto acima do considerado
reforçado com fibras de juta. Contudo, não difere estatisticamente do compósito reforçado
com fibras de sisal, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível verificar que em
ambos os casos, não há uniformidade na distribuição das fibras e, após o ensaio, ocorre um
descolamento entre reforço e matriz. Assim, pode-se concluir que a interface reforço/matriz é
fraca, pois a ancoragem do reforço na matriz é baixa. Obtém-se tal conclusão ao analisarmos
Deste modo, é possível inferir que a adição de carga mineral, que tem por objetivo o
aumento da resistência à tração, é ineficaz para compósitos reforçados com fibras de sisal,
carga mineral. Na presença de 20% e 30% desta, a resistência tende a diminuir e estabilizar-se
Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral, até o teor de 10% desta, acarreta
efeito positivo, na resistência à tração, ao compósito reforçado com fibras de juta. Assim,
tração, verificado no compósito reforçado com fibras de vidro, não ocorre para o compósito
Onde, a partir deste limite, a resistência tende a diminuir à medida que se aumenta o teor de
com fibra de juta, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível verificar que em
ambos os casos, há uniformidade na distribuição das fibras, uma vez que as mesmas são
tecidas, em cordas, para a confecção das mantas. Após o ensaio, ocorre o descolamento entre
periferia, que permanece ancorada à matriz polimérica e no centro, que não possui interface
com a matriz, devido à confecção da manta em cordas de fibras. Desse modo, a matriz não
Apenas nos compósitos reforçados com fibras de sisal e coco, agulhadas de maneira
individual (não tecidas), obtém-se total molhagem e/ou cobertura, do reforço pela matriz.
É possível verificar, que após o ensaio, ocorre maior rompimento da matriz para o
compósito reforçado com 10% de carga mineral, mesmo efeito verificado para o compósito
reforçado com fibra de vidro. Sendo assim, nota-se melhora na interface refroço/matriz, à
Do mesmo modo, conclui-se que a adição de carga mineral colabora para um aumento na
resistência à tração, até o limite de 10%, uma vez que sua presença ao compósito apresenta
resistência à tração, no compósito reforçado com fibras de coco. Pois, assim como no
73
controle.
maneira, pode-se dizer que o comportamento do compósito reforçado com fibras de coco, no
e/ou na presença de carga mineral. Enfatizando assim, o aparecimento do grupo formado por
com fibra de coco, para os teores de 0% e 10% de carga mineral, onde se observa que em
reforço, é possível verificar a ocorrência do total descolamento entre reforço e matriz, sem o
aparecimento do efeito pull out. Pode-se concluir que a interface entre os componentes do
compósito é considerada fraca, pois a ancoragem do reforço na matriz é baixa. Tal fenômeno
Assim, a adição de carga mineral, não possui efeito positivo no compósito reforçado com
fibras de coco, pois não colabora com a interface reforço/matriz. Sendo assim, sua adição no
vidro, sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionadas à matriz
polimérica.
75
7000
Módulo de Elasticidade
6000
5000
(MPa)
4000
3000
2000
1000
0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral
De modo geral, verifica-se que os compósitos reforçados com fibras de vidro e juta
quando na presença desta, esses compósitos são considerados compatíveis. Contudo, ambos
diferem, significativamente, dos compósitos reforçados com fibras de sisal e coco que, por
De acordo com os resultados, a adição de carga mineral, para todos os compósitos, possui
O grupo formado pelos compósitos reforçados com fibras alinhadas (vidro e juta) possui
maior módulo de elasticidade, comparado ao grupo formado pelos compósitos reforçados com
fibras sem alinhamento (sisal e coco). Assim sendo, é possível concluir que, assim como na
resistência à tração, o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, contribui para o
encontrados.
76
Com exceção do compósito reforçado com fibras de coco, onde somente o teor de 30%
verificar que nos compósitos reforçados com fibras de juta e vidro, o aumento do módulo de
grupos distintos entre si formados por compósitos reforçados com fibras alinhadas e aqueles
Desse modo, pode-se afirmar que a adição de carga mineral aos compósitos colabora com
pelo tipo de reforço, são condizentes com os resultados encontrados para a resistência à
tração, ou seja, a compatibilidade entre os compósitos reforçados com fibras de juta e fibras
de vidro.
4.2.6. Alongamento
A figura 37 mostra o alongamento dos compósitos reforçados com fibras de vidro, sisal,
juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionadas à matriz polimérica.
2,5000
Alongamento (%)
2,0000
1,5000
1,0000
0,5000
0,0000
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral
Com exceção do compósito reforçado com fibras de vidro, onde somente o teor de 10%
formados por fibras alinhadas e fibras não alinhadas, não ocorrem no alongamento.
reforçado com fibras de coco, que possui o menor elasticidade entre todos os compósitos,
Desse modo pode-se afirmar que a adição de carga mineral não infere no alongamento, de
maneira significativa, nos compósitos reforçados com fibras de vidro, sisal e coco. Porém, a
compósito está diretamente relacionado com a resistência à tração das fibras utilizadas como
Alongamento (%)
Teor de carga
mineral Vidro Sisal Juta Coco
(CaCO3)
0% 0,7783 1,6820 1,9100 0,3757
10% 1,0314 0,8750 1,3983 0,3500
20% 0,82 0,45 0,57 0,16
30% 0,56 0,53 1,27 0,32
79
A figura 38 mostra a resistência à flexão dos compósitos reforçados com fibras de vidro,
sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz poliéster.
160
Resistência à Flexão (N)
140
120
100
80
60
40
20
0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral
podemos observar que a carga mineral apresenta maior desempenho, nos compósitos
com fibras não alinhadas (não tecidas). Repetindo assim, a formação de dois grupos que se
diferenciam estatisticamente.
pela adição de carga mineral somente nos compósitos reforçados com fibras tecidas.
Favorecendo assim, sua maior resistência à flexão, comparada ao grupo formado pelos
reforçado com fibras de vidro não difere significativamente do reforçado com fibras de juta,
porém ambos superam significativamente aqueles reforçados com fibras de sisal e coco. Na
ausência de carga mineral, o compósito reforçado com fibra de vidro difere dos demais
estatisticamente.
Observa-se que na presença de carga, os compósitos reforçados com fibras de sisal e coco
partir do teor de 10% de carga mineral. Com isso podemos dizer que na ausência desta o
alinhamento das fibras não infere, significativamente, na resistência à flexão dos compósitos.
Contudo, na presença de carga mineral, nos compósitos com fibras alinhadas, contribui para a
redução da resistência à flexão do compósito reforçado com fibras de vidro e para o aumento
da resistência do compósito reforçado com fibras de juta. Esse fenômeno não foi observado
É possível concluir que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, contribui para
afetada, pela adição de carga mineral, somente nos compósitos reforçados com fibras
É possível concluir, de maneira geral e similar ao ensaio de tração, que para a propriedade
após a obtenção dos resultados, a continuidade da força para a total ruptura dos corpos de
prova. Pois, os mesmos sofreram apenas ruptura parcial, para todos os tipos de reforço e teor
de carga mineral.
Para o compósito reforçado com fibras de vidro, a análise estatística não detectou
diferença significativa, para a adição de carga mineral, quando a ausência desta é considerada
como controle. Assim, a adição de carga não infere na propriedade de resistência à flexão do
medida em que se adiciona carga mineral. Quando na presença de 10% e 20% de carga,
ocorre grande diminuição da resistência, seguida de estabilidade até o teor de 20% desta.
Contudo, na presença de 30% de carga, a resistência à flexão tende a aumentar, mas ainda
apresenta valor inferior ao controle, apesar disso, tal valor não mostra diferença estatística
significativa.
que a adição de carga mineral acarreta um efeito negativo na resistência à flexão. Porém,
conclui-se que o teor de 10% de carga mineral apresenta-se como um limite de diminuição
dessa propriedade. A partir deste, a resistência tende a aumentar à medida que se aumenta o
Vale lembrar que, os resultados encontrados para o compósito reforçado com fibras de
de probabilidade). Assim, podes-se dizer que a análise estatística para o compósito reforçado
para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível verificar, que após o ensaio ocorre o
rompimento da matriz, ocasionado pelo efeito pull out, em ambos os teores de carga. Sendo
adição de carga mineral não atua no compósito, para a resistência à flexão, de maneira a
Segundo análise estatística, a adição de carga mineral não atua de maneira significativa no
compósito reforçado com fibras de sisal, ilustrando dessa maneira tendência à estabilidade.
aumento da resistência à flexão. A partir deste, a resistência tende a diminuir à medida que se
controle.
com fibra de sisal, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Verificam-se fenômenos
favorecimento desta por meio da adição de carga mineral, efeito também observado na
resistência à tração.
84
Deste modo, é possível deduzir que a adição de carga mineral, para a propriedade de
resistência à flexão, não possui efeito no compósito reforçado com fibras de sisal, pois não
favorece a interface reforço/matriz. Sendo assim, sua adição não se justifica em componentes
carga mineral. Na presença de 20% desta, a resistência sofre diminuição e passa a não se
85
tração; aumento para os teores de 10% e 30% de carga mineral, e pequena diminuição quando
Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral ocasiona um efeito positivo, na
resistência à flexão, ao compósito reforçado com fibra de juta. É verificado, que a resistência
com fibra de juta, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Em ambos os casos,
distribuição das fibras, descolamento entre reforço e matriz e o rompimento das cordas de
O efeito de rompimento das cordas em locais diferentes, assim como no ensaio de tração,
explica-se pela dificuldade da matriz polimérica penetrar no interior das cordas de juta, e
envolver as fibras internas, assim, nessa região, não há a formação da interface reforço/matriz.
Mesmo não sendo possível verificar a ação da carga mineral no compósito, conclui-se que
a adição desta favorece a interface reforço/matriz, uma vez que colabora com o aumento da
compósito reforçado com fibras de coco. Verifica-se uma tendência de aumento da resistência
relação ao controle, somente na presença de 10% de carga. Dessa maneira, pode-se dizer que
encontrado na fibra de sisal, para o mesmo ensaio. Esse fenômeno de similaridade, entre o
compósito reforçado com sisal e coco, foi encontrado também no ensaio de tração.
87
com fibra de coco, para os teores de 0% e 10% de carga mineral, onde se observa que, em
reforço e não rompimento da matriz, efeito encontrado também no ensaio de tração. Devido à
presença de oleosidade superficial nas fibras de coco, que dificulta sua ancoragem.
Dessa maneira, a adição de carga mineral, não possui efeito positivo no compósito
reforçado com fibras de coco, para a propriedade de resistência à flexão, pois não favorece a
interface reforço/matriz. Faz-se necessário prévio tratamento superficial das fibras, para
vidro, sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz
poliéster.
120,00
Resistência ao Impacto (J/m)
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral
o alinhamento das fibras, encontrado nos ensaios anteriores, não é aqui verificado. Assim, há
grupos formados até então. Pois, há um grupo formado somente pelo compósito reforçado
com fibras de vidro e outro formado pelos compósitos reforçados com fibras vegetais.
Por outro lado, as fibras vegetais apresentam comportamentos semelhantes entre si, até o
teor de 10% de carga. A partir deste limite, a medida que se adiciona carga mineral, o
90
compósito reforçado com fibras de juta apresenta resistência significativamente inferior aos
compósitos reforçados com fibras de sisal e coco. Contudo, estes últimos não apresentam
afetada pela adição de carga mineral, somente nos compósitos reforçados com fibras de sisal e
juta. Dessa forma, a afecção – capacidade dos objetos de se afetarem mutuamente (PEIRCE,
2003) – não ocorre de maneira a obedecer ao alinhamento das fibras, mas sim devido sua
É possível concluir que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, não contribui
para o aumento da resistência ao impacto dos compósitos reforçados com fibras vegetais e,
que estes compósitos apresentam maior fragilidade, devido a inferior interface reforço/matriz.
Dessa maneira, a absorção de energia no impacto, ocasionada pelo efeito pull out, é pequena
e, resulta na baixa resistência ao impacto, encontrada nos compósitos reforçados com fibras
vegetais.
final. Assim, a resistência ao impacto pode ser considerada como uma característica limitante
o compósito reforçado com fibra de vidro apresenta tendência ao aumento, não significativo,
uma vez que não necessita de maior consumo de energia para ocasionar sua ruptura.
Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral não favorece a absorção de
energia do compósito reforçado com fibra de vidro. Entretanto, pode-se concluir que o teor de
Vale lembrar que os resultados encontrados, devido a alta dispersão dos dados,
de probabilidade). Assim, pode-se dizer que a análise estatística para o compósito reforçado
com fibra de vidro, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Verifica-se que após o
ensaio ocorre uma nítida destruição da matriz, ocasionada pelo arrancamento do reforço, tal
fenômeno é encontrado de maneira semelhante nos ensaios de tração e flexão. Sendo assim,
apesar de não ser possível averiguar com efetiva precisão a interface matriz/reforço, pode-se
concluir que a mesma é considerada forte, pois, conforme observado no efeito pull out, a
Do mesmo modo, conclui-se que a adição de carga mineral não favorece uma melhor
ancoragem do reforço na matriz, uma vez que sua adição ao compósito não ocasiona um
de energia do material.
92
Desse modo, pode-se inferir que apesar da queda, o compósito reforçado com fibras de
sisal apresenta, após a adição de carga mineral, estabilidade na resistência ao impacto. Assim,
com fibra de sisal, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Pode-se observar que em
ambos os casos, não há uniformidade na distribuição das fibras, devido a agulhagem das
mantas e, há o descolamento entre reforço e matriz. Assim como nos ensaios anteriores, tal
conclusão pode ser obtida ao analisarmos a não destruição da matriz, ocasionada pelo efeito
pull out. Dessa maneira, confirma-se a fraca interface reforço/matriz, também encontrada nos
demais ensaios.
justificar a fraca interface dos constituintes do compósito. Contudo, não justifica a tendência
pode ser ocasionada, entre outras coisas, devido o aumento da espessura das amostras
Assim, há maior volume, na cavidade do molde, a ser preenchido pela mais polimérica e,
Deste modo, é possível inferir que a adição de carga mineral, não possui efeito
significativo no compósito reforçado com fibras de sisal e não colabora com a interface
(bolhas) na matriz, que desfavorecem sua interface com o reforço e a diminuição da energia
Os resultados encontrados, no compósito reforçado com fibras de juta, de modo geral apresentam
compósito. Tais resultados mostram-se contrários aos encontrados nos ensaios de tração e
flexão onde, à medida que se adiciona carga mineral, verifica-se o aumento da respectiva
propriedade mecânica.
contudo tal aumento não difere significativamente do controle. Portanto, o compósito, até esse
limite, mostra-se estável. A partir deste limite, a resistência apresenta rápida diminuição e, ao
95
Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral ao compósito acarreta efeito
com fibra de juta, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Em ambos os casos,
das cordas de fibras em diferentes localizações (periferia e centro das cordas). A repetição do
fenômeno ocorre pelas mesmas razões descritas nos ensaios anteriores; não formação de
É possível verificar que após o ensaio, não ocorre diferença na destruição da matriz,
devido o desprendimento do reforço. Sendo assim, nota-se uma estabilidade e/ou fragilidade
da interface reforço/matriz.
com fibra de coco, para os teores de 0% e 10% de carga mineral, onde se observam os
mesmos fenômenos encontrados nos ensaios de tração e flexão, para o mesmo compósito. Em
ambos os casos, não há uniformidade na distribuição das fibras, pode-se observar uma fraca
Dessa maneira, a adição de carga mineral, não possui efeito de aumentar a absorção de
energia do compósito reforçado com fibras de coco, já que não favorece a interface
reforço/matriz. Faz-se necessário prévio tratamento superficial das fibras, para aumentar seu
do compósito.
97
De modo geral, o compósito reforçado com fibras de vidro, apresenta superioridade aos
compósitos reforçados com fibras vegetais. Pois, apresenta menor degradação superficial após
submissão ao ensaio, seguido pelo compósito reforçado com fibras de juta. Desse modo, todos
os compósitos reforçados com fibras vegetais necessitam de tratamento superficial, por meio
Assim, é possível observar a formação de grupos formados por fibras alinhadas e fibras
não alinhadas onde, os compósitos reforçados com fibras alinhadas apresentam menor
degradação superficial. Dessa maneira, pode-se inferir que o alinhamento das fibras infere no
ambientes abertos.
A figura 56 mostra amostras reforçadas com fibras de vidro, antes do ensaio e após as
etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de
20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de
iluminação e distância.
99
300 horas de ensaio. Esse é aplicado para produzir melhor acabamento na superfície da peça,
De acordo com a figura, não é possível notar atuação da ausência ou presença de carga
A figura 57 mostra amostras reforçadas com fibras de sisal, antes do ensaio e após as
etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de
20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de
iluminação e distância e, para melhor visualização dos resultados, sofreram tratamento digital.
pelo gel coat, em todas os períodos de exposição. Contudo, o mesmo não ocorre antes da
realização do ensaio.
Do mesmo modo, o fenômeno ocorrido, não apresenta aumento à medida que se prolonga
o tempo de exposição ao envelhecimento. Pode-se dizer que o afloramento das fibras ocorre
reforço, pois ambas amostras não apresentam diferença visual. Porém, entre as amostras
submetidas a 1175 horas de exposição, é nítido o maior afloramento das fibras na amostra
com 20% de carga e maior degradação do gel coat para a amostra sem carga mineral.
101
A figura 58 mostra amostras reforçadas com fibras de juta, antes do ensaio e após as
etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de
20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de
iluminação e distância e, para melhor visualização dos resultados, sofreram tratamento digital.
pelo gel coat, antes é após a exposição ao envelhecimento. Observa-se que o fenômeno
ocorrido decorre do alinhamento das fibras em cordas, com isso, suas silhuetas são visíveis na
superfície do compósito, devido o preenchimento da matriz, nos espaços vazios entre essas
cordas.
envelhecimento, não é possível verificar aumento no afloramento das fibras, desse modo,
compósito, conhecido como “casca de laranja”. Portanto, conclui-se que para os compósitos
reforçados com fibras de juta agulhadas em cordas, necessita pintura posterior, a fim de
reforço, pois ambas amostras não apresentam diferença visual. Porém, em todas as amostras
submetidas ao ensaio, é nítido a maior degradação do gel coat quando na presença de carga
mineral. Assim, pode-se dizer que a carga mineral não favorece o acabamento superficial do
compósito.
103
A figura 59 mostra amostras reforçadas com fibras de coco, antes do ensaio e após as
etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de
20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de
iluminação e distância e, para melhor visualização dos resultados, sofreram tratamento digital.
reforçado com fibras de sisal, o afloramento não apresenta relação com o tempo de exposição
umidade, é mais proeminente para os compósitos reforçados com fibras não alinhadas.
De acordo com a figura, não é possível observar qualquer efeito da carga mineral no
observada somente após ensaio e em todas as etapas do mesmo, porém, assim como no efeito
nos ensaios oficiais. Assim, as análises realizadas nestes, são calcadas somente nos resultados
A figura 60 ilustra a absorção de umidade dos compósitos reforçados com fibras de vidro,
sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz poliéster.
1,20
Absorção de umidade (%)
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral
reforçados com fibras vegetais. Dentre estas, os compósitos reforçados com fibras de sisal e
coco, apresentam menor absorção quando comparados ao compósito reforçado com fibras de
juta.
teor de 10% de carga mineral. A partir deste, à medida que se adiciona carga, o compósito
reforçado com fibras de juta apresenta queda linear, contrária aos demais compósitos vegetais,
107
fibras de sisal e coco são semelhantes até o teor de 20% de carga mineral, na presença de
30%, o coco apresenta maior absorção, comparado ao sisal. Essa semelhança está condizente
desta nos compósitos reforçados com fibras vegetais, contudo tal influência não foi possível
de ser observada no envelhecimento artificial. Por outro lado, no compósito reforçado com
fibras de vidro, a presença de carga apresenta baixa atuação, assim, apresenta tendência à
A menor absorção apresentada pelo compósito reforçado com fibras de vidro, enfatiza os
A adição de carga mineral no compósito reforçado com fibras de juta é benéfica, pois
verificada absorção de umidade equivalente à fibra de vidro. Pode-se deduzir que, a adição de
carga mineral em compósitos reforçados com fibras de juta, melhora o isolamento da fibra e
A adição de carga mineral nas fibras de sisal e coco é benéfica até o teor de 10% desta,
onde o isolamento das fibras é equivalente à fibra de vidro e, a partir daí, a absorção de
reforçados com fibras de sisal e coco, deve ser realizada respeitando o limite de 10% desta,
para que se possa obter um material com melhor interface refprço/matriz e, cosequentemente,
maior durabilidade.
alinhadas, contudo, não é possível relacionar tal alinhamento à capacidade de absorção dos
108
compósitos. É possível concluir que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, não
é variável importante para essa propriedade. Esse fenômeno pode ser ocasionado devido a
Pode-se dizer então que, quanto melhor a interface reforço/matriz, menor será a absorção de
umidade do compósito.
O melhor isolamento das fibras também pode ser obtido via melhor controle no processo
teores de carga mineral, esses valores apontam para a superioridade da fibra de vidro
fibras de vidro, sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na
matriz poliéster.
109
1,5
Estabilidade Dimensional
1
Longitudinal (%)
0,5
0
0% 10% 20% 30%
-0,5
-1
Teor de Carga Mineral
resultado obtido no ensaio, melhor é a estabilidade do compósito, pois, mais seguras serão
comparada aos compósitos reforçados com fibras vegetais. Esse efeito é devido à sua menor
Dentre as fibras vegetais, o compósito reforçado com fibras de sisal, na ausência de carga,
possui maior estabilidade entre todos os compósitos pesquisados, seguido pelo compósito
reforçado com fibras de vidro. Enquanto o compósito reforçado com fibras de juta, apresenta
desta nos compósitos reforçados com fibras vegetais. Por outro lado, no compósito reforçado
com fibras de vidro, a presença de carga apresenta baixa atuação, assim, apresenta tendência à
A adição de carga mineral no compósito reforçado com fibras de juta não infere quanto à
estabilidade dimensional, pode-se verificar a estabilidade dos dados. Deduz-se então que, a
adição de carga mineral em compósitos reforçados com fibras de juta, melhora o isolamento
A adição de carga mineral no compósito reforçado com fibras de coco é benéfica, pois
encontrado para a fibra de coco, não condiz com os resultados encontrados na absorção, até
10% de carga. Pois, a partir deste limite, a absorção aumenta consideravelmente, portanto
O aparecimento de grupos formados por fibras alinhadas e não alinhadas não é aqui
verificado. Conclui-se então que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, não
variável importante para essa propriedade, pois colabora com a absorção de umidade. Esse
de vidro, comparada às fibras vegetais. Pode-se dizer então que, quanto melhor a interface
5. CONCLUSÃO
são válidas somente para os parâmetros utilizados neste trabalho. Portanto, a alteração desses
Contudo, vale enfatizar que esta pesquisa ilustra que o trabalho do profissional de design
de produtos e/ou serviços, seja na criação de materiais com baixo impacto ambiental, seja na
toda carga emotiva, funcional e lógica de determinado objeto, são ferramentas fundamentais
ecológica.
deve ser pensado de maneira holística ou ainda, de maneira emergente, onde o sistema se
auto-organiza via conscientização local, dessa maneira é possível emergir um padrão global e
eficiente de sustentabilidade.
Peças com as mesmas características, confeccionadas com fibras não tecidas (coco e
com fibras tecidas (juta e vidro). A diminuição do teor de reforço nas amostras também se
O teor de 30% de carga mineral (CaCO3), adicionado aos compósitos, mostrou-se como
limitador para a produção de componentes no processo TRV. Acima desse limite não há boa
qualidade do compósito.
componentes.
ao reforço de fibra de vidro. A adição de carga mineral é considerada positiva, pois beneficia
reforçados com fibras de vidro e juta, sendo assim, essa fibra vegetal mostra-se adequada para
O alinhamento ou orientação das fibras apresentou-se como fator fundamental para o bom
Contudo, a substituição completa da fibra de vidro por fibras vegetais deve obedecer,
elasticidade.
5.2.2. Alongamento
O alinhamento das fibras não apresenta relação direta com o alongamento do compósito,
As conclusões obtidas para a resistência à tração são válidas para a resistência à flexão.
Observa-se que o compósito reforçado com fibras de juta é superior aos compósitos
reforçados com fibras de sisal e coco, e que este se apresenta adequado como substituto para a
Dessa maneira, o alinhamento das fibras também se apresenta como fator importante na
resistência à flexão.
As amostras reforçadas com fibras vegetais são equivalentes entre si, porém
O alinhamento das fibras não apresenta relação com o aumento de energia necessária para
nas amostras de sisal e juta. Tal fenômeno não ocorre nas amostras reforçadas com fibras de
coco devido à fraca interface reforço/matriz, ocasionada pela oleosidade natural dessa fibra.
fibra de vidro por fibras vegetais, principalmente, quando na confecção de componentes com
aplicações externas. Pois, nenhuma das fibras vegetais pesquisadas, apresentou condições de
O acabamento superficial encontrado nas amostras reforçadas com fibras vegetais foram
superfície das amostras e, a presença de carga mineral não apresenta efeito positivo no
acabamento superficial dos compósitos, quando comparado aos compósitos sem carga.
que exigem bom acabamento superficial, é considerada inviável para aplicações nas quais as
peças estarão expostas à ação de umidade e calor. A fim de diminuir a degradação superficial
dos compósitos reforçados com fibras vegetais, é recomendada a posterior pintura do produto
ou sua utilização apenas em componentes onde não são exigidas superfícies polidas.
Assim, como nos resultados obtidos para a resistência ao impacto, faz-se necessária
Aconselha-se também nova realização dos ensaios de tração, flexão e impacto, a fim de
umidade e calor.
desse efeito degenerativo, contudo, para as fibras não alinhadas, o teor de 10% foi
O compósito reforçado com fibras de vidro, diferente dos compósitos reforçados com
fibras vegetais, apresenta resultado condizente com a absorção de umidade e possui melhor
que exigem precisão em montagens, fator limitante para a produção de peças. Dessa maneira,
6. BIBLIOGRAFIA
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http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/sisal.htm>. Acesso em: 12 mai. 2004.
ANEXOS
125
ANEXO 01
Reação ao encontrar, durante as compras, um produto com rótulo que informa que ele foi fabricado de
maneira ambientalmente correta (Estimulada)
Reação ao encontrar, durante as compras, um alimento com rótulo que informa que ele foi cultivado
organicamente (Estimulada)
126
ANEXO 02
Abordagens Ambientais
127
ANEXO 03
ANEXO 04
Diagrama PIT
129
ANEXO 05
Diagrama PPM
130
ANEXO 06
ANEXO 07
ANEXO 08
ANEXO 09
ANEXO 10
Recursos e intensidade de material da economia OECD, total e intensidade de uso relativo para PIB,
1980 – 2020
135
ANEXO 11
ANEXO 12
P
Fonte de Energia 1999 2000 2001 2002 2003
Total 96.763 98.891 96.258 97.633 98.006
Combustível Fóssil 82.650 84.965 83.121 84.297 84.388
Carvão 21.623 22.580 21.897 22.195 22.773
Carvão Coque Importado 0.058 0.065 0.029 0.061 0.051
a
Gás Natural 23.010 23.916 22.861 23.069 22.490
b
Petróleo 37.960 38.404 38.333 38.401 39.074
Eletricidade Importada 0.099 0.116 0.075 0.078 0.019
Energia Nuclear 7.610 7.862 8.028 8.145 7.795
c
Hidroelétrica -0.062 -0.057 -0.090 -0.088 -0.088
Energia Renovável 6.587 6.145 5.272 5.946 6.131
Hidroelétrica Convencional 3.268 2.811 2.201 2.675 2.779
Energia Geotérmica 0.331 0.317 0.311 0.328 0.314
Biomassa 2.873 2.893 2.626 2.773 2.865
Energia Solar 0.069 0.066 0.065 0.064 0.063
Energia Eólica 0.046 0.057 0.068 0.105 0.108
a
Incluso combustível suplementar.
b
Estoque de produtos à base de petróleo, inclui planta de gás natural e óleo queimado não refinado
como combustível.
c
Facilidade de produzir estoque com menor uso de energia para bombear.
P=Preliminar.
Nota: Dados revisados estão em itálico. Total não equivale à soma dos componentes devido ao
arredondamento.
Fontes: Energia não renovável: Energy Information Administration (EIA), Monthly Energy Review April
2004, DOE/EIA-0035 (2004/04) (Washington, DC, April 2004,) Tables 1.3 and 1.4. Energia renovável:
Table 2 of this report.
ANEXO 13
Bomba de vácuo
138
ANEXO 14
ANEXO 15
ANEXO 16
Máquina de Impacto
141
ANEXO 17
ANEXO 18
Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
3,12 2,96 2,02 2,26 1,13 0,94 1,27 1,04
2,44 2,83 2,11 3,35 1,15 1,37 0,97 1,45
2 3,16 1,9 2,64 1,12 1,44 1,01 1,28
2,33 2,54 1,99 2,67 1,11 1,18 0,95 1,14
2,41 3,38 2,77 1,1 0,97 0,81 0,83
2,03 3,55 2,22 1,13 1,16 0,9 1,54
3,17 1,05 1,21 0,49 1,49
Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
459,01 531,85 586,85 571,47 396,79 459,01 362,88 420,48
468,79 700,08 622,84 493,75 349,94 427,94 423,31 500,25
334,56 662,65 574,43 716,67 289,57 538,48 381,8 451,5
392,25 576,01 572,65 500,7 321,92 360,51 408,17 649,69
399,45 630,34 516,16 283,68 293,11 274,6 427,94
319,29 705,07 589,63 341,21 352,72 478,28
572,32 367,12 559,14 416,42
144
Alongamento (%)
Vidro 0% Vidro 10% Vidro 20% Vidro 30% Sisal 0% Sisal 10% Sisal 20% Sisal 30%
0,71 0,88 1,21 0,46 3,33 0,56 0,75 0,57
0,52 0,97 1,11 0,55 1,04 0,19 0,41 0,35
0,76 0,12 0,61 0,53 3,13 0,62 0,33 0,3
0,99 1,36 0,17 0,76 0,36 0,37 0,35 0,47
1,13 1,00 0,66 0,86 0,55 0,58 0,41 0,43
0,56 1,37 1,13 0,19 2,93 0,73
1,52 0,85 0,59 0,83
Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
1,99 1,59 0,66 0,62 0,37 0,3 0,27 0,25
1,74 0,89 0,56 1,93 0,41 0,37 0,07 0,37
1,66 1,45 0,4 1,15 0,38 0,38 0,15 0,33
1,58 1,49 0,67 1,48 0,4 0,37 0,2
2,01 1,4 1,32 0,41 0,36 0,37
2,48 1,57 1,1 0,35 0,35 0,39
1,27 0,31 0,32
ANEXO 19
Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
91,96 114,06 95,87 122,68 31,6 53,36 30,59 55,72
79,16 108,53 78,55 110,08 50,8 52,35 56,73 41,9
63,13 116,55 119,79 125,24 47,63 50,53 53,49 48,57
88,73 122,41 83,47 98,29 33,69 57,13 44,26 42,92
69,8 87,92 85,63 107,32 32,47 48,71 53,69 42,58
75,59 98,83 120,39 42,8 44,02 45,9
130,56
ANEXO 20
Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
25,59 31,5 18,7 20,67 30,51 41,34 49,21 41,34
16,69 24,61 22,64 18,7 48,23 38,39 35,43 51,18
37,4 33,46 22,64 16,73 33,46 35,43 51,18 45,28
23,62 26,57 20,67 16,73 38,39 50,2 61,02 37,4
33,46 23,62 24,61 17,72 33,46 34,45 37,4 36,42
ANEXO 21
1 – Peça reforçada com fibra de Vidro; 2 – Peça reforçada com fibra de Sisal;
3 – Peça reforçada com fibra de Juta; 4 – Peça reforçada com fibra de Coco.
152
ANEXO 22
ANEXO 23
ANEXO 24
ANEXO 25