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A Conduta da Igreja no fim dos

t emp o s
[estudo 19 – 1pedro 4.7-11]
De vez em quando um líder religioso se torna tão convencido de que a
vinda do Senhor é iminente que persuade aos membros de sua seita a
venderem tudo e se isolarem em um lugar afastado da cidade para aguardar
a vinda do Senhor. Em 1988, milhares de igrejas na América receberam pelo
correio um folheto escrito por Edgar Whisenant, “88 razões pelas quais o
arrebatamento acontecerá em 1988”. Ele utilizou vários argumentos
interessantes, mas, tudo foi em vão. Como todos sabem Jesus Cristo não
voltou em 1988. Então, em 1989, ele publicou outro folheto explicando
porque seus cálculos estavam errados e afirmando que a vinda do Senhor
Jesus, na verdade, aconteceria em 1989. Seus cálculos também falharam
naquele ano. Porém, em 1990, ele não publicou mais nada.
Edgar Whisenant admitiu em seu livreto de 1989 que se confundiu
sobre a volta de Jesus, uma vez que havia muitos fatores complexos
envolvidos. Contudo, seu objetivo era despertar a igreja de sua apatia
espiritual. Whisenant levanta uma importante questão: De que forma
devemos nos comportar a luz do fato de que estamos vivendo no fim dos
tempos? Pedro responde essa pergunta em 1Pedro 4.7-11.
Nesta passagem, o apóstolo Pedro instruiu aos seus leitores sobre três
aspectos básicos da conduta cristã: o incentivo, as instruções e a intenção de
nossa conduta.352

I. O incentivo sobre a nossa conduta


“Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos
e sóbrios a bem das vossas orações” (1Pedro 4.7).

Na seção anterior (1Pe 4.1-6), Pedro disse que Cristo está pronto para
julgar os vivos e os mortos (4.5). Alguns crentes haviam morrido, o que pode
ter atraído alguns escarnecedores (4.6): “Os cristãos morreram, assim como
todos os outros! Que diferença faz ser cristão? Eles morreram e não
aproveitaram os prazeres da vida!”. Mas Pedro afirma, “Ora, o fim de todas
as coisas está próximo”.

352MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 234).
Chicago: Moody Publishers.
“Ora, o fim de todas as coisas está próximo...” (v. 7) – A palavra
“fim” (telos, em grego) não indica, necessariamente, interrupção, rescisão ou
conclusão cronológica. Mas significa “consumação, realização, um objetivo
alcançado”. Neste contexto, refere-se à segunda vinda de Cristo.353
O verbo “próximo” (ēggiken, em grego) indica um processo
consumado (a volta de Cristo), que pode ocorrer a qualquer momento (cf. Mt
24.37-39; Rm 13.12; 1Ts 5.2; Ap 16.15, 22.20; Mc 13.35-37; Lc 12.40; 21.36;
1Co 1.7; 1Tm 6.14; Tt 2.13; Tg 5.7-9).354 Assim, os termos “fim” e “próximo”
expressam a esperança do ato escatológico iminente da volta de Cristo Jesus.
Hoje, muitos zombam e dizem: “Isso é loucura! Já se passaram quase
2.000 anos e Jesus ainda não voltou. Como alguém pode dizer que o fim de
todas as coisas está próximo?” Pedro responde:

“Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que,
para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um
dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a
julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para
convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos
cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o
Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso
estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra
e as obras que nela existem serão atingidas” (2Pedro 3.8-10).

O que tais escarnecedores não percebem é que a visão do tempo para


Deus é diferente da nossa. Mil anos para o Senhor é como um dia. Além
disso, Ele não deseja que nenhum dos Seus filhos pereça.
O fato de Jesus não ter voltado ainda, não significa que o fim de todas
as coisas não esteja próximo. Não é mesmo? Ainda que o Senhor Jesus não
retorne enquanto estivermos vivos neste mundo, individualmente, estamos
muito perto do fim, não estamos? Estou com 35 anos, faltam apenas 30 anos
para a aposentadoria! Mas não tenho nenhuma garantia de que vou viver até
os 36 anos. Aliás, ninguém possui essa garantia. Assim, todos precisam viver
na perspectiva de que o fim de todas as coisas está próximo.
À luz do retorno de Cristo e o desdobramento do julgamento do fim
dos tempos, Pedro diz que devemos responder com certas ações específicas.

353 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996).Vine’s Complete Expository Dictionary of
Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.
354 MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 235).

Chicago: Moody Publishers.


II. A instrução sobre nossa conduta
“Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros,
porque o amor cobre multidão de pecados” (1Pedro 4.11b).
“... para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de
Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos
séculos. Amém!” (1Pedro 4.11b).

Se Cristo está pronto para julgar os vivos e os mortos (4.5), se o


julgamento vai começar pela casa de Deus (4.17), então aqui está como o
povo de Deus deve se conduzir no fim dos tempos. Há três áreas específicas:
oração, amor e serviço.

A. O cristão deve glorificar a Deus através da oração (4.7 b).


“Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos
e sóbrios a bem das vossas orações” (1Pedro 4.7).

A oração glorifica a Deus porque reconhece a fraqueza humana e a


total dependência dEle. São as orações que mantém os olhos dos cristãos na
direção certa.355 Não orar é, com efeito, afirmar nossa própria suficiência e
arrogância. Pedro menciona duas qualidades que vão nos ajudar a manter a
perspectiva correta diante da vinda do Senhor:

Em primeiro lugar, “Sede, portanto, criteriosos” (v. 7). A palavra


“criterioso” deriva de um termo que significa literalmente, “estar na mente
da pessoa certa” (sōphroneō, em grego) ou estar sob controle e não se deixar
levar por uma opinião errada (Rm 12.3; cf. Pv 23.7). Marcos usou a mesma
palavra para descrever o maníaco que foi libertado da legião de demônios
por Jesus, “Ele estava em perfeito juízo” (Mc 5.15). O verbo também se refere
à guarda do coração (Pv 4.23). A mente cristã deve ser claramente fixada nas
prioridades espirituais (Js 1.8; Mt 6.33; Cl 3.2, 16; Tt 2.11-12). John
MacArtur corretamente escreveu: “Quando as mentes dos crentes estão
sujeitas a Cristo (2Co 10.5). E a Sua Palavra (Sl 1.2, 19.7, 10, 119.97, 103,
105; 2Tm 3.15-17) eles veem as coisas de uma perspectiva eterna.356 Todo
cristão deve viver nas expectativa da vinda do Senhor.

Em segundo lugar, “Sede, portanto, sóbrios” (v. 7). A palavra


“sóbrio” (nepho, em grego) significa “estar livre da influência de
entorpecentes”. 357 Mas no Novo Testamento é utilizada, metaforicamente,

355
MUELLER. Ênio R. 1Pedro, Introdução e Comentário. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
1988, p. 235.
356 MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 240).

Chicago: Moody Publishers.


357 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996).Vine’s Complete Expository Dictionary of

Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.


para a necessidade de vigilância quanto a volta de Cristo (1Ts 5.6, 8; 2Tm
4.5, 1Pe 1.13, 4.7).
O oposto da palavra é permanecer dormindo (1Ts 5.6-8). Pedro sabia
bem o que era isso. No jardim do Getsêmani ele dormiu enquanto deveria
orar e vigiar. Como resultado, ele caiu em tentação e negou o mestre (Mt
26.40-41). Agora, Pedro compartilha o mesmo com os seus leitores. É
necessário sobriedade e vigilância, pois estes são dias cruciais. O fim está
próximo.

B. O cristão deve glorificar a Deus através do amor.


“Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros,
porque o amor cobre multidão de pecados. Sede, mutuamente,
hospitaleiros, sem murmuração” (1Pedro 4.8-9).

1. A questão do amor.

“Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os


outros...” (v. 8) – Pedro admoesta aos seus leitores sobre a prioridade do
amor na vida da igreja. Jesus disse que o amor um pelo outro é o seu novo
mandamento, o sinal de que o mundo vai saber que somos Seus seguidores
(Jo 13.34-35). Paulo escreveu aos coríntios dizendo que poderia ter todos os
dons espirituais, mas sem amor, de nada adiantaria (1Co 13.1-3). Amar o
próximo é uma prova concreta de que amamos a Deus (1Jo 4.20; Mt 22.37-
39).
Além do mais, Pedro diz que o amor na vida do cristão tem que ser
“intenso” (v. 8). O termo “intenso” (ektenēs, em grego) denota o esforço
máximo dos músculos de um atleta durante a corrida. A literatura grega
utilizava a palavra para descrever um cavalo que se esforça para correr a
toda velocidade. Isso significa que tal amor é sacrificial, não sentimental, e
requer muito esforço, apesar do insulto, injúria e a incompreensão dos
outros (Pv 10.12; Mt 5.44; Mc 12.33; Rm 12.14-15, 20; 1Jo 4.11; Gl 6.10; Ef
5.2; Tg 1.27).358
O amor bíblico, muitas vezes, é mais uma questão de trabalho, atitude
do que sentimento. Trata-se de muito esforço!

“... porque o amor cobre multidão de pecados” (v. 8) – Essa frase é


oriunda de Provérbios: “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as
transgressões” (Pv. 10.12). A palavra “cobrir” (kalúptō, em grego) significa
“ocultar” ou “esconder”. Isso não quer dizer que o amor ignora a realidade
do pecado. Ao contrário, a única solução para o pecado é o perdão e o amor
nos motiva a perdoar. Além disso, o amor edifica (1Co 8.1). O amor se

358MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 241).
Chicago: Moody Publishers.
concentra ao afirmar pontos fortes em vez de criticar as fraquezas. Ele
carrega os fardos uns dos outros e assim cumpre a lei de Cristo (Gl 6.2).359
Em Gênesis temos uma ilustração deste princípio. Noé bebendo do
vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda. Seu filho Cam viu a
vergonha de seu pai e contou para os outros. Então, Sem e Jafé, em amor,
tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e,
andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a
vissem (Gn 9.21-23). Não deve ser muito difícil para nós cobrir os pecados
dos outros, afinal, Jesus Cristo morreu para que nossos pecados pudessem
ser lavados.360

2. A questão da hospitalidade.

“Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração” (1Pedro 4.8-9).

O termo “hospitaleiro” (philoxenos, em grego) significa literalmente


“amigo de estranhos”.361 O que Pedro está dizendo é que o cristão não abre
apenas o seu coração, mas também a sua casa. O amor do cristão não deve
apenas ser intenso, mas também deve ser prático. Devemos compartilhar o
nosso lar com os outros em hospitalidade generosa (e sem murmurar).
Nos tempos do Novo Testamento, a hospitalidade era uma coisa
importante, porque havia poucas pousadas e os santos perseguidos
precisavam de um lugar para ficar onde pudessem ser assistidos e
encorajados.362 Jesus elogiou aos crentes que forneceram alimentos, roupas
e abrigo aos outros (Mt 25.35-40; Lc 14.12-14). Os cristãos promovem a
verdade quando abrem suas casas para os servos de Deus (3Jo 5-8).
Paulo ensinou que uma das qualidades dos Presbíteros é ser
hospitaleiro (1Tm 3.2; Tt 1.8). Paulo também advertiu as viúvas a
mostrarem as boas obras oferecendo hospitalidade (1Tm 5.10). Além disso,
a igreja primitiva era composta de irmãos e irmãs cristãos que gostava de
partilhar o que possuíam (At 18.1-4).

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no


partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e
muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos
apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo
em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo
o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.
Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão
de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e

359 Cedar, P. A., & Ogilvie, L. J. (1984). James / 1 & 2 Peter / Jude. The Preacher’s

Commentary Series (Vol. 34, p. 176). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.
360 Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (1Pe 4.8). Wheaton, IL: Victor

Books.
361 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996).Vine’s Complete Expository Dictionary of

Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.


362 Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (1Pe 4.8). Wheaton, IL: Victor

Books.
singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a
simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o
Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.42-47).

Ser hospitaleiro não é uma questão apenas do Novo Testamento. De


acordo com a lei de Moisés, os judeus deveriam estender hospitalidade aos
estranhos também (Êx 22.21; Dt 14.29; Gn 18.1-2).363 Abraão hospedou três
homens, e descobriu que havia hospedado o Senhor e dois anjos (Gn 18;. Hb
13.2).

C. O cristão deve glorificar a Deus através do serviço.


“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como
bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pedro 4.10).

“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém


serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas,
seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Pdro 4.11).

Pedro declara que devemos “Servi uns aos outros, cada um


conforme o dom que recebeu...” (v. 10) – A palavra “servir” (diakoneo, em
grego) significa “ser um servo, atendente ou doméstico”. Cada cristão deve
colocar o dom que recebeu a serviço de todos, porque todo cristão é um
“despenseiro da graça de Deus” (v. 10).
A palavra traduzida como “dom” (charisma, em grego) vem da palavra
cháris que significa graça. Isto é, Pedro está escrevendo sobre um “dom de
graça” ou um dom espiritual que vem do Senhor.364 Cada cristão tem pelo
menos um dom espiritual que deve usar para a glória de Deus e a edificação
da igreja. Deus nos confiou esses dons para que possamos usá-los para o
bem da sua igreja.365 Ele mesmo nos dá a capacidade espiritual para
desenvolver e sermos fiéis servidores da Igreja.

“... como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (v. 10) –


Cada crente é um mordomo ou administrador dos recursos que Deus nos
concedeu para Sua glória. A palavra “despenseiro” (oikonomos, em grego)
era utilizada para o administrador do lar ou dos afazeres do lar. Alguém que
possuía a responsabilidade de atender os negócios do mestre, e, sobretudo,
de servir à mesa. Assim, cada cristão deve considerar o outro como superior

363 MacArthur, J. F., Jr. (2004). 1 Peter. MacArthur New Testament Commentary (p. 242).
Chicago: Moody Publishers.
364 Cedar, P. A., & Ogilvie, L. J. (1984). James / 1 & 2 Peter / Jude. The Preacher’s

Commentary Series (Vol. 34, p. 178). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.
365 Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (1Pe 4.8). Wheaton, IL: Victor

Books.
a si mesmo. Isso é possível porque todo cristão recebeu um dom com os
quais podem servir aos outros.366
Já o termo “multiforme” (poikilos, em grego) significa “de muitas
cores”. O termo implica uma grande variedade de dons dentro da
comunidade cristã.367 Existem quatro passagens principais do Novo
Testamento que nos ensinam sobre os dons espirituais: Romanos 12,
1Coríntios 12-14, Efésios 4 e 1Pedro 4. Além disso, Paulo encorajou o jovem
Timóteo a ser fiel no uso de seus dons espirituais (1Tm 4.14 e 2Tm 1.6).

“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém


serve, faça-o na força que Deus supre...” (v. 11) – Qual é o propósito de tais
dons? Como eles devem ser usados? Pedro dividiu o serviço cristão em duas
categorias gerais: aquele que fala (lalei) e aquele que serve (diakonei; cf v.
10).368
Quem fala vai ministrar através da pregação, ensino, aconselhamento
e discernimento. Quem serve ministrará através de áreas como
administração, oração ou misericórdia. Essas duas funções gerais dos
ministérios muitas vezes se sobrepõem. Ambos os grupos funcionam através
da dependência graciosa da provisão de Deus (At 6.2-4).

“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus...” (v. 11) –
Em outras palavras, se Deus nos deu o dom de falar, devemos falar no poder
do Espírito Santo. O cristão deve falar não o que pensa, mas o que Deus
declarou em Sua Palavra (os oráculos). Devemos falar como se Deus
estivesse falando (cf. Atos 7.38; Rm 3.2).
O pregador não é um profeta. O pregador não recebe uma revelação
celestial inédita; sua tarefa é expor a revelação que já foi terminantemente
concedida (Hb 1.1-4). Além disso, embora o pregador seja usado pelo
Espírito Santo, ele não é “inspirado” da mesma maneira que os profetas. É
interessante notar que, na Escritura Sagrada, a última vez em que aparece a
expressão “veio a Palavra de Deus” foi usada com relação ao ministério de
João Batista (Lc 3.2). Ele, de fato, foi o último profeta. Entre o fim do Antigo
Testamento e o começo do Novo Testamento, nenhuma voz
verdadeiramente profética se fez ouvir na Terra. João Batista foi tanto um
cumpridor da profecia quanto o último dos profetas pré-cristãos.369 Sua
mensagem foi, portanto, descrita da mesma maneira como um profeta do
Antigo Testamento (Jr 1.1-2). Diante disto, o pastor e comentarista John
Stott acertadamente escreveu: “a Palavra de Deus não vem mais aos homens,
366 MUELLER. Ênio R. 1Pedro, Introdução e Comentário. São Paulo: Editora Mundo Cristão,

1988, p. 239.
367 Swindoll, C. R. (2010). Insights on James and 1 & 2 Peter. Swindoll’s New Testament

Commentary (p. 222). Grand Rapids, MI: Zondervan.


368 Raymer, R. M. (1985). 1 Peter. (J. F. Walvoord & R. B. Zuck, Orgs.)The Bible Knowledge

Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 854). Wheaton, IL: Victor Books.
369 Carson, D. A. (1994). New Bible commentary : 21st century edition. Rev. ed. of: The new

Bible commentary. 3rd ed. / edited by D. Guthrie, J.A. Motyer. 1970. (4th ed.) (Lc 3:1).
Leicester, England; Downers Grove, Ill., USA: Inter-Varsity Press.
hoje. Ela já veio para todos os homens; agora os homens é que precisam ir
até ela”.370

“... se alguém serve, faça-o na força que Deus supre...” (v. 11) –
Aqueles que servem deverão fazê-lo pela força de Deus, o que aponta para a
total dependência do Altíssimo. A palavra “suprir” (choregeo, em grego),
principalmente, entre os gregos, significava “levar um coral ao palco”.371
Originalmente era utilizada para se referir a uma pessoa rica que custeava o
investimento necessário para um coral realizar a sua apresentação. Deus é
uma fonte abundante de força para tudo o que Ele nos manda fazer. Como
disse o comentarista Ênio Muller, acertadamente, “Aos cansados neste
serviço, fica a lembrança de que Deus supre as forças necessárias para
Ele”.372

III. A intenção sobre a nossa conduta


“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém
serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas,
seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Pedro 4.11).

“para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de


Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos
séculos” (v. 11b) – A Palavra “glória” (doxa, em grego) tem a nuance de
“magnificência, excelência, preeminência, dignidade ou graça”. Quando
aplicado a Deus, a Sua glória é a Sua majestade inerente e valor infinito. A
glória de Deus é a manifestação dos Seus atributos, muitas vezes expressa na
terra (Mt 17.2; At 26.13; Ap 1.16). No Antigo Testamento, a glória de Deus
foi vista como uma nuvem e uma coluna de fogo (Êx 24.16-18, 40.34-35).
Glorificar a Deus significa demonstrar sua excelência aos outros. Se
um fotógrafo deseja destacar uma maravilha da natureza, ele nos faz
deleitar-se com a beleza da cena. Vemos a fotografia e suspiramos “Olhe
para as cores e a grandiosidade da montanha!” Quando o fotógrafo faz o seu
trabalho corretamente, não exaltamos o fotógrafo em si; exaltamos o objeto
que ele aponta. E quando os cristãos apropriadamente glorificam a Deus, as
pessoas devem exclamar: “Que grande Deus é esse!” (Mt 5.16).
Lembre-se: Nossa motivação no serviço, como na oração e no amor
deve ser a glória de Deus. Alguns se envolvem no serviço ao Senhor para
satisfazer as suas próprias necessidades de reconhecimento.
Invariavelmente, eles se machucam em algum momento, quando seus

370 STOTT, John. O Perfil do Pregador.São Paulo: Editora Sepal, 1991, p. 7.


371 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996).Vine’s Complete Expository Dictionary of
Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.
372
MUELLER. Ênio R. 1Pedro, Introdução e Comentário. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
1988, p. 242.
esforços passam despercebidos. Àqueles que falam (pregam) ou servem na
igreja buscando apenas a glória para si mesmos estão em desacordo com o
ensino do apóstolo Pedro.
O apóstolo termina esta passagem com a palavra “amém”, um termo
de afirmação que significa “que assim seja”.

Conclusão:
“Ora, o fim de todas as cousas está próximo”, por isso, a igreja deve
glorificar a Deus através da oração, do amor e do serviço. Em 1959, a Rainha
da Inglaterra inesperadamente visitou o Estado de Michigan, nos Estados
Unidos. Todos os hotéis foram contacdados sobre a possibilidade de receber
a Rainha. Porém, apenas o Drake Hotel, o mais antigo, mas de primeira
classe, estava preparado. O cais estava pronto para receber o iate e o tapete
vermelho havia sido estendido para receber a realeza e sua comitiva. Muitos
hotéis foram contactados. Mas, quando entraram em contato com o Drake, a
gerente explicou: “Nossos quartos estão sempre prontos para a realeza”.
Pedro está dizendo: “O rei está chegando. Não adianta viver isolado
em um sítio ou no topo de uma colina esperando pelo Senhor. Em vez disso,
pergunte a si mesmo: Você está vivendo de tal forma que os outros vejam
quão grande é o Seu Deus? Você está dependendo dele em oração? E sobre o
seu amor pelos os outros cristãos? Além disso, de que forma você tem
administrado os dons que Deus lhe confiou? Sua vida deve estar sempre
pronta para a realeza. Não deixe que a vinda do Rei da glória encontre você
despreparado!

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