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Universidade Estadual Paulista

Júlio de Mesquita Filho


Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - Campus Bauru

DESIGN SUSTENTÁVEL: a importância das fibras de juta, sisal e


coco, no planejamento de produtos e éticas sustentáveis.

CRISTIANO ALVES DA SILVA

Dissertação apresentada à Faculdade de


Arquitetura, Artes e Comunicação da
Unesp – Bauru, para obtenção do Título de
Mestre em Desenho Industrial – Área de
Concentração em Planejamento de
Produto.

JANEIRO / 2006
BAURU / SP
Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - Campus Bauru

DESIGN SUSTENTÁVEL: a importância das fibras de juta, sisal e


coco, no planejamento de produtos e éticas sustentáveis.

CRISTIANO ALVES DA SILVA


Orientador: Prof. Dr. Ivan de Domênico Valarelli
Co-Orientador: Prof. Dr. Mário Morio Isa

Dissertação apresentada à Faculdade de


Arquitetura, Artes e Comunicação da
Unesp – Bauru, para obtenção do Título de
Mestre em Desenho Industrial – Área de
Concentração em Planejamento de
Produto.

JANEIRO / 2006
BAURU / SP
i

“Sento-me nas costas dum homem, sufocando-o e fazendo-o

carregar-me e, no entanto, juro a mim mesmo e aos

demais que lamento muito e gostaria de aliviar

a sua sorte, por qualquer meio possível,

exceto sair de suas costas”.

(Tolstoi)
ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo que tem me proporcionado até então.

Agradeço e dedico esse trabalho à minha mãe, Maria Nazaré, que com muita humildade,
simplicidade e coragem de uma guerreira, foi meu sólido alicerce em caráter, personalidade e
principal responsável por toda minha carreira profissional e acadêmica. Mãe eu te amo.

À minha esposa Daniela Estaregue Alves pelo amor, paciência e compreensão nessa
atribulada etapa, onde muitas vezes estive ausente para alcançar meus objetivos. Dani eu te
amo.

À empresa Bruno Moldes, pelo apoio na confecção das amostras aqui analisadas. Em especial
ao meu amigo Luiz Silva, pela colaboração incondicional no desenvolvimento das amostras.

À empresa Máquinas Agrícolas Jacto, pela oportunidade concedida, em especial ao Sr.


Chikao Nishimura pelo apoio ao desenvolvimento do mesmo.

À empresa Tapetes São Carlos pelo fornecimento das fibras vegetais de sisal e coco, em
especial aos amigos Srs. Giuseppe F. N. Lombardo (Neto) e Pedro Michieleto pelo suporte
técnico e, principalmente, pela boa vontade em difundir seus conhecimentos.

Ao meu orientador Ivan de Domênico Valarelli e ao co-orientador Mário Morio Isa, pelo
apoio, conhecimento transmitido, incentivo, sugestões e críticas em todas as etapas desse
trabalho.

Ao técnico de laboratório Hamilton, por sua paciência, auxílio na realização dos ensaios e por
sua amizade.

E a todos que de alguma maneira tenham colaborado na realização desse trabalho, fica aqui
meu muito obrigado.
iii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................vii

LISTA DE QUADROS.............................................................................................................. x

LISTA DE ABREVIAÇÕES................................................................................................... xii

RESUMO.................................................................................................................................xiv

ABSTRACT..............................................................................................................................xv

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 1

1.1. Importância do tema ................................................................................................... 1

1.2. Justificativa da pesquisa ............................................................................................. 3

1.3. Objetivos..................................................................................................................... 4

1.3.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 4

1.3.2. Objetivos específicos.......................................................................................... 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 5

2.1. A Questão Ambiental: histórico e desenvolvimento .................................................. 5

2.2. O Mercado Verde ..................................................................................................... 10

2.3. Design Sustentável ................................................................................................... 15

2.3.1. Gestão Ambiental ............................................................................................. 15

2.3.2. Consumo dos Recursos Naturais ...................................................................... 20

2.4. Compósitos ............................................................................................................... 25

2.4.1. Reforços de Fibras Vegetais ............................................................................. 28

2.4.2. Moldagem de Compósitos ................................................................................ 35

3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 44
iv

3.1. Experimento ............................................................................................................. 44

3.2. Materiais utilizados .................................................................................................. 45

3.2.1. Reforços............................................................................................................ 45

3.2.2. Matriz ............................................................................................................... 46

3.2.3. Desmoldante ..................................................................................................... 48

3.2.4. Gel Coat............................................................................................................ 48

3.3. Equipamentos ........................................................................................................... 49

3.3.1. Bomba de vácuo ............................................................................................... 49

3.3.2. Molde................................................................................................................ 49

3.3.3. Amostra experimental....................................................................................... 51

3.3.4. Preparo do molde.............................................................................................. 52

3.3.5. Moldagem......................................................................................................... 52

3.3.6. Parâmetros do processo .................................................................................... 52

3.3.7. Desmoldagem ................................................................................................... 53

3.4. Ensaios...................................................................................................................... 53

3.4.1. Resistência à tração, módulo de elasticidade e alongamento ........................... 54

3.4.2. Resistência à flexão .......................................................................................... 55

3.4.3. Resistência ao impacto ..................................................................................... 56

3.4.4. Envelhecimento artificial.................................................................................. 56

3.4.5. Ensaios complementares................................................................................... 57

3.5. Tratamento estatístico dos resultados ....................................................................... 60

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 62

4.2. Resistência à tração .................................................................................................. 64

4.2.1. Reforço de fibra de Vidro................................................................................. 66


v

4.2.2. Reforço de fibra de Sisal .................................................................................. 69

4.2.3. Reforço de fibra de Juta.................................................................................... 70

4.2.4. Reforço de fibra de Coco.................................................................................. 72

4.2.5. Módulo de Elasticidade .................................................................................... 74

4.2.6. Alongamento .................................................................................................... 76

4.3. Resistência à flexão .................................................................................................. 79

4.3.1. Fibra de Vidro................................................................................................... 81

4.3.2. Fibra de Sisal .................................................................................................... 83

4.3.3. Fibra de Juta ..................................................................................................... 84

4.3.4. Fibra de Coco ................................................................................................... 86

4.4. Resistência ao impacto ............................................................................................. 89

4.4.1. Fibra de Vidro................................................................................................... 90

4.4.2. Fibra de Sisal .................................................................................................... 92

4.4.3. Fibras de Juta .................................................................................................... 94

4.4.4. Fibras de Coco .................................................................................................. 96

4.5. Envelhecimento artificial.......................................................................................... 98

4.5.1. Fibra de Vidro................................................................................................... 98

4.5.2. Fibra de Sisal .................................................................................................. 100

4.5.3. Fibra de Juta ................................................................................................... 102

4.5.4. Fibra de Coco ................................................................................................. 104

4.6. Ensaios complementares......................................................................................... 105

4.6.1. Absorção de umidade ..................................................................................... 106

4.6.2. Estabilidade dimensional longitudinal............................................................ 108

5. CONCLUSÃO.................................................................................................................. 112
vi

5.1. Teor de reforço nas amostras.................................................................................. 112

5.2. Resistência à tração ................................................................................................ 113

5.2.1. Módulo de elasticidade................................................................................... 114

5.2.2. Alongamento .................................................................................................. 114

5.3. Resistência à flexão ................................................................................................ 114

5.4. Resistência ao impacto ........................................................................................... 114

5.5. Envelhecimento artificial........................................................................................ 115

5.6. Absorção de umidade ............................................................................................. 116

5.7. Estabilidade dimensional longitudinal ...................................................................... 116

6. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 117


vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fatores que motivam as empresas a integrarem a variável ambiental no processo

produtivo. (*Adaptado de Motta e Rossi, 200-) ............................................................... 11

Figura 2 – Estágios do ciclo de vida de produtos. (Fonte: Azapagic, 1999) ............................ 17

Figura 3 – Práticas de utilização da LCA. (Fonte: Azapagic, 1999) ........................................ 17

Figura 4 – Curvas de ecoeficiência. (Fonte: Brezet, 2000 apud Leão, 2003) .......................... 20

Figura 5 – Esquema de um compósito. (*Adaptado Vizinha, 2004)........................................ 27

Figura 6 – Desfibramento do sisal. (Fonte: Ufrrj, 2004; Valente – BA, 1994)........................ 31

Figura 7 – Processo de maceração da juta. (Fonte: IJSG, 2004) .............................................. 33

Figura 8 – Seção do coco. (Fonte: Id., 2002) ........................................................................... 34

Figura 9 – Esquema dos processos em molde aberto. (*Adaptado Vetrotex, 2005)................ 36

Figura 10 – Processos em molde aberto. (Fonte: Prodesign, 2005; U.S. Departament of

transportation, 2005)........................................................................................................ 37

Figura 11 – Esquema do processo TRV. .................................................................................. 38

Figura 12 – Injeção no processo TRV. ..................................................................................... 39

Figura 13 – Esquema do processo RTM. ................................................................................. 40

Figura 14 – Esquema do preparo do composto. (Fonte: Vetrotex, 2005) ............................... 41

Figura 15 – Esquema do processo SMC................................................................................... 42

Figura 16 – Esquema do processo BMC. (Fonte: Vetrotex, 2005) .......................................... 43

Figura 17 – Esquema do processo prensagem a frio. (Fonte: Vetrotex, 2005) ........................ 43

Figura 18 – Agulhagem de mantas (1 vidro, 2 sisal, 3 juta e 4 coco). ..................................... 45

Figura 19 – Imagem da cavidade do molde.............................................................................. 49

Figura 20 – Esquema do molde e fluxo de injeção. ................................................................. 50


viii

Figura 21 – Esquema da amostra experimental........................................................................ 51

Figura 22 – Área de retira dos corpos de prova........................................................................ 54

Figura 23 – Corpo de prova para ensaio de tração. .................................................................. 58

Figura 24 – Corpo de prova para ensaio de flexão. .................................................................. 59

Figura 25 – Corpo de prova para ensaio de impacto. ............................................................... 60

Figura 26 – Influência da carga no teor de fibra....................................................................... 63

Figura 27 – Resistência à tração. .............................................................................................. 64

Figura 28 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 67

Figura 29 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 67

Figura 30 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 70

Figura 31 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 70

Figura 32 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 72

Figura 33 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 72

Figura 34 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 74

Figura 35 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 74

Figura 36 – Módulo de Elasticidade......................................................................................... 75

Figura 37– Alongamento. ......................................................................................................... 76

Figura 38 – Resistência à Flexão.............................................................................................. 79

Figura 39 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 82

Figura 40 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 83

Figura 41 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 84

Figura 42 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 84

Figura 43 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 86

Figura 44 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 86


ix

Figura 45 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 87

Figura 46 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 88

Figura 47 – Resistência ao impacto.......................................................................................... 89

Figura 48 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 92

Figura 49 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 92

Figura 50 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 94

Figura 51 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 94

Figura 52 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 95

Figura 53 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 96

Figura 54 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral. ................................... 97

Figura 55 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral. ................................. 97

Figura 56 – Envelhecimento artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral,

respectivamente. ............................................................................................................. 100

Figura 57 – Envelhecimento Artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral,

respectivamente. ............................................................................................................. 101

Figura 58 – Envelhecimento Artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral,

respectivamente. ............................................................................................................. 103

Figura 59 – Envelhecimento Artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral,

respectivamente. ............................................................................................................. 105

Figura 60 – Absorção de umidade.......................................................................................... 106

Figura 61 – Estabilidade Dimensional Longitudinal.............................................................. 109


x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Empresas que utilizam ecoeficiência em seus planejamentos estratégicos........... 11

Quadro 2 – Mercado internacional do ecobusiness, 1990 e 2000. (US$ bilhões).................... 12

Quadro 3 – Faturamento de empresas de ecobusiness em 1990. (US$ milhões) ..................... 13

Quadro 4 – Disposição para colaborar na proteção ambiental em 2001. ................................. 14

Quadro 5 – Participação de energia renovável no Brasil entre 1992 e 2002............................ 24

Quadro 6 – Fontes de importantes fibras comerciais. .............................................................. 29

Quadro 7 – Propriedades de algumas fibras vegetais. .............................................................. 30

Quadro 8 – Propriedades da fibra de sisal. ............................................................................... 32

Quadro 9 – Propriedades da fibra de juta. ................................................................................ 33

Quadro 10 – Propriedades da fibra de coco.............................................................................. 35

Quadro 11 – Composição das amostras.................................................................................... 44

Quadro 12 – Gramaturas dos reforços...................................................................................... 46

Quadro 13 – Propriedades da matriz. ....................................................................................... 47

Quadro 14 – Composição final da matriz................................................................................. 48

Quadro 15 – Características da bomba de vácuo...................................................................... 49

Quadro 16 – Parâmetros de moldagem. ................................................................................... 53

Quadro 17 – Ensaios e normas. ................................................................................................ 53

Quadro 18– Características da máquina universal. .................................................................. 55

Quadro 19 – Características da máquina universal. ................................................................. 55

Quadro 20 - Características da máquina impacto..................................................................... 56

Quadro 21 – Períodos de exposição. ........................................................................................ 57

Quadro 22 – Ensaios complementares...................................................................................... 57


xi

Quadro 23 – Valores médios encontrados................................................................................ 78

Quadro 24 – Valores médios encontrados................................................................................ 88

Quadro 25 – Valores médios encontrados................................................................................ 97

Quadro 26 – Absorção de umidade. (%) ................................................................................ 108

Quadro 27 – Estabilidade dimensional longitudinal. (%)....................................................... 111


xii

LISTA DE ABREVIAÇÕES

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

CGECon - Centro de Gestão Estratégica do Conhecimento em Ciência e Tecnologia

ESTO - European Science and Technology Observatory

IPTS - Institute for Prospective Technological Studies

ONU – Organização das Nações Unidas

CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

WBCSD - World Business Council for Sustainable Development

NRTEE – National Round Table on the Environment and the Economy

PIT - Product Ideas Tree

LCA – Life Cycle Assessment

LCPD – Life Cycle Process Design

MADRID – MArket Demands that Reward Investiment in Design

PPM – Polar Profile Map

UE – União Européia

PIB – Produto Interno Bruto

EEA - European Environment Agency

OECD - Organisation for Economic Co-Operation and Development

EIA - Energy Information Administration

JMS - Journal of Materials Science

ABMTENC - Associação Brasileira em Materiais e Tecnologias não Convencionais

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations

IJSG – International Jute Study Group


xiii

CTC - Companhia Têxtil de Castanhal

TRV - Transferência de Resina a Vácuo

RTM - Resin Transfering Molding

SMC - Sheet Molding Compound

BMC - Bulk Moulding Compound

VARTM - Vaccum Assisted Resin Transfer Molding

PMEK - Peróxido de Metil Cetona

ASTM - American Society for Testing and Materials


xiv

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar o papel do designer no planejamento de

materiais de baixo impacto ambiental, provenientes de fontes renováveis, na cadeia de

desenvolvimento de produtos sustentáveis. Esse processo conhecido como ecodesign, sugere

a inclusão da variável ambiental na gestão de projetos, em prol da possível sustentabilidade do

sistema produtivo.

Foram analisadas amostras de compósitos reforçados com fibras de vidro, largamente

utilizadas no setor industrial e, compósitos reforçados com fibras de sisal, juta e coco. Todas

as amostras foram confeccionadas com e sem a adição de carga mineral na matriz a base de

poliéster insaturado, variando de 0 a 30% da mesma, via processo de injeção de resina TRV

(Transferência de Resina a Vácuo). Dessa maneira, analisou-se o efeito da carga mineral aos

compósitos. Do mesmo modo, por meio de ensaios normalizados de resistência à tração,

módulo de elasticidade, alongamento, resistência à flexão, resistência ao impacto,

envelhecimento artificial, absorção de umidade e estabilidade dimensional longitudinal,

analisou-se a possibilidade de substituição da fibra de vidro, como reforço em compósitos, por

fibras vegetais, provenientes de fontes renováveis.

Os resultados foram comparados entre si, utilizando-se a fibra de vidro e a ausência de

carga mineral como controles estatísticos. Dessa maneira chegou-se a resultados promissores,

pois estes ilustram a viabilidade das fibras vegetais como reforço em compósitos a base de

matriz poliéster, com suas respectivas vantagens técnicas e ambientais para o

desenvolvimento de produtos industriais.


xv

ABSTRACT

The present production analyzes the designer’s role on selection of materials for

development “sustainable projects” and the use of natural fibers on the pieces and

components manufacturing for the agribusiness.

In this context design is a consumption tool persuasion, executed like social promotion

process. Then the obligation of designers is search the means of change of social usage,

because the industrial design control another discourse yonder formal/esthetic. Thus, the

selection of the best material will depend the possible success of the sustainable products, is

the obligation of designer think about another variable like price, production process mainly

the pretension with this new materials, because it will generate new habits, new conduct and

new social means.


1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Importância do tema

A etapa da evolução na qual o homem torna-se bípede, marca o início da intervenção

humana sobre o meio ambiente, pois permite a utilização das mãos, antes empregadas

principalmente para a locomoção, à confecção de artefatos e utensílios a fim de garantir sua

sobrevivência num mundo hostil e desconhecido. Porém, tal intervenção se fazia de maneira

holística, sem grandes alterações no entorno.

Com a revolução industrial, considerada o grande marco histórico do domínio do homem

sobre a natureza, esta relação torna-se desfavorável ao meio ambiente com a aceleração do

consumo de recursos naturais e conseqüentes impactos ambientais. Piorando no período pós-

guerra, onde o consumo do capital natural aumenta em proporções assustadoras e a produção

industrial alcança patamares maiores que toda a produção humana até 1945

(SCHUMACHER, 1981). Isso resulta da busca de um desenvolvimento econômico ilimitado

e sem fronteiras que, enxerga o meio ambiente como fornecedor permanente de recursos e, ao

mesmo tempo, como um desmedido aterro sanitário, capaz de infinita absorção de dejetos.

A necessidade de desenvolvimento sustentável, conceito que surgiu pela primeira vez,

com o nome de ecodesenvolvimento, no início da década de 70 (ROMEIRO, 1999), deixa

então de ser um debate em círculos fechados - para poucos privilegiados - e ganha a dimensão

de um problema global. Trazendo à tona a necessidade de mudanças no estilo de vida da

população, com o objetivo de garantir a qualidade de vida do planeta e de seus habitantes

(CAVALCANTI, 2003).

Tem inicio assim, nos anos 60, movimentos ambientalistas que, ao lado da natural

competitividade de mercado, seguem pressionando as empresas a adotarem novos padrões de

produção que diminuam o consumo e o desperdício de recursos naturais. Estes geralmente

não renováveis tornar-se-ão, segundo Back (1983), escassos dentro dos próximos 20 anos.
2

Podendo ser notada tal escassez nas reservas nacionais de petróleo que, encontra-se em nível

considerado suficiente, mas devido aos aumentos sucessivos da produção, embora

acompanhados da descobertas de novas reservas, vem apresentando queda dos indicadores de

vida útil, segundo INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE

(2004).

Faz-se então necessária uma nova política de sistema de gerenciamento produtivo que

permita a produção de componentes ecologicamente corretos, visando promover o

desenvolvimento sustentável e minimizar o impacto ambiental dos produtos. Contudo, vale

lembrar que, apenas o redesign dos produtos e/ou os estudos sobre a utilização de recursos de

fontes renováveis por si só não impedem a degradação ambiental. Portanto, é necessária uma

mudança profunda nas crenças e hábitos da sociedade moderna, crenças estas atualmente

calcadas na cobiça e na posse, onde o cidadão, hoje reconhecido como consumidor, é

motivado a adquirir produtos e objetos, não mais para satisfazer suas necessidades básicas de

interação com o meio ambiente, mas sim, segundo Baudrillard (2002), para atender suas

necessidades sociais, manipulando signos e não mais objetos em seu valor de uso.

Deve o design trabalhar somente na geração de necessidades eternamente insatisfeitas?

Como deve o profissional de design contribuir, no diálogo da questão ambiental, quando na

criação de códigos nos objetos? Qual a relação dos novos materiais, providos de fontes

renováveis, e suas respectivas estéticas processuais no design contemporâneo? É neste

contexto que o design é inserido na questão ambiental, para que seja uma alternativa de

fixação de uma nova ética projetual, que objetive o desenvolvimento e o bem estar do cidadão

do futuro e não apenas como mais um instrumento cosmético de persuasão ao consumo

excessivo. Racionalidades sociais e ecológicas estão profundamente relacionadas ao design,

pois sendo o homem o principal transformador do meio ambiente, torna assim impossível o

discurso sobre o processo produtivo e seus impactos ambientais, sem discutir também o
3

design. Aliás, design não está ligado exclusivamente à relação estético/formal dos objetos,

mas atua também com as potencialidades da prática de vida de uma comunidade, ou seja, nos

seus hábitos e formas de relações com o ambiente em que vive. Passando de design tecnicista,

de racionalidade econômica, para se tornar um design condizente com um possível ética de

sociedade sustentável, que abarca em seus valores as variáveis sociais e ambientais.

1.2. Justificativa da pesquisa

A degradação do meio ambiente via consumo excessivo de objetos e, conseqüentemente,

dos recursos naturais, torna necessária a busca por fontes renováveis desses recursos a fim de

dar continuidade ao processo evolutivo da sociedade pós-moderna. Vários centros de

pesquisas no mundo: Centre for Design, Green Design, CGECon, ECOLIFE, ESTO, IPTS,

Center for Sustainable Design, entre outros, vêem concentrando esforços na diminuição dos

impactos ambientais relacionados ao ciclo de vida dos produtos.

A utilização de materiais naturais, provenientes de fontes renováveis, possui diversas

vantagens quando comparados com materiais de fontes não renováveis entre elas: fontes

inesgotáveis, biodegradáveis (crucial no descarte de produtos), recicláveis, fonte de renda

para a sociedade rural e finalmente o seu baixo custo. Dentre os materiais naturais encontram-

se as fibras vegetais que fazem parte da paisagem de diversos países e que Brasil podem ser

encontradas diversos tipos como sisal, juta e coco, que já possuem aplicações comerciais.

Esses novos materiais contribuem com novas possibilidades estéticas na criação de

objetos e seus respectivos processos produtivos e, novas éticas quando na manipulação e

consumo de recursos naturais.


4

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo principal analisar o atual momento do design sustentável

e suas inferências nos hábitos coletivos, avaliando seus impactos econômicos, sociais,

ambientais, por meio da análise pragmática de materiais provenientes de fontes vegetais.

1.3.2. Objetivos específicos

Avaliar o desempenho das fibras de sisal, juta e coco como reforço na produção de

compósitos com matriz a base de poliéster, como alternativa de substituição da fibra de vidro.

Avaliar o desempenho destas fibras a resistência à tração, resistência à flexão, resistência

ao impacto, módulo de elasticidade na tração, alongamento na tração e o envelhecimento

artificial.

Avaliar o efeito da carga mineral, quando adicionada aos compósitos, sobre as

propriedades citadas.

Confrontar os resultados obtidos, a fim de caracterizar a viabilidade ou não viabilidade da

utilização dos compósitos no setor industrial.

Avaliar as novas possibilidades éticas, quando na relação com novos materiais,

provenientes de fontes renováveis.


5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. A Questão Ambiental: histórico e desenvolvimento

A partir da invenção humana dos primeiros instrumentos, que têm a função de

potencializar suas capacidades na realização de trabalhos primários e essenciais para sua

sobrevivência, como o plantio, a caça e a pesca (MOREIRA, 2004), o homem não mais

aguarda passivamente àquilo que o meio pode lhe oferecer, mas inicia um procedimento ativo

e irreversível, de inferências em relação à natureza.

Este procedimento alcança seu ápice na revolução industrial, marco histórico do domínio

do homem sobre a natureza e princípio da grande dependência deste em relação à tecnologia

da máquina. Altera-se assim, de modo expressivo, sua relação com o meio ambiente, que

passa a ser sobrepujado de modo a tornar natural a atitude de negligenciar tudo aquilo que não

foi concebido pelo homem e tratá-la como produto de menor valor, descartável. Assim, a

natureza aparenta não mais ser essencial para a sobrevivência humana que, passa a

considerar-se “pseudo” auto-suficiente.

Motivado pelo desejo de alcançar o desenvolvimento tecnológico e econômico a qualquer

custo e maravilhados com a ciência, não mais nos distinguimos como parte do meio ambiente,

mas sim como força exterior destinada a conquistá-la e a usurpá-la de maneira ilimitada, não

considerando o caráter finito dos recursos naturais e a limitada capacidade do planeta na

absorção de dejetos, dois importantes limitadores do processo de desenvolvimento. Com uma

sociedade calcada na constante mudança, na instabilidade (STAHEL, 2003 apud

CAVALCANTI, 2003) e em nome do desenvolvimento, são criados novos materiais e

técnicas, embasados em fontes não renováveis.

Esses materiais, no qual o plástico torna-se o maior exemplo, adquirem o rótulo de

eficazes e duradouros, quando na verdade sua eficácia é devida o rompimento do tempo da


6

biosfera e sua capacidade de auto-reciclagem, assim, tornam-se causadores de grandes

problemas ambientais.

Com a conseqüente aceleração da escala mundial de produção, que ultrapassa já em 1973,

toda a produção da humanidade até 1945 (SCHUMACHER, 1981), o meio ambiente é visto

como obstáculo ao desenvolvimento humano e à sua trajetória de conquistas, seguido de um

determinismo tecnológico deposto de valores sociais. Uma espécie de crença caracterizada

por um processo acumulativo de bens e serviços e sem questionamentos substanciais, onde o

equilíbrio das pressões do homem sobre a natureza e desta sobre os sistemas sociais é

rompido com o aumento significativo da pressão humana e sua degradação do meio ambiente,

pois, durante toda a história humana, sua interação com o meio ambiente, foi fator dominante

na moldagem de um pelo outro (BACKER, 1995).

Deste então, a natureza passa a ser considerada como um freio ao desenvolvimento e

onerosa ao processo produtivo mundial, reduzindo a competitividade das empresas, já que o

custo a ser pago pelos impactos ambientais, inerentes a qualquer processo de produção, requer

a inserção da variável ambiental em suas contabilidades, algo inédito até então, pois, durante

toda a história, as sociedades sempre desfrutaram dos recursos naturais sem grandes

preocupações com o meio ambiente (MOURA, 1998 apud SILVA, Benedito, 2003).

Entretanto, a partir da II Guerra Mundial, iniciam-se alguns movimentos ambientalistas

colaborando para a percepção da crise ambiental e trazendo à tona as mazelas da sociedade

pós-moderna, adepta do consumismo sem fronteiras motivado, entre outros, pelos meios de

comunicação de massa.

Dessa maneira, acanhadas mudanças nas relações humanas com a natureza começam a

influenciar as sociedades e interferir nas decisões nacionais (LAYRARGUES, 1998), com

foco na proteção biológica e a extinção dos animais. Deste modo, a década de 50 se faz
7

presente por meio de um ambientalismo chamado de “ecologismo dos cientistas” (Id., 1998),

caracterizado por pesquisas científicas voltadas aos problemas ambientais e à vida selvagem.

Na década de 60, a explosão demográfica dos países pobres surge como grande causadora

dos impactos ambientais devido ao consumo e, o controle da natalidade é adotado como

ferramenta para evitar a maior degradação do planeta. Então, em 1968 é dado início às

atividades políticas a respeito da deterioração do meio ambiente. Um grupo de cientistas que

se reúne para formar o chamado de Clube de Roma que se opõe ao progresso ilimitado e

ganham popularidade com seu relatório final intitulado “Limites do crescimento” – duramente

criticado por países subdesenvolvidos (GRÜN, 1995 apud GONÇALVES, 1997).

O relatório aponta restrições para o crescimento como o crescimento populacional,

produção agrícola, recursos naturais, produção industrial e poluição. As projeções para o

futuro mostram um limite a ser atingido, provocando uma desestabilização sem antecedentes

na humanidade (LAYRARGUES, 1998).

Em 1972 ocorre a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambientes Humano em

Estocolmo, na Suécia, realiza debates sobre aspectos políticos e econômicos do tema

ambiental. Não faz comentários sobre a questão do consumo excessivo, porém, pela primeira

vez, o aspecto relacionado à educação ambiental passa a existir (GRÜN, 1995 apud

GONÇALVES, 1997), assim como a pergunta sobre qual poluição teria maiores impactos

ambientais: a poluição dos ricos (consumo excessivo) ou a poluição dos pobres (explosão

demográfica). Vários países subdesenvolvidos foram reativos a conferência, pois alegavam

tendência política no relatório.

Surge assim, com o nome de ecodesenvolvimento, o conceito de desenvolvimento

sustentável, em resposta à polarização de duas linhas de pensamentos: os possibilistas

culturais (tecno-centricos) que acreditavam na ciência e no crescimento econômico como

força capaz de eliminar as disparidades sociais com danos ecológicos irrelevantes perante os
8

benefícios obtidos e, por outro lado, os deterministas geográficos (eco-centricos) que

acreditavam nos limites ambientais ao crescimento econômico (ROMEIRO, 1999). Também

contrário ao crescimento descontrolado Sachs (1973 apud DUARTE; WEHRNMANN, 2004),

muda a perspectiva na qual era vista a questão ambiental; de caráter puramente quantitativo

(crescer ou não crescer) para qualitativo. O eco desenvolvimento aparece então como uma

espécie de fusão entre essas duas linhas de pensamentos, reconhecendo tanto o progresso

técno-científico, quanto os limites ambientais.

A década de 80 dá inicio à problemática ambiental sob a perspectiva dos problemas

advindos da industrialização, segundo Oliveira (2001) alguns acidentes como em Bhopal e

Alasca contribuíram para essa perspectiva e, em 1983 a ONU cria a Comissão Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD). Essa comissão, conhecida como Comitê

Brundtland, é responsável por uma pesquisa em 10 países entre 1985 e 1987, resultando o

relatório Our Common Future (Nosso futuro comum). O relatório definiu desenvolvimento

sustentável como aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades e, não apresenta

críticas à sociedade industrial que caracterizavam os documentos anteriores (FILHO, 2003).

Podendo ser interpretada tal ausência, como de caráter político.

Porém, é enfatizado o grande aumento da demanda por recursos naturais e sua

conseqüente finitude, iniciando um forte processo em busca do desenvolvimento sustentável

(GONÇALVES, 1997).

Os anos 90 são marcados pela globalização mundial e conseqüente globalização dos

conceitos de sustentabilidade, fica evidente que os problemas ambientais não respeitam

fronteiras. Em 1992, acontece no Rio de Janeiro a ECO-92 – Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, evento de grande expressão mundial que contou

com a presença de mais de cem chefes de estado, uma vez que o agravamento da questão
9

ambiental é suficiente para envolver o mundo nesta problemática. Nesse encontro é criada a

“Agenda 21” que

Reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomendações sobre como as nações


devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos
sustentáveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade. (SILVA, Benedita,
2004).

Outros eventos também contribuíram para discussões a respeito do meio ambiente:

*Conferência Mundial sobre Direitos Humanos (1993 – Viena);

*Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (1994 – Cairo);

*Encontro Mundial sobre Desenvolvimento Social (1995 – Copenhagen);

*Conferência sobre s Assentamentos Humanos (1996 – Istambul).

Contudo, somente em 2002 é que os problemas ambientais voltam a ganhar repercussão

internacional com a “Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) em

Joanesburgo, África do Sul. O encontro visa dar continuidade e analisar as propostas da Rio-

92 após uma década e, tem como foco principal a relação sociedade e meio ambiente.

Suas projeções não são animadoras, pois após dez anos da Rio-92, apenas 40 países

haviam cumprido suas metas – as emissões de carbono haviam crescido 10% até 2002 e a

ONU apontava que 24% das florestas haviam sido destruídas nos anos 90, o consumo de

combustíveis fósseis havia crescido 10% até o ano do encontro e apenas poucos países como

Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo mantiveram estáveis as emissões de gás carbônico

(ALVES, 2002).

O resultado final coloca em dúvida a validade dos mega encontros (MUITO..., 2002, p.

78) que, novamente, não agradou os países em desenvolvimento e os representantes das

ONGs, pois não contempla ações contra a pobreza ou contra a autodestruição do planeta

(ALVES, 2002). Do mesmo modo, o caráter político que envolve as questões ambientais vem

à tona e aponta a racionalidade econômica, ainda predominante no pensamento

governamental das nações, principalmente naquelas já desenvolvidas, apesar do discurso a


10

favor do meio ambiente,. Afinal, não existe nação que não queira mais crescer, pois já possui

o suficiente para seus cidadãos.

Enfim, o novo milênio traz consigo mais dúvidas sobre a questão ambiental,

recentemente, debatidas e trazidas à tona pelo mais novo e, polêmico, tratado deste milênio, o

“Tratado de Kyoto”, que estabelece metas para a redução de emissão de gases poluentes para

países industrializados (BBC BRASIL, 2005). Porém, independente das questões políticas a

respeito do tema, empresas de todo o mundo buscam maneiras para reduzir os impactos

ambientais de suas atividades e produtos a fim de conquistar um novo e forte mercado, que

surge com as discussões políticas a respeito do problema ambiental, o mercado verde.

2.2. O Mercado Verde

Devido às pressões governamentais, populares e a outros fatores ilustrados na figura 01, o

conceito de desenvolvimento sustentável é integrado pelas empresas na tentativa da mudança

de imagem “indústria suja” para “indústria limpa ou verde”. Com o objetivo de quebrar o

paradigma do desenvolvimento industrial como inimigo do meio ambiente, as empresas se

vêem pressionadas a produzir mais produtos com muito menos custo, sendo assim, a partir

dos anos 80, passam a investir na busca de novas técnicas e/ou tecnologias para suas

atividades e a considerar a variável ambiental em suas estratégias de produção, emergindo

assim, um novo paradigma industrial (LEMOS; NASCIMENTO, 1998).


11

Figura 1 – Fatores que motivam as empresas a integrarem a variável ambiental no processo produtivo.
(*Adaptado de Motta e Rossi, 200-)

Essa nova postura industrial traz consigo o conceito de “Ecoeficiência”, que objetiva a

união da eficiência dos recursos com responsabilidade ambiental, ou seja, a performance

ambiental aliada à performance econômica, a utilização dos recursos de maneira coerente

(World Business Council for Sustainable Development – WBCSD, 1992), e é considerada

como uma grande oportunidade de negócios, com a geração de inovações e competitividade

para as empresas (FIKSEL; MCDANIEL; SPITZLEY, 1998). O quadro 01 mostra a forma

com que algumas empresas já utilizam a ecoeficiência em seus planejamentos estratégicos.

Contudo, os custos e os aspectos mercadológicos são, ainda, os fatores decisivos para tal

mudança nas estratégias empresariais (MAIMON, 1996).

Quadro 1 – Empresas que utilizam ecoeficiência em seus planejamentos estratégicos.

EMPRESA ATUAIS PRÁTICAS ECO EFICIENTES


Implementou um indicador de eco eficiência que calcula o giro de estoque e o consumo de recursos
Novo Nordisk
(NRTEE, 1997).
Northen Telecon Desenvolveu uma ferramenta de performance ambiental (EPI), anualmente atualizado em banco de
(Nortel) dados relativo a 1993 (NRTEE, 1997).
Sony Europe Utiliza EPI para baterias (Lehni, 1998).
Dow
Utiliza EPI particular em seus produtos - “Eco Compass” (Lehni, 1998).
Chemical
*Adaptado de Fiksel; McDaniel; Spitzley, 1998.

Assim a responsabilidade ambiental estabelece um novo mercado de produto/serviço,

onde as empresas passam a se comportar de forma responsável, mas somente quando lhe é
12

conveniente ou quando sua permanência no mercado encontra-se ameaçada (LAYRARGUES,

1998; CAVALCANTI, 2003; PIAZZA, 2004; PORTILHO, 2004; COSTA, 200-).

A importância do ecobusiness aumenta de maneira que, segundo Layrargues (1998), havia

no Brasil já em 1991, aproximadamente 170 empresas condizentes à carta de princípios sobre

desenvolvimento sustentável, elaborada pela Câmara de Comércio Internacional e, várias

delas, líderes de mercado em seus segmentos. Motta e Rossi (200-) também relatam duas

pesquisas realizadas no Brasil em 1998, a primeira junto a 1451 empresas, mostra que 85%

delas adotavam algum tipo de pratica ambiental em suas atividades e, na segunda, realizada

junto a 23 grandes grupos econômicos, demonstra que 90% assumem a questão ambiental

como estratégia de mercado. Outro dado importante é o relatório publicado pela revista norte

americana Fortune Small Business em junho de 2003, este mostra que o segmento de

negócios verdes é um mercado atraente e com grande potencial de crescimento (MAMÃO,

200-).

Ainda segundo Mamão (200-), os investimentos em tecnologias relacionadas a energias

renováveis triplicou desde 1999. Nos países desenvolvidos, até a década de 80 eram poucos

os produtos com apelo ecológico, mas em 1991 esse índice atinge 33,9% no Canadá, 13,4%

nos Estados Unidos e 7,2% na Grã-Bretanha (MOTTA; ROSSI, 200-). Além disso, as

expectativas para 2010, sobre o ecobusiness, são de faturamento na casa dos US$ 600 bilhões,

entretanto, é possível notar no quadro 02 que o mercado verde dos países subdesenvolvidos é

pouco expressivo, evidenciando-o como negócio do primeiro mundo (MAIMON, 199- apud

CAVALCANTI, 2003).

Quadro 2 – Mercado internacional do ecobusiness, 1990 e 2000. (US$ bilhões)


13

Regiões / Países 1990 2000


América do Norte 125 217
EUA 115 185
Canadá 7 18
México 3 18

78 213
Europa 11 28
Reino Unido 10 30
França 15 48
Alemanha
15 25
Europa do Leste
46 138
Ásia / Pacífico 24 65
Japão 2 4
Austrália 5 30
Taiwan 6 12
Resto do Mundo
Total 255 580
Fonte: Maimon, 199- apud Cavalcanti, 2003.

Muitos negócios relacionados a eco-produtos, também são realizados em países

desenvolvidos e apontam a tendência da indústria global. Isso fica evidenciado na no quadro

03, que mostra o bom faturamento de algumas grandes empresas.

Quadro 3 – Faturamento de empresas de ecobusiness em 1990. (US$ milhões)

Empresas Faturamento
Générale dês Eaux (França) 23.000
Waste Management (EUA) 7.000
Bilfinger e Berger Baú (Alemanha) 2.100
ABB Flask (Suécia) 2.800
Thames Water (GB) 1.200
KSB (Alemanha) 640
Plastic Omnium (França) 640
SITA (França) 640
Attwoods (GB) 460
Degremont (França) 460
Clagon – Carbon (EUA) 340
Rollins Environmental Services (EUA) 240
BUS (Alemanha) 120

Fonte: Maimon, 2003 apud Cavalcanti, 2003.

Apesar da disposição de maiores investimentos nas questões ambientais em países

desenvolvidos, há também, nos países em desenvolvimento, um crescimento da preocupação

da sociedade com os problemas ambientais (CRESPO, 2001). De acordo com o esse órgão,
14

em pesquisa intitulada “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo

sustentável”, a população brasileira se preocupa com meio ambiente e a idéia de preservá-lo.

Isso pode ser observado no quadro 04, que traz as atitudes da população quando questionadas

a respeito do meio ambiente.

Quadro 4 – Disposição para colaborar na proteção ambiental em 2001.

Atitudes %
Separar lixo para reciclagem 68
Eliminar o desperdício de água 62
Redução do consumo de energia e gás 72
Participação em mutirão 20
Campanhas contra empresas poluentes 15
Disposição para pagar mais impostos para despoluição de rios 7
Contribui com organizações ambientais 5
Paga mais por alimentos de agricultura orgânica 6
Consomem produtos com selo ecológico 5
Não opinou / não sabe / nenhum destes 9
Deixa de comprar produtos devido informações no rótulo 46
Elimina a compra de certos produtos por acreditar que prejudica o meio ambiente 35
Evita comprar alimentos transgênicos 34
Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE BRASILEIRO, 2001.

A pesquisa esclarece também que, 81% dos brasileiros têm práticas de consumo que

levam em consideração outras variáveis além de preço e qualidade e que o “marketing verde”

demonstra-se eficiente, aumentando a atratividade dos produtos (Anexo 01).

A busca, do meio empresarial, ao mercado verde é sacramentada com o estabelecimento

das normas de gestão ambiental ISO 14000, que surgem como forma de inserção empresarial

no mercado internacional. A importância da certificação ISO 14000 para os negócios das

empresas é evidenciada em pesquisa realizada pela empresa KPMG (2002) – International

Survey of Corporate Sustainability Reporting – com as 250 maiores empresas globais, 45%

dessas mencionam meio ambiente ou sustentabilidade em seus relatórios econômicos, esse

resultado é 10% maior que pesquisa anterior, realizada em 1999, mostrando um aumento da

preocupação industrial com o mercado verde.


15

Entretanto, o gerenciamento ambiental foca seu resultado, principalmente, em

lucratividade para a organização, com a redução de indenizações a funcionários, minimização

na geração de resíduos e melhorias nos processos produtivos, evidenciando assim, o

predomínio da racionalidade econômica quando no trato da questão ambiental (OLIVEIRA,

2001). Faz-se necessário, portanto, que se realizem esforços para que a racionalidade

ecológica também seja motivação para o gerenciamento ambiental das empresas, pois,

somente assim será possível um real desenvolvimento sustentável.

2.3. Design Sustentável

2.3.1. Gestão Ambiental

As pesquisas, atualmente desenvolvidas no mundo, podem ser divididas em dois grandes

grupos: o “grupo tecnicista” acredita que a ciência e a tecnologia levarão a sociedade às

soluções dos problemas ambientais e, por outro lado, o “grupo social”, acredita que somente

uma radical mudança no modo de vida da sociedade, levará às mesmas soluções.

Neste contexto, o design sustentável, assim como desenvolvimento sustentável, surge

como uma proposta conciliadora desses grupos, buscando um equilíbrio entre as técnicas e as

crenças da sociedade contemporânea. Objetiva uma alternativa de fixação de uma nova ética

projetual, com possibilidade de desenvolver outro sistema de significação que objetive o real

desenvolvimento e bem estar do cidadão do futuro e não apenas como mais um instrumento

de persuasão ao consumo excessivo (AMARAL, 2004).

Racionalidades sociais e ecológicas estão profundamente relacionadas ao design, pois

sendo este o elo entre os princípios técnico-científicos e artísticos (HAMAD, 2002) e, sendo o

homem o principal transformador do meio ambiente, torna assim impossível o discurso sobre

o processo produtivo e seus impactos ambientais, sem discutir também o design. Além disso,
16

design não está ligado exclusivamente à relação estético/formal dos objetos, mas atua também

com as potencialidades da prática de vida de uma comunidade, ou seja, seus hábitos e formas

de relações com o ambiente em que vive. Enfim, design como processo da criação de novas

realidades, que inferem diretamente no modo de vida cotidiana criando assim, segundo a

teoria de Peirce (1939 – 1914 apud SILVEIRA, 2005), uma semiose de novas estéticas, éticas

e lógicas, ou seja, novos hábitos e crenças coletivas.

Contudo, a inclusão da variável ambiental no design de produtos, obriga o setor produtivo

adotar novas metodologias e/ou ferramentas (Anexo 02), que colaborem com a inserção

ambiental em suas atividades (BITENCOURT, 2001).

Essas metodologias demarcam os campos da inserção conforme critérios de


abrangência temporal e organizacional. Onde as abordagens de prevenção da
poluição e DfX procuram antever ou antecipar, ainda em fase de projeto, os
impactos ambientais gerados pelas atividades industriais e seus produtos
comercializados. (Id., 2001).

As concepções DfX (Design for X – Design para algo), onde o componente “X”

representa o objetivo com o qual o projeto está relacionado, tiveram início nos anos 90, dando

origem a diversos outros conceitos: DfA – Design for Assembly, DsD – Design for

Disassembly, DfR – Design for Recycling e DfE – Design for Environment e, podem ser

consideradas como parte de um conceito geral conhecido como LCA – Life Cycle Assessment.

Este conceito tem grande aceitação como método apto a quantificar as intervenções

ambientais e avaliar as opções de melhorias no ciclo de vida de um processo, produto ou

atividade (AZAPAGIC, 1999).

Sua utilização como ferramenta ambiental, tanto por empresas quanto por órgãos públicos,

proporcionou sua inclusão na norma ISO 14000, propondo às empresas a aquisição do total

conhecimento das conseqüências ambientais de suas atividades, desde a extração da matéria

prima (inputs) até sua disposição final (outputs) (Figura 02).


17

Figura 2 – Estágios do ciclo de vida de produtos. (Fonte: Azapagic, 1999)

A figura 03 mostra que a LCA é utilizada, normalmente, para melhorar a performance

ambiental dos produtos e para direcionar as políticas de decisão das empresas. Porém, o uso

dessa ferramenta no marketing empresarial é freqüente, mostrando assim que uma imagem

ambientalmente correta é sinônima de competitividade.

Figura 3 – Práticas de utilização da LCA. (Fonte: Azapagic, 1999)

Recentes aplicações da LCA estão relacionadas a produtos e processos e, resultaram na

LCPD – Life Cycle Process Design, onde variáveis ambientais são incorporadas ainda na fase

do design ao lado de critérios técnicos e econômicos (Anexo 03) e, que oferece potencial para
18

inovações tecnológicas em conceitos de design e processos, estruturando a seleção de

melhores materiais e alternativas de projeto visando todo o ciclo de vida do produto

(AZAPAGIC, 1999).

Outra metodologia de ecoinovação, a PIT – Product Ideas Tree (Anexo 04), segundo seus

autores, objetiva um novo método de agrupamento e documentação para idéias e diferenciam-

se das demais técnicas porque agrupa e estrutura as idéias hierárquica e simultaneamente

(JONES; STANTON; HARRINSON, 2001).

Importante estudo, conhecido como MADRID – MArket Demands that Reward

Investiment in Design, mostra que a competitividade pode ser melhorada através de um bom

design que deve envolver criação, adaptação ou adoção de novas tecnologias, ou ainda,

inovações em materiais e componentes (ROY; RIEDEL, 1997). Resultado desse estudo, a

PPM – Polar Profile Map (Anexo 05), uma nova ferramenta de análise, identifica diferentes

formas de usar o design e a inovação para melhorar a competitividade e auxiliar no

desenvolvimento de produtos. Essa metodologia também é chamada de Ecodesign Strategy

Wheel (HEMEL, 1997).

O auxilio dessas ferramentas na inovação das praticas empresariais é de extrema

importância, pois estudo realizado pelos institutos UK Departament of Trade and Industry e

Confederation of British Industry, conclui que a melhor prática empresarial é a inovação,

essencial para a competitividade (ROY; RIEDEL, 1997). Enfim, essas metodologias são

aplicadas por razões de responsabilidade, economia, regulamentações, demanda de mercado e

consideram o meio ambiente em todos os estágios do ciclo de vida do produto, discorrendo a

respeito de diferentes maneiras de tratar a questão dos impactos ambientais (CHARTER, 200-

, 200-).

Esses impactos dependem de três fatores fundamentais: a população, a procura do bem

estar humano e a ecoeficiência das tecnologias aplicadas. Para minimizá-los há níveis de


19

interferências que são possíveis de serem realizados nos produtos (MANZINI; VELZZOLI,

2002):

• nível 1 – redesign ambiental do existente – melhorar o consumo de recursos e energia,

facilitar a reciclagem e a reutilização de componentes;

• nível 2 – projeto de novos produtos ou serviços para substituir os atuais – individualizar

os produtos e/ou serviços que ofereçam mais vantagens ecológicas em relação aos demais;

• nível 3 – proposta de novos cenários que correspondam a estilos de vida sustentáveis –

desenvolver atividades no plano cultural que promovam novos critérios de qualidade de vida e

modificar a estrutura da busca de resultados (Id., 2002).

No primeiro nível – redesign de produtos existentes – vários projetos de pesquisa

(GOEDKOOP, 1999; MONT, 1999; MEIJKAMP, 2000 apud LEÃO, 1997) indicam que em

princípio, através de um design responsável e da realização de serviços desmaterializados

(inovação na função), é possível melhorar a eficiência ambiental, em níveis maiores que

apenas o redesign de produtos. Apontam também que aperfeiçoamentos incrementais no

design podem reduzir o impacto ambiental por unidade consumida na ordem dos 25% - 50%

(Id., 1997). A figura 04 mostra claramente que a inovação em todo o sistema produtivo leva a

uma melhor ecoeficiência, ou seja, mostra que o redesign do produto é um paliativo rápido

para a problemática ambiental, explicando talvez, sua maior aplicação nas empresas

(MANZINI, 2002).
20

Figura 4 – Curvas de ecoeficiência. (Fonte: Brezet, 2000 apud Leão, 2003)

O segundo nível – o projeto de novos produtos ou serviços para substituir os atuais –

chamados por Brezet como inovação da função, é relacionado a inovações técnico-produtivas

e atualmente é objeto de estudo de vários centros de pesquisa como Center for Design, Green

Design, CGECon, ECOLIFE, ESTO, IPTS, Center for Sustainable Design. Neste plano se

inserem as soluções tecnológicas ou produtos que são projetados com considerações

ambientais e têm como objetivo principal o mercado verde.

O terceiro nível – proposta de novos cenários que correspondam a estilos de vida

sustentáveis – é defendido por diversos pesquisadores (BAUDRILLARD, 1995; CAPRA,

1997; CRESPO, 2002; PORTILHO, 200-; SACHS, 1986; SCHUMACHER, 1981), refere-se

a uma mudança radical no estilo de vida da sociedade.

2.3.2. Consumo dos Recursos Naturais

Com o aumento, após a II Guerra Mundial, do consumo de produtos e dos recursos

naturais, a questão ambiental excede as capacidades da ciência e da tecnologia. Uma vez que

os valores atuais são materialistas e não mais voltados às necessidades básicas das sociedades,

devido à constante expansão e desestabilidade, próprias do sistema capitalista. (STAHEL,

200- apud CAVALCANTI, 2003).


21

Atualmente, os valores sociais estão voltados à satisfação das necessidades humanas por

meio do consumo de novos objetos e, quase todo o processo natural possui equivalente

funcional nos produtos industriais (BAUDRILLARD, 2002). Essa satisfação converte-se em

eternas insatisfações, devido à também eterna criação de novos produtos e necessidades. A

insatisfação via consumo pode ser explicada pela não relação do aumento da renda das

pessoas (poder aquisitivo) e o aumento da felicidade destas (EASTERLIN, 2003a, 2003b;

PUGNO, 2003; ROMEIRO, 1999). Segundo Easterlin (1995), pesquisas realizadas nos EUA

e Japão (Anexo 06), mostram um paradoxo entre o aumento de renda per capita e a

felicidade, ou seja, dinheiro e felicidade não estão diretamente relacionados. Uma das razões

para esse paradoxo pode ser comprovada pela psicologia moderna e a limitação do

crescimento da renda em produzir mais satisfação (ABRAMOVITZ, 1993 apud ROMEIRO,

1999).

O insustentável consumo da sociedade contemporânea, não significa, portanto, qualidade

de vida, mostrando assim que a sociedade consome, segundo Amaral (2004) como signo

social, na lógica da manipulação de sinais. Os objetos deixaram de representar sua função

principal, e passaram a significar referência social, formada por um sistema de interpretação

calcado na posse e na cobiça (BAUDRILLARD, 1995). Dessa forma, é impossível a busca da

satisfação através de consumo que, passa a significar uma espécie de indenização à falta de

realização social, onde a qualidade de vida e a felicidade são mensuráveis por meio de signos

de conforto. “O que está em jogo é, portanto, a lógica individual da diferenciação e não da

satisfação”.(PORTILHO, 2004).

Segundo Cohen (2005), o posicionamento político internacional, relacionado ao consumo

sustentável, surgiu com a Agenda 21 e agora, emerge definitivamente para a esfera da política

ambiental global. Contudo, estudos sobre o esgotamento dos recursos naturais, alertam para a

necessidade da redução do consumo e/ou a substituição da atual maneira de consumir,


22

considerando a existência não somente de um mínimo, mas também um máximo, para o bem

estar individual. Estima-se, por exemplo, que caso o padrão atual de consumo do recurso água

for mantido, em 2025 a utilização de água potável do planeta poderá chegar a 90% do total

disponível. “A escassez de água poderá ocasionar sérios conflitos entre nações e, a ONU

estima que atualmente 300 rios sejam objeto de conflitos fronteiriços”.(TEICH, 2002).

Algumas pesquisas apontam a necessidade da redução do consumo de recursos naturais da

ordem de 4 a 20 vezes para um mundo sustentável (IPTS, 2000; ROY, 2000). Sugerem

também novas maneiras de organizações sociais de consumo, como por exemplo: novos

modelos de posse como o aluguel, para dar às empresas um interesse em desenvolver

produtos duradouros e contrários a obsolescência programada, estratégia empresarial

altamente empregada, e possíveis de serem reformados ou reciclados. Para isso acredita que o

ecodesign seja essencial, mas insuficiente versus o aumento das pressões da economia global,

especialmente dos países em desenvolvimento. Roy (2000) ainda aponta uma tendência de

mudança nos países industrializados, da produção de produtos para o aumento de serviços,

informação e conhecimento. Entre 1950 e 1990 a produção nos EUA caiu de 25% para 15% e

no Reino Unido de 35% para 20%, enquanto a distribuição, finanças e serviços aumentaram

de 40% para 62% e de 32% para 57% respectivamente. Porém, vale lembrar que o aumento

de serviços em países industrializados pode, muitas vezes, estar relacionado com a

transferência da produção industrial, altamente poluente, para países periféricos. Com isso,

não é solucionado o problema ambiental, mas apenas, transferido de endereço.

Outro dado importante é atual dissociação de crescimento econômico e o consumo de

recursos naturais, segundo levantamento, entre 1980 e 2000 houve um pequeno aumento per

capita no uso de materiais na UE, porém o PIB dessa região aumentou cerca de 56% no

mesmo período. O consumo energético europeu também cresce dissociado do PIB (Anexo
23

07), entre 1995 e 2001, o consumo aumentou apenas 7% enquanto o PIB apresentou aumento

de 16% (EUROPEAN ENVIRONMENT AGENCY – EEA, 2004).

O consumo per capita de energia e de recursos minerais nos países em desenvolvimento é

de aproximadamente 1/6 do consumo verificado nos países desenvolvidos. No Brasil nota-se

um firme aumento no consumo energético até 1998, seguido de estabilidade, até 2002 (Anexo

08). No entanto o consumo de recursos minerais é considerado baixo se também comparado

com países desenvolvidos (IBGE. 2004).

Ainda segundo IBGE (2004), o Brasil possui reservas consideradas abundantes em

várias substâncias minerais, porém os constantes aumentos da produção nacional, representam

queda de vida útil de determinadas reservas (Anexo 09). Em razão do alto consumo dos

recursos, o potencial das reservas naturais tem diminuído consideravelmente e sua vida útil

demonstra a tendência de esgotamento mineral dos recursos não-renováveis de determinadas

nações, apontando assim, a diminuição de seu potencial energético e produtivo.

Na Europa, o aumento do consumo de recursos, aponta a diminuição das reservas e

potencial energético. Segundo levantamento realizado em 2001, a diminuição na intensidade

de recursos ocorre desde 1980 e permanecerá em queda até 2020 e a intensidade energética

reduziu cerca de 31% entre 1976 e 1996, enquanto o consumo energético aumentou 23%

nesse mesmo período (Anexo 10). Ainda assim, a expectativa é que a geração de desperdício

dessas nações cresça cerca de 43% até 2020 enquanto sua intensidade energética diminua,

isso mostra a urgência da mudança de hábito de consumo da sociedade moderna

(ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT – OECD,

2001).
24

2.3.2.1.Consumo de energia renovável

Portanto, diversos centros de pesquisa do mundo inteiro vêm dedicando esforços

concentrados objetivando as fases iniciais da cadeia produtiva, na solução de problemas

industriais relacionados à utilização dos recursos naturais. Pois, o domínio da tecnologia da

melhor utilização de materiais proveniente de fontes renováveis, possui diversas vantagens se

comparados com os não-renováveis, por reduzir a velocidade de degradação ambiental.

Contudo, vale lembrar que um recurso renovável pode se tornar não-renovável se

ultrapassado seu limite biofísico, ou seja, a diferença entre a velocidade de seu consumo e a

velocidade de seu desenvolvimento. Então, ser ou não ser renovável, dependerá da

degradação de seus estoques que, a partir de determinado limite, transforma-se em produto

industrializado, produzido segundo a lógica de acumulação de capital, podendo ser citado

como exemplo atual à água potável, que se transforma gradualmente em commodity

(STAHEL, 200- apud CAVALCANTI, 2004).

É possível observar no quadro 05, uma redução na participação de energia renovável

devido, entre outros, à queda de investimento em construção de hidrelétricas, redução do

consumo de lenha e carvão a maior participação do uso do gás natural na matriz energética do

país (IBGE, 2004).

Quadro 5 – Participação de energia renovável no Brasil entre 1992 e 2002.

Fonte: IBGE, 2004


25

Ao contrário do Brasil, segundo o EEA (2003), na Europa há um aumento do percentual

de energias renováveis no consumo energético total de 4,5% em 1992 para 5,6% em 1999

(Anexo 11) e, segundo o ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION – EIA (2004), nos

EUA esse percentual sofreu leve queda de 6,8% em 1999 para 6,3% em 2003 (Anexo 12).

Esses dados abonam a posição da Europa como o continente que mais investe em redução de

impactos ambientais.

Assim, a utilização de fontes renováveis, para a fabricação de produtos e/ou componentes

industriais, torna-se primordial para o desenvolvimento sustentável e a manutenção do

sistema produtivo em vigor. Dentre os produtos provenientes de fontes renováveis, estão os

compósitos reforçados com fibras vegetais, que apontam grandes possibilidades de utilização

industrial.

2.4. Compósitos

De maneira empírica o homem descobriu que dois materiais diferentes, quando

combinados, davam origem a um novo material, geralmente de características superiores aos

materiais que lhe havia originado. Esses novos materiais, conhecidos como compósitos, estão

entre os materiais mais antigos utilizados pelo homem e, segundo Vizinha (2004), a grande

expansão da indústria aeronáutica, em meados do século XX e o surgimento da indústria

aeroespacial, conduziram o rápido desenvolvimento dos compósitos.

A partir da metade do século XX, teve início a produção de resinas plásticas e a

ocorrência de um grande avanço na produção de fibra de vidro, estimulando sua utilização

como principal reforço dos atuais compósitos (GIACOMINI, 2003). Diversas aplicações da

indústria moderna exigem propriedades que não são encontradas em materiais “puros”, assim,

a modificação desses materiais, por meio da adição de outros componentes, torna-se viável
26

para suprir tais exigências. Os materiais compósitos podem ser combinados de maneira a

melhorar diversas propriedades mecânicas por meio da afecção do sistema – capacidade dos

seres em se afetarem mutuamente (PEIRCE, 2003) – onde a matriz polimérica transfere para

as fibras o stress a qual é solicitada.

A vantagem da utilização dos compósitos na indústria é permitir ao designer assumir um

papel além de mero selecionador de materiais, quando no desenvolvimento de projetos. De

acordo com Bonsiepe (1997), o design industrial domina outros discursos além do

estético/formal. Portanto, da escolha da melhor combinação resina/fibra dependerá o possível

sucesso do projeto, cabendo ao designer considerar outras variáveis, como custo, processo

produtivo (BAXTER, 2000) e, principalmente, o que se pretende com os novos materiais, pois

estes, criarão novos hábitos, induzirão a novas condutas e possibilidades sociais. É preciso

que o designer, enquanto criador de condutas, questione sobre o que se pretende com novos

projetos e, seu objetivo deve ser o comprometimento e responsabilidade com essas condutas.

Os compósitos podem ser classificados em (GIACOMINI, 2003):

• particulados – propriedades isotrópicas;

• fibrosos – propriedades isotrópicas ou anisotrópicas;

• laminados – propriedades anisotrópicas.

Os compósitos fibrosos, utilizados em grande escala, são compostos basicamente por uma

substância conhecida como matriz – que pode conter cargas minerais a fim de aprimorar

algumas características – e um elemento conhecido como reforço. A figura 05 mostra um

esquema do arranjo de um compósito.


27

Figura 5 – Esquema de um compósito. (*Adaptado Vizinha, 2004)

A matriz é o elemento que proporcionará a forma final de uma peça, pois é uma resina

polimérica que envolve as fibras protegendo-as do meio externo e conferindo ao compósito

determinadas propriedades químicas (VIZINHA 2004). Existem diversos tipos de matrizes,

como metálicas ou cerâmicas, mas as plásticas são mais comuns e, dentre estas, destacam-se a

resinas poliéster e epóxi (COMPOSITE ABOUT, 2005).

O reforço é o elemento estrutural do compósito, determinando assim sua estrutura interna

e responsável pelo melhoramento das propriedades físicas e mecânicas (Id., 2005), contudo,

sua utilização aumenta o custo e a densidade da matriz (BARRA, 200-).

Há vários tipos de reforços como: carbono, kévlar, vidro, cerâmica, quartzo

(COMPOSITE ABOUT, 2005) – porém, a fibra de vidro é o reforço mais utilizado no

mercado, cerca de 90% dos plásticos reforçados utilizam essa fibra como reforço que, pode

ser dividida em dois tipos mais utilizados (VIZINHA 2004):

• tipo E – representa mais de 90% do total de fibra de vidro utilizado na indústria,

devido suas boas características de resistência e rigidez, boas propriedades

elétricas e resistência à umidade;


28

• tipo S – muito utilizada em estruturas, possui propriedades mecânicas superiores

em 20 a 30% às fibras tipo “E” e melhor resistência térmica e à fadiga. Porém, seu

elevado custo restringe sua utilização.

2.4.1. Reforços de Fibras Vegetais

A utilização da fibra de vidro acarreta graves problemas ambientais devido,

principalmente, ao seu descarte final, que é realizado em aterros, lixões ou até mesmo

queimados, sem o devido controle de emissão de gases. Sua característica de material

resistente a intempéries e forte candidato à substituição de materiais como o metal, contribuí

para agravar o problema da limitada capacidade do ambiente de absorver dejetos.

Assim, pesquisadores (ISAAC et al., 2004; JOSEPH et al., 1999; JUNIOR, 2002; LEITE

et al., 2004; PAIVA et al., 1999; TITA et al., 2002) trabalham na possibilidade da substituí-las

por fibras vegetais – que podem ser classificadas de acordo com sua fonte: plantas, animais ou

minerais (JOURNAL OF MATERIALS SCIENCE – JMS, 2001) – como reforço de matrizes

poliméricas termoplásticas e/ou termofixas. Apontando para a viabilidade físico-mecânica

dessas fontes na atividade industrial que, conforme ilustrado no quadro 06, faz maior uso das

fibras de plantas, pois são abundantes e podem ser encontradas de maneira natural ou

cultivadas pelo homem. Sendo assim, também são fontes de renda para diversas famílias (Id.,

2001). O Brasil possui potencial de cerca de 10.000 t/ano, de fibra natural, somente para o

mercado automotivo – próximo a 20 kg/auto, sem considerarmos outros mercados (LEÃO,

1997). Porém, a abundância de materiais naturais depende, ainda, da demanda industrial e sua

pressão por tecnologias limpas (JMS, 2001).


29

Quadro 6 – Fontes de importantes fibras comerciais.

Fontes de fibras Espécies Produção mundial (103 ton.) Origem


Madeira (>10.000) 1.750.000 Caule
Bambu (> 1250) 10.000 Caule
Algodão Gossypium sp. 18.450 Fruto
Juta Corchorus sp. 2.300 Caule
Kenaf Hibiscus cannabinus 970 Caule
Linho Linum usitatissimum 830 Caule
Sisal Agave sisilana 378 Folha
Roselle Hibiscus sabdariffa 250 Caule
Cânhamo Cannabis sativa 214 Caule
Coco Cocos nucifera 100 Fruto
Rami Boehmeria nívea 100 Caule
Abacá Musa textiles 70 Folha
Crotalária Crorolaria juncea 70 Caule
Fonte: JMS, 2001.

As fibras vegetais ou lignocelulósicas – uma vez que a celulose é seu principal

componente químico, e a lignina, seu polímero natural – após sofrerem tratamento superficial,

apresentam facilidade em interagir com matrizes poliméricas (SEAVEY, 1999) e são

utilizadas em diversas aplicações (KOZLOWISKI, 2001):

• indústria têxtil – produção de confortáveis tecidos, completamente biodegradáveis;

• indústria de papel – produção de lignocelulose;

• indústria química – produção de cosméticos, pigmentos, remédios, alimentos;

• indústria de compósitos – podem ser usados para a produção de materiais para a

construção civil, fabricação de móveis, construção de máquinas, materiais

isolantes, automóveis, caminhões, aeronaves, embalagens e outras aplicações.

Porém, apresentam algumas desvantagens industriais: necessitam de baixas temperaturas

de processamento e apropriados tratamentos superficiais para melhorar a adesão a

determinadas matrizes termoplásticas, possuem pouca estabilidade dimensional e baixa

resistência biológica. Ainda assim vantagens são proeminentes, devido à baixa densidade e

custo, resistência específica elevada, módulo elevado, não tóxicas, não abrasivas, provém de

fontes renováveis e, principalmente, por serem biodegradáveis. De tal modo, que sua
30

utilização torna-se vantajosa e atrativa para a indústria, pois é passo importante para a

certificação ISO 14000 (JOSEPH et al., 1999).

Segundo Giacomini (2003), um dos campos de maior aplicação das fibras vegetais é o da

construção civil que utiliza fibras de cânhamo, linho e rami. A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

EM MATERIAIS E TECNOLOGIAS NÃO CONVENCIONAIS – ABMTENC (200-)

ratifica a vasta utilização de fibras vegetais nesse mercado, possuindo linha de pesquisa

voltada somente à utilização da fibra de bambu na construção civil. O quadro 07 mostra

determinadas propriedades de algumas fibras vegetais.

Quadro 7 – Propriedades de algumas fibras vegetais.

Densidade Resistência Tração


Fibra Abrasividade
(g/cm2) (kgf/mm2)
Vidro 2,5 190 - 260 Alta
Sisal 1,45 52 Baixa
Juta 1,5 32 Baixa
Coco 1,45 56 Baixa
Fonte: IdeMat, 2005; Leão, 1997.

2.4.1.1. Fibra de Sisal

Originária do México, a fibra de sisal é extraída da folha da planta Agave sisalana e

concentra sua produção nas regiões tropicais da África, América Central e do Sul. Segundo o

instituto FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS

(FAOa, 2000) existem cerca de 57 espécies de sisal conhecidas no mundo, que se

caracterizam por ser uma planta forte, suportando condições climáticas de seca – plantações

de sisal na Tanzânia resistiram a períodos de seca onde outras culturas foram destruídas. Além

disso, a planta é resistente a pragas, colaborando com a prevenção da desertificação dessas

áreas, pois não precisam, na maioria dos casos, de pesticidas (Id., 2000).
31

As fibras são obtidas por meio do desfibramento das folhas da planta e, conforme

observado na figura 06, devido à falta de segurança da máquina de desfibramento – conhecida

por “periquita” e muito parecida com moendas de cana – muitas vezes o operador tem seu

braço mutilado. Assim o design, conhecido como sustentável, deve operar também na

modernização dessas máquinas rudimentares, garantindo a satisfação de uma real necessidade

desses cidadãos, pois tal necessidade não se dá no nível da significação social, do

“inessencial”, mas sim no nível de uso, onde os objetos se equivalem e realmente são

necessários (BAUDRILLARD, 2002).

Figura 6 – Desfibramento do sisal. (Fonte: Ufrrj, 2004; Valente – BA, 1994)

As características das fibras de sisal são: comprimento de 60 – 120 cm, com fibra

individual de cerca de 2.5 cm, boa aceitação de corantes e tolerante a umidade (LEÃO, 1997).

Devido sua grande produção, baixo custo e propriedades mecânicas, é alta a procura pela

utilização do sisal na fabricação de componentes automotivos, porém, sua utilização não se

restringe a esse nicho de mercado. No quadro 08, é possível verificar algumas das

propriedades do sisal e, que lhe confere boa aceitação no mercado industrial.


32

Quadro 8 – Propriedades da fibra de sisal.

Propriedades Valores
Diámetro da fibra (µm) 100 – 300
Teor da lignina (%) 4–5
Teor da celulose (%) 85 – 88
Resistência à tração (Mpa) 400 – 700
Módulo de elasticidade (GPa) 9 – 20
Alongamento na ruptura (%) 5 – 14
Densidade (g/cm2) 1,45

Fonte: Giacomini, 2003.

2.4.1.2. Fibra de Juta

A cultura da juta no Brasil é relativamente nova e foi introduzida no país na década de 30

pelo imigrante japonês Ryota Oyama. Extraída do caule da planta e, de origem imprecisa, a

juta (Corchorus capsularis e Corchorus olitorius) é cultivada principalmente em países como

Índia, Bangladesh, China, Nepal, Myanmar e Tailândia que, juntos detêm 95% da produção

mundial (INTERNATIONAL JUTE STUDY GROUP – IJSG, 2004).

Existem, aproximadamente, 40 espécies atualmente conhecidas e, ao contrário do sisal, é

uma planta de clima quente e úmido que carece de excessos de chuva, solo fértil e bem

drenado, é cultivada sem a utilização de agrotóxicos e sua colheita é em aproximadamente 4 a

5 meses depois de plantadas (COMPANHIA TÊXTIL DE CASTANHAL – CTC, 2005). A

fibra, contida no caule, é obtida pelo processo de maceração (Figura 07) – após limpas das

folhas, fardos da planta são imersos em água a fim de obter o amolecimento desta que, é

conseguido em até 10 dias em condições climáticas favoráveis, isso facilita a separação da

fibra e o talo (Id., 2005). Aqui o design deve contribuir com estudos sobre a otimização do

processo de maceração e possibilitar maior eficiência na extração da fibra de juta, garantindo

assim uma maior produção para a população rural.


33

Figura 7 – Processo de maceração da juta. (Fonte: IJSG, 2004)

As fibras de juta têm comprimento médio cerca de 0.5 – 6.0 mm, com fibra individual

cilíndrica e pouca variação no diâmetro que varia entre 0.01 – 0.03 mm. Sua composição

química varia, entre outros, conforme a idade da planta e maceração e, apresenta como

principais constituintes: lignina 12.5 – 13.5 % (torna a fibra mais resistente a ataques

microbiais), celulose 59 – 61 %, gorduras e ceras 0.9 – 1.4 %, substâncias minerais 0.5 – 0.79

%, matéria nitrogenada 1.56 – 1.87 % (CTC; IJSG, 2004, 2005). O quadro 09 ilustra outras

propriedades dessa fibra vegetal.

Quadro 9 – Propriedades da fibra de juta.

Propriedades Valores
Absorção de água (%) 12 – 35
Densidade (kg/m3) 1440 – 1460
Resistência à tração (MPa) 453 – 550
Módulo de Young (MPa) 300 – 780
Alongamento (%) 0,8 – 2
Fonte: IdeMat, 2005.

2.4.1.3. Fibra de Coco

Proveniente do coqueiro (Cocos nucifera), encontrado nas áreas costeiras de paises

tropicais, pois necessita de grande umidade, muita luz solar, solo bastante drenado e constante
34

suprimento de água fresca, a fibra de coco tem baixo valor como produto em vários países,

assim é descartada como sobra ou usada como combustível. (ROYAL BOTANIC GARDENS,

2005).

É extraída da casca do coco (Figura 08) e sua utilização na confecção de produtos é

realizada na Ásia, Indonésia, Índia, Sri Lanka, África e América Central e do Sul, onde são

produzidos bens de baixo custo como redes, vassouras, pincéis, enchimento para colchões,

cortinas etc. Estas aplicações “rudimentares” são viáveis quando comparadas a materiais

sintéticos, porém, a fibra de coco possui potencial para diversas aplicações industriais, afinal

sua máxima produção anual é estimada entre 5 e 6 milhões de t/ano, não apresentando assim

problemas de suprimento de matéria prima (FAOb, 2002).

Figura 8 – Seção do coco. (Fonte: Id., 2002)

O processo de extração da fibra pode ser artesanal, no qual se obtém melhor qualidade –

por meio da maceração, ou seja, a imersão em água ou lagos por um período de 3 a 6 meses,

seguido do desfibramento e limpeza, também manual, das fibras – ou através processo

mecânico, afetando suas qualidades – pode ser usado para processar as cascas logo após 5
35

dias de imersão em água, em seguida, o desfibramento é realizado por meio de máquinas. Só

então é realizada a separação entre o pó e as fibras (Id., 2002).

As fibras de coco são compostas de células individuais que variam entre 5 – 8 µm de

diâmetro e têm, geralmente, entre 56 – 65% de fibras longas (maiores que 150 mm) e 5 – 8 %

de fibras curtas (menores que 50 mm). Possuem baixa resistência à tração, quando

comparadas ao sisal, contudo são menos prejudicas pela imersão em água, pois são resistentes

à micro degradações e únicas em resistência a água salgada (Id., 2002). Algumas

características da fibra de coco são mostradas no quadro 10.

Quadro 10 – Propriedades da fibra de coco.

Propriedades Valores
Comprimento da fibra (cm) 2 – 33
Diâmetro da fibra (mm) 0,05 – 0,4
Densidade (kg/m3) 1,15 – 1,33
Resistência à tração (MPa) 140 - 150
Alongamento (%) (sites dados fibras) 15 – 17,3
Fonte: Leão, 1997; IdeMat, 2005.

2.4.2. Moldagem de Compósitos

A moldagem de compósitos fibrosos dá-se por processos que, conforme Giacomini

(2003), podem ser classificados por dois critérios distintos: características do molde (aberto

ou fechado) e tecnologia do processo (manuais, semi-manuais e automatizados). A opção de

utilização de determinado processo dependerá, entre outras, das características da peça a ser

confeccionada, sua escala produtiva e sua aplicação. Vale lembrar que, independente do

processo utilizado para a moldagem de compósitos, alguns fatores podem afetar diretamente

suas propriedades mecânicas, como por exemplo: tipos de reforço e seu tratamento

superficial, tipos de matriz e a absorção de umidade.


36

Os processos mais utilizados nas industrias, de modo geral, são:

• Spray-up e Hand Lay-up;

• TRV (Transferência de Resina a Vácuo) e RTM (Resin Transfering Molding);

• SMC (Sheet Molding Compound) e BMC (Bulk Moulding Compound);

• Prensagem a frio.

2.4.2.1. Spray-up e Hand Lay-up

São processos de moldes abertos e, aplicados para a produção de baixo e médio volume

(OWENS CORNING, 2005). São os mais utilizados no Brasil – 56% e 18% respectivamente

(PACHINOS, 2003) – apesar de não garantirem a qualidade das peças, pois são extremamente

dependentes do operador, contudo não exigem considerações especiais de projeto. Nestes

processos a matriz e seu reforço são aplicados manualmente nas cavidades dos moldes,

conforme figura 09, por meio de pincéis (Hand Lay-up) ou “sopradores” (Spray-up), por esse

motivo, possuem um alto índice de desperdício de material, que acarreta maior peso e custo

das peças.

Figura 9 – Esquema dos processos em molde aberto. (*Adaptado Vetrotex, 2005)

São muito poluentes e prejudiciais à saúde, uma vez que os operadores têm contato direto

e permanente com as substâncias dos compósitos, sendo necessário vestuário especial para o
37

manuseio dos mesmos (Figura 10). Podem ser considerados processos rudimentares de

produção, ou ainda, “produção suja”, com altos índices de impactos ambientais e não

condizente com as normas ISO 14000, que promovem a gestão ambiental nas empresas e

confirma-se como tendência de mercado.

A principal vantagem, e provavelmente única, dos processos Spray-up e Hand Lay-up, é o

baixo custo do molde.

Figura 10 – Processos em molde aberto. (Fonte: Prodesign, 2005; U.S. Departament of transportation, 2005)

2.4.2.2. Transferência de Resina a Vácuo (TRV)

O processo TRV é um processo tecnicamente sofisticado quando comparado aos

processos Hand Lay-up e Spray-up. É realizado em molde fechado, sendo aplicado para a

produção de médio volume e corresponde a 8% da produção nacional (PACHINOS, 2005 –

SITES). Neste processo, também conhecido como VARTM (Vaccum Assisted Resin Transfer

Molding), a qualidade e o bom acabamento são garantidos em ambas a faces das peças

confeccionadas, além de possuírem boas propriedades mecânicas. Porém, nessa técnica é

essencial que todos os reforços escolhidos sejam multiaxiais de alta permeabilidade, formados

pela superposição de fibras unidirecionais unidas por costura de fios de poliéster, fazendo

com que a matriz “ande” o mais rápido possível por todo o comprimento da peça

(BARRACUDA ADVANCED COMPOSITE, 2004).


38

Neste processo o reforço (seco) é distribuído na cavidade do molde que, em seguida deve

ser devidamente fechado e vedado por meio de borrachas, a fim de evitar a entrada de ar

durante seu preenchimento pela matriz. Em seguida aplica-se pressão negativa em um das

extremidades, obtida com a assistência de uma bomba, e na outra extremidade se introduz a

matriz por ação da gravidade. A matriz é forçada a preencher o molde, passando por entre o

reforço – irá "andar" homogeneamente através do molde até chegar à outra extremidade,

quando o preenchimento do molde é interrompido e inicia-se a cura da matriz (Figura 11).

Figura 11 – Esquema do processo TRV.

O vácuo aplicado é, geralmente, da ordem de 01 bar, contudo, pode variar conforme o tipo

de peça a ser confeccionada.

O processo TRV possui baixo índice de desperdício de material, pois é possível obter

melhor controle da quantidade de componentes a serem aplicados, contudo, exige

considerações especiais do projeto do molde (Figura 12). Ao contrário dos processos manuais,

é considerado pouco poluente e pouco prejudicial à saúde, pois os operadores não têm contato

direto e permanente com os componentes dos compósitos, não sendo necessário vestuário

especial para o manuseio dos mesmos. Podem ser considerados processos de “produção suja”,

com baixos índices de impactos ambientais e condizentes com as normas ISO 14000.
39

Figura 12 – Injeção no processo TRV.

As principais vantagens do processo TRV são:

• ferramental pode ser construído em fibra de vidro;

• ferramental de custo médio e vida prolongada;

• aplicável em séries de até 2000 peças por ano;

• pode ser adicionado alto teor de fibras;

• espessura da peça é constante;

• repetibilidade no processo;

• sem emissões de vapores e sem contato dos operadores com os componentes.

2.4.2.3. RTM (Resin Transfer Molding)

O processo RTM é tecnicamente compatível ao TRV. É realizado em molde fechado,

sendo aplicado para a produção de baixo e médio volume, e corresponde a 6% da produção

nacional (PACHINOS, 2003). O processo RTM, assim como o TRV, garante boa qualidade

de acabamento nas faces das peças e boas propriedades mecânicas.

O reforço é previamente distribuído no interior do molde e, após seu fechamento, a matriz

é injetada sob pressão e ocupa o lugar do ar que, é expulso do molde por “respiros” (pinch-
40

off). A injeção é feita por um ou vários pontos, dependendo da complexidade e dimensão da

peça confeccionada. A matriz passa pelo reforço e a injeção é suspensa assim que iniciar a sua

saída pelos pinch-off, indicando que este está completamente preenchido (Figura 13).

Figura 13 – Esquema do processo RTM.

A cura da matriz é rápida, caso seja utilizada resina poliéster insaturado e reforço de fibra

de vidro, esse tempo pode variar entre 05 e 20 min, acelerando assim a produção de peças.

Porém, a resina deve ser consumida rapidamente sob pena de iniciar sua polimerização,

aumentando assim a dificuldade de injeção e o risco de perda da peça.

O processo RTM, assim como o TRV, atende as características técnicas, exigidas pelas

normas ISO 14000, de “produção limpa”.

As principais vantagens do processo TRV são:

• ferramental de custo relativamente baixo e de vida prolongada;

• rápido ciclo de moldagem;

• processo mecanizado;

• espessura da peça é constante e reprodutibilidade de detalhes;

• repetibilidade no processo;

• sem emissões de vapores e sem contato dos operadores com os componentes.


41

2.4.2.4. SMC (Sheet Molding Compound)

O processo SMC é muito aprimorado tecnicamente. É realizado em molde fechado, sendo

aplicado para grandes produções, e corresponde a aproximadamente 1% da produção nacional

(PACHINOS, 2003). O processo SMC garante ótima qualidade às peças, tanto em

acabamento superficial, quanto às propriedades mecânicas.

É realizado em duas etapas, a primeira consiste na preparação do composto que, é obtido

de basicamente quatro componentes: resina termofixa, fibra, carga e aditivo. Este composto

passa por um sistema de compactação que garante a impregnação completa dos fios de fibra

(reforço) antes que sejam enrolados e armazenados, sob condições controladas de

temperatura, até atingirem uma viscosidade moldável (Figura 14).

Figura 14 – Esquema do preparo do composto. (Fonte: Vetrotex, 2005)

A segunda etapa consiste na moldagem do composto, uma quantidade de material é

colocada no molde, previamente aquecido, e prensada até o total preenchimento de sua

cavidade (Figura 15). O investimento fabril (prensas e ferramentas) é relativamente alto,

quando comparado a outros processos de moldagem de compósitos reforçados.


42

Figura 15 – Esquema do processo SMC.

As principais vantagens do processo SMC são:

• processo mecanizado com rápido ciclo de moldagem;

• espessura da peça é constante e reprodutibilidade de detalhes;

• peças com ótimas propriedades mecânicas;

• sem emissões de vapores e sem contato dos operadores com os componentes.

2.4.2.5. BMC (Bulk Molding Compound)

É um processo de combinação entre fios picados e resina, em forma de uma pasta (Figura

16). Ao contrário do SMC, não é necessária a etapa de maturação e os reforços são

essencialmente fios de vidro cortados de 6 ou 12 mm de comprimento e, às vezes, 25 mm para

as aplicações que demandam determinado desempenho mecânico (VETROTEX, 2005).

O teor de reforço fica geralmente entre 15 a 20%, mas é possível obter 25% para uma

melhor performance. Apropriado tanto para moldagem por injeção como por compressão (Id.,

2005).
43

Figura 16 – Esquema do processo BMC. (Fonte: Vetrotex, 2005)

2.4.2.6. Prensagem a Frio

O processo de prensagem a frio é realizado em molde fechado onde a boa qualidade e

velocidade na fabricação das peças são necessárias. É indicado para produção entre 1.000 e

10.000 peças por ano e o investimento em equipamentos é relativamente baixo, permitindo a

utilização de moldes de plástico reforçado com prensas leves.

Na prensagem a frio, o reforço é previamente colocado na cavidade do molde, então é

derramada a matriz sobre o reforço e o molde é devidamente fechado. Em seguida, é aplicada

a pressão que faz com que a matriz flua e molhe o reforço. Neste processo o molde encontra-

se em temperatura ambiente e ambas as faces das peças têm bom acabamento, porém, quando

retiradas do molde, apresentam grande quantidade de rebarbas a serem retiradas via usinagem

(Figura 17).

Figura 17 – Esquema do processo prensagem a frio. (Fonte: Vetrotex, 2005)


44

As principais características do processo são:

• custo do molde e durabilidade do molde (até 5000 peças)

• repetibilidade no processo e reprodutibilidade de peças;

• peças com bom acabamento superficial.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Experimento

Foram analisados os efeitos das fibras vegetais (sisal, juta e coco) utilizadas como reforço,

a presença de carga mineral e o percentual desta carga no compósito, conforme quadro 11. As

propriedades analisadas foram às resistências à tração, flexão, impacto, módulo de

elasticidade na tração e envelhecimento artificial.

Os resultados obtidos foram comparados com o reforço fibra de vidro, largamente

utilizado no mercado industrial, até mesmo na indústria agrícola.

Quadro 11 – Composição das amostras.

Amostras (reforço) % carga (CaCO3) % fibra (em massa)


Vidro 00 (V0) 00 18,3
Vidro 10 (V10) 10 18,0
Vidro 20 (V20) 20 17,0
Vidro 30 (V30) 30 16,7
Sisal 00 (S0) 00 14,1
Sisal 10 (S10) 10 13,7
Sisal 20 (S20) 20 13,4
Sisal 30 (S30) 30 12,9
Juta 00 (J0) 00 23,0
Juta 10 (J10) 10 19,2
Juta 20 (J20) 20 18,3
Juta 30 (J30) 30 18,0
Coco 00 (C0) 00 13,6
Coco 10 (C10) 10 13,1
Coco 20 (C20) 20 11,7
Coco 30 (C30) 30 11,0
45

3.2. Materiais utilizados

3.2.1. Reforços

Os reforços utilizados na confecção das amostras, previamente agulhadas em mantas

(Figura 18) e cujas gramaturas são mostradas no quadro 12, foram:

• sisal e coco – fabricadas pela empresa Tapetes São Carlos – São Carlos/SP, mantas

com fibras curtas e sem alinhamento (orientação), conhecidas como mantas não

tecidas;

• juta F9 – fabricada pela empresa Companhia Têxtil de Castanhal – Castanhal/Pará,

manta com fibras longas e alinhadas, conhecidas como mantas tecidas;

• vidro Multicore – fabricada pela empresa Saint-Gobain – Capivari/SP.

Figura 18 – Agulhagem de mantas (1 vidro, 2 sisal, 3 juta e 4 coco).


46

Estudos mostram que existe uma relação entre a resistência ao escoamento da matriz no

reforço e a densidade de agulhagem desse reforço (GIACOMINI, 2003), ou seja, quanto

maior a densidade do reforço, maior a resistência à moldagem. Desse modo, com o objetivo

de simular as mesmas condições de produção, já empregadas na indústria do plástico

reforçado, a escolha das mantas de fibra natural foi definida por meio de produção prévia de

amostras.

Foram selecionadas aquelas que apresentaram maiores semelhanças à fibra de vidro, com

relação ao aproveitamento do ferramental e facilidade de moldagem, assim, uma empresa

interessada na utilização de fibras vegetais em seus componentes, não necessitará fazer

investimentos em novos ferramentais.

Quadro 12 – Gramaturas dos reforços.

Fibra Gramatura (g/m2)


Vidro Multicore 780
Sisal 600
Juta F9 310
Coco 450

3.2.2. Matriz

A matriz utilizada na confecção das amostras foi o poliéster insaturado ortoftálico

(UCEFLEX – UC 2080), fabricada pela empresa Elekeiroz S.A., com as propriedades

ilustradas no quadro 13.


47

Quadro 13 – Propriedades da matriz.

Propriedades Unidade Valores


Viscosidade (25ºC) cP 250 – 350
Gel Time (25ºC)* min 9 – 15
Teor de Estireno % 42 máx.
Densidade (25º C) g/cm3 1,07 – 1,13
Índice de Acidez MgKOH/g 30 máx.
* Catálise para obtenção do gel time: 100 g de resina pura a 25º C, com 0,9% de peróxido de metiletil cetona (PMEK).

Segundo o fabricante, a matriz possui reatividade média, baixa contração durante sua

polimerização (cura), pode ser utilização com a adição de cargas minerais para laminados em

geral e, com relação ao aspecto visual, sua aparência é liquida, viscosa e de coloração âmbar.

3.2.2.1. Preparo da matriz

Este procedimento consistiu na adição de carga e catalisador e, sua homogeneização

(mistura) foi realizada por meio de agitadores. Não foram utilizados aceleradores, pois a

matriz, segundo o fabricante, é pré-acelerada e sua composição final é ilustrada no quadro 14.

• carga mineral – carbonato de cálcio (CaCO3) – fabricado pela empresa Minérios Ouro

Branco – São Paulo/SP, possui partículas de 325 mesh e teor de umidade de 0,50 máx;

• catalisador – PMEK (Peróxido de metil cetona) – fabricado pela empresa Polinox –

Itupeva/SP e utilizado para iniciar a polimerização da matriz.


48

Quadro 14 – Composição final da matriz.

Composição Componentes Teor (% em massa)


Resina 99,0
0% carga mineral CaCO3 0,00
PMEK 1,00
Resina 89,0
10% carga mineral CaCO3 10,0
PMEK 1,00
Resina 79,0
20% carga mineral CaCO3 20,0
PMEK 1,00
Resina 69,0
30% carga mineral CaCO3 30,0
PMEK 1,00

3.2.3. Desmoldante

Empregado na indústria do plástico reforçado para facilitar a retirada da peça do molde, o

desmoldante utilizado na moldagem das amostras foi o álcool polivinílico. Este foi aplicado

com o auxilio de um tecido de algodão e, somente após sua total secagem, a moldagem é

realizada. A fim de auxiliar e melhorar o efeito do desmoldante foi aplicado, ainda, uma

camada de cera de carnaúba.

3.2.4. Gel Coat

Preparado com 1% de PMEK e aplicado, após a secagem do desmoldante, na superfície

do molde com o auxílio de pincel ou rolo, o gel coat – tipo cinza ortoftálico, fabricado pela

empresa Cray Valley – foi utilizado na produção das amostras a fim de simular a produção de

peças destinadas a posterior pintura. Produz melhor acabamento na superfície da peça,

reduzindo o aparecimento de bolhas ou porosidade e, somente após atingir uma parcial

polimerização, chamada de ponto de toque, as fibras foram dispostas no molde e iniciou-se a

moldagem.
49

3.3. Equipamentos

3.3.1. Bomba de vácuo

A bomba de vácuo, fabricada pela empresa Symbol e utilizada (Anexo 13) na confecção

das amostras pertence à empresa Bruno Moldes – São Manoel/SP e suas características são

ilustradas no quadro 15.

Quadro 15 – Características da bomba de vácuo.

Bomba Dados
Pressão máxima 5 x 10-2 mmHg
Modelo E 80
RPM 1750
Dimensão (mm) 500 x 440 x 450

3.3.2. Molde

O molde para confecção das amostras pertence à empresa Bruno Moldes, atualmente

utilizado para a confecção de peças, em fibra de vidro, para a indústria Máquinas Agrícolas

Jacto. Possui as faces lisas e é confeccionado em resina epóxi, conforme figura 19.

Figura 19 – Imagem da cavidade do molde.


50

A ferramenta, fabricada para ser utilizada em processo TRV, é de propriedade da empresa

Máquinas Agrícolas Jacto, a figura 20 mostra um desenho esquemático do molde e o fluxo de

injeção da matriz, onde é possível observar também:

• ponto de vácuo – local por onde sairá o excesso de resina, quando totalizado o

preenchimento do molde;

• pontos de injeção – local onde é vazada a resina no molde;

• espessura da amostra;

• borracha de vedação;

• área de rebarba.

Figura 20 – Esquema do molde e fluxo de injeção.


51

3.3.3. Amostra experimental

A escolha da peça para amostra foi realizada segundo alguns critérios:

• simular a moldagem da fibra de vidro;

• simular o processo TRV em situação normal de produção;

• utilizar ferramental e equipamentos já disponíveis na empresa processadora;

• possuir mais de um plano, a fim de simular obstáculos ao fluxo da matriz;

• ser possível a retirada de vários corpos de prova desta.

A produção das amostras foi realizada, após algumas tentativas, onde o teor de fibra

vegetal foi a variável, de maneira a facilitar o escoamento da matriz por entre o reforço.

Sendo assim, definiu-se seguinte número de mantas utilizadas na produção das amostras:

• amostras de fibra de vidro – 1 manta;

• amostras de fibra de sisal – 1 manta;

• amostras de fibra de juta – 3 mantas;

• amostras de fibra de coco – 1 manta.

Desta maneira a peça escolhida possui características ilustradas na figura 21.

Figura 21 – Esquema da amostra experimental.


52

3.3.4. Preparo do molde

A operação foi realizada no início de toda moldagem das amostras e consistiu na

aplicação do desmoldante, no molde devidamente limpo e polido. Após a secagem deste, foi

aplicada uma camada de cera carnaúba, seguida de aplicação de uma camada de gel coat, para

que as mantas, previamente recortadas, pudessem ser dispostas na cavidade do molde. Depois

dessa operação, o molde foi fechado e iniciou-se a moldagem, por meio da aplicação de vácuo

e adição de resina.

3.3.5. Moldagem

É o processo e operações envolvidas na produção das amostras. Com o objetivo de

simular a moldagem da fibra de vidro e garantir a repetitividade do processo, os parâmetros

utilizados para a moldagem foram os mesmos já aplicados para a moldagem desta peça em

fibra de vidro, ou seja, “in loco”. Foram considerados o aspecto da peça, do reforço e as

possíveis limitações dos equipamentos.

3.3.6. Parâmetros do processo

A escolha dos parâmetros de moldagem, expostos no quadro 16, foi obtida através de

análise da peça a ser moldada e, devido à prática da empresa Bruno Moldes em já as produzir,

reforçadas em fibra de vidro. Porém, em razão da substituição da fibra de vidro por fibras

vegetais, foram analisados, cuidadosamente, os seguintes aspectos:

• tempo de gel da matriz;

• desmoldagem da peça;
53

• fechamento do molde, devido a grande espessura de algumas mantas vegetais;

• possibilidade da matriz não fluir de maneira semelhante quando na utilização de fibra

de vidro, o que acarretaria bolhas na superfície ou até mesmo a perda da peça.

Quadro 16 – Parâmetros de moldagem.

Parâmetros Valores
Pressão aplicada* 5 x 10-2 mmHg
Tempo de cura 20 min
Temperatura** Ambiente
Tempo de mistura do iniciador 1min

*Pressão máxima atingida durante todo o tempo de moldagem. (-1 bar registrada em manômetro)
**Moldagem realizada no período de Janeiro a Fevereiro (temperatura entre 23ºC e 35ºC).

3.3.7. Desmoldagem

A retirada, das amostras, do molde foi realizada manualmente por meio de ar comprimido,

a fim de não danificar a camada de gel coat, na superfície. Após a retirada do molde, a

amostra foi assentada sobre uma superfície de maneira a evitar seu empenamento, seguida da

retirada das rebarbas como o auxílio de um disco de corte e uma lima.

3.4. Ensaios

Os ensaios realizados são ilustrados no quadro 17 e seguem as seguintes normas:

Quadro 17 – Ensaios e normas.

Ensaios Norma Unidade Amostras Testadas


Resistência à Tração ASTM D-638 MPa Conf. Quadro 11
Alongamento ASTM D-638 % Conf. Quadro 11
Módulo de Elasticidade ASTM D-638 MPa Conf. Quadro 11
Resistência à Flexão ASTM D-790 MPa Conf. Quadro 11
Resistência ao Impacto ASTM D-256 kJ/m2 Conf. Quadro 11
Envelhecimento Artificial ASTM G-53 - Conf. Quadro 11
54

Para a realização dos ensaios, a retirada dos corpos de prova foi realizada de forma ser

obtido o maior número possível destes em cada amostra, não considerando alinhamento das

fibras, pois somente a manta de juta, dentre as vegetais e a de fibra de vidro, possuía tal

característica. Conforme solicitação da norma, todos os ensaios foram realizados em, no

mínimo, cinco corpos de prova.

A área utilizada da amostra para a retirada dos corpos de prova é indicada na figura 22.

Figura 22 – Área de retira dos corpos de prova.

3.4.1. Resistência à tração, módulo de elasticidade e alongamento

Os ensaios de resistência à tração e, conseqüentes, módulo de elasticidade e alongamento,

foram realizados em duas etapas, com média de cinco repetições por etapa, velocidade de

ensaio de 5 mm/min e corpos de prova de dimensões conforme a figura 23.

A primeira etapa (preliminar) foi realizada na empresa Tapetes São Carlos, a fim de se

obter resultados comparativos e utilizou-se uma máquina universal (Anexo 14), fabricada pela

empresa Panambra, com as características ilustradas no quadro 18.


55

Quadro 18– Características da máquina universal.

Máquina Características
Modelo Versat 500
Número 1008
Fabricação 1987
Calibração Setting
Garra (Panambra) ZV733

A segunda etapa (oficial), foi realizada na Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho” – Campus de Bauru, utilizando a máquina universal (Anexo 15) da empresa

EMIC – Equipamentos e Sistemas de Ensaios Ltda, com as características ilustradas no

quadro 19. A célula de carga utilizada para o ensaio foi de 2000 Kg.

Quadro 19 – Características da máquina universal.

Máquina Características
Modelo DL 20000
Fabricação 2002
Medição Eletrônica
Capacidade 20000 Kg
Abertura (sem garras) 1220 mm

3.4.2. Resistência à flexão

Os ensaios de resistência à flexão foram realizados, também em duas etapas, com média

de cinco repetições por etapa, velocidade de ensaio de 1,5 mm/min e corpos de prova de

dimensões conforme a figura 24.

A primeira (preliminar) foi realizada na empresa Tapetes São Carlos, também objetivando

resultados comparativos e utilizando-se a mesma máquina, da primeira etapa, do ensaio de

tração.
56

A segunda etapa (oficial), foi realizada na Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho” – Campus de Bauru, utilizando-se a mesma máquina, da segunda etapa, do

ensaio de tração. A célula de carga utilizada para o ensaio foi de 2000 Kg.

3.4.3. Resistência ao impacto

O ensaio de resistência ao impacto, diferente dos ensaios anteriores, foi realizado em

apenas uma etapa e com média de cinco repetições. O ensaio foi realizado na empresa

UNIPAC, pertencente ao grupo Jacto, e utilizou-se uma máquina fabricada pela empresa

Microtest (Anexo 16), com as características ilustradas no quadro 20. As dimensões dos

corpos de prova são ilustradas na figura 25 e sua maior espessura foi obtida com o auxilio de

borrachas especiais para o fechamento do molde.

Quadro 20 - Características da máquina impacto.

Máquina Características
Modelo Série 5106
Número 061
Medição Analógica
Capacidade 4J

3.4.4. Envelhecimento artificial

O ensaio objetivou comparar o acabamento superficial dos corpos de prova reforçados

com fibras vegetais (0% e 20% de carga), com os corpos de prova reforçados com fibra de

vidro (0% e 20% de carga).

Realizado na empresa Tapetes São Carlos, com corpos de prova que possuem as mesmas

dimensões ilustradas na figura 23, o ensaio consistiu em submeter os mesmos a exposição de


57

radiações UV-b (lâmpadas de 40W) e de condensação de umidade, por um período total de

1175,5 horas – equivalente a 24 meses de exposição à luz solar. O tempo de exposição em

radiação UV-b foi de 60% do total, alternando em ciclos de 07 horas e 15 min. em exposição

à UV-b e 04 horas e 45 min. em exposição à condensação de umidade.

A temperatura da câmara e a umidade do ar foram mantidas a 50ºC e 60%,

respectivamente. O equipamento utilizado foi um aparelho de envelhecimento modelo CU-V

(Anexo 17), fabricado pela empresa Comexim – São Paulo/SP.

Para um melhor acompanhamento da possível degradação superficial do compósito, os

corpos de prova foram retirados da câmara gradualmente em períodos equivalente há 06

meses, conforme o quadro 21.

Quadro 21 – Períodos de exposição.

Exposição (horas) Tempo equivalente (meses)


300 06
590 12
900 18
1175,5 24

3.4.5. Ensaios complementares

A fim de obter a maior quantidade de dados possíveis, das fibras vegetais analisadas,

foram realizados (Quadro 22) os seguintes ensaios:

Quadro 22 – Ensaios complementares.

Ensaios Norma Unidade Amostras Testadas


Absorção de umidade GME 60.351 % Conf. Quadro 11
Estabilidade dimensional
GME 60.327 % Conf. Quadro 11
longitudinal
58

Realizados na empresa Tapetes São Carlos, os ensaios consistiram em expor os corpos de

prova a condições de 60% de umidade e 60ºC temperatura por um período de 24 horas na

câmara de envelhecimento artificial. Após esse período os corpos de prova, que possuem as

mesmas dimensões ilustradas na figura 23, foram retirados da câmara e analisados.

Tais ensaios foram considerados complementares, uma vez que não fazem parte do

objetivo desse trabalho e, devido ao curto espaço de tempo, não sofreram tratamento

estatístico. Contudo, colaboram para uma melhor compreensão dos compósitos analisados e,

auxiliam na abrangência dos resultados obtidos nos ensaios descritos anteriormente.

Figura 23 – Corpo de prova para ensaio de tração.


59

Figura 24 – Corpo de prova para ensaio de flexão.


60

Figura 25 – Corpo de prova para ensaio de impacto.

3.5. Tratamento estatístico dos resultados

Os resultados dos ensaios de resistência à tração, resistência à flexão, resistência ao

impacto, módulo de elasticidade e alongamento, foram submetidos à Análise de Variância

(ANOVA). Seguida da análise das médias, por meio do teste de Dunnett a 5% de

probabilidade, ou seja, apenas resultados com P<0,05, foram considerados estatisticamente

significativos. Nesse caso diz-se que o método é protegido (VIERIA, 1999).

O teste de Dunnett detectou probabilidades maiores que 5%, não sendo consideradas,

portanto, protegidas. Isso ocorre devido a grande variância ocorrida em determinados dados.

Porém, devido a não uniformidade, geralmente encontrada nos compósitos de plástico


61

reforçado e, à simulação precisa dos processos atualmente utilizados para confecção de

componentes reforçados com fibras de vidro, tais variâncias não foram considerados

prejudiciais para a análise dos resultados finais, sendo assim, os valores para P>0,05 foram

considerados viáveis.

Este teste é indicado para análises comparativas entre as médias do objeto de estudo e as

médias de um controle. O teste foi aplicado de duas maneiras: no primeiro caso, foi analisada

a influência da carga mineral nas propriedades físico-químicos dos compósitos. Assim, os

compósitos foram analisados separadamente, considerando-se como controle os resultados

óbitos com o teor de 0% de carga mineral, esses foram comparados aos resultados obtidos

com os teores de 10%, 20% e 30% da mesma.

No segundo caso, após a análise da carga nos compósitos, foram analisados os resultados

obtidos, nos ensaios, com as fibras vegetais (objeto de estudo) em comparação aos resultados

obtidos com a fibra de vidro (controle).

Dessa maneira, é possível saber se as médias são ou não iguais, considerando o nível de

significância determinado (P<0,05) e assim, constatar a real influência da carga mineral nos

compósitos reforçados com fibras vegetais e fibra de vidro. Do mesmo modo, é possível

averiguar, dentre as fibras vegetais analisadas, aquela que possui características semelhantes à

fibra de vidro, assim sendo, capaz de substituí-la na confecção de compósitos.


62

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Teor de reforço nas amostras

As diferentes densidades dos reforços, expostas no quadro 12, suas diferentes agulhagens

e o acréscimo gradual de carga mineral, inferem diretamente no teor de fibras vegetais,

utilizadas na produção das amostras.

A confecção das amostras reforçadas com fibras vegetais não tecidas (sisal e coco), foi

realizada com apenas uma manta, uma vez que o molde possui apenas 3mm de cavidade e tais

mantas contêm volume superior ao da manta de fibra de vidro. O volume superior das fibras

vegetais não tecidas ocasiona o chamado “calçamento do molde”, que significa o não

fechamento total deste, desse modo, foi necessária uma menor quantidade de mantas na

confecção dessas amostras.

Entretanto, tal fenômeno não é observado quando na confecção das amostras reforçadas

com fibras vegetais tecidas (juta). Dessa maneira, a produção das amostras reforçadas com

essa fibra, foi realizada com três mantas.

Assim, possuindo a manta de juta um alinhamento em suas fibras e tal alinhamento não

ocorrendo na confecção das mantas de sisal e coco, é possível conferir que tal característica, o

alinhamento das fibras, infere no teor de fibra vegetal quando na produção de compósitos com

baixa espessura (3mm). Devido, entre outras coisas, sua conseqüente diminuição e/ou

organização do volume da manta vegetal.

Contudo, quando na confecção das amostras para ensaio de impacto, confeccionados com

5mm de espessura, o “calçamento do molde” não foi observado. Desse modo, pode-se deduzir

que a espessura da peça a ser confeccionada, infere no teor de reforço do compósito. Ainda

assim, essas amostras contiveram as mesmas quantidades de mantas utilizadas para a

confecção das amostras de 3mm.


63

Na figura 26 é possível observar que, o aumento do percentual de carga mineral, também

ocasiona a redução do teor de fibra nas amostras (% em massa), ainda que seu volume

permaneça o mesmo. Tal verificação torna-se possível devida ser calcada no % de massa do

compósito e não no volume de fibra usada como reforço

A redução no teor de reforço ocorre devido o aumento da densidade das amostras,

ocasionado pela maior densidade do carbonato de cálcio (2,72 g/cm3), em relação à densidade

do reforço e da matriz. A relação entre os teores de carga mineral e fibra é pouco pronunciada

nas amostras reforçadas com fibra de vidro. Segundo Giacomini, isso ocorre devido à

densidade do vidro ser próxima a densidade da carga mineral.

O limite máximo do teor de carga mineral foi alcançado com 30%, acima disso, as

tentativas de confecção de compósitos no processo TRV (Transferência de Resina a Vácuo),

com os reforços utilizados, não obtiveram bons resultados e culminaram na reprovação das

amostras. Pois, a concentração de carga acima deste limite, impossibilitou a fluidez da matriz

por entre o reforço.

25
Teor de Fibra (% em massa)

20

15

10

0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga MIneral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra de Juta Fibra de Coco

Figura 26 – Influência da carga no teor de fibra.

Conforme verificado no quadro 11, o teor de fibra (em massa) do compósito, diminui à

medida que o teor de carga mineral é aumentado, dessa maneira é possível observar que a
64

carga mineral torna-se uma vantagem quando adicionada ao compósito. Pois, não infere

significativamente na resistência à tração e possui, geralmente, custo inferior comparado aos

outros materiais do compósito, portanto colabora com a redução do custo da peça final.

Porém, quando a negociação de produtos confeccionados com compósitos é realizada por

meio da variável peso, a adição da carga mineral torna-se onerosa para a empresa compradora

do produto final, pois a carga mineral aumenta o peso do produto e conseqüentemente seu

custo.

Nesse caso, o uso de fibra natural colabora com a redução do custo final do produto, pois

possui densidade inferior à fibra de vidro, portanto reduzindo o peso do produto, foi

observada uma redução entre 25% - 30% e, seu custo também é inferior ao custo da fibra de

vidro, portanto infere diretamente no custo do produto.

4.2. Resistência à tração

A figura 27 mostra a resistência à tração dos compósitos reforçados com fibras de vidro,

sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz poliéster.

45
Resistência à Tração (MPa)

40
35
30
25
20
15
10
5
0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra de Juta Fibra de Coco

Figura 27 – Resistência à tração.


65

De maneira geral e de acordo com os resultados, verifica-se a formação de dois grupos

que se diferenciam estatisticamente. O primeiro grupo, formado pelos compósitos

confeccionados com fibras alinhadas (tecidas), é significativamente superior ao segundo

grupo, formado pelos compósitos confeccionados com fibras não alinhadas (não tecidas).

Segundo análise, considerando a fibra de vidro como controle, é verificado que na

ausência de carga mineral, o compósito reforçado com fibra de juta apresenta maior

resistência à tração, contudo de maneira não significativa. Após a adição da carga, o controle

passa a ser superior aos demais, porém, somente na presença de 20% desta, a superioridade é

significativa. Nos demais teores, o compósito reforçado com fibras de vidro (controle)

equivale, estatisticamente, à fibra de juta.

Observa-se que, na presença de carga mineral, os compósitos reforçados com fibras de

sisal e coco não diferem entre si estatisticamente e apresentam comportamentos semelhantes.

Porém, ambos os compósitos são, significativamente, inferiores ao controle.

É possível concluir que, entre outras variáveis como processo de produção e tipo de

reforço, o alinhamento das fibras na confecção das mantas, contribui para o aumento da

resistência à tração de um compósito, isso é verificado na distinção dos grupos encontrados.

Ao se considerar a ausência de carga mineral como controle, verifica-se que esta apresenta

maior poder de atuação, na propriedade de resistência à tração, nos compósitos

confeccionados com fibras alinhadas.

Dessa maneira, pode-se afirmar que a interface reforço/matriz é estatisticamente afetada

pela adição de carga mineral, somente nos compósitos reforçados com fibras alinhadas. Pois,

os compósitos reforçados com fibras não alinhadas não apresentaram mudança significativa,

quando na presença de carga mineral.


66

Assim sendo, na resistência à tração, o compósito reforçado com fibras de vidro não difere

significativamente do compósito reforçado com fibras de juta, porém ambos superam

significativamente os compósitos reforçados com fibras de sisal e coco.

É possível concluir que, para a propriedade de resistência à tração, somente a fibra de juta,

dentre as fibras vegetais pesquisadas, apresenta condições de substituir o reforço de fibra de

vidro na confecção de compósitos, sem comprometer o produto final.

4.2.1. Reforço de fibra de Vidro

De acordo com os resultados, ao considerarmos a ausência de carga mineral como

controle estatístico, o compósito reforçado com fibra de vidro apresenta tendência ao aumento

significativo da resistência à tração, quando na presença de 10% de carga. A partir desse

limite a resistência à tração tende a diminuir à medida que se adiciona carga mineral ao

compósito. Entretanto, somente na presença de 30% desta, a resistência, ainda superior, volta

a ter equivalência estatística com o controle.

Dessa maneira, observa-se que para a propriedade mecânica de resistência à tração, a

adição de carga mineral acarreta efeito positivo ao compósito reforçado com fibras de vidro.

Porém, analisando os resultados, podemos concluir que o teor de 10% de carga mineral

apresenta-se como limite de aumento dessa propriedade.

É possível observar que, tanto na ausência quanto na presença de carga mineral, o

compósito reforçado com fibras de vidro, é superior aos demais compósitos analisados.

Assim, conclui-se que o reforço utilizado no compósito é o principal motivo de sua

superioridade.

As figuras 28 e 29 ilustram fotomicrografias das amostras reforçadas com fibras de vidro,

para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível observar, mesmo não havendo

uniformidade das fibras, melhor interface reforço/matriz no compósito reforçado com 10% de
67

carga mineral, pois se verifica maior destruição na matriz após o ensaio – ocasionada pela

extração forçada do reforço na matriz (efeito pull out). Sendo assim, conclui-se que a adição

de carga mineral colabora com uma melhor ancoragem do reforço na matriz, uma vez que na

presença desta, até o limite de 20%, constata-se um aumento significativo na resistência à

tração.

Figura 28 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 29 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.


68

A interface reforço/matriz é fator decisivo para o bom desempenho do produto

confeccionado com compósitos. É a região onde ocorre a semiose entre os materiais de um

compósito, ou seja, onde ambos recebem o código imposto pelo ensaio (força de tração), a

interpretam e transmitem, para a outra substância do compósito, o novo signo gerado por essa

interpretação.

Essa interface apresenta melhor desempenho em compósitos reforçados com fibras de

vidro, provavelmente por serem materiais criados e manipulados industrialmente e por

possuírem hábitos cristalizados. Hábitos cristalizados, segundo Peirce (2003), possuem maior

previsibilidade de conduta, ou seja, a criação desses materiais é direcionada para a obtenção

de compósitos, portanto sua conduta (reação), quando exposta a cargas de ensaios, tem maior

grau de previsibilidade, manipulada ainda na sua confecção. Essa previsibilidade não acontece

facilmente com as fibras vegetais, pois são materiais ainda em processo de formação e

desenvolvimento, ou seja, não possuem hábitos cristalizados e, portanto, apresentam um grau

de previsibilidade baixo.

Isso pode explicar o comportamento distinto para fibras de mesma fonte biológica, porém

vindas de localidades distantes. Pois, a interação dessa fonte com seu entorno, infere na

composição da planta e conseqüentemente, da fibra, assim inferindo também na sua

interpretação às solicitações mecânicas.

Dessa maneira, os resultados mostram-se condizentes com a teoria de Peirce (1939 – 1914

apud SILVEIRA, 2005) ao discorrer que a mente, geradora da comunicação e interpretação,

está em todos os seres. Isso implica nas diversas composições de fibras, dentro de uma mesma

espécie, porém em locais distantes no globo.


69

4.2.2. Reforço de fibra de Sisal

Segundo análise estatística, a adição de carga mineral não atua de maneira significativa,

no compósito reforçado com fibras de sisal, em relação ao controle (ausência de carga).

Verifica-se tendência à estabilidade da resistência à medida que se adiciona carga mineral ao

compósito.

Vale lembrar que os resultados encontrados para o compósito reforçado com fibras de

sisal, devido a alta dispersão dos dados, apresentaram P>0,05, portanto acima do considerado

como estatisticamente significativo (5% de probabilidade). Assim, podes-se dizer que a

análise estatística para o compósito não está protegida.

Ao considerarmos como controle o compósito reforçado com fibras de vidro, o compósito

reforçado com fibras de sisal apresenta-se significativamente inferior a este, e ao compósito

reforçado com fibras de juta. Contudo, não difere estatisticamente do compósito reforçado

com fibras de coco.

As figuras 30 e 31 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibras de sisal, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível verificar que em

ambos os casos, não há uniformidade na distribuição das fibras e, após o ensaio, ocorre um

descolamento entre reforço e matriz. Assim, pode-se concluir que a interface reforço/matriz é

fraca, pois a ancoragem do reforço na matriz é baixa. Obtém-se tal conclusão ao analisarmos

que, após o ensaio, não destruição da matriz (pull out).

Deste modo, é possível inferir que a adição de carga mineral, que tem por objetivo o

aumento da resistência à tração, é ineficaz para compósitos reforçados com fibras de sisal,

pois não colabora com a interface reforço/matriz.


70

Figura 30 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 31 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.2.3. Reforço de fibra de Juta

De acordo com os resultados, o compósito reforçado com fibras de juta apresenta

tendência ao aumento, significativo, da resistência à tração, quando na presença de 10% de

carga mineral. Na presença de 20% e 30% desta, a resistência tende a diminuir e estabilizar-se

com o controle (0% de carga).

Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral, até o teor de 10% desta, acarreta

efeito positivo, na resistência à tração, ao compósito reforçado com fibras de juta. Assim,

nota-se que o fenômeno de proporcionalidade, entre o teor de carga mineral e a resistência à


71

tração, verificado no compósito reforçado com fibras de vidro, não ocorre para o compósito

reforçado com fibras de juta.

Entretanto, o aparecimento do teor de 10% de carga mineral como limite de aumento

dessa propriedade, é análogo ao encontrado no compósito reforçado com fibras de vidro.

Onde, a partir deste limite, a resistência tende a diminuir à medida que se aumenta o teor de

carga do compósito. Essa analogia entre os comportamentos enfatiza o aparecimento do grupo

formado pelos compósitos reforçados com fibras de vidro e juta.

Ao lado da fibra de vidro, a fibra de juta, apresenta-se significativamente superior, na

resistência à tração, às fibras de sisal e coco.

As figuras 32 e 33 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de juta, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível verificar que em

ambos os casos, há uniformidade na distribuição das fibras, uma vez que as mesmas são

tecidas, em cordas, para a confecção das mantas. Após o ensaio, ocorre o descolamento entre

reforço e matriz, e verifica-se que as cordas de fibra se rompem em diferentes localizações; na

periferia, que permanece ancorada à matriz polimérica e no centro, que não possui interface

com a matriz, devido à confecção da manta em cordas de fibras. Desse modo, a matriz não

alcança o interior das cordas.

Apenas nos compósitos reforçados com fibras de sisal e coco, agulhadas de maneira

individual (não tecidas), obtém-se total molhagem e/ou cobertura, do reforço pela matriz.

É possível verificar, que após o ensaio, ocorre maior rompimento da matriz para o

compósito reforçado com 10% de carga mineral, mesmo efeito verificado para o compósito

reforçado com fibra de vidro. Sendo assim, nota-se melhora na interface refroço/matriz, à

medida que se adiciona carga ao compósito.


72

Do mesmo modo, conclui-se que a adição de carga mineral colabora para um aumento na

resistência à tração, até o limite de 10%, uma vez que sua presença ao compósito apresenta

valor, significativamente, superior ao controle.

Figura 32 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 33 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.2.4. Reforço de fibra de Coco

Conforme resultados, a adição de carga mineral não atua de maneira significativa, na

resistência à tração, no compósito reforçado com fibras de coco. Pois, assim como no
73

compósito reforçado com fibras de sisal, não há mudança significativa, em relação ao

controle.

Observa-se, contudo, tendência ao aumento da resistência à medida que se adiciona carga

mineral ao compósito. No entanto, tal aumento não é estatisticamente significativo. Dessa

maneira, pode-se dizer que o comportamento do compósito reforçado com fibras de coco, no

ensaio de tração, é análogo ao comportamento encontrado no compósito reforçado com fibras

de sisal, para o mesmo ensaio.

Ao se considerar como controle, o compósito reforçado com fibras de vidro, o compósito

reforçado com fibras de coco é significativamente inferior, na resistência à tração, na ausência

e/ou na presença de carga mineral. Enfatizando assim, o aparecimento do grupo formado por

compósitos reforçados com fibras não alinhadas.

As figuras 34 e 35 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de coco, para os teores de 0% e 10% de carga mineral, onde se observa que em

ambos os casos, não ocorre uniformidade na distribuição das fibras.

Ao analisar, após o ensaio, a não destruição da matriz, ocasionada pelo desprendimento do

reforço, é possível verificar a ocorrência do total descolamento entre reforço e matriz, sem o

aparecimento do efeito pull out. Pode-se concluir que a interface entre os componentes do

compósito é considerada fraca, pois a ancoragem do reforço na matriz é baixa. Tal fenômeno

ocorre, nitidamente, no compósito reforçado com fibras de coco, devido à oleosidade

superficial das fibras, que dificulta sua ancoragem na matriz.

Assim, a adição de carga mineral, não possui efeito positivo no compósito reforçado com

fibras de coco, pois não colabora com a interface reforço/matriz. Sendo assim, sua adição no

compósito é considerada ineficaz e, faz-se necessário um prévio tratamento superficial das

fibras, para aumentar sua ancoragem na matriz e, conseqüentemente, favorecer o aumento da

resistência à tração do compósito.


74

Figura 34 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 35 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.2.5. Módulo de Elasticidade

A figura 36 mostra o módulo de elasticidade dos compósitos reforçados com fibras de

vidro, sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionadas à matriz

polimérica.
75

7000

Módulo de Elasticidade
6000
5000

(MPa)
4000
3000
2000
1000
0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra de Juta Fibra de Coco

Figura 36 – Módulo de Elasticidade.

De modo geral, verifica-se que os compósitos reforçados com fibras de vidro e juta

diferenciam-se estatisticamente, somente na ausência de carga mineral. Dessa maneira,

quando na presença desta, esses compósitos são considerados compatíveis. Contudo, ambos

diferem, significativamente, dos compósitos reforçados com fibras de sisal e coco que, por

sua vez, não diferem entre si.

De acordo com os resultados, a adição de carga mineral, para todos os compósitos, possui

tendência ao aumento do módulo de elasticidade. É possível notar a ocorrência do fenômeno

encontrado anteriormente, ou seja, a formação de dois grupos de compósitos distintos,

significativamente, entre si.

O grupo formado pelos compósitos reforçados com fibras alinhadas (vidro e juta) possui

maior módulo de elasticidade, comparado ao grupo formado pelos compósitos reforçados com

fibras sem alinhamento (sisal e coco). Assim sendo, é possível concluir que, assim como na

resistência à tração, o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, contribui para o

aumento do módulo de elasticidade de um compósito, verificado na distinção dos grupos

encontrados.
76

Com exceção do compósito reforçado com fibras de coco, onde somente o teor de 30%

apresenta aumento significativo em relação ao controle, todos os demais compósitos

apresentam aumento significativo, quando na presença de carga mineral. Contudo, é possível

verificar que nos compósitos reforçados com fibras de juta e vidro, o aumento do módulo de

elasticidade, é mais proeminente.

Esse fenômeno reforça o aparecimento, já encontrado para a resistência à tração, de dois

grupos distintos entre si formados por compósitos reforçados com fibras alinhadas e aqueles

reforçados com fibras não alinhadas.

Desse modo, pode-se afirmar que a adição de carga mineral aos compósitos colabora com

o aumento do módulo de elasticidade destes e que o surgimento de grupos, caracterizados

pelo tipo de reforço, são condizentes com os resultados encontrados para a resistência à

tração, ou seja, a compatibilidade entre os compósitos reforçados com fibras de juta e fibras

de vidro.

4.2.6. Alongamento

A figura 37 mostra o alongamento dos compósitos reforçados com fibras de vidro, sisal,

juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionadas à matriz polimérica.

2,5000
Alongamento (%)

2,0000

1,5000

1,0000

0,5000

0,0000
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra de Juta Fibra de Coco

Figura 37– Alongamento.


77

De acordo com os resultados, na presença de carga mineral, todos os compósitos

apresentam tendência à diminuição do alongamento na ruptura.

Com exceção do compósito reforçado com fibras de vidro, onde somente o teor de 10%

apresenta aumento em relação ao controle, todos os demais compósitos apresentam

diminuição, quando na presença de carga mineral. Porém, somente o compósito reforçado

com fibras de juta, apresenta diminuições significativas.

Na ausência de carga mineral, é verificada a formação de dois grupos, distintos entre si de

maneira significativa. No entanto, observa-se que o aparecimento de dois grupos distintos,

formados por fibras alinhadas e fibras não alinhadas, não ocorrem no alongamento.

Segundo os resultados. Verifica-se pequena distinção de comportamento para o compósito

reforçado com fibras de coco, que possui o menor elasticidade entre todos os compósitos,

seguido do compósito reforçado com fibras de vidro.

Desse modo pode-se afirmar que a adição de carga mineral não infere no alongamento, de

maneira significativa, nos compósitos reforçados com fibras de vidro, sisal e coco. Porém, a

presença de carga mineral mostra-se atuante e significativa, na diminuição do alongamento,

para o compósito reforçado com fibras de juta. Conclui-se também o alongamento do

compósito está diretamente relacionado com a resistência à tração das fibras utilizadas como

reforço, ou seja, os resultados estão condizentes com os valores encontrados, na literatura

(quadro 07), das fibras analisadas.

O quadro 23 ilustra os valores médios encontrados no ensaio de tração, módulo de

elasticidade e alongamento, para todos os teores de carga mineral. O anexo 18 apresenta

resumo de todos os valores encontrados para a resistência à tração, módulo de elasticidade e

alongamento. Assim como suas respectivas análises, via teste de Dunnett.


78

Quadro 23 – Valores médios encontrados.

Resistencia à Tração (MPa)


Teor de carga
mineral Vidro Sisal Juta Coco
(CaCO3)
0% 23,27 16,05 23,88 11,13
10% 39,36 15,42 30,70 11,81
20% 38,01 13,86 20,12 9,14
30% 28,93 16,11 27,26 12,53

Módulo de Elasticidade (MPa)


Teor de carga
mineral Vidro Sisal Juta Coco
(CaCO3)
0% 4720,99 3624,41 3955,58 3357,47
10% 6055,57 4330,81 6343,33 4272,73
20% 5975,24 4107,08 5891,92 4704,1
30% 5691,9 4357,71 5658,14 4777,94

Alongamento (%)
Teor de carga
mineral Vidro Sisal Juta Coco
(CaCO3)
0% 0,7783 1,6820 1,9100 0,3757
10% 1,0314 0,8750 1,3983 0,3500
20% 0,82 0,45 0,57 0,16
30% 0,56 0,53 1,27 0,32
79

4.3. Resistência à flexão

A figura 38 mostra a resistência à flexão dos compósitos reforçados com fibras de vidro,

sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz poliéster.

160
Resistência à Flexão (N)

140
120
100
80
60
40
20
0
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra De Juta Fibra de Coco

Figura 38 – Resistência à Flexão.

De acordo com os resultados, tal como ocorrido na propriedade de resistência à tração,

podemos observar que a carga mineral apresenta maior desempenho, nos compósitos

confeccionados com fibras alinhadas (tecidas), comparadas aos compósitos confeccionados

com fibras não alinhadas (não tecidas). Repetindo assim, a formação de dois grupos que se

diferenciam estatisticamente.

Dessa maneira, pode-se afirmar que a interface reforço/matriz é significativamente afetada

pela adição de carga mineral somente nos compósitos reforçados com fibras tecidas.

Favorecendo assim, sua maior resistência à flexão, comparada ao grupo formado pelos

compósitos reforçados com fibras não alinhadas.


80

Para a propriedade de resistência à flexão e na presença de carga mineral, o compósito

reforçado com fibras de vidro não difere significativamente do reforçado com fibras de juta,

porém ambos superam significativamente aqueles reforçados com fibras de sisal e coco. Na

ausência de carga mineral, o compósito reforçado com fibra de vidro difere dos demais

estatisticamente.

Observa-se que na presença de carga, os compósitos reforçados com fibras de sisal e coco

não diferem entre si estatisticamente e apresentam comportamentos análogos. Porém, ambos

os compósitos são significativamente inferiores ao controle.

O fenômeno da influência do alinhamento das fibras é observado na resistência à flexão a

partir do teor de 10% de carga mineral. Com isso podemos dizer que na ausência desta o

alinhamento das fibras não infere, significativamente, na resistência à flexão dos compósitos.

Contudo, na presença de carga mineral, nos compósitos com fibras alinhadas, contribui para a

redução da resistência à flexão do compósito reforçado com fibras de vidro e para o aumento

da resistência do compósito reforçado com fibras de juta. Esse fenômeno não foi observado

nos compósitos com fibras não alinhadas.

É possível concluir que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, contribui para

o aumento da resistência à flexão de um compósito, verificado na distinção dos grupos

encontrados. Essa característica é encontrada também na propriedade de resistência à tração.

Dessa maneira, é possível deduzir que, a interface reforço/matriz é significativamente

afetada, pela adição de carga mineral, somente nos compósitos reforçados com fibras

alinhadas. Contudo, essa afecção ou capacidade dos objetos de se afetarem mutuamente

(PEIRCE, 2003), não ocorre para compósitos com fibras desalinhadas.

É possível concluir, de maneira geral e similar ao ensaio de tração, que para a propriedade

de resistência à flexão, somente a fibra de juta, dentre as fibras vegetais pesquisadas,


81

apresenta condições de substituir o reforço de fibra de vidro na confecção de compósitos, sem

comprometer o produto final.

A fim de possibilitar a captura das fotomicrografias do ensaio de flexão, fez-se necessário,

após a obtenção dos resultados, a continuidade da força para a total ruptura dos corpos de

prova. Pois, os mesmos sofreram apenas ruptura parcial, para todos os tipos de reforço e teor

de carga mineral.

4.3.1. Fibra de Vidro

Para o compósito reforçado com fibras de vidro, a análise estatística não detectou

diferença significativa, para a adição de carga mineral, quando a ausência desta é considerada

como controle. Assim, a adição de carga não infere na propriedade de resistência à flexão do

compósito. Contudo, considerando-se o tipo de reforço utilizado como controle, o compósito

mostrou-se, na ausência de carga, estatisticamente superior aos demais, porém na presença

desta, o mesmo torna-se equivalente ao compósito reforçado com fibras de juta.

É possível verificar tendência à diminuição, não significativa, da resistência à flexão, a

medida em que se adiciona carga mineral. Quando na presença de 10% e 20% de carga,

ocorre grande diminuição da resistência, seguida de estabilidade até o teor de 20% desta.

Contudo, na presença de 30% de carga, a resistência à flexão tende a aumentar, mas ainda

apresenta valor inferior ao controle, apesar disso, tal valor não mostra diferença estatística

significativa.

Dessa maneira, apesar de não apresentar atuação significativa no compósito, observa-se

que a adição de carga mineral acarreta um efeito negativo na resistência à flexão. Porém,

conclui-se que o teor de 10% de carga mineral apresenta-se como um limite de diminuição

dessa propriedade. A partir deste, a resistência tende a aumentar à medida que se aumenta o

teor de carga do compósito.


82

Vale lembrar que, os resultados encontrados para o compósito reforçado com fibras de

vidro apresentaram P>0,05, portanto acima do considerado estatisticamente significativo (5%

de probabilidade). Assim, podes-se dizer que a análise estatística para o compósito reforçado

com fibras de vidro, não está protegida.

As figuras 39 e 40 ilustram fotomicrografias das amostras reforçadas com fibra de vidro,

para os teores de 0% e 10% de carga mineral. É possível verificar, que após o ensaio ocorre o

rompimento da matriz, ocasionado pelo efeito pull out, em ambos os teores de carga. Sendo

assim, pode-se observar uma estabilidade da interface reforço/matriz evidenciando que a

adição de carga mineral não atua no compósito, para a resistência à flexão, de maneira a

melhorar ancoragem do reforço na matriz.

Figura 39 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.


83

Figura 40 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.3.2. Fibra de Sisal

Segundo análise estatística, a adição de carga mineral não atua de maneira significativa no

compósito reforçado com fibras de sisal, ilustrando dessa maneira tendência à estabilidade.

Conforme os resultados, o teor de 10% de carga mineral apresenta-se como um ápice de

aumento da resistência à flexão. A partir deste, a resistência tende a diminuir à medida que se

aumenta o teor de carga do compósito, contudo, não há mudança significativa em relação ao

controle.

As figuras 41 e 42 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de sisal, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Verificam-se fenômenos

semelhantes aos encontrados no ensaio de tração; não há uniformidade na distribuição das

fibras e há evidencias do fácil descolamento entre reforço e matriz. A estabilidade encontrada

na resistência à flexão pode estar relacionada à fraca interface reforço/matriz e ao não

favorecimento desta por meio da adição de carga mineral, efeito também observado na

resistência à tração.
84

Deste modo, é possível deduzir que a adição de carga mineral, para a propriedade de

resistência à flexão, não possui efeito no compósito reforçado com fibras de sisal, pois não

favorece a interface reforço/matriz. Sendo assim, sua adição não se justifica em componentes

onde tal propriedade mecânica é solicitada com intensidade.

Figura 41 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 42 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.3.3. Fibra de Juta

De acordo com os resultados, o compósito reforçado com fibras de juta apresenta

tendência ao aumento, significativo, da resistência à flexão, para os teores de 10% e 30% de

carga mineral. Na presença de 20% desta, a resistência sofre diminuição e passa a não se
85

diferenciar, estatisticamente, do controle, porém permanece superior a este. O comportamento

do compósito, para o ensaio de flexão, é similar ao comportamento encontrado no ensaio de

tração; aumento para os teores de 10% e 30% de carga mineral, e pequena diminuição quando

na presença de 20% desta.

Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral ocasiona um efeito positivo, na

resistência à flexão, ao compósito reforçado com fibra de juta. É verificado, que a resistência

tende a aumentar a medida em que se adiciona carga mineral ao compósito.

As figuras 43 e 44 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de juta, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Em ambos os casos,

encontram-se fenômenos iguais aos encontrados no ensaio de tração; uniformidade na

distribuição das fibras, descolamento entre reforço e matriz e o rompimento das cordas de

fibras em diferentes localizações – na periferia, que permanece ancorada à matriz polimérica e

no centro, que não possui interface com a matriz.

O efeito de rompimento das cordas em locais diferentes, assim como no ensaio de tração,

explica-se pela dificuldade da matriz polimérica penetrar no interior das cordas de juta, e

envolver as fibras internas, assim, nessa região, não há a formação da interface reforço/matriz.

Mesmo não sendo possível verificar a ação da carga mineral no compósito, conclui-se que

a adição desta favorece a interface reforço/matriz, uma vez que colabora com o aumento da

resistência à flexão, comparado ao controle.


86

Figura 43 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 44 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.3.4. Fibra de Coco

Conforme resultados, a adição de carga mineral não atua de maneira significativa no

compósito reforçado com fibras de coco. Verifica-se uma tendência de aumento da resistência

à flexão quando na presença de carga mineral. Contudo, ocorre aumento significativo, em

relação ao controle, somente na presença de 10% de carga. Dessa maneira, pode-se dizer que

o comportamento da fibra de coco no ensaio de flexão é similar ao comportamento

encontrado na fibra de sisal, para o mesmo ensaio. Esse fenômeno de similaridade, entre o

compósito reforçado com sisal e coco, foi encontrado também no ensaio de tração.
87

As figuras 45 e 46 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de coco, para os teores de 0% e 10% de carga mineral, onde se observa que, em

ambos os casos, não ocorrem uniformidade na distribuição das fibras.

Pode-se observar a fraca interface reforço/matriz, ao analisar o total desprendimento do

reforço e não rompimento da matriz, efeito encontrado também no ensaio de tração. Devido à

presença de oleosidade superficial nas fibras de coco, que dificulta sua ancoragem.

Dessa maneira, a adição de carga mineral, não possui efeito positivo no compósito

reforçado com fibras de coco, para a propriedade de resistência à flexão, pois não favorece a

interface reforço/matriz. Faz-se necessário prévio tratamento superficial das fibras, para

aumentar seu poder de ancoragem na matriz e, conseqüentemente, colaborar para o aumento

da resistência à flexão do compósito.

Figura 45 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.


88

Figura 46 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.


.

O quadro 24 ilustra os valores médios encontrados no ensaio de flexão e o anexo 19

apresenta resumo de todos os valores encontrados na resistência à flexão e respectiva análise,

por meio do teste de Dunnett.

Quadro 24 – Valores médios encontrados.

Resistencia à Flexão (N)


Teor de carga
mineral Vidro Sisal Juta Coco
(CaCO3)
0% 146,7 57,7 78,1 39,8
10% 109,6 72,4 111,3 52,4
20% 114,3 51,3 97,3 47,1
30% 137,9 56,2 112,7 46,3
89

4.4. Resistência ao impacto

A figura 47 mostra a resistência ao impacto dos compósitos reforçados com fibras de

vidro, sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz

poliéster.

120,00
Resistência ao Impacto (J/m)

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra de Juta Fibra de Coco

Figura 47 – Resistência ao impacto.

De acordo com os resultados, o fenômeno do melhoramento da propriedade física, devido

o alinhamento das fibras, encontrado nos ensaios anteriores, não é aqui verificado. Assim, há

a formação de grupos que se diferenciam estatisticamente, porém de maneira diferenciada aos

grupos formados até então. Pois, há um grupo formado somente pelo compósito reforçado

com fibras de vidro e outro formado pelos compósitos reforçados com fibras vegetais.

Para a propriedade de resistência ao impacto, o compósito reforçado com fibras de vidro,

na ausência ou na presença de carga mineral, possui comportamento estatisticamente superior

aos compósitos reforçados com fibras vegetais.

Por outro lado, as fibras vegetais apresentam comportamentos semelhantes entre si, até o

teor de 10% de carga. A partir deste limite, a medida que se adiciona carga mineral, o
90

compósito reforçado com fibras de juta apresenta resistência significativamente inferior aos

compósitos reforçados com fibras de sisal e coco. Contudo, estes últimos não apresentam

diferença entre si, para qualquer teor de carga mineral.

Verifica-se, segundo análise estatística que, a interface reforço/matriz é significativamente

afetada pela adição de carga mineral, somente nos compósitos reforçados com fibras de sisal e

juta. Dessa forma, a afecção – capacidade dos objetos de se afetarem mutuamente (PEIRCE,

2003) – não ocorre de maneira a obedecer ao alinhamento das fibras, mas sim devido sua

capacidade de ancoragem à matriz.

É possível concluir que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, não contribui

para o aumento da resistência ao impacto dos compósitos reforçados com fibras vegetais e,

que estes compósitos apresentam maior fragilidade, devido a inferior interface reforço/matriz.

Dessa maneira, a absorção de energia no impacto, ocasionada pelo efeito pull out, é pequena

e, resulta na baixa resistência ao impacto, encontrada nos compósitos reforçados com fibras

vegetais.

É possível concluir, diferentemente dos ensaios anteriores, que para a propriedade de

resistência ao impacto, nenhuma das fibras vegetais pesquisadas, apresentam condições de

substituir o reforço de fibra de vidro na confecção de compósitos, sem comprometer o produto

final. Assim, a resistência ao impacto pode ser considerada como uma característica limitante

para determinadas aplicações externas, nos produtos.

4.4.1. Fibra de Vidro

De acordo com os resultados e comparado ao controle estatístico de 0% de carga mineral,

o compósito reforçado com fibra de vidro apresenta tendência ao aumento, não significativo,

da resistência ao impacto quando na presença de 10% de carga. A medida em que se adiciona


91

carga ao compósito, a resistência diminui, entretanto, os valores diminutos não apresentam

diferença significativa ao controle.

Assim, devido a não ocorrência de qualquer efeito significativo ao compósito, pode se

dizer que na presença de carga, o compósito tende à estabilidade da resistência ao impacto,

uma vez que não necessita de maior consumo de energia para ocasionar sua ruptura.

Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral não favorece a absorção de

energia do compósito reforçado com fibra de vidro. Entretanto, pode-se concluir que o teor de

10% de carga mineral apresenta-se como um limite de aumento da resistência ao impacto.

Vale lembrar que os resultados encontrados, devido a alta dispersão dos dados,

apresentaram P>0,05, portanto acima do considerado como estatisticamente significativo (5%

de probabilidade). Assim, pode-se dizer que a análise estatística para o compósito reforçado

com fibras de vidro, não está protegida.

As figuras 48 e 49 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de vidro, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Verifica-se que após o

ensaio ocorre uma nítida destruição da matriz, ocasionada pelo arrancamento do reforço, tal

fenômeno é encontrado de maneira semelhante nos ensaios de tração e flexão. Sendo assim,

apesar de não ser possível averiguar com efetiva precisão a interface matriz/reforço, pode-se

concluir que a mesma é considerada forte, pois, conforme observado no efeito pull out, a

ancoragem do reforço na matriz é alta.

Do mesmo modo, conclui-se que a adição de carga mineral não favorece uma melhor

ancoragem do reforço na matriz, uma vez que sua adição ao compósito não ocasiona um

aumento significativo na resistência ao impacto, não colaborando com o aumento da absorção

de energia do material.
92

Figura 48 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 49 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.4.2. Fibra de Sisal

Segundo análise estatística, verifica-se que na presença de carga mineral o compósito

apresenta tendência à diminuição da resistência ao impacto. Entretanto, não apresentando

diferença significativa em relação ao controle.

Desse modo, pode-se inferir que apesar da queda, o compósito reforçado com fibras de

sisal apresenta, após a adição de carga mineral, estabilidade na resistência ao impacto. Assim,

conclui-se que a carga desfavorece a interface reforço/matriz, devido a menor energia

absorvida no impacto, e sua adição se faz prejudicial ao compósito.


93

As figuras 50 e 51 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de sisal, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Pode-se observar que em

ambos os casos, não há uniformidade na distribuição das fibras, devido a agulhagem das

mantas e, há o descolamento entre reforço e matriz. Assim como nos ensaios anteriores, tal

conclusão pode ser obtida ao analisarmos a não destruição da matriz, ocasionada pelo efeito

pull out. Dessa maneira, confirma-se a fraca interface reforço/matriz, também encontrada nos

demais ensaios.

Verifica-se na matriz do compósito a formação de bolhas de ar, tal fenômeno pode

justificar a fraca interface dos constituintes do compósito. Contudo, não justifica a tendência

de diminuição da resistência ao impacto, encontrada nos resultados, pois tais falhas na

formação da matriz foram encontradas em poucos corpos de prova. A formação de bolhas

pode ser ocasionada, entre outras coisas, devido o aumento da espessura das amostras

confeccionadas para o ensaio de impacto, e a permanência do volume de reforço das mesmas.

Assim, há maior volume, na cavidade do molde, a ser preenchido pela mais polimérica e,

conseqüentemente, maior volume de ar a ser expelido do interior da ferramenta.

Deste modo, é possível inferir que a adição de carga mineral, não possui efeito

significativo no compósito reforçado com fibras de sisal e não colabora com a interface

reforço/matriz. A medida em que se aumenta a espessura do compósito confeccionado, deve-

se aumentar o volume de reforço deste, assim pode-se diminuir o aparecimento de falhas

(bolhas) na matriz, que desfavorecem sua interface com o reforço e a diminuição da energia

necessária para romper o compósito.


94

Figura 50 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 51 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.4.3. Fibras de Juta

Os resultados encontrados, no compósito reforçado com fibras de juta, de modo geral apresentam

tendência à diminuição da resistência ao impacto à medida que se adiciona carga mineral ao

compósito. Tais resultados mostram-se contrários aos encontrados nos ensaios de tração e

flexão onde, à medida que se adiciona carga mineral, verifica-se o aumento da respectiva

propriedade mecânica.

O teor de 10% desta, apresenta-se como o limite do aumento da resistência ao impacto,

contudo tal aumento não difere significativamente do controle. Portanto, o compósito, até esse

limite, mostra-se estável. A partir deste limite, a resistência apresenta rápida diminuição e, ao
95

atingir 30% de carga mineral no compósito, a capacidade de absorção de energia do

compósito, atinge diferença estatisticamente significativa ao controle.

Dessa maneira, observa-se que a adição de carga mineral ao compósito acarreta efeito

negativo na absorção de energia do material quando submetido ao impacto. À medida que se

aumenta o teor de carga no compósito a interface reforço/matriz é desfavorecida.

As figuras 52 e 53 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de juta, para os teores de 0% e 10% de carga mineral. Em ambos os casos,

encontram-se fenômenos semelhantes aos encontrados nos ensaios de tração e flexão;

uniformidade na distribuição das fibras, descolamento entre reforço e matriz e o rompimento

das cordas de fibras em diferentes localizações (periferia e centro das cordas). A repetição do

fenômeno ocorre pelas mesmas razões descritas nos ensaios anteriores; não formação de

interface entre matriz e o interior das cordas de juta.

É possível verificar que após o ensaio, não ocorre diferença na destruição da matriz,

devido o desprendimento do reforço. Sendo assim, nota-se uma estabilidade e/ou fragilidade

da interface reforço/matriz.

Figura 52 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.


96

Figura 53 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

4.4.4. Fibras de Coco

De acordo com os resultados, o compósito reforçado com fibras de coco apresenta

tendência ao aumento da resistência ao impacto à medida que se adiciona carga mineral.

Contudo, tal efeito não atua de maneira significativa no compósito. O comportamento de

aumento na propriedade mecânica, porém de maneira não significativa, é encontrado também

nos ensaios de tração e flexão.

As figuras 54 e 55 ilustram fotomicrografias da seção transversal das amostras reforçadas

com fibra de coco, para os teores de 0% e 10% de carga mineral, onde se observam os

mesmos fenômenos encontrados nos ensaios de tração e flexão, para o mesmo compósito. Em

ambos os casos, não há uniformidade na distribuição das fibras, pode-se observar uma fraca

interface reforço/matriz, ocasionada pela presença de oleosidade superficial nas fibras de

coco, que dificulta sua ancoragem.

Dessa maneira, a adição de carga mineral, não possui efeito de aumentar a absorção de

energia do compósito reforçado com fibras de coco, já que não favorece a interface

reforço/matriz. Faz-se necessário prévio tratamento superficial das fibras, para aumentar seu

poder de ancoragem na matriz e, conseqüentemente, colaborar para o aumento da resistência

do compósito.
97

Figura 54 – Fotomicrografia de compósito com 0% de carga mineral.

Figura 55 – Fotomicrografia de compósito com 10% de carga mineral.

O quadro 25 ilustra os valores médios encontrados no ensaio de impacto e o anexo 20

apresenta resumo de todos os valores encontrados na resistência ao impacto e respectiva

análise, por meio do teste de Dunnett.

Quadro 25 – Valores médios encontrados.

Resistencia ao Impacto (J/m)


Teor de carga
mineral Vidro Sisal Juta Coco
(CaCO3)
0% 23,27 16,05 23,88 11,13
10% 39,36 15,42 30,7 11,81
20% 38,01 13,86 20,05 9,14
30% 29,19 16,11 27,26 12,53
98

4.5. Envelhecimento artificial

De modo geral, o compósito reforçado com fibras de vidro, apresenta superioridade aos

compósitos reforçados com fibras vegetais. Pois, apresenta menor degradação superficial após

submissão ao ensaio, seguido pelo compósito reforçado com fibras de juta. Desse modo, todos

os compósitos reforçados com fibras vegetais necessitam de tratamento superficial, por meio

de pintura, a fim de prolongar sua eficiência e vida útil.

Assim, é possível observar a formação de grupos formados por fibras alinhadas e fibras

não alinhadas onde, os compósitos reforçados com fibras alinhadas apresentam menor

degradação superficial. Dessa maneira, pode-se inferir que o alinhamento das fibras infere no

acabamento superficial dos compósitos.

Depois de realizado o ensaio, aconselha-se nova realização dos ensaios mecânicos de

tração, flexão e impacto, a fim de possibilitar a verificação do efeito causado no compósito,

após determinado período de exposição a intempéries.

Contudo, nesse trabalho objetivou-se apenas a análise do efeito “casca de laranja”

ocorrido na superfície do compósito. No entanto, tal análise mostra-se necessária a fim de

comprovar a viabilidade de utilização de fibras vegetais, em componentes utilizados em

ambientes abertos.

4.5.1. Fibra de Vidro

A figura 56 mostra amostras reforçadas com fibras de vidro, antes do ensaio e após as

etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de

20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de

iluminação e distância.
99

Verifica-se que, depois de completado todo o tempo de ensaio, não há afloramento do

reforço na superfície do compósito. Observa-se a degradação parcial do gel coat, a partir de

300 horas de ensaio. Esse é aplicado para produzir melhor acabamento na superfície da peça,

reduzindo o aparecimento de bolhas ou porosidade.

De acordo com a figura, não é possível notar atuação da ausência ou presença de carga

mineral no compósito, pois ambas amostras não apresentam diferença visual.


100

Figura 56 – Envelhecimento artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral, respectivamente.

4.5.2. Fibra de Sisal

A figura 57 mostra amostras reforçadas com fibras de sisal, antes do ensaio e após as

etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de

20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de

iluminação e distância e, para melhor visualização dos resultados, sofreram tratamento digital.

É possível observar que há o afloramento das fibras na superfície do compósito, protegida

pelo gel coat, em todas os períodos de exposição. Contudo, o mesmo não ocorre antes da

realização do ensaio.

Do mesmo modo, o fenômeno ocorrido, não apresenta aumento à medida que se prolonga

o tempo de exposição ao envelhecimento. Pode-se dizer que o afloramento das fibras ocorre

devido à absorção de umidade ocorrida, durante a exposição ao ensaio.

De acordo com a figura, não se verifica relação da carga mineral no afloramento do

reforço, pois ambas amostras não apresentam diferença visual. Porém, entre as amostras

submetidas a 1175 horas de exposição, é nítido o maior afloramento das fibras na amostra

com 20% de carga e maior degradação do gel coat para a amostra sem carga mineral.
101

Figura 57 – Envelhecimento Artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral, respectivamente.


102

4.5.3. Fibra de Juta

A figura 58 mostra amostras reforçadas com fibras de juta, antes do ensaio e após as

etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de

20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de

iluminação e distância e, para melhor visualização dos resultados, sofreram tratamento digital.

É possível observar que há o afloramento das fibras na superfície do compósito, protegida

pelo gel coat, antes é após a exposição ao envelhecimento. Observa-se que o fenômeno

ocorrido decorre do alinhamento das fibras em cordas, com isso, suas silhuetas são visíveis na

superfície do compósito, devido o preenchimento da matriz, nos espaços vazios entre essas

cordas.

Conforme a imagem, pode-se dizer que após a exposição, a todas as etapas do

envelhecimento, não é possível verificar aumento no afloramento das fibras, desse modo,

pode-se concluir que o alinhamento é o principal motivo do acabamento superficial do

compósito, conhecido como “casca de laranja”. Portanto, conclui-se que para os compósitos

reforçados com fibras de juta agulhadas em cordas, necessita pintura posterior, a fim de

prover melhor acabamento superficial do compósito e eliminar o efeito “casca de laranja”.

De acordo com a figura, não se verifica relação da carga mineral no afloramento do

reforço, pois ambas amostras não apresentam diferença visual. Porém, em todas as amostras

submetidas ao ensaio, é nítido a maior degradação do gel coat quando na presença de carga

mineral. Assim, pode-se dizer que a carga mineral não favorece o acabamento superficial do

compósito.
103

Figura 58 – Envelhecimento Artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral, respectivamente.


104

4.5.4. Fibra de Coco

A figura 59 mostra amostras reforçadas com fibras de coco, antes do ensaio e após as

etapas de 300, 590, 900 e 1175 horas de ensaio, respectivamente, na ausência e na presença de

20% carga mineral. Todas as amostras foram fotografadas nas mesmas condições de

iluminação e distância e, para melhor visualização dos resultados, sofreram tratamento digital.

É possível observar que, as amostras não submetidas ao ensaio, não apresentaram

afloramento das fibras na superfície do compósito, porém após a exposição e em todas as

etapas do envelhecimento, todas as amostras apresentaram o efeito “casca de laranja”.

Verifica-se que visualmente, e semelhante ao resultado encontrado no compósito

reforçado com fibras de sisal, o afloramento não apresenta relação com o tempo de exposição

ao envelhecimento. Pode-se dizer que o afloramento das fibras, devido à absorção de

umidade, é mais proeminente para os compósitos reforçados com fibras não alinhadas.

De acordo com a figura, não é possível observar qualquer efeito da carga mineral no

compósito, quando submetido ao envelhecimento artificial. A degradação do gel coat é

observada somente após ensaio e em todas as etapas do mesmo, porém, assim como no efeito

do afloramento superficial das fibras, não apresenta relação ao tempo de exposição.


105

Figura 59 – Envelhecimento Artificial nos teores de 0% e 20% de carga mineral, respectivamente.

4.6. Ensaios complementares

Os ensaios de absorção de umidade e estabilidade dimensional longitudinal, não sofreram

tratamento estatístico, portanto, não utilizam os graus de confiança e probabilidade utilizados


106

nos ensaios oficiais. Assim, as análises realizadas nestes, são calcadas somente nos resultados

obtidos nos ensaios.

4.6.1. Absorção de umidade

A figura 60 ilustra a absorção de umidade dos compósitos reforçados com fibras de vidro,

sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na matriz poliéster.

1,20
Absorção de umidade (%)

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

0,00
0% 10% 20% 30%
Teor de Carga Mineral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra de Juta fibra de Coco

Figura 60 – Absorção de umidade.

De acordo com os resultados, o compósito reforçado com fibras de vidro, na ausência ou

na presença de carga mineral possui, visivelmente, absorção inferior aos compósitos

reforçados com fibras vegetais. Dentre estas, os compósitos reforçados com fibras de sisal e

coco, apresentam menor absorção quando comparados ao compósito reforçado com fibras de

juta.

Na presença de carga mineral, as fibras vegetais apresentam diminuição na absorção, até o

teor de 10% de carga mineral. A partir deste, à medida que se adiciona carga, o compósito

reforçado com fibras de juta apresenta queda linear, contrária aos demais compósitos vegetais,
107

que apresentam aumento da absorção de umidade. Os comportamentos apresentados para as

fibras de sisal e coco são semelhantes até o teor de 20% de carga mineral, na presença de

30%, o coco apresenta maior absorção, comparado ao sisal. Essa semelhança está condizente

com os resultados encontrados no envelhecimento artificial.

Ao considerarmos a ausência de carga mineral como controle, percebe-se maior atuação

desta nos compósitos reforçados com fibras vegetais, contudo tal influência não foi possível

de ser observada no envelhecimento artificial. Por outro lado, no compósito reforçado com

fibras de vidro, a presença de carga apresenta baixa atuação, assim, apresenta tendência à

estabilidade na propriedade de absorção de umidade.

A menor absorção apresentada pelo compósito reforçado com fibras de vidro, enfatiza os

resultados encontrados para o envelhecimento artificial, pois comprova sua durabilidade

quanto ao acabamento superficial.

A adição de carga mineral no compósito reforçado com fibras de juta é benéfica, pois

reduz consideravelmente a absorção de umidade desta e, na presença de 30% desta, é

verificada absorção de umidade equivalente à fibra de vidro. Pode-se deduzir que, a adição de

carga mineral em compósitos reforçados com fibras de juta, melhora o isolamento da fibra e

colabora para a durabilidade do compósito.

A adição de carga mineral nas fibras de sisal e coco é benéfica até o teor de 10% desta,

onde o isolamento das fibras é equivalente à fibra de vidro e, a partir daí, a absorção de

umidade aumenta consideravelmente. Portanto, a adição de carga mineral para compósitos

reforçados com fibras de sisal e coco, deve ser realizada respeitando o limite de 10% desta,

para que se possa obter um material com melhor interface refprço/matriz e, cosequentemente,

maior durabilidade.

Verificam-se diferentes comportamentos de absorção para fibras alinhadas e não

alinhadas, contudo, não é possível relacionar tal alinhamento à capacidade de absorção dos
108

compósitos. É possível concluir que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, não

favorece a diminuição absorção de umidade de um compósito e que a adição de carga mineral

é variável importante para essa propriedade. Esse fenômeno pode ser ocasionado devido a

atuação da carga na interface reforço/matriz.

Porém, ao se considerar como controle o tipo de reforço utilizado na confecção do

compósito, verifica-se a nítida superioridade da fibra de vidro, comparada às fibras vegetais.

Pode-se dizer então que, quanto melhor a interface reforço/matriz, menor será a absorção de

umidade do compósito.

O melhor isolamento das fibras também pode ser obtido via melhor controle no processo

de injeção, ou seja, não permitir a ocorrência de bolhas de ar durante a confecção do

compósito e, pintura posterior do componente confeccionado.

O quadro 26 ilustra os valores alcançados no ensaio de absorção de umidade para todos os

teores de carga mineral, esses valores apontam para a superioridade da fibra de vidro

comparada às fibras vegetais.

Quadro 26 – Absorção de umidade. (%)

Teores de carga mineral (CaCO3)

Fibra 0% 10% 20% 30%


Vidro 0,22 0,28 0,19 0,22
Sisal 0,59 0,34 0,79 0,60
Juta 0,89 0,51 0,44 0,26
Coco 0,55 0,32 0,79 1,01

4.6.2. Estabilidade dimensional longitudinal

A figura 61 ilustra a estabilidade dimensional longitudinal dos compósitos reforçados com

fibras de vidro, sisal, juta e coco, para diferentes teores de carga mineral, adicionados na

matriz poliéster.
109

1,5

Estabilidade Dimensional
1

Longitudinal (%)
0,5

0
0% 10% 20% 30%
-0,5

-1
Teor de Carga Mineral

Fibra de Vidro Fibra de Sisal Fibra de Juta Fibra de Coco

Figura 61 – Estabilidade Dimensional Longitudinal.

Para a análise de estabilidade dimensional, deve-se considerar que, quanto menor o

resultado obtido no ensaio, melhor é a estabilidade do compósito, pois, mais seguras serão

suas variações dimensionais, quando na confecção de componentes.

De acordo com os resultados, o compósito reforçado com fibras de vidro, na ausência ou

na presença de carga mineral possui, visivelmente, melhor estabilidade dimensional

comparada aos compósitos reforçados com fibras vegetais. Esse efeito é devido à sua menor

absorção de umidade, constatado no ensaio anterior.

Dentre as fibras vegetais, o compósito reforçado com fibras de sisal, na ausência de carga,

possui maior estabilidade entre todos os compósitos pesquisados, seguido pelo compósito

reforçado com fibras de vidro. Enquanto o compósito reforçado com fibras de juta, apresenta

menor estabilidade, resultado condizente com sua maior absorção de umidade.

Na presença de 10% de carga mineral, as fibras vegetais de sisal e juta, apresentam

aumento na instabilidade. Porém, a partir deste, à medida que se adiciona carga, os

compósitos apresentam queda e posterior estabilidade a partir de 20% de carga.


110

Ao considerarmos a ausência de carga mineral como controle, percebe-se maior atuação

desta nos compósitos reforçados com fibras vegetais. Por outro lado, no compósito reforçado

com fibras de vidro, a presença de carga apresenta baixa atuação, assim, apresenta tendência à

estabilidade dimensional, é condizente a absorção de umidade e comprova sua durabilidade

quanto ao acabamento superficial, verificada no envelhecimento artificial.

A adição de carga mineral no compósito reforçado com fibras de juta não infere quanto à

estabilidade dimensional, pode-se verificar a estabilidade dos dados. Deduz-se então que, a

adição de carga mineral em compósitos reforçados com fibras de juta, melhora o isolamento

da fibra na absorção, contudo, não apresenta atuação quanto à estabilidade dimensional.

A adição de carga mineral no compósito reforçado com fibras de coco é benéfica, pois

reduz consideravelmente a instabilidade do compósito. Contudo, esse comportamento

encontrado para a fibra de coco, não condiz com os resultados encontrados na absorção, até

10% de carga. Pois, a partir deste limite, a absorção aumenta consideravelmente, portanto

espera-se um aumento na instabilidade do compósito, assim faz-se necessário a repetição dos

ensaios para esse compósito.

O aparecimento de grupos formados por fibras alinhadas e não alinhadas não é aqui

verificado. Conclui-se então que o alinhamento das fibras, na confecção das mantas, não

favorece a estabilidade dimensional de um compósito e que a adição de carga mineral é

variável importante para essa propriedade, pois colabora com a absorção de umidade. Esse

fenômeno pode ser ocasionado devido à atuação da carga na interface reforço/matriz.

Devido a sua superior interface reforço/matriz, verifica-se a nítida superioridade da fibra

de vidro, comparada às fibras vegetais. Pode-se dizer então que, quanto melhor a interface

reforço/matriz, menor será a instabilidade do compósito.

O quadro 27 ilustra os valores alcançados no ensaio de estabilidade dimensional

longitudinal para todos os teores de carga mineral.


111

Quadro 27 – Estabilidade dimensional longitudinal. (%)

Teores de carga mineral (CaCO3)

Fibra 0% 10% 20% 30%


Vidro 0,20 -0,10 0,00 -0,70
Sisal 0,00 0,90 0,21 0,30
Juta 0,90 1,20 0,90 1,00
Coco 0,70 0,50 0,30 0,20
112

5. CONCLUSÃO

As conclusões a seguir são relacionadas somente às análises de conteúdo pragmático e,

são válidas somente para os parâmetros utilizados neste trabalho. Portanto, a alteração desses

parâmetros altera diretamente os resultados e, conseqüentemente, as conclusões.

Contudo, vale enfatizar que esta pesquisa ilustra que o trabalho do profissional de design

pode, e deve, romper os limites estéticos de um objeto. A variável ambiental, contextualizada

na atualidade do tema “Desenvolvimento Sustentável”, faz-se necessária no desenvolvimento

de produtos e/ou serviços, seja na criação de materiais com baixo impacto ambiental, seja na

criação de novos hábitos sociais.

Os materiais, enquanto interface homem-objeto, evidência física do produto e suporte de

toda carga emotiva, funcional e lógica de determinado objeto, são ferramentas fundamentais

na a criação de novos hábitos de percepção e cognição do meio. Conseqüentemente, auxiliam

na criação de novos hábitos de consumo, por meio da educação voltada à racionalidade

ecológica.

No entanto, somente os materiais não solucionam o problema da questão ambiental, este

deve ser pensado de maneira holística ou ainda, de maneira emergente, onde o sistema se

auto-organiza via conscientização local, dessa maneira é possível emergir um padrão global e

eficiente de sustentabilidade.

5.1. Teor de reforço nas amostras

Peças com as mesmas características, confeccionadas com fibras não tecidas (coco e

sisal), apresentam menor teor de reforço em massa quando comparadas às confeccionadas

com fibras tecidas (juta e vidro). A diminuição do teor de reforço nas amostras também se

acentua à medida que aumenta o teor de carga mineral nas mesmas.


113

O teor de 30% de carga mineral (CaCO3), adicionado aos compósitos, mostrou-se como

limitador para a produção de componentes no processo TRV. Acima desse limite não há boa

fluidez da matriz por entre o reforço, comprometendo assim as características mecânicas e a

qualidade do compósito.

Dessa maneira, a agulhagem das fibras vegetais e o percentual de carga mineral,

adicionada aos compósitos, mostram-se como fatores fundamentais quando na confecção de

componentes.

5.2. Resistência à tração

Conforme os resultados, a utilização de fibras vegetais como reforço na confecção de

compósitos acarreta, de modo geral, a diminuição da resistência à tração, quando comparada

ao reforço de fibra de vidro. A adição de carga mineral é considerada positiva, pois beneficia

a interface reforço/matriz, porém tal fenômeno é significativo somente para compósitos

reforçados com fibras alinhadas.

Observa-se que os resultados obtidos mostram equivalência entre os compósitos

reforçados com fibras de vidro e juta, sendo assim, essa fibra vegetal mostra-se adequada para

a substituição da fibra de vidro, sem acarretar prejuízo na resistência à tração.

O alinhamento ou orientação das fibras apresentou-se como fator fundamental para o bom

desempenho do compósito, apresentando superioridade significativa da fibra de juta,

comparada às fibras de sisal e coco.

Contudo, a substituição completa da fibra de vidro por fibras vegetais deve obedecer,

quando exigidas, determinadas normas de padronização, como as existentes na indústria

automotiva. Para a indústria agrícola tais exigências não foram encontradas.


114

5.2.1. Módulo de elasticidade

De acordo com os resultados, o compósito reforçado com fibras de juta equivale ao

compósito reforçado com fibras de vidro.

A adição de carga mineral e o alinhamento das fibras acarretam o aumento do módulo de

elasticidade.

5.2.2. Alongamento

O alinhamento das fibras não apresenta relação direta com o alongamento do compósito,

pois esta característica está diretamente relacionada com o reforço utilizado.

No entanto, a adição de carga mineral infere diretamente na rigidez dos compósitos e

favorece a diminuição do alongamento à medida que seu teor aumenta.

5.3. Resistência à flexão

As conclusões obtidas para a resistência à tração são válidas para a resistência à flexão.

Observa-se que o compósito reforçado com fibras de juta é superior aos compósitos

reforçados com fibras de sisal e coco, e que este se apresenta adequado como substituto para a

fibra de vidro na confecção de compósitos.

A carga mineral apresenta efeito positivo na interface reforço/matriz, aumentando de

maneira significativa à resistência à flexão em compósitos reforçados com fibras alinhadas.

Dessa maneira, o alinhamento das fibras também se apresenta como fator importante na

resistência à flexão.

5.4. Resistência ao impacto

As amostras reforçadas com fibras vegetais são equivalentes entre si, porém

significativamente inferiores à amostra reforçada com fibras de vidro.


115

O alinhamento das fibras não apresenta relação com o aumento de energia necessária para

a ruptura do compósito e, a adição de carga mineral atua, de maneira significativa, somente

nas amostras de sisal e juta. Tal fenômeno não ocorre nas amostras reforçadas com fibras de

coco devido à fraca interface reforço/matriz, ocasionada pela oleosidade natural dessa fibra.

Desse modo, a resistência ao impacto mostrou ser o principal limitante à substituição da

fibra de vidro por fibras vegetais, principalmente, quando na confecção de componentes com

aplicações externas. Pois, nenhuma das fibras vegetais pesquisadas, apresentou condições de

substituir a fibra de vidro na confecção de compósitos, sem comprometer o produto final.

Assim, faz-se necessário maior compreensão da interface reforço/matriz.

5.5. Envelhecimento artificial

O acabamento superficial encontrado nas amostras reforçadas com fibras vegetais foram

inferiores aos encontrados nas amostras reforçadas com fibras de vidro.

O alinhamento das fibras colaborou para a diminuição do efeito “casca de laranja” na

superfície das amostras e, a presença de carga mineral não apresenta efeito positivo no

acabamento superficial dos compósitos, quando comparado aos compósitos sem carga.

A utilização de compósitos reforçados com fibras vegetais em peças e/ou componentes

que exigem bom acabamento superficial, é considerada inviável para aplicações nas quais as

peças estarão expostas à ação de umidade e calor. A fim de diminuir a degradação superficial

dos compósitos reforçados com fibras vegetais, é recomendada a posterior pintura do produto

ou sua utilização apenas em componentes onde não são exigidas superfícies polidas.

Assim, como nos resultados obtidos para a resistência ao impacto, faz-se necessária

melhor compreensão da interface reforço/matriz, para o desenvolvimento de novas

tecnologias de acabamento superficial desses compósitos.


116

Aconselha-se também nova realização dos ensaios de tração, flexão e impacto, a fim de

possibilitar a verificação do efeito causado no compósito, após sua exposição a ação de

umidade e calor.

5.6. Absorção de umidade

Os resultados obtidos estão condizentes com o envelhecimento artificial e mostram que as

fibras vegetais possuem maior probabilidade de degeneração do compósito, se comparado à

fibra de vidro, devido sua maior absorção de umidade.

A adição de carga mineral apresenta-se como um aditivo fundamental para a diminuição

desse efeito degenerativo, contudo, para as fibras não alinhadas, o teor de 10% foi

considerado limite para tal efeito de diminuição.

5.7. Estabilidade dimensional longitudinal

O compósito reforçado com fibras de vidro, diferente dos compósitos reforçados com

fibras vegetais, apresenta resultado condizente com a absorção de umidade e possui melhor

estabilidade dimensional quando comparado às fibras vegetais.

A baixa estabilidade dimensional apresentada pelas fibras vegetais é, para componentes

que exigem precisão em montagens, fator limitante para a produção de peças. Dessa maneira,

é necessário maior estudo sobre melhorias no processo de isolamento do reforço vegetal.


117

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124

ANEXOS
125

ANEXO 01

Reação ao encontrar, durante as compras, um produto com rótulo que informa que ele foi fabricado de
maneira ambientalmente correta (Estimulada)

Reação ao encontrar, durante as compras, um alimento com rótulo que informa que ele foi cultivado
organicamente (Estimulada)
126

ANEXO 02

Abordagens Ambientais
127

ANEXO 03

Estrutura geral metodológica do processo Life Cycle Process Design


128

ANEXO 04

Diagrama PIT
129

ANEXO 05

Diagrama PPM
130

ANEXO 06

Pré diagnóstico da felicidade do grupo nascido de 1941-50 em 1972 e 2000.


Baseado em uma amostra de 1994.

Felicidade atual no Japão 1958-1987


131

ANEXO 07

Relação Consumo de Energia x PIB


132

ANEXO 08

Consumo final de energia per capita Brasil 1992 - 2002


133

ANEXO 09

Vida útil das reservas de petróleo e gás natural


Brasil 1993 – 2003

Vida útil das reservas minerais das substâncias menos abundantes


Brasil 1992 – 2000
134

ANEXO 10

Recursos e intensidade de material da economia OECD, total e intensidade de uso relativo para PIB,
1980 – 2020
135

ANEXO 11

Consumo total de energia


136

ANEXO 12

P
Fonte de Energia 1999 2000 2001 2002 2003
Total 96.763 98.891 96.258 97.633 98.006
Combustível Fóssil 82.650 84.965 83.121 84.297 84.388
Carvão 21.623 22.580 21.897 22.195 22.773
Carvão Coque Importado 0.058 0.065 0.029 0.061 0.051
a
Gás Natural 23.010 23.916 22.861 23.069 22.490
b
Petróleo 37.960 38.404 38.333 38.401 39.074
Eletricidade Importada 0.099 0.116 0.075 0.078 0.019
Energia Nuclear 7.610 7.862 8.028 8.145 7.795
c
Hidroelétrica -0.062 -0.057 -0.090 -0.088 -0.088
Energia Renovável 6.587 6.145 5.272 5.946 6.131
Hidroelétrica Convencional 3.268 2.811 2.201 2.675 2.779
Energia Geotérmica 0.331 0.317 0.311 0.328 0.314
Biomassa 2.873 2.893 2.626 2.773 2.865
Energia Solar 0.069 0.066 0.065 0.064 0.063
Energia Eólica 0.046 0.057 0.068 0.105 0.108
a
Incluso combustível suplementar.
b
Estoque de produtos à base de petróleo, inclui planta de gás natural e óleo queimado não refinado
como combustível.
c
Facilidade de produzir estoque com menor uso de energia para bombear.
P=Preliminar.
Nota: Dados revisados estão em itálico. Total não equivale à soma dos componentes devido ao
arredondamento.
Fontes: Energia não renovável: Energy Information Administration (EIA), Monthly Energy Review April
2004, DOE/EIA-0035 (2004/04) (Washington, DC, April 2004,) Tables 1.3 and 1.4. Energia renovável:
Table 2 of this report.

Consumo de energia Americano por fonte energética, 1999-2003


(Quadrilhão de Btu)
137

ANEXO 13

Bomba de vácuo
138

ANEXO 14

Máquina Universal de Tração e Flexão (Tapetes São Carlos)

Ensaios de Tração e Flexão (Tapetes São Carlos)


139

ANEXO 15

Máquina Universal de Tração e Flexão (UNESP)

Ensaios de Tração e Flexão (UNESP)


140

ANEXO 16

Máquina de Impacto
141

ANEXO 17

Máquina de Envelhecimento Artificial


142

ANEXO 18

Resistência à Tração (MPa)


Vidro 0% Vidro 10% Vidro 20% Vidro 30% Sisal 0% Sisal 10% Sisal 20% Sisal 30%
2,15 2,03 3,9 2,41 1,8 1,5 1,59 1,58
1,93 4,08 4,35 3,62 1,84 1,41 1,58 1,63
2,24 2,45 3,37 2,49 1,25 1,51 1,25 1,2
1,88 5,24 2,68 4,16 1,99 1,35 1,31 1,56
3,44 4,35 3,67 2,72 1,16 1,39 1,2 1,86
2,52 4,39 4,15 2,7 1,59 2,09 1,98
2,13 5,01 4,49 2,33 1,47

Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
3,12 2,96 2,02 2,26 1,13 0,94 1,27 1,04
2,44 2,83 2,11 3,35 1,15 1,37 0,97 1,45
2 3,16 1,9 2,64 1,12 1,44 1,01 1,28
2,33 2,54 1,99 2,67 1,11 1,18 0,95 1,14
2,41 3,38 2,77 1,1 0,97 0,81 0,83
2,03 3,55 2,22 1,13 1,16 0,9 1,54
3,17 1,05 1,21 0,49 1,49

Controle – Tipo de reforço


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 7 16,29 2,33 0,29 0,53 4,49E-06 0,527
Sisal 0% 6 9,63 1,61 0,11 0,34
Juta 0% 6 14,33 2,39 0,16 0,41
Coco 0% 7 7,79 1,11 0,001 0,03 2,53

Vidro 10% 7 27,55 3,94 1,52 1,23 3,91E-07 1,003


Sisal 10% 6 9,25 1,54 0,08 0,28
Juta 10% 6 18,42 3,07 0,14 0,37
Coco 10% 7 8,27 1,18 0,03 0,19 2,53

Vidro 20% 7 26,61 3,80 0,39 0,62813 1,39E-10 0,529


Sisal 20% 5 6,93 1,39 0,03 0,185822 0,620
Juta 20% 4 8,02 2,01 0,01 0,086603
Coco 20% 7 6,4 0,91 0,06 0,234937 2,55

Vidro 30% 7 20,43 2,92 0,484848 0,69631 2,47E-07 0,599


Sisal 30% 7 11,28 1,61 0,065148 0,25524
Juta 30% 7 19,08 2,73 0,178695 0,422724
Coco 30% 7 8,77 1,25 0,06919 0,263041 2,51
143

Controle – Carga mineral


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 7 16,29 2,33 0,29 0,53 0,003235 1,098
Vidro 10% 7 27,55 3,94 1,52 1,23
Vidro 20% 7 26,61 3,80 0,39 0,63
Vidro 30% 7 20,43 2,92 0,48 0,70 2,51

Sisal 0% 6 9,63 1,61 0,11 0,34 0,480471 0,377


Sisal 10% 6 9,25 1,54 0,08 0,28
Sisal 20% 5 6,93 1,39 0,03 0,19
Sisal 30% 6 9,81 1,64 0,07 0,27 2,55

Juta 0% 6 14,33 2,39 0,16 0,41 0,001701 0,536


Juta 10% 6 18,42 3,07 0,14 0,37
Juta 20% 4 8,02 2,01 0,01 0,09
Juta 30% 6 15,91 2,65 0,17 0,41 2,56

Coco 0% 7 7,79 1,11 0,00 0,03 0,025035 0,268


Coco 10% 7 8,27 1,18 0,03 0,19
Coco 20% 7 6,4 0,91 0,06 0,23
Coco 30% 7 8,77 1,25 0,07 0,26 2,51

Módulo de Elasticidade (MPa)


Vidro 0% Vidro 10% Vidro 20% Vidro 30% Sisal 0% Sisal 10% Sisal 20% Sisal 30%
495,74 459,76 558,02 601,26 380,48 427,29 381,51 423,01
486,43 713,14 641,83 651,73 318,94 462,69 459,06 470,55
458,78 542,24 601,12 526,81 330,98 438,22 464,22 438,73
407,01 668,93 564,08 712,83 383,86 425,36 423,73 407,82
531,69 707,42 652,41 459,7 345,91 414,67 325,02 437,1
426,04 561 488,95 523,18 414,48 430,26 419,84
499 586,41 676,26 508,82 453,35

Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
459,01 531,85 586,85 571,47 396,79 459,01 362,88 420,48
468,79 700,08 622,84 493,75 349,94 427,94 423,31 500,25
334,56 662,65 574,43 716,67 289,57 538,48 381,8 451,5
392,25 576,01 572,65 500,7 321,92 360,51 408,17 649,69
399,45 630,34 516,16 283,68 293,11 274,6 427,94
319,29 705,07 589,63 341,21 352,72 478,28
572,32 367,12 559,14 416,42
144

Controle – Tipo de reforço


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 7 3304,69 472,10 1929,072 43,9212 0,000111 62,607
Sisal 0% 6 2174,65 362,44 1329,528 36,4627 65,163
Juta 0% 6 2373,35 395,56 3790,547 61,56742
Coco 0% 7 2350,23 335,75 1662,712 40,77637 2,53

Vidro 10% 7 4238,9 605,56 8930,675 94,50225 5,57E-05 107,011


Sisal 10% 6 2598,49 433,08 268,6349 16,39009 111,380
Juta 10% 6 3806 634,33 4809,705 69,35204
Coco 10% 7 2990,91 427,27 9796,457 98,97705 2,53

Vidro 20% 7 4182,67 597,5 4275,861 65,390 0,492642 305,32


Sisal 20% 5 2053,54 410,7 3391,495 58,237 334,47
Juta 20% 4 2356,77 589,2 543,0758 23,304
Coco 20% 7 4166,69 595,2 161603,5 401,999 2,54

Vidro 30% 7 3984,33 569,2 8003,228 89,46076 0,003863 98,888


Sisal 30% 7 3050,4 435,8 454,5034 21,31908
Juta 30% 7 3960,7 565,8 5882,938 76,70031
Coco 30% 7 3344,56 477,8 6713,534 81,93616 2,51

Controle – Carga mineral


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 7 3304,69 472,099 1929,072 43,92 0,01158 102,042
Vidro 10% 7 4238,9 605,557 8930,675 94,50
Vidro 20% 7 4182,67 597,524 4275,861 65,39
Vidro 30% 7 3984,33 569,190 8003,228 89,46 2,51

Sisal 0% 6 2174,65 362,442 1329,528 36,46 0,004825 47,309


Sisal 10% 6 2598,49 433,082 268,6349 16,39
Sisal 20% 5 2053,54 410,708 3391,495 58,24
Sisal 30% 7 3050,4 435,771 454,5034 21,32 2,54

Juta 0% 6 2373,35 395,5583 3790,547 61,57 2,69E-05 88,405


Juta 10% 6 3806 634,3333 4809,705 69,35
Juta 20% 4 2356,77 589,1925 543,0758 23,30
Juta 30% 7 3960,7 565,8143 5882,938 76,70 2,55

Coco 0% 7 2350,23 335,747 1662,712 40,78 0,010172 100,565


Coco 10% 7 2990,91 427,273 9796,457 98,98
Coco 20% 5 1850,76 370,152 3397,471 58,29
Coco 30% 7 3344,56 477,794 6713,534 81,94 2,52
145

Alongamento (%)
Vidro 0% Vidro 10% Vidro 20% Vidro 30% Sisal 0% Sisal 10% Sisal 20% Sisal 30%
0,71 0,88 1,21 0,46 3,33 0,56 0,75 0,57
0,52 0,97 1,11 0,55 1,04 0,19 0,41 0,35
0,76 0,12 0,61 0,53 3,13 0,62 0,33 0,3
0,99 1,36 0,17 0,76 0,36 0,37 0,35 0,47
1,13 1,00 0,66 0,86 0,55 0,58 0,41 0,43
0,56 1,37 1,13 0,19 2,93 0,73
1,52 0,85 0,59 0,83

Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
1,99 1,59 0,66 0,62 0,37 0,3 0,27 0,25
1,74 0,89 0,56 1,93 0,41 0,37 0,07 0,37
1,66 1,45 0,4 1,15 0,38 0,38 0,15 0,33
1,58 1,49 0,67 1,48 0,4 0,37 0,2
2,01 1,4 1,32 0,41 0,36 0,37
2,48 1,57 1,1 0,35 0,35 0,39
1,27 0,31 0,32

Controle – Tipo de reforço


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 6 4,67 0,7783 0,057577 0,239951 0,001758 0,981
Sisal 0% 5 8,41 1,6820 2,06347 1,436478 1,029
Juta 0% 6 11,46 1,9100 0,10832 0,32912
Coco 0% 7 2,63 0,3757 0,001329 0,03645 2,52

Vidro 10% 7 7,22 1,0314 0,219948 0,468986 0,020695 0,755108


Sisal 10% 6 5,25 0,8750 1,03971 1,019662 0,785942
Juta 10% 6 8,39 1,3983 0,067137 0,259107
Coco 10% 7 2,45 0,3500 0,000867 0,029439 2,53

Vidro 20% 7 5,74 0,82 0,137567 0,3709 0,013605 0,391


Sisal 20% 5 2,25 0,45 0,0294 0,171464 0,425
Juta 20% 4 2,29 0,57 0,015692 0,125266
Coco 20% 3 0,49 0,16 0,010133 0,100664 2,61

Vidro 30% 7 3,94 0,56 0,046457 0,215539 3,32E-06 0,342


Sisal 30% 7 3,68 0,53 0,038395 0,195947 0,356
Juta 30% 7 8,87 1,27 0,15799 0,39748
Coco 30% 6 1,91 0,32 0,005857 2,52
146

Controle – Carga mineral


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 6 4,67 0,778 0,057577 0,24 0,116737 0,463
Vidro 10% 7 7,22 1,031 0,219948 0,47
Vidro 20% 7 5,74 0,820 0,137567 0,37
Vidro 30% 7 3,94 0,563 0,046457 0,22 2,52

Sisal 0% 5 8,41 1,68 2,06347 1,44 0,110511 1,162


Sisal 10% 6 5,25 0,88 1,03971 1,02
Sisal 20% 5 2,25 0,45 0,0294 0,17
Sisal 30% 7 3,68 0,53 0,038395 0,20 2,55

Juta 0% 6 11,46 1,910 0,10832 0,33 3,36E-05 0,428


Juta 10% 6 8,39 1,398 0,067137 0,26
Juta 20% 4 2,29 0,573 0,015692 0,13
Juta 30% 7 8,87 1,267 0,15799 0,40 2,55

Coco 0% 7 2,63 0,376 0,001329 0,04 0,00032 0,078


Coco 10% 7 2,45 0,350 0,000867 0,03
Coco 20% 3 0,49 0,163 0,010133 0,10
Coco 30% 6 1,91 0,318 0,005857 0,08 2,55
147

ANEXO 19

Resistência à Flexão (N)


Vidro 0% Vidro 10% Vidro 20% Vidro 30% Sisal 0% Sisal 10% Sisal 20% Sisal 30%
122,88 179,27 77,27 131,98 41,7 84,95 50,26 72,49
180,62 101,53 123,9 54,97 87,65 89,4 84,69 54,17
158,93 83,81 114,6 78,49 42,98 37,46 42,24 67,37
141,82 91,64 90,55 240,99 62,52 59,62 49,11 50,8
166,61 127,06 85,36 228,72 62,65 95,67 46,22 42,11
109,26 74,11 54,71 185,67 48,44 67,03 35,17 50,14
44,13 41,7 84,95 50,26 72,49

Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
91,96 114,06 95,87 122,68 31,6 53,36 30,59 55,72
79,16 108,53 78,55 110,08 50,8 52,35 56,73 41,9
63,13 116,55 119,79 125,24 47,63 50,53 53,49 48,57
88,73 122,41 83,47 98,29 33,69 57,13 44,26 42,92
69,8 87,92 85,63 107,32 32,47 48,71 53,69 42,58
75,59 98,83 120,39 42,8 44,02 45,9
130,56

Controle – Tipo de reforço


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 6 880,1 146,7 737,9 27,2 6,99E-09 25,508
Sisal 0% 6 345,9 57,7 300,6 17,3
Juta 0% 6 468,4 78,1 121,1 11,0
Coco 0% 6 239,0 39,8 69,9 8,4 2,52

Vidro 10% 6 657,4 109,6 1494,2 38,7 0,000731 34,356


Sisal 10% 6 434,1 72,4 480,2 21,9 36,032
Juta 10% 7 778,9 111,3 206,6 14,4
Coco 10% 5 262,1 52,4 10,1 3,2 2,52

Vidro 20% 6 546,39 91,07 635,3667 25,20648 0,000104 26,931


Sisal 20% 6 307,69 51,28 297,7669 17,25592
Juta 20% 6 583,7 97,28 344,0023 18,5473
Coco 20% 6 282,78 47,13 93,42476 9,665648 2,52

Vidro 30% 7 964,95 137,9 6732,1 82,0 0,004674 66,427


Sisal 30% 6 337,08 56,2 131,7 11,5 67,369
Juta 30% 5 563,61 112,7 125,1 11,2
Coco 30% 6 277,59 46,3 27,7 5,3 2,52
148

Controle – Carga mineral


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 6 880,12 146,69 737,9013 27,16 0,097926 69,160
Vidro 10% 6 657,42 109,57 1494,221 38,66
Vidro 20% 6 546,39 91,07 635,3667 25,21
Vidro 30% 6 920,82 137,85 6029,045 77,65 2,54

Sisal 0% 6 345,94 57,657 300,6304 17,34 0,213306 25,509


Sisal 10% 6 434,13 72,355 480,1904 21,91
Sisal 20% 6 307,69 51,282 297,7669 17,26
Sisal 30% 6 337,08 56,180 131,7326 11,48 2,54

Juta 0% 6 468,37 78,06 121,1005 11,00 0,001401 20,907


Juta 10% 7 778,86 111,27 206,5583 14,37
Juta 20% 6 583,7 97,28 344,0023 18,55
Juta 30% 5 563,61 112,72 125,0766 11,18 2,54

Coco 0% 6 238,99 39,832 69,92078 8,36 0,067298 10,658


Coco 10% 5 262,08 52,416 10,10218 3,18
Coco 20% 6 282,78 47,130 93,42476 9,67
Coco 30% 6 277,59 46,265 27,73295 5,27 2,55
149

ANEXO 20

Resistência ao Impacto (J/m)


Vidro 0% Vidro 10% Vidro 20% Vidro 30% Sisal 0% Sisal 10% Sisal 20% Sisal 30%
146,65 107,28 68,9 60,04 54,13 45,28 28,54 36,42
67,91 123,03 128,94 58,07 36,42 41,34 31,5 33,46
99,41 125 97,44 102,36 44,29 37,4 26,57 38,39
69,88 77,76 65,94 92,52 41,34 33,46 34,45 28,54
82,68 75,79 105,31 109,25 37,4 51,18 43,31 31,5

Juta 0% Juta 10% Juta 20% Juta 30% Coco 0% Coco 10% Coco 20% Coco 30%
25,59 31,5 18,7 20,67 30,51 41,34 49,21 41,34
16,69 24,61 22,64 18,7 48,23 38,39 35,43 51,18
37,4 33,46 22,64 16,73 33,46 35,43 51,18 45,28
23,62 26,57 20,67 16,73 38,39 50,2 61,02 37,4
33,46 23,62 24,61 17,72 33,46 34,45 37,4 36,42

Controle – Tipo de reforço


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 5 466,53 93,31 1047,372 32,36312 8,41E-05 28,537
Sisal 0% 5 213,58 42,72 50,63743 7,115998
Juta 0% 5 136,76 27,35 67,24517 8,200315
Coco 0% 5 184,05 36,81 48,76195 6,982976 2,59

Vidro 10% 5 508,86 101,772 568,3553 23,8402 4,72E-07 21,269


Sisal 10% 5 208,66 41,732 47,29972 6,877479
Juta 10% 5 139,76 27,952 18,69287 4,323525
Coco 10% 5 199,81 39,962 40,02697 6,326687 2,59

Vidro 20% 5 466,53 93,306 693,8797 26,3416 4,58E-06 23,922


Sisal 20% 5 164,37 32,874 42,95143 6,553734
Juta 20% 5 109,26 21,852 5,04517 2,246146
Coco 20% 5 234,24 46,848 111,2066 10,54545 2,59

Vidro 30% 5 422,24 84,448 573,1714 23,941 2,38E-06 20,524


Sisal 30% 5 168,31 33,662 15,22762 3,902258
Juta 30% 5 90,55 18,110 2,71565 1,647923
Coco 30% 5 211,62 42,324 36,80948 6,067082 2,59
150

Controle – Carga mineral


RESUMO Anova: fator único
Grupo Contagem Soma Média Variância DesvPad valor-P Dunnett
Vidro 0% 5 466,53 93,31 1047,372 32,36 0,791712 40,143
Vidro 10% 5 508,86 101,77 568,3553 23,84
Vidro 20% 5 466,53 93,31 693,8797 26,34
Vidro 30% 5 422,24 84,45 573,1714 23,94 2,59

Sisal 0% 5 213,58 42,716 50,63743 7,12 0,041452 9,342


Sisal 10% 5 208,66 41,732 47,29972 6,88
Sisal 20% 5 164,37 32,874 42,95143 6,55
Sisal 30% 5 168,31 33,662 15,22762 3,90 2,59

Juta 0% 5 136,76 27,35 67,24517 8,20 0,015464 7,237


Juta 10% 5 139,76 27,95 18,69287 4,32
Juta 20% 5 109,26 21,85 5,04517 2,25
Juta 30% 5 90,55 18,11 2,71565 1,65 2,59

Coco 0% 5 184,05 36,81 48,76195 6,98 0,250035 11,505


Coco 10% 5 199,81 39,96 40,02697 6,33
Coco 20% 5 234,24 46,85 111,2066 10,55
Coco 30% 5 211,62 42,32 36,80948 6,07 2,59
151

ANEXO 21

1 – Peça reforçada com fibra de Vidro; 2 – Peça reforçada com fibra de Sisal;
3 – Peça reforçada com fibra de Juta; 4 – Peça reforçada com fibra de Coco.
152

ANEXO 22

Peça reforçada com fibra de sisal e matriz pigmentada.


153

ANEXO 23

Utilização das peças em equipamento agrícola.


154

ANEXO 24

Peça reforçada com fibra de juta.

Peça reforçada com fibra de sisal com matriz de PU.


155

ANEXO 25

Peça reforçada com fibra de coco.

Peça reforçada com fibra de sisal.

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