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wO PROBLEMA HABITACIONAL
Miquéias 2.1-5

“Eu não tenho onde morar, por isso eu moro na areia..." - diz a música de Dorival
Caymmi, que reflete muito bem a realidade brasileira em relação à questão moradia.
Depois de 500 anos de história, o Brasil se apresenta com uma defasagem
habitacional que já alcança, segundo algumas estatísticas, o vergonhoso número de
10 milhões de moradias.

Infelizmente, o problema não é só a ausência de 10 milhões de casas, mas,


sobretudo, a absoluta deterioração das condições de habitação. Terrenos baldios são
ocupados; construções inacabadas, cortiços, viadutos e a própria rua, as marquises
das lojas, têm sido usados para moradias.

Este estudo nos convida a conhecer e refletir sobre uma das questões mais graves em
nosso país: a moradia. A igreja não pode ficar indiferente diante da angústia de
milhões de brasileiros que sofrem por não possuírem uma casa para morar.

As Escrituras desafiam a igreja a ouvir o grito daqueles que não têm moradia digna. É
preciso resgatar a moradia como símbolo de acolhida, de vivência fraterna, lugar de
descanso, recolhimento e intimidade, cultura e lazer da família.

O problema habitacional está ligado diretamente à concentração da população nas


grandes cidades. A Secretaria Nacional de Habitação, em 1992, já apontava esta
defasagem de moradias, com tendência a ficar mais grave a partir do ano 2000.

Hoje, cerca de 80% da população se encontram na região urbana. É um problema não


só da cidade de São Paulo, onde 70% da população moram em habitações
irregulares, incluindo favelas, cortiços, loteamentos clandestinos e casas precárias. As
cidades de porte médio estão enfrentando os mesmos problemas.

No século XX o Brasil experimentou um fenômeno de migração que ficou conhecido


como "êxodo rural". Foi um movimento de abandono da zona rural para a zona
urbana. As grandes cidades se tornaram maiores ainda. Surgiram, então, as favelas -
moradias extremamente precárias, com crescimento gigantesco nas grandes cidades.

Na década de 70, no Rio de Janeiro, a população favelada cresceu 27,8%, enquanto a


da cidade aumentava em 19,7%. Nos anos 80, a degradação das condições de
moradia na "cidade maravilhosa" foi ainda maior, pois a população nas favelas
cresceu 32%, enquanto que, para a cidade, o aumento médio foi da ordem de apenas
7%. Em Belo Horizonte, o mesmo problema se repete, uma vez que, no período de
1981 a 1991, a cidade cresceu 13,5%, e a população favelada 58,9% (Tempo e
Presença, n° 267, p. 7).

As cidades percebem esta realidade, não nos números frios das estatísticas, mas no
dia a dia das ruas e dos bairros. Sobra gente e falta casa. A edição de 29 de
novembro/97 de O Estado de S. Paulo, trouxe a seguinte reportagem:

"Família mora em tubo de galeria interrompida - Nem todo


mundo reclama do atraso no cronograma das obras da
Prefeitura.

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O sem-teto Ricardo José de Sousa, de 30 anos, usa os tubos


de concreto de galerias deixados num jardim ao lado da Ponte
da Casa Verde para abrigar-se da chuva e proteger os dois
filhos.

Andréia Cristina, de 3 anos, e Alex Luís, de 1 ano e 8 meses,


vivem do pouco dinheiro que o pai consegue catando papelão
na rua e da caridade de vizinhos, comerciantes e religiosos
que, vez por outra, doam roupas e alimentos para a família.

'Antes da obra, eu já morava aqui', contou o pernambucano


Sousa ao Estado, enquanto observava os filhos dentro da
tubulação. 'Quando chove, eu não deixo eles saírem lá de
dentro'

Os garotos são obedientes. Além de Sousa, um grupo de seis


ou sete sem-teto cuida das crianças. A mãe deles morreu em
21 de abril, quando dava à luz o terceiro filho, também morto no
parto.

'Com fé em Deus, vou lutar até o fim', disse Sousa. 'Os


meninos já estão sofrendo muito sem a mãe; se ficarem sem o
pai, vão sofrer o dobro."

Infelizmente, o drama de Ricardo José de Souza e seus filhos é o retrato de milhões


de outras famílias que não têm uma casa para morar. O que pode ser feito para mudar
este quadro? Qual o papel da igreja frente a esta questão?

1 - CASA PRÓPRIA - UM DIREITO DE TODOS


Existe unanimidade no reconhecimento de que cada ser humano tem direito a uma
moradia digna. A Constituição Brasileira assegura no Art. 30 - VIII, Art. 182 - parágrafo
2º, esse direito.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todos têm direito a uma casa.
Isto não pode ficar só no papel ou no palavreado bonito. Não existirá democracia, de
fato, se o sistema econômico adotado exclui parcelas da população dos meios
necessários a uma vida digna: acesso ao trabalho, à terra, à moradia, à educação etc.

Como está a região onde você mora, em termos de moradia? Que condições
oferecem nossas próprias casas? Quem não tem casa, como e onde fica? O sonho de
toda pessoa é ter o seu teto. É aí que as pessoas concretizarão seus planos de viver
com a família. É no lar que se constroem as relações de afeto e onde nascem as
histórias de amor.

É tarefa também da igreja lutar por uma nova ordem, onde o solo urbano seja para
todos. A igreja cristã no Brasil precisa estar consciente de que a situação da falta de
moradia para milhões de brasileiros é um problema grave.

O compromisso da comunidade cristã com os sem-teto é, acima de tudo, humanitário


e evangélico. É sinal de solidariedade, de salvação e de libertação. A comunidade que
agir assim estará mostrando os sinais do reino. Só haverá moradia para todos no
momento em que a justiça alcançar a todos (Jr 23.5,6).

O profeta propõe um jejum que agrada a Deus e que deveria ser observado pela igreja
em relação aos sem casa (Is 58.6,7).

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2 - A QUALIDADE DE MORADIA
A qualidade de vida no meio urbano está em decadência. O meio ambiente tem sido
sacrificado, ou pela especulação imobiliária, ou pela ocupação das populações
carentes empurradas para as áreas de riscos (encostas de morros, margens de rios) e
para as periferias.

Com isto, surgem e crescem as favelas. As favelas são moradias totalmente


inadequadas. Caracterizam-se pela localização nos morros, ao longo dos córregos,
regiões alagadiças, mangues, geralmente em condições topográficas de difícil
aproveitamento.

Se é tarefa da igreja lutar pelo direito à moradia, também é tarefa da igreja mostrar a
importância de se ter qualidade de vida na habitação. A igreja precisa lutar em favor
dos desfavorecidos, em busca da dignidade de moradia.

"Independentemente de uma polêmica sobre a melhora relativa


ou não das condições de habitabilidade da população
brasileira, o certo é que o número absoluto das carências
habitacionais é verdadeiramente colossal: 14,6 milhões de
pessoas não recebem água de rede, 24,3 milhões não são
atendidos por coleta de lixo, 13,7 milhões não dispõem de
instalações sanitárias,17 milhões não têm canalização interna
de água.

Por outro lado, dados levantados pela ABES (Associação


Brasileira de Engenharia Sanitária), quanto às condições de
saneamento no país, são preocupantes: 90% do esgoto
coletado não recebe qualquer tratamento, 60% do lixo coletado
é despejado a céu aberto, 99% do municípios não têm
qualquer sistema de tratamento de esgoto, em 53% o esgoto
sequer é coletado e em 42% inexiste tratamento de água.

Nessas condições, se o quadro não se reverter, é inevitável


uma progressiva deterioração das condições ambientais, que
pode tornar-se dramático no futuro".

A habitação carece de condições mínimas para ser uma moradia decente. A ausência
de moradias e a situação precária de habitação da maior parte da população brasileira
são um desafio ao engajamento da comunidade cristã em busca de qualidade e
dignidade nas casas do Brasil.

3 - SUGESTÕES PARA A AÇÃO DA IGREJA


A maioria das igrejas no Brasil está inserida no contexto urbano. Por isto, a igreja não
pode ficar indiferente a este problema que atinge milhões de famílias nas cidades. Seu
ponto de partida é a própria realidade urbana. Nossa proposta, nesta reflexão, é para
uma ação da comunidade cristã que deve caminhar com um tríplice objetivo:

• Ação junto às populações sem habitação ou de habitação precária,


desenvolvendo um trabalho de conscientização sobre o direito de morar
dignamente. Esta ação seria mais do que um apoio: seria um fermento para a
organização e união dos movimentos populares de moradia.

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• Ação visando conhecer e analisar as condições de moradia da população de


baixa renda, sensibilizando as pessoas diante do problema. A partir deste
conhecimento e desta sensibilização, efetivar algo em busca de moradias dignas.

• Ação que tenha como objetivo despertar o compromisso da igreja para com
aqueles que não têm moradia digna, expressando, assim, o seu amor, e oferecendo
respaldo jurídico às iniciativas e organizações de base.

Você acha que a igreja deve apoiar financeiramente organizações humanitárias para
construção de moradias?

AUTOR: REV. AÍLTON GONÇALVES DIAS FILHO

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