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Jaques Maritain

RUMOS DA EDUCAÇÃO

Nova tradução da abadia de Nossa Senhora das Graças

4ª edição revisada e aumentada

1966
Livraria AGIR Editora
Rio de Janeiro
CONTEÚDO
PRÓLOGO
Esta obra sobre a educação compõe-se de vários estudos, escritos em datas
diferentes. O primeiro e mais longo: “A educação na encruzilhada dos caminhos” é
o texto desenvolvido de uma série de conferências pronunciadas na Yale
University, em 1943; foi publicado em livro pela Yale University Press e apareceu
em francês em 1947, numa edição atualmente esgotada; acrescentamos então a
ela um anexo acerca do problema escolar na França. O segundo ensaio, “Visão
tomista da educação” nos fora pedido pela National Society for the Study of
Education (Chicago) e constitui um dos capítulos publicados no anuário publicado
por esta sociedade em 1955 com o título Modern Philosophies and Education. O
terceiro ensaio, “Sobre alguns aspectos típicos da educação cristã”, é uma
conferência feita em dias de estudos organizados pelo colégio diocesano Kent
school em novembro de 1955 epublicada em 1957 pela Yale University Press num
volume coletivo intitulado The Christian Idea of Education.

Ninguém se admirará, portanto, de que este esboço de uma filosofia da


educação se apresente numa perspectiva americana. O leitor francês ficara um
tanto desconectado, pois o sistema educacional americano é profundamente
diferente do francês, tanto em sua estrutura geral quanto no fato de que a maioria
dos colégios e universidades são estabelecimentos livres do controle do Estado,
mantidos por fundos particulares e possuindo cada qual fisionomia, espirito e fins
característicos bem distintos. Mas, embora a princípio desconcertante, tal mudança
de perspectiva pode, nós esperamos, estimular a reflexão.

É sabido que, depois de Jefferson, tornou-se uma espécie de axioma


comumente reconhecido pelo pensamento americano que o processo de educação
é essencial a existência de uma sociedade democrática. O que é menos conhecido
– e que mereceria um estudo especial – são as várias aventuras (às vezes
desastrosas, como no tempo em que reinavam de um lado o pragmatismo dos
discípulos de John Dewey em pedagogia: de outro a espécie de caos resultante da
livre escolha que o estudante fazia das matérias que convinham à sua fantasia),
aventuras estas pelas quais passou o sistema educacional americano; em seguida,
a ardente autocrítica feita, em nome da sabedoria filosófica e dos “grandes livros”
que testemunham a “grande convenção” a que se subordina a cultura do Ocidente,
por homens como Robert Hutchins, que foi por muito tempo presidente da
Universidade de Chicago, e como Mortimer Adler, atualmente ocupado na redação
de uma Suma dialética dos principais problemas filosóficos; finalmente é o esforço
considerável realizado em nossos dias pelas grandes universidades americanas,
particularmente pelo Committee on Social Thought da Universidade de Chicago,
sob a direção de John Nef, para associar as “artes liberais” e as humanidades aos
estudos científicos e tecnológicos, lutar contra os perigos da especialização e voltar
assim, sob nova forma, a uma educação e a uma cultura autenticamente
humanistas.

Seja-nos permitido acrescentar que, se devido às circunstancias em que o


estudo sobre educação aqui publicados foram escritos, e do caráter concreto e
prático de seu assunto, a perspectiva desde trabalho devia ser inevitavelmente,
como já o dissemos, uma perspectiva americana, em compensação, os princípios
filosóficos que procuramos também focalizar tem por si um valor e um alcance
universais; se são verdadeiros e baseados na razão, como o acreditamos, exigem
sua aplicação, sob modalidades apropriadas, ao sistema educacional do nosso país
como a qualquer outro sistema educacional.

Agradecemos à Yale University Press e à National Society for the Study of


Education a gentileza da autorização que nos concedeu de reunir nesta edição
francesa os três ensaios de que acabamos de falar.

JACQUES MARITAIN
PRIMEIRA PARTE

A EDUCAÇÃO NA ENCRUZILHADA DOS CAMINHOS

PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO FRANCESA

EDUCATION AT THE CROSSROADS, publicado pela primeira vez em


outubro de 1943 e reimpresso duas vezes depois¹ é o texto de quatro conferências
pronunciadas durante a guerra na universidade de Yale, nos Estados Unidos, sob
os auspícios de Terry Lectures. Foram escritas nas perspectivas dos problemas
americanos e da vida americana, como prova de amizade a um país com o qual o
autor tem há muito tempo numerosos laços de afeição, e como uma contribuição
ao grande esforço que muitos de seus amigos fazem aí, especialmente em
Chicago² em favor da educação liberal e da renovação daquilo que a Antiguidade
e a Idade Média chamavam “as artes liberais”. Elas apresentam, em certa medida,
um ensaio sobre os problemas da educação na América. Não dizem respeito
diretamente a tais problemas, como se apresentam na Europa e na França, onde
a organização geral dos estudos é concebida sobre outro plano, e onde se deveria
levar em conta as tradições universitárias existentes e mesmo as circunstâncias
políticas atuais. A organização dos estudos e a concepção da liberdade acadêmica
na América são com efeito muito deferentes na França, e as universidades privately
endowed, – fundadas e financeiramente mantidas pela inciativa privada, – ocupam
no sistema educacional um lugar mais fundamental e mais importante do que as
universidades fundadas e mantidas pelos diversos Estados Federais. Entretanto,
sob modos de aplicação que serão às vezes diferentes, o caminho indicado por
Jacques Maritain nas duas últimas conferências, e sobre os princípios que expõe
nas duas primeiras são válidos para todos os que procuram uma solução nova para
os graves problemas que nossa tempo apresenta tanto na Europa como na
América.

Quando pudemos folhear pela primeira vez Education at the crossroads – foi
em Roma em outubro de 1945 – tivemos a impressão de ter encontrado finalmente,
nos primeiros capítulos, o pequeno tratado de filosofia da educação, baseados nos
dados de Santo Agostinho e de Santo Tomás de Aquino, que tanto tempo
procurávamos. Impressionaram-nos imediatamente a segurança excepcional das
distinções que aí eram propostas, a fecundidade de suas exposições sumárias, a
clareza de suas definições, a riqueza das soluções que oferecia a questões que
nos haviam sido muitas vezes apresentadas, e sobretudo a perícia dos resumos e
a maneira perfeitamente simples com que o autor abordava as questões mais
essenciais. Pensamos em levar o livro, com a esperança de que se pudesse fazer
uma tradução satisfatória. Infelizmente o autor teve de refazer linha por linha a que
lhe fora proposta. Mas o autor acha que “o estilo ainda é muito deficiente” no texto
previsto por ele. Cremos que isso provém da lembrança pouco agradável do
trabalho extra que lhe foi afinal imposto, de controlar a maneira com que ele pode
ser traduzido em sua língua materna. Com efeito, penso que não se julgará o estilo
tão sem mérito; em todo caso, é certo que estamos diante de um texto exato, o que
é essencial para uma obra de filosofia.

Restava-nos um desejo. Que o autor indicasse por um típico, como se


poderia fazer em outros lugares, na França por exemplo, onde as condições são
tão diversas, a aplicação dos princípios tomistas de uma filosofia da educação, tais
como tentou fazer em função das formas de organização escolar encontradas nos
Estados Unidos. Ele levou em conta este desejo, escrevendo recentemente sobre
“O problema da escola pública na França”, que aparece aqui pela primeira vez e
que contribui para aumentar o valor desta obra. Problema de extrema delicadeza
que nem o “tradicionalismo”, nem o “liberalismo” francês tinham sido capazes de
resolver, que parecia quase insolúvel ou pelo menos condenado a soluções
improvisadas, recebi aqui, a nosso ver, uma resposta profunda, doutrinal e prática
ao mesmo tempo, pelo recurso e princípios vitais que já permitiram ao autor, em
estudos recentes³, esclarecer o problema mais geral da cooperação dos homens
de várias crenças, em vista das tarefas de ordem cultural e do bem temporal de
cidade.

Embora sejamos responsáveis pelas vigílias suplementares que a


apresentação francesa do presente volume valeu ao autor, como não nos
alegraríamos por vê-lo hoje publicado?
4 de janeiro de 1947.

CHARLES JOURNET
I. OS FINS DA EDUCAÇÃO

1. – A NATUREZA HUMANA E A EDUCAÇÃO

A educação do homem

“A educação na encruzilhada dos caminhos” foi o título geral que


escolhemos. Poderíamos ter chamado nosso livro: “A educação do homem”, se
bem que tal título, mesmo involuntariamente, corresse o risco de parecer um
desafio; pois muitos de nossos contemporâneos conhecem o homem primitivo, ou
homem do ocidente, ou homem da era industrial, o homem criminoso, o homem
burguês ou o homem proletário, mas ignoram o que se pretende dizer quando se
fala do homem.

A tarefa da educação não se reduz evidentemente, a formar essa abstração


que é o homem platônico, mas uma determinada criança, pertencendo a uma
determinada nação, a um meio social e momento histórico dados. Todavia, antes
de ser uma criança do século XX, americana, europeia, dotada ou retardada, é ela
um descendente do homem. Antes de ser um homem civilizado – ao menos assim
o suponho – e um francês educado nos meios intelectuais de Paris, sou um homem.
Se por outro lado é verdade, no dizer profundo, não de Nietzsche mas de Píndaro,
que nosso primeiro dever é de nos tornarmos aquilo que somos, nada mais
importante, nem mais difícil, do que nos tornarmos homem. Por conseguinte, a
tarefa principal da educação é primeiramente formar o homem, dirigir o
desenvolvimento dinâmico pelo qual ele vem a ser homem. Eis a razão por que
poderíamos intitular estas páginas: A educação do homem.

Tenhamos presente no decorrer dessa leitura, que a palavra educação pode


ser tomada em três acepções diversas, ainda que se entrelaçando mutuamente
com frequência. Num sentido lato, refere-se a todo processo pelo qual um homem
se forma e é conduzido à sua realização. No sentido estrito, entende-se a tarefa
especial das escolas e universidades; e num terceiro sentido, a obra de formação
que os adultos apreendem junta a juventude.
Neste presente capítulo, discutiremos os fins da educação. No decorrer da
exposição enumeraremos, examinando de passagem, alguns erros relativos à
educação (sete ao todo).

O homem não é somente um animal da natureza do urso ou da cotovia. É


também um animal de cultura, cuja espécie só poderá substituir com o progresso
da sociedade, da civilização. É um animal histórico: daí a multiplicidade dos tipos
culturais ou ético-históricos que diversificam a humanidade. Vê-se igualmente aqui
a importância da educação. Por ser dotado de um poder de conhecimento ilimitado
e que deve no entanto avançar gradativamente, o homem não pode progredir na
sua vida específica que lhe é própria, ao mesmo tempo intelectual e moralmente,
se não for auxiliado pela experiências coletiva que as gerações precedentes
acumularam e conservaram, e por uma transmissão regular dos conhecimentos
adquiridos. A fim de atingir essa liberdade, com a qual se determina e na qual foi
feito, necessita de uma disciplina e de uma tradição que, simultaneamente, pesarão
sobre ele e o fortificarão de modo a torná-lo apto a lutar contra elas, – o que
enriquecerá a própria tradição – tradição esta que uma vez enriquecida, tornará
possível novas lutas, e assim por diante.

Primeiro erro: a ignorância dos fins.

A educação é uma arte, e arte particularmente difícil. Pertence, por natureza,


ao domínio da Moral e da Sabedoria prática. Ela é, pois, uma arte Moral (ou melhor,
uma sabedoria prática na qual está incluída uma determinada arte). Ora, toda arte
é tendência dinâmica para um objeto a realizar, que é o fim desta arte. Não há arte
sem finalidade. A vitalidade própria da arte é a energia com que ela tende para seu
fim, sem se deter em algum grau intermediário.

Vemos assim, desde o início, dois grandes erros contra os quais deve a
educação precaver-se. O primeiro é o esquecimento ou a ignorância dos fins. Se
os meios são apreciados e cultivados por si, por sua própria perfeição e não só
enquanto meios, deixam de levar ao fim e, então, a arte perde sua virtude prática;
sua eficiência vital será substituída por um processo de multiplicação ao infinito,
cada meio desenvolvendo-se por si e tornando por sua própria conta um campo
mais e mais extenso. Esta supremacia dos meios sobre o fim e o desmoronamento
consecutivo de todo propósito seguro e eficácia real parecem ser a principal
censura que podemos fazer à educação contemporânea. Seus meios não são
maus, ao contrário, geralmente melhores do que os da velha pedagogia. O mal está
justamente em serem tão bons, que somos levados a perder de vista o fim. Decorre
daí a deficiência surpreendente da educação moderna que precede de nosso
apego à perfeição dos meios e métodos educacionais, e de nossa impotência em
submetê-los a seu fim. A criança é de tal maneira submetida a testes, tão
observados, suas necessidades tão especificadas, os métodos para tudo lhe
facilitar na vida tão aperfeiçoados, que a finalidade de todos esses benefícios tão
apreciados corre o risco de ser esquecidas ou então desprezada. Do mesmo modo
a medicina moderna é muitas vezes prejudicada por sua própria excelência de seus
meios: é o caso de um médico em seus laboratório, quando examina as reações
de seu paciente com tamanha perfeição e cuidados, que chega a perder de vista a
cura do doente.

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