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5.

A[) ") LES< ~f~ N( :J!\

O adolescente e a escolha tnufissional

Tudc adole cent tomA éldulto mediante um proces ~o


p-íquico de integração de eu a-pe to pe oai , grupa · e
valorarív . Por isso, as inquietaçõe.. relativa ao futuro pro --
fissional e tão an1algan1adas a várias outra , send po .fvel
conhecer sua problemática profissional, se a enxergarmo
inserida na dinân1ica geral do adolescente. E tes ão, por ex-
celência, os candidatos para orientação vocacional, poi -e
supõe que, ao final do ensino médio, realizarão a e. colha
bre como prosseguir seus estudos. A orientação c cacionali
profissional (OV /P) como um todo protnove un1 insight no
adolescente com relação a seu modo de pensar, sua identida--
de ocupacional, bem corno à dinâmica de sua personalidade.
O jovem que busca a OV/P está preocupado com o fu rurn
e está atrás de algo que o faça feliz, que venha a realizá- lo.
Não só os adolescentes estão à procura da felicidade. Quan-
tos artifícios são usados em nome dela: a paixão, a etem.n
juventude, a busca do paraíso ... Para os adultos, o Í\.tturo é
-~4 '-'V IJ L:\,../\1.._1 \.....LJ j\JI( . j),. • • 11

~------------------=~~\,f\N/\ LJTJC/\

agora, n1as, p ara o joven1, é un1 ternpo p o tencial, carregaJo


de esperan ças e n1edos. Quando ele pensa em uma profissão,
acredita estar usando plenan1ente o se u livre --arbítrio e espera
ter con1 isso certezas e garantias sobre seu futuro. O ado--
lescente considera que o único problema está em descobrir
dentro de si a ponta do iceberg. A escolha tezn raízes no pas . .
sado, desenvolviinento no presente e se abre para o futuro,
porén1 o joven1 não ten1 consciência disso. O futuro tem raí. .
zes naquilo que se é na orden1 institucional familiar, na ordem
institucional da educacão e na orden1 institucional do mundo
.:J

do trabalho. O futuro, para o adolescente, não é algo abstrato,


está povoado de personagens, reais ou iznaginários, con1 tais
ou quais atributos valorizados que acredita poderem ser con . .
quistados seguindo as suas profissões. Esse futuro, vivido no
presente, ta111bém se n1ostra repleto de ten1ores relativos ao
desconhecido. Por n1eio da relação do adolescente con1 o psi.-
cólogo ~rientador vocacional, é possível a concretização das
percepçoes enl relacão a esse futuro assim
_ • .:J , como a compre--
ensao dos desejos, das ansiedades e das defesas I· l 1
E . c 1gacasaee.
n1 Ineto a tantas turbulências próprias da ad 1 " .
quando 0 jovem de b o escencia,
sco re o que estudar e en1
entendidas como meio de d ,. que trabalhar,
. .
d tzeinos que ele alcancou s ace er a papers 5 ..
.I .d ocrars ad ultos,
ua rc ent1 ade
sofr endo as mesmas operacões na
.:J

. o cupacio nal
1 ~ conquista 1 . . '
pes~oa , uma vez que, como já foi dito . c a Identidade
pactonal se desen vo lve co ' a Identidade
1 mo unl aspect l ocu-
pessoa. A ocupação é o conjunto de ex o c. a identidade
Pecta trvas d
e Papel.

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..~L 75

aJ _unção des e papéis pode ser conquistada a partir de


a pectos co n5ciente ou inconscientes. São incon scientes os
papéts que , ao erem adotados, se apoiam sobre identifica,
ções mais do que obre a identidade. Aliás, sempre haverá
um resíduo de fa tores inconscientes enraizados nas identifi~
cações em q ualq uer desempenh o de papéis. Ressalte-- se que,
netSsa teorização, as identificações são mecanismos de defesa,
porque tém na sua origem a busca por solucionar ou superar
um conflito, uma contradição. A identidade, então, reúne
um conjunto de identificações que perderam o caráter de--
fensivo que lhes deu origem. Visto por outro ângulo, quando
as ídentificaçôes agem com autonomia dos motivos originais,
podem ser pensadas como sendo parte das características
próprias da pessoa (Bohoslavsky, 1977).
Para a psicanálise, todavia, identificação é um mecanis--
mo psíquico fundamental no desenvolvimento humano em
gerai e, em particular, nessa etapa da vida. Trata--se da possi--
bilidade q ue uma pessoa tem d e incorporar aspectos ou
características de outra pessoa com a qual tem relação de
aft to. Fazendo assim, a pessoa é capaz de se afastar de al--
guém importante para ela. Na medida em que ela introjeta,
põe para o interior de si aspectos do outro, a separação pode
ocorrer. É como se fosse feito um pequeno furto, no qual
aquelt q ue fica se apropria de aspectos daquele que parte, e,
com isso, sente -- se confortado. No luto, esse mecanismo é
bem_claro: um ente querido morre e os que ficam adotam
carac teríst icas, traços ou ideias daquele que se foi. Na

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C o LEÇÃo "Cr.
76 J NJCA p
~-----------------~'\LÍT !Cf\ 1 '

adolescência ' 0 indivíduo precisa se separar dos Pats;.


para
isso, assimila certos aspectos deles, mas é claro que, estando
110
auge de sua individuação, ele processa, confronta as se--
tnelhanças e as divergências, a fim de desenvolver a própria
identidade 1•
Adolescência significa evolução biológica natural desde
a infância até a n1aturidade. Adolescere quer dizer "joven1
adulto", crescer e dor. A passagem da adolescência corres--
ponde a certo núrnero de reclamos internos e externos que
força1n o aparelho psíquico a un1 trabalho de recomposição
e de processa1nento do qual dependerá, en1 grande medida,
toda a dinân1ica da personalidade.

O fenômeno adolescente

A ado lescência provo .


em d d. _ ca Impa cto n a e c o n o mia p síquica
uas In1ensoes : somatop , . . ,
biológicas d a pub d d szquzca, liga d a a s muda n ças
, er a e , que dá a c e " .
ps1quica e auto riza as I _ sso a uma m a tundad e
'b·t·d d re açoes sexu a is 1
Sl l 1 a e de reprodu - , . · co mp e tas co1n a pos --
à 111 d çao , e szmbólico- l ·
s u anças na posição s . I cu tural, r e la cio n a d a
d 1 ocia co m
a u ta e en1 pos tos n a produ - d a e ntra d a n a sex u a lida d e
un1a cadeia geraciona l O çao e trabalh o e ac/n . -
ea mm e t & c 11ssao e JTl
As Inudanças d a ad 0 l "' . Corç os, 2005
_ . . escenc1a t " p. 33)
sao pn vilegiado o corpo a e nl corno I ugar cl .
, n te as q ua rs. e ex
0 · d· pres--
' In IVíd -
Ver C::~pírulo 6, "Sobre as técnicas", c C. ~ Uu n ao tenl
dJIJl u lo 7 " I I
' < e nli fj .. -
C t! ç;lc l ''.

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nade o que faz r senã assi8tj~las r1 a si v ". .


_ 1- c amen te. 1sto e, dtante
das tran 'forn18ÇOC . , o e u e coloca em posiç;;
nO C1e
expec tc t1va
e subn1L-sáo mais do qup gostaria . H á itnpotência diante das
111udanças fisiológi as, ~un1n a nH."' ns trt~ação e as poluções
noturnas, diante da força con1 q11e o corpo revela os s~nti,
1nentos antes secretos, por rneio do ruho r ou tren1or, e ainda
diante das sen1elhanças c ~1flnidaJ s corn os genitores. Essa
rurbulência repre, enta an1caça de desorganização e de colap,
so. l)ependendo da continência farniliar e das características
do joven1, esse proces o será rnaís ou tnenos conflituoso.
Nesse período, ocorr a lteração de atitudes e ele cornpor-
tatnentos etn relação ao meio e, principalmente, aos país.
O trabalho da adolescência é buscar diferentes espaços e
limites en1 relação às pessoas próxin1as. Na medida em que o
joven1 con1eça a se incomodar con1 a onipresença dos pais e a
falta de privacidade, ele impõe uma modificação da distância
entre os relacionamentos e redistribuição do espaço familiar.
Isso causa sofrimento aos pais, entre outros fatores, pela perda
da ascendência sobre os filhos, que tan1bém sofrem pela
percepção de ingerência e controle daqueles . A adolescência
de um membro da fan1ília tumultua e força un1a nova confi--
guração que pode, ou não, representar ameaça ao equilíbrio
e à ordem familiar estabelecida.
. Ao adolescente -será imposto operar a passagem do tempo
ClreuJar (de fantasia) e onipotência, própria à infância, para
.o · , cro·
temf'o .lineat
c-~ .
·n l , . Ferr·art. (1996)
a. .· ·o ogtco. . · atn.bu1. a, ado les . .
. neta a un~ '"' .
-~'<f'Vttancta de um.segundo nascimento, ou segundo

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L OLl:y / \U '-'L.." ·· ~·--- - -- - .. ...... ."-'''

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,. de individuação do ser humano. Esse


desafio de separaçao e .
., d ., / . e construtivo, na med1da etn que lança
peno 0 e necessano . .
as bases d a pr.·1111etra
· elaboração consciente do conflito mente/

corpo, CUJO · resu ltado poderá ser harmonioso ou conflituoso.


O desafio do adolescente consiste em integrar o novo
corpo púbere com o acabamento das identificações se--
xuais, aquisição da autonomia e separação dos pais por
meio do desinvestimento deles. Para que consiga cun1prir
essa tarefa, ele precisará romper con1 a onipotência infantil
que tem por trás da imagem idealizada de si n1esmo. Deve
ainda reformular a ideia de pais idealizados, que sabem
tudo, natural da infância, e poder questioná--los. Elaborar
esses aspectos infantis significa entrar em contato com a
castração do adulto, ou seja, reconhecer a diferença entre
os sexos, que o universo é co1n posto por homens e nlulhe--
res e que o corpo tem limites, muito aq uém dos desejos. A
adolescência in1plica adn1itir a mortalidade de si e dos pais.
E tan1bén1 leva o joven1 a voltar sua energia sex ual para
o mundo ex t~rior, pondo em andamento a superação do
complexo de Edipo.

O desenvolvimento da libido

A ado lesc ê n c ia c orrespon de a etapa fi n a l do c1


. d esen vol--
vtn1en to a libido n o h o1nem. Fre ud faz n ota r n o .
1905 wr. " . a r ttgo de
, 1res en sa1os sobre a teoria d a sex ua li dade"
, q ue a
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~ _'ualidade hutnana ten1 a característica da bissexualida. .


de a de er bifásica. Bissexual porque o homem possui a
propriedade constitucional de ter características sexuais
fen1ininas e n1asculinas "que se encontram nos conflitos
que indivíduo conhece para assumir o seu próprio sexo"
(Laplanche & Pontalis, 1970, p. 88). Além disso, con1o já
n1encionan1os, a sexualidade hutnana é bifásica. A primei . .
ra fase corresponde à sexualidade autoerótica e parcial,
quando sua satisfação procedente de diversos instintos e de
diferentes "zonas erógenas que, independentemente, umas
das outras, buscam determinada espécie de prazer como
seu único objetivo sexual" (Freud, 1905, p. 213). Após esse
período, quando a criança tem entre seis e sete anos ingressa
na fase de latência. Nessa fase, em razão da imaturidade dos
aparelhos reprodutores, o aparelho psíquico desvia o grande
volun1e dos in1pulsos sexuais dos objetos da satisfação direta
para outros como o conhecimento; essa operação ocorre por
meio da sublimação. Em paralelo, todo e qualquer resquício
dos impulsos sexuais atuantes na etapa anterior são repri . .
midos, deixando em seu lugar as regras morais, a vergonha
e a repugnância. Desde esse período até a entrada da ado . .
lescência, a criança se volta para a produção da cultura, o
conhecimento intelectual, as respostas aos porquês, os jogos
competitivos e a aquisição das regras. Por conta disso, diz . .
, se que a sexualidade humana é bifásica quanto à escolha
do objeto, passa por duas fases, a segunda realizada com a
entrada n a adolescência.

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. ''( , /. If i/( /t f'' tC MI~illf:'•"
( A• l//!l,t\CI

---
Ritos de fJassagem.

l'n r nc :ISU II > d c.1 ; Jdo/csc<~ ll c i ;-J, ns nrus ele péL)•,agcm ~<:
c n c o n(Ti_ llll 11 ; 1 Fi·<>nrc ir;, c niTC o indi vidll rl l, r> C()rporal, (I
psicnlôgic() c <' .'i()Cinl. En 1 q u;.1sc rud:. 1s ~1s culturrl.) há um ri,
t·Lull de p ;.1ss;1gc n1 d;1 in frin c i;l p:1ra ;-1 ;Jcl() /cscêncírl que po.ssu1
;:lfg unl CIS cons t;1nrcs. P;1ssnr do cs r-~1du de n r.ltllrczí:J selvagem
Jli:l rLJ f-1 c u/turn e ~ ll él S rcgréls inlplic; J, n1uir:1s vezes, 11111 rroccs,
so dolo rnsn, ri1TÍsccKio Jlél f é. I o C(lrpo, e su li t éÍ rio. En1 n/gumas
c u/ t 11r c-1s, o s r i tos s i n1 ho Iiz;.1 n1 pu ri (j c; 1ç f! o (sc 111 c Ihri n rc: ao
hiltis n1u) e fec unc/idt-tdc (Jeéllllnl et & Co rços, 2005).
Os ri tos, ;.tssínl coJn u ns n1iros, srí() nl ~HJ e ir;J s de Ulll íl dndH
cu ltura J~tr con trr J crs rc /" çncs p:.1n 1dox;.IÍs re;dicl::1cle (ci[íl c./;J

ele co ntr;-tdiçõcs ~ ÍI"11;-1délS c n1 p /iJn os diú.:rc nl c;). O n1Í UJ 1em


cnnlu r i?trefa unir l' (;.lzc.: r cncx isrír css;ts c c>IliTt-tdícõc.:s em
re L--rçõcs que n fi( ) sã() d ;t f>fcl l' rn c/;.1 }( ,g i c; 1, Jll fi S d o p:-JJrad()xu.
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pu r exenlplo, unl rt ccrínl ô n h r.J1 r: nu c c z. 1- l í:l V JH,
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con·lcb. e nl vo l t a ela c id8c/e I, C'" tzc~c-:-,_U J c/(: l llnv
1e l rlVél ~L' In VC:<.; rt· •
um a t·Ira
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n os escravos, c:nq u niJtn 0 cid ,, ]:· . . . n ~cr
- r(.,}()("( lrrt ' t 5
'<> In c1 Ji t ~
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>:11

ne a cerimônia. e e ritual, a nudez significava não uma


nude: ab luta n1a a au ência da toga viril, a roupa por
excelência do cidadão, a ve te que os cidadãos de Roma
de,·eriam adotar brigatorian1ente como definição de seu
própri staw.s, e que, como tal, e ra rigorosamente proibida
a e trangeiro e exilado . Apó a envergadura da toga viril,
con1eçaya un1 período de aprendizado, principalmente de
rden1 militar, com valore de coragem, arrogância e até de
fe rocidade ma empre acompanhados da d isciplina e da
obediência (Fra chetti, 1996).
O ritual de pa agem da criança para a fase adulta foi re ,
rratado intensan1ente nas obras de arte grega. O centauro era
uma ,·er ão mitológica da iniciação: uma personagem que, já
em seu a pecto físico, n1eio homem e meio animal (cavalo) ,
mo crava a pertinência a dois mundos, o da natureza e o da
cultura em analogia ao mundo da infância e ao da maruri~
dade. O centauro era respeitado como mestre . H ábil caçador,
foi muitas \'ezes figurado com uma caça na ponta de um
galho. O treinan1enro do jovem grego se estendia também
ao conhecimento do território, aos exercícios físicos e a ha,
bilidade nas competições e nos concursos (Schnapp, 1996).

Narciso, Édipo e Pigmalião

egundo Kancyper ( 1999) , alguns mitos representam e


. b o1'tcamente a pecto d a conn·1uva
tradu-em 1m . ps1qu1
/ .ca

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-, C OLEÇÃO "CLíNICA P SICANALÍTICA11
.:L

humana que acaban1. por ser e labo rados n a passagem da


ado lescência para a vida adulta.

Na1'"ciso
Conta a lenda que Narc iso era un1 jovem n1uito belo,
rno rador do Olin1po. Certo dia, d ebruçou.- se en1 u1n lago e
surpreende u-se con1. a beleza da própria in1agen1 refletida na
superfície da água . Apaixon o u.- se por essa in1.agem e com isso
perdeu to do o interesse pelas criaturas à sua volta. Sucun1biu
a li mesmo, d and o orige1n a un1.a flo r chan1ada narciso. Essa
hisrória ilustra uma fase do desenvolvin1ento hun1ano (nar~
cisismo) n a qual parte da energia sexual é dirigida ao próprio
eu . N o narcisismo, a experiência de satisfação é a lca nçada
n o próprio corpo e o objeto da satisfação é o próprio eu.
A base narcísica é ex tremamente in1portante no de --
senvolvimento psíquico, porque garante o sentin1.ento de
con tin.uida d e e de segurança interna. Nessa fase, a criança
desenvolve a capacidade de obter saídas prazerosas e criati--
v as com o próprio corpo . Em o utras palavras, a instalação do
narcisismo possibilita ao s ujeito se sentir bem con1 se u corpo,
reproduzindo as prin1.eiras experiências de satisfação.
Narciso acabou simbolizando o mito que trata da oni--
potência. Quando uma pessoa acredita que n-ao prectsa · ele
o utra ou quando pensa
· que as coisas acontec e1n porque e 1,Lo
deseja que aconteçam, dizemos qu e es tá in . .
1ersa n a o ntpo--
téncia ou é onipotente. Escolher uma profis - . . I .
. ,. . sao 1111p1tca a J flf
mão da on1potenc1a e compreender que não . . ..
e poss t vel ser e

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· -er tudo . Todo nó nos restringimos a um limite, segundo


o ual e é apen as de um jeito, e que não nos é dada a possi~
~thdade de ba tar~no : precisaremos sempre do outro.
Fa:er frente ao núto de Narciso é lidar com o complexo
fraterno enfrentar as diferenças e as rivalidades. Realizar um
p ·ero profission al requer diferenciacão dos pais, dos irmãos e
~

- pares ao niesmo tempo em que permite a criação de um sen~


rido de pertencimento a comunidade de semelhantes (fratria).

Édipo
"
Edipo realizo u o grande desejo de quebrar os degraus
entre as gerações, pois se casou com a mãe e teve filhos com
ela. Assim tomou ~ se simultaneamente pai, irmão e filho.
"
O mito de Edipo alerta para o desejo inconsciente, desde
a tenra idade do ser humano, de matar o progenitor domes--
mo sexo e desposar o progenitor do sexo oposto. Superar o
complexo de Édipo é afastar--se da trama triangular, promo--
\ er a morte simbólica do pai, interiorizando~o, e abandonar
o amor pela mãe, abrindo passagem para outros objetos
amorosos e profissionais. Isto é, realizar a escolha profis--
sional com certa autonomia dos projetos e ideais paternos,
identificando--se com os pais, mas buscando novos modelos
de identificação para traçar um caminho singular.

Pigmalião
· uma mulher
P. r·- era
1gma 1ao
Uffi eSCU l tOf que COUS t fUlU
. f la do
_rel·ta e enanlorou--se dela. Esse mtto a
(Galatea ) Pe n,

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CoLEÇÃO "CLíNICA PsiCANALíTICA ''
84

criador que vê a criação con1o un1a extensão sua. E 0 caso


do 1 ai que deseja traçar os can1h1hos do filho, porque 0 con~
sidera son1ente un1 prolongan1e11to de si. Pais e filhos que se
acreditan1 continuidade un1 do o utr) es tão, no fundo, presos
à ilusão de que são in1orta is e de qu e não há diferenca de .)

gerações e11tre eles. Não obstante, sabe n1os que o confronto


entre gerações é fundan1.ental para a superação da adolescên~
cia, un1a vez que leva o joven1 a forçar os lin1ites, questionar
as regras e, aos poucos, ocupar un1.lugar de adulto na con1u~
11.idade. O papel dos pais é, sin1ultanean1.ente, o de funcionar
cotno obstáculo e ser referência para reflexão. Assin1, pais e
filhos deven1 trabalhar a desidealização, sen1. a qual não se
alcança a diferenciação e o confronto entre as gerações, nen1
o fin1 da ilusão de in1ortalidade. Essa experiência promove a
perda do lugar dos pais pela sucessão dos filhos.

Lutos da adolescência

Aberastury et al. ( 1966) aponta três lutos vividos ~10


, d d adolescência O primeiro luto é pelo corlJO m. .
per1o o a · do
fantiL e pela fantasia de ter ambos os sexos, comum a to
ulrado do período da bissexualidade. O
ser l1..Un1.an. o, re S . .. . /
. d características sexua1s secundanas, alern
s urg1mento as ,.. _
- I1..a rnenina e do semen no rapaz, poe em
da menstruaçao
" . . status ao adolescente: o de pertencer a
evidertcla un1. novo .
l t ornen1. ou n1.ulher, e de ter de assumLr o
unl.. grupo sexua ' :1.

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l)Rtr. l I .\l PRt )FJ ll) \L
85

papel corre pondente ao se u gêner em um relacionamento


de ca l e d iante da pr criaçã . O luto pel crescimento en,
volve o ego e a ex teri ridade do c rpo. Se as transformacões
~

corporai vên1 muit mat r pidamente do que o ego tem


condiçõe de a itnilar, há forte angústia acompanh ada do
entiment de e r inv did . utr luto vivido n essa ocasião
é pel pais da infdncia . O complexo de Édipo é reeditado na
adole cência, e n vamente o interesse erótico e agressivo do
ujeito e v Ita para o pai . Contudo , o destino dessa trama
é conhecido: no processo normal, os objetos parentais são
interditado , o que lança aos po ucos o jovem para o mundo
de relações mais amplo. A ssiin, espera,se que, se libertando
da ascendência dos pais e substitutos, o adolescente possa,
aos poucos, ser por si mesmo. Então, é somente quando o
indivíduo consegue olhar simultaneamente para o mundo
da criança e do adulto, em un1 vaivém, que começa a surgir
a nova identidade. Temos, portanto, o terceiro luto vivido
pelos adolescentes quando perden1 as relações infantis para
dar lugar a construção da própria identidade.
Todos esses mecanismos acontecem ao mesmo tempo.
Me ltzer & Harris ( 1998) falam desse trânsito do jovem
como se fosse uma dança entre diferentes comunidades, com
diferentes estados mentais correspondentes: a comunidade
da família, na qual ele é uma criança; a comunidade dos
adolescentes, quando ele está com os iguais experimentando
o amor, as afinidades e as rebeldias contra os adultos; a co,
munidade dos adu ltos, quando ele se vê como inteiramente

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~ --

. . . I
resnlvido; e a co1nuniclade do 8 J'J L::~c:::-_ -:::
po r ta nte qu e ele) de fato: crrcule ::::cr= ~ c_7 - =---·;-~ :~
pares, da fcnnílía. dos adu lt'Js e ~o i:olan.::2.-=r:: ;r~ :: ---:: -- -.
- ---
a 1118 turidade.

Ser adolescente hoje

O Código Civil considera o adolesce:1~'= :1r....... ;:: ~ :.:~~J =--=~-­


ponsáve l a partir dos 18 anos, atribuindo -[he ~zr~=--~ eie~·==-~;;
e direitos e, aos 21 anos , o utrrJs . Contudo. n c.~~ ;;c~-= : _.. . _ ! _ __ ,_.. ____ _ ..... _ -

n1aturidade emocion al acompanha a cronológica. 52.2~==~


que, Inuitas vezes, o jovetn não tem condicõe: de :u:c~z-
-
~
.;;)

autonon1ia que lhe é concedida. Não basta e5car .= ::>t e~:::::


do estatuto psicossocial para mudar a maneira como --é ~ ~
1nesmo ou para tnodificar a forma como é visto pelos au ;-;-c ~.
A falta de parân1etros claros, éticos e morais de ça;:ét ie
a utorida d e que supo rtem, o u mesmo ofereçam resist:ên.c:ra.
perante as tentativas de expansão experimentadas pelo.: jo -
vens para alé1n dos limites, de um lado , e a falta de respeito à
singularidade e às etapas de desenvolvimento de cada pessoa.
por parte das instituições, por outro, vêm complexificando a
travessia pela adolescência.
Assim, o estado de excitação, hedonismo e volubilida.-
de, característico da socied~de conte~~or,ân~a, dificulta o
. dável de geraçoes necessan o a cbferenciacão
con -onto sau e
fr ~

superaça- 0 da adolescência.

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ÜRIFNl AC,.'..\0 PROr!SSIONAL
87

Muitos j ven s e pc:lis la1nentan1, com razão', o fato de a


esc lh a pr fissio nal ocorrer en1 e tapa tão precoce, em pleno
turbilh5o da ad lescê ncia. M as essa não é un1a escolha para
toda a vida e, sitn, a d prin1eiro degrau de uma sucessão de
outros na carreira. En1 certa n1edida, o jovem deve esperar
o estado adulto, os futuros objetos de investimento afetivo,
a escolha profission al e o estatuto social que virá. Apesar
disso, a orientação vocacional tem um efeito organizador
de extren1.a in1portância para o jovem, pois o ajuda a refletir
sobre seus dran1as, priorizá~los e dar soluções balizadas a
cada um deles.

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