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RUMOS DA EDUCAÇÃO
1966
Livraria AGIR Editora
Rio de Janeiro
CONTEÚDO
PRÓLOGO
Esta obra sobre a educação compõe-se de vários estudos, escritos em datas
diferentes. O primeiro e mais longo: “A educação na encruzilhada dos caminhos” é
o texto desenvolvido de uma série de conferências pronunciadas na Yale
University, em 1943; foi publicado em livro pela Yale University Press e apareceu
em francês em 1947, numa edição atualmente esgotada; acrescentamos então a
ela um anexo acerca do problema escolar na França. O segundo ensaio, “Visão
tomista da educação” nos fora pedido pela National Society for the Study of
Education (Chicago) e constitui um dos capítulos publicados no anuário publicado
por esta sociedade em 1955 com o título Modern Philosophies and Education. O
terceiro ensaio, “Sobre alguns aspectos típicos da educação cristã”, é uma
conferência feita em dias de estudos organizados pelo colégio diocesano Kent
school em novembro de 1955 epublicada em 1957 pela Yale University Press num
volume coletivo intitulado The Christian Idea of Education.
JACQUES MARITAIN
PRIMEIRA PARTE
Quando pudemos folhear pela primeira vez Education at the crossroads – foi
em Roma em outubro de 1945 – tivemos a impressão de ter encontrado finalmente,
nos primeiros capítulos, o pequeno tratado de filosofia da educação, baseados nos
dados de Santo Agostinho e de Santo Tomás de Aquino, que tanto tempo
procurávamos. Impressionaram-nos imediatamente a segurança excepcional das
distinções que aí eram propostas, a fecundidade de suas exposições sumárias, a
clareza de suas definições, a riqueza das soluções que oferecia a questões que
nos haviam sido muitas vezes apresentadas, e sobretudo a perícia dos resumos e
a maneira perfeitamente simples com que o autor abordava as questões mais
essenciais. Pensamos em levar o livro, com a esperança de que se pudesse fazer
uma tradução satisfatória. Infelizmente o autor teve de refazer linha por linha a que
lhe fora proposta. Mas o autor acha que “o estilo ainda é muito deficiente” no texto
previsto por ele. Cremos que isso provém da lembrança pouco agradável do
trabalho extra que lhe foi afinal imposto, de controlar a maneira com que ele pode
ser traduzido em sua língua materna. Com efeito, penso que não se julgará o estilo
tão sem mérito; em todo caso, é certo que estamos diante de um texto exato, o que
é essencial para uma obra de filosofia.
CHARLES JOURNET
I. OS FINS DA EDUCAÇÃO
A educação do homem
Vemos assim, desde o início, dois grandes erros contra os quais deve a
educação precaver-se. O primeiro é o esquecimento ou a ignorância dos fins. Se
os meios são apreciados e cultivados por si, por sua própria perfeição e não só
enquanto meios, deixam de levar ao fim e, então, a arte perde sua virtude prática;
sua eficiência vital será substituída por um processo de multiplicação ao infinito,
cada meio desenvolvendo-se por si e tornando por sua própria conta um campo
mais e mais extenso. Esta supremacia dos meios sobre o fim e o desmoronamento
consecutivo de todo propósito seguro e eficácia real parecem ser a principal
censura que podemos fazer à educação contemporânea. Seus meios não são
maus, ao contrário, geralmente melhores do que os da velha pedagogia. O mal está
justamente em serem tão bons, que somos levados a perder de vista o fim. Decorre
daí a deficiência surpreendente da educação moderna que precede de nosso
apego à perfeição dos meios e métodos educacionais, e de nossa impotência em
submetê-los a seu fim. A criança é de tal maneira submetida a testes, tão
observados, suas necessidades tão especificadas, os métodos para tudo lhe
facilitar na vida tão aperfeiçoados, que a finalidade de todos esses benefícios tão
apreciados corre o risco de ser esquecidas ou então desprezada. Do mesmo modo
a medicina moderna é muitas vezes prejudicada por sua própria excelência de seus
meios: é o caso de um médico em seus laboratório, quando examina as reações
de seu paciente com tamanha perfeição e cuidados, que chega a perder de vista a
cura do doente.