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A LENDA DE DEVORGUILLA
O irredutível afã individualista dos celtas fará com que deparem sempre com grandes doses
de sofrimento, sobretudo na Irlanda. Antes de existir como uma unidade, os celtiberos
também estavam divididos em vários reinos poderosos que por sua vez incluíam em seu
seio antigos domínios de senhores locais.
No século XV, os chamados Reis Católicos encarnaram a ânsia profunda do Grande Rei
Supremo, o Unificador — papel que, salvo as distâncias, Artur assumiria na Inglaterra e
Vercingetórix na Gália —, ao conseguir a primeira grande fusão de povos peninsulares que
daria forma ao conceito de Espanha como tal. Aqui se aproveitou o conceito de
administração e burocracia implícito na romanização do país, que serviu para unificá-lo e
organizá-lo. Mas os antigos irlandeses não contavam com essa bagagem. Até a Idade
Média, a ilha desenvolveu unicamente o sistema social céltico, dividindo-se em quatro
reinos físicos e mais um espiritual: Ulster no Norte, Connacht ou Connaught no Oeste,
Leinster no Leste e Munster no Sul. Passavam o dia guerreando uns contra os outros —
sobretudo os primeiros — para tentar impor sua supremacia definitiva sem consegui-lo.
Meath, que aspirava também a englobar a todos do ponto de vista mais religioso, era o
quinto reino. Durante alguns períodos históricos, houve ainda um local para fragmentar
esses territórios em mais algum outro, mas em essência esses foram sempre os principais.
O problema dos contínuos choques internos propiciou, a partir do século XI, a invasão de
piratas, sobretudo saxãos e dinamarqueses — os que certamente fundariam Dubh Linn, a
atual capital, que significa "Lagoa Negra", exatamente porque os irlandeses chamavam
esses invasores de "pessoas negras" — de acordo com outro costume tão empregado como
nefasto de pedir ajuda a outros povos para enfrentarem-se entre si.
Esses normandos foram os fundadores das primeiras cidades merecedoras de tal nome na
ilha. Com exceção de Dublin, podemos citar Wicklow, Waterford, Limerick ou Cork.
Foram expulsos depois de muito sofrimento no final do reinado de Brian Boru, na batalha
diante dos mesmos muros da atual capital irlandesa, mas voltariam "reencarnados" na
forma da aristocracia anglo-normanda que se havia estabelecido na Inglaterra.
O mito afirma que no ano 1116, o rei de Leinster e Dublin, Dermot Mac Murrough,
apaixonou-se e raptou Devorguilla, ou Dervorgauill, esposa do rei 0'Rourke de Breffini, um
de seus vassalos. A cólera deste deve ter diminuído a da deusa da guerra, porque não cedeu
até que ele tivesse feito com que todos os territórios de Mac Murrough pegassem em armas
contra ele, derrotando-o e obrigando-o a fugir da Irlanda.
Um humilhado e furioso ex-monarca de Leinster foi pedir ajuda ao poderoso rei Henrique
II Plantageneta da Inglaterra, duque de Aquitânia e da Normandia e regente da Bretanha
Armórica, que soube reconhecer a possibilidade de engrandecer suas possessões, e melhor
ainda se a custo de seus incompreensíveis e bárbaros vizinhos irlandeses. Enviou então para
lá seus principais barões que, após uma primeira tentativa que não deu certo, conseguiram
se consolidar em Baginbun. O chefe de suas tropas, Sir Richard de Pembroke, apoderou-se
de Waterford e Dublin e utilizou as duas cidades para receber e organizar as tropas que
Série Mitologia - Celtas
Fernando Martins – ofernando@globo.com
Terapeuta Holístico – CRT 37.039
http://fmth.webnode.com