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Princí pios de Aná lise

W lter Rudin Matem á tica


&

Professor do Departamento de Matemática,


Universidade de Wisconsin

Trõdução : ELI ANA ROCHA HENRIQUES DE BRITO


Professôra Adjunta e Docente Livre da UFRJ
.
M Sc. * — Universidade dê Chicago

Aprovõda pelo
Instituto de Matemá tica Pura e Aplicada
do Conselho Nacional de Pesquisas

AO LIVRO TÉCNICO S. A.
e EDITORA UNIVERSIP ~ ~
^ 'ASÍLIA
"

Rio de Janeiro / 1971


Copyright © 1964, 1953 by McGraw -Hill, Inc. A1I Rights Riserved .

Copyright © 1971 by Ao Livro Técnico S.A. — Rio de Janeiro, Brasil

Tí tulo do original em inglês: "PRINCIPLES OF MATHEMAT 1CAL ANALYSIS"

IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL

Tiragem desta edição: 5.000 exemplares

Capa : Aldemar A. Pereira

AO LIVRO TÉCNICO S.A.


Av. Pres! Vargas, 962 — 6.° andar — ZC-58 — C. P. 3.655
Rio de Janeiro / GB
Í NDICE

PREFÁCIO VII

LISTA DOS SÍ MBOLOS MA 1S USADOS IX

CAP Í TULO 1 . NÚMEROS REAIS E COMPLEXOS 1

Introdução 1
Cortes de Dedekínd 3
Números Reais 10
O Conjunto dos Números Reais Ampliado 15
Números Complexos 16
Espaços Euclidianos 20

Exercícios 21

CAPÍ TULO 2 . ELEMENTOS DA TEORIA DOS. CONJUNTOS 24

Conjuntos Finitos, Enumeráveis e não Enumer áveis 24

Espaços Métricos 31

Conjuntos Compactos 38
Conjuntos Perfeitos 43
Conjuntos Conexos 44
Exercícios 46
.\ a»j v

CAPÍTULO 3 . SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS 49

Sucessões Convergentes 49
Subsucessões 53
Sucessões de Cauchy . 54
Limite Superior e Limite Inferior 57
Algumas Sucessões Especiais 59
Séries 60
(NDICE
XII

Séries de Termos não Negativos 62

O Número e 65

Testes da Raiz e da Razã o 67

S éries de Potências 70

Somas Parciais 71

Convergência Absoluta 73

Adição e Multiplicação de Séries 73

Reordenações 76

Exercícios 80

CAPÍ TULO 4 . CONTINUIDADE 83

Limite de uma Função 83

Funções Contínuas 85

Continuidade e Compacidade 89

Continuidade e Conexidade 93

Descontinuidades 94

Funções Monótonas 95
Limites Infinitos e Limites no Infinito 98

Exercícios 99

CAPÍTULO 5 . DERIVAÇAO 102

Derivada de uma Função Real 102

Teoremas de Valor Médio 105

Continuidade das Derivadas 107


Regra de L'Hospita! 108
Derivadas de Ordem Superior 109

Teorema de Taylor 110


Derivação de Funções Vetoriais 110
Exercícios 114

CAPÍTULO «. INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 118

Definição e Existência da Integral 118


A Integral como Limite de Somas 127
Integração e Derivação 130
Í NDICE

Integração de Funções Vetoriais 132

Funções de Variação Limitada 133

Outros Teoremas Sôbre Integração 138

Curvas Retificáveis 142

Exercícios 144

CAPÍ TULO 7 . SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕ ES 148

Discuss ão do Problema Principal 148

Convergência Uniforme 151

Convergência Uniforme e Continuidade 153


Convergência Uniforme e Integração 155
Convergência Uniforme e Derivação 158

Famílias Equicontínuas de Funções 161

-
Teorema de Stone Weierstrass 165

Exercícios 173

CAPÍTULO 8 . OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉRIES 177

Séries de Potências 177


As Funções Exponencial e Logarítmica 183
As Funções Trigonométricas 187
O Corpo Algèbricamente Fechado dos Números Complexos 190
Séries de Fourier 191
Exercícios 200

CAPÍ TULO 9 . FUNÇÕES DE V ÁRIAS VARIÁ VEIS 204

Aplicações Lineares 204

Diferenciação 211
Teorema da Função Inversa 216
Teorema da Função Implícita 219
Teorema do Pôsto 221

Um Teorema de Decomposição 224


Determinantes 225
XIV ÍNDICE

Integraçã o 229

Formas Diferenciais 234

Simplexos e Cadeias 241

Teorema de Stokes 244

Exercícios 247

CAPÍTULO 10. TEORIA DE LEBESGUE 253

Funções de Conjuntos 253

Definiçã o da Medida de Lebesgue 255

Espaços de Medida 263

Funções Mensur áveis 264

Funções Simples 267

Integraçã o 268

Comparação em a Integral de Riemann 277


Integração de Funções Complexas 279

Funções de Classe 22 280

Exercícios 287

Bibliografia 291

índice Alfabético 293


PREF Á CIO

-
Êste livro destina se a estudantes de Aná lise Matem á tica, em final de curso, ou
-
aos que iniciam a pós graduaçã o em Matem á tica.

A principal diferença entre esta e a primeira edi çã o ( publicada há dez anos )


-
encontra se no estudo das fun ções de vá rias variáveis, agora muito mais aprofundado.
Foram numerosas as sugestões de leitores que determinaram essa alteração. O Cap. 9
começa, agora, com alguns conceitos bá sicos de espa ços vetoriais; a diferencial de
uma função é definida como uma aplicação linear: o teorema da função inversa e
algumas de suas importantes consequê ncias são formulados e demonstrados indepen -
dentemente de determinantes; são estabelecidas propriedades das formas diferenciais,
e o cap í tulo termina com uma versã o bastante geral do Teorema de Stokes
-
an á logo n dimensinnal Ho fpnrpma fundamental rin Cá lrnln
o

Por isso, os Caps. 2 e 4 contêm muito mais material sôbre espaços euclidianos
.
e espaços métricos do que anteriormente Entretanto, êste acréscimo em generalidade
n ão deve importar em maior dificuldade. Os teoremas aqui apresentados não são mais
dif íceis no atual contexto do que na reta ou no piano .

parte do texto foi reescrita, e muitos detalhes esperamos


— —
Nos demais capítulos, são de menor relevâ ncia as alterações feitas, mas grande
melhorados
A parte inicial do Cap. 1, em que foram introduzidos os n ú meros reais por
meio de cortes no conjunto dos n ú meros racionais, pode escapar a uma primeira
.

- -
leitura; se isto acontecer, encontrar se á uma fundamentação lógica para o resto do
trabalho, considerando o Teorema de Dedekind como postulado e ponto de partida.
Os Caps. 1 a 7 devem ser lidos na ordem em que est ão apresentados. Os três cap í tulos
finais, entretanto, são quase independentes entre si.

O n ú mero de problemas foi aumentado para cêrca de 200. Alguns dê les sã o


aplica ções imediatas dos resultados obtidos no texto, enquanto outros constituir ão
.
um desafio & habilidade dos melhores alunos Para os mais dif íceis, são apresentadas
sugestões de soluções. V. Á -
V .'
V i\

WALTER RUDIN
LISTA DOS S ÍMBOLOS MAIS USADOS

Cada símbolo da lista abaixo é seguido de breve explicação do seu


significado

<, < > > > > sinais de desigualdade


G pertence a
(£ não pertence a
sup. supremo
ínf. í nfimo
}

2 sinal de soma

+ CD a? , co infinito
Rk espaço euclidiano a k dimensões
0 vetor nulo
x * y produto escalar
|*| norma do vetor x
C , D sinais de inclusão
{a } sucessão
^
U, reunião
O, interseção
(a, b) intervalo aberto
[a, 6] intervalo fechado
Ec complemento de E


lim limite
> converge para
lim sup. limite superior
lim inf. limite inferior
j( z + ) limite à direita

j( x ) limite à esquerda
f derivada
f' ( x ) diferencial
U ( P , f ) , U ( P , }, a ) , L( P , f ) , L( P /, a ) , S( P , /), S( P j , a ) somas
} }

de Riemann
5R, 5R (a) classes de fun ções Riemann (Stieltjes)-integráveis
/x( P) amplitude máxima da subdivisão P
V ( j ; a, b ) y V ( f ) variação total
Ê(AT) espaço de fun ções contínuas
X LISTA DOS S ÍMBOLOS MA1S USADOS

|| || norma
Dn , Kn n ú cleos
{ e j t .. en } base can ónica
L( X ), L (X, Y ) espa ços de aplicações lineares
[.4 ] matriz
D j j derivada parcial
(£', Ê" classes de funções diferenciáveis
QK k -simplexo
18k h-forma decomponível
A símbolo de multiplicação exterior
d operador diferencial
CúT transformada de o>
d operador bordo
S anel de conjuntos elementares
m medida de Lebesgue
/x medida
9 9?í famílias de conjuntos mensurá veis
/ +, parte positiva (negativa) de j
KE função característica
2, 2(ju), 22, 22(M) classes de funções Lebesgue-integrá veis
Números Reais e Complexos
Capí tulo 1

INTRODUÇÃO

Uma discussão satisfatória dos principais conceitos da análise


(por exemplo, convergência , continuidade, diferenciação e integração)
tem que se basear em uma definição rigorosa de número. Não pro -
cederemos, entretanto, aqui, a uma discussão dos axiomas que re -
gem a aritmética dos inteiros; tomaremos como ponto de partida os
n ú meros racionais.
Admitiremos conhecida a aritmética dos racionais (i.e., n ú meros
da forma n/ m, em que n e m são intúros, m 0) e apenas enuncia-
^
remos suas principais características. A soma, a diferen ça, o pro -
duto e o quociente de dois racionais quaisquer são racionais (excluída
a divisão por zero); as leis comutativas
0 + P,
' pg = qp,
as leis associativas,
( p + q) + r = p + (q + r ) , (pç)r = p(qr )

e a lei distributiva
( p + ç )r = pr + qr

são válidas; e a relação < • introduz uma ordem no conjunto dos ra -


cionais. Ê propriedade da relação < , quaisquer que sejam os ra -

cionais p e q , têrmos p q ou p < q ou q < p; e ela é transitiva,
.
isto é, se p < q e q < r, então p < r Também p + q > 0 e pq > 0
se p > 0 e g > 0.
Ê fato bem conhecido que os números racionais são inadequados
em muitos casos. Por exemplo, não existe racional p tal que
CAP 1.

p2 = 2 (o que provaremos oportunamente). Daí a introdução dos


chamados “ nú meros irracionais” , frequentemente representados por
desenvolvimentos decimais infinitos e considerados como aproxima -
dos pelos n ú meros decimais correspondentes. Assim, a sucessão
1; 1,4; 1,41; 1,414; 1,4142; .. .
“ tende para y/ 2 Mas, a menos que se tenha uma definição pre -
cisa do irracional \/2, impõe-se a pergunta: para que, exatamente,
“ tende” a sucessão acima ?1.
O principal objetivo dêste capítulo é dar a definição de que ne-
cessitamos.
1.1. Exemplo. Comecemos mostrando que a equação
(D p2 = 2
não é satisfeita por nenhum racional p. Suponhamos, no entanto,
que o seja. Podemos, então, escrever p = m/71, em que m e n são
inteiros, e, ainda, escolher m e n de modo que não sejam ambos pa -
res. Nestas condições, de (1) resulta
(2) m2 = 2TI2,
o que prova que m2 é par. Portanto, m é par (se m f ôsse ímpar, m 2
seria ímpar) e, assim, m 2 é divisível por 4. Segue-se que o segundo
membro ein (2) é divisível por 4 e, portanto, n2 é par, do que resul -
ta ser n par. Por consegumte, a hipótese da validàde de (1) leva à
^

conclusão de que m e n são ambos pares, contràriamente à nossa


escolha. Portanto, (1) é impossível com p racional .
Examinemos, agora, a questão um pouco mais de perto. Seja A
o conjunto de todos os racionais positivos p tais que p2 < 2, e, B,
o conjunto de todos os racionais positivos p tais que p; > 2. Va -
mos mostrar que em A não existe racional máximo, nem, em B ra } -
cional mínimo.
Mais explicitamente, é possível determinar, para cada p em A,
um racional q em A tal que p < q e, para cada p em B um racio- }

nal q em B tal que q < p.


Suponhamos p em A. Logo, p 2 < 2. Consideremos um racional
h tal que 0 < h < 1 e

1
Para íim desenvolvimento mais completo déste assunto, ver Knopp “ The-
ory and Application of Infinite Series” , § 1 .
CORTES DE DEDEKIND 3

h<
=
±2J +£l
í

Seja q = p 4 A. Por
*
> p, e
conseguinte, q
g 2 = p 2 + (2p + A) A < p 2 f (2p + l)ft < p2 + (2 - p2) = 2,

de modo que g está em A. Fica, assim, demonstrada a primeira


parte de nossa afirmação.
A seguir, suponhamos p em B, Logo, p 2 > 2. Seja

Í = P~
p2 2
2p
— - 2+L
£T
p

Ent ão, 0 < q < p e

2* = ps — (p 2 — 2) + > ps — (ps - 2) = 2,
de modo que q está em B.
.
1.2. Observação A discussão acima teve por objetivo mostrar
que 9 conjunto dos números racionais possui certas lacunas, a des
peito do fato de entre dois racionais quaisquer existir um outro [pois
^
p < (p + g) /2 < g, se p < g], Vamos, agora , descrever um processo,
devido a Dedekind, que preenche estas lacunas e nos dá os nú meros
reais. Pouparemos espaço doirando de desenvolver integralmente al -
guns detalhas. Para um estudo completo, partindo dos inteiros,
reportamo-nos ao livro de Landau “ Foundations of Analysis” , que
trata exclusivamente dos números .
. .
1.3 Notação Se A é um conjunto qualquer (cujos elementos
podem ser n ú meros ou quaisquer outros objetos) escrevemos x £ A
para indicar que x é um elemento de A. Se x não é um elemento
de A, escrevemos x (£ A .
0 conjunto que não contém nenhum elemento é chamado con -
junto vazio. Se um conjunto contém pelo menos um elemento, êle
não é vazio .
CORTES DE DEDEKIND

.
1.4 Definição
nais á um corte sç
.

-
c 0 \\!

V -
Diz se que um conjunto a de n ú meros racio-

(I) o? conté m pelo menos um racional, mas não todos os ra


cionais;
5

-^
-^V
\ = * ~r:
'
s'
^

-
(II) de p G a e q < p ( q racional), resulta í G a; v,
^
4 N Ú MEROS REAIS E COMPLEXOS CAP. 1

(III) em a não existe racional má ximo.


Nesta seção usaremos sempre p, ç, r, . .. para designar os ra-
cionais enquanto os cortes serão designados por • • (com a *

exceção mencionada na Def . 1.7).


1.5* Teorema. Se pGa e q (£ a, então p < q.
Demonstração: Se p £ a e q < p, conclui-se de (II) que ç £ a.
Em virtude dêste teorema , os elementos de a são, às vêzes, cha-
mados nú meros inferiores de a, enquanto os racionais que não est ão
.
em a são chamados n úmeros superiores de a O Ex. 1.1 mostra que
nem sempre há n ú mero superior mínimo. Entretanto ele existe
para alguns cortes.
.
1*6 Teorema. Seja r um número racional e a o conjunto cons-
tituí do de todos os racionais p tais que p < r. Ent ão a é um corte e r
ê o número mperior mí nimoi de a.
Demonstração: E claro que a satisfaz as condições (I) e (II) da
Def. 1.4. Quanto a (III), basta observar que qualquer que seja p £ a

< ( -P +
r
* 2
<r
e, portanto, (p + r)/2 £ a.
Sendo rO; absurdo, vemos que r a. Como de p < r resulta
p £ a, r é o n ú mero superior mínimo de a.
1.7. Definição* O corte definido no Teor. 1.6 é chamado corte
racional. Quando queremos indicar que um corte a é o corte ra-
cional relacionado a r pelo modo acima, escrevemos a = r*.
1.8* Definiçã o. Sejam ay /3 cortes. Escrevemos a /3 se de
p £ a resulta p £ /3 e de q £ |8 resulta q £ a, isto é, se os dois

conjuntos são idênticos. Em caso contrá rio, escrevemos a /3.
Nota: A definição acima pode, à primeira vista, parecer supé rflua.
Mas igualdade nem sempre é identidade. Por exemplo, se p = a/ò

e q = c/d são racionais (sendo a, ò, c, d inteiros) p q significa ad = bct
mas não necessàriamente a = c e ò = d.
Introduzimos, agora, uma relação de ordem no conjunto dos
cortes.
1.9. Definição. Sejam a, /3 cortes. Escrevemos a < /3 (ou
/3 > a) se existe um racional p tal que p £ /3 e p $ a.
a
a
< /3 significa a —
> /3 significa /3 < a.
(3 ou a < /3.
CORTES DE DEDEKIND 5

Se a > 0*, dizemos que a é positivo; se a > 0*, dizemos que a


não é negativo. Anàlogamente, se a < 0*, a é negativo, e não é
positivo se a < 0*.
Convém observar que continuaremos, naturalmente, a usar o sím-
bolo < entre racionais; assim, êste símbolo terá (provisoriamente)
duplo sentido. Pelo contexto, porém, ficará claro qual o significado
que lhe deverá ser atribuído.
1.10. Teorema. Sejam a, /3 cortes. Então a
ou /3 < a.
— ou a < {3

Demonstração: As Defs. 1.8 e 1.9 mostram claramente que, se


a = 13, nenhuma das outras duas relações é válida. Para mostrar
que a < /3 e /3 < a se excluem mútuamente, suponhamos que am -
bas as rela ções sejam válidas. Como a < /3, existe um racional p
tal que ’

P & P, p $ a.
Como j3 < a, existe um racional q tal que
q E a, q $ P,
Pelo Teor. 1.5, de p £ /3 e q (£ /3 resulta p < q, enquanto de g £ a
ep a resulta q < p. Isto é uma contradição, pois p < q e q < p
^
é impossível para racionais.
Até aqui provamos que, no máximo, uma das três relações é válida.
Suponhamos, agora, 3. Então os dois conjuntos não são idên -
ticos, isto é, ou existe um racional perna mas não em /3 e, neste caso,
/3 < a ou existe um racional q em /3, mas não em a , e, neste caso,
a < /3.
1.11. Teorema. Sejam a, /3, J cortes , Se a < /3 e /3 < y,
então a < y.
Demonstração: Como a < /3, existe um racional p tal que
pGft
Como /3 < 7, existe um racional q tal que
= .
p (J a

g £ /3.
Ora, s e p £ /3 e g (£ /3 então p < q; donde, concluímos, por ser p a ,
que q a. Temos, pois, ^
ç G T, í í a,
o que significa que a < 7.
Os dois teoremas acima mostram que a rela ção < introduzida
na Def. 1.9 tem, realmente, as propriedades em geral associadas ao
conceito de desigualdade.
Passamos, agora, à definição de uma aritmética no conjunto dos
cortes.
1.12. Teorema. Sejam a, /3 cortes. Seja y o conjunto de todos
os racionais r tais que r p + q, com
— ? G (3. Então y é
um corte .
Demonstração: Vamos mostrar que y satisfaz as três condições
da Def . 1.4.
(I) É claro que y não é vazio. Consideremos s 6}E a, t j8,
sendo s e t racionais. Portanto s + t > p + q para todo p a: e
}

todo q G /3, de modo que s + J (£ 7. Por conseguinte, 7 não contém


todos os racionais.
(II) Suponhamos r £ 7, s < r , sendo $ racional. Logo
r = p + q, com p e g G l3. Seja racional, tal que $ = < + g.
Conclui-se que t < p; donde, t ae , conseqiientemente, sG 7 -
^
(III) Suponhamos r G 7 Logo r = p + q, com p £ a e ç G /3.
-
Existe um racional s > p tal que s G «. Portanto s + gG 7 ©
s + q > r, de modo que r não é o maior racional em 7.
1.13. Definição. Designamos por a + /3 e chamamos soma de
a e P o corte 7 do Teor. 1.12.
(A observação feita após a Def . 1.9 aplica-se também ao sím -
bolo +.)
1.14. Teorema. Sejam a, /3, 7 cortes. Então,
(а) a + p = 8 j + a;

(б) (a + /3) + 7 = a. + (j8 + 7), de modo que os parênteses podem


ser omitidoSf sem ambiguidade ;
(c) o! + 0* = a.
Demonstração: Na definição de a + p, consideramos o conjunto
de todos os racionais da forma p + q (p £ ccy q G: /3). Na definição
,
de P + a consideramos q + p, em vez de p + q . Pela lei comuta-
tiva da adi ção de racionais, a + p e 8 + a são cortes id ênticos, o
que prova (a).
Anàlogamente, da lei associativa da adição de racionais resul-
ta (6).
Para demonstrar (c), seja rGc + O*. Logo r = p + q com
pGa e g G O* (isto é, q < 0). Portanto p + q < p, de modo que
p + q £ ct e r G o r.
A seguir, suponhamos r G a. Consideremos s > r s racional tal
}
CORTES DE DEUEKINU

que s G « . Seja q = r — s . Logo q < 0, g G 0* e r = 5 + g, de


modo que r G OL + 0 *.
Assim, os cortes a + 0* e a são idênticos.
1.15. Teorema. Seja a um corte e r > 0 um racional dado.
Existem racionais p g tais que p G or, q (£ ot , q nã° é o número superior
}

mí nimo de a e q — p = r .
Demonstração : Consideremos um racional $ G or. Para n 0, —
1 , 2, . . . seja sn — s + nr. Então existe um único inteiro m tal que
sm G <x e $m+1 (£ a. Se 1 não f ôr o número superior mínimo de
a, consideremos p — sm, q = wi.
Se Sfirt- i f ôr o número superior mínimo de a, consideremos
7
V = q— $m+ i
2•
1.16. Teorema . Seja a um corte . Existe um único corte /3 tal
que a + /3 - 0*.
Demonstração: Mostremos, primeiro, a unicidade. Se a + /3i =
= + /S2 = 0*, conclui-se do Teor. 1.14 que
a
02 = 0* + /3* = (a + 00 + 02 = (a + 0*) + 0i = O* + 0! = 0i.
Para demonstrar a existência do corte, seja /3 o conjunto de todos
os racionais p tais que — p é um número superior de a, mas não o
número superior mínimo . Temos que verificar se êste conjunto /3
satisfaz as três condições da Def . 1.4.
(I) Evidente .

(II) S e p G 0 e g < p (g racional), então p £ a e g > p,
de modo que — g é um número superior de a, mas não o mínimo.
— —
Portanto g G 0-
(III) Se p G 0, — p é um número superior de a , mas não o mí -

nimo, de modo que existe um racional g tal que g < p e g (£ a.
Seja
— —
r = P+ ?
2 '


Logo q < — r < — p , de modo que — r é um número superior de <x ,
mas não o mínimo. Portanto, encontramos um racional r > p tal
que r G j8.
Tendo provado que /3 é um corte, temos agora que verificar se
a + /3 = 0*.
8 N Ú MEROS REAIS E COMPLEXOS CAP. 1

Suponhamos p G a + /3. Logo p = q + r, com ç G a e r Ç j3.


Portanto, — —
r (£ a, r > ç, g + r < 0 e p G 0*.
Suponhamos p G 0*. Portanto, p < 0. Pelo Teor. 1.15, pode-
mos determinar racionais q G a, r (£ a (e tal que r não seja o n ú mero
superior mínimo de a), de modo que r q =
temos
—p. Como — r G /3,

o que completa
p=q — =
a demonstra
r g + G r) G a + f t
ção.
.
1.17 Definição

.
1.18 Teorema .
. Designamos por
— ao corte /3 do Teor. 1.16.

Quaisquer que sejam os cortes ay /3, 7, com


/3 < 7 temos a + /3 < a + 7. Em particular, (para /3 = 0*) temos
a + 7 > 0*, se ar > 0* e 7 > 0*.
Demonstração: Pelas Defs. 1.9 e 1.13, a + /3 < ar + 7. Se
a + /3 = a + 7,
então,

/3 * 0* + /3 = ( a) + (a + /3) = ( a) + (ar + 7) =
= 0* + 7 = 7,

pelo Teor. 1.14.

.
1.19. Teorema Sejam a, /3 cortes. Existe um único corte 7
tal que a + 7 = /3.
Demonstração: O fato de existir no máximo um 7 nas condições
enunciadas decorre de 71 5^ 72 importar em a + 71 o: + 72
(Teor. 1.18).
^

Seja 7 = /3 + ( a). Pelo Teor. 1.14, temos

— —
a + 7 = a + [/3 + ( a)] = a + [( ar) + /3] = [ar + ( a)] + /3
= 0* /3 = /3.

.
1.20 Definição . ^ —
Designamos por j8 a 0 corte 7 do Teor. 1.19.
Isto é, escrevemos /3
.
—. —
a, em vez de /3 + ( a).

1.21 Observação A teoria dos grupos não é necessá ria neste


livro. Entretanto, os leitores familiarizados com 0 conceito de
grupo talvez tenham notado quê os Teors. 1.12, 1.14 e 1.16 podem
ser resumidos, dizendo-se que o conjunto dos cortes é um grupo
comutativo em relação à adição introduzida na Def. 1.13. Vamos,
agora, definir multiplicação no conjunto dos cortes e mostrar que
se obtém um corpo.
CORTES DE DEDEKIND 9

Tendo discutido, com certa profundidade, a adição e a subtração


de cortes, vamos tratar rà pidamente, e sem demonstrações, da mul -
tiplicação e da divisão. As demonstrações dos teoremas que enun-
ciaremos são análogas àquelas que dizem respeito à adição e à sub -
-
tra çã o, exceto quando se faz necessá rio considerar vá rios casos, cor
respondentes aos sinais dos fatores em questão.
1.22. Teorema. Sejam a, /3 cortes tais que a > 0*, /3 > 0* Se -
ja y o conjunto de todos os racionais negativos e de todos os racionais
r tais que r
um corte ,

pq , em que pGa, q £ /3, p > 0, q > 0. Então y é

1.23. Definição. Designamos por a/3 e chamamos produto de


a e /3 o corte y do Teor. 1.22.
1.24. Definição. A cada corte a associamos um corte \a \ , que
chamamos valor absoluto de a, definido por:

-
w { se a > 0* ,
se a < 0*.
É claro que |a| > 0* para todo a e |a| = 0* sômente se a = 0*.
Podemos, agora, completar afjdefinição de Multiplicação.
^
1.25. Definição. Sejam a, /3 cortes. Definimos

í -<w m
«/? = < — o « i Mj
se a < 0*, /3
se a > 0*, /3
> 0*,
< 0*,
1 Ia ! 101 se a < 0* /3 < 0*.
-
Note se que o produto |a| |/31 já foi definido (Def. 1.23), pois
i i o *,
« > m
o\
1.26. Teorema. Quaisquer que sejam os cortes a, /3, y temos:
(а) a/3 = /3a; ^
(б) (ajSfr = a( /3 y );
( c) a((i + 7) = a/3 + ory ;
( d) aO* = 0*;
(c)
(/)

al* = a;

a/3 0* sòmenle se a 0* ou /3 = 0*;

fe) 0* < a < /3 c 7 > 0*, eníao 07 < /37.


1.27. Teorema. a 0*, para cada cor íe /3 existe um único
^
corte y( que designamos por /S/a) tal que ay « /3.
Terminamos esta seção com três teoremas sôbre cortes racionais.
10 N Ú MEROS REAIS E COMPLEXOS CAP, 1

1.28. Teorema. Quaisquer que sejam os racionais p e q , iemos:


(o) p* + q* = (p + q )* ;
( b ) p*q* = ( pq )* í
,
( c ) p* < q* se, e somente se p < g.
Demonstração: Se r £ p* + q* , temos r = 5 + t , com s < p ,
t < ‘g, de modo que r < p + q. Portanto r £ (p + g)*.
Se r £ ( p + <l )* y ent ão r < p + g. Sejam

h= p +g — r,
h h
2 •

Logo s G p* t G Q* e r = 5 + J, de modo que r £ p* + g*, o


j

que prova (a). A demonstra ção de (6) é análoga.


Se p < q, ent ão p £ q*, mas p (£ de modo que p* < g*.
Se p* < existe um racional r tal que r £ g*, r (£ p*. Portanto
P <r<
de modo que p < g.
.
1.29 Teorema Se a, 3 . j são cortes e a < fi , existe um corte
racional r* tal que a < r* < j8.
Demonstração: Se a < /?, existe um racional p tal que p £ /3,
p £ a. Escolhemos r > p de modo que r £ /3.
(

Como r £ /3 e r (£ r*, temos r* < j3.


Como p £ r* e p $ a, temos a < r*.
.
1.30. Teorema Qualquer que seja 0 corte a, p £ a se, e sòmente
se, p* < a.
Demonstração: Qualquer que seja o racional p, p (£ p *. Portanto
p* < a, se p £ a. Reclprocamente, se p* < a, existe um racional g
tal que g £ a e g (£ p*. Assim, g > p, donde concluímos, por ser
g £ a, que p £ a.

NÚMEROS REAIS

Vamos, agora, resumir o exposto na seção precedente. Conside -


ramos certos conjuntos de racionais, aos quais chamamos cortes. Uma
relação de ordem e duas operações, chamadas adição e multiplica-
ção, foram definidas e demonstramos que a aritmética dos cortes
assim obtida obedece às mesmas leis que a aritmética dos racionais.
Em outros têrmos, o conjunto de todos os cortes tomou-se um corpo
ordenado.
Uma classe especial de cortes, os chamados “ cortes racionais” ,
foi examinada de forma especial, e vimos que a substituição dos
n úmeros racionais r pelos cortes r* correspondentes preserva somas,
produtos e ordem (Teor. 1.28). Podemos exprimir êste fato dizen -
do que o corpo ordenado de todos os n úmeros racionais é isomorjo
ao corpo ordenado de todos os cortes racionais, o que nos permite
identificar o corte racional r* com o número racional r. Natural -
mente, r* não é, de modo algum, o mesmo que r, mas as proprieda -
des que nos interessam (aritméticas e de ordem) são as mesmas nos
dois corpos.
Definimos, agora, o que entendemos por n úmero real.
1.31. Definição. Cortes serão chamados, daqui por diante,
n úmeros reais. Cortes racionais serão identificados com n úmeros
racionais (e chamados n úmeros racionais). Todos os demais cor-
tes serãò chamados n úmeros irracionais.
Consideramos, assim, os racionais como um subconjunto do con -
junto dos n úmeros reais. O Teor. 1.29 mostra que entre dois reais
quaisquer existe um racional e o Teor. 1.30 mostra ^ftda número
real a é o conjunto do todos os racionais p tais que v < ot.
O teorema seguinte estabelece uma propriedade fundamental do
conjunto dos nú meros reais.
1.32. Teorema (Dedekind). Sejam A e B conjuntos de núme
ros reais tais que:
-
(а) todo número real está em A ou em B;
(б) nenhum número real está simultâneamente em A e em B;
( c) nem A nem B é vazio;
{ d) se a £ A e /3 £ B, temos a < /3.
Então, existe um, e somente um, número real y , tal que a < y para
todo a £ A , e y < fi , para todo
Antes de demonstrar o teorema vamos enunciar um corolá rio.
Corolário. Nas condições do Teor. 1.32, ou existe , em A , um
número máximo, ou, em B , um número mí nimo.
Com efeito, se y £ A , y é o maior nú mero de A ; se y £ B, y é o
menor n ú mero de B; pelo item (a) do Teor. 1.32, um dêsses dois ca
sos deve ocorrer, enquanto, pelo item (6), êles não podem ocorrer
-
simultaneamente.
Ê a existência de y (a unicidade é óbvia) a parte importante do
teorema e ela mostra que as lacunas encontradas no conjunto dos
12 N Ú MEROS REAIS E COMPLEXOS CAP. 1

n ú meros racionais { ver Ex. 1.1) estão agora preenchidas. Além disso,
se tentássemos repetir o processo pelo qual obtivemos os reais a par-
tir dos racionais ( ver Def . 1.4) e definíssemos cortes no conjunto dos
n ú meros reais, cada corte teria n ú mero superior mínimo com o qual
poderia ser identificado e nada de n ôvo seria, assim , obtido.
Por êste motivo, o Teor. 1.32 é, às vêzes , chamado teorema do
completa mento dos n ú meros reais.
Demonstração do Teor. 1.32: Suponhamos que existam dois n ú me-
ros 71 e 72, para os quais a conclusão é válida e que 7i < 72. Con-
-
sideremos 73 tal que 71 < 73 < 72 (isto é possí vel, pelo Teor. 1.29).
De 73 < 72 resulta 73 £ A , enquanto de 71 < 73 resulta 73 G B 0 }

que contradiz (6). Não pode, pois, existir mais de um n ú mero 7


com as propriedades desejadas.
Seja 7 o conjunto de todos os racionais p tais que p Ç a para
algum a E A. Temos que verificar se 7 satisfaz as condi ções da
Def. 1.4.
(I) Como A não é vazio, 7 também não é vazio. Se j9 GB
e q /3 então qualquer que seja « E 4 (pois a < /3); portanto
%
(II) Se p E 7 e q < p, então p E a, para algum a £ i e, por
conseguinte, qG <x ; logo q £ 7 .
(III) Se p E 7, então p Ç a para algum a £ A ; logo, existe
q > p tal que ç £ a e, portanto, q £ 7*
Assim, 7 é um nú mero real.
Ê claro que a < 7 qualquer que seja a G A. Se existisse algum
j3 E £ tal que j9 < 7, haveria um racional p que satisfaria as condi -
ções p £ 7 e p (£ /í; mas, se p £ 7, então p £ a para algum a £ A ,
do que resulta ser /3 < a, em contradição com ( d). Assim , 7 < /3
qualquer que seja /3 £ £, e a demonstração está feita.
Vamos, agora, abandonar algumas das convenções de notação
usadas até aqui: as letras p, ç, r, .. . não mais serão reservadas para
.
racionais e a , /3, 7, . . serão utilizadas sem restrições.
. .
1.33 Definição Seja E um conjunto de n úmeros reais. Se
existe um n úmero y tal que x < y para todo x G Ef dizemos que
E é limitado superiormente e chamamos y de cota superior de E.
Cotas inferiores são definidas de modo análogo. Se E é limitado
superior e inferiormente, dizemos que E é limitado.
.
1.34 Definição . Seja E limitado superiormente. Suponha -
mos que y tenha m seguintes propriedades:
NÚ MEROS REAIS 13

(a) y é uma cota superior de E\


(ò) se x < y então x n ão é uma cota superior de E
} .
Nestas condições, y é chamado supremo de E [que existe quando
muito um y com as propriedades acima é evidente pela condição (&)].
Usaremos a abreviação “ sup.” para supremo.
O ínfimo (ínf .) de qualquer conjunto E limitado inferiormente é
definido de modo an álogo.
.
1.35 Exemplos, (a) Seja E o conjunto de todos os n úmeros da
forma l/n, com n = 1, 2, 3, .. , . E é limitado, seu sup. é 1 e seu ínf .
é 0. Note-se que, neste caso, o sup. pertence ao conjunto, enquanto
o ínf . não pertence. De modo geral, o sup. (ou o ínf.) de um con-
junto pode ou não pertencer ao conjunto.
.
( b ) Seja E o conjunto de todos os números n ão negativos E é
limitado inferiormente, porém não o é superiormente e seu ínf é 0..
. .
1.36 Teorema Seja E um conjunto não vazio de números reais,
limitado superiormente. Existe, então, o de E.
Demonstração: Seja A o seguinte conjunto de números reais:
CL £ A se, e sòmente se, existe x £ E tal que a < z . Seja B o con
junto de todos os reais que não estão em A.
-
É claro que nenhum elemento de A é cota superior de E , e todo
.
elemento de B é cota superior de E Para provar a existência do
sup., basta, portanto, provar que B possui mínimo.
Verifiquemos se A e B satisfazem as hipóteses do Teor. 1.32.
Evidentemente, (a) e (6) são válidas. Como E não é vazio, existe
.
xGE e todo a. < x está em A Sendo É limitado superiormente,
existe y tal que x < y qualquer que seja x £ E; portanto y £ B e
,
a condição (c) é válida. Se a £ A existe x £ E tal que a < x Se .
£ B , x < 0. Assim, a < /3 para todo a £ A, /3 £ B e a condição
( d) é válida.
Portanto, pelo Corolário do Teor. 1.32, ou A possui máximo, ou
B possui mínimo. Vamos provar que a primeira alternativa não
pode ocorrer.
Se a £ A, existe x £ E tal que a < x. Consideremos a' tal que
CL < a' < x. Sendo a' < x, a' £ A, de modo que a não é o maior
n ú mero em A.
O teorema está demonstrado.
Como aplicação do que acabamos de ver, vamos demonstrar a
existência de raízes n-ésimas de números reais positivos. Isto mos -
14 NÚ MEROS REAIS E COMPLEXOS CAP. 1

trará como a dificuldade assinalada na Introdu ção (irracionalidade


de \/2) pode ser, agora, contornada.
1.37, Teorema. Para cada x > 0, realy e cada n > 0, inteiror
existe um único número real y > 0 tal que yn = x.
Êste n úmero y é designado por y/ x ou por x ^ n.
Demonstração: É claro íque não pode existir mais de um y nas
condições acima, pois de 0 < yi < t/ 2 resulta y\ <
Seja E o conjunto de todos os t reais positivos tais que tn < x..
Se t = x/ (I + x ) , então 0 <C t < 1; portanto tn < t < x , de modo
'

que E não é vazio.


Seja to = 1 + x. Se t > t 0 , então tn > t > x , de modo que t (£ E
et o é uma cota superior de E.
Seja y o sup. de E (que existe pelo Teor. 1.36).
Suponhamos yn < x. Consideremos h tal que 0 < h < 1 e

h<
(1
x
+
— y )n
yn
— yn
Designando por (£) o coeficiente de zm no desenvolvimento *

do binómio (1 + z ) n, temos
(y + hr = yn + (í) yn-'h + (5) A2 + • . + (S)An
^—
yn + A[(?)*r1 + (2) yn 2 + • • • + (n)]

= yn + A[(i + y )n yn ]
< yn + ( x — yn) = x.

Logo y + h G Ey contradizendo o fato de y ser uma cota superior
de E.
Suponhamos yn > x. Consideremos k tal que 0 < k < 1, k < yr
e, ainda,

k < (l
yn
+
— y )n -
x
yn
Então, para t > y
<" > (?/

- fc)n =
k , temos
yn - (?)trlk + ©y"-8 * 1) nQkn
*
yn
= - k T) { ( yn~ 1 - yn
® 'k ~
_
y n - fc[(?) yn 1 + (") j/ n 2 + . . . + Q]
'
l)"0 n 1í
^ '


= yn fc[(l + y ) n — yn] > yn ( yn — x ) = x . —
—.
Assim, y k é uma cota superior de E , contradizendo o fato de ser y
o sup. de E
-
Segue se que yn = x.
.
1.38 Representação Decimal Conclu ímos esta seção anali . -
sando a relação existente entre n úmeros reais e expressões decimais.
Seja x > 0 real. Seja no o maior inteiro tal que n0 < x. Esco-
lhidos n 0, Ui . . ., nfc-!, seja nk o maior inteiro tal que
n i nk
Tio + "T7T
10 + . .. + 10 fc
< 2.

*

Seja E o conjunto dos números


ni Tlk
(3) TI o + Trr+ • - • + 10 (fc = 0 , 1, 2, . . . ) .
10 *
Logo x é o sup. de E. A representação decimal de x é
(4) no, n!n2n 3
Reciprocamente, dada a expressão decimal (4), o conjunto E dos
n úmeros da forma (3) é limitado superiormente e (4) é a representa-
ção decimal do sup. de E.
Como nunca trabalharemos com expressões decimais, não faze -
mos aqui uma discussão mais profunda.

O CONJUNTO DOS N ÚMEROS REAIS AMPLIADO

. .
1.39 Definição O conjunto dos nú meros reais ampliado é ,

constituído dos nú meros reais aos quais foram acrescentados dois


símbolos + oo e
(a) Se x é real, então

oo , com as seguintes propriedades:

co < x < + oo e

X + co = + co , x oo = cof
— —
x
00
x
00
= 0.
+
(ò) Se x > 0, então *

(c)
X • (+
Se x < 0, então
oo ) = + oo , x ( *
— °° ) «
— 00 .

x • (+ oo ) = — oo , X .(
Quando se quer fazer uma distin ção bem explícita entre n ú meros
— oo ) = + oo .

reais de um lado e os símbolos + oo e


são chamados finitos.
<» de outro, os primeiros

1.40. Definição. Seja E um conjunto cujos elementos perten-
cem ao conjunto dos nú meros reais ampliado. Se E não é limitado
superiormente (i.e., se para cada real y existe x £ E tal que y < x),
dizemos que o sup. de E é + co .
16 N Ú MEROS REAIS E COMPLEXOS .
CAP 1

Anàlogamente, dizemos que o ínf . de um conjunto E que não é


limitado inferiormente é ».

Assim, no conjunto dos n úmeros reais ampliado, todo conjunto
tem sup. e ínf . Esta é a principal razão de se introduzir + e «> . —
NÚMEROS COMPLEXOS
\
r' •

. .
1.41 Definição Um nú mero complexo é um par de nú meros
reais a, 6 (nesta ordem). Designamos êste número complexo por
(a, 6).
Nesta seção, as letras x, y, z designarão n úmeros complexos,
as letras a, 6, c, ..., números reais, e escreveremos (provisoriamente)
u = (1, 0); n - (0 0
, ).

. .
1.42 Definição Seja x = (a, b ) e y = (c, d). Dizemos que x = y
.
se, e sòmente se, a = c e b = d A x e y associamos dois n úmeros
complexos, que designamos por x + y e xy, definidos a seguir:
x + y *= ( a + c, b + d),

. .

xy = ( ac bd ad + bc). }

1.43 Teorema As operações de adição e multiplicação acima


definidas ( Def . 1.42) satisfazem as leis comutativa, associativa e dis
tributiva.
-
Demonstração: Seja x = (a, 6); y = (c, d) e z = ( e , J ).
(o) x + y = (a + c, 6 + d) = (c + a, d + 6) = y + x;
(6) ( x 4 y ) + z = (a + c, b + d) + (e, /) = (a + c + ef b + d + /)
*

= (a, 6) + (c + e, d + f ) « x + (y + z);
(c) xy

= ( ac , +
bd ad bc)
— = — — ++ = ,
( ca,
db da cb ) ( c d) (a, b ) = yx;
(d) ( xy )z (ac 6d, ad 6c) (c, /)

,
— — — +— ,= — + +
= (acc bde ad/ 6c/ ac/ ’ bdf ode bce )
= (a 6) ( ce d/, cf de ) x(yz);
+ >
(e) (x y = (a c, 6 d) (cj)
+ +
+ — — , + + +
= (ae ce bf df aj cf be de)
— + + — +
= (ac 6/, af 6c) (ce dj cf de )
+ .
= xz yz
}

.
1.44 Teorema . Para cada complexo x, temos x + n = x, xn = n’,
Xtt = x.
Demonstração: Consequência imediata da Def . 1.42.
NÚ MEROS COMPLEXOS 17

1.45. Teorema, Se x + y = x + z , entã o y = z.


Demonstração: Se y 7^ z , a Def . 1.42 e o Teor. 1.18 mostram que
x + y x + z.
.
1.46, Teorema Para cada complexo x, existe um único y tal
que x + y = n.
Designamos êste n úmero y por x.

Demonstração: A unicidade resulta do Teor. 1.45. Para provar
a existência, seja x = (a, 6) e considere-se 2 = ( a, 6). nr — — —
. .
1.47 Teorema Escrevendo x —
y em vez de x + ( y ), temos —
(a) x x = n) —
)

(6 ( x ) y = x( y ) =
— —
( xy ) = ( u ) (xy ),

de modo que não haverá ambiguidade se escrevermos xy para designar —
qualquer das expressões acima .
As demonstrações são simples.
.
1.48. Definição Seja x = (a, 6). Escrevemos |x| = Va2 + b2
(consideramos apenas o valor não negativo da raiz quadrada, que é
univocamente definido pelo Teor. 1.37) e chamamos |x| valor abso -
luto de x.
Note-se que o valor absoluto de um nú mero complexo é um
n ú mero real não negativo.
.
1.49 Teorema . Quaisquer que sejam os complexos x y temos ,
(a) jx| > 0 se x n, enquanto |n| = 0;
Q> ) \ xv \ -
M \v \ -
. Demonstração: (a) é evidente. Quanto a (6), seja x = (o, b) e
y
— (c, d). Então


\ xy|2 = |(ac òd, ad + 6c)|2 = a2c2 + ò 2d2 + a2d2 + 62c2
- (a 2 + 62) (c2 + d 2)
-
\ x\ * \ y \\
Portanto,
NI = V M N I * = \ x\ \v\ -
Deixamos a demonstração da última igualdade para o leitor (Exerc. 4).
1.50. Teorema. Se xy = n, então x = n ou y = n.
Dewionsíração: Se xy = n, temos, pelo Teor. 1.49

1*1 M = NI = M = 0.
18 N Ú MEROS REAIS E COMPLEXOS CAP. 1

Como |x| e \ y \ são reais, concluímos que |x| = 0 ou \ y \ = 0, isto é,


x — 1.51. Teorema
n ou y= .
.
n
i

Se x n e xy = xz , então y = 2,
7*

Demonstração: Temos

z—
x( y —, z ) = xy — xz = n.
Pelo Teor. 1.50, y
1.52

. Teorema. Para
isto n é, y = z.
cada complexo ij^ n, existe um único
complexo y ( que designamos por u/ x ) tal que xy = u .
Demonstração: A unicidade resulta do Teor. 1.51. Seja x = (a, b ).
Para

= (\ a2 + fr 2 ’ \
fl ~b
y
a 2 + ò2 / ’

temos
( 2 ’
= (a, 6) \
a -b \ ( , )
1 0 = u.
/ =
xy
a + 62 a2 + ò 2

. .
1.53 Teorema Se x n, para cada complexo y existe um
único complexo z { que designamos por y/ x) tal que xz = y.
Demonstração: Se z = (u/ x ) • y, temos
u
xz = x • ~
x ' y ~u * y= y .
Até aqui mostramos que os n úmeros complexos, com as definições
de adição e multiplicação dadas (Def. 1.42), satisfazem tôdas as leis
usuais da aritmética.
.
1.54 Teorema Quaisquer que sejam os números reais a eb, temos
.
(a) (a, 0) + (ò, 0) = (a + 6, 0);
Q>) (a, 0) (6, 0) = (aò, 0);

(c )
(a, 0)
(&, 0) (f )» se b 0;
( d) |(a, 0)| = |a ( .
Em (d), o símbolo |a| tem o significado da Def . 1.24.
As demonstrações são simples.
O Teor. 1.54 mostra que os n ú meros complexos da foi ma (a, 0)
t ê m as mesmas propriedades aritméticas que os nú meros reais a.
N Ú MEROS COMPLEXOS 19

Podemos, portanto, identificar (a, 0) à a; esta identifica ção toma os


nú meros reais um subconjunto do conjunto dos n úmeros complexos.
Em particular, escreveremos 0 em vez de n e 1 em vez de u.
O leitor terá talvez notado que desenvolvemos a aritmé tica dos
n ú meros complexos sem introduzir a misteriosa "v 1” . Vamos, —
agora, mostrar que a notação (a, b ) é equivalente à mais usual a + bi.
1.55, Definição - i = (0, 1) .
-£ 1.56.
> Teorema - i2 ^= — 1.
Demonstração: i2 = (0, 1) (0, 1) = ( — 1, 0) = — 1.
- -
1 57 Teorema. Se a e b são reais então (a, b) } = a + bi.
Demonstração: a + bi = (a, 0) + (ò, 0) (0, 1)
= (a, 0) + (6, 0) = (a, ò).
1.58 . Teorema. Se x e y são números complexos, então,

I * + y| < M + |y|.
Demonstração: Se s + 2/ = 0, nada se precisa provar. Supo -
nhamos x + y 0 e seja

x = I *x + yy I
+
Multiplicando por x + y conclui-se, do Teor. 1.49(6), que [ X| = 1.
Ademais \x + Xy é real. Se\x = ( a, b ) e Xy = ( c, d), a Def . 1.48
mostra que

M < | x* l = .1* 1 , M < |Xy| = | yI .


Portanto,
\ x + y| = Xx + Xy = a + c < |a| + |c| < |x| + |y|.

.
1.59 Definição. Se a, b são reais e z = a + 6i, o n ú mero

complexo z- = a bi é chamado conjugado de 2.
.
1.60 Teorema. Sc x, 2/ são complexos, eníão
(а) x_+ 2/ = x + p;
(б) xy = x • y ;
(c) xx = |x| 2 (£0*70 xx c rcaZ c n ão negativo ) ]
( d ) x + x é real ;
(c) para x realf x = x.
As demonstrações destas afirmações são simples.
20 N Ú MEROS REAIS E COMPLEXOS CAP. 1

.
1.61 Nota ção . Se x 3f •• •, xn são n ú meros complexos, escrevemos

Xl +% + 2 “ *
+ Xn = £
-l
Xj.
J

Encerramos esta seção com uma desigualdade importante, geral-


mente conhecida como desigualdade de Schwarz:
.
1.62 Teorema
xos, então
. Se al 9 ..., dn e blf . . 6n são números comple -
IÊ O ,S, II < í: KI Í-: IM . 2
y i
!

Demonstração: Seja á = S|a,|2, 2? = 2|òy|2, C =- ( j = 1,


• • nem todas as somas desta demonstra ção). Se £ = 0, então

bi • • = òn = 0 e a conclusão é óbvia. Suponhamos, portanto,
*

B > 0. Pelo Teor. 1.60, temos


ZI A* - Cbj I z B < - C6 ) (£ , -,Cbj
-- )
2
= ( 0j y 5
Z ! % I - z 5- -BC z A- + 1 c| E|ò,|*
, 2
0 â s
£*4 — .BlCl
* £(AB -| 7|*). = <
Sendo cada têrmo da primeira soma não negativo, vemos que
B( AB - \ C \* ) > Q .
Sendo 2? > 0, segue-se que AB
que queríamos demonstrar.
—\\>.
- C 2 0 Esta é a desigualdade

ESPAÇOS EUCLIDIANOS

. .
1.63 Definições Para cada inteiro positivo k , seja Rk o con -
junto de tôdas as fc-uplas ordenadas

X = (Xj, X 2, • • • > Xjc > )


em que x1 .. . , £ são nú meros reais, chamados coordenadas de x.
*
}

Os elementos de Rk são chamados pontos ou vetores, especialmente


quando k > 1. Designaremos vetores por letras em negrito. Se
y —
( yi , .. yk ) e se a é um nú mero real, definiremos

x+y = (xi + t/ i, .. ., + yk ) ,
ax = (axi, .. axk )
de modo que x + y £ Rk e ax £ Rk . Está assim definida a adição
de vetores, bem como a multiplicação de um vetor por um número
rftn.1 ( vim ARAAIATV Estas duas ooeracóes satisfazem as leis comuta-
EXERC ÍCIOS 21

tiva, associativa e distributiva (a demonstração é simples, tendo em


vista as leis análogas para os n ú meros reais), e tomam Rk um espaço
vetorial sobre o corpo dos reais. O elemento zero de Rk (às vêzes cha -
mado origem ou vetor nulo ) é o ponto 0, cujas coordenadas são to-
das 0.
Definimos também o chamado “ produto interno” (ou produto
escalar) de x e y por

x - y = 2Z x Vi
»=i
%

e a norma de x por
IxJ = (x • x) ^ =

A estrutura assim definida (o espa ço vetorial Rk com o produto


interno e a norma acima) é chamado espaço euclidiano a fc dimensões »

.
1.64* Teorema Se x, y, z £ Rk e a é realf então
( a) |x| > 0;
( b ) |x| = Q se, e somente sef x = 0;
(c) |ocx| = |a| |x|;
-
( ã) |x y| < |x| |y|;
(e) |x + y| < |x| + |y|;
(J ) |x
— —
z| < |x y| + |y z|.

Demonstração: (a), (6) e (c) são evidentes e ( d) é uma conse-
quência imediata da desigualdade de Schwarz. Por ( d) , temos
|x + y|2= (x + .y) - (x + y) = xx + 2x y + y y *

< Ix|2 + 21 x||y| + |y|2 = (|x | + |y|) 2,


o que demonstra (e). Finalmente, ( f ) decorre de ( e ) se substituirmos
x por x ; y e y por y
. .
— z.
1.65 Observa ções O Teor. 1.64 [(o), (6), (/)] nos permitirá (ver
Cap. 2) considerar Rk como um espaço métrico.
R 1 (o conjunto de todos os nú meros reais) é geralmente chamado
“ reta” ou “ reta real” . Anàlogamente, R2 é chamado “ plano” . ou
“ plano complexo” (ver Defs. 1.41 e 1.63). Nestes dois casos a norma
é o valor absoluto do número real ou complexo correspondente.

EXERCÍCIOS

.
1 Se r é racional (r 0) e x é irracional, prove que r -
x e rz sâo irra
.'
cionais
22 NÚ MEROS REAIS E COMPLEXOS .
CAP 1

cional.
2L Prove que entre dois nú meros reais quaisquer existe um nú mero irra -
3. Prove que não existe nú mero racional cujo quadrado seja 12.
4. Se i > 0, y >0 e n é um inteiro positivo, prove que

/ .\/ y = y/ xy
y x
{ ver Teor. 1.37).
5 . Se i >0 e r é racional (r =* n/m), defina
= V *n-
Prove que xT
.
—, (- y x ) n.
Se x > 1 prove que x* < x ? se p < q, sendo p, q racionais .
6
.
7 Defina xv para x > 1, y real, aplicando o Exerc. 6 e o método do
Teor. 1.37 e prove que
(a) x* < x2 se 1 < x , y < z ;
(b) xv < zv se 1 < x < z, y > 0;
(c) x*+* =* x^x*.
8 . Que modificações se deve fazer nos Exercs 6 e 7 ae 0 . < 1?
.
9 Suponha b > 1, x > 0. Prove que existe um ú nico nú mero real y tal
que x = ò v, Êste nú mero y é chamado logaritmo de z na base 6 .
10 . Em que pontos de nosso desenvolvimento da teoria dos números reais
ocorreriam dificuldades se a condição III f ôsse omitida na Def. 1.4 ?
11. Se zi, . . zn são complexos, prove que

12.
1*1 + *a + . • • + *nl
Se x, y são complexos, prove que
— l *il + I *J| + * •• + |*nl «

11* 1 - lyl ! < \x - y\ .


. .
13 O Teor. 1.36 foi deduzido do Teor 1.32. Na realidade, os dois teore -
mas são equivalentes. Para demonstrar esta afirmação, admita o Teor. 1.36
como postulado, além das propriedades usuais dos n ú meros reais, e demonstre
o Teor. 1.32 sem considerar cortes no conjunto dos n ú meros racionais .
.
14 Se z é um n ú mero complexo tal que \ z\ = 1, isto é, tal que zz *1 ,
calcule
II + «I * + II - * I *.
15. Em que condições a igualdade é válida na desigualdade de Schwarz ?
16. Suponha k > 3, x, y £ Rkt |x ~ y| = á > 0 e r > 0. Prove que:
(а) Se 2r > d, existe uma infinidade de vetores tais que

(б) Se 2r
(c) Se 2r
= d, existe um

I * *1 = U - yl = r-
ú nico z nestas condições.
< d, não existe z nestas condições.
Que modificações se deve fazer nas afirmações acima se k é igual a 2 ou a 1 ?
.
17 Prove que
I * + y|* + |x - yi * = | | -J-
2 x 2 2|yi 2
se xG Ã fe e y G Rk* Interprete geomè tricamente, como uma afirmação sobre
paralelogramos.
18. Se k > 2 e i £ fl*, prove que existe y £
Isto também é verdade se & = 1?
tal que y
^ 0, mas x - y = 0.
19. Suponha a £ Rk , b £ Rk . Determine « £ Rk e r > 0 tais que


se, e sòmente se, |x c| = r.

U a| = 2|x b| —
(SoZufdfo: 3c = 4b — a, 3r = 21 b — a|.)
Elementos da Teoria dos Conjuntos
Capí tulo 2

CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E N ÃO ENUMERÁVEIS

Começamos esta seção definindo função.


. .
2.1 Definição Consideremos dois conjuntos quaisquer, A e B
e suponhamos que a cada elemento x de A se associe, de algum modo,
.
um elemento de By que designaremos por ]{ x ) Nestas condições,
dizemos que j é uma junção de A em B (ou uma aplicação de A em B).
O conjunto A é chamado domí nio de / (dizemos, também, que j está
definida em A ) e os elementos j( x ) são chamados valôres de j A .
totalidade dêstes é o conjunto de valôres de j.
. .
2.2 Definição Dizemos que A é um subconjunto de B e es-
crevemos A C B (ou B D A ) se todo elemento de A pertence a B.
Se, além disso, existe um elemento de B que não pertencç a A , dize -
mos que A é um subconjunto próprio de B.
Em particular, o conjunto vazio é subconjunto de todo con
junto, e, qualquer que seja o conjunto A, temos A C A.
-
S e A C B e B C A, escrevemos A B.
. .

2.3 Observação O fato de ser o conjunto vazio subconjunto
_
de todo conjunto baseia-se em um ponto da lógica oue muitas vê -
ze causa dificuldades aos principiantftp.
^ Pela Def. 2 2, é claro que se A não é subconjunto de B
, } a se-
guinte afirmação é verdadeira: < rExiste um elemento x tal que
ex $ B\ Mas, se A é vazio, não existe z £ 4 e a afirmação acima
}

.
é falsa
Argumentos semelhantes se aplicam sempre que queremos ve
rificar se determinadas condições são satisfeitas pelo conjunto vazio.
-
CONJUNTOS FINITOS, ENUMER ÁVEIS E N Ã O ENUMER ÁVEIS 25

. .
2.4 Definição Sejam A e B dois conjuntos e j uma aplica -
ção de A em B . Se E C A j( E ) é, por definição, o conjunto de to
} -
dos os elementos ){ x ) , com Chamamos j( E) a imagem de E
por j . Com esta nota ção, j( Á) é o conjunto de valôres de É cla -
ro que ]{ A ) C B. Se }( A ) - B , dizemos que j aplica A sóbre B.
(Observe-se que, de acordo com esta conven ção, sóbre é mais especí -
fico do que em.) ^
^
Se E C B / f l ( E ) ' designa o conjunto . de todos os x £ A tais que
~

j( x ) £ E. Chamamos ]~1{ E ) imagbm inversa de E por j. Se y G Bf


tKv ) é o conjunto de todos os x £ A tais que j( x) = y Se, para .
cada y £ B, j~ l ( y ) é constituído, no máximo, de um elemento de A ,
-
diz se que / é uma aplicação biuní voca de A em B. Em outras pa -
lavras: ] é uma aplicação biuní voca de A em B se ]{ x\ ) }( x2 ) sem
pre que Xi * x 2, sendo Xi Çi A , x 2 (E A
7 . -
(A nota ção xx x 2 significa que Xi e x2 são elementos distintos;
em caso contrário escrevemos Xi x 2.)

2.5. Definição. Se existe uma aplicação biunívoca He A sâbljS- B,
dizemos que A e B podem ser postos em corresporLdêndaAÀiinivocsL, ou
que A e B têm o mesmo número cardinal ou, simplesmente, que A
e B são equivalentes, e escrevemos, então, A B Esta relação
tem, òbviamente, as seguintes propriedades:
~.
Ê reflexiva: A ~ A.
Ê simétrica: se A ~B } então B ~ A.
É transitiva: se A ~B e B~C } então A ~ C.
Qualquer relação com estas três propriedades é chamada relação
de equivalê ncia.
2.6. Definição. Dado um inteiro positivo n, designemos por
Jn o conjunto cujos elementos são os inteiros 1, 2, ..., n; seja J o
conjunto de todos os inteiros positivos. Dado um conjunto A qual
quer, dizemos que:
-
~
(a) A é jinito se A Jn para algum n (o conjunto vazio é tam
bém considerado finito).
j -
(ò) A é injinito se A não é finito.
(c) A é enumerável se A ~ J.
!n

Para dois conjuntos finitos A e Bt temos, evidentemente, A B


se, e sòmente se, A e B têm o mesmo número de elementos. Para
~
26 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

conjuntos infinitos, porém, “ ter o mesmo n ú mero de elementos”


toma-se muito vago, enquanto a noção de correspondência biuní -
voca continua clara.
2.7. Exemplo . Seja A o conjunto de todos os inteiros. A é
enumerável.
Basta cg nsidera r a s eguante disposição dos conjuntos A e J :
,

A: 0, 1, - 1, 2, - 2, 3, - 3, . ..
J: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, . . .

Neste exemplo podemos até dar uma f órmula explícita para


uma fun ção j de J em A que estabelece uma correspondência biuní-
voca:
n
( n par),
2
j( n ) =

<

n 1
(n ímpar).
2

. .
2.8 Observação Um conjunto finito não pode ser equivalente
*

a um de seus subconjuntos próprios. Isto, entretanto, é possível para


conjuntos infinitos, como mostra o Ex. 2.7. em que J é um subcon -
junto próprio de A .
Com efeito, poderíamos substituir a Def . 2.6(6) pela afirmação:
A é infinito se A é equivalente a um de seua _subconiuntos próprios. . .

.
2.9 Definição. Entendemos por sucessão uma fun ção / defi -
nida no conjunto J de todos os inteiros positivos. Se j( n) = xn,
para n £ /, é usual representar a sucessão j pelo símbolo {x„}, ou
às vêzes, por xu x2, x 3, . .. Os valôres de /, isto é, os elementos xni
são chamados iêrmos da sucessão. Se A é um conjunto e se xn £ A
para todo n 6 «/, diz-se que {xn } é uma sucessão çm A , ou uma su -
cessão de elementos de A.
-
Note se que os têrmos Xi, xZ . .. de uma sucessão não são )

necessàriamente distintos.
Como todo conjunto enumerável é o conjunto de valôres de uma
_
fun ção biuQÍyoça deiini ia eni J , podemos considerar cada conjunto
^ ^

enumerável como o conjunto de valôres de uma sucessão de elemen -


tos distintos. Em têrmos menos precisos, podemos dizer que os
elementos de qualquer conjunto enumerável podem ser “ dispostos
em sucessão” .
CONJUNTOS FINITOS, ENUMER ÁVEIS E NAO ENUMERÁVEIS 27

Ãs vezes é conveniente substituir J , nesta definição, pelo con-


junto de odos os inteiros não negativos, isto é, come çar com 0 em
vez de 1. ^
. .
2.10 Teorema Todo subconjunto injinito de um conjunto enu -
merável é enumerável.
Demonstração: Suponhamos E C A , E infinito. Dispostos os
elementos de A como uma sucessão {a:„} de elementos distintos, con-
sideremos a sucessão {nfc} seguinte:
Seja n % o menor .inteiro positivo tal que xni £ #. Escolhidos
-
tti, . .., 71* !, ( k = 2, 3, 4, .. . ), seja nk o menor inteiro maior do


que 7i i tal que Xnk £ E .
*
j( k ) = xnk ( k = 1, 2, 3, . ..) define uma correspondência biuní
voca entre E e J .
-
Em têrmos menos podemos dizer que o teorema mostra
que os conjuntos enumeráveis representam o “ menor” infinito: Ne-
nhum conjunto infinito não enumerável pode ser subconjunto de
um conjunto enumerável.
.
2.11 Definição. Sejam A e Í2 conjuntos e suponhamos que a
cada elemento a de A esteja associado um subconiuntp. de fi que
representaremos por Ea.
O conjunto cujos elementos são os conjuntos Ea será designado
.
por { Ea } Em vez de nos referirmos a conjunto de conjuntos, di -
remos, às vêzes, coleção de conjuntos ou família de conjuntos.
A reunião dos conjuntos Ea é, por defini ção, o conjunto S tal
que x £ £ se, e sòmente se, x £ .Eaj para algum a £ A . Adota -
mos a notação
(D S
-u
aç Á
Ea .

A é o conjunto dos inteiros 1, 2, .. n, escreve-se geralmente

(2) S =mU 1 En
-
OU

(3) S — E U Ez U . .. U E
\ n
< »

Se A é o conjunto de todos os inteiros positivos, a notação usual é


03

(4) & = U Em.


«“ 1
28 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

O sí mbolo co em (4) apenas indica que se considera a reunião


de uma cole ção enumerdvel de conjuntos e não deve ser confundido
com os sí mbolos + oo e — oo , introduzidos na Def . 1.39.
A interseção dos conjuntos Ea é, por definição, o conjunto P
tal que x £ P se, e sòmente se, para todo a £ A . Adota-
mos a notação

(5) p =an
ç A
Em

OU

= » n1 Em = E , n E , n ... n E n,
(6) p
f

ou
«0
(7) p =m n 1 JU

como fizemos com reuniões. Se o conjunto A ( ~ ) B ê vazio, dizemos


que A e B são disjuntos.
2.12. Exemplos, (a) Seja EY o conjunto dos números 1, 2,
*

3 e ] 0 conjunto dos números 2, 3, 4. Então, U 2 é consti-


£
tuída dos números 1, 2, 3, 4, e í1 O dos números 2, 3. ^
(6) Seja A o conjunto dos números reais x tais que 0 < x < 1.
Para cada seja Ex o conjunto dos números reais y tais que
0< < y x . Ent o
ã

(i) Ex C Et se, e sòmente se, 0 < x < z < 1;


(ii) U Ex = Et ;
xeA
Cm) O Ex é vazia.
xç A

Os itens (i) e (ii) são evidentes. A fim de provar (iii), observemos


que para cada y > 0, y $ Et , se x < y. Portanto y $ Pi E% .
xç A

2.13. Observações. Muitas das propriedades de reuniões e in-


terseções de conjuntos apresentam grande analogia com propriedades
válidas para somas e produtos de números.
CONJUNTOS FINITOS, ENUMER Á VEIS E N ÃO ENUMERÁVEIS 29

A validade das leis comutativa e associativa é f àcilmente veri -


ficada:

(8) A U B = B (J A ] A O B = B O A.
(9) ( A U B ) \J C = A \J ( B [ J C ) ; c A n B) nc
= A n ( B n c).
Assim, justifica-se a omissão de parênteses em (3) e (6).
A lei distributiva também é v álida:

(10) A n ( B u o = ( A n B ) u ( A n o.
Para demonstrá-la, chamemos o primeiro e o segundo membros de
(10), respectivamente, E e F .
Suponhamos x £ E. Logo x (E A e x £ B U (7, isto é, x £ B
ou x £ C (ou a ambos). Portanto zG á HB o u x G A f l C, de
modo que i G F. Assim, E C. F .
A seguir, suponhamos ig í . Logo zG 4 f| ou x G i OC.
1

Isto é, z £ i e a: £ 5 U C. Portanto x £ H ( B U C ), de modo


que F C E .
^
Segue-se que E = F.
Enunciamos mais algumas relações que são fàcilmente verifi
cadas:
-
(11) A C A U B,
( 12) A C\ B C A .
Se 0 designa o conjunto vazio, então

(13) A U 0 = A, A no = o.
Se A C B , então

(14) A \J B
— B , A n B = A.
2.14. Teorema. Seja { En} , n - 1, 2, 3, . . . uma sucessão de
conjuntos enumeráveis e

(15) 8 = U En
n
— 1
«

Então S é enumerável.
30 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CÀ P. 2

Demonstração: Considerando os elementos de cada conjunto En


como têrmos de uma sucessão , {xnjt} , k — 1, 2, 3, . . f o r m e m o s o
quadro abaixo :
x.
.1 24
*

X 34
(16) X 44

em que os elementos de En constituem a n-ésima linha. Êste qua-


dro contém todos os elementos de S , Como as setas indicam, seus
elementos podem ser dispostos em sucessão.
(17) XnJ X 21, Xi 2; XJI , X22, Xi 3; x* *, x32, x23, Xu ) . . .
Se dois quaisquer dos conjuntos En tiverem elementos em comum,
êstes aparecerão mais de uma vez em (17). Portanto existe um sub-
conjunto T do conjunto de todos os inteiros positivos tal que S T , ~
o que mostra que S é no máximo enumerável (Teor. 2.10). Como
Ei C S e Ei é infinito, S é infinito e , portanto, enumerável.
Corolário, Suponhamos A no máximo enumerável et para cada
a Ç A , Ba no máximo enumerável . Seja

T = U Ba *
aç A

Então T é no máximo enumerável .


Realmente, pois T é equivalente a um subconjunto de (15).
2.15, Teorema , Seja A um conjunto enumerável e Bn 0 con-
jurdo de tôdas as n-uplas (al 7 . . . , On), em que afc £ A ( k = 1 , . . . , n )
e au . . . , an não são necessàriamente distintos. Então Bn é enumerável .
Demonstração : É evidente que BY é enumerável, pois Bi = A ,
Suponhamos Bn~ i enumerável (n = 2, 3, 4, . . . ). Os elementos de Bn
são da forma
(18) (6, a) (b £ Bn-1, a £ A ) .
Para cada b fixo, o conjunto dos pares (ò, a) é equivalente a A e,
portanto, enumerável. Assim, é a reunião de um conjunto enu-
merável de conjuntos enumeráveis. Pelo Teor. 2.14, Bn é enume-
rável.
ESPAÇOS MÉTRICOS 31

O teorema está demonstrado, por indução.


Corolá rio . O conjunto de todos os números racionais é enume -
rável
Demonstração: Aplicamos o Teor. 2.15, com n = 2, obser-
vando que todo racional r é da forma b/ a, com a e 6 inteiros. O
conjunto dos pares (a, b ) e, portanto, das frações 6/a, é enume -
rá vel.
-
Com efeito, até o conjunto de todos os n úmeros algé bricos é
enumerá vel ( ver Exerc. 5).
O teorema seguinte mostra que, entretanto, nem todos os con-
juntos infinitos são enumeráveis.
. .
2.16 Teorema Seja A o conjunto de tódas as sucessões cujos
elementos são os algarismos 0 e 1. Êste conjunto injinito A não é enu-
merável .
Os elementos de A são sucessões como 1, 0, 0, 1, 0, 1, 1, 1, . . . .
Demonstração: Seja E um subconjunto enumerável de A , cons-
tituído das sucessões S 2, S 3J ... Vamos a seguir definir uma ou-
tra sucessão s. Se o n ésimo algarismo em sn é 1, seja 0 o n-ésimo
, -
algarismo de s e vice-versa. Assim, a sucessão s difere de cada uma
das sucessões de E ; portanto 8 (£ E. Mas, certamente, e,
assim, E é um subconjunto próprio de A.
Mostramos que todo subconjunto enumerável de A é subcon-
junto próprio de A. Segue-se, pois, que A não é enumerável (pois,
em caso contrá rio, A seria quhçonjnnto próprio de A , o que é ab -
surdo).
-
A idéia da demonstração acima deve se a Cantor e é chamada
processo diagonal de Cantor: pois dispostas as sucessões si , s2, s 3, . . .
em um quadro como (16), são os -elementos da diagonal que se con-
sideram na defini ção da poya snnessãn —
Os leitores familiarizados com a representação binária dos n ú-
meros reais (base 2 em vez de 10) observarão que do Teor. 2,16 se
conclui que o conjunto dos n úmeros reais não é enumerável. Da-
remos uma outra demonstração dêste fato no Teor. 2.43.
#

ESPAÇOS M ÉTRICOS

. .
2.17 Definição Diz-se que um conjunto X , cujos elementos
chamaremos pontos, é um espaço métrico se a cada dois pontos p e q
32 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 1

de X está associado um n ú mero real d í v^ a ) , chamado distância de


p a g, tal que
(a) d( p , q ) > 0 se p g; d( p , p) = 0;
^
~
9 ) d(p > ff) d(ff > p);
(c) d(p, ç) < d { jp r) + d(r, g), qualquer que seja r £ X.
)

. .
2.18 Exemplos Os exemplos mais importantes de espaços
métricos, do nosso ponto de vista, são os espaços euclidianos Rk ,
especialmente R1 (a reta real) e R 2 (o plano complexo). A distân
cia em Rk é definida por
(19) , = |x
d( x y)
— y| (x, y G Rk)
Pelo Teor, 1.64, as condições da Def . 2.17 são satisfeitas por (19) .
Ê importante observar que todo subconjunto Y de um espaço
métrico X é também um espaço métrico e com a mesma fun ção dis-
tância. Pois é claro que se as condições (a), (i>), (c) da Def. 2.17
são válidas para p, ç, r £ X, elas também serão válidas se restrin -
girmos p, g, r a Y .
Assim, todo subconjunto de um espaço euclidiano é um espaço
métrico. Outros exemplos são os espaços ®(JÇ) e S2( ju), conside -
rados nos Caps. 7 e 10, respectivamente .
.
2.19 Definição. C tos intervalo aberto (a, 6) o conjunto
de todos os n úmçroé reais z tais que a < z < b.
Chamamos intervalo jechado [a, 6] o conjunto de todos os núme -
ros reais z tais que a < z < b.
Ocasionalmente encontraremos também “ intervalos semi aber - -
tos” [a, 6) e (a, b ] ; o primeiro é constituído de todos os z tais que
a < z < 6, o segundo, de todos os z tais que a < z < 6.
..
Se ai < bi para i = 1, . , fc, o conjunto de todos os pontos
}

x = ( zi , .., $ ) em Rk , cujas coordenadas satisfazem as desigual


. -
*
-
dades di < Z{ < bi (1 < i < fe), é chamado k paralelepí pedo. Assim,
- -
um 1 paralelepípedo é um intervalo fechado, um 2 paralelepípedo é
um retângulo etc.
Se x G Rk e r > 0, uma bola B aberta (ou jechada) com centroj

em x e raio r, é, por definição, o conjunto de todos os y G Rk tais



que |y x| < r (ou |y x| < r).

Dizemos que um conjunto E <ZRk é convezo se

sempre que x £ £, y £ £ e O
Xx + (1 — X)y G E

< A < l.
ESPAÇOS MÉTRICOS 33

e0
Por exemplo, as bolas são convexas: se |y
< X < 1, temos
— x| < r, |z — x| < r

|Xy + (1 — X <— X ] =— I A\ + —
)z x (y x) + (1 —— X | <— Xr +j
) (z x)
y x (1 — X) |z x (1
— X) r = r.

A mesma demonstração se aplica às bolas fechadas. É também


f ácil ver que os /c-paralelepí pedos são convexos.
.
2.20. Definição Seja X um espa ço métrico. Fica entendido
que todos os pontos e conjuntos abaixo mencionados são elementos
e subconjuntos de X .
(a) Uma vizinhança de um ponto p é um conjunto Nr( p ) cons -
tituído de todos os pontos q tais que d ( p , q ) < r. O número r é cha
mado raio de NT { p ).
-
(6) Um ponto p é ponto de acumulação de um conjunto E se
t óda vizinhança de p contém um ponto q p tal que q £ E.
^
(c) Se p £ E e p não é ponto de acumulação de E diz-se que }

p é um ponto isolado de E.
(d) E é fechado se todo ponto de acumulação de E pertence
a E.
(e) Um ponto p é ponto interior de E se existe uma vizinhança
N de p tal que N C E.
(/) E é aberto se todo ponto de E é ponto interior de E.
(g ) O complemento de E (designado por Ec ) é o conjunto de
todos os pontos p £ l tais que p (£ E.
( h) E é perfeito se E é fechado e se todo ponto de E é ponto
'

de acumulação de E.
(i) E é limitado se existe um n ú mero real M e um ponto g £ l
tal que d( p , q ) < M para todo p £ £.
( f ) E é denso em X se todo ponto de X é ponto de acumula -
ção de E ou é ponto de E (ou ambos).
Observemos que em í f 1 as vizinhanças são intervalos abertos,
enquanto em R as vizinhan ças são interiores de círculos.
2

. .
2.21 Teorema T ôda vizinhança é um conjunto aberto.
Demonstração: Consideremos uma vizinhança E ~ Nr{ p) e seja
q um ponto qualquer de E. Existe, então, um nú mero real positivo
h tal que

dtp , g ) =T — h. (Í MZLI È '


ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

Para todos os pontos $ tais que d ( q s) } < h> temos, pois,


d ( j) , s) < d( p , q) + d( q, s ) < r — h + h = r,

de modo que s g E. Assim q é ponto interior de E.


.
2.22 tTeoremãi Se p ê ponto de acumulação de um conjunto E }

tôda vizinhança de p contém uma injinidade de pontos de E.


Demonstração: Suponhamos que exista uma vizinhan ça N de
p contendo apenas um n úmero finito de pontos de E. Sejam gi, . . • Çn )

os pontos de N D E que são distintos de p e

r ~ min d ( p , qm )
l m n

[com esta notação designamos o menor dos números d(p, gO, . . • r


d(p, gn)]. O mínimo de um conjunto finito de n úmeros positivos é
certamente positivo, de modo que r > 0.
A vizinhan ça Nr (p) não contém nenhum ponto g de E satisfa-
zendo g 5^ p, de modo que p não é ponto de acumulação de E Esta .
contradi ção demonstra o teorema.
.
Corolário Um conjunto jinito de pontos não tem ponto de acumu -
lação.
. .
2.23 Exemplos Consideremos os seguintes subconjuntos de R*:
(a) O conjunto de todos os complexos z tais que \ z \ < 1.
( b) O conjunto de todos os complexos z tais que \ z \ < 1.
(c) Um conjunto finito.
( d) O conjunto de todos os inteiros.
(e) O conjunto dos n úmeros l /n (n = 1, 2, 3, . . . ). Observe -
mos que êste conjunto E tem um ponto de acumulação (a saber,
z = 0), mas nenhum ponto de E é ponto de acumulação de E. Cha -
mamos atenção para êste fato: um ponto de acumulação de um con -
junto pode pertencer ou não ao conjunto.
(J ) O conjunto de todos os nú meros complexos (isto é, ií2).
( g ) O intervalo aberto (a, b ).
Observemos que ( d), (e), (g ) podem també m ser considerados
como subconjuntos de RK
Algumas propriedades dêstes conjuntos são tabeladas abaixo:
Fechado Aberto Perjeito Limitado
(a) Não Sim Não Sim
íb) Sim Não Sim Sim
ESPAÇOS MÉTRICOS 35

(c) Sim Não Não Sim


( d) Sim Não Não Não
(e ) Não Não Não Sim
cf ) Sim Sim Sim Não
(?) Não Não Sim
Em (<7) deixamos a segunda coluna em braUco. 0 motivo é
que 0 intervalo aberto (a, b ) não é um subconjunto aberto de R 2 ,
mas é um subconjunto aberto de R1 .
2.24. Teorema. Seja { Ea } umd coleção ( finita ou infinita) de
conjuntos Ea . Então

(20) ( ua Eay = na ( Eca ) .


Demonstração: Sejam A e B respectivamente o primeiro e o
segundo membros de (20) . Se x £ A , então x (£ U Eae , consequen -
a
temente , x (£ Ea , qualquer que seja a , isto é, Ea para todo a ,
de modo que « G íl Eca . Logo A C. B .

Reclprocamente , se x £ B, então Ea para todo a , donde


x Ea qualquer que seja a ; consequentemente x U Ea, de modo
a
que x £ ( U
a
Ea )e . Logo B QA .

Segue-se que A = B .
2.25. Teorema. Um conjunto é aberto se , e sòmente se , seu com-
plemento ê fechado .
Demonstração: Suponhamos inicialmente E° fechado. Seja
x (~ E . Então x Ec e x não é ponto de acumulação de Ec. Por-
tanto existe uma vizinhançà N de x tal que Ee C\ N ê vazia, isto é,
N C E . Logo x é ponto interior de E e E é aberto.
Suponhamos, a seguir, E aberto. Seja x um ponto de acumu-
lação de E° . Logo tôda vizinhança de x contém um ponto de Ec,
de modo que x não é ponto interior de E. Como E é aberto, isto
significa que x £ íc. Conclui-se, pois, que Ec é fechado.
Corolário. Um conjunto F é fechado se , e sòmente se , seu comple-
mento é aberto .
2.26. Teorema , (a) Qualquer que seja a coleção {C?a} de con-
juntos abertos , ( J Ga é aberta.
a
(6) Qualquer que seja a coleção { Fa } de conjuntos fechados , O Fa
a
é fechada .
36 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

(c) Qualquer que seja a coleção jinita Gly . . . , Gn de conjuntos


n
abertoSj Pi G* é aberta.
i =1
( d ) Qualquer que seja a coleção jinita Fly .. . , Fn de conjuntos
n
jechados, Fi é jechada.
* ~í
Demonstração: Seja G = \J G Se x £ Gy então x £ Ga para
a
.
algum a Como x é ponto interior de Gay x é também ponto inte -
rior de G e G é aberto, o que prova (a).
Pelo Teor. 2.24,

(21 ) ( na Fay = ua ( Fca ),


e Fa é aberto, pelo Teor. 2.25. Portanto de (a) resulta ser (21) aber-
to, de modo que P Fa é fechada.
a

A seguir, seja H = » P1 Gt. Para qualquer x £ Ht existem vizi-


nhanças Ni de x , com raios - riy
*

tais que Ni C G» (i = 1, ..., n). Seja


r
— min (rx, ••• , * n)i
*

e N & vizinhança de a: de raio r. Tem-se N C G,- para i = 1, . .., n,


de modo que N C. Hy e H é aberto.
Finalmente, concluímos (d) de (c), pois:

( p f ) = n- (Fd . 1

.
2.27 Exemplo. Nos itens (c) e (d) do teorema precedente, é
essencial a hipótese de serem finitas as cole ções. Realmente, seja
Gn o intervalo aberto (- M) (n = 1, 2, 3, . . .). Gn é um

.
co
subconjunto aberto de R1 Consideremos G = n P= 1G„.
«
Então G con-
siste em um único ponto (a saber, x = 0) e, portanto, não é um sub-
conjunto aberto de R1 .
Assim, a interseção de uma coleção infinita de conjuntos abertos
n ão é necessà riamente aberta. Anàlogamente, a reunião de uma
cole ção infinita de conjuntos fechados não é necessàriamente fechada.
ESPAÇOS M ÉTRICOS 37

.
2.28. Teorema Seja E um conjunto jechado de números reais
limitado superiormente . Seja y o sup. de E. Então y ÇzE.
Compare com os casos vistos no Ex. 1.35.
Demonstração: Suponhamos y £ E . Para cada h > 0, existe um

ponto x £ E tal que y h < x < y , pois, em caso contrário, y h
seria uma cota superior de E. Assim, toda vizinhan ça de y con
—-
tém um ponto x de E e x y , visto que y £ E . Segue-se que y
^
é um ponto de acumulação de E que não é ponto de E, de modo que
E n ão é fechado, o que contraria a hipótese.
.
2.29. Observaçã o Suponhamos E C Y C X , em que X é um
espaço mé trico. Dizer que E é um subconjunto aberto de X signi-
fica que a cada ponto p £ E est á associado um nú mero positivo r
tal que se d( jp , q ) < r e q £ X , então ç £ E. Mas já observamos
(Seç. 2.18) que Y é também um espaço mé trico, de modo que nossas
.
definições podem ser igualmente consideradas em Y Mais expUci -
tamente, diremos que E é aberto relativamente a Y se a cada p £ E
estiver associado um r > 0 tal que ç £ 2? sempre que d( p, q ) < r e
q £ F. O Ex. 2.23 (g ) mostrou que um conjunto pode ser aberto rela-
tivamente a Y sem ser um subconjunto aberto de X . Entretanto,
existe uma relação simples entre êstes conceitos, que a seguir enun -
ciamos.
.
2.30. Teorema Suponhamos Y C X . Um subconjunto E de
Y é aberto relativamente a Y se, e somente se , E = Y Pl G para algum
subconjunto G aberto de X .
Demonstração: Suponhamos E aberto relativamente a Y . Para
cada p £ E , existe um nú mero positivo rp tal que se d( p, q ) < rv
e q £ Y , então q £ E. Seja Vp o conjunto de todos os q £ X tais
que d ( p , q ) < rp e

G = U Vp.
P E

Pelos Teors. 2.21 e 2.26, G é um subconjunto aberto de X .


Como p £ Vp , para todo p £ E , é claro que E C G O Y .
Pela escolha de Vp , temos VP D Y C E para cada p £ E , de
modo que G D Y £ E. Assim E = G O Y e uma parte do teore-
ma está demonstrada.
Reclprocamente, se G é aberto em X e E = G Y , cada p £ E
tem uma vizinhan ça Vp £ G. Portanto Vp C\ Y QE , de modo
que E é aberto relativamente a Y .
3a ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

CONJUNTOS COMPACTOS

2,31 Definição, Chamamos cobertura aberta de um conjunto E


em um espaço métrico X uma cole ção {(?<*} de subconjuntos abertos
de X tais que E C. [ J Ga.

2.32, Definição, Diz-se que um subconjunto K de um espaço


métrico X é compacto se t ôda cobertura aberta de K contém uma
subcobertura finita.
Mais explicitamente, a condi ção é que, sendo {(?<*} uma cober -
tura aberta de K , exista um conjunto finito de índices aí t . . • a„
)

tais que
K C Gai U • U * *

0 conceito de compacidade é de grande importâ ncia em análise,


especialmente em conex ão com o de continuidade (Cap. 4).
Ê claro que todo conjunto finito é compacto. A existência de
uma grande classe de conjuntos infinitos compactos em Rk se con-
clui do Teor. 2.41.
Observamos anteriormente (na Seç. 2.29) que, se E C Y C X ,
E pode ser aberto relativamente a Y sem ser aberto relativamente
a X , A propriedade de ser aberto depende, pois, do espaço em que
E está contido. O mesmo se aplica à propriedade de ser fechado.
A compacidade, entretanto, é de outra natureza, como veremos a
seguir. Para formular o próximo teorema, diremos que K é compacto
relativamente a A se forem preenchidas as condições da Def. 2.32.
2.33, Teorema, Suponhamos K C Y C X . Então K é com -
pacto relativamente a X se, e sòmente se K ê compacto relativamente a Y.
}

Em virtude dêste teorema, podemos, em muitos casos, conside-


rar os conjuntos compactos, isoladamente, como espaços métricos,
sem levar em conta os espaços em que estão contidos. Assim, em-
bora não tenha sentido falar de espaços abertos ou de espaços fecha -
dos (todo espaço métrico X é subconjunto aberto e fechado de si
mesmo), o mesmo não ocorre com espaços métricos compactos.
Demonstração: Suponhamos K compacto relativamente a X e
seja {Va } uma cole ção de conjuntos abertos relativamente a Y tais
.
que K C U Va Pelo Teor. 2.30, existem conjuntos Ga, abertos
cx
relativamente a Xt tais que Va = Y O Ga, para todo a; como K
é compacto relativamente a X , temos
(22) Í C G f l l U . . . U Gan
para algum conjunto finito de índices ah . . • i <*» . Como K C F, de
(22) resulta

(23) K C Vai U . . . U
o que demonstra que K é compacto relativamente a Y .
Reclprocamente, suponhamos K compacto relativamente a Y ;
seja {(?<*} uma cole ção de subconjuntos abertos de X , cobertura de
K, e 7« = 7 O Ga. Logo a conclusão (23) será válida para al-
gum conjunto de índices ai, . .., arn e, como Va dGa, de (23) re -
sulta (22).
O teorema está demonstrado.
2.34. Teorema. Subconjuntos compactos de espaços mé tricos são
fechados.
Demonstração: Seja K um subconjunto compacto de um espa-
ço métrico X . Vamos demonstrar que o complemento de K é um
subconjunto aberto de X.
Suponhamos Se g G Í, sejam Vq e Wq vizi-
nhanças de p e q , respectivamente, de raios menores do que\ d( pj q ).
[ ver Def . 2.20(a)J. Como K é compacto, existe um conjunto finito
de pontos q{ . . qn em K tais que
}

K CWqx U . . . U Wqn = TF.

Se V = Fffl O . . . Pl Vqny então V é uma vizinhança de p sem pon-


tos comuns com TF. Portanto V C Kc, de modo que p é ponto in-
terior de Kc. O teorema está demonstrado.
2.35. Teorema. Subconjuntos fechados de conjuntos compactos
são compactos.
Demonstração: Suponhamos F C K C X , sendo F fechado (re-
lativamente a X ) e K compacto. Seja {F«} uma cobertura aberta
de F. Acrescentando Fc a {Fa} , obtemos uma cobertura aberta,
Í2, de K . Como K é compacto, existe uma subcoleção de Í2, finita ,
que é cobertura de Kt e portanto de F . Se F° é um elemento de
excluindo-o de $ teremos ainda uma cobertura aberta de F . Mos-
tramos, assim, que uma subcoleção finita de {Va } é cobertura de F .
Corolário. Se F é fechado e K é compacto, ent
âo F H X é com-
pacta .
Demonstração: Os Teors. 2.26(6) e 2.34 mostram que F O K é
fechada; como F O K C X, o Teor. 2.35 mostra que F D K é com-
pacta.
40 ELEMENTOS DA TEORIA pos CONJUNTOS .
CAP 2

. .
2.36 Teorema Se {Ka} ê uma coleção de subconjuntos com-
pactos de um espaço métrico X tal que tôda subcoleção jiniía de { Ka }
tem interseção não vazia, então H Ka não é vazia.
Demonstração : Fixemos um elemento Ki de { Ka} e seja Ga =
= Ka. Suponhamos que nenhum ponto de K\ pertença a todo Ka.
Os conjuntos Ga formam, pois, uma cobertura aberta de Kx ; e, como
K { é compacto, existe um conjunto finito de índices ax , tais
que Ki C Gax U U Gan. Mas isto significa que o conjunto
--
Ki o Kai o « • n Kan
é vazio, o que contraria a hipótese.
Corolário. Se {2Cn} é uma sucessão de conjuntos campados não
vazios, tais que Kn D Kn+1 ( n
.
— 1, 2, 3,
a>
. ), então D Kn não ê vazia.
í
2.37 Teorema . Se E é um subconjunto injinito de um con
junto campado K, então E tem um ponto de acumulação em K .
-
Demonstração: Se nenhum ponto de K f ôsse ponto de acumu -
lação de E , cada q £ K teria uma vizinhança Vq que conteria no
máximo um ponto de E (a saber, q, se q £ E). É claro que nenhuma
subcoleção finita de {FJ pode ser cobertura de E ; o mesmo se aplica
ao conjunto K , pois E C. K . Esta conclusão contraria a hipótese
de compacidade de K .
.
2.38 Teorema. Se {Jn} ê uma sucessão de intervalos em Rl ,
9
a>
tais que In D In (n = 1, 2, 3, . . .), então Oí /« não é vazia.
Demonstração: Se In = [a*, bn ] , seja E o conjunto de todos os
On. Então E não é vazio e é limitado superiormente (por ò i). Seja
x o sup. de E. Se m e n são inteiros positivos, temos

a„ bm,
de modo que x < bm
^ i 7j
^
+ frm
^ +n

para cada m. Como é óbvio que a , -


* < x ve
mos que x G Im para m - 1, 2, 3, .. . .
.
2.39 Teorema. Seja k um inteiro positivo. Se {/„} é uma
-
sucessão de k paralelepí pedos tais que In D In+X ( n = 1, 2, 3, ...), en
00
-
tão O In tião é vazia.
Demonstração: Consideremos o conjunto In de todos os pontos
x = (zi, . . xk ) tais que

< j < k ; n = 1, 2, 3, ..
UnJ
^x ^
3 (1
CONJUNTOS COMPACTOS 41

e seja 7*, y - [an, y, bnj ] , Para cada j , a sucessão {7ny} satisfaz as


hipóteses do Teor. 2.38. Existem, portanto, n ú meros reais xy (1 <
< j < k ) tais que
<*»> / <A
“ bn, j (1 < i < fc; n = 1, 2, 3, .. . ).
Se x* = (xí, • • •, xj), vemos que x* £ 7n para n = 1, 2, 3, ... .
O teorema está demonstrado.
2.40. Teorema. Todo k - paraleleplpedo é compacto.
Demonstração: Seja 7 um fc-paralelepípedo constituído dos pon -
tos x = (xi, .. xfc) tais que ay < xy < bj (1 < j < k ). Seja

5= { £ <bj - <h)V -
1

Logo |x y| < ô , se x G I , y G I.
Admitamos, para obter uma contradi ção, a existência de uma
cobertura aberta {(?<*} de 7 que não contenha nenhuma subcobertura
finita de L Seja çy = (ay + òy)/2. Os intervalos [% q ] e [çy, bj ]
determinam 2fc fc-paralelepípedos Qt. cuja reunião é 7. Pelo menos
*

um dêstes conjuntos que designaremos por Iu n ão possui cober -


tura que seja subcoleção finita de {<?<*} (porque se todos possuíssem,
também 7 possuiria).
Subdividindo 7i e continuando o processo, obtemos uma suces-
são {7n}, com as seguintes propriedades:
(a) 7 D 70 70 70
(b) nenhuma subcoleção finita de {Ga} é cobertura de 7n;
(c) se x £ 7n e y E 7„, ent ão |x y| < 2~nô. —
Por (a) e pelo Teor. 2.39, existe um ponto x* que pertence a
todos os 7n. Para algum a , x* £ Ga. Como Ga é aberto, existe

r > 0 tal que se |y x*| < r, então y £ Ga. Se n é tão grande
que 2” n ô < r (existe um tal n porque, em caso contrário, 2 n < Ô/r
para todos os inteiros positivos n o que é absurdo), então de (c) re-
}

sulta 7n C Ga, o que contradiz (6).


A demonstração está feita.
A equivalência entre (a) e (ò) no teorema seguinte é conhecida
como Teorema de Heine-Borel.
2.41. Teorema. Se um conjunto E em Rk tem uma das três
seguintes propriedades, então êle tem também as outras duas:
( a ) E é jechado e limitado.
42 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

(b) E é compacto.
(c) Todo subconjunto injinito de E tem um ponto de acumula-
ção em E .
Demonstração: Se (a) se verifica, então E C / para algum ft-pa-
ralelepípedo /, e (ò) resulta dos Teors. 2.40 e 2.35. O Teor. 2.37
mostra que de (ò) decorre (c). Resta mostrar que de . (c) decorre ( a ) .
Se E não é limitado, E cont ém pontos xn tais que

Xnl > n (n — 1, 2, 3, .. . ).

O conjunto S dos pontos x» é infinito e evidentemente não tem ponto


de acumulação em Rk ; portanto também n ão o tem em E . Assim
de (c) resulta ser E limitado.
Se E não é fechado, existe um ponto xo E Rk que é ponto de
acumulação de E, mas não pertence a E . Para n = 1, 2, 3, i *


existem pontos xn E tais que |xn xo| < l /n. Seja S o conjunto
dêstes pontos xn. S é infinito (senão |x„ xo| seria constante para—
uma infinidade de valôres de n), xo é ponto de acumulação de S ,
e S não possui outro ponto de acumulação em Rk . Realmente , se
y £ Rk , j 5* xo, temos, exceto para um conjunto finito de valôres
de n,
|*n
— y| |Xo y|

> | X0 _ y | _ i >
|
i
Xo|

.
| X0
_ y|

o que mostra que y n ão é ponto de acumulação de S (Teor. 2.22),


Assim S não tem ponto de acumulação em E; E deve, pois, ser
fechado, visto que (c) é válido.
Devemos observar, nesta oportunidade, que (ò) e (c) são equi-
valentes em qualquer espaço métrico (Exerc. 13) mas que, em geral ,
(6) e (c) não resultam de (a). Exemplos são dados pelo Exerc. 9 e
pelo espaço S2, que é discutido no Cap. 10.
. .
2.42 Teorema (Weierstrass) Todo subconjunto de /2*, inji-
nito e limitado tem um ponto de acumulação em Rk .
)

Demonstração: Por ser limitado, o conjunto E em questão é


subconjunto de um fc-paralelepí pedo I C Rk Pelo Teor. 2.40, I é «

compacto e, assim, pelo Teor. 2.37, E tem um ponto de acumulação


em I .
CONJUNTOS PERFEITOS

.
2.43. Teorema Seja P um conjunto perfeito , não vazio, em
Rk . Então P é injinito, não enumerável.
Demonstração: Como P tem pontos de acumulação, P é infi -
nito. Suponhamos P enumerável e designemos os pontos de P por
xi, xsj Xa .. . . A seguir, vamos definir uma sucessão de vizinhan ç as
{ Vn } .
Vi uma vizinhança qualquer de xi. Se Vi é constituída
Seja

de todos os y £ Kfc tais que J y xi [ < r, a correspondente vizinhan
ça fechada V\ é, por definição, o conjunto de todos os j Rk tais que
-

|y xi [ < r. (Como no Teor. 2.21, demonstra-se fàcilmente que o
complemento de V\ é aberto; logo as vizinhanças fechadas são con -
juntos fechados.)
Suponhamos Vn definida de modo que Vn D P não seja vazia.
Como todo ponto de P é ponto de acumulação de P, existe uma vi -
zinhan ça Vn+i tal que (i ) Vn+i C Vn, ( ii ) x„ (£ 7n+1, (iit ) Vn+i D P não
,
é vazia. Por ( iit ) Vn+i satisfaz a hipótese de indução e pode-se
prosseguir.
Seja Kn = Vn O P. Por ser um conjunto fechado e limitado,
Vn é compacto. Como xn (£ Kn+% , nenhum ponto de P pertence a
CD O

O Kn. Como Kn C P, segue-se que O Kn é vazia. Mas cada Kn é


1 i
um conjunto não vazio, por (iit ) , e Kn D h por (i) o que contra-
)

diz o Corolário do Teor 2.36 . .


.
Corolá rio Todo intervalo fechado [ a , 6] ( a < b) ê infinito, não
.
enumerável Em particular, o conjunto de todos os números reais não
é enumerável.
. .
2.44 O Conjunto de Cantor 0 conjunto que vamos agora
definir mostra que existem conjuntos perfeitos em Pl que não con-
têm nenhum intervalo aberto.
Seja E0 o intervalo fechado (0, 1]. Retiremos dêle o intervalo
aberto (i- , f -), e seja Ex a reunião dos intervalos fechados

lo, H [fii]-
Retiremos a terça parte central de cada um dêstes e seja P2 a reu
nião dos intervalos fechados
-
.
íO,H íf fnufnf a
44 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

Prosseguindo, dêste modo obteremos uma sucessão de conjuntos


compactos En, tais que
,
(a) E D E 2 DE 3 D
(b ) En è a reunião de 2n intervalos fechados, cada um dos quais
de comprimento 3~ n.
O conjunto
09

n
P =
n
— 1
En

é chamado conjunto de Cantor. P é, evidentemente, compacto e o


Teor. 2.36 mostra que P n ão é vazio.
Nenhum intervalo aberto da forma

( 3fc + 1 3fc + 2 \
(24)
\ 3 ’ 3" / ’ 1f ^ V)

em que k e m são inteiros positivos, tem ponto em comum com P.


Como todo intervalo aberto (a, f3) contém um intervalo aberto da
forma (24), se

9 CL
3m< /
"

P n ão contém nenhum intervalo aberto .


Para mostrar que P é perfeito, basta mostrar que P n ão con-
tém nenhum ponto isolado. Seja z Ç P e S um intervalo aberto
.
qualquer contendo x Seja In o intervalo fechado de En que con -
tém x. Consideremos n suficientemente grande, de modo que Jn C S.
Seja xn uma extremidade de /„ tal que xn x
^ . .
Conclui-se da própria definição de P que x„ £ P Portanto x é
um ponto de acumulação de P e P é perfeito /
Uma das propriedades mais interessantes do conjunto de Cantor
4 que êle nos dá um exemplo de um conjunto infinito n ão enumerá
vel de medida nula (o conceito de medida será discutido no Cap. 10).
-
CONJUNTOS CONEXOS

. . -
2.45 Definição Diz se que um conjunto E em um espaço
métrico X é conexo se não existem em X dois subconjuntos A , B aber -
tos e disjuntos tais que: A H E e B D E não são vazias e E C A U B.
CONJUNTOS CONEXOS 45

Esta defini ção assemelha-se à de compacidade, porquanto não


depende realmente do espaço X. Em outros têrmos, se substituir-
mos “ conexo” por “ conexo relativamente a X ” no parágrafo prece-
dente, a seguinte afirma ção é verdadeira: E é conexo relativamente
a X se, e somente se, E é conexo relativamente a E .
Tem, pois, sentido falar de espaços conexos (compare com as
observações após o enunciado do Teor. 2.33): Um espaço é conexo
se não é a reunião de dois conjuntos abertos disjuntos n ão vazios.
Uma parte da afirmação acima, em grifo, é quase evidente: Se
E n ão é conexo relativamente a X, então existem conjuntos A e B
com as propriedades enunciadas na definição, e se considerarmos
A O E e B O E vemos que E não é conexo relativamente a E (com -
pare com o Teor. 2.30). A recíproca é uma consequência do resul-
tado seguinte.
. .
2,46 Teorema Seja E C X um espaço métrico, E = G U H ,
em que G e H são conjuntos não vazios, disjuntos, abertos relativamente
.
a E Então existem conjuntos A, B abertos e disjuntos em X, tais que
G= A n E e H = B H E .
Demonstração: Como G é aberto relativamente a E , a cada
p £ G corresponde SP > 0 tal que se g £ 1? e d( p, q ) < 5 P, então ç £ G.
Anàlogamente, a cada g £ ff corresponde 8q > 0 tal que s e p Ç e
d( p , Q ) < òq então p £ ff . Portanto, se p £ C e q £ ff , nenhuma
^
das duas desigualdades é válida, de modo que

<25) d(v , q) T (5P + S4).


Para seja Vv o conjunto de todososx Ç ltais que
2d( p, x ) < Sp e, Wq , o conjunto de todos o s z £ I tais que 2d(q, x ) < 8q.
Se algum Vp tem um ponto x em comum com algum Wq , então

,
d(p q ) < d ( p, x ) + d(q, x) < £ (5P -f St ) ,
em contradição com (25).
Assim, Vp n Wq é sempre vazia e

A « U Vp ,
veG
B
-
qeH
U Wqi

são conjuntos com as propriedades desejadas.


. .
2.47 Teorema Um subconjunto E da reta real Rl é conexo
ee, e sòmente se, E tem a seguinte propriedade: Se x £ Ey y £ E e
x < z < y, então z £ E ,
46 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

Demonstração: Suponhamos que a propriedade não seja válida


para números x , yy z, isto é, que x E E , y E E , x < z < y , mas z {£ E .
Se A é o conjunto de todos os a < z e B é o conjunto de todos os
£ > z, a Definição 2.45 mostra que E n ão é conexo.
Para demonstrar a recíproca, suponhamos que E não seja co-
nexo. Portanto existem pontos x E E , y E E , com x < y, e con-
juntos disjuntos A , B abertos em R1 tais que x E A , y E B r
E C A U B Seja .
S= A n [ x, y ],
e, o sup. de 5.
zf

Como y E -B e B é aberto, temos z < y. Portanto, se tivésse-


-
mos 2 E 4, o fato de A ser aberto mostraria que z não é uma cota
superior de S . Logo z A .
Como x E A e A é aberto, temos x < z. Portanto, se tivésse-
mos z E By o fato de 5 ser aberto mostraria que z n ão é a menor cota
superior de S Logo z ǣ B . .
Como E C. A [ J Bs segue-se que z (£ E o que completa a de- }

monstração.
Corolário. Um conjunto E em Rl é conexo se, e somente se, R
é um dos seguintes conjuntos (em que a e b são números reais , a < b) ::

(
— 00 , 6), ( — oo , 6], (a, co ), [ a, ),
®
“O . .
(a, 6), [a, 6), (a, 6], [a, b ] .

O enquadramento de E em um dêsses tipos depende somente


de seu sup. (inf .) ser um n ú mero finito ou ser + oo ( oo ) e de per-
tencer ou não a E. (A notação é explicada na Def. 2.19)
— .
Não existe uma caracterização simples, an áloga, para os con -
juntos conexos do plano.

EXERCÍCIOS

1. Determine um conjunto limitado de números reais com exatamente -


três pontos de acumulação.
2. Determine um conjunto compacto de números reais cujos pontos de -
acumulação formem um conjunto enumerável.
Seja E' o conjunto dos pontos de acumulação de um conjunto E Prove .
que E' é fechado.
Seja E = E \J E\ em que E* é o conjunto definido no exercício ante-
^
rior; isto é, para obter E acrescentamos a E todos os seus pontos de acumulação.
.
E é chamado aderência de E Prove que E é sempre fechado e que ~E C F , se -
E C F e F é fechado .
EXERCÍCIOS

5. As raízes de qualquer equação


aoxn + aix*-1 + ..• + <bi-1* + 071 = 0,
em que ao > . • •» an são inteiros, são chamadas n úmeros algébricos. Prove que o
conjunto dos números algébricos é enumerável. Sugestão: Para cada inteiro
positivo N existe apenas um número finito de equações tais que

» + |oo| + |o i| + .. . + |on| — AT.

.6 Dê exemplo de uma cobertura aberta do intervalo aberto (0, 1) que


não admita subcobertura finita.
.7 Mostre que o Teor. 2.36 e seu Gorolário se tornam falsos (em Rl por ,
exemplo) se a palavra “ compacto” f ôr substituída por “ fechado” ou por “ limi -
tado” .
.8 Existe algum espaço métrico infinito que não tenha subconjuntos com -
pactos infinitos ?
.
9 Se X é o espaço de todos os números racionais com d(p, q ) = \ p q\
e se E é o conjunto de todos os racionais p tais que 2 < p1 < 3, mostre que E
é fechado e limitado, mas não é compacto.

.
10 Um espaço métrico é chamado separável se contém um subconjunto
enumerável denso. Mostre que Rk é separável. Sugestão: Considere o con
junto dos pontos cujas coordenadas são racionais.
-
. -
11 Diz se que uma coleção {1 } de subconjuntos abertos de X é uma base
^
de X se a seguinte afirmação é verdadeira: Dados í Ç l e um conjunto aberto
.
G C X tal que i Ç G, temos i Ç 7a C (?, para algum a Em outras palavras,
todo conjunto aberto em X é a reunião de uma subcoleção de { Fa} .
Prove que todo espaço métrico separável tem uma base enumerável. Suges
tão: Considere tôdas as vizinhanças de raios racionais e centros em pontos de
-
um subconjunto enumerável denso de X .
.
12 Seja X um espaço métrico em que todo subconjunto infinito tem um ponto
.
de acumulação. Prove que X é separável Sugestão: Fixe 8 > 0 e x\ £ X Es . -
,
colhidos x\, . .., Xj G X considere £ X , se possível, de modo que d(xi, zy+1) >
.
> 8 para i = 1, ..., j. Mostre que êste processo tem que terminar após um
n ú mero finito de etapas, e que, portanto, X admite uma cobertura constituída
.
de um nú mero finito de vizinhanças de raios 8 Faça ò = l/n (n = 1, 2, 3, ... ) e
considere os centros das vizinhanças correspondentes.
.
13 Seja X um espaço métrico em que todo subconjunto infinito tem um
.
ponto de acumulação. Prove que X é compacto Sugestão: Pelos Exercs. 11 e
-
12, X tem uma base enumerável. Segue se que tôda cobertura aberta de X tem
uma subcobertura enumerável {(?„}, n * 1, 2, 3, . . ..
Se nenhuma subcoleção
,
finita de {(?*} é cobertura de X então o complemento Fn de Gi U .... U U» não
é vazio, qualquer que seja n, mas O Fn é vazia. Se E é um conjunto que con
tém um ponto de cada Fn, considere um ponto de acumulação de E para obter
-
uma contradição.
.
14 Prove que todo conjunto fechado em um espaço métrico separável é
a reunião de um conjunto perfeito ( possivelmente vazio) e de um conjunto que
.
é no máximo enumerável ( Corolário: Todo conjunto fechado enumerável em
Rk tem pontos isolados).
48 ELEMENTOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS CAP. 2

15. Prove que todo conjunto aberto em Rl é a reunião de uma coleção no


máximo enumerável de intervalos abertos disjuntos. Sugestão: Use o Exerc. 10.
.
16 Imite a demonstração do Teor. 2.43 para obter o seguinte resultado:
ro
Se Rk = Uí Fnt em que cada Fn é um subconjunto fechado de Rk , então pelo
menos um Fn tem interior não vazio.
Afirmação equivalente: Se Gn é um subconjunto aberto e denso de Rk , para
co

n *s 1, 2, 3, então H Gn não é vazia (de fato, é densa em Rk )


1
.
.
(Êste é um caso especial do Teorema de Baire ; ver Exerc 17, Gap. 3, para o
caso geral.)
Sucessões e Séries Num é ricas
Capí tulo 3

Como o título indica, êste capítulo tratar á, especialmente, de


sucessões e séries de n úmeros complexos. Os fatos básicos sôbre
convergência podem ser, entretanto, explicados com igual facilidade,
adotando-se um ponto de vista mais geral. Por isso, nas três pri-
meiras seções, ocupar-nos-emos de sucessões em espaços euclidianos
ou mesmo em espaços métricos.

SUCESSÕES CONVERGENTES

-
3*1. Definição. Diz se que uma sucessão {p„} em um espaço
métrico X converge se existe um ponto nppi seguinte pro-
,
priedade; Para cada e > 0 existe um inteiro N tal

que se n > JV,
então d( pni p ) < (Aqui d representa a distâ ncia em X .)
Neste caso dizemos também que {pn} converge para p, ou que
-
p é o limite de {p„} [ver Teor. 3.2(6)], e escrevemos p„ > p ou

n

lim pn
®
= p.
Se a sucessão {pn} não converge, diz-se que ela diverge.
É conveniente salientar que nossa definição de “ sucessão con-
vergente” depende n ão apenas de {p„} mas também de X ; por exem -
plo, a sucessão {l /n} converge em Rl (para 0), mas n ão converge
no conjunto de todos os n úmeros reais positivos [com d( x, y )
~ \x — j/|). Em casos de possível ambiguidade, podemos ser mais

precisos e especificar “ convergente em X ” em vez de “ convergente ” .
Recordamos que a totalidade dos pontos p„(n = 1, 2, 3, ...) é
o conjunto de volfres de {p„}. O conjunto de valôres de uma su ões -
50 SUCESSÕ ES E SÉRIES NUMÉRICAS CAP. 3

são pode ser finito ou infinito. Diz-se que a sucessão {pn} é limi -
tada se o seu conjunto de valores é limitado.
Como exemplos, consideremos as seguintes sucessões de n ú me -
ros complexos (isto é, X R 2):—
(a) Se s„ = 1l?i , ent ão

infinito e a sucessão é limitada.


n

lim sn = 0; o conjunto de valôres é

(ò) Se $n = n 2, a sucessão {sn} é ilimitada, divergente e seu


conjunto de valôres é infinito.


(c) Se sn = 1 + [( 1)n/n], a sucessão {sn} converge para 1, é
limitada e seu conjunto de val ôres é infinito.
( d) Se sn = in a sucessão { sn} é divergente, limitada, e seu
}

conjunto de valôres é finito.


(e) Se sn = 1 ( n = 1, 2, 3, .. .), então { sn} converge para 1,
é limitada e seu conjunto de valô res é finito.
Enunciamos a seguir algumas propriedade importantes de su
^ -
cessões conveigentes em espaços métricos.

co X
3.2 Teorema. Seja {pn} uma sucessão em um espaço métri
.
-
(a) {pn} converge para p £ X sef e somente se , cada vizinhança
de p contém todos os {pn}, com exceção, apenas, de yzn^ mmers)- jinilo
d&J êzrQos .
^
(6) Se p Ç I, p' Ç I e {pn} converge para p e p', então
p' = p.
(c) Se {pn} converge, então {pn} é limitada.
(d) Se E C X e se p é um ponto de acumulação de E, existe uma
sucessão {pn} em E tal que p = lim pn.
n
— ®

Demonstração: (a) Suponhamos que pn p e seja V uma


. vizinhança de p. Existe > 0 tal que se d(p, q) < e e q £ X , ent ão
q £ V . Para êste e podemos determinar um N tal que se n > N ,
então d(pn, p) < e. Assim, para n > Ny temos pn £ V. *

Reciprocamente, suponhamos que cada vizinhança de p conte-


nha todos os pn, com exceção, apenas, de um n ú mero finito. Dado
> 0, seja V o conjunto de todos os q £ X tais que d(p, q) < e.
Por hipótese, existe um N (correspondente a êste V ) tal que pn £ F
se .
jy ^ Portanto, d(pn, p) < e, se n > N ; logo pn > p. —
(6) Dado > 0, existem inteiros N , N ' tais que
d ( j)n , p) < se n > N,

d ( j)n, v' ) < se n > N\


2’
Portanto, se n > máx. ( N , N' ), temos
< d(p, pn) + d(p„, p') < .
d(p, p7)
Como e é arbitrário, concluímos que d(p, p ) = 0. 7

n
(c) Suponhamos que pn > p
> Ny d ( pny p) < 1. Seja
— . Existe um inteiro N tal que se

= máx. {1, d( ph p), . -


r d(pN , p)}.
/

Logo d(pn, p) < r para 7i = 1, 2, 3, .. . .


( d) Para cada inteiro positivo n, existe um ponto pn G E tal
que d( pnt p) < 1/n. Dado > 0, tomemos AT tal que Ne > 1 Se .
n > Ny segue-se que d(pn, p) < . Portanto, pn p.
O teorema está demonstrado.
Para sucessões em Rk podemos estudar a relação entre conver -
gência, de um lado, e operações algébricas, de outro. Considere -
mos, inicialmente, sucessões de números complexos .
.
3.3 Teorema . Se {$„}, {tn } são sucessões complexas, e lim
sn = Sy lim
n —„+ <„ = +
OD
tn ty então:
(а )
n
— csn — ,
lim (s
oo
) s t]
= c + s,
(б)
número c;

lim
n > «o
— cs lim (c + O
n «
qualquer que seja o

(c) lim
n > <B
sntn = st ;
(d)
— n
lim
CO
— =— ,
Sn S
desde que sn
^ 0 (p, = 1, 2, 3, . . .) e s 0.

Demonstra ção: (o) Dado e > 0, existem inteiros N\, N 2 tais que

|s» - s| < y>. se n > N u

\ t n - t \ < f , se n > N 2 »

Se N = má x. ( Ni , N í ), temos, para n > N :


I (Sn + Q (5 + 01 \ 8n s\ + |tn 11 < , — — —
52 SUCESSÕ ES E SÉ RIES NUMÉRICAS CAP. 3

o que prova (a). A demonstração de (ò) é muito simples, (c) Con -


sideremos a identidade
(D
Dado
—, st =
Sntn ( s„
> 0 existem inteiros à I e N 3 tais que
— tn —s) (
7
l ) + S ( tn
— 0 + <(«n — s).

——
|s„ s \ < V I , se n > Ni ,
\ t„ l \ < ^ / , Be n > Ni.
Tomemos N = máx. ( N 1 N 2); se n > N , }

de modo que
I («» s) (f„ 01 <; «, — —

lim (s„
tl *»
— s) (í„ — 0 = 0.
Aplicando (a) e (6) a (1), concluímos que

n
lim (s„ín
—* <o
—a í) « 0.

segue-se que
(d) Escolhendo m de modo que |s„
— — s\ <
1
z |s| se n > m,

Dado 6 > 0, existe


-\ I* I >
um inteiro N
!«i
> m tal
(n > m) .

que, se n > N ,

Portanto, se n > N ,
— \ k «I <

í J_ _ I —
s[
1*n1 r k - s l < •
«
a ln
« »|
3,4, Teorema, (a) Suponhamos xn G iífc ( n = 1, 2, 3, ...)
(^1 ) ••“ i «)*

Então {x„} converge para x = (ai a ) se, e sòmente se ,


9 •
*
<2) lim
n
— «
aj> n = ar, (1 j k ).

,
(6) Suponhamos que {xn}, {yn} sejam sucessões em Rk que {J3n }
seja uma sucessão de números reais e que xn > x, y„ > y, /3n > /3.
Então
— — —
lim (x « + y„)
n
— »
= x + y, lim a> .
x* • yn = x • y, lim /3„x„ = 0x.
SUBSUCESSÕES 53

Demonstração: Se x«
Wi.n
——> x,

Ctj |
as desigualdades
< |x„ — x|,
que decorrem f àcilmente da definição de norma em Rk mostram que ,
(2) se verifica.
Reclprocamente, se (2) se verifica, . então a cada e > 0 corres -
ponde um inteiro N tal que, para n > N ,
&$•« — <* \ <
i J
(1 < j < k ).
Portanto, se n > N ,

— - —.
k
( x„ x| = {i£i !<*;.« ctj \* } H < ,

de modo que xn > x, o que prova (a)
O item (6) resulta de (a) e do Teor. 3.3 .
SUBSUCESSÕES

3.5. Definição. Dada uma sucessão {p„}, consideremos uma


sucessão { nk } de inteiros positivos, tais que nx < n2 < n3 < • • •
Diz-se que a sucessão {pnj é uma subsucessão de {pfl}.
É claro que {p } converge para p se, e sòmente 6e, tôda subsu
^ para p Deixamos ao leitor os pormeno-
cessão de {pn} converge .
-
res da demonstração.
.
3.6 Teorema. T ôda sucessão limitada em Rk possui uma sub
sucessão convergente.
-
Demonstração: Seja E o conjunto de valôres de uma sucessão
limitada {xn} em RK Se E é finito, existe pelo menos um ponto
de E, digamos x, e uma sucessão {n*}, com nx < n* < nz <
tais que
Xni X«2
—xnJ —•

É evidente que a subsucessão { , assim obtida, converge.


x.

Se E é infinito, ent ão E tem um ponto de acumula ção x £ Rk


(Teor. 2.42). Consideremos nx tal que |xnt
.
7ii, . . ,
x| < 1. Escolhidos
vemos pelo Teor. 2.22, que existe um inteiro n* > n> i
,
— -
tal que j x
^
verge para x.
— x| < l/i. A subsucessão {xn }> assim obtida, con
* -
3.7. Teorema . Os limites das subsucessões convergentes de uma
sucessão {p„} em um espaço métrico X constituem um conjunto jecha -
do em X .
54 SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS CAP. 3

Demonstração: Seja E o conjunto de valôres de {pn} e E* o


conjunto dos limites de tôdas as subsucessões convergentes de {p«}.
Seja q um ponto de acumula ção de E*. Para provar que q G E* ,
basta, pelo Teor. 3.2(d), demonstrar que q é ponto de acumulação
de E.
Dado > 0, como q é ponto de acumulação de E* existe um }

ponto p G E* tal que


0 < d( p, q ) < ~
Como p G E *, temos
dtp , Pn) < ,
dtp q )
para algum pn . Portanto pn q e
0 < d( pn, q ) < d( pn, p ) + d( p , q) < .
Como pn G E , segue-se que q é ponto de acumulação de E e o teore-
ma está demonstrado.

SUCESSÕES DE CAUCHY

-
3.8. Definição. Diz se que uma sucessão {pn} em um espaço
métrico X é uma sucessão de Cauchy quando a cada e > 0 corres -
ponde um inteiro N tal que d ( pn, p»») < e, se n > N e m > N .
Em nosso estudo das sucessões de Cauchy, bem como em ou -
tras situa ções que se apresentarão mais adiante, será ú til o conceito
geométrico seguinte.
3.9. Definição. Seja E um subconjunto de um espaço mé -
trico X e S o conjunto de todos os n úmeros reais da forma d( p , q ),
com p G E e q G Em O sup. de E é chamado diâmetro de E.
Se {p„} é uma sucessão em X e se EN é constituído dos pontos
PN PNUI PN+ 2, . . é claro, pelas duas defini ções anteriores, que {p„}
,
é uma sucessão de Cauchy se, e sòmenle se ,
.
N

lim diâm. EN = 0

3.10 Teorema, (a) Se E\ ê a aderência de um conjunto E em


um espaço métrico X , então
diâm. E = diâm. E.
( b ) Se Kn é uma sucessão de conjuntos compactos em X tais que
Kn D iTn+ i (n = 1, 2, 3, . . . ) e se
lim diâm. Kn = 0,
n—
* CD
SUCESSÕES DE CAUCHY 55

então n Kn consiste em um único ponto .

Demonstração: (a) Como E C E, é claro que


diâm. E < diâm. E.
Fixemos e > 0 e tomemos p (E Er q Ç JSL Pela definição de Ey
existem pontos p', qf em E tais que d(p, p') < e, d ( q çf ) < * . Por- }

tanto
d ( p , ql d( p p' ) + d( p' , qf ) + d(p', q )
}

< 2 e + d( pf , çf ) < 2e + diâm. E .


Segue-se que
diâm. E < 2e + diâm. E ,
e , como é arbitrário , o item (a ) está demonstrado.
(6) Seja K = O /£«. Pelo Teor. 2,36, JC não é vazio. Se K
contém mais de um ponto, então diâm. K > 0. Mas, para cada n,
Kn D Kt de modo que diâm. Kn > diâm. K . Chegamos a uma con-
tradição pois, por hipótese, diâm.!£« -+ 0.
3.11. Teorema, (a) T ôda sucessão convergente em um espaço
métrico X é uma sucessão de Cauchy.
(6) T ôda sucessão de Cauchy em Rk ê convergente.
Observação: A diferença entre a definição de convergência e a
definição de sucessão de Cauchy é que o limite aparece explicitamente
na primeira, mas não na segunda. Assim sendo, o Teor. 3.11(6) nos
permite verificar se uma dada sucessão converge ou não, sem conhe-
cer o limite para o qual ela pode convergir.
O fato (contido no Teor. 3.11) de que uma sucessão conveige
em Rk se , e sòmente se, é sucessão de Cauchy é geralmente conhecido
como crité rio de convergê ncia de Cauchy.

n

Demonstração: (a) Se lim pn = p, dado c > 0, existe um
co

inteiro N tal que d{ pni p ) < E/2, se n > N . Portanto, se n > N e


m > Ny temos
d(pn, Pm) < d(pn, p) + d(p, pm) < *,
de modo que {p„} é uma sucessão de Cauchy.
(6) Suponhamos { xn} uma sucessão de Cauchy em Rk . Seja
EN O conjunto dos pontos xN , XN+ L X N+2. • . . e EN a aderência de EN
( N = 1 , 2, 3, . . . ). Decorre da Def . 3.9 e do Teor. 3.10(a) que
(3) lim diâm. EN — 0.
n
— »
56 SUCESSÕES E SÉRIES NUM ÉRICAS CAP. 3

Os conjuntos EN são limitados. Êles são, também, fechados. (Êste


fato resulta do Exerc. 4, Cap . 2. Damos, a seguir, uma rápida de-
monstração: Se '
EN , então x (£ EN e x não é ponto de acumula-
ção de EN ] portanto alguma vizinhança V de x não tem ponto em
comum com EN ] como V é aberto , nenhum ponto de V pertence a
EN ] conclui-se, pois, que o complemento de EN é aberto.) Portanto
cada EN é compacto (Teor. 2.41) . Como END EN+ I , segue-se que
EN D EN + I - Pelo Teor. 3.10(6) existe um único ponto que
pertence a cada EN .
Dado e > 0, por (3) existe um inteiro N 0 tal que diam. EN <
se N > No . Como x £ EN , segue-se que |y x| < , para todo

y £ EN e, portanto, para todo y £ EN . Em outros têrmos, se v > No,

então | x« xj < . Mas isto significa, precisamente, que x„ > x, —
o que completa a demonstração .
3.12. Definição. Diz-se que um espaço métrico X no qual
tôda sucessão de Cauchy converge é completo. O Teor. 3.11(6) pode,
pois, ser enunciado nos seguintes têrmos: Rk é itm espaço métrico com-
pleto . Um exemplo de um espaço métrico que não é completo é o
espaço de todos os números racionais, com d ( x , y ) = \ x y|. —
O Teor. 3.2(c) e o exemplo (d) da Def . 3.1 mostram que as su-
cessões convergentes são limitadas, mas que as sucessões limitadas
em Rk não são necessàriamente convergentes. Existe, entretanto,
um caso importante em que sucessão convergente e sucessão limitada
são conceitos equivalentes; isto acontece quando a sucessão é monó-
tona em R 1 .
3.13. Definição. Diz-se que uma sucessão { sn } de números
reais é
(а) monótona crescente se sn < sn+i (n = 1, 2, 3, . . . );
(б) monótona decrescente se sn > sn+1 ( n = 1, 2, 3, . . . ) .
A classe das sucessões monótonas é constituída das sucessões
crescentes e decrescentes.
3.14. Teorema. Seja {$„} uma sucessão monótona. Então {s«}
converge se , e sòmente se , é limitada.
Demonstração: Admitamos que sn < sn+i (a demonstração é aná-
loga no outro caso). Seja E o conjunto de valôres de {sn}. Supo-
nhamos { sn } limitada; seja s o supremo de E. Logo

(71 = 1, 2, 3, . . . ).
LIMITE SUPERIOR E LIMITE INFERIOR 57

Para cada e > 0, existe um inteiro N tal que


s
— e < s# < s,
pois, em caso contrário, s
—seria uma cota superior de E. Como
{$„} é crescente, temos, para n > N ,
s

o que prova que { sn } converge (para s ).
e< sn < s,

A reciproca resulta do Teor. 3.2(c).

LIMITE SUPERIOR E LIMITE INFERIOR

3.15, Definição. Seja {sn} uma sucessão de números reais


com a seguinte propriedade: A cada número real M corresponde
um inteiro N tal que sn > M, se n > N. Escrevemos então
«» -* + ® .
Anàlogamente, se a cada número real M corresponde um inteiro N
tal que sn < M , quando n > N , escrevemos

— . 00

Deve-se observar que, daqui por diante, faremos uso do sím-


— .
bolo (introduzido na Def 3.1) com alguns tipos de sucessões diver-
gentes, bem como com sucessões convergentes; entretanto n ão fo
ram, em absoluto, modificadas as definições de convergência e limi-
-
te dadas na Def . 3.1.
3.16. Definição. Seja {$n} uma sucessão de números reais .
-

Designemos por E a totalidade dos números x (do conjunto dos n ú
meros reais ampliado) tais que snjt » x para uma subsucessão { snk }.
Êste conjunto E contém todos os limites de subsucessões convergen -
tes e, ainda, possivelmente, + » e
.
Sejam (ver Defs 1.34 e 1.40)
<» .

s* = sup. de E ,
s* = inf. de E.
Os n úmeros s* e s* são chamados, respectivamente, limite superior
e limite inferior de {sn}; adotamos a notação

— . sn
lim sup
n — s* , lim inf.
»
— «8
sn ~ s*.
58 SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS CAP. 3

.
3.17 Teorema * Seja {sn} uma sucessão de números reais.
Consideremos E e s* com os seus signijicados da DeJ . 3.16. Então s*
tem as duas propriedades seguintes:
( a) s* e E.
(fe) Se x > s* existe um inteiro N tal que $n < x, quando n > N .
j

Al ém dissoj s* é o único número com as propriedades (a) e (6).


Ê claro que um resultado análogo é válido para s*.
Demonstração: Se s* = + oo , então E não é limitado superior -
mente; portanto {sn} não é limitada superiormente e existe uma sub-
sucessão {s„t} tal que snk * + a> . —
Se s* é real, então E é limitado superiormente e {$„} possui
pelo menos uma subsucessão convergente, de modo que (a) resulta
dos Teors. 3.7 e 2.28.

— Se s* —— <® , então E contém um único elemento, a saber,


« , e {sn} não possui nenhuma subsucessão convergente. Por-
tanto, qualquer que seja o número real M , sn > M para, no máximo,
um n úmero finito de valores de n, de modo que sn
A demonstração de ( a ) está completa.
00 .
——
Para provar (6), suponhamos que exista um número x > s* tal
que s„ > x para uma infinidade de valôres de n. Neste caso, existe
um n úmero y £ E tal que y > x > s* , em contradição com a defi -
nição de s*.
Assim, $* satisfaz (a) e (6).
Para demonstrar a unicidade, suponhamos que existam dois nú -
meros p e q satisfazendo (a) e (6); suponhamos p < q. Considere-
}

mos x tal que p < x < q. Como p satisfaz (6), temos sn < x para
n > N . Mas então, q não pode satisfazer (a).
.
3.18 Exemplos, (a) Seja {sn} uma sucessão que contém to-
dos os n úmeros racionais. Todo n úmero real é, pois, limite de uma
subsucessão de {sn} e

(6) Seja
n
—sn = .—
lim sup s„ =

( •
+ «o ,
l)n [1 + (l/n)
—lim inf. sn =
n >

]. Temos
00 .


lim sup. $n
n <B
— 1,
— n >
« —
lim inf . sn = 1.

de n meros reais, lim sn


(c)Se { sn } é uma sucessão
sòmente se,
ú

n >•
= s se e
7

= 5.

lim sup. sn = lim inf . sn
n >«

n >w
ALGUMAS SUCESSÕ ES ESPECIAIS 59

Terminamos esta se ção com um teorema que é útil e cuja de-


monstração é bastante simples:
3,19 . Teorema , Se s« < tn para n > N , em que N é um nú-
mero jixo, então
lim inf . sn < lim inf . tn,
n
— oo

n * co

. tn.
lim sup. sn
n
— »
< lim sup
»
n
— <

ALGUMAS SUCESSÕES ESPECIAIS

Vamos agora calcular os limites de algumas sucessões que são


encontradas frequente mente. As demonstra ções serão tôdas basea -
das na seguinte observação: Se 0 < Xn < sn para n > V, em que
N é um número fixo, e se > 0, então zn > 0:

.
3,20 Teorema , (a)
> 0, nlim»
_Se p > 0, nlim nv
y / p = 1.
— <*>
= 0.
(6) Se p

(c )
w

lim / n = I.
y

na

(d) Se p
(«)
> 0 e a é real, então nlim> co
Se |*| < 1, lim xn = 0.
n «
— — (i + vY =
0.

Demonstração: (o) Tomar n > (I/e)1^.


(6) Se p > 1,
volvimento do bin ómio, resulta
seja xn = Vp — 1 . Ent ão xn > 0 e, do desen -
1 + nxn < (1 + xn)n = p, '

de modo que
0 < *» < ^ —n 1

Portanto xn > 0. Se p = 1, (ó) é evidente; e se 0 < p < 1, faz se
a demonstração considerando o inverso de p.
-
mento do binómio resulta

(c) Seja xn = y/ n 1. Portanto xn > 0, e do desenvolvi -
n = (1 + xn)n >
n (n 1) —
2
Portanto
0 < Xn < ip
1 n -1
(n 2).
60 SUCESS Õ ES E S ÉRIES NUMÉ RICAS CAP. 3

( d) Seja k um inteiro tal que k > a, k > 0. Para n > 2kf


(1 + V ) n > © Vk =
n( n — 1) . . . (n k + 1)
fc!
— pk >

Portanto
na2 kk\
< (i
0 7T < na k (n > 2k ).
+ v) pk
Como a
(e)
— k < 0, na~k 0, por (a).
Fazer a —0 em ( d).

SÉRIES

No restante dêste capítulo, todas as sucessões e séries conside -


radas terão valôres complexos, a menos que se afirme expllcitamente
o contrário .
Serão mencionadas no Exerc. 15 possíveis extensões a séries
com têrmos em Rk de alguns dos teoremas que se seguem .
.
3.21 Definição . Dada uma sucessão {c }, adotamos a no
^ -
tação
ff
£ an (p < q)
n
- p

para designar a soma ap + Op+ i + • •. + dq. A {an} associamos a


sucessão {$„}> em que

Sn
^-
fc 1
Afc*

Para {sn} adotamos também a expressão simbólica


CLi + + fla + • • #

ou, mais concisamente,


00

(4)
n“ 1

Dizemos que o sí mbolo (4) é uma série infinita, ou mais simples -


mente, uma série. Os têrmos sn são chamados somas parciais da
sé rie. Se { sn } conveige para s, dizemos que a série converge e es -
crevemos


£ O» = S.
n 1
ALGUMAS SUCESSÕ ES ESPECIAIS 61

O n ú mero s é chamado soma da série; mas deve ficar bem claro que
s è o limite de uma sucessão de somas e que n ão é obtido simplesmente
por adição.
Se { sn } diverge, diz-se que a série diverge.
Algumas vezes, por conveniência de notação, consideraremos
sé ries da forma

<5) n
— 0

Frequentemente, quando não houver ambiguidade, ou quando a dis-


tin ção entre os dois casos não f ôr importante, escreveremos, apenas,
2a„ em vez de (4) ou (5).
É claro aue todo teorema sôbre sucessões pode ser formulado
em têrmos de séries (fazendo ax = Si e dn = sn sn~ i para n > 1)
e vice-versa. Entretanto é útil considerarmos ambos os conceitos.

.
O critério de Cauchy (Teor 3.11) pode ser enunciado do seguin -
te modo:
3.22. Teorema. 2an converge se, e sòmente se, para cada >0
existe um inteiro N tal que

(6) Iè
=
fc
ak | < e
n

quando m > n > N


« .
Em particular, fazendo m
|a»|
—< n, resulta de (6):
(n > N ).
Em outros têrmos:
3.23. Teorema. Se 2a„ converge, então lim an
n — » — 0.
A condição <zn 0 não é, entretanto, suficiente para garantir a
.
convergência de 2a„ Por exemplo, a série
«

È-
n 1
-n
diverge; ver o Teor. 3.28 para a demonstração desta afirma ção.

O Teor. 3.14, sôbre sucessões monótonas, tem também um cor -


respondente para séries.
3.24. Teorema. Uma série de têrmos não negativos1 converge se ,
e sòmente se , a sucessão de suas somas parciais é limitada .
1 A expressão “ não negativo” refere-se 6empre a nú mero reaL
62 SUCESSÕ ES E SÉRIES NUMÉ RICAS -
CAP. 3

Consideremos a seguir, um teste de convergência de outro tipor


o chamado “ teste de comparação” .
3.25« Teorema, (a) Se |an| < Cn para n > N 0 , em que N0 ê
« m inteiro Jixo, e se Scft converge, cnião 2an converge.
(ò) Sc a„ > dn > 0, para n > No, 6 se 2dn diverge, então 2an
diverge.
Note-se que (6) se aplica apenas a séries de tê rmos an n ão nega *

tivos.
Demonstração: Dado > 0, existe N > No tal que se m > n >
> N , então


«n

fc
2n Cfc < e,
pelo critério de Cauchy. Portanto

donde concluímos (a).


— — —
I X)n ak | < In ! <ii| < kÊ ^ < í,
fc

(6) resulta de (a), pois se 2an é convergente, também o é 2da,


n

-
[note se que (6) também decorre do Teor. 3.24].
O teste de comparação é muito ú til; para aplicá-lo conveniente-
mente, precisamos familiarizar-nos com algumas sé ries de têrmos
não negativos cuja convergência ou divergência , seja conhecida.

SÉRIES DE TÊRMOS NÃO NEGATIVOS

A mais simples de tôdas é, talvez, a sé rie geométrica.


. .
3.26 Teorema Se 0 < x < 1, então

i-o *• = T —1
» 1 X

Se x > 1, a série diverge.


Demonstração: Se x 1,


1 x"+ l

Fazendo
«n = 2 xk =
Jfc
-0 1 z
, segue-se o resultado. Para x = 1, obtemos


1 + 1 + 1 + .• » •

que evidentemente diverge.


SÉ RIES DE T Ê RMOS NAO NEGATIVOS 63

Em muitos casos que ocorrem nas aplicações, os têrmos das


sé ries decrescem mon òtonamente. Portanto, é de especial interêsse
o Teorema de Cauchy que se segue. O traço marcante do teorema
é que uma subsucessão bastante “ pequena” de { an } determina a
convergência ou divergência de 2an ,
3.27* Teorema . Suponhamos aj > a2 > a8 > .. . > 0. Então


(O

a série £ °n converge se
n 1
} e somente se, a série
co

X! 2 tca2 k = 0 4 2a2 4 ia* 4 808 + .. .


(7 )
converge.
-
fc 0
i * * *

Demonstração : Pelo Teor. 3.24 basta verificar se as somas par -


ciais são limitadas. Sejam w-
s« = Oi 4 4 •. 4“ flnj
02 -

” *

ai 4 2a* 4- ... 4- 2fca2k.


V
4 *

O c, '
Z
Para n < 2 fc,
J '

4- 0*2 4 0s) 4“ . .. 4 (<*2* + .. . . 4-


s» < 0i " "

< 0i 4~ 2a* -f- • • 4 2 ka2k = t/c, « *


r\
de modo que l <sJ \
(8)
A
A ''
>
Por outro lado, se n > 2k ,
í«
^ 4 *

$n 01 4 02 4 (03 4" 04)


* *
4 . . . 4- (fl2*-4 4 ... 4- 02 fc)
"
i "

.. . 4 2^02* = § 4
^
de modo que
2 0 i 4 02 4 2d 4 4“
* * “
?

(9) *
2sn > 4.
Por (8) e (9), as sucessões são ambas limitadas ou ambas ilimi -
tadas, o que demonstra 0 teorema.

.
3.28 Teorema . X) T
1
nv converge se p > 1 e diverge se p < 1.
Demonstração: Se p < 0, a divergência resulta do Teor. 3.23.
Se p > 0, o Teor. 3.27 se aplica e somos levados a considerar a série
m
_
= fc£0 2( 1 p)fc.
-
fc 0 2*7
-
Sendo 2 l~p < 1 se, e sòmente se, 1 p < 0, a conclusão resulta de
comparação com a série geométrica (faça x = 2 l p no Teor. 3.26).
— “

Como mais uma aplicação do Teor. 3.27, demonstramos:


64 SUCESSÕ ES E SÉRIES NUMÉRICAS CAP. 3

3.29* Teorema* Se p > 1,

(10) E —n(logn
-
n
- 2) p

converge; se p < 1, a série diverge.


Observação: “ log n” designa o logaritmo de n na base e (ver
Exerc. 9, Cap. 1); o n ú mero e será definido a seguir ( ver Def . 3.30).
O primeiro têrmo da sé rie acima corresponde a n = 2, visto que
log 1 = 0.
Demonstração: Como a função logarítmica (que será vista! com
mais detalhe no Cap. 8) é monótona, segue-se que {logn} é crescente.
Portanto Íl- M
n log n )
é decrescente e podemos aplicar o Teor. 3.27
a (10); somos assim levados a considerar a sé rie

E 2«= . i
Y klog i i y JL
(11)
k
-. l 2fc(log 2 kY
e o Teor 3.29 decorre do Teor. 3.28.
= fc .i ( 2) p =
(log 2)p /cp ’

Êste processo pode evidentemente ser continuado. Por exemplo,

1
(12) E
n «3 n log n log log n
diverge, enquanto
1
(13) E3 n log n(log
n - log n) *
converge.
Observemos que os têrmos da série (12) diferem muito pouco
dos de (13). No entanto, uma diverge e a outra converge. Se con -
tinuarmos com o processo pelo qual obtivemos, a partir do Teor. 3.28,
o Teor. 3.29 e, em seguida, (12) e (13), resultarão pares de séries,
uma convergente, outra divergente, cujos tê rmos diferem ainda me-
nos do que os de (12) e (13). Podemos, assim, ser levados à conjec-
,
tura de que existe uma espécie de situação limite, uma “ fronteira J
com tôdas as séries convergentes de um lado e tôdas as séries diver-
gentes de outro

pelo menos para as séries cujos coeficientes cons-
tituem sucessões monótonas. Esta noção de “ fronteira” é, certa-
mente, bem vaga. Desejamos salientar que, qualquer que seja a
definição que a tome precisa, a conjectura é falsa. Os Exercs. 11(6)
e 12(6) podem servir de ilustrações.
SÉ RIES DE T Ê RMOS N ÁO NEGATIVOS 65

Não nos deteremos mais profundamente neste aspecto da teoria


da convergência; indicamos ao leitor o livro de Knopp “ Theory and
Application of Infinite Series” , Cap. IX, e, especialmente, o § 41.

O N ÚMERO e

n
.
3*30 Definição, e

> 1 e 0! = 1.
= n 0 —
ê- »! , em que n\ = 1 • 2 • 3 . • n se

Como
$71
- 1+1+
TJT + 1
1 2 3
ri
- - * • •• +
1
1 • 2 ••• n
<
_
< i +i+Y+
^ ^ - + --- + -
a série converge e a definição tem sentido. Com efeito, a série con
verge muito ràpidamente e nos permite calcular c com grande pre-
cisão.
1 < 3,
-
É interessante observar que e pode também ser definido por
meio de um outro limite; a demonstração fornece uma boa ilustração
do cálculo de limites:

3.31. Teorema, lim


n
— »
(\ 1 + —)=.
Tl /
e

Demonstração: Sejam

-—
n
= fcE0 kl
^ ’ $«
i
tn = (> +!) •

Desenvolvendo o bin ómio, vem:

tn = 1 + 1 + —21! + — +
H n!r
1
1
— —
n
n
\
1
/

Portanto tn < sn de modo que


)

. tn < e,
(14)

pelo Teor. 3.19. Se n


lim sup
n

> m, temos
— ®

+ •••
+ à O - xí -í 1
m
~ —^
irr
1
QO SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉ RICAS CAP 3 .

Fazendo n oo , mantendo m fixo, obtemos

lim inf.
n
— oo
tn, > 1 + 1 + “
2!
T + •• •
+ —
1
m\r
de modo que
lim inf. £».

Fazendo m oo
sm
, obtemos, finalmente,
n
— «

e < lim inf. t n


(15)

O teorema é consequência de (14) e (15).


n
— oo
»

A rapidez com que a série X) ~~n1\r converge, pode ser avaliada


do seguinte modo: para s» com o significado acima, temos

e — sn = (n +1 1)! 1
(n + 2)! 1
1
(n + 3)l + •••

<
1
( n + 1)! { 1+
1
n+1
1
(» + l ) 2
••«
} 1
n\n
de modo que
1
(16) 0 <e — sn < nln
Assim, Sjo, por exemplo, é uma aproximação de e, com êrro inferior a
IO” 7. A desigualdade (16) tem também interêsse teórico, pois nos
permite provar a irracionalidade de e de um modo muito simples:
.
3.32 Teorema, e ê irracional .
Demonstração: Suponhamos que e seja racional. Então e = p/q,
em que p e q são inteiros positivos. Por (16),

(17) 0 < ç! ( e — st ) C .
^
Por hipótese q\e é inteiro. Como

q\sq

é inteiro, vemos que q\ ( e


= g! Í l + 1 + -2!

— sq ) é inteiro.
^
Sendo q > 1, de (17) resulta que existe um inteiro entre 0 e 1 .
chegamos, assim, a uma contradição.
TESTES DA RAIZ E DA RAZÃO

3.33. Teorema (Teste da Raiz) . Dada a sé rie Za„, seja


a = lim sup. v I fln|• Então,
— n «

( ) se a < 1, 2an converge


а ;
(б) se a > 1 , 2an diverge;
(c) se a = 1 , o teste nada 'permite concluir.
Demonstração : Se a < 1, podemos escolher /3, de modo que
(X < )3 < 1 , e ií inteiro tal que

V | an| <
/3
para n > N [pelo Teor. 3.17 (6)]. Isto é, se n > Ny
l <*n| < j3\
Como 0 < /3 < 1 , 2/3n converge. A convergência de 2an resulta do
teste de comparação.
Se a > 1, então , novamente pelo Teor. 3.17, existe uma sucessão
{nfc} tal que
y/ lanj > or. —
Portanto |a„| > 1 para uma infinidade de valôres de n, de modo
que a condição On — 0, necessária para a convergência de 2a,,, não
se verifica. (Teor. 3.23.)
Para provar (c), consideremos as séries

£7 £ 7
Para cada uma destas séries, a = 1, mas a primeira diverge e a se-
gunda converge.
3.34. Teorema (Teste da Razão). A série 2a„

( а ) converge se lim sup.


n -* » On
< i;

(б) diverge se °Qn^1 > 1 para n > no, em çue no é um inteire


- n
jixo ;
(c) &
g
lim inf . < 1 < lim sup. — ->
n — 00 n 4® flfi
o teste nada permite concluir .
68 SUCESSÕES E SÉ RIES NUMÉRICAS CAP. 3

Demonstração: Se a condição (a) é verificada, podemos deter-


minar /3 < 1 e um inteiro JV tais que
Un+l
an < 0
para n > N . Em particular,
|UJV+I| < j3|av|,
|a^r+ 21 < /3|ov+ i| < 02|ajvl
IUAT+PI < 0p|av|.
Isto é,
On \ < M /3 * /3* "
'

,
para n > N e (a) resulta do teste de comparação, visto que 2/3*
conveige .
Se \ On+i \ > |on| para n > n0l é f ácil ver que a condição «« > 0
não se verifica, o que demonstra (6) . —
Para demonstrar (c), consideremos novamente as séries

Para cada uma delas, temos



12 n , 2 71l 2 -
Gn+1
n

mas a primeira diverge e a segunda converge.



lim
« an =
1,

.
3.35 Exemplos, (a) Consideremos a série

±2 + 23 + ± ± ± 1
22 + 32 + 23 + 3*
"" í
1
04 —
C\ A 1
« « •)

para a qual

n

lim inf.
«>
un+i
an — «
lim
60
0

lim inf.\/ an
n
— oo — n
lim
00
1
\/3

— . - / an = lim—
1
lim sup \ “
fí > a> n w V2 ’
lim . un = lim
sup +1
= 4- .
O teste da

n * «o

raiz indica ê
On
;
conveig
n > CD

ncia o teste da razão nada nos per


00

-
mite concluir.
TESTES DA RAIZ E DA RAZAO 69

(ò) 0 mesmo se aplica à sé rie

J_ _L _L '

T + 1 + Í + T + 32 + 16 + 128 + ~
64 +
•••

em que
ttft + i 1
lim inf .
n

lim sup.
— * OD an
Gn + l
=
8

mas
n > «*
— dn
2

lim Van = ~

.
3,36 Observações* O teste da razão é frequentemente mais
f ácil de aplicar do que o teste da raiz, pois em geral é mais f ácil cal -
cular quocientes do que raízes enésimas. Entretanto o teste da
raiz tem maior alcance. Mais precisamente: sempre que o teste da
razão concluir por convergência, também o fará o teste da raiz; sem
pre que o teste da razão f ôr inconcludente, também o será o da raiz
-.
Esta é uma consequência do Teor. 3.37 e é ilustrada pelos exemplos
citados.
Nenhum dos dois testes é sutil em relação a divergência. Ambos
deduzem divergência do fato de a* não tender a zero quando n > a>
.
3.37 Teorema* Para qualquer sucessão {c*} de números posi
— -
.
tivos,
Cn+l
lim inf . yjcn,
Ti

lim inf .
> 00 cn < n — ®

lim sup. y/ Cn < lim sup.

Demonstração: Demonstraremos a segunda desigualdade; a de


n
— ®
Cn+ 2
Cn

monstração da primeira é análoga. Seja


0,1+1
a = lim sup.
n »

Se a = + co , nada temos a demonstrar. Se a é finito, conside


— a» Cn

-
remos /3 > a. Existe um inteiro N tal que

— -< &
Cn
para n > N . Em particular, para qualquer p > 0,
Ctf +fc+1 < @cN+k (k = 0, 1, • • • > V — .
1)
70 SUCESSÕ ES E SÉRIES NUMÉRICAS .
CÀP 3

Multiplicando estas desigualdades, obtemos


CN+P (PCN ,
ou
*

C „< cNp-N • /3" (n N ).


Portanto,
\/ cn < y / cirfF* • 0,
de modo que
(18) lim sup.' s/cn < /3,
n
co

pelo Teor. 3.20(6). Como (18) se verifica qualquer que seja /3 > a,
temos
lim sup. y/ cn < a.
n
— «o

SÉRIES DE POTÊNCIAS

.
3.38 Definição . Dada uma sucessão { cn } de nú meros com -
plexos, a série


at

(19)
« 0

é chamada série de potências. Os números Cn são chamados coefici -


entes da série; z é um número complexo.
De modo geral, a série pode convergir ou divergir, dependendo
da escolha de z. Mais especlficamente, a cada série de potências
corresponde um círculo, o cí rculo de convergência, tal que (19) con -
verge se z pertence ao interior do círculo e diverge se z pertence ao
exterior (para abranger todos os casos, temos que considerar o plano
como o interior de um círculo de raio infinito e um ponto como um
.
círculo de raio nulo) O comportamento na circunferência do cír-
culo de convergência é muito mais variado e não pode ser descrito
t ão simplesmente.
.
3.39 Teorema . Dada a série de potências ScnZ” , sejam

a lim sup. y/ 1 cn|,


=| n
— «»
R=
a— 1

•(Se a = 0, R = + oo ; se a = + oo , R = 0.) Então 2c„2n converge


ise |z| < R e diverge se \ z \ > R .
SOMAS PARCIAIS 71

Demonstração: Aplique-se o teste da raiz, com an = c„?n:


lim sup.\/ \ an \ = \ z \ lim sup. y/ |c„| = w
n > «»— n «> R —
Nota: R é chamado raio de convergência de 2c„zn.
3.40, Exemplos, (a) 2nnzn : R = 0.
zn
Y ] —ni (neste caso o teste da razão é mais fácil
(ò) :R = + co
de aplicar do que o teste da raiz).
(c) 2zn : R = 1. Se \ z \ = 1, a série diverge, pois zn não tende
a zero quando n > co . —
: R = 1. No círculo de convergência, a série diverge
n
no ponto z = l ; converge em todos os outros pontos de |z| = 1.
Esta última afirmativa será demonstrada no Teor. 3.44.
_ n
(e )
2

2L n- : R = 1.
1
À série converge em todos os pontos de

\ z \ = 1, pelo teste de comparação, pois


—zn —
| 1
n21 = n£
se \ z \ = 1.

SOMAS PARCIAIS

.
3.41 Teorema . Dadas duas sucessões {an} e { bn) , seja

An = k t- 0
ak ,
se n > 0, e A-x = 0. Se 0 < p < q, temos

(20)
g

n“ p
anbn ~
0

n
—- 1

p
A n( fin
^ n+l) “ 1 AçÒg
“ .4 p— í
^.
p

Demonstração:

n =» p »
- — ^-
SP C^n n l) &n

e a última expressão à direita é òbviamente igual ao segundo membro



n
S
- p

n p 1 — Anbn+1 J

de (20).
A Fórm. (20), “ f órmula de adição por partes” , é útil na inves -
tigação de séries da forma 2anbn, especialmente quando { bn } é mo -
n ótona. Daremos, a seguir, algumas aplicações.
.72 SUCESSÕES E S É RIES NUM É RICAS CAP. 3

.
3.42 Teorema . Suponhamos que
'( a ) as somas parciais

tada;
An de 2an constituam uma sucessão limi -
(6) 6o > bi > bi > ... ;
(c) lim 6n = . 0

n > <»

Ent o Xanbn converge.


ã
Demonstração: Consideremos M tal que \ An \ < M para todo n.
Dado e > 0, existe um inteiro A tal que 6# < (e/2M). Para
N < p < q> temos

|
- ®7»6n | *

— I X- ) An(6„ 6^+ ) j *" {~ 4 6ç


i .g Ap- jÒp j

n P » P
ff 1
< ar InEp (ôn - 6n+,) + 65 + 6Pl
=
«

= 2M6P < 2M6* < .


A convergência resulta agora do critério de Cauchy. Observemos
que a primeira das desigualdades acima depende do fato de ser

fert 6n+l 0.
.^
3.43 Teorema - Suponhamos que .
( а ) |ci| > |c21 > Ica|

—^
(б) Cjjrt i 0, C 2m 0
(c) lim Cn = 0.
( m = 1, 2 , 3,
^ . . .);
n— -
Ent o Xcn
ã
oa

converge .
As sé ries que satisfazem a condição (6) são chamadas “ séries
alternadas” ; êste teorema era conhecido por Leibnitz .
Demonstração: Aplicar o Teor. 3.42, com On = ( l)n+1, 6n = |cn|.
. .
3.44 Teorema Suponhamos que o raio de convergência de

2Cn seja 1, que co ci > c ^ > .. . e que lim cn = 0. Então 2CnZn
^
converge em todos os pontos de |z| =
n
— «»

1, com a possí vel exceção de z — 1.


Demonstração: Sejam On = zn, 6n = c*. As hipóteses do Teor.
3.42 são satisfeitas, pois

\ An\ = I mZ0 d
-
* - — —
zm 1
1
+l

Z
<
|1
2
— *|
86 |z [ = 1, Z 5* ^ 1.
ADI ÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE SÉRIES 73

CONVERG ÊNCIA ABSOLUTA

Diz-se que a aé rie 2a„ é absolutamente convergente quando a série


2|an| é convergente.
.
3*45 Teorema* Se 2a* ê absolutamente convergente, então 2a„
é convergente.
Demonstração: A afirmativa resulta da desigualdade


I k£n afc| < £» |a*|,
juntamente com o critério de Cauchy.
3.46. Observações. Para uma série de
k

têrmos positivos, con -


vergência e convergência absoluta são conceitos equivalentes.
Se 2an converge, mas 2|on| diverge, então a série 2o„, con -
vergente, não é absolutamente convergente. Por exemplo, a 8érie

" n
é convergente, mas não é absolutamente convergente (Teor. 3.43).
O teste de comparação, como o da raiz e o da razão, é, na rea-
lidade, um teste de convergência absoluta e, portanto, não pode dar
informação sôbre sé ries que não são absolutamente convergentes.
0 método de adição por partes pode, às vêzes, ser útil nesses casos .
Em particular, as séries de potências são absolutamente convergen -
tes no interior do círculo de convergência.
Veremos que é possível tratar as séries absolutamente conver -
gentes como se elas f ôssem simples somas de um número finito de
-
têrmos. Podemos multiplicá las t êrmo a têrmo e mudar a ordem
de seus têrmos sem afetar a soma da série. Para séries convergen -
tes, mas não absolutamente convéigentes, isto não é verdade e é pre
ciso muito cuidado quando se trabalha com elas .
-
ADIÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE SÉRIES

=*
. .
3.47 Teorema Se 2an = A, e 2bn = B , então S(a„+ 6«)
A + B e 2can = cAf qualquer que seja o número jixo c . —
Demonstração: Sejam

An = fc ±- ak ,
0
Bn = ±- bk.
h Q
74 SUCESSÕ ES E SÉ RIES NUM É RICAS CAP. 3

Então,
An + Bn = S
=o
k
(afc + & )
* •

Como lim An = A e lim Z?n = 5, vemos que


n > co
— —
n > oo
lim (An + 5n) = 4 + JB.

n >«

A demonstração da segunda afirmativa é ainda mais simples.


Assim , duas séries convergentes podem ser somadas têrmo a
termo e a série resultante converge para a soma das duas. A situação
toma-se mais complicada quando se trata de multiplicação de duas
séries. Para começar, temos que definir produto. Isto pode ser feito
de vários modos; consideraremos o chamado “ produto de Cauchj” .
3.48. Definição. Dadas as séries 2an e 2òn, seja
n
Cn “
km 0
&

kbn Jc (n — 0, 1, 2, . . . ).
Chamamos Sc,» produto das duas séries dadas.
Esta definição pode ser motivada como indicamos a seguir. Con-
sideremos duas séries de potências 2onZn e 2 q u e multiplicamos
têrmo a têrmo; agrupando os têrmos que contêm a mesma potência
de z , obtemos


n 0 -
£ a Z" * 2
“ 0
bnZ" = (dO + OjZ + a Z + ...) (Òo + &lZ + Ò Z* + ...)
TJ
}
2

= dobo -f- (ao6 + a,ibo )z (ao&2 + 0 &i + CLJ O)Z + . . .


i i
2

) 3

Co + CiZ + c2z 2 + . . .

Fazendo z = 1, temos a defini ção acima.


3.49. Exemplo. Se

An =
^-
fc 0
~
fc 0

e An A , Bn -+ B , então não está claro que {Cn} convirja para ABf


- ^
= fc «0

pois não temos Cn = AnBn. 0 modo pelo qual {Cn} depende de


{An} e { Bn } é bastante complicado (1ver a demonstração do Teor.
3.50). Vamos, a seguir, mostrar que o produto de duas séries con-
vergentes pode ser divergente.
A série

n
- 0
(- Dn
Vn + 1 =1 — V_J_2 _ —VL3_ _ Vi
|
ADIÇ AO E MULTIPLICAÇÃO DE SÉRIES 75

é convergente (Teor. 3.43). Efetuando o produto desta série por


ela mesma, obtemos

»
yi c,,
— 0
— 1 ( v 2 + V 2) + ( / 3 + V 2V 2 + Vã)
1
\

fJs +
_1— + J - + -L\ + . . • >
W 4 V 3 \/ 2 V 2 v/ 3 v V
de modo que

Como
Cn — (
fc = 0 \
1
/(n — & + 1) (fc + 1)

(n — + 1) (fe + 1) =
temos

1, , v. _ 2 2
, 2(n + 1)
>
' “

e, portanto , a condição c* >- 0, necessária para a convergência de


i


on + (» + 2) '

Scn, não é satisfeita.


Tendo em vista o próximo teorema, devido a Mertens, convém
observar que as duas séries convergentes cujo produto foi aqui con-
siderado , não são absolutamente convergentes.
3.50. Teorema . Suponhamos

(a) £ a» absolutamente
» 0 “
convergente;

(6)
n
Ean
=
= A;
0
co

(c) E
=0
!> » = B ;
n

(^0 y! Qkhrt-Jc (n = 0, 1, 2, . . . ).
-0 fc
/

Então ,


m

E t n = 4B.
n 0

Isto é, o produto de duas séries converge para 0 valor esperado


se pelo menos uma das duas é absolutamente convergente.
Demonstração: Sejam

= Ea* Bn = tÊ 6fc, —
k
- O
- 0
Cn =
k
- 0
/3„ = 5.
76 SUCESSÕES E SÉRIES NUM ÉRICAS CAP. 3

Então,
Cn = + ( aob + Oiòo) + . .. + ( a0bn + Cll& n- + • + ®n?>o)
flo& o í l * •

= doBn + + • • • + QnBo
=- flo(^ + $n) + 0\, ( B + íf n- ) + . - . + 0 n( B + $o)
*
1 >

= AnB + ao/3n + ai n-i + .. . + Onfio-


Seja
^
yn ~ Oo/3n
+ Cti/3n-l + . . . + o„/?0.
Queremos mostrar que Cn * AB
trar que
— . Como AnB — > AB , basta mos -
(21) lim yn = 0.

Seja
n

«o

« = nS 0K l
[Ê aqui que usamos (a)]. Dado e > 0, por (c), /3n > 0. Podemos,
pois, escolher N tal que |j3„| < e para n > iV. Logo
— *


|7n| < li3oOn + •• » + fiifàn-N| + | PN+l<ln~N-l + * * *
+ o|
< |£oOn + * * *
+ pN &n-N i + *&•
Mantendo N fixo e fazendo n * © , obtemos
lim sup. [ 7„| < ea,

n

o>


visto que ak > 0 quando fc oo . Sendo e arbitrário, (21) está de-
monstrado.
Outra pergunta que se pode fazer é se a série 2c„, quando con-
vergente, converge necessàriamente para AB. Abel mostrou que a
resposta é afirmativa,
. .
3,51 Teorema Se as séries 2o*, 2bny 2cn convergem para
At B , C e se Cn = a06n + • • + anbo, então C = AB. 4

Não fizemos aqui nenhuma hipótese sôbre convergência absoluta


Daremos uma demonstração simples (que depende da continuidade
da série de potências) depois do Teor. 8.2.

REORDENAÇÕES

. .
3.52 Definição Seja {fcn}, n = 1, 2, 3, uma sucessão na
qual cada inteiro positivo aparece uma única vez (isto é, com a no-
REORDENAÇÕES n
tação da Def . 2.4, {£;„} é uma função biunlvoca de J sôbre J ). Di -
zemos que a série 2a*, em que
an = Gkn (n — 1, 2, 3, . ..),
é uma reordena ção de 2a*.
Se { sn} , {« nl são as sucessões de somas parciais de 2a* e 2an9
é f ácil ver que, em geral, estas duas sucessões se compõem de n ú me
ros completamente diferentes. Somos, assim, levados ao problema
-
de determinar em que condições são convergentes tôdas as reordena
ções de uma série convergente e verificar se elas têm necessà riamente
-
a mesma soma.
. .
3.53 Definição Diz-se que 2an é comutativamente conver-
gente se tôdas as suas reordenações convergem (para a mesma soma).
(Comparar com o Teor. 3.57.)
.
3.54 Exemplo. Consideremos a sé rie convergente

1-
(22)
¥+
* •«
2 3 4 5
e uma de suas reordenações

(23) 1+-
' 3 2
— !
5 +' 7
+— ~

4 +
J L !+ • • •
' 9 +' li 6 '
_ __
na qual dois termos positivos são sempre seguidos de um negativo.
Se s é a soma de (22), então

Como
s<1
—i -•
2+3
i i
6

JL_ + 1
-
4fc
— 3 ' 4fc
—<1 2k
>0
para k > 1, vemos que $3 <
soma parcial de (23). Por conseguinte,
SQ < Sg ••• , em que $'n
-
é a n ésima

lim sup.

n > o>
sn > S3 = T’ —
5

de modo que (23) certamente não converge para s [deixamos ao leitor


a verificação de que (23), entretanto, é convergente] .
Êste exemplo serve de ilustração para 0 teorema seguinte, que
é devido a Biemann.
7S SUCESSÕ ES É SÉRIES NUMÉRICAS .
CAP 3

3-55. Teorema . Seja 2an uma série de números reais, conver-


gente , mas não absolutamente convergente e a < dois números dados
{ no conjunto dos números reais ampliado). Existe uma reordenação
2a*, com somas parciais s*, tal que
(24)

Demonstração: Sejam
no

lim inf . sn = a

lim sup.
n
— a>
sn =

Pn~
|gnl
2
+ an |a„|
2
— a„
(n = 1, 2, 3, h
• ••

séries Spn e

Logo p „ qn = an , Pn + ?n = |an| , pn > 0, qn > 0.
devem divergir.
Ambas as

Com efeito, se ambas f ôssem convergentes, a série


Z(Pn + Ç ) = £|a,| n

seria convergente, contràriamente à hipótese. Como


K K N H
2an XI (Pn S Pn nS # >
n » 1
~
n =« >1

divergência de 2pn e convergência de 2qn (ou vice-versa) resultam


<?n) ^

» X
f
— > 1
n

em divergência de 2a„, novamente em contradição com a hipótese.


Sejam Pu P2 , P3> . . . os têrmos não negativos e Qh Q2, Q 3, • • •
os valôres absolutos dos têrmos negativos de 2a„, respectivamen-
te, na sua ordem de ocorrência na série.
As séries 2Pn, 2Qn diferem de 2pn, 2gn sòmente por têrmos
nulos e são, portanto, divergentes.
Vamos definir sucessões {mn } t {fc„} tais que a série
(25) Pl + • • • + Pmi Ql — —
Q i + Pmj+ l + • • • + —
+ Pm2 Qki+ l ' * Qk2 + " 9
*

que é, òbviamente, uma reordenação de 2an, satisfaça (24).
*
— * m

Consideremos sucessões reais {an} , { Pn } tais que a n » a, *& —


<Xn < Pn, Pl > 0.
Sejam mu k\ os menores inteiros tais que
Pi + •* •
+ Pmi > Pv
Pi + Ql ••“ + Pmi —
Qki — — < «ri
sejam m 2, fc2 os menores inteiros tais que
—Ql —
Pl + * * • + Pmi Ql * • ‘ Qfcj + Pmj+i + —Qfci * ** + Pm2 > Pi ,
Pl + •* *
+ Pmx — + Pmx+1 + •• “
H Pm2 Qfcl+1
• • • ~ Qk < < t'r
2 *
e assim por diante . Isto é possí vel, pois 2Pn e 2Qn são divergentes.
Se x „, yn designam as somas parciais de (25) cujos últimos ter-
mos são Pn
^ j —
Qkn, então

xn íf n| 5Í P \ Vn — Ctn i < Qkn -


Como Pn — > 0 e Qn — 0 quando n —> vemos que xn — > /3,
I
Finalmente , é claro que nenhum número menor do que a ou
maior do que /3 pode ser limite de uma subsucessão convergente de
somas parciais de (25). -
3.56. Teorema. Zc è comutativamenle convergente se, e somente
^
se , é absolutamente convergente.
Demonstração : Suponhamos Za„ absolutamente convergente.
Seja Za* uma reordenação de Zon, com somas parciais s'n. Dado
> 0, existe um inteiro N tal que , para m > n > N ,

(26) 12 10.1 < e.


|
f

Consideremos p de modo que os inteiros 1, 2, • • , N estejam m

todos contidos no conjunto fci , /c 2, Jcp (usamos a notação da Def .


0 0 0

3.52) . Se n > p , os números au , aN se cancelarão na diferença


0 0 0

— —
s n «m de modo que |sn sn\ < e, por (26). Portanto { sn }
converge para a mesma soma que {sn} .
A seguir, suponhamos Zon convergente, mas não absolutamente
convergente. Se an = xn + iyn, em que xn e yn são reais, então |a„| <
< \ xn\ + \ yn\ - Como Z |a„| é divergente , ou Z |xn| ou Z | j/n| é
divergente. Assim, ou Zx ou Zz/n é convergente, mas não absolu-
*
tamente convergente. Pelo Teor. 3.55, existe uma reordenação tal
que ou Zxn ou 2 yn é divergente, de modo que Za é divergente .
*
Por conseguinte, Zan não é comutativamente convergente.
O teorema seguinte mostra que na Def . 3.53, a frase entre pa-
rênteses pode ser omitida, sem alterar o sentido da definição .
3.57. Teorema. Se t ôdas as reordenações de Zan são convergen-
tes , então tôdas convergem para a mesma soma .
Demonstração : Ou Za„ é absolutamente convergente e , então,
pelo Teor. 3.56, Zan é comutativamente convergente, ou Zan não é
absolutamente convergente e, então, pelo Teor. 3.55, existe uma reor- •

denação divergente.
80 SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉ RICAS .
CAP 3

EXERCÍCIOS

1. Prove que a convergência de {«*} importa na de { |sn [ } . A recíproca


é verdadeira ?
u 2. Calcule lim ( s / n2 +n— n).

n * a>

3. Se «1 = /
y 2, e

*n+l = V 2 + V
^
{n — 1, 2, 3, - •• )
prove que { $„} converge e que 8n < 2 para n = 1, 2, 3, . . . .
j

4. Determine os limites superior e inferior da sucessão { sn } definida por

«i = 0; -
52m X t

* - = ~2 +
S2TTH1
2
5. Quaisquer que sejam as sucessões reais {a*} e { bn } , temos
lim 6Up. ( ãn + bn ) < lim sup. a* -f Um sup. bn.
» > — a> n

6. Estude a natureza (convergência ou divergência) de 2o„ se
«o —
n > «*»

~
(a) On = y/ n 4- 1 - y/ n\
W «n
_ y/ n -f 1 - yfn .
,
n
(c) On = (V « - O";
<<*) “» = •
— 1 para valôres complexos de z .

7. Prove que a convergência de 2a» importa na de

se On 0.
8. Se Só» converge e se { bn } é monótona e Umitada, então 2onòn converge.
9. Determine o raio de convergência de cada uma das seguintes séries de
potências;

(a) £ n» « ; 2 « Efh
w E 5* « EfU
10. Suponha que os coeficientes da série de potências 2 sejam inteiros onzn
e que existam infinitos coeficientes não nulos. Prove que o raio de convergên -
cia é no máximo 1.
11. Suponha 2<z„ divergente, o„> 0 e seja «n “ ®i + * • + a*.
* Prove
que:

<«) 2 —— diverge;
1 + On
EXERC ÍCIOS Zl

22 Tn diverge
(&) "
8
]

(c) 22 ~T converge.
sn
O que se pode dizer de 22

12 . Suponha 2a* convergente, a* > 0 e seja


On
1 + ruh, ’
V — ^—
1 + n2o„
?

rn =
m
22n »

Prove que:
(o) 22 ~
rn
diverge;

( b) 22 converge.
.
v;.13 Prove que o produto de Cauchy de duas séries absolutamente conver -
gentes é absolutamente convergente.
14 . Dada uma sucessão {«*}, considere a média aritmética

tn = *i
• + sn t
n

— — .
Prove que se «n * s então í* > s Prove que existem sucessões divergentes
{sn} que, dêsse modo, dão origem a sucessões convergentes {í„}
.
.
15 A Def. 3.21 pode ser estendida ao caso em que os a* pertencem.a um
Rk fixo. Convergência absoluta é, por definição, convergência de 2|an|. Mos-
tre que os Teors. 3.22, 3.23, 3.25, 3.33, 3.34, 3.42, 3.45, 3.47, 3.56 e 3.57 são ver -
dadeiros nesta aoepçáo mais geral. (São necessárias sòmente pequenas modifi
cações em qualquer das demonstrações).
-
.
16 Prove a seguinte afirmação análoga ao Teor 3.10(6): Se {En} é uma .
sucessão de conjuntos fechados e limitados em um espaço métrico completo Xy
se D E^ i e se
lim diâ m. En = 0,
CD

então C\ En ê constituída de um único ponto



n * «n

.
17 .Suponha X um espaço métrico completo e {(?*} uma sucessão de sub
as
-
.
conjuntos abertos densos de X Prove o Teorema de Baire, segundo o qual H On
1
não é vazia. (Com efeito, essa interseção é densa em X ) Sugestão: Deter
mine uma sucessão de vizinhanças fechadas Ent nas condições do Exerc. 16, tais
. -
que En C Gn e aplique aquêle exercício
} .
.
18 Sejam { p*} e {çn} sucessões de Cauchy em um espaço métrico X Mos- .
.
tre que a sucessão (d(pn, çn )} converge Sugestão: Quaisquer que sejam m, «,
,
d{Pn qn ) d(pn, Pm) + < (Pmi Çm ) + d( qm qn ); segue se que
* , -
|rf(Pn , 3n ) - á(Pin, Çm) I
é pequeno, se m e n são grandes.
-
19 Seja X um espaço métrico.
-
(o) Diz se que duas sucessões de Cauchy { pn} e {qn} em X são equivaleis
te* se
lim dipn, qn ) = 0.
n — OD

Provò que esta é uma relação de equivalência .


Se P e r, Q e x*, { p*} G P, f a j
-
(&) Seja X* o conjunto de t Ôdas as classes de equivalência assim obtidas
definire
.

p

A ( P, Q) => lim d(pn, g,»);
«

pelo Exerc. 18 este limite existe. Mostre que o nú mero A(P, Q) não ee altera
se {pn} e {çn} forem substituídas por sucessões equivalentes e que, portanto, A
é uma função distância em X *„
(c) Prove que o espaço métrico X * resultante é completo .
( d ) Para cada p Ç l, existe uma sucessão de Cauchy cujos têrmos sáo todos
iguais a p; seja Pp o elemento de X* que contém esta sucessão. Prove que

.

A ( P P«) d( p q ) - ,
para todo p, g G X Em outros têrmos, a aplicação <p definida por <p( p ) = Pp
uma isometria (i.e., uma aplicação que preserva a distância) de X em X* .
(e) Prove que <p( X ) é denso em X* e que ç?(X) *» X# se X ó completo .
Por (d) podemos identificar X e <p( X ) e assim considerar X como contido
.
no espaço métrico completo X* Chamamos X* oompletamento de X .
.
20 Seja X o espaço métrico cujos pontos são os nú meros racionais, com
— .
a métrica d{ x, y ) = |r y| Qual é o oompletamento dêste espaço ? (Compare
com o Exerc. 19).
Continuidade
Capí tulo 4

0 conceito de fun ção e terminologia a êle relacionada foram in -


troduzidos nas Defs. 2.1 e 2.4. Apesar de, em capí tulos subsequen -
tes, nos interessarmos sobretudo por fun ções reais e complexas (i.e.,
funções cujos valôres são n ú meros reais ou complexos) considerare-
mos, também, funções vetoriais (i.e., funções com valôres em Rk )
e funções com valôres em um espaço mé trico arbitrário. Os teo-
remas que serão analisados com esta generalidade não se tomariam
mais fáceis se nos restringíssemos, por exemplo, a funções reais; é
realmente mais simples e claro abandonar hipóteses supérfluas e
enunciar e demonstrar os teoremas em um contexto geral apropriado.
Os domínios de nossas funções serão, também, espaços mé tricos,
convenientemente especificados em diversas oportunidades.

LIMITE DE UMA FUNÇÃO

.
4.1 Definição. Sejam X e Y espaços métricos; suponhamos
, ,
E C X j uma aplicação de E em Y e p, um ponto de acumulação

de E. Escrevemos J ( x ) q quando x > p, ou
(D

lim j( x ) = q
x >p

se existe um ponto g £ K com a seguinte propriedade: A cada >0
corresponde ô > 0 tal que
*> < l *
(2) ,
dy(J ( x ) q ) < I

se x G E e -N

(3). 0< dx( x, p ) < 5 .


84 CONTINUIDADE CAP. 4

Os sí mbolos dx e dy se referem, respeetivamente, às distâncias


em X e F.
Se X ou F (ou ambos) forem substituídos pela reta real, pelo
plano complexo ou por algum espaço euclidiano Rk , as distâ ncias
dx e dy serão, naturalmente substituídas por valôrcs absolutos ou
por normas apropriadas ( ver Seç. 2.18).
-
Deve se observar que, na definição acima, p £ I, mas não é
necessà riamente um ponto de E. Além disso, mesmo que p £ E ,
podemos perfeitamente ter j( p ) lim J ( x )
^ .
Podemos reformular esta definição em têrmos de limites de su -
cessões:
4.2* Teorema. Sejam X , F, E , j, e p como naDej. 4.1. Então

(4) lim j( x) =q
X~~*P

se, e somente se,


(5) lim /(pJ = ?
n-+ «

para qualquer sucessão {p„} em E tal que


(6) Vn ^ p, «
lim p „
— <»
- p.
Demonstração: Suponhamos que (4) se verifique. Tomemos
{pn} em E satisfazendo (6). Dado > 0, existe 5 > 0 tal que
dy( j( x ) q) < e s e :c £ 2? e 0 < dx(x, p ) < ô. Além disso, existe N tal
}

, .
que se n > N , então 0 < dx ( pn p ) < 8 Assim, para n > N te- ,
mos dr (/ (pn), g) < , o que mostra que (5) se verifica.
Reclprocamente, suponhamos (4) falso. Então existe algum
> tal que a cada 8 > 0 corresponde um - ponto
0 (que de-
,
pende de 6), para o qual ( j( x ) q) > e, embora 0 < dx ( x , p ) < 8
dy '
.
Fazendo ôn = l /n (n = 1, 2, 3, . ..), determinamos, assim, uma su-
cessão em E que satisfaz (6), mas para a qual (5) é falso.
Corolário. Se j tem um limite em p , êste limite é único.
Êste corolário é consequência dos Teors. 3.2( b ) e 4.2.
.
4.3 Definição. Sejam J e g duas funções complexas definidas
.
em E Designamos por j + g a função que associa a cada ponto
i d e i o nú mero j( x ) + g{ x ). Anàlogamente, definimos a diferen ça

j g , o produto jg, e o quociente J / g das duas fun ções, ficando suben
tendido que o quociente só é definido nos pontos x de E nos quais
-
FUNÇÕES CONTÍNUAS 85

gix ) 0. Se / associa a cada ponto x de E o mesmo n ú mero c , di-


zemos que / é uma função constante, ou simplesmente, uma cons-
tante, e escrevemos / = c. Se / e g são fun ções reais e se j( x ) > g( x )
qualquer que seja x £ 23, escrevemos, às vêzes, j > p, por simplici-
dade.
Anàlogamente, se f e g são aplicações de E em Rk , definimos
f + g e f g por: *

(í + g) (*) = K») + g(*), (£ • g) (z) = f (x) • g( x ) ;


e , se X é um n úmero real, ( Xf ) ( x ) = \f(x).
.
4.4. Teorema Suponhamos E C X um espaço métrico, p um
ponío de acumulação de E , j e g junções complexas em E e
lim /(x) = lim p(x) =
*->v
Então

r >p

(a) lim (/ + g ) (x)

(ò) lim (Jg ) ( x ) = AB;


= A + B;

(c) lim Cf /p) (x) = A / B, se B 0.


ar »p—
Demonstração: Pelo Teor. 4.3, estas afirmações resultam dire -
tamente das propriedades análogas de sucessões (Teor. 3.3) .
Observação: Se f e g são aplicações de E em Rk , então (a) é ain -
da verdadeiro e, em vez de (6), temos
(&0 lim (f • g) (s) À • B.
X -* p
(Comparar com o Teor. 3.4.)

FUNÇÕES CONTÍNUAS

. .
4.5 Definição Suponhamos X e Y espaços métricos, E Cl,
-
p £ Ey e / uma aplicação de E em y. Diz se que / é contí nua em p
se a cada e > 0 corresponde 5 > 0 tal que

dr(/(x), /(p)) <


quando x £ £ e dx(s, p) < 5.
Se / é contínua em cada ponto de E , diz-se que / é contí nua em E -
Note-se que j tem que ser definida no ponto p para que possa
ser contínua em p. (Compare esta observação com a que se segue
à Def . 4.1 ) .
86 CONTINUIDADE CAP* 4

Se p é um ponto isolado de E , resulta de nossa definição que


toda fun ção j definida em E é contínua em p. Pois dado qualquer
e > 0 podemos escolher 5 > 0 de modo que o ú nico ponto
para o qual dx( x , p ) < 6 seja x = p; logo

dr ( /(*), /(p)) = 0 < 6.


.
4.6 Teorema. Nos tê rmos da De/. 4.5, suponhamos também
que p seja um ponto de acumulação de E. Então j é contí nua cm p
se e somente se, lim j( x ) j( p ).
}
x -yp —
Demonstração: Basta comparar as Defs. 4.1 e 4.5.
Passamos, agora, à composição de fun ções. Em resumo, o teo-
rema seguinte afirma que uma função contínua de uma função con -
tínua é contínua .
. .
4.7 Teorema Suponhamos Xy Y , Z espaços métricos, E C. Xy
j uma aplicação de E em Yy g uma aplicação do conjunto de val&res
de /, ]{ E ) y em Z e seja h a aplicação de E em Z dejinida por
h{ x ) = g( J ( x ) ) ( x 6 E) .
Se j ê contí nua em um ponto p £ E e se g é contí nua no ponto ]{ jp ) , en
tão h ê contí nua em p.
-
Demonstração: Dado e > 0 , como g é cont ínua em / (p), existe
rj > 0 tal que

dz( g ( y ) , g ( J (i> )) ) < e se dY { y , ]( y ) ) < y e y 6 j{ E ).


Como ] é contínua em p , existe 5 > 0 tal que
,
dy { ]{ x ) ]( jp ) ) < T) se dx ( x , p ) < 5 e x £ E.
Segue-se que

dz( h( x ) , h( pj) = dz[g{ ]{ xj) } g{ ]{ j>) ) ) < e

se dx( x , p ) < ò e x £ E. Assim, h é contínua em p.


.
4.8. Teorema Uma aplicação j de um espaço métrico X em
um espaço métrico Y é contí nua em X se e sòmente se o conjunto / 1(F) "

é aberto em Xf qualquer que seja o conjunto V aberto em Y .


(O conceito de imagem inversa foi introduzido na Def. 2.4.)
Esta é uma caracterização muito ú til de continuidade.
Demonstração: Suponhamos j contínua em X é V aberto em Y .
Temos que mostrar que todo ponto de /-1( F) é ponto interior d e j V ) .
^
FUNÇÕES CONT Í NUAS 87

Suponhamos, pois, p G l e /(p) £ V . Como V é aberto, existe e > 0


tal que y £ V se dy (/(p), y) < e e, como / é contínua em p, existe
8 > 0 tal que dy (/(x), /(p)) < se dx( x , p ) < 8 . Assim , x £ /~ I ( 7)
desdê que dx(z, p) < 6.
Reclprocamente, suponhamos o conjunto J ~ l ( V ) aberto em X,
qualquer que seja V aberto em Y . Fixemos p £ X e e > 0; seja F
o conjunto de todos os y £ Y tais que dy ( y, /(p) ) < e. Então V é
aberto, logo ]~ l ( V ) também o é; portanto existe 8 > 0 tal que x £ / * (7)
*

-
se dx ( p , x) < 5. Mas se x £ /~1( t0 > ent ão / (x) £ 7, de modo que
d y ( Kx ) yJ ( p ) ) < * •
O teorema está demonstrado.
Consideremos, a seguir, funções com valores complexos e veto-
riais e funções definidas em subconjuntos de Rk .
.
4.9 Teorema . Sejam j e g junções complexas contí nuas em um
espaço métrico X. Então j + gf jg e jjg são contí nuas em X .
Neste último caso devemos, naturalmente, supor que g ( x ) 0
para todo x £ X.
Demonstração: Em pontos isolados de X nada temos que de-
monstrar. Em pontos de acumulação , a afirmação resulta dos Teors.
4.4 e 4.6.
.
4.10 Teorema, (a) Sejam jXj junções reais em um es -
paço métrico X e seja f a aplicação de X em Rk definida por

(7) f(z) = ( /1(*) , •• JfcOO) (* e x);


então j é contí nua se , e sòmente se, cada uma das junções ju . é con-
tínua.
(ò) Se f e g são aplióações contí nuas de X em Rk , então í + g e
f g são contí nuas em X .
*

As funções jx , são chamadas componentes de f. Note-se


que f + g é uma aplicação em Rk , enquanto f • g é uma função real
em X.
Demonstração: O item (a) resulta das desigualdades

im -m i < m - m i = it i-1
\m -m i } *, 2

para j = 1, . . ., fc. O item (6) resulta de (a) e do Teor. 4.9.


4.11. Exemplos. Se Xj, . . . , x são as coordenadas de um ponto
*
x £ Rk , as funções <f>i definidas por
(8) 0,<x) = Xi (x £ Rk )
88 CONTINUIDADE CAP. 4

são contínuas em Rk, pois a desigualdade

\ <t>i( x ) < 1X — yI

mostra que podemos fazer 8 = e na Def . 4.5. As funções <£, são, •

às vêzes, chamadas junções coordenadas.


Repetidas aplicações do Teor. 4.9 mostram que cada mon ómio

(9) xp xp • • - xp
em que ni, . . nk são inteiros não negativos, é uma fun ção contínua
em Rk . 0 mesmo se pode afirmar do produto de (9) por constante,
pois as constantes são evidentemente contínuas. Segue-se que todo
polin ómio P, dado por

(10) P(x)
— 2Cnj ... rej
^ l1 • • . Xp (x G Rk )

.
é uma fun ção contínua em Rk Os coeficientes Cni nk são números ...
complexos; nlf ... , nk são inteiros n ão negativos e a soma em (10)
tem um número finito de têrmos.
Além disso, toda função racional em xh . .., xk, isto é, quoci -
ente de dois polinómios da forma (10), é contínua em todos os pon-
tos de Rk , em que o denominador é diferente de zero.
Da desigualdade triangular conclui-se fàcilmente que

(li ) IM — | y| I < |x — yi (*, y G Rkl



Portanto a aplicação x > |x| é uma função real contínua em Rk .
Se f é uma aplicação contínua de um espaço métrico X em Rk
e sg <f> ê definida em X por <f>( p ) = |f| (p)|, resulta do Teor. 4.7,
que <f> é uma função real contínua em Rk.
4.12. Observação. Introduzimos a noçã o de continuidade para
funções definidas em um subconjunto E de um espaço métrico X .
Entretanto, o complemento de E em X não tem nenhuma importân -
-
cia nesta definição (note se que a situação era algo diferente para
limites de funções). Consequentemente, nada perdemos de interes-
sante abandonando o complemento do domínio de /. Isto significa
que podemos também falar, apenas, de aplicações contínuas de um
espaço métrico em outro, em vez de aplicações de subconjuntos.
Simplificam-se, assim, enunciados e demonstrações de alguns teo -
remas. Já fizemos uso dêste fato nos Teors. 4.8 a 4.10 e continua-
-
remos a fazê lo nas seções sôbre compacidade e conexidade.
CONTINUIDADE E COMPACIDADE 89

CONTINUIDADE E COMPACIDADE

4.13. Definição. Diz-se que uma aplicação f de um conjunto


E em Rk é limitada se existe um n ú mero real M tal que |f (s) j < M ,
para todo x £ E .
.
4.14. Teorema Seja j uma aplicaçã o contí nua de um espaço
métrico compacto X em um espaço métrico Y . Então j( X ) é compacto.
Demonstração: Seja {Va } uma cobertura aberta de j( X ). Como
j é contínua, o Teor. 4.8 mostra que cada um dos conjuntos / 1(Fa)
_
é aberto. Sendo X compacto, existe um nú mero finito de índices,
digamos ah .. . , an tais que
)

(12) xcr ( vai ) u .. . u j- K V a j .


Como j( j- KE )) = E qualquer que seja E C Y , decorre de (12) que
(13) /W C F o j U ... U Van 1

o que completa a demonstra ção.


~ E )) = E , que é válida para E C Y
Nota: Usamos a relação j( j\ .
Se E C Xj então j\~ ]{ Ej)
D E ; a igualdade não é necessàriamente
verdadeira.
Vamos a seguir deduzir algumas consequências do Teor. 4.14.
.
4.15. Teorema Se f é uma aplicação contí nua de um espaço
m étrico compacto X em Rk , então, í( X ) é jechado e limitado. Portanto f
é limitada.
Êste teorema é consequ ência do Teor. 2.41. 0 fato é parti
cularmente importante quando j é real:
-
. .
4.16 Teorema Suponhamos j uma junção real contí nua em
um espaço métrico compacto X e
(14) M = sup. /(p), m ~ ínf . / (p).
V çX

Então existem pontos tais que j( p ) = M e j( q ) = m .


A notação em (14) significa que M é o supremo em o ínfimo do
conjunto de todos os números /(p), em que pGX
A conclusão também pode ser enunciada do seguinte modo: Exis
tem pontos p e q em X tais que j( q ) < j( x ) < j( p ) para todo x £ X;
-
isto é, j atinge seu máximo (em p ) e seu mínimo (em q ).
Demonstração: Pelo Teor. 4.15, j( X ) é um conjunto fechado e
limitado de nú meros reais; portanto j( X ) contém seu sup., M, e seu
inf ., m. (Teor. 2.28).
vu CONTINUIDADE CAP, 4

.
4.17, Teorema Seja j uma aplicação biuní voca continua de um
espaço mé trico compacto X sobre um espaço mé trico Y . Então a
aplicação inversa j ~ x dejinida em Y por

ru( x ) ) = z {x 6 X)
é uma aplicação cont í nua de Y sôbre X .
Demonstração : Aplicando o Teor. 4.8 a j l em vez de /, vemos
~

que é suficiente demonstrar que /( F) é um conjunto aberto em Y ,


qualquer que seja o conjunto V aberto em X . Suponhamos, então,
dado um conjunto V aberto em X .
O complemento Ve de V é fechado em X, logo compacto (Teor.
2.35) ; consequentemente j ( Vc) é um subconjunto compacto de Y
(Teor. 4.14) e, portanto, fechado em Y (Teor. 2.34). Como j é biu
nívoca e sôbre, j( V ) é o complemento de /( Fc). Segue-se que
-
f(V ) é aberto.
. .
4.18 Definição Seja j uma aplicação de um espaço métrico
X em um espaço métrico Y . Dizemos que j é unijormemente contí -
nua em X se dado e > 0 existe S > 0 tal que

(15)

quaisquer que sejam p e q em X para os quais dx ( p , q ) < S.


Consideremos as diferen ças entre os conceitos de continuidade
e continuidade uniforme. Em primeiro lugar, a continuidade uni-
forme é uma propriedade de uma função em um conjunto, enquanto
a continuidade pode ser definida em um ú nico ponto. Não tem sen -
tido perguntar se uma dada função é uniformemente contínua em
um certo ponto. Em segundo lugar, se / é contínua em X , é possí-
vel determinar, para cada e > 0 e para cada ponto p de X, um n ú -
mero ô > 0 com a propriedade especificada na Def. 4.5. Êste 5
depende de e e de p. Se, entretanto, j é uniformemente contínua
em X , é possí vel, para cada e > 0, determinar um número ô > 0
que serve para todos os pontos p de X .
Evidentemente, tôda fun ção uniformemente contínua é contínua.
A equivalência dos dois conceitos, em conjuntos compactos, decorre
do teorema que se segue.
.
4.19. Teorema Seja j uma aplicação cont í nua de um espaço
mé trico compacto X em um espaço mé trico Y . Ent ã o j é unijormemente
cont í nua em X .
CONTINUIDADE E COMPACIDADE 9\

Demonstração: Dado e > 0, como j é contínua, podemos asso-


ciar a cada ponto p G I, um n úmero positivo <j>{p ) tal que

(16) drU ( p ) , /(?)) < Y se qEX e dx ( p , q ) < <p( j> ) .

Seja J ( p ) o conjunto de todos os q £ X para os quais

(17) dx( p, q ) < £ 0(p).


Como p £ «/ (p), a coleção de todos os conjuntos 7(p) é uma cobertura
aberta de X \ e, como X é compacto, existe um conjunto finito de
pontos p1? . . p„ em X, tais que

(18) X C «/(Pl) U . . . U APn )'


Tomemos
(19) 5= .
y mín [0(pi), . . 0(p n)].
Portanto ô > 0. (Êste é um ponto em que é essencial o fato, ine-
rente à definição de compacidade, da cobertura ser finita O mí- .
nimo de um conjunto finito de n úmeros positivos é positivo, enquan-
to o inf. de um conjunto infinito de n úmeros positivos pode, perfei -
tamente, ser 0.).
Sejam ç ep pontos de X tais que dx( p , q) < 5. Por (18) , existe
um inteiro m, 1 < m < n, tal que p £ J ( pm); logo

(20) dx( p, Pm ) < £ 0(Pm),

e temos, também,

dx (Ç Pm) < dX ( p, q) + dx( p, Pm) <


j Ô + y <£(Pm) 0(Pm).
Finalmente, (16) nos mostra que, portanto,

drU <p ) , m dYU ( p ) J (Pm) ) + dYU (q) , }(Vnò ) < *,


o que completa a demonstração.
Uma outra demonstração dêste teorema é esboçada no Exerc. 19.
Mostraremos, a seguir, que a compacidade é hipótese essencial
nos Teors. 4.14, 4.15, 4.16 e 4.19.
. .
4.20 Teorema Seja E um conjunto não compacto em Rl . En-
tão ,
92 CONTINUIDADE CAP. 4

(a) existe uma junção contínua em E que não é limitada;


( b ) existe uma junção contínua e limitada em E que não tem
máximo;
Se , ademais, E ê limitado, então
(c) existe uma junção contí nua em E que não é unijormemente
contínua.
Demonstração: Suponhamos, inicialmente, que E seja limitado,
de modo que existe um ponto de acumulação xo de E que não é pon-
to de E. Consideremos

(21 ) Kx ) - — X
1
Xo

Esta função é contínua em E (Teor. 4.9), mas evidentemente ili-


mitada. Para mostrar que (21) não é uniformemente contínua,
consideremos e > 0 e 5 > 0 arbitrários e um ponto x £ E tal que

j x xo| < 5. Admitindo t suficientemente próximo de xo, podemos

tornar a diferença \ j( t ) /(x)| maior do que , embora x| < ô. —
Como isto é verdadeiro para cada S > 0, / não é uniformemente
contínua em E.
A função g definida por

1
(22) gfr ) = 1 + (x
— x0)s
( x e E)

é contfnua em E e é limitada, pois 0 < g( x ) < 1. É claro que

sup. g { x ) =1
xçE

enquanto g{ x) < 1 para todo Logo g n ão tem máximo em E.


Tendo demonstrado o teorema para conjuntos E limitados, va-
mos, a seguir, supor E ilimitado. Então a função /(x) = x demons-
tra (a), enquanto
x2
(23) h( x ) = 1 + X2
( x e E)

demonstra (6), pois


.
sup k ( x )
xçE
=1
e h( x ) < 1 para todo x £ E.
CONTINUIDADE E CONEXIDADE 93

A afirmação (c) seria falsa sem a hipótese de E ser limitado.


Com efeito, seja E o conjunto de todos os inteiros. Ent ão, t ôda
fun ção definida em E é uniformemente contínua em E. Para provar
isto, basta tomar ô < 1, na Def . 4.18.
Terminaremos esta se ção mostrando que a compacidade é tam -
bé m essencial ao Teor. 4.17.
4.21. Exemplo. Seja X o intervalo semi-aberto [0,2x) na reta
real e f a aplicação de X sobre a circunferência Y constituída de to -
dos os pontos cuja distância à origem é 1, f definida por
(24) f (0 = (cos t sen
)
f) (0 < t < 2TT).

-
A continuidade das funções trigonométricas co seno e seno, bem
como suas propriedades de periodicidade, serão vistas no Cap. 8.
Admitindo êstes resultados, é f ácil ver que f é uma aplicação biuní vo-
ca contínua de X sobre Y .
Entretanto, a aplicação inversa (que existe, pois f é biunívoca e
sobre) não é contínua no ponto (1, 0) = f (0). Naturalmente, neste
exemplo, X n ão é compacto. (É interessante observar que f 1 não ’

é contínua, embora Y seja compacto!).

CONTINUIDADE E CONEXIDADE

. .
4.22 Teorema Se j é uma aplicação contí nua de um espaço
métrico conexo X em um espaço métrico Yy então j { X ) ê conexo.
Demonstração: Se jÇX ) não é conexo, existem conjuntos dis -
juntos V e W , abertos em Yt tais que ambos têm interseção não va-
_ .
zia com j( X ) e j( X ) C V ( J W Como j é contínua, os conjuntos
/ 1(F) e j~\W ) são abertos em X ; êles são òbviamente disjuntos e
n ão vazios e sua reunião é X . Mas isto significa que X n ão é co
nexo, em contradição com a hipótese.
-
. .
4.23 Teorema Seja j uma junção real contí nua no intervalo
-
[ a, 6], Se j(a) < j( b ) e se c é um número tal que /(o) < c < /(6), en
tão existe um ponto x G (a, 6) para o qual se tem ]{ x ) = c.
É claro que um resultado an álogo é verdadeiro se ]( a) > j( b ).
O teorema, formulado em têrmos menos rigorosos, afirma que uma
fun ção real contínua assume todos os valôres intermediários de um
intervalo.
Demonstração: Pelo Teor. 2.47, [o, ò] é conexo; o Teor. 4.22
mostra que, portanto, /({a, b ] ) é um subconjunto conexo de R 1 e,
.
aplicando-se novamente o Teor 2.47, fica demonstrada a tese.
94 CONTINUIDADE .
CAP 4

. .
4.24 Observação à primeira vista pode parecer que o Teor.
4.23 tem recíproca. Isto é, poder-se-ia pensar que j é uma fun ção
contínua quando a seguinte afirma ção é verdadeira: quaisquer que
sejam os pontos Xj < x 2 e o n úmero c entre /(xi) e J ( z 2 ) existe um
ponto x em ( zlf z 2 ) tal que j( x ) = c .
Esta recíproca n ão é verdadeira, como se conclui do Ex. 4.27( d) .

DESCONTINUIDADES

Se z é um ponto do dom ínio da fun ção j no qual j n ão é con -


tínua, dizemos que j é descontí nua em x ou que j tem uma desconti-
nuidade em x. Se / é definida em um intervalo, é costume classifi-
car as descontinuidades em dois tipos. Antes de darmos esta clas-
sificação, temos que definir os limites de } à direita e à esquerda em

.

x, os quais designaremos por /(x + ) e /(x ), respectivamente.
4.25 Definição. Seja j definida em (a, b) e x um ponto qual
quer tal que a < x < b. Escrevemos
-
/ (x+ ) = q,

— - —
se j( tn ) q quando n > co qualquer que seja a sucessão {tn } em

(x, b ) tal que tn + x. A fim de definir /(x ), para a < x < ò, con-
sideramos as sucessões {£„} em (a, x).
É claro que em qualquer ponto x de (a, ò), existe lim j( t ) se, e
-
t +Z
somente se,

Kx+ ) = J ( x — =—
) lim / (í).
t *x

4.26, Definição. Seja j definida em (a, ò). Se } é descontínua



em um ponto x e se / (x + ) e / (x ) existem, diz-se que j tem uma
descontinuidade de primeira espécie ou uma descontinuidade simples
em x. Em caso contrário, diz-se que a descontinuidade é de segun -
da espécie.
Existem duas modalidades de descontinuidade simples: ou

j( x+ ) /(x ) [e, neste caso, o valor }( x ) não tem nenhuma impor-

. —
tâ ncia], ou j( x+ ) = / (x ) /(x).
4.27 Exemplos, (a) Seja
^

R* ) -| 1 (x racional),
( 0 (x irracional).
FUNÇÕES MONÓTONAS 95

Então j tem descontinuidade de segunda espécie em todo pon-


to x, pois nem / (x + ) nem j( z ) existe.
(b) Seja

í x ( x racional),
/(*) = < 0 ( x irracional).
(

Ent ão j é contínua em x = 0 e tem descontinuidade de segunda


espécie em todos os outros pontos.
«

(c) Seja

x+2 —
( 3< x< -
2),
j{ x ) = — x 2

x -f- 2
( — 2 < x < 0),
( 0 < x < 1).

Então j tem descontinuidade simples em x =0 e é cont ínua


•em todos os outros pontos de ( 3, 1).
(d) Seja

m =
sen —1x (x 0),

0 (* = 0) .



Como nem / (0 + ) nem / (0 ) existem, ] tem descontinuidade
de segunda espécie em x = 0. Ainda não mostramos que sen x é
uma fun ção contínua. Se admitirmos este fato, resulta do Teor. 4.7
• que j é contínua em todo ponto

FUNÇÕES MONÓTONAS

Vamos, a seguir, estudar as fun ções que n ão crescem (ou n ão


•decrescem) em um dado intervalo aberto.

. .
4.28 Definição Seja j uma fun ção real em (a, b). Diz-se
que j é monótona crescente em (a, b) se para a < x < y < b tem-se
J ( x ) < j(y ). Invertendo esta última desigualdade, obtemos a defi-
nição de fun ção monótona decrescente. A classe das fun ções mon ó-
tonas, compreende as funções crescentes e as decrescentes.
4.29. Teorema. Seja j monótona crescente cm (a , b). Então
' existe j ( x+ ) e j( x —
) em cada ponto x de (a, b). Mais precisamente,

(25) sup. j(t )


o <t < x —
= /(x ) < j( x ) < j( x+ ) = inft . b j[l ).
*< <
96 CONTINUIDADE CAP. 4

AdemaiSj se a < x < y < by tem se -


(26) / (*+ ) < /& )• —
Ê evidente que resultados an álogos são válidos para fun ções mon ó-
tonas decrescentes.
Demonstração: Por hipótese, o conjunto dos n ú meros /(í), em
que a < t < z , é limitado superiormente pelo n úmero J ( z) e, por -
tanto, tem um supremo que designaremos por A. Evidentemente
A < j( x ). Temos que mostrar que A = f ( z ).
Dado e > 0, decorre da definição de supremo que existe S > 0


tal que a < z õ < z e
(27)

Como ] é monótona, temos


A
— < j( x — 5) < A .

(28) /(* - 5) < /(<) < A


De (27) e (28) concluímos que
(x
— ò < t < X ).

1/(0 - A | < 6 (x
— ô < t < x ).


Portanto /(x ) = A .
A segunda parte de (25) se demonstra exatamente do mesmo *

modo.
A seguir, resulta de (25) que, se a < x < y < b,

(29) /(s+) = inf . }( t ) = inf . /(t).


« v * <
A última desigualdade é obtida aplicando-se (25) a (a, y) em vez de
(a, 6). Anàlogamente,

(30) —
j( y ) = asup . /(0 =
t y<<
sup. J (ty.
* <t <v
Comparando (29) e (30) obtemos (26).
Corolário. As junções monótonas não têm descontinuidades de
segunda espécie.
Resulta dêste corolário que as descontinuidades de uma função
monótona constituem um conjunto de pontos no máximo enume-
rável. Em vez de recorrer ao teorema geral, cuja demonstração é
esboçada no Exer. 4, damos aqui uma demonstração simples, apli-
cável a funções mon ótonas .
FUNÇÕES MONÓTONAS 97

. .
4.30 Teorema Seja j monótona em (a, b). Então o conjunto
dos pontos de (a, ò) em que j é descontí nua ê no máximo enumerável.
Demonstração: Suponhamos j crescente e seja E o conjunto
dos pontos em que j é descontínua.
A cada ponto x de E associamos um n ú mero racional r( x ) tal
que


j{ x ) < r ( x ) < }( x+ ).

Como J ( xi + ) < j( x 2
Xi 7± xt.
— ), se ii < x ,, segue-se que r (x0
^ r( x ) se
2

Estabelecemos assim uma correspondência biuní voca entre o


conjunto E e um subconjunto do conjunto dos números racionais.
Êste, como sabemos, é enumerável.
. .
4.31 Observação Deve-se observar que as descontinuidades de
uma função monótona não são necessàriamente isoladas. Com efei-
to, dado qualquer subconjunto enumerável E de ( a, b ) , que pode
até ser denso, é possível definir uma fun ção f , monótona em ( a, b ) ,
descontínua em todos os pontos de E e em nenhum outro ponto de
(a, &).
Para demonstrar esta afirmação, suponhamos os pontos de E

dispostos em uma sucessão {x„}, n 1, 2, 3, . .. . Consideremos
uma sucessão {c„} de n úmeros positivos tais que 2c„ seja conver -
gente. Por definição

(31) J( x) =
Xn

<X
. (a < x < b ).

Interprete-se o somatório do seguinte modo: somem-se os têr -


mos correspondentes aos índices n para os quais se tem xn < x. Se
não existem pontos xn à esquerda de x, sua soma, de acôrdo com a
convenção usual, é igual a zero. Sendo (31) absolutamente conver-
gente, é indiferente a ordem em que os têrmos são somados.
Deixamos ao leitor a verificação das seguintes propriedades de /:
(а) j é monótona crescente em (a, 6);
(б) j é descontínua em cada ponto de E e, de fato,

j( Xn+ ) « .
Cn

(c) j é contínua em todos os demais pontos de (a, b).


Além disso, não é dif ícil ver que f (x ) = f (x) em todos os pon
tos de (a, b). Se uma função satisfaz esta condição, dizemos que /
-
CONTINUIDADE CÀ P. 4

é contínua à esquerda. Se em (31) tivéssemos considerado a soma


extensiva a todos os índices n para os quais xn < x, teríamos
/(£ +) = J ( x ) em cada ponto de (a, ò), isto é, } seria contínua à direita.
Fun ções dêste tipo também podem ser definidas por outro mé -
todo; para citar um exemplo, referimo-nos ao Exerc. 5, Cap. 6.

LIMITES INFINITOS E LIMITES NO INFINITO

A fim de podermos trabalhar com o conjunto dos nú meros reais


ampliado, vamos generalizar a Def . 4.1, reformulando-a em têrmos
de vizinhan ças.
Dado um nú mero real x , já definimos vizinhanças de x como ,
.

sendo um intervalo aberto ( x S , x + Ô ) qualquer.
4.32 Definição. Dado um número real c qualquer, chamamos
,
vizinhan ça de + ao , e representamos por ( x + co ) ao conjunto de to -
.
dos os números x tais que x > c Anàlogamente, o conjunto ( oo , c ) —
é uma vizinhança de <» .

4.33. Definição. Seja / definida em E , Dizemos que
/(í) — + A quando t
em que A e x pertencem ao conjunto dos nú meros reais ampliado,
— > x,

se a cada vizinhan ça U de A corresponde uma vizinhança V de x


tal que F f l E não é vazia e tal que J ( t ) £ U para todo t £ V f\ E.
Não há dificuldade em verificar que, quando A e x são reais,
esta definição coincide com a Def . 4.1.
O análogo do Teor. 4.4 é verdadeiro e sua demonstra ção nada
apresenta de novo. Será enunciado, a seguir, apenas para comple -
tar esta se ção.
.
4.34 Teorema . Sejam j e g definidas em E Suponhamos que .

Então
m - A, —
g{ t ) * B quando t
— > x.


(a) se j( t ) > A' tem se A'
0 U + 9 0 A + B;
) ) ( -+
- A;

-
( C ) Ug ) ( t ) + AB ;
(d) Ulg ) ( t )
- AIB )
desde que os segundos membros de ( b ) , ( c) e ( d ) estejam dejinidos.
Note-se que <»
Def. 1.39). — oo , 0. oo , oo / eo , .4 /0 n ão foram definidos ( ver
EXERCÍ CIOS rr

EXERCÍCIOS

1 . Prove que a função / definida por

j{ x ) = <
xsen 1

0
x — (x
* 0),
(X = 0),

.

é contínua em x 0. Esboce um gráfico da função.
2 Represente por [ x] o maior inteiro contido em x, isto é, [x] é o inteiro
tal que x
— —
I < [ x] x ; e por (x) = x (x) a parte fracionária de [ x. Quais
são as descontinuidades das* funções [ x] e (x) ?
.
3 Seja } uma função real uniformemente contínua em um conjunto limi -
tado E em Rl . Prove que / é limitada em E .
Mostre que a conclusão é falsa se a hipótese de E ser limitado f ôr omitida.
. .
4 Seja ] uma função real definida em (o, b ) Prove que o conjunto dos
pontos em que j tem desoontinuidade simples é no máximo enumerável. Suges -
um terno ( p q, r) de números racionais tais que:
}

tão: Seja E o conjunto no qual ]( x ) < j( x +). A cada ponto x de E associe

( a ) f ( x ~ ) < p < /(x + );


(ò) se a < q < t < x então /(i) < p;
(c) se x < t < r < b então ]( t ) > p .
O conjunto de todos êstes ternos é enumerável. Mostre que a cada temo
.
corresponde no máximo um ponto de E Trate anàlogamente os outros tipos
possíveis de descontinuidades simples.
.
5 Todo racional x pode ser escrito na forma x = m/n, em que n > 0 e
m e n são inteiros sem divisores comuns. Quando x = 0, admitimos n 1 Con
sidere a função / definida em Rl por
—. -
0 (x irracional)

• Prove que
/(*) - 1
« -
( ?) •

] é contínua em todo ponto irracional e que / tem descont í nuida -


de simples em todo ponto racional.
.
6 Se / é uma função real contínua definida em um conjunto fechado
,
E C Rl prove que existem funções reais contínuas, gt em Rl tais que g( x ) = j( x)
para todo ( Tais fun ções g são chamadas extensões contí nuas de / de E
.
a Rl ) Mostre que o resultado é falso se a palavra u‘fechado’ * f ô r omitida. Es -
tenda o resultado para fun ções vetoriais. Sugestão: Seja o gr áfico de g um seg-
mento de reta em cada um dos intervalos abertos que constituem o complemento
de E ( ver Exerc. 15, Cap. 2). O resultado ainda é verdadeiro se fl1 f ôr substi
tuído por um espaço métrico qualquer, mas a demonstração não é tão simples.
-
.
7 Se / é definida em E, o gráfico de ] é o conjunto dos fpontos (x, / (x))f
.
para x £ E Em particular, se E é um conjunto de números reais e j tem va -
lô res reais, o gráfico de / é um subconjunto do piano.
Suponha E compacto e prove que j é contínua em E se, e sòmente se, seu grá-
fico é compacto.
100 CONTINUIDADE CAP. 4

.
8 S e E C X e s e j ê uma função definida em X , a restrição de / a E é a
função g , cujo domínio é E, tal que g( p) = /(p) para Defina j e g em Rl
por: /(0, 0) = y(0, 0) = 0, J ( x, y) = xy2 /(z2 + y4 ), y (x, y) = xt /(x2 -h y6 ) se
(x, y) (0, 0). Prove que j é limitada em R2, que g è ilimitada em tôda vizi ^ -
nhan de (0, 0) e que ] não é contínua em (0, 0); entretanto, as restrições tanto
ça
de j como de g a cada reta de R2 são contínuas!
9. Seja j uma aplica ção contínua de um espaço métrico X em um espaço
.
métrico Y Se E é um subconjunto fechado de Y , prove que / l (Y ) é fechado '

em X .
.
10 Seja j uma função real contínua em um espaço métrico X . Seja Z ( j )
(o conjunto dos zeros de j ) o conjunto de todos os p £ X nos quais /(p) = 0. Pro-
ve que Z (J ) é fechado.
.
11 Se E é um subconjunto não vazio de um espaço métrico A’, defina a
distâ ncia de x £ X a E por
pE { x ) = inf. d{ x, y ).
yç B

(а) —
Prove que pE( x ) 0 ee, e sòmente se, x pertence à aderência de E.
(б) Prove que pE é uma função uniformemente contínua em X .
Sugestão: pE ( xi ) d( x2i y ) d( x2t xi) f d( xi, y) de modo que
*

PE( X 2 ) d( x2, x\) + PE( X {).

12. Suponha K e F conjuntos disjuntos em um espaço métrico X , K com -


pacto, F fechado. Prove que existe 6 > 0 tal que d ( p, q ) > 6 se p £ K , q £ F.
Sugestão: pp é uma função contínua e positiva em K .
Mostre que a conclusão pode não ser verdadeira para dois conjuntos disjun
tos e fechados, se nenhum dos dois f ôr compacto.
-
.
13 Sejam A e B conjuntos disjuntos não vazios fechados em um espaço
métrico X e

/(P) -^ PA(JP )
P (P) + PB (J> )
(p £ «

^)-
Mostre que j é uma fun ção contínua em X , cujo conjunto de valôres está
, ,
contido em [0, 1], que em A e sòmente em A /(p) = 0, e que em £, e sòmente
-
em B, /(p) * 1. Tem se, pois, uma recíproca do Exerc. 10: Todo conjunto
fechado AC. X é Z{J ) de alguma função real contínua em X Se .
v = tlao, i»,
mostre que V e W são abertos e disjuntos e que A C V, B C W (Assim, pares .
de conjuntos disjuntos e fechados em um espaço mé trico admitem por cobertura
pares de conjuntos disjuntos e abertos. Esta propriedade de espaços métricos
é chamada normalidade).
-
14. Diz se que uma aplicação / de X em Y é aberta se j(Vj f ôr aberto em
F, qualquer que seja V aberto em X .
Prove que tôda aplicação de R1 em Rl , contínua e aberta, é monótona.
.
15 Sejam / e g aplicações contínuas de um espaço métrico X em um es-
.
paço métrico Y e E um subconjunto denso de X Prove que j( E ) é denso em
EXERCÍ CIOS 101

/ ( X ). Se g( p ) —
j( p ) para todo prove que g( p ) —
j( p ) para todo p Ç X.
(Em outros termos, uma aplicação cont ínua é determinada por seua valores em
um subconjunto denso de seu domínio).
.
16 Mostre que a condição imposta na definição de continuidade uniforme
pode ser reformulada como se segue, em termos de diâ metros de conjuntos: A
cada é > 0 corresponde Ò > 0, tal que diâ m. J ( E ) < e para todo EC. Xt com
diâ m. E < Ò .
17. Seja E um subconjunto denso de um espaço mé trico X e J uma fun -
ção real uniformemente contí nua, definida em E. Prove que / admite uma ex -
tensão contínua de E a X (ver Exerc. 6 para a terminologia ). (A unicidade re -
sulta do Exerc. 15.) Sugestão: Para cada p £ X e cada inteiro positivo n, seja
Fn(p) o conjunto de todos os q £ E tais que d(p, q) < l /n. Use o Exerc. 16 para
mostrar que a interseção das aderências dos conjuntos /( Vi(p)), j(Vo{ p )), ... é
.
constituída de um ú nico ponto, digamos g{ p )t de R1 Prove que a fun ção g , as -
sim definida em Xt é a extensão desejada de j.
-
Poderia o espaço K1, em que j toma valôres, ser substituído por Rk ? Por
qualquer espaço métrico compacto ? Por qualquer espaço métrico completo ?
Por qualquer espaço métrico ?
.
18 Diz-se que uma função real / definida em (a, b) é convexa se

/( Xx + (1 - \) y ) \j( x ) + (1 - \)M
sempre que a < x < b, a < y < b, 0 < X < 1. Prove que tôda função convexa
é contínua. Prove que tôda função convexa crescente de uma função convexa
é convexa. (Por exemplo, se J é convexa, também o é eK )
.
19 Complete os detalhes da seguinte alternativa de demonstração do
.
Teor 4.19: Se j não é umformemente contínua, então para algum e > 0, existem
sucessões { pn}, { qn } em X , tais que dx ( Pn > qn ) ~* 0, mas iY (/(pn )i /(í« )) >
Empregue o Teor. 2.37 para obter uma contradição.
.
20 Suponha j uma aplicação uniformemente contínua de um espaço mé-
trico X em um espaço métrico Y , e prove que se {a*} é uma sucessão de Cauchy
.
em X , então {/($*)} é uma sucessão de Cauchy em Y Use êste resultado para
dar uma outra demonstração do teorema enunciado no Exerc. 17 .
Deriva çã o
Capí tulo 5

Neste capítulo, excetuada a última se ção, nos limitaremos a


funções reais definidas em intervalos. Não se trata, apenas, de uma
questão de conveniência; diferen ças essepcjais ajrarecem quando nas„ -
samos de _ funções reais para fun ções vetoriais. A diferenciação de
funções definidas em R* será discutida no Cap 9. .
DERIVADA DE UMA FUNÇÃO REAL

5.1. Definição. Seja j definida (e com valôres reais) em


[a, 6]. Para todo x £ [a, 6], formemos o quociente

a) mt - /x(*)
definimos
0(0 =
— (a < t < b, t * x);

(2) /'(x) = lim


X~>t
0(0,

quando êste limite existe, nos têrmos da Def. 4.1.


Associamos, assim, à função j uma função /' cujo domínio é o
x em que o ljmjte (2) existe; f é a derivada de /.
.
Se f' é definida em um pont o s dizemos que f é derivável em x .
,

Se y é definida em todos os pontos de um conjunto E C [a, b ] 9 di-


zemos que } é derivá vel em E.
• É possível considerar limites à direita e à esquerda em (2), o
qiíe leva à definição de derivadas à direita e à esquerda. Em par-
ticular, nos pontos extremos a e 6, as derivadas, caso existam, são
DERIVADA DE UMA PUNÇÃ O REAL f 03

derivadas à direita e à esquerda, respectivamente. Entretanto n ão


estudaremos derivadas laterais em detalhe.
Se / é definida em um intervalo aberto (<z, 6) e se o < x < b ,
então j' ( x) é definida por (1) e (2) como acima, Mas j' ( a ) e j' ( b) n ão
são definidas neste caso.
5.2. Teorema. Seja j dejinida em [a, b ] . Se f é derivável em
um ponto x G [ a, b ] então j é contínua em x.
}

Demonstração : Quando t + x temos, pelo Teor. 4.4,


- }

m - KZ ) = M - / (*) (t — x) -+ f ( x) - 0 = 0
t — X

A recíproca deste teorema não é verdadeira. É fácil definir


fun ções contínuas que n ão são deriváveis em pontos isolados. No
Cap. 7 veremos um exemplo de função contínua em tôda a reta que
n ão é derivável em nenhum ponto!
. .
5.3 Teorema Suponhamos j e g dejinidas em [a, b ] e deri -
váveis em um ponto x £ [a, 6]. Então j + g , fg e jjg são deriváveis
em x, e
(a) U + ff )' (*) = /'(*) + ff'(z);
(&) ( /ff )' ( x ) = /'(z)ff (z) + i(z)ff'(z);

(c)
( ) '( ) g' ( x ) j( x )
(*) = ff * / * 2 —
ff (z)
Em (c) admitimos, naturalmente, g ( x ) 9* 0.
Demonstração: (a) é evidente, pelo Teor. 4.4. Seja h = jg.
Temos
h( t ) — A(x) = /© fo(0 — g x ] + g x \ j t — / * ].
( ) ( ) ( ) ( )

Se dividirmos esta expressão por í i e observarmos que /(0



quando í > x (Teor. 5.2), obteremos (fe) A seguir, seja h
-
.
—-/ / .
> (x)
]g
Ent ão

s( ) mt j
-
A(í) - h( x )
t x — 0
i
z [
ff ( ff ( ) — z
j( x )
X
( - (z )
- í ( x ) ff 0 ff
<-
Fazendo t x e aplicando os Teors 4.4 e 5.2, obtemos (c).
.
5.4 Exemplos. A derivada de qualquer constante é, óbvia -
mente, zero. Se / é definida por / (x) = x, temos /'(x) = 1. Repe -
tidas aplicações de (6) e de (c) mostram que x" é derivável e que sua
derivada é nxn-1, qualquer que seja o inteiro n (se n < 0, temos que
104 DERIVAÇÃO CAP. 5

nos restringir a x 0). Portanto, todo polin ómio é derivável, bem


como toda função racional, exceto nos pontos em que seu denomi-
nador se anula.
O teorema que se segue é geralmente conhecido por “ regra de
cadeia” para a derivação. Veremos versões mais gerais dele no
Cap. 9.
5.5 , Teorema. Suponhamos que j seja contí nua em [a, 6], que
j' ( x ) exista em algum ponto x £ [a, h ] , que g seja dejinida em um in -
tervalo jechado I que contém o conjunto de val ôres de j e que g seja de -
rivável no ponto j( x ). Se
h( t ) = (a < t < 6),
então h é derivável em x , e
(3) h’ ( x) j x ).
= 9V ( x )) \
Demonstração: Seja y = j{ x ). Pela definição de derivada, temos

——
(4)
(5)
í (f )
?(«)
}{x ) = ( t
v( y ) = ( s
—— v
x )\J' ( x ) + «(<)],
<
) lg' (.y ) + « «)]»

em que t £ [a, 6], s £ I , u( t ) * 0 quando — + 0 quando t — * x , v( s) —


s—> .
y Seja )
s = /(f . Aplicando primeiro (5) e depois (4), obtemos

h( t ) — h( x) = g( j{t )) — g (J ( x))

= L/O0 /(aOl • W ( v ) + »(s)]

ou, se t 7* x,

= (t x) [ j' ( x) + «(<)] • + p(s)],

h( t ) - h( x )
(6)
t— X = W ( y) + «'(«)] • [ f ( x ) + «(<)].
Fazendo t —
x , vemos que s > y, pela continuidade de /, de modo
que o segundo membro de (6) tende para g' ( y ) f ( x ) , o que demons-
tra (3) .
5.6. Exemplos, (a) Seja j definida por

-
x sen ~ . (,x
^ 0),
( 7) j( x ) =
0 (* = 0).
TEOREMAS DE VALOR M ÉDIO 105

Admitindo como fato conhecido que a derivada de sen x é cos x,


(discutiremos as fun ções trigonométricas no Cap. 8) , podemos apli-
car os Teors . 5.3 e 5.5 sempre que x 0, obtendo
^
,,
(S) f \
j ( x) = sen —1
X

1
— —X cos —
1
(*
* 0).
Em x = 0, estes teoremas já não se aplicam , pois a função l /x n ão
é definida neste ponto e recorremos, então, diretamente à definição:
para t 0,
^
mt - m = sen —ti
— 0 '


A função sen 1 / t não tem limite quando t * 0, de modo que /'(0) não
existe.
( b ) Seja / definida por

1
x2 sen — (X 0),
(9) / (*) = X

0 (x = 0).
Como acima, obtemos

(10) /'(x) = 2x sen


1
X
cos —1
X
(x
^ 0).
Em x = 0, recorremos à definição e obtemos

m -m t sen —ti < |í [ (t


* 0);
*— 0 -
fazendo t — > 0, vemos que
(11) /'(0) = 0.
Assim, j é derivável em todos os pontos x, mas /' não é uma fun-
ção contínua, pois cos ( l /x) [ ver (10)] não tem limite quando x » 0. —
TEOREMAS DE VALOR M ÉDIO

5.7. Definição. Seja / uma função real definida em um espaço


métrico X Dizemos que / tem um máximo relativo em um ponto
«

p G X se existe 5 > 0 tal que j ( q) < /(p) para todo q £ X sati$íía-~


zendo a condição d(p, q ) < ô . /
I UÒ
DERIVAÇÃO .
CAP 5

Os mínimos relativos são definidos anàlogamente.


Nosso próximo teorema é a base de muitas aplicações das deri-
vadas.
. .
5.8 Teorema Seja j dejinida em [ a , 6]; se j iem um máximo
relativo em um ponto x £ (a, ò) e se j' ( x ) existe, então j' ( x ) = 0.
É claro que o enunciado an álogo, para mínimos relativos, é
também verdadeiro.
Demonstração: Tomemos ò de acordo com a Def. 5.7, de modo
que

a< x — 5 < x < x + 5 < b.


Se x — 5 < t < xy então

m - K* ) > 0.
t — x
Fazendo t -+ x , vemos que j' ( x ) > 0.
Se z < / < z + i, então

m - /(*) < o,
t— X

o que mostra que j' { x ) < 0. Portanto \


j x ) = 0.
5.9. Teorema. Se j e g são junções reais contí nuas em [a, 6],
deriváveis em (a, ò), existe um ponto x £ (a, tí ) tal que

[/(&) — J( a) ]g' ( x) = [g(b) — g{a)] j' x). (


Convém notar que não se exige a existência das derivadas nos pon
tos extremos a, ò.
-
Demonstração: Seja
h(t ) = [ j( b ) — j( à)] g( t ) — [0(ò) — g( a ) ] j( t ) (a < t < 6).
h é contínua em [a, 6], derivável em (o, ò) e
(12) h{ a ) = j( b )g ( a ) — j( a)g( b ) = h( b ).
Para demonstrar o teorema, temos que provar que h' ( x ) 0 para
=
algum x £ (a, ò).
Se h é constante, h' ( x ) = 0 para todo x £ (a, 6) Se h( t ) h( a)
para algum t £ (a, ò), seja x um ponto de [a, ò] no qual h atinge
> .
seu
naáximo (Teor. 4.16). Por (12) , x £ (a, 6) e o Teor 5.8 mostra que .
h' ( x ) =*= 0. Se A(f ) < A (a) para algum í £ (a, ò) , o mesmo argumento
CONTINUIDADE DAS DERIVADAS 107

se aplica, se considerarmos x um ponto de [a, 6] em que h atinge seu


mínimo.
Êste teorema é muitas vêzes chamado teorema do valor médio
generalizado; o caso particular seguinte é geralmente conhecido como
“ o ” teorema do valor médio:
. .
5.10 Teorema Se j é uma jun ção real contí nua em [a, 6], de-
rivável em (a, ò), existe um ponto x £ (a, 6) tal que

ffl - M = (ò - a)/'(x).
Demonstração: Fazer g( x ) = x, no Teor. 5.9.
5.11. Teorema. Suponhamos j derivável em (a, 6).
(а) Se j' ( x ) > 0 para todo x £ (a, 6), / é monótona crescente.
(б) Se /'(x) = 0 para iodo x £ (o, 6), / é constante.
(c) Se /'(x) < 0 para iodo x £ (a, 6), / é monótona decrescente .
Demonstração: Tôdas as conclusões decorrem da equação

J ( xi )
que é verdadeira para cada par de n úmeros Xi, x2 em (a, 6) e para
algum x entre Xi e x2.

CONTINUIDADE DAS DERIVADAS

Já vimos [Ex. 5.6(6)] que uma função j pode ter derivada /' de-
finida em todos os pontos, mas descontínua em algum dêles. En-
tretanto nem t ôda função é jima derivada. As funções que são de-
rivadas definidas em todos os pontos de um intervalo, t êm uma pro-
priedade importante em comum com as que são contínuas em um
intervalo: ambas assumem todos os valores intermediá rios ( ver Teor.
4.23). Em têrmos precisos, o enunciado desta propriedade é:
. .
5.12 Teorema Suponhamos j uma junção real derivável em [a , 6]
e /'(a) < X < /'(6). Então existe um ponto x £ (a, 6) tal quej' ( x ) \.
=
Um resultado análogo é, naturalmente, verdadeiro se j' ( a) > /'(6).
Demonstração: Seja c = §- (a + 6). Para a < t < c, definimos

a (i) = a, B( t ) = 2t
/ 0=
3 ( 6. Assim a
—a. Para c < t < 6, definimos a (i) = 2i 6,
< a( t ) < /3(i) < 6 em (a, 6). Seja

= im
) -/(*(< »
0(0
/3(0 a (i) — (a < i < 6).
108 DERIVAÇÃO CAP. 5

— —
g é contínua em (a, ò), g ( t ) *?( a) quando t > a, g ( t ) quando
l * b , e , portanto, decorre do Teor. 4.23 que g ( tò) = X para algum

to £ (a, 6). Fixemos 4. Pelo Teor. 5.10, existe um ponto x tal que
a (ío) < x < /S(ío) e j' ( x ) = ( o ). Portanto /'(x) = X.
^^
*

Corolário. Se j é derivável em [ a, 6], então f nã o pode ter ne -


nhuma descontinuidade simples em [a, 6].
Mas f pode, perfeitamente, ter descontinuidades de segunda
espécie.

REGRA DE L’ HOSPITAL

O teorema seguinte é frequentemente aplicado no cálculo de li -


mites.
5.13. Teorema. Sejam j e g reais e deriváveis em (a, 6) e \
g x) 0
para todo x £ (a, 6), em que
que

c o < a < ò < + c» . Suponhamos

(13) m A quando x — >a .


(14)
(15)
Se j( x )
<7(2;)
—— +> 0 e g( x )
> oo
— >0


quando x > a, en/ao

quando x » a, ou se

(16) /(*) 4 quando x — >a .


Naturalmente um enunciado análogo é também verdadeiro se
*- 0 ou se g( x ) —
oo em (15). Convém notar que estamos con
siderando limite no sentido ampliado da Def . 4.33.
-
Demonstração: Vejamos primeiramente o caso em que
.
< A < + co Consideremos um número real q tal que A < q e,
« <

em seguida, r de modo que A < r < q. Pôr (13) existe um ponto
c £ (a, b) tal que se a < x < c, então

(17) m) < r.
?'(*

S e a < x < y < c , o Teor. 5.9 mostra que existe um ponto t £ ( x, y )


tal que

(18) /(*) - /&) AO < r.


9(2) — 9 (2/) 9'(0
DERIVADAS DE ORDEM SUPERIOR 109

Admitamos a validade de (14). Fazendo x a em (18) , vemos


que
Ky)
{19) <r< q (a < y < c ).
g( y )

A seguir, suponhamos ( 15) verdadeiro. Mantendo y fixo, em (18) ,


podemos escolher um ponto cv (a, y) tal que g ( x ) > g( y ) e g( x ) > 0
se a < x < cv Multiplicando (18) por [ g { x ) — g( y )\jg{ x ) , obtemos

(20)
9( x )
< r — r„ —g({—y ))
Q X
r '
Ky)
g( x )
(a < x < .
Ci )

Se x a em (20), (15) mostra que existe um ponto c2 (a, Ci)


tal que

(21) K* ) < q (a < x < Ca) ,

0(z)
Em resumo , (19) e (21) mostram que qualquer que seja q, su-
jeito apenas à condição A < q, existe um ponto c2 tal que /(x)/<?(x) < q
se a < x < c2.
Do mesmo modo, se —
a> < A < + °° , e se p < A , pode-
mos determinar c3 tal que

< J<?( )
( x)
<22) V
*
(a < x < cs),

e destas duas afirmações resulta (16).


DERIVADAS DE ORDEM SUPERIOR

5,14. Definição. Se em um intervalo fechado, / tem deriva-


da e se /' é, também, derivável, designamos a derivada de f por
j" e chamamos /" derivada segunda de j . Prosseguindo, obtemos,
dêsse modo, funções

eada uma das quais é a derivada da precedente . fn) é chamada


derivada n-ésima ou derivada de ordem n de /.

Para que fn\x ) exista em um ponto x ( t ) deve existir em


}

uma vizinhança de x (ou em uma vizinhança lateral, se x é uma ex-


tremidade do intervalo fechado
_
em que j é definida) e /(n I ) deve ser
_
derivável em x . Como /(n J ) deve existir em uma vizinhança de x,
j(n-2) deve ser derivável naquela vizinhança.
110 DERIVAÇÃ O .
CAP 5 .

TEOREMA DE TAYLOR

5.15* Teorema . Suponhamos j uma junção real em [a , ò], n


um inteiro positivo , contí nua em (o, 6], /(n) (0 dejinida para todo
t G (a, b ) . Sejam a , (3 pontos distintos de [a, 6] e , por dejinição ,

(23) P ( l) = V
E
fk ) ( a )
( l — a)fc.
/c !

Então existe um ponto x entre a e fi tal que

(24) m = p03) + n! 03 - a)\


Para n = 1 , êste é precisamente o teorema do valor médio . Em
geral, o teorema mostra que j pode ser aproximada por um polinó-

mio de grau n 1; e (24) nos permite calcular o êrro .
Demonstração: Seja M o número definido por
(25) }(0 ) = P(/3) + M (0 - a )*
e
(26) g( t ) - j ( t ) - P ( t ) - M ( t - a)n (a < t < b) .
Temos que mostrar que n!Af = / (n)(x) para algum x entre a e /3 . Por
(23) e (26),

(27) <7(n> (0 = /(*) (*) - n!3f (a < í < ò).


Portanto a demonstração estará completa se provarmos que 0 (n) (x) = O
para algum x entre a e /3.
Como P( fc)(a) = /fc)(a) para k = 0, . . n 1, temos —
(28) 0(a) = <7'(<*) = = <7(n- l)(<*) = 0.
Nossa escolha de M mostra que g ( j3) = 0 , de modo que g' ( x\ ) = 0’
para algum xx entre a e /3 , pelo teorema do valor médio. Como
(?'(a) = 0, concluí mos anà logamente que g" ( x 2 )
= 0 para algum x*-
( n ) „)
entre a e Xi. Após n etapas, concluímos que £? (x = 0 para algum.
xn entre a e xn-i, isto é, entre a e /3.

DERIVAÇÃO DE FUNÇÕ ES VETORIAIS

5.16. Observações. A Def . 5.1 se aplica , sem nenhuma mo-


dificação, a funções complexas j definidas em [a, 6] e os Teors. 5.2
e 5.3, bem como suas demonstrações, permanecem verdadeiros. Se
/1 e / 2 são as partes real e imaginária de /, isto é, se j( t ) = ji( t ) + z/2(0>
para a < t < b , em que ]i( t ) e /2(0 são reais, ent ão temos evidente -
mente
(29) /'(*) = fi ( x ) + ifk*);
além disso, / é derivável em x se, e sòmente se, /1 e /2 são ambas de -
riváveis em x.
Passando a funções vetoriais em geral, i.e., funções f de [a, b ]
.
em algum Rky podemos, ainda, recorrer à Def 5.1 para definir f (x).
O têrmo <j>( t ) em (1) é, agora, para cada t, um ponto de Rk e o limi-
te em (2) é considerado em relação à norma de Rk. Em outros
têrmos, f' ( x ) é aquêle ponto de Rk (caso exista) para 0 qual se
tem

m - «*) - r(*)
(30) lim
t -+x t — x = 0;

£* é, também, uma função com valôres em Rk .


Se /1, • • •* jk são as componentes de f , definidas no Teor 4.10, .
então
(31) f ” Ult
— JÍ),
e f é derivável em um ponto x se, e sòmente se, cada uma das fun ções
/1, . . . , jk é derivável em x.
O Teor. 5.2 é igualmente verdadeiro neste contexto e também
os itens (a) e (6) do Teor. 5.3, se substituirmos jg pelo produto esca-
lar f • g ( ver Def. 4.3).
Entretanto a situação se modifica quando passamos a consi -
derar 0 teorema do valor médio e uma de suas consequ ências, a re -
gra de L'Hospital. Os dois exemplos seguintes mostrarão que cada
um destes resultados é falso para funções complexas.
.
5.17 Exemplo^ Por definição, para x real,

(32) /(x) = eix = cos x + i sen x.


(A última expressão pode ser tomada como definição da exponencial
complexa etz ; ver Cap. 8 para uma discussão completa destas fun
ções.) Logo,
-
(33) /(2T) - /(0) = 1 1 = 0,
112 DERIVAÇÃO CAP. 5

mas
(34) ]' { x ) = ie" ,

de modo que |f '(i)| 1 para todo x real.
Assim o Teor. 5.10 não é verdadeiro neste caso.
. .
5.18 Exemplo No intervalo aberto (0, 1), definimos /(x) = ie

(35) = x + x 2é^\
gix ) x

Como |e*| = 1 para todo t real, vemos que

(36) lim Kx ) = 1.
z— * 0 9( x )

-1
Temos

(37) g' { x ) =i+ { } eux > (0 < z < 1),


de modo que

\ m\ > 2* -
(38)

Portanto ^ x
-
x

m
(39)

e, assim ,
g x)
\ \ g' {x ) \ 2
— x

(40) lim * m =0 .
x-*o g { x )

Por (36) e (40), a regra de I/Hospital n ão é verdadeira neste caso.


Convém notar, também, que gr{ x) 0 em (0, 1), por (38),
Entretanto hd uma consequência do teorema do valor médio
^
que, nas aplicações, é quase tão útil quanto o Teor. 5.10, e que é ver-
dadeira para funções vetoriais: Do Teor. 5.10 resulta que
(41) \ j( b ) — /(<01 < (b — o) sup. |/'(x)|
a <*<&
.
Antes de enunciar e demonstrar o análogo de (41) para funções
vetoriais, veremos um teorema que mostra que as derivadas podem
ser calculadas considerando-se quocientes diferentes daqueles vistos
na Def. 5.1; em vez de nos limitarmos ao caso k = 1, considerare-
mos o caso geral.
DERIVA ÇÃO DE FUNÇÕES VETORIAIS m

5.19. Teorema . Suponhamos a < x < b , f uma aplicação de


[a, b em Rk, derivdvel em x . Suponhamos a < an < x < fin < by
]
para n = 1, 2, 3, . . e an x , f}n — > x . Então,

f (£«) - f (<*n)
(42) lim = W

n > a>

Demonstração: Seja Xn = (/3n — x)/ (j8„ — a„). Logo 0 < Xn < 1,


e o vetor

(43) fGSn) - í ( an ) - f'(x)

é, para cada n, igual a

j i( an ) —
<44) f (x) }+ (1 - X„)
l Oí n
f( x )
— x
- m\j> .

As duas expressões entre parênteses tendem para 0, pela Def . 5.1



e, como {Xn} e {1 Xn} são sucessões limitadas, segue-se que (44),

e portanto (43), tende para 0 quando n > <» , o que demonstra (42).
5.20. Teorema. Suponhamos f uma aplicação continua de [a , b}
em Rk, derivdvel em (a, 6). Então existe x £ (a, b ) tal que
(45) |f(5) - f(a)| < (fc - a)|f'(*) |.
Demonstração: [Seja 3L = i> — a, Af = | f(ò) — f (a) J , e, por
definição,
(46) g( s ) = f ( s + L ) ~ f (s), (a < s < a + 2L).
Como
f(5) — f (a) = g(a) + g(a + £) + g(a + 2L),
vemos que
(47) M < |g(a)| + |g(a + L) | + |g(a + 2L) J .
Se tivéssemos |g($)| < Af /3 para todo s £ (a, a + 2L), a continui-
dade de |g | mostraria ser |g (a)| < M / 3, |g(a + 2L ) \ < M [ 3; por-
tanto o segundo membro de (47) seria menor do que M .
Por conseguinte |g($i) l M/3 para algum Si £ (o, a + 2L). Se
<1 = 3! + L, temos: a < SY < tx < b, < i si = (b a)/3 e — —
Af
(48) IK< I) - £(«I) I
CAP. 5

Repetimos o mesmo raciocínio com [$ I ; h ] em vez de fa , 6]. Pros-


seguindo vemos que existem sucessões {$n} , (k ) tais que :

(49) tn — Sn = 3 n (6 ~ O) ,

o intervalo I n = [sn, k] está contido no interior de 1 e

(50) \ {( tn ) - f ( Sn ) \ > 3 - 71/ .

Dividindo (50) por (49), obtemos


lf (*n) ~ f(sn) l > |f (ò) - f(a) 1
(51) (n = 1 , 2, 3, . . . ),
Ui b — o

e, concluí mos, do Teor. 5.19, que (45) se verifica no ponto x que os


intervalos /„ tem em comum.

EXERCÍCIOS

.
1 Se /(z) = |z|3, calcule /'(z), /"(z) para todo z real e mostre que /(3> (0)
não existe.
.
2 Seja / definida para z real e suponha que

l /(z) - /(l/)| - yj* (x

para todo z e y reais. Prove que / é constante.


.
3 Suponha que / seja definida em uma vizinhan ça de z e que /"(z) exista.
Mostre que
/(z + fc) -f /(z - À) - 2/(z)

lim
Ji *o ã2 = /"(*)
Mostre oom um exemplo que o limite pode existir mesmo que /"(z) não exista.

4. Se

c0 + Ci
+ •. . + Cnn-l + —+ n 1
= 0,

«m que C<>, .. ., CR são constantes reais, prove que a equação


CQ -f Ciz -f ••• + Cn-iZ* 1 -h CnXn = 0
1'

tem pelo menos uma raiz real entre 0 e 1 .


— —
.
5 Suponha que / seja definida e derivável para todo z > 0 e que j' ( x ) 0

quando z > + ® • Seja 0(z ) = /(z + 1) /(z) Prove que <7(z)

x > + 00 •
— .
0 quando

-
6 Suponha


(a) / cont ínua para z > 0;
( b ) /'(x) definida para z > 0;
(c) /(0) 0;
( d ) y monótona crescente.
Se

g( x ) = —m (* > 0),

prove que g é monótona crescente.


.
7 Suponha que /'(x), / (x) existam, que g/ ( x )
^0e que / (x) = ?(x) = 0.
Prove que

iim
/(0 /'(*)
ff (í) s'(z)
( A conclusão é também verdadeira para funções complexas.)
. .
8 Suponha ]' ( x ) > 0 em (a, b ) Prove que / é estritamente crescente
.
em (a, b) e seja g sua função inversa Prove que g é derivável e que

1
(/(*)) = /'( ) (a < x < 6).
*
.
9 Suponha / derivável em (a, 6), a < x < ò, x < «n < /?n para n = 1, 2,
..
3, . , e Or» > x, — 0n — > x. Mostre que os quocientes

/(ft») - /(<*,)
podem não convergir para /'(x) quando n ® , mas que êles certamente
convergem, se f ôr imposta a condição adicional de ser limitada a sucessão

{(ft» ~ xWn O*)} . -
.
10 Suponha } e g funções complexas deriváveis em (0, 1), /(x) > 0, g( x ) > 0, — —

Prove que
, —
/(x) > A g' ( x ) > B quando x 0, em que A e B são nú meros complexos, 5 0. ^
lim
x— 0.M ffto =
A’
Compare com o Ex. 5.18. Sugestão:

/(x)
tf (x)
rr
?(x)
+i -- r
0(x)

Aplique o Teor. 5.13 às partes real e imaginária de /(x)/x e g( x )/ x.


.
11 Formule e demonstre uma desigualdade decorrente do Teorema de
Taylor que é válida também para funções vetoriais.
12. Seja E um subconjunto fechado de fll. Vimos no Exerc. 13, Cap. 4,
que existe uma função / real, contínua em Rl , cujo conjunto de zeros é E Ê .
possível determinar, para cada conjunto fechado Et uma tal fun ção / que seja
,
rierivável em Rl ou n vêzes derivável em Rl ou, ainda, que tenha derivadas de
tôdas as ordens em Rl ?
13 Suponha g uma função real em Rl , com derivada limitada (digamos
.
|g |
* M ) Fixe e > 0 e defina /(x) = x + tf(x). Prove que / é biunívoca
.
.
se e é suficientemente pequeno (Pode se determinar um conjunto de valores
admissíveis de e que depende apenas de Af ).
-
116 DERIVAÇÃO .
CAP 5

14. Suponha j uma função real duas vêzes deriv ável em (0, a> ) e sejam
Mo, Mi, M 2 os supremos de |/(x )|, |/'(x )|, |/"(x)|, respectivamente, em (0, » ).
Prove que M\ 4 M0 M2. Sugestão: O Teorema de Taylor mostra que
1
/'(*) = U( x + 2h ) - /(x)] - À/"(í ),
de modo que \ j' | hM 2 4- Mo/A, para todo A > 0.
Pode êste resultado estender-se a fun ções vetoriais ?
.
15 Suponha j duas vêzes deriv ável em (0, a> ), j limitada em (0, a> ) e
— — .
/(x ) > 0 quando x > <» Prove que /'(x) 0 quando x » <» SuyesWo: Apli
que o Exerc. 14 em (o, 00 ).

— . -
Mostre que a afirmação é falsa se f ôr omitida a hipótese relativa a
.
16 Suponha que j seja derivável em (o, 6], que /(o) = 0 e que exista
um número real A tal que |/'(x)| A \ j( x )| em [a, 6] Prove que /(x) = 0 .
.
para todo x £ [o, 6] Sugestão: Fixe xo £ [o, 6], considere Mo = sup. |/(x)|,
Mi = sup.|/'(x)| para a x xo Qualquer que seja x nestas condições, .
|/(x)| Mi(xo —. o) S A (xo - o)M . 0


Portanto, M0 * 0 se A(xo o) < 1 Isto é, ] = 0 em [ a, xo]. Prossiga.
17« Seja <f> um» função real definida em um retâ ngulo R do plano, dado
,

por a z .
b, a y l3 Uma solução do problema com valor inicial

V' * 0(x» V )t y( a ) =c
« {a £ c P)
é, por definição, uma função ] derivável em [o, b] tal que /(o) = ce
m - t
< > ( xj( x ) )

Prove que o problema tem, no máximo, uma solução se existe uma cons
(o £ x 6).

-
tante A tal que
|0(X, V2) - 0(x, yi) | A \ y2 yi| -
para (x, yi) E R © (x» Vi ) E 12 .
Sugestão: Aplique o Exerc. 16 à diferença de duas soluções. Observe que
êste teorema de unicidade não é verdadeiro para o problema com valor inicial
y' = V* , y(0) = 0,
*

que tem duas soluções; /(x) = 0 e j{ x ) ~ x /4 Existem outras soluções ? -.


.
18 Enuncie e demostre um teorema de unicidade análogo para sistemas
de equações diferenciais da forma
y/ = yi, • • •» Vk )i yj( à) -v < 0 = I» * ••» ^)
*
*

Note que êste sistema pode ser reescrito na forma


y' = $(x, y ), y (o) = c,
— .
em que y (yi, .. , y& ) pertence a um fc paralelepípedo, $ é a aplicação de
um (k 4- l)-paralelepípedo no espaço euclidiano a k dimensões, cujas componen
-
-
..
tes são as funções $1, . , 0 , e c é o vetor (ci, . , c ) Aplique o Exerc 16
^ ^ .. . .
para funções vetoriais.
EXERC Í CIOS 117

.
19 Particularize o Exerc. 18 considerando o sistema

VJ = Vj+i (j = 1 , 1),
k
yi * /(*) - 2 9j ( x ) yji
í - i

em que j, g\y .
.., Qk são funções reais contínuas em (a, 6], e deduza um teorema
de unicidade para soluções da equação

Vik ) + 0,t (z)i/fc~1) + ... + 0s(*)v' + 0i(x)y = J( x ),


com as condições iniciais
y a ) = c2, .. •>
y( a )
\ = ci, y( k-l ) (a) = C ]c.

.
20 Suponha }' contínua em [o, b] e t > 0. Prove que existe ò > 0 tal
que
/(0 - /(*)
í
— X
“ /'(*) <


sempre que 0 < |t x \ < òt a x b, a t b. (Em outros têrmos, pode-
ríamos ter dito que } é unijormemente derivável em [ a, 6] se /' é contínua em [ a, 6].)
Esta afirmação é também verdadeira para funções vetoriais ?
.
21 Suponha j uma função real em ( » , » ). Diz-se que x é um ponto
fixo de ] se j{ x ) *= x . —
(а) Se / é derivável e se |/'(01 < 1 para cada t real, prove que / tem no
máximo um ponto fixo.
(б) Apenas oom as hipóteses de (a), pode não existir nenhum ponto fixo.
Mostre que a seguinte função é um exemplo désse caso:
m = t + a + é y\
(c) Se existe uma constante A, 0 < A < 1, tal que \ j'( t ) \ < A para todo ,
real t , prove que j admite um ponto fixo x, que x = lim tn sendo tg um n ú mero ,
real arbitrário e tn « p a r a u « 1, 2, 3, . .. .
Integral de es
Capí tulo 6

Êflte capí tulo se baseia em uma definição da integral de Riemann


que depende muito expllcitamente da estrutura de ordem da reta
real. Começaremos, portanto, estudando a integração de funções
reais em intervalos fechados. A generalização para funções comple-
xas e vetoriais em intervalos fechados será vista em seções subse-
quentes. A integração em conjuntos que não são intervalos fecha-
dos será examinada nos Caps. 9 e 10.

DEFINIÇÃO E EXIST ÊNCIA DA INTEGRAL

.
6.1. Definição Seja [a, 6] um intervalo fechado dado. Cha -
maremos subdivisão P de [a, b] um conjunto finito de intervalos
fechados [x,-, x»+1] ( i = 0, . . . , n) tais que

CL ~ XQ < Zi < • •«
^^- ^ n l
— b.

Diremos que xo, Xi, . . . , x» são os pontos de subdivisão de P. Escre *

veremos, também, jP {x<>, xif . . . , xn} ou P { Xí } em vez de P.


Seja

Axi = x» — Xt-1 (t 1, . . . , 7l).

Suponhamos, a seguir, que / seja uma fun ção real, limitada, defi -
nida em [a, 6]. Para cada subdivisão P de [a, 6] consideremos

Mi = sup. /(x) (Xí-1 < < Xi )


X

mi = inf . ]{ x ) (Xí-1 < X < Xi )


DEFINIÇÃO r EXISTÊNCIA DA INTEGRAL m

U(P, f ) = Mf AXí ,
• - 1

L( P , í ) = nu AXi ,
i - 1

e finalmente

(D
i: J dx = inf . U ( P , j ),

(2) } dx = sup. UP , J ),

em que o inf . e o sup. são relativos a tôdas as subdivisões P de [a, b ] .


Os primeiros membros de (1) e de (2) são chamados, respectivamen-
te, integral superior e integral inferior de Riemann da função J em
[a, 6].
Se as integrais superior e inferior são iguais, dizemos que ] é
Riemann-integrável em (a, b ] e escrevemos / G 5R (isto é, 9Í designa
o conjunto das funções Riemann-integráveis); representamos o valor
comum de (1) e (2) por

(3)
/ jdx ,

ou por

(4) jf /(x) dx .

Esta é a integral de Riemann de } em [a, 6]. Como j é limita-


da, existem dois números, m e M , tais que
m < j( x ) < M (a < x < 6).
Portanto, para tôda subdivisão P,
m( b - a) < L( P , j ) < U( P , f ) < M(b — a),

de modo que os números L( Pyf ) e U (P , f ) constituem um conjunto


limitado. Isto mostra que as integrais superior e injerior são defi-
nidas para tôda função limitada ] . A questão de sua igualdade e,
portanto, da integrabilidade de /, é mais delicada. Em ve *s de in-
vestigá-lã separadamente para a integral de Riemann, vamos logo
considerar uma situação mais geral.
120 INTEGRAL DE RIEMANN STIELTJES - CAP. 6

. .
6.2 Definição Seja a uma fun ção monótona crescente em
[ < x , ò ) (como os n ú meros a(a ) e a( b ) são finitos, segue-se que a é limi-
tada em [ n, b ] ). Para cada subdivisão P de [a, 6], escrevemos

Aai = a ( Xi )
É claro que Acr, > 0. Qualquer que seja a função real j , limitada
em [a, b ] , consideremos

U ( PJ ,a ) =
< - Mi1
Aa* ,

L( P , J , ct ) = nu Aa*,
»
- 1

em que mf têm o
*
mesmo significado da Def. 6.1; por definição

(5) = inf. U ( P , J , a ),
(6) Jda = sup. L( P,J , a ),

sendo, novamente, o inf . e o sup. relativos a tôdas as subdivisões.


Se os primeiros membros de (5) e de (6) são iguais, designamos
o seu valor comum por

(7)
Jf j da

ou, às vezes, por

(8) ]{ x ) da( x ) .
Esta é a integral de Riemann-Stieltjes (ou simplesmente a in
tegral de Stieltjes) de j relativamente a a em [a, 6],
-
Se (7) existe, i.e., se (5) e (6) são iguais, dizemos que ] é integrá -
vel em relação a a , no sentido de Riemann, e escrevemos j £ 5R (a).
Considerando a( x ) = x, vê-se que a integral de Riemann é um
caso particular da integral de Riemann-Stieltjes. Entretanto, con
vém observar explicitamente que, no caso geral, a não precisa nem
-
mesmo ser contínua.
Algumas poucas palavras devem ser ditas sôbre a notação Pre . -
ferimos (7) a (8), pois a letra x que aparece em (8) nada acrescenta
DEFINIÇÃO E EXISTÊ NCIA DA INTEGRAL 121

ao significado de (7). Não importa a letra que usemos para repre -


sentar a chamada “ variável de integração” . Por exemplo, (8) é o
mesmo que

J: }{ y ) àaiy ) .

À integral depende de j, a , a e ò, mas n ão da vari á vel de integração,


que também pode ser omitida.
O papel da variável de integração é bastante análogo ao do ín -
dice em uma soma: os dois símbolos
n n
Z) 2 Ck
-
í 1
-
k 1

são iguais, pois cada qual representa ct + c% + • + c„ t .


Naturalmente, não há mal algum em se incluir a variável de
integração e, em muitos casos, é mesmo conveniente fazê-lo.
Vamos, agora, investigar a existência da integral (7) Daqui .
por diante, suporemos } real e limitada e a monótona crescente em
[a, ò]; e, quando não houver possibilidade de equívoco, escreveremos

/ em vez de
.
i:.
6.3 Definição Dizemos que a partição P* é um refinamento
de P quando todo ponto de subdivisão de P é ponto de subdivisão
de P*. Dadas as subdivisões Pi e P2, dizemos que P* é o refina
mento comum às duas quando o conjunto dos pontos de subdivisão
-
de P* é constituído dos pontos de subdivisão de Pi e de P2.
. .
6.4 Teorema Se P* ê um refinamento de P, então
(9) L( P , j,a ) < L( P* , jfa )
e
(10) U { P* j á) < U ( P , ], a).
) )

Demonstração: Para demonstrar (9), suponhamos inicialmente


que P* tenha apenas um ponto de subdivisão a mais do que P Seja .
x* êste ponto adicional e suponhamos x*-i < x* < x,, em que x*-i *

e x» são dois pontos de subdivisão consecutivos de P. Sejam

w\ = inf. /(x) (Xf i - X < X*),


Wt *= inf../(x) (x* < X < Xj).
12R INTEGRAL DE RIEMANN^STIELTJES CA9 . 6

Ê claro que W\ > m, e w2 > m,-, sendo, como anteriormente,


m* = inf . /(x) fo-1 < X < Xj).
Portanto,
L( P* , j, a ) - L( P J , a )
= wi[a (x*) a(z*-i)] + w ,[a( xi ) — a( x* ) ] mjafo) — a(xf -1)]
— —
— —^
= (101 m<) [a(x*) a )] + (1w3 ~ m<) [afo) a(x*)] > 0.
Se P* contém A: pontos de subdivisão a mais do que P, repeti-

mos o raciocínio acima k vêzes e obtemos (9). A demonstração
de (10) é análoga.

6.5. Teorema•
I. j da.

Demonstração: Seja P* o refinamento comum a duas subdivi-


sões Pi e P 2 . Pelo Teor. 6.4,
L( Pu /, or) < L(P* /, a) < E/(P*, /, a) < tf (P* /, a).
Portanto,
(11) H P u j1 a ) < U { P i i j i a ) .
Mantendo P2 fixa e considerando o sup. relativo a tôdas as subdi-
visões Pi , resulta de (11) que

(12)
f fda < U ( P ,J , a ) .
Considerando 0 inf. relativo a tôdas as subdivisões P2 em (12), fica
demonstrado o teorema.
6.6. Teorema, j £ SR (a) em [ a, 6] se, e somente se, para cada
c > 0 existe uma subdivisão P tal que
(13) U ( P , f , a) — L( P , f , a ) < .
Demonstração: Para cada P temos

HPJ , a ) < J j da <


J jda < U ( P , j, a) .
Assim, decorre de (13) que

J
*

j ] da < e
*

0 < j da — .
DEFINIÇÃO E EXISTÊNCIA DA INTEGRAL m

Portanto se (13) é verdadeiro para cada e > 0, temos

J j da =
/,*
isto é, J e «(a).
Reciprocamente, suponhamos j G $R(a). Dado c > 0, existem
subdivisões Pi e P2 tais que

(14) ,
U( P J ,a) ~ f idaL <\ >

(15)
J — j da L{ Plt j , a ) < —.
Consideremos a subdivisão P, refinamento comum a Pj e P2. O
-
f '

Teor. 6.4, juntamente com (14) e (16), mostra que

U { P, f , a ) < U( P2, },a ) < f jda + y < L( PiJ ,a ) +


+ « < L( PJ , «) + e,
de modo que (13) se verifica para esta subdivisão P .
O Teor. 6.6 nos permite demonstrar a integrabilidade de duas
.
classes importantes de funções Antes de fazê-lo, introduzimos mais
uma definição.
. .
6.7 Definição Dada uma subdivisão, P, escrevemos

/x (P) = máx. AX í (1 < i < n),

e chamamos /x(P) amplitude máxima de P.


.
6.8. Teorema Se j ê contínua em [a, 6], então j G $K (a) em
[a, b ] , Ademais, a cada e > 0 corresponde ò > 0 tal que

r*>
(16)
n
E i(li ) àoi
-
i; 1 — Ja
/ jda <e
qualquer que seja a subdivisão P = {xo, xu . . ., xn ] de [a, 6] com
p( P ) < ô , e a escolha dos pontos U em [x»-i, x,].
Demonstração: Dado 6 > 0, seja ij > 0 tal que

[a(ò)
— a( a) ]ri < e.
124 INTEGRAL DE RIEMANN STIELTJES - .
CAP 6

Como j é uniformemente contínua em [a, b ] (Teor. 4.19), existe Ô >0


tal que

(17) l/ W — AO I < V
se \ x — t\ <ô e x G [a, 6], t G [a, ò].
Escolhemos P de modo que /x(P) < 5. Decorre de (17) que
M% — rrii < Tj (i 1, . . . , 7l).

Portanto,

t/CP, y, a ) - L{ P , j , a ) = è- (M,- - Aa, < r ,£ =


* 1 - i 1

= Vl <x(b ) — «(«)] < « •

Pelo Teor. 6.6, / G $R (a).


Como os dois números 2/ (í») Aa, e */7 da estão compreendidos
entre U ( PJta ) e L(P, /, a), também (16) ficou demonstrado.
6.9. Teorema. Se j ê monótona em [a, b ] e se a é continua em
[a, 6], então j G 5R («) (Evidentemente, ainda supomos que a é mo-
*

nótona.)
Demonstração: Dado > 0, qualquer que seja o inteiro posi -
tivo, n, consideremos uma subdivisão P tal que

Aa, =
*
a( b) — a( a )
(* = 1 . •• , n).
n

Isto é possível pois a é contínua (Teor. 4.23).


Suponhamos / monótona crescente (a demonstração é análoga
no outro caso). Nestas condições,

Mi = /(X,), mi = AX í- I ) (7 = 1, • •. , n),

de modo que
a( b) — a( a )
U ( PJ , a ) — L( PJ , a ) =
n ^H- U(
i 1
Xi ) — /(Zt-l)]
a( b) — a ( à)

U (b) - M ] < e
n
desde que n seja suficientemente grande. Pelo Teor. 6.6, / G 9t (a) -
Demonstremos agora algumas propriedades elementares da in-
tegral de Stieltjes.
DEFINI ÇÃO E EXIST Ê NCIA DA INTEGRAL 125

.
6.10 Teorema, ( a) Se /1 £ $R (a) e }2 £ 9í(a) em [a, 6], então

ÍI + Í í G 5R (a),
ç/ £ 9í (a) qualquer que seja a constante c, e

J: + /
Cfi + / 2) da = /1 da / jda,

jf = •/ c/ da: / da.
(6) 5c / i(x) < /2(x) em [a, 6], cníão

J. h 7. /
/•6 /*ò

jda .
(c) 5e / £ $R (a) cm [a, ò] c sc a < c < b, então / £ 5R (a) em
(a, c] c cm [c, b ] e

Ja
f / da + J fbj
c
da. — f
Ja
/ da.
(d) Se / £ 9i(a) cm [a, 6] c se |/(x)| < Af cm [a, 6], crdao

1/ / da < Af [a(6) — a (a)].

(c) 5c / £ 9í(ai) c / £ 3í(a2), eníão / £ 9i(ai + a 2) e

i: i d (a1 + ai) = I. iia' + l / da j;

se } £ 9?(«) e se c é uma constante positiva, então / £ 3? (ca) e

/ / d(ca) = • Jf / da.
Demonstração: S e / = /i + / 2 e s e P é uma subdivisão -
qual
quer de [a, 6], temos

(18) L( P , ju a) + L(P, /2, a) < i(P, /, a) < l/(P, /, a) <


< U ( P, Jua) + U { P, foa).
Se /i £ $R (ar) e / 2 £ SR (a), dado 6 > 0, existem subdivisões Pj( j 1, 2)
tais que

Jj , a )
— L( Pj , Ji, a ) < e .
126 INTEGRAL DE RIEMANN*ST1ELTiES .
CAP 6

Estas desigualdades continuam verdadeiras se nelas substituirmos P1


e Pi por seu refinamento comum P . De (18) resulta , então,
U ( P , /, a ) — L( P , / , á) < 2e,
o que prova que ] E 5R (a).
Temos, ainda, para esta subdivisão P,

U ( P , ]j , a) < § jj da + e U = 1, 2);
resulta, portanto, de (18) que

$ ] àa < U ( P , j, a) < J / da + j j da + 2e.


*
i 2

Como é arbitrário, concluímos que


(19)
f Jda da +
J j da.
2


Se substituirmos ] y e em (19) por /1 e /2, inverte-se a de
sigualdade, o que demonstra que se tem, efetivamente, a igualdad
— -
e.
As demonstrações das outras afirmações do Teor. 6.10 são tã
o
semelhantes, que as omitimos. No item c observe-se que para apro
ximar J * j (considerando refinamentos) podemos nos restringir a
-
subdivisões que contêm o ponto c.
6.11. Teorema. Suponh amos j E 9f (o0 em [a, 6], m <
/ < M,
<t> contí nua em [ m , M ] e h( x ) = 0(/(x)) em fa , b ] . Então h 5R (a) em
E
[a, 6J .
Demon stração: Consideremos e > 0. Sendo <f> uniformemente
contínua em [m, M ] , existe 5 > 0 tal que ô < e | <f> ( s ) 0(01 < c se
\ s — t \ 5 e s, t E [ m , M ) .


Como j E 9?(o:) , existe uma subdivisão P = {xo , Xi , . . . , x„} de
[a, b ] tal que
(20) U ( PJ , a) - L( PJ , a ) < ô> .
Consideremos com os seus significados da Def . 6.1 e sejam
M * , rriJ os números análogos para h . Separemos os números 1, . . . , n
em duas classes: ijE A. se < 5, iEB se Jlí i - íW , > 5.
Para i E A , nossa escolha de 5 mostra que M * — m* < .

Para i E 5, ilí < m\< 2ÍT, em que íf = sup. 10(01 , m < t < M .
Por (20) temos
(21) S X) Àa< < XB) (Af » — w *) Aat- < 52
í ¬B í¬
A INTEGRAL COMO LIMITE DE SOMAS 127

de modo que 5Z Ao» < ô. Segue-se que


ieB

U ( P , h, a ) — L( P , h a )
}
— £ (MÍ - mJ) Aa< + i£
ieA eB
(Af - —m *) Aat <

< e[a(ò) — a(a) ] + 2 K ô < e[a(ò) — a( d) + 2K\.


Como é arbitrá rio, resulta do Teor. 6.6 que h £ 5R (a:).
Observação: Êste teorema sugere a pergunta: Quais são as fun
ções Riemann-integrávejs ? A resposta é dada pelo Teor. 10.33(ò).
-
. .
6.12 Teorema Se / £ 5R (o) e g £ 9l (a) em [a, 6], então
(à) fg £ $R (a);

J
6

daj < J\ \
(b) \ ] \ G $R (a) e
^ /
Demonstração: Se tomarmos <f>( t ) = t 2, o Teor. 6.11 mostra que
P £ 9t(a) se / £ 3?(a). A identidade
j da .

i/» - (/ + »)* — / — «*( )

completa a demonstração de (a) .


Se tomarmos <f>( t ) = |í|, o Teor. 6,11 mostra anàlogamente
que |/| £ 9í(a). Seja c = b 1, de modo que
=
c
J j da > 0.
Logo,

|j / áa| = c / / da = j c/ áa < j|/| ciar,


' *

pois cj < |/|.

A INTEGRAL COMO LIMITE DE SOMAS

Até aqui, obtivemos a integral fj da por intermédio das somas


.
U ( P , f , a), L(P, /, a) Os números M <, m, que figuram nestas so - -
mas não são necessàriamente valôres de / (êles são valôres de / se /
é contínua). Mostraremos agora que fjda pode ser considerada
como limite de uma sucessão de somas nas quais Mi e m, são subs - -
tituídos por valôres de /. Como anteriormente, a é monótona cres -
cente e / é limitada e real em [a, b] .
128 INTEGRAL DE RIEMANN STIELTJES - .
CAP 6

.
6.13, Definição Para cada subdivisão P { xo, 2i, .. . , x»} de
[a , b ] sejam tlf pontos tais que x,-i < U < x, (i = 1, . n); .
consideremos a soma

(22) S( PJ , a ) =
«
è- m A« .
l
i

Dizemos que
(23) lim &(P, j , a ) = A

se, a todo c > 0, corresponde 6 > 0 tal que quando fi( P ) < S
(24) \ S( PJ , a) — A\ < e.
,
Observemos que a notação S { P j , a ) é, realmente, incompleta,
pois (22) depende também da escolha dos pontos U , sujeitos apenas
à condição x -i < U < x,. Mas nenhuma ambigíiidade resultará daí,
-
*
se nos lembrarmos que (23) significa que (24) se verifica para tôda
subdivisão P e t ôdas as escolhas possíveis de U , desde que /x(P) < 5.
,
6.14* Teorema, (a) Se lim S( P /, a ) existe quando 0, ,
então j G 9?(a) e

(25) lim £(P, /, a)


o
= jf j da.

(6) Se ( í ) j é contí nua ou se (ii) ] G 5R («) ea ê contí nua em [a, b] ,


ent o (25) se verifica.
ã
O Exerc. 4 mostrará que as hipóteses de continuidade feitas em
(5) não podem ser suprimidas.
Demonstração: Suponhamos inicialmente que o limite do pri
meiro membro de (25) exista e seja igual a A. Dado > 0, existe
-
S > 0 tal que se /x (P) < 6 ,
(26) A - j- < S( P, J , a ) < A + f .
Consideremos uma subdivisão P nestas condições. Variando os pon -
tos ti nos intervalos [z»-i, x*] e considerando o sup. e o inf. dos nú -
meros S ( P , ], a) correspondentes, resulta de (26) que

A - ~ < L( P,3,a ) < U ( P ,3,a) < A + y .


A INTEGRAL COMO LIMITE DE SOMAS 129

Pelo Teor. 6.6, j £ $R (a ) e a demonstração de (a) está completa, pois

L{ P , ], a ) <
f ] da < U( P, f ,a).
O item (í ) de (ò) está contido no Teor. 6.8. Para provar o item
(ti), suponhamos j £ 5R (a), a contínua e e > 0 Existe uma subdi- .
visão P* tal que

(27) V { P* , j , a ) <
fí da +T -
Seja

M = sup. |/(x)| (o < x < 6).


Como a é uniformemente contínua em [a, 6], existe §i > 0 com a
seguinte propriedade: se P é uma subdivisão qualquer de [a, b] com
fx( P ) < ô i, então Ao, < el4Mn para todo i sendo n o número de
* ,
intervalos em que P* divide [a, 6]. Seja P uma subdivisão qualquer
tal que fx( P ) < ôi e consideremos a soma que define U ( P j a) A ,, .
contribuição dos intervalos de P que contêm um ponto de subdivisão
de P* em seu interior não é superior a

(n
— 1) máx. Aav • if
i
<
(n
—1) eM
4Mn <T
4 *

Donde, juntamente com (27), resulta que

(28) U( P J , a) < f j d a+ í
para todo P com fx( P ) < Si .
Do mesmo modo podemos mostrar que existe 52 > 0 tal que

(29) L( PJ , a ) > f ] da i ~

para todo P com p(P) < ô 2 .


Considerando 5 = mín (5,, 5*), vemos que (28) e (29) se veri-
.
ficam para todo P tal que /x(P) < Ò .
Como, evidentemente,

,
L{ PJ ,a ) < S( PJ a) < U ( P j a ), ,,
(28) e (29) nos dão

S( PJ , a ) <

S ( PJ , a ) > fida ~
T
respectivamente; destas duas últimas desigualdades resulta que

I S( PJ ,a ) ~ f jdcc | < e

para todo P tal que /x(P) < d .


A demonstração está completa.

INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO

Nesta seção ainda nos limitamos a funções reais. Vamos mos-


trar que integração e derivação são, de certo modo, operações inver
sas.
-
6.15. Teorema. Seja / £ 91 em [a, b}. Para a < x < b , deji
nimos
-
F( x) =
J /(0 dt.
Então F é contínua em [a, 6]; ademais, se j é contínua em um ponto xo
dela, 6], F é derivável em x0 e
F' ( xo ) = /(*o) .
Demonstração: Como / (E 9t, / é limitada. Suponhamos |/(í) [ < M
para a < t < b. S e a < x < y < b ,

/(0 d t < Ai (y '


— x),

pelo Teor. 6.10 [(c) e (d)]. Dado e > 0, vemos que


desde que \ y x \ < ejM , o que prova a continuidade (ou melhor,
a oontinuidade uniforme) de F.
Suponhamos, agora, / contínua em Xç . Dado e 0, considere
mos S > 0 tal que
> -
1/(0 — /(*o)| < e
se 11 — x o \ < 8 e a< t < b . Portanto , se

xo — 8 < s < xo < t < xo + Ô e a <s< t<b }

temos, pelo Teor. 6.10(d),

F ( t ) - F( s )
t — 5
— K* ) 0 = t
1
—7 / [/(«) du < e.

Segue-se que F' ( x0) = /(x0 ) .


6.16. Teorema. Se j £ $R em [a, 6] e se extste uma junção deri-
vável F em [ a, 6] tal que F' = j, eníão

^ /(x) dx = F(6) - F(a) .

Êste é o teorema geralmente denominado teorema jundamental


do cálculo, de uso corrente no cálculo de integrais.
Demonstração: Dada uma subdivisão qualquer P de [a, ò], con-
sideremos U ( i = 1, . . . , n) satisfazendo x,-i < U < x, e *

F( Xí ) — FM = (z, —
* x,-i) /&).
*

Isto é possí vel pelo Teor. 5.10. Portanto,

F( b ) - F ( a ) - É- IW
< 1
- F M )] =
<
Ê1
( ) Ax ,
- /* <
e a última soma tende para jf / —
(x) dx quando /x(P) > 0, pelo Teor.

6.14 [com a(x) = x].


«

6.17. Teorema. Sej £ 9i e ae a' £ SR em [a, 6], então j £ 9?(a) e


~
J j da =
J /(x)a'(x) dx .

Êste teorema ilustra uma das situações em que integrais de Stielt-


jes se reduzem a integrais de Riemann.
Demonstração: Note-se que ja' £ SR , pelo Teor. 6.12. Dado
e > 0, consideremos M tal que \ j | < M . Como ja! £ $R e ar £ SR,
0 Teor. 6.14 (6) mostra que existem 61 > 0 e ô 2 > 0 tais que

(30) | H ](U ) a' ( ti ) AX — / /«'] < «


í
132 -
INTEGRAL DE RIEMANN STIELTJE5 CAP 6 .

ee p( P ) < ô x e Xi~i < 4 < Xí ) e

2 a'(4) AX í ~ J a' \ < e


ee p [ P ) < ô 2 e x<_ i < 4 < s*. Variando 4 nesta última desigual -
dade, vemos que
(31) 23 la'(4) — oc'(sO f AX í < 2e
se ju(P) < ô2 e Xí-i < 4 < x,, x*-i < st- < x .
*

*
A seguir, consideremos P tal que fi( P ) < ô = min. (5i, 5í) e seja
-, .
U £ [ Xv i x% ] Pelo Teor. 5.10, existem pontos a, £ [x*-i, xj tais que
Ao» = a'($*) Ax . Então,
*
(32) Zm = ZM ct'(U ) A*, + Eí(4)[«,(s ) -«'« )] Ax,. . . •

Por (30) e (31), a diferença entre o primeiro membro de (32) e J Jaf


*

6 menor do que (2M + 1)6. Isto significa que

lim S( P , j , a) =
ní py-^o
o que completa a demonstração, pelo Teor. 6.14(a).
i: /(x) a'(x) dx,

INTEGRAÇÃO DE FUNÇÕES VETORIAIS

6.18. Definição* Sejam /l • • •!/* funções reais em [a, 6] e


f
— (
}

ji> • ••, /jfe) a correspondente aplicação de [a, 6] em 22* Se a


é monótona crescente em [o, 6], dizer que f £ $K (a) significa que
.

f da
..
/i £ $R(a) para j = 1, ., fc. Neste caso, definimos

/ = / ida, . . . , _/ /,*< ).
Em outros têrmos, y*f da é o ponto de 22* ciija j ésima coordenada é -
Sh àa.
Ê claro que os itens (a), (c) e (e ) do Teor. 6.10 são verdadeiros
para estas integrais vetoriais, pois basta aplicá los a cada coorde
nada. A mesma observação é válida para os Teors. 6.15, 6.16 e 6.17
- -.
Como ilustração, enunciamos o análogo do Teor. 6.16:
. .
6.19 Teorema Se f e F são aplicações de [a, 6] "em 22*, se
t G 92 em [o, 6] e se F' = f, então

£ S(t ) dt = F(&) - F(a).


FUNÇÕ ES DE VARIAÇÃO LIMITADA 133

O análogo do Teor. 6.12(fc) apresenta, no entanto, algumas no -


vas características, pelo menos em sua demonstração:
. .
6.20 Teorema Se í é uma aplicação de [a, 6] em Rk e set para al -
guma junção a monótona crescente em [a 6], f £ 8J(a), então|f| £ 9t (a)
}

(33) <
J\ \ l da .
Demonstração: Se /ii •••> jic são as componentes de /, então
(34) |f| - 05 + ... + S ./ *
Pelo Teor. 6.11, cada uma das funções jf pertence a 9?(oc); portanto
também sua soma. Como x1 é uma função contínua de xf o Teor.
4.17 mostra que a função raiz quadrada é contínua em [0, M ], para
.
cada real M Se aplicarmos mais uma vez o Teor. 6.11, resulta de
(34) que If| £ 9Í(a) .
Para demonstrar (33), consideremos y = (yh yh ), em que
Vi = fjj da .
Logo , y « fidxxa

\ y \* - -
E »5 E vsfiida = / ( E y,J,) da.
Pela desigualdade de Schwarz,

(36) .
T Vif Â0 < lyl |f(01 (a < t < 6);

portanto, decorre do Teor. 6.10(6) que

(36) |y|* < lyl / |f| d a.


Se y = 0, (33) é evidente Se y . ^ 0, dividindo ambos os mem-
bros de (36) por |y| obtemos (33).

FUNÇÕES DE VARIAÇÃO LIMITADA

Até aqui consideramos apenas integração relativamente a fun -


ções monótonas <x . Com efeito, a desigualdade Ao* > 0 era de
importância fundamental em tôdas as demonstrações envolvendo
L( P, j , a ) e (7(P, /, a). O alcance da teoria de integração desen -
volvida nas seções precedentes pode ser ampliado sem maiores difi
culdades, substituindo-se a classe das funções monótonas pela classe
-
134 -
INTEGRAL DE RIEMANN 5TIELTJES .
CAI» 4

de t ôdas as fun ções de variação limitada. Para evitar repeti ções,


definimos, desde já, esta classe para funções vetoriais.
6.21« Definição. Seja f uma aplicação de [a, 6] em Rk . Se
P = {x0, . . . , xn} é uma subdivisão de [a, 6], consideremos
*

Aii = f ( Xí ) - f(xí-i),
e

(37) F(f ; a, b ) = sup. Ê |Af,|,


*“ 1

sendo o sup. relativo a t ôdas as subdivisões de [a, b ].


Chamamos V ( í ; a , b ) variação total de f em [a, 6]; quando, pelo
contexto, o intervalo em questão está evidente, escrevemos abre-
viadamente F(f ).
Diz-sf que a função f é de variação limitada em [a, ò] se, e sò
mente se, F(f; a , 6) < + <» .
-
Muitas propriedades de funções vetoriais de variação limitada
podem ser reduzidas ao caso real:
. .
6.22 Teorema Seja f = ( jh . . . , / ) uma aplicação de [ a, b ]
*
em Rk . Então f ê de variação limitada em [a, 6] se, e sòmente se, cada
uma das junções /, é de variação limitada em [ a, 6]. Para 1 < j < k ,
temos

VUi) < F(f) < r t-


1
F(/r).

Demonstração: Qualquer que seja a subdivisão P = {xo, .. ., xn }


de [a, 6],

I/,(*) — < |f(x i) - f f r-OI < E \Jr( x< ) - M*M)|.


Somando estas desigualdades, em que i = 1,
r 1 -
e, em seguida,
considerando os supremos, demonstra-se o teorema.
.
6.23 Exemplos, (a) 3o j é monótona em [a, 6], ent ão / é
de variação limitada em [a, 6] e F(/) = |/(ò) /(a)|.
Q>) Se f existe e é limitada em [o, 6 ], então f é de variação li
— -
mitada. Realmente, se |f (x)| < M , temos, pelo Teor. 5.20,

»
Êl |f (xi) - f (xi- )| < Ê1 Mte - *i- ) = M (b
- l

qualquer que seja a subdivisão escolhida.


t
- i
— a) ,
FUNÇÕES DE VAJUAÇAO UMITADA >35

(c) / pode ser contí nua sem ser de variação limitada. Consi-
deremos

/(*) =
x sen —x
ir
(0 < x < 2),
0 (x = 0),
e a subdivisão constituída dos pontos

2 2 A A o
0, 2
2n - l ’ 2n - 3 ’ "
’ 5’ 3’ '

A soma correspondente que aparece em (37) é então

(2 + f ) + (í + Í) + . .. + V 2 - 3 n 2n
—i 1/ +
2 _ > l +~ + _
2n — 1 2 3 ^ +‘ Jn 1

a qual se pode tomar arbitràriamente grande desde que se admita n


suficientemente grande, pois £
n —
é divergente.


(d) Como |/(x) /(a)| < F(,/), para cada x em [a, ò], é claro
que tôda função de variação limitada é limitada.
Veremos (Teor. 6.27) que existe uma correlação entre fun ções
de variação limitada e funções monótonas. A soma ou o produto
de duas fun ções monótonas não é necessàriamente uma função mo-
nótona. Por exemplo, x e x2 são monótonas em [0, 1], mas x x 2 —

não o é; x é monótona em [ 1, 1], mas x2 não o é. Entretanto, a
classe das funções de variação limitada é fechada em relação às ope-
rações de adição e multiplicação:
.
6.24, Teorema Se j e g são junções complexas de variação li -
mitada em [a, 6], então j + g e jg são de variação limitada em [a, 6].
(A afirmação a respeito de / + g é també m verdadeira para
fun ções vetoriais e a demonstração é a mesma.)
Demonstração: Para uma subdivisão qualquer de [a, 6], temos

.
Z I Ni + A? l < Z I A/,| + Z l Aífcl < v( f ) + Via ).
Portanto, V ( j + g ) < V ( j) + V (g ) . A primeira parte do teorema
está, pois, demonstrada.
136 INTEGRAL DE R1EMANN STIELTJES - .
CAP 6

A seguir, consideremos A , B tais que |/(x)| < A , |^(x)| < B em


k bl Se A = fg ,
Aki = /te) AQi + g ( xi-O A/,-,
de modo que

S I Mí I < A 2 |Aff,| + 5 Z |A/ ! < AF(,) + 5Fy). .


Portanto, F(/y) < A 7( ) + 5F(/), o que demonstra a segunda parte.
^
Corolá rio. Se j e g são monótonas crescentes em [a, 6), então

/ g é de variação limitada em [a, b],
A recíproca dêste corolário é também verdadeira (ver Teor. 6.27).
.
6.25 Definição. Suponhamos f uma aplicação de [a, b) em
Rk, sendo f de variação limitada. Por definição
(38) vt( x ) = F(f ; a, x) (a < x < b).
Chamamos a função Vf de variação total de f; vt é òbviamente monó -
tona crescente em [a, b] e Vf( a) = 0.
.
6.26 Teorema. Suponhamos f uma aplicação de fo, b] em Rkf
sendo f de variação limitada.
(a) Se a < z < y < b, então

(39) P(f; <*, y) = F(f; a, x) + F(f; x, y).


(b) Se é, ademais, contí nua em [a, b], ve também o ê
t .
Demonstração: Se x ~ a ou y = zf (39) é evidente, pois

F(f; x, x) 0. Suponhamos a < x < y Dado e > 0, existe uma
,
subdivisão P { Zí } de [ a y] tal que
.

(40) vc( y ) — < è- — í -O <


t 1
|f(x<) f n | Vf .
íy )

-, -
Se x não é um dos x, acrescentamo lo a {x,} obtendo assim uma
nova subdivisão P para a qual (40) ainda é verdadeira. O segundo
membro de (39) é, então, o supremo de tôdas as somas que figuram
em (40). Portanto,

V (( y )
— < vfa) + 7(f; x, y ) < vt( y);
e como é arbitrário, (39) está demonstrado.
A seguir, suponhamos f contínua, a < y < b e
(41) V (( ; x , y ) > ô
FUNÇÕES DE VARIAÇ AO LIMITADA 137

para algum S > 0 fixo e para todo x £ [ a, y). (Disto resultará uma
contradição.) Fazendo x = a em (41), vemos que existe uma sub
divisão P { Xí } de [ a, y ] tal que
-
(42)
•- 1
.- .
£ |f(x ) ffr- ) I > 5 .

_
Note-se que x* = y, xn-i < y. Como f é contínua, existe um pon-
to ai satisfazendo x* i < ai < y e tal que a diferença entre
—. —
|f (y) f íxn-i)! e j f (ai) f (Xtt-i)| é tão pequena quanto se queira;
em particular, (42) se verifica se y f ôr substituído por ax nessas
condições
Em outros têrmos, provamos que existe a\ < y tal que
V ( { ; a, ai) > ô.
Prosseguindo, com ax em vez de a, e assim por diante, obtemos,
para todo N , números

a = oo < ai < < • • • < VN < y ,


tais que F(f;.Of -i, a<) > 5 (1 < i < N ). Mas dai resulta, por (39),
que V f ( y ) > N Ô para todo Nf o que é impossível.
Esta contradição mostra que
lim F(f; x, y ) - 0,

e, por (39), segue-se que V{ é contínua à esquerda em (a, b].


A continuidade à direita em [o, b) é demonstrada do mesmo
modo .
Nota: Êste teorema tem uma recíproca, enunciada no Exerc 6. .
6.27, Teorema. Se j é uma junção real de variação limitada em
[o, b] , existem junções monótonas crescentes p e q em [o, 6], com
p( a ) = q( a) = 0, tais que

(43) /(*) — /(a) = p( z ) ç( x ) — {a < x < b ) .


(44) v/ ( x ) = p( x ) + q( x )

Chamamos as funções p e q respectivamente variação positiva e


variação negativa de j; (43) exprime j como diferença de duas funções
monótonas.
Demonstração; Definimos p e q por
(45) 2p = «V + / — /(o), 2q = Vj — .
j + J ( p)
138 INTEGRAL DE RIEMANN
— STIELTJES .
CAP 6

É claro que p( a ) = q( á) = 0 e que (43) e (44) se verificam. Se

a x < y < 6,
(39) mostra’ que

——
(46)

2 p ( y ) 2p(x) = F( /; x, y) + [ ]( y ) j( x ) ] ,
2g(y) - 2g(x) = F(/; x, y) [/(y) — /(x)].

Como [/(y) /(x)| < V { j; x , y ) , resulta de (46) que p e q são am
bas crescentes.
-
. .
Corolário 1 Se, ademais, ] ê contínua em [a, 6], também o são
p e q.
O corolá rio é consequência do Teor. 6.26(ò) e de (45).
.
Corolário 2 Se f ê de variação limitada em [a, 6], então existe
f ( x + ) para a < x < b existe í ( x ) para a
9
das descontinuidades de í é no máximo enimerável.

< x < b e o conjunto
O corolário é consequência imediata do Teor. 6.22, da decom -
posição (43) e dos fatos análogos sôbre funções monótonas (Teors. 4.29
e 4.30).
É claro que a representação de uma função real de variação
limitada como diferença de duas funções monótonas n ão é única;
pois se adicionarmos a mesma função crescente a p e a q, obteremos

Entretanto, a decomposição (43) tem uma certa propriedade de mí


nimo que a distingue de tôdas as outras decomposições dêste tipo

duas funções crescentes pi e çi, tais que j( x ) /(a) = pi( x ) qi( x ).
— -
( ver Exerc. 10).

OUTROS TEOREMAS SÔBRE INTEGRAÇÃO

.
6.28. Definição Passamos agora a considerar integração rela -
tivamente a funções de variação limitada, em vez de sòmente fun
ções monótonas. Se a é uma função real de variação limitada em
-
finição natural é

[a, b ] e se a = /3 y, em que /3 e 7 são funções crescentes, uma de
-
(47) f j da = f j - f J d y,
desde que as duas integrais do segundo membro existam, no sentido
em que as definimos anteriormente.
OUTROS TEOREMAS SOBRE INTEGRAÇÃO 1 J9

Se CL — f3i — 71 é uma outra decomposição de a como diferença


de funções crescentes, então /3 + 71 = /?i + 7, e, portanto [ ver Teor.
6.10(6)]

(48)
/ J d f i + f J d y , = f jàf + f Jdry .
Isto mostra que f j d a, definida em (47), independe da parti-
cular decomposi ção de a escolhida, desde que j pertença a $R (/3), 5R (j3i ),
$R (7) e 5R (7 x).
Para evitar este inconveniente, nos limitaremos, no restante
dêste capítulo, a dois casos em que a existência das integrais em ques-
tão é garantida automàticamente:
(а) j contínua e a de variação limitada.
(б) j e a de variação limitada e a contínua .
No caso (a), recorremos ao Teor. 6.8. No caso (6), decompo-
mos a em uma diferença de funções monótonas continuas (o que pode
ser feito , pelo Teor. 6.27, Corol. 1), decompomos j em uma diferença
de funções monótonas e aplicamos o Teor. 6.9.
Observe-se , também, que nestes dois casos temos o Teor. 6.14 em sua
plenitude.
Podemos, agora, certamente, estender esta definição a funções
vetoriais f . Talvez seja, no entanto, mais interessante considerar
outra extensão que tem aplicações na teoria das funções analíticas ,
a saber, o caso em que ] e a são funções complexas em [a, 6],
Se j = ] i + i]2 , OL = ai + ia 2 , em que ]u ]%, au a 2 são funções
reais; e se (a) ou (ò) se verificam, definimos

(49) f jda =
J jida , - f j i d a t + i f j i da* + t f h da ,.
'

As quatro integrais do segundo membro de (49) foram definidas por


(47).
As propriedades aditivas usuais [Teor. 6.10(a), (c) , (e)] são f à-
cilmente verificadas neste caso . Consideremos, agora, o análogo do
Teor. 6.12(6) ( ver também o Teor. 6.20) para a complexa:
6.29. Teorema. Suponhamos ] e a junções complexas em [ a, b ]
satisjazendo as condições (a) ou (6) da Dej. 6.28. Seja v a junção va-
riação total de a em [ a, 6]. Então,

(50) f j da
. < f l/ l dv.
140 INTEGRAL DE RJEMANN
— ST 1 ELTJES CAP. 6

Corolá rio . 1/ j da \ < V (a ) asup . \ j( x ) [ .


$ x£ b

Demonstração: Se (a) se verifica, |/ j é contínua. Se (ò) se


verifica, v é contínua (Teor. 6.26) e, como / é de varia ção limitada,
também o é |/|. Portanto a segunda integral em (50) existe em
qualquer dos dois casos .
Para uma subdivisão qualquer P = { XQ , .. z n} de [a, ò], temos
(51) i Tm àn\ < j:\mi I **I < z \m \ ^
se x*- < U <
i para 1 < i < n. Quando p( P ) 0, a primeira
soma em (51 tende para Sj da e a última tende para S \i \ dt>, pelo
)

Teor. 6.14. Daí resulta (50).
6.30. Teorema. Suponhamos ] e a junções complexas de va
riação limitada em [a, ò] e j continua. Então
-
(52)
Ja f da = }(b) a( b )
— j{a) a( d)
—j *
a dj.

Observação: Por analogia com a f órmula de adição por partes,


-
(52) chama se J ârmula de integração por partes Ê muitas vêzes con . -
veniente poder transformar // da em Sa d/ .
Demonstração: Seja P{xo, ..
xn } uma subdivisão de [a, b].
,.
Tomemos ti . ., í» tais que < ti < s,, façamos <o = a, í»+i = b, *

e consideremos a subdivisão Qfto, .., £*1} de [a, ò]. Por adição .


por partes,

S( P , J , a) = Zl /(*») [<*(*<)
%
- — a(xí-i)]

= j(b )a(b )
— j( à)a{ à) — £- a(x,- ) [ /(* ) — KU- )J
» 1
i , < i

— — —
= /(b)a(b) /(a)a(o) 5(Q, a, /).

verifica.
-
pois U 1 < x<-i Se /x(P) * 0, então p.(Q ) > 0 e o Teor. 6.14

mostra que S( P,J , a ) * Sj da, S(Q , a, f ) a dj. Portanto (52) se

Observação: Se / é contínua e a é de variação limitada, então
// existe e a Fórm. (52) pode ser usada para dejinir Sa d/, mes
da -
mo que j não seja de variação limitada. Isto conduz a uma outra
extensão da integral de Stieltjes, que, no entanto, não desenvolve -
remos.
OUTROS TEOREMAS SOBRE 1NTEGRAÇ AO 141

Para os dois teoremas seguintes devemo-nos restringir a fun ções


reais, como fizemos com o teorema do valor médio do cálculo dife -
rencial.
6.31. Teorema (Primeiro Teorema do Valor Médio) . Se 1
é contí nua e real e a é monótona crescente em [a, b ] 9 então existe um
ponto x tal que a < x < 6, e

(53) jf ] da = j( x ) [a( b)
— a(a)].

Demonstração: Consideremos
M = 8up. /(i) j m = inf. /(0 (a < t < 6),
Logo,

m[ aQ> )
— «(a)] <
J
*

j da < M [ aQ>)
— .
a(a)]

Portanto existe um número X, m < X < M , tal que


J
^ J da =
Pelos Teora. 4.16 e 4.23, existe um ponto x em [a, 6] para o
qual j( x ) = X, e (53) está, assim, demonstrado.
Observação: Talvez não seja possível escolher x de modo que
a(a)].

.
a < x < b Por exemplo, se

(x = d),
a( x ) = ° ( a < x < b) ,
l *
e j f ôr contínua, temos

J í da = /(o) = j( a ) [<*(&) — a(a)] .


6.32. Teorema (Segundo Teorema do Valor Médio) Su
ponhamos j monótona e a real, contínua e de variação limitada em [ a, b]
. -.
Então existe um ponto x £ [a, b] tal que

J *
} da = /(a) [a(x) — a(a)J + j(b ) I x(b ) -a(x)].
142 INTEGRAL OE RIEMANN
— STIELTJES CAP. 6

Demonstração: Pelos Teors. 6.30 e 6.31,

J j da = /(6)a (ò)
— j( a )a( a ) — J a d/

= /(6)or(ò) — /(a)a (a) — a(x) [/(&) — /(a)]


para algum x £ [a, 6].
6.33. Teorema (Mudança de Variável) . Suponhamos j e <f>
contí nuas em [o, 6], <j> estritamente crescente em [a, b ] e seja \f/ a junção
inversa de <£. Então,

(54) jf / x ( ) dx =
0(6)
/( (2/)) #(y).
^
[Formalmente, obtém-se (54) escrevendo y = <£ (x), x = (t/).]
Demonstração: Dada uma subdivisão P qualquer, pelos pontos ^
a — Xo xi . ..
^ ^ xn — 5,
seja 2/i = 0(x,) (í = 0,
*

nida pelos pontos


n); consideremos subdivis a ão Q, defi -
<£ (<*) = < 2/ i < •. . < Vn-i yn =
Escrevendo g(y) = temos

(55) è /(*<) (x,- — - ) = Xí I g( y> ) [ P íVí )


' — ''/ ( yi-Ol

Devido à continuidade uniforme de <f> em [a, 6] (Teor. 4.19), se


— —
p( P ) > 0, então /A(Q) 0 Portanto, fazendo /z(P) > 0, os dois
-
membros de (55) tendem para os membros correspondentes de (54),

visto que g é contínua, e a demonstração está completa.

CURVAS RETIFICÁVEIS

Terminamos êste capítulo com um tópico de interêsse geomé


trico, ao qual se aplica parte da teoria precedente. O caso k = 2
-
(i.e., o caso das curvas planas) é de considerável importância no es
tudo das funções analíticas de uma variável complexa.
-
6.34. Definição . Chama-se curva em Rk uma aplicação con
tínua 7 de um intervalo [a, b] em Rk. Se 7 é biunívoca, diz-se que
-
7 é um arco. Se 7(0) = 7(6), mas 7 ) y( tj) para todos os de -
^
CURVAS RETIFICÁVEIS 142

-
mais pares de pontos distintos ti , ti em [a, 6], diz se que y é uma cur -
va simjples Jechada.
Deve-se observar que definimos curva como uma aplicação, n ão
como um conjunto de pontos. É claro que a cada curva em Rk cor-
responde um conjunto de pontos em Rk , a saber, o conjunto de va -
lôres de y , mas curvas diferentes podem ter o mesmo conjunto de
valôres.
Chamamos uma curva y retijicável se y é de variação limitada
e definimos o comprimento de y como sendo F(y ; a, 6) .
Para motivar esta definição, recordamos que F(y; a, ò) é o su -
premo de tôdas as somas

(56)

è
- i — 7( ^01 (a = xo < Xi < . . . < Xn = 6).

O i-ésimo têrmo nesta soma é a distância (em Rk ) entre os pontos


y (xí-i) e y ( xi ), e (56) é o comprimento de um polígono cujos vérti-
ces são os pontos y (zo), y(xi), . . ., y (z, )> nesta ordem. Â medida
i

que a amplitude máxima da subdivisão tende para zero, êstes polí


gonos aproximam-se cada vez mais do conjunto de valôres de y . Es-
-
tas observações, evidentemente, não têm por fim provar coisa alguma;
seu objetivo é tomar plausí vel nossa definição de comprimento.
Em certos casos, o comprimento de uma curva é dado por uma
integral de Riemann. Vamos demonstrar êste fato para curvas y
cuja derivada y' é contínua:
. .
6.35 Teorema Se y' é contí nua em [a, 6], então y i retijicável
e tem comprimento

£l 7'(0 l dt.

Demonstração: Temos que provar que SW \ = F(y).


Se P { xo, é uma subdivisão de [a, 6], os Teors. 6.19 e
6.20 mostram que

Z IT(A) -
J ( X í I )| = £ \£ _ yV ) dt \

< E IT'(0 I dt = Ja
de modo que F(y) < ,/* 17'! «
144 INTEGRAL DE RJEMANN

Dado > 0, como 7' é uniformemente contínua em [a, 6], existe


— STIELTJES CAP 6.

— —
8 > 0 tal que |7'(s) 7'(0| < c se \ s 1 \ < 8 . Seja P { x0 , .. . ,xn }
uma subdivisão de [a, b ] cuja amplitude máxima é menor do que 8.
Se £í-i < t < Xi, temos

|7'(0 I < + e>


de modo que

|7'(í)| dt — eAxi < |7'(ií)|Ax< =


u: lY ( t ) + y\xi ) — y' ( l ) ] dt

<

<
LC
l —
7 fo)
7'(0 dt | +

7 fo-i) | + eAxi.
[7'(Xí) — 7'(í)] dt

Somando estas desigualdades, em que i ~ 1, •« « , n, obtemos

Í
Ja
l 7'(0 l dt < iè1 l 7(*0
- — 7(x - )|+ 2e(b — o) < F(7; o, 6) + 2e(6— a).
# l

Sendo arbitrário, segue-se que f \ y 9 \ < V ( y ) o que completa a }

demonstração»

EXERCÍCIOS

.
1 Suponha a crescente em (a, 6], a XQ b, a contínua em
e /(x) =* 0 se x pí xo. Prove que / E 9?(a) e que // da = 0 .
xo, /(XO)~ = ~1

2 » Suponha / > 0, / contínua em [ a, 6]


.
para todo x E fa 6] (Compare êste com o Exerc. 1.)
eJ *
/(x) dx = 0. Prove que /(x)]« 0

3 Defina três funções Pi ,


# Pz como se segue: ft{x) - 0 se x < 0,
Pj( x ) * 1, se x > 0 para j *= 1, 2, 3; e ft(0) *= 0, ftíO) = 1, ft(0) *= J Seja .
/ uma fun ção limitada em [ 1, 1] — .
(o) Prove que / E JROW se, e sòmente se, /(0 f ) = /(0) e que, neste caso ,
-
f ] dpi — /(0).
(6) Enuncie e demonstre um resultado semelhante para
(c) Prove que j E se, e sòmente se, / é contínua em 0.
(d) Se / é contínua em 0, prove que

SWPi - // d& - // % - /(0 . < )

4 » Com a notaçáo do Exerc. 3, prove que E 9J(/3i) embora lim S( P, Pt, P0


n&o exista, quando y,( P ) * 0 — .
EXERC ÍCIOS 145

5 . Seja {xn} uma sucessão de pontos distintos em (0, 1), suponha Cn > 0,
2cn < o? e defina
03

a(x) = £ Cnpl ( x - Xn ),
1

em que tem o significado do Exerc. 3. Suponha / contínua em [0, 1] e prove


que
09
1
f
JO
/ da =
^x
cnj( zn]).

Sugestão: Seja ai(x) =


N

1
Cnj3i(x
— xn), otj * a
— .
«i .
Pelo Exerc 3,

Si dai —^ N
CjJixn ). Também |/*/ da% ] MV ( aj), em que M = sup. |/(<)| .
.
6 Suponha f uma aplicação de [a, b ] em Rk de variação limitada Prove , .
que é contínua em um ponto x £ [af ò] se, e sòmente se, f é contínua em x
vf .
.
7 Se /(x) = 0 para todo x irracional e /(x) = 1 para todo x racional, pro
, -
ve que / $ SR em [a, 6], quaisquer qile sejam a b ( a < 6).
8 . Mostre que

So x - *) i -
em que [x] é o maior inteiro que não excede x (ver definição no Exerc 2, Cap 4.)
»

. .
.
9 Determine as funções varia ção positiva, variação negativa e variação
total de
(o) /(x) = 3x2 - 2x* ( 2 x 2); -
(6) /(x) = [x] x -
(0 x 2) .
.
10 Suponha / uma função real de variação limitada em [a, 6], p e q as fun
ções variação positiva e variação negativa de /, pi e qi funções crescentes em [o, b]
-
— .
e / = pi çi Então V(p ) P(pi) e V (q ) V ( q{ ) em que V designa variação
total em [a, b] ,
}

.
11 Suponha g £ 9? em [a, b]t considere

/(x) = J[ * g( t ) dl ,
e defina g+( t ) = máx. (p(í), 0), g~(í)
—— .
mín ( g{t ) 0). Prove que / é de variação
limitada em [o, 6] e que as funções variação total, variação positiva e variação
negativa de / são
,

v( x ) = J fX
a
\ g{t )\ dl , p(x) = J fa g+( t ) dl, g( x ) = J fa* g-(t ) dt.
.
12 Suponha / de variação limitada em [0, 2TT] e /(2 JT) - = /(0). Prove
« que
nenhuma das integrais
/“ 2T
]{ x ) cós nx dx ,
Jo /(x) sennxdx
144 INTEGRAL DE RJEMANN STIELTJES GAP. 4

4 maior do que V ( f ) fn em valor absoluto. Sugestão: Justifique as seguintes


etapas:

n j( x ) cos nx dx
—J C 2TC
j( x ) d{ sen nz)
—— f 2ir
I sen nz d/(x).

13 . Sejam 71, 72, 73 curvas no plano complexo, definidas em [0, 2TT] por

7i(0 = 72(0 = e2it , 73(í) =* e2 -ií sen(l/í).


j

Mostre que estas três curvas têm o mesmo conjunto de valôres, que 71 e 72
são retificáveis, que o comprimento de 71 é 2TT, que o comprimento de 72 é 4TT
e que 73 náo é retificá vel.
.
14 Seja 71 uma curva em definida1 em [a, b ] ; seja <p uma aplicação
biunívoca, contínua de [c, d] sôbre [a, ò], tal que <p( c ) = a; e, por definição,
7i(s) ** 7iW>(s)). Prove que 7* é um arco, uma curva simples fechada, uma
curva retificá vel se, e sò mente se, o mesmo é válido para 71. Prove que 72 e 71
têm o mesmo comprimento.
.
15 Suponha a crescente em [a, 6], / e g complexas, ] £ JR (a), g £ 5R(«)
.
em [a, b ] Prove a desigualdade de Schwarz

Sugestão: Tome como modêlo a demonstração do Teor 1.62. .


tada .
Obtenha um resultado análogo, admitindo apenas que a é de variação limi -
16 . Se / £ 91 em [o, b] para todo ò > o, em que a é fixo, definimos

f
lim
va* « Ja
]( x ) dx,
]( x ) dx =* D
f
desde que o limite exista, quando então dizemos que a integral é convergente.
Prove o chamado “ teste da integrar* para convergência de séries: Se
0 e se / é monótona decrescente para x > 1, então

£ / (* ) dx
é convergente, se e sòmente se,
00

é oonvergente.
^ .
n

£ /(») 1

17 Suponha / e g contínuas em [o, b ] e a de variação limitada em [o, 6] .


Defina

= £/ da (a £ x b).
Prove que

f
Ja
9 df ) = f
Ja
gf da .
18. Se 7 é uma curva retificável no plano complexo, definida em [0, 1 ],
e se / é uma funçào complexa contínua no conjunto de valôres de y , defina
1

£ /(*) d z = jT /(7(0) d y ( f ).
Suponha 7(0) = A , 7(1) = B e prove que

(n + l ) f zn d z = Bn+ l — A 71+1 (n = 0, 1, 2, . . . ).

Sugestão: Considere o caso A — 0. O resultado é evidente para n = 0.


Admita que seja verdadeiro para algum n. Considere ] = yn, g — 7, a — 7 e
defina /3 como no Exerc. 17. Pela hipótese de induçáo,
(n + l )/5(x ) = 7(x)n+l.
Aplique o Exerc. 17 e integre por partes.
19. Considei*e

]{ x ) = sen (í2) dt.

(а) Prove que |/(x)| para x > 0. Sugestão: Considere í2 = u e


< 2/x
aplique o segundo teorema do valor médio.
(б) Determine os limites superior e inferior de x/(x ), quando x * <» , —
Sucessões e Séries de Funções
Capí tulo 7

Neste capítulo, limitamos nosso estudo a funções complexas


(o que naturalmente inclui fun ções reais), embora muitos dos teore-
mas e demonstrações a seguir se estendam, sem dificuldade, a fun-
ções vetoriais e mesmo a aplicações em espaços métricos gerais. Res-
tringimo-nos a esta situação simples a fim de concentrar nossa aten -
ção nos aspectos mais importantes dos problemas que surgem quando
ee permutam limites*

DISCUSSXO DO PROBLEMA PRINCIPAL

. . —
7.1 Definição Suponhamos {/n}, » 1, 2, 3, • • uma suees-
são de fun ções definidas em um conjunto E e tal que a sucessão de
números {/«(x)} convirja qualquer que seja Podemos, então,
definir uma função J por
d) j( x )-

lim jn( x ) , (x £E E )
n co
.
Nestas condições, dizemos que {Jn } converge em E e que J é o
limite ou a junção limite de {/n}. Anàlogamente, se 2 jn{ x ) converge
qualquer que seja x £ E, definimos

(2) m = t } ( x)
n 1
n (x E E);

a fun ção j é chamada soma da série 2/n *

O principal problema que se apresenta é verificar se são pre -


servadas propriedades importantes das funções quando se efetuam
.
os limites (1) e (2) Por exemplo, se as fun ções Jn são contínuas, de-
riváveis ou integráveis, o mesmo é verdadeiro para a função limite ?
Que rela ções existem entre fn e \
j e entre as integrais de /» e de j ?
DISCUSS ÃO DO PROBLEMA PRINCIPAL 149

Dizer que j é contí nua em x significa que


lim j( t ) = ]{ x ) .
í
— *x
Portanto, perguntar se o limite de uma sucessão de fun ções contí-
nuas é contí nua é o mesmo que perguntar se
(3)
t — —ordem — — os limites
lim lim jn(t ) lim lim
£ n **
— n * «* / *x

i.e., se é indiferente em que


a são calculados. No
primeiro membro de (3), fazemos n > 00 e depois t > x ; no segundo —

membro, primeiro t * x e, em seguida, n » <*> .
Vamos agora mostrar, por meio de vá rios exemplos, que a or-

dem dos limites não pode, em geral, ser permutada sem afetar o re-
sultado. Depois provaremos que, sob certas condições, é indife-
rente a ordem em que são calculados os limites.
Nosso primeiro exemplo, aliás o mais simples, trata de uma “ du-
pla sucessão” .
.
7.2 Exemplo . Para m = 1, 2, 3, .. •t n = 1, 2, 3, .. seja

$m,n
— m
m+ n
Então, para cada n fixo,
lim Sm.n = 1,
de modo que
m «

(4) lim lim «m,„ = 1 .
n
— — <*> tn > co

Por outro lado, para cada m fixo,

de modo que
n

lim Sm,n
®
= o,

.
(5)

.
7.3 Exemplo . Seja
m
lim
— a»

lim Srn,n = 0
n * 00

x2
h( x ) = ( x real, n ~ 0, 1, 2, . . .),
(1 + x 2 )n
e


CO
X1
(6) }( x) Z0
= nZ0U ( x ) = nwm (1 + X * )"
150 SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES CAP, 7

Como jn( G) = 0 , temos / (0) = 0. Para i O, a última série em (6) é


uma série geométrica convergente cuja soma é l + i2 (Teor. 3.26).
^
Portanto

(7) / (x) = { ;+ 1 X*
(x
(x
= 0),
* 0),
de modo que uma série convergente de funções contínuas pode ter
soma descontí nua.
.
7.4 Exemplo . Para m = 1, 2, 3, . . . seja
jm{ x ) = lim (cos m\ 7rx) 2n.
n
— oo

Quando m\x é inteiro , /m (x) = 1. Para todos os demais valôres de


x, /m (x) = 0. Seja
/(x) = mlim« /m(x).

Para x irracional, ]m( x ) = 0 qualquer que seja m ; portanto /(x) = 0.
Para x racional, digamos para x = p/ q em que p e q são inteiros, ve-
mos que m\x é inteiro se m > q de modo que /(x) = 1 Portanto .

-
)

(8)
m
— OD n

lim lim (cos mhrx)
«o í? (x irracional),
(x racional).
Obtemos assim uma função limite descontinua para todos os
valôres de x, que não é Riemann-integrável (Exerc. 7, Cap. 6).
7.5. Exemplo Seja .
sen nx
(9) /« (X) =
Vn
(x real, n = 1, 2, 3, . • •),
e
j( x ) = lim /„(x) = 0.
n
— o»

Logo /'(x) =0e


/ »(*) = Vn cos nx
de modo que {/„} não converge para Por exemplo,

/ n(0) = Vn ~> + ®

quando n
.
— >

7.6 Exemplo
® , enquanto /'(0)
. Seja
= 0.

(10) /n(x) = n2x( l — xJ)n (0 < x < l , n = 1, 2, 3, . . . )•


CONVERG Ê NCIA UNIFORME 151

Para 0 < x < 1, temos


lim ]n{ x ) = 0,
n — oo

pelo Teor. 3.20( d). Como /n (0) = 0, vemos que


(11) lim í n{ x ) = 0 (0 < x < 1).

n > co

Um cálculo simples mostra que

Portanto, apesar de (11)


/ —: x( l x 2)n dx = 2n
1
+2
í

X Jn( x) dx = 2n
ri2
+2 * -f - oo

quando n > — .
Se em (10) substituirmos ri1 por n, (11) continua válido, mas
teremos
í

.f
n 1

enquanto

lim
n > «o / 0
/n(x) dx = nlim
> 2n + 2 — oo 2

f
[ lim jn( x ) ] dx = 0.
J0 n >

Portanto, o limite da integral n ão é neces6à riamente igual à integral
do limite, mesmo que sejam ambos finitos.
Após êstes exemplos evidenciando a possibilidade de êiros quando
se permutam limites sem uma análise cuidadosa, definimos uma
nova modalidade de convergência, mais forte do que aquela intro-
duzida na Def . 7.1, que nos permitirá obter resultados positivos.

CONVERG ÊNCIA UNIFORME

.
7.7 Definição. Dizemos que uma sucessão de fun ções {/n},
n = 1, 2, 3, . * • i converge unijormemente em E para a função ] se
a cada 6 > 0 corresponde um inteiro N tal que, quando n > N ,
(12) IJn ( x ) - HZ ) \
qualquer que seja
É claro que t ôda sucessão uniformemente convergente é conver -
gente. Expllcitamente, a diferen ça entre os dois conceitos é a se -
guinte: Se {Jn} converge em E, existe uma fun ção / e , para cada
152 SUCESSÕ ES E SÉ RIES DE FUNÇÕES CAP. 7

c > 0 e cada x £ E , um inteiro N que depende de e e de x tais que


(12) se verifica para n > N ; se {/«} converge uniformemente em E ,
é possível, para cada e > 0, determinar um inteiro N que servirá
para todo i Ç Ê.
Dizemos que a série 2 jn{ x ) converge uniformemente em E se a
sucessão { sn } de somas parciais definidas por

iCi j ( x ) — *»(£)
converge uniformemente em E.
- %

O critério de Cauchy para convergência uniforme é o seguinte:


. .
7.8 Teorema A sucessão de junções {/n}, dejinidas em E ,
converge uniformemente em E se, e sòmente se a cada e > 0 corresponde ,
um inteiro N tal que para m > N , n > N , tem-se
(13)

!/»(*) U ( x ) \ < e.
Demonstração: Suponhamos que { jn} convirja uniformemente
.
em E e seja j a fun ção limite Existe, pois, um inteiro N tal que
,
para n > N x £ E tem se -
— j \ < -J. !/"(*) (x)
de modo que

se n
|/
> ,m

N
/ * ! < |jn — / | + \
,
n (x)

>N
» ()
x £ E.
(x ) (l) }( x )
— jm( x ) \ <

Reclprocamente, suponhamos que a condição de Cauchy se ve


,
rifique. Pelo Teor. 3.11, para cada x a sucessão { jn( x ) } converge
-
para uma fun ção limite, que chamaremos j{ x ) Assim, a sucessão .
{ jn } converge, em E , para j. Temos que provar que a convergên -
cia é uniforme.
Dado e > 0, consideremos N tal que (13) seja válido. Fixe-

mos n e façamos m » <» em (13). Como fm( x ) > j( x ) quando m » <» ,
segue-se que
— —
( 14) Unix ) - }{x) I < e
para todo n > N e todo x £ E , o que completa a demonstração.
O critério seguinte é às vêzes útil:
7.9 Teorema . Suponhamos

n

lhn jn( x ) = j{ x )
oo
( x G E)i
CONVERGÊ NCIA UNIFORME E CONTINUIDADE 153

Seja
Mn = SUp.
x E
|Jn{ x ) —J ( X )|.


Então Jn * f uniformemente em E se, e somente se, Mn > 0 quando
n CD

Como se trata de uma consequência imediata da Def. 7.7, omi
timos os detalhes da demonstração.
-
Para séries, há um teste muito útil de convergência uniforme
que é devido a Weierstrass:
. .
7.10 Teorema Suponhamos {Jn} uma sucessão de junções de -
finidas em E e tais que
|/«(*) | < Mn (x £ E, n = 1, 2, 3, . . .).
Então Zfn converge uniformemente em E se SMn converge.
-
Note se que a afirmação recíproca não foi enunciada (aliás, ela
não é verdadeira).
Demonstração: Se 2JAÍ„ é convergente, temos para e > 0 arbi
trário
-
I .£ /.(*) I < »
— »
i

desde que m e n sejam suficientemente grandes. A convergência


uniforme resulta, agora, do Teor. 7.8.
(z G E) ,

CONVERG ÊNCIA UNIFORME E CONTINUIDADE

. .
7.11 Teorema Suponhamos que }n ] uniformemente em um
conjunto E de um espaço métrico. Seja x um ponto de acumulação
de E e suponhamos que
= 1, 2, 3, . . . ).
(15)

lim fn(t )
t *x
Então { An } converge e
= An (n

(16)

Em outros têrmos, a conclusão é



lim }( t ) = lim An
í »z »« n
— -
Jn( í).
(17)
t
— —
lim lim jn( í ) = lim lim
z n » n

Demonstração: Dado t > 0, pela convergência uniforme de {/„}>


— — oo t z

existe N tal que para n > N , m > N , t Ç E ,


(18) \ Jn( 0 fm( t ) \ < e - .
>54 SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES .
CAP 7

Fazendo t — > x em (18) , obtemos


\ A n - A m\ <
para n > N , m > N , de modo que { An } é uma sucessão de Cauchy
e portanto converge, digamos, para A.
A seguir observemos que
(19)
Consideremos n tal que
.
1/(0 - A I < 1/(0 -/„(01 + |/ (0 - A„| + \ An - A \ .

(20) 1 /(0 - /«(0 ! < j


para todo t £ E (o que é possí vel pela convergência uniforme) e de
modo que

(21) \ A n - A\ < - j -
Para êste n, seja V uma vizinhança de x tal que se t £ V ,

(22) \m - A n\ < j -
Substituindo as desigualdades (20), (21), (22) em (19), vemos que

\m - A \ < ,
desde que o que é equivalente a (16) .
.
7.12, Teorema S e {/„} é u m a sucessão de junções contínuas

em E e se jn > j unijormemente em E , então j ê contí nua em E ,
Êste resultado muito importante é um corolá rio imediato do
Teor. 7.11.
A recíproca não é verdadeira; isto é, uma sucessão de funções
contínuas pode convergir para uma função contínua, embora a con-
.
vergência não seja uniforme. O Ex 7.6 ilustra esta possibilidade
(o que se vê aplicando o Teor. 7.9). Mas há um caso em que po
demos afirmar a recíproca:
-
. . .
7.13 Teorema Seja E compacto Seja { jn } uma sucessão de
junções contí nuas em E que converge para uma junção contí nua ] em
E , Se jn( x) > jn+i( x ), para n = 1, 2, 3, ... e para cada x £ E, en
tão jn * j unijormemente em E . -
nua, gn 0 e gn > gn . Temos que —provar que gn 0 uniforme
Demonstração: Seja gn( x ) = jn( x ) /(a:). Portanto gn é contí
-
mente em E.
+l
— -
CONVERGÊNCIA UNIFORME E INTEGRAÇÃO 155

Dado 6 > 0, para cada existe um inteiro nx tal que

o < gnx { x ) <


Como {gn } é uma sucessão monótona de fun ções contí nuas, existe
um conjunto aberto J ( x ) contendo x, tal que
(23) 0 < gn( t ) < e
se t £ J ( x ) e n > TI*.
Sendo E compacto, existe um conjunto finito de pontos xif . . . , Xm
tal que
(24) E C J ( xi) U •• U «/(^m).
Se
N = máx. (tixV 7i*2, . . i 7i*J, *

resulta de (23) e (24) que


0 < Çn(t ) e
,
para todo t £ E desde que n > AT, o que demonstra a uniformidade
da convergência .
Observemos que a compacidade é realmente necessá ria. Por
exemplo, se
1
(25) ]n( x ) = nx + 1 (0 < x < 1, n = 1, 2, 3, .. .),

então jn( x ) 0 monòtonamente em (0, 1), mas a convergência não
é uniforme.

CONVERG ÊNCIA UNIFORME E INTEGRAÇÃO

. .
7.14 Teorema Seja a monótona crescente em [ a, 6]. Suponha-
mos que /n £ SR (a) em [a, b ] para n = 1, 2, 3, .. . e que ]n > f uni-
formemente em [a, b]. Então j £ SK (a) em [a, 6] e

(26)

(
i: —
A existência do limite em 26
/ da = n*»« r
^/ a
/n da.
( ) é parte da conclusão.)
Demonstração: É suficiente demonstrar a afirma ção para jn
real. Dado e > 0, consideremos rj > 0 tal que
(27) rj [ a( b )

Sendo a convergência uniforme, existe um inteiro n tal que


— a(a)] < —
(28)

l /n(x) j( x ) \ < 7] (a < x < 6).
156 SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES .
CAP 7

Para este n fixo, consideremos uma subdivisão P de [ a, 6] tal que


(29) U { PJn, a ) - L( P , jn, a ) < j
o que é possível pelo Teor. 6.6.
De /(x) < jn( x ) + 7] resulta, por (27),

(30) U ( PJ , a ) < U ( P ,U , a ) + j ,

( 31)

enquanto de j( z ) > }n( x ) ij decorre

L( P , jn, a ) - -
P , j, a )
Combinando (
^
29), 30 e 3Í j, obtemos
( ) (
J

(32) U ( P , Jya ) — L( P , J , a ) < e,


que prova que / £ 9? (a) em [a, 6] (pelo Teor. 6.6).
Para demonstrar (26) consideremos N tal que se n > Nt
i m -m \< (a < x < b ) .
Logo, para n > N ,

£
f n da

Sendo c arbitrário, segue-se (26).


Corolá rio. Se jn £ 9!(a) em [a, 6] e se
{j -lrò dc
^ K \ ] -U \ det <

< [a(b) a (a)].

}{ x ) = è Jn( x)
n 1
(a < x < 6),
sendo a série unijormemente convergente em [a, 6], então

/ — £- / Jn ] da
n 1 •/ a
da .
Em outras palavras, a série pode ser integrada termo a termo.
Se estudarmos sucessões de integrais da forma

/: JdQn (n
— 1, 2, 3, ...)

em que ] é contínua e gn de variação limitada em [a, b] vemos que f


*

a hipótese de {gn} convergir uniformemente para <7 não é suficien -


temente forte para garantir que

— f
lim
n +W J «
fdgn =
f
*/«
} dg .
CONVERG Ê NCIA UNIFORME E INTEGRAÇÃO 157

.
7.15 Exemplo. Consideremos
sen nx
(33) 9n( x ) = (0 < x < 2TT, n = 1, 2, 3, . ..),
y/ n
e

(34) m °x (0 < x < 2T).


Pelo Teor. 7.10, a sé
-rie em cos)
m 1 tn Á

(34 converge uniformemente, de modo


que j é contínua em [0, 2TT]. Também ffn » 0 uniformemente em
[0, 2TT]. Temos:

/ dffn = /ff » dx = v" 7. /
/(x) cos nx dx.
Seja n = p 6, em que p é um inteiro positivo. A série (34) com to
dos os seus têrmos multiplicados por cos n x , é ainda uniformemente '
-
convergente, de modo que podemos integrá-la têrmo a têrmo. Como

cos nx cos mx dx =0
sempre que n e m são dois inteiros positivos distintos, obtemos

/
y n
./
de modo que, para n
Io
/ (x) cos n x d x = p* /

= p6,
J o
1
pz cos2 p x dx - p?r,
f 2r

— 6

/ dffn = T

2 9r
Assim, os números I / dff* constituem uma sucessão ilimitada
embora ff » — 0 uniformemente
> .
Enunciamos a seguir, um resultado positivo nesta direção.
,
. .
7.16 Teorema Seja {ff »} uma sucessão de junções de variação
limitada em [a, b ] tais que gn( a ) = 0 e suponhamos que exista uma jun
ção g tal que
-
(35) lim V (g ffn) = 0
n
— &

e ff (a) = 0. Então, para cada j continua em [a, 6], temos

(36)
n
lim
— ,/ a
f ] dgn — %
r
/ ®
f dg .
Também, gn -^ g uniformemente em [a, 6].
158 SUCESSÕES E . SÉRIES DE FUNÇÕES CAP 7 .
Aqui, V , como é usual, designa a variação total em [a, b ] .
Demonstração: Sendo
V {g ) < V ( gn) + V ( g - gn )
(Teor. 6.24) , g é de variação limitada em [a, ò], de modo que tôdas
as integrais em (36) existem. Suponhamos |/(x) j < M em [a, 6].
Então

I
e (36) resulta de (35) .
/<
^ n «
1/ j d (g — gn) < 3Í F(
^ — g*)>

Como
kto — 0»(x) | < V (g — gn) {a < x < b),
g n -+ g uniformemente .
Observemos que a hipótese gn( a) = g( a ) = 0 foi feita apenas por
uma questão de conveniência. A adição de uma constante Cn a gn
não altera as integrais, e mostra-se fàcilmente , como acima, que da
convergência de (<7n(x)} em um ponto x de [a, ò] resulta sua conver-
gência uniforme.
Para resultados adicionais a êstes, ver os Exercs. 9 e 10.

CONVERG ÊNCIA UNIFORME E DERIVAÇÍO

Já vimos, no Ex. 7.5, que a convergência uniforme de {/„} nada


nos permite concluir sôbre a sucessão {/«} . São, pois, necessárias
hipóteses mais fortes para que se possa afirmar que / /' se /»» >7. * — —
7.17 . Teorema. Seja {/„} uma sucessão de junções deriváveis
em [a, 6] e tais que { jn( xo)} seja convergente em algum ponto x0 de [a, 6].
Se { jn } converge unijormemente em [a, b ] , então {/„} converge unijor-
memente em [a, ò] para uma junção j e
(37)

Demonstração: Seja e
—>
j x ) = lim jnix )
\ n oo
*
(a < x < b).
0. Consideremos N tal que se n > N*
m > Nf então

(38) |/n(xo) — jm( xo)| <


e
^
(39) l /n(0 -/«(01 < 2(6 — a)
(a < t < b ).
CONVERG ÊNCIA UNIFORME £. PERIYAÇAQ 15?

Se aplicarmos o teorema do valor médio 5.20 à fun ção ]n — jmi


(39) mostra que

(40) —
\ Jn( x ) Jm( x ) -/»(0 + /*(01 < 2(6 —, d) ~
2
quaisquer que sejam x e t em [a, 6], se n > N m > N . Da desi -
gualdade
l /n(x) |
resulta, por (38) e (
< —
| jn( x )
40),
Jm x — / x
que
( ) n ( 0) + Jm( x0 )| + |/»(Xo) — jm( xo) |

—}
\ Jn( x ) U ( x )\ < (a < x < 6,
n > N 9 m N),
de modo que {/n converge uniformemente em [a, 6]. Seja
]{ x ) = lim jnix ) (a < x < b) .
Vamos, agora, fixar um ponto x em [a, 6] e definir
(41) 0»(O — }n( t ) jnix )
0(0 = t — X
- m m
t X —
para a < t < b , t j* x . Então,
(42) lim 0«(O = /n'(x) (n = 1, 2, 3, . ..).
X

A primeira desigualdade em (40) mostra que


e
> N, m > N)
|0»(O ~ 0m(O| < 2(6
de modo que { <f>n } converge uniformemente, se t
— a)
(n y

Como {/„}
converge para /, concluímos de (41) que
4
^ x.
(«) 0„(O = 0(0n

lim
w

sendo a convergência uniforme, para a < í < 6, í x.


Se aplicarmos agora o Teor. 7.11 a (0n}; (42) e (43) mostram
que
lim 0(0 = lim /»'(x);

esta é a afirmação (37), pela definição de </>(0.


n
— 00

Observação: Se, além das hipóteses acima, admitirmos que as


funções }n são contínuas, podemos dar uma demonstração muito
maia simples de (37), baseada no Teor. 7.14 e no teorema funda-
*

mental do cálculo.
. .
7.18 Teorema Existe uma Junção real contínua na reta que
não é derivável em nenhum ponto.
160 SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES .
CAP 7

Demonstração: Vamos definir


(0 < x < 1),
(44) <p( x ) =

e estender a definição de 4>( x) a todo x real, pondo
x (1 < x < 2)

<f>( x + 2) =
Assim, <{> é contínua em R' . Consideremos

(45) m = E (T)"0(4^).
n « O

Como 0 < <P < 1, o Teor. 7.10 mostra que a série (45) con-
verge uniformemente em R\ de modo que j é contínua em Rl pelo }

Teor. 7.12.
Fixemos, agora, um n úmero real x e um inteiro positivo m.
Existe um inteiro k tal que
(46) k < 4ms < k + 1.
Seja
(47) «m
- 4 mfc

fim
e consideremos os n úmeros 4n/3m e 4na«, Se n > m, sua diferença
- ~
4- (fc + 1),

é um inteiro par: se n = m, êles sâo inteiros e sua diferen ça é 1; se


n < m, náo há nenhum inteiro entre êles. Portanto

(48)

Por (45) e (48)


10(4
^ m) - 0(4"am)| = <° se n
se n
> m,
< m.


/(/Sm) - /(«») = nE0(T)n[0(4n|8m) - >(4nam)];


^
concluímos que
m

> (Ir - E (T)n4n-" > (£)” ,
O n ««
1.

>
OU

Kfim) K&m ) > i- . d»


(49) Q
fim — Um 2 *

Como ocm < x < fim e fim — am 0 quando m ~> 00 (49) mostra
que j não é derivável em xf pelo Teor. 5.19.
FAMÍLIAS EQUlCONT Í NUAS DE FUNÇÕES 161

FAM ÍLIAS EQUICONTÍNUAS DE FUNÇÕES

No Teor. 3.6, vimos que t ôda sucessão limitada de n úmeros


complexos contém uma subsucessão convergente; levanta-se, agora,
uma questão, saber se algo semelhante ocorre com sucessões de fun-
ções. Para tomar a pergunta precisa, daremos duas defini ções.
7.19. Definição. Seja {Jn} uma sucessão de fun ções definidas
em um conjunto E.
Dizemos que {/«} é limitada em E se, para cada x £ E , a suces-
são { jn( x)} é limitada, isto é, se existe uma função com valôres fi -
nitos, <t> , definida em E tal que
\U ( x ) \ < 4>( x) { x ÇzE n, — 1, 2, 3, . . . ).
Dizemos que { jn } é unijormemente limitada em E se existe um
n úmero M tal que
\U ( X ) \ < M {x E E, n = 1, 2, 3, . . .).
Se { jn } é limitada em E e se Ex é um subconjunto enumerável
de E é sempre possível determinar uma subsucessão {/nJ tal que
}

.
{ jnk ( x)} converge em todo x E Ei Isto pode ser feito pelo processo
diagonal usado na demonstração do Teor. 7.23.
Entretanto, mesmo que {/»} seja uma sucessão uniformemente
limitada de funções contínuas em um conjunto compacto E , não
existe necessàriamente uma subsucessão que seja convergente em E.
No exemplo dado abaixo, seria muito trabalhoso demonstrar esta
afirmação com os meios de que dispomos até agora, mas a demons-
tração é bastante simples se apelarmos para um teorema do Cap. 10.
.
7,20 Exemplo. Seja

jn( x ) = sen nx (0 < x < 2ir, n = 1, 2, 3, «

Suponhamos que exista uma sucessão {n&} tal que {sen n*x} seja
convergente em todo x E [0, 2TT]. Neste caso, devemos ter


lim (sen n&x
k « — sen n*+ix) =0 (0 < x < 2T );
portanto
(50) lim (sen n*x
— sen n +ix)2 = 0
^
Pelo Teorema de Lebesgue sôbre integração de sucessões limitadas
(0 < x < 2TT).

.
convergentes (Teor 10.32), de (50) resulta
162 SUCESSÕ ES E S É RIES DE FUNÇÕ ES .
CAP 7

(51) lim

Jc » ® i:
Porém um cálculo simples mostra que
(sen rikX — sen n
^ x)
1
dx = 0.

(sen UkX — sen n^+ ix) 2 dz = 2T ,

em contradição com (51).


Outra quest ão é saber se t ôda sucessão convergente contém uma
subsucessão uniformemente convergente. Nosso próximo exemplo
mostrará que n ão necessàriamente, mesmo que a sucessão seja uni-
formemente limitada em um conjunto compacto. (O Ex. 7.6 mostra
que uma sucessão de funções limitadas pode convergir sem ser uni-
formemente limitada ; mas é fácil ver que se uma sucessão de funções
limitadas é uniformemente convergente, então ela é uniformemente
limitada.)
.
7.21 Exemplo . Seja
x2
í n(x) = (0 < x < 1, n = 1, 2, 3, .. .)•
z 5
+ (1 — nxY
Logo \ ] ÁX ) I L de modo que {/„} é uniformemente limitada em
[0, 1], Ademaia
lim }„( x ) = 0 (0 < x < 1),
porém
n — «>

u = 1 (n — 1, 2, 3, . ..),
-

de modo que nenhuma subsucessão pode convergir uniformemente


em [0, 1].
Toma-se, agora, necessário o conceito de eqiiicontinuidade que
definiremos a seguir.
. .
7.22 Definição Diz-se que uma família 5 de funções /, defi-
nidas em um conjunto E de um espa ço métrico X , é equicontínua
em E se para cada > 0 existe 5 > 0 tal que
!/(*) — J ( y ) \ < «
sempre que d ( x , y ) < 5 , x G E , y G E e JG $ Aqui, d designa a
métrica de X .
É claro que tôda fun ção de uma família equicontínua é unifor-
memente contínua.
A sucessão do Ex. 7.21 não é equicontínua.
FAMÍLIAS EOUlCONTÍNUAS DE FUNÇÕES 1 3
*
Há uma correlação entre equicontinuidade, de um lado, e con-
vergência uniforme de fun ções contínuas, de outro:
. .
7,23 Teorema Seja K um conjunto compacto , (a) Se { jn }
é uma sucessão unijormemente convergente de junções contí nuas em K ,
então { jn } é equicontinua em K .
(ò) Se { jn } é limitada e equicontinua em K , então { jn } contém
uma subsucessão unijormemente convergente e {/„} è unijormemente
limitada em K .
Demonstração: Seja > 0. Com as hipóteses de (a), existe
um inteiro N e 5 > 0 tais que

(52) !/»(*) -M \ < f ,


(* G K n > N)
e

(53) —
\Mx ) Mv) I < Y [l i N ; d( x, y ) < & ).

Em (53) aplicamos a propriedade de serem as funções contínuas uni-


formemente contínuas em conjuntos compactos. Se x £ K , y £ K ,
y ) < 5 e n > N , temos

— —
!/»(*) Jn( y ) I < \U ( x) JN ( x ) I + — Mv ) I + \Í N{y ) —h ( y )|<

o que, juntamente com (53), demonstra (o).


Admitiremos, a seguir, que as hipóteses de (6) sejam verdadeiras.
Consideremos um subconjunto enumerável E dc K tal que E
seja denso em K isto é, K é a aderência de E.
}

Para demonstrar a existência de um tal conjunto E, procedemos


como se segue: Seja J { x, r ) o conjunto de todos os pontos y & K
.
tais que d(x, y ) < r Para cada r > 0 fixo, resulta da compacidade
de K que K pode ser coberto por um número finito de conjuntos
abertos J ( xl 9 r ), . . ., J ( xm, r ). Fazendo r = 1, y, j, . . ., obtemos
uma base enumerável para K. Se considerarmos um ponto [de K
em cada elemento desta base enumerável, o conjunto enumerável
resultante é denso em K.
Sejam {x,}, 1, 2, 3, .. . , os pontos de E, dispostos em su -
cessão.
Como {/nfri)} é limitada, existe uma subsucessão, que designa-
remos por { j ic } , tal que {/ (xi)} converge quando k » «> .
^ ^ —
164 SUCESSÕ ES E SÉRIES DE FUNÇÕ ES CAP. 7

, ,
Consideremos, agora, as sucessões Si S 2 S 3, * • • > que podemos
dispor como se segue,
Jhi Jx* UA * * ‘

Sil j2»i /2,2 i%t JX í ***

S% * jxi Jx % Jxi JX í

e que têm as seguintes propriedades:


Sn é uma subsucessão de Sn-u para n = 2, 3, 4, • • 1
(a) -

(b) {f n,f c(x n)} converge, quando fc « (sendo {/n} ilimitada,
é possível escolher Sn dêste modo);
(c) a ordem em que as funções aparecem é a mesma em cada
sucessão; isto é, se uma função precede outra em S 1 elas conservam }

a mesma relação em cada Sn, até que uma das duas seja abando
nada, Portanto quando, no quadro acima, descemos de uma linha
-
para a seguinte, as funções podem ser deslocadas para a esquerda,
mas nunca para a direita.
Consideremos, agora, a diagonal do quadro acima; i.e., a su-
cessão
(54) S: Jxi Jxi /M • •
jxi *

Por (c), a sucessão S (excetuando-se, talvez, seus n 1 primeiros


têrmos) é uma subsucessão de Sn, para « = 1, 2, 3, • • Portanto —.
de (6) resulta que (/n,n(xf)} converge quando n * em cada x< £ E.
Dado > 0, como {/n} é equicontínua, existe 5 > 0 tal que se
— ®
*

d(s, y ) < ô, então

—,
\J «( x ) J »(y)\ < j (n *= 1, 2, 3, . . . ).
Consideremos J ( x ô ) com o significado que lhe foi atribuído
no início desta demonstração .
Sendo E denso em K e K compacto, existe um número finito
de pontos xu . . xv em E tais que
K C /(si, ô ) U • • U J ( xP, 5). «

Seja N escolhido de modo que

para n > Nt m>N


—.
1/n,n(%i ) -
j < j j- (i = 1, • •• , P)
TEOREMA DE STONE WEIERSTRASS - 165

-
Segue se que, qualquer que seja £ (E K existe um ponto x%, com
)

1 i Vi tal que x £ 5); portanto, se n > N , m > N , temos


\ jn,n( x ) | < | jn,n( x ) jn,n{ Xi )| 4 \ }n,n(%i ) jn,m{ Xi )|
" “

+|
Assim {/„,*} converge uniformemente em K
— jmtm( x )\ <
—. —
+ + — = .

Para provar que {/„} é uniformemente limitada em K, definimos


(55) <f>( x ) = sup.|/„(x)| (n = 1, 2, 3, . . . ).
Dado e > 0, consideremos 5 > 0 tal que se d( xt y ) < 5, então
l /n(s) — Jn( y ) I < (n = 1, 2, 3, . .
Se fixarmos dois pontos x e y da desigualdade
}

\Jn( y ) I < |/n(x)| +


resulta
(56) 00/) < 4> { z ) +
enquanto de
\ jn( x ) \ < |/»(y)| +
resulta
(57) <Ê(x) < <t>( y ) + c.
Por (56) e (57),
10fo) 0(*)| —
desde que d(z, y) < 5, de modo que 0 é contínua em K . Como K é
compacto, $ é limitada e segue-se a conclusão.

-
TEOREMA DE STONE WEIERSTRASS

.
7.24, Teorema Se j é uma junção complexa contínua em [o, b],
existe uma sucessão de polinómios Pn tais que
lim Pn( x ) = j( x )
«
n —
sendo a convergência unijorme em [a, b]. Se j é real os Pn serão reais , .
Esta é a forma em que o teorema foi originàriamente apresen-
tado por Weierstrass.
Demonstração: Podemos admitir, sem perda de generalidade,
que [a, b] = [0, 1], Supomos, também, /(0) = /(1) = 0. Uma vez
demonstrado o teorema, neste caso, consideremos
, —
£ (*) = / to /(o) x[/(i) - — ] (9 < X m
i).
166 SUCESSÕES _ £ SÉRIES DE PUNÇÕES .
CAP 7

Temos <7(0 ) = <7 (1) = 0. Se <7 pode ser escrito como limite de uma
sucessão uniformemente convergente de polinómios, é claro que 0
mesmo se aplica a /, visto que ] — g é um polin ómio.
Ademais, definimos j( x ) como igual a zero para x não perten
cente a [0, 1]. Assim j é uniformemente contínua em toda a reta.
-
Consideremos
(5$) Qn( x ) = C„( l — X 2)" (n — 1, 2, 3, . . .) >

em que cn é escolhido de modo que

(59)
/: Qn( x ) dx = 1 (71

Precisamos de alguma informação sôbre a ordem de grandeza


— 1, 2, 3, . . .).

de Cn. Sendo

i: (1 - x )" dx =
!

'1 (1 - x1)ndx 2
X — ' / V n (1 xs)n dx

resulta de (59) que


>2
ir — (1 nx 2 ) dx =
3 vn
> ~ j=-,
Vn

(60) Cn < vV
— —
A desigualdade (1 x 2)n > 1 nx 2 y que usamos acima, é f ácil
mente verificada considerando-se a função
-
(1 — —derivada+ nxpositiva
x 2) n 1 2

que se anula em x = 0 e cuja é em (0, 1).


Para qualquer 5 > 0, resulta de (60)
(61) Qn( x ) < Vn (1 - 52)n (S < l *| < D,
de modo que Q n
A seguir, seja
— >0 uniformemente em 8 < |x| < 1.

(62) Pn( x ) =
/; J (x + 0 Qn( t ) dt (0 < X < 1).
Nossas hipóteses sobre / mostram, por uma simples mudança de va
riável, que
-
Pn (x) = r Kx + o Qn( t ) dt =
e a última integral é ò bviamente um polin ómio em x Portanto
J / (0 Qn( t — x) dí,

.
{P„} é uma sucessão de polin ómios, que são reais, se é real.
/
TEOREMA DE STONE WEIERSTRASS - 167

Dado e > 0, consideremos 5 > 0 tal que se \ y — x \ < 5,


Itty ) — / ( ) I <
* Y
.
Seja M = sup. |/(x)| Resulta de (59), (61) e do fato de ser
Qn( x ) > 0, que, para 0 < x < 1,

|J°n(r)
— í( x) \ =ix:U + (x 0— ] ] t dt
( x ) Qn( )

< /: +
- |/(x í)— /x| t( ) Qn( ) dt

< 2M
x: t + jf_
Qn( ) dt t Qn( ) dt + 2 M
£ Qn( t ) dt

< 4ilf y / n (1 — 5s)n + -Ji- <


^
para todo n suficientemente grande, o que demonstra o teorema.
e

É instrutivo esboçar os gráficos de Qn, para alguns poucos va-


lôres de n ) note-se que necessitamos da continuidade uniforme de /
para deduzir a convergência uniforme de {Pn}.
.
Na demonstração do Teor 7.30 não necessitaremos do Teor. 7.24
em sua plenitude, mas apenas do seguinte caso especial, que enun-
ciamos como um corolário.
7.25« Corolário. Para cada intervalo [ a, a], existe uma su
cessão de polinómios reais Pn tais que Pn{0) = 0 e
— -
n *«

lim Pn(x) = |x|
sendo a convergência uniforme em [
.
—, , a a].
Demonstração: Pelo Teor 7.24 existe uma sucessão {PJ} de
polinómios reais que converge para |x| uniformemente em [ «, a ].

Em particular, Pj(0) » 0 quando n * —
Os polinómios .

Pn(x) = P*n(x) - PS(0) (n = 1, 2, 3, . . . )
têm as propriedades desejadas.
Vamos a seguir destacar as propriedades dos polinómios das
quais decorre o Teorema de Weierstrass.
7.26. Definição. Diz-se que uma família 2t de funçCcs com-
plexas definidas em um conjunto E é uma álgebra se (i) / + g £ 51
(ii ) ]g £ 21 e (m) çf £ 21, quaisquer que sejam / £ 21, g £ 21 e c, oons-
168 SUCESSÕ ES E SÉRIES DE FUN ÇÕES CAP< 7

taate complexa, isto é, se 21 é fechada em relação à adição, multi -


plicação e multiplicação por um escalar. Teremos, também, que
considerar á lgebras de funções reais; neste caso, requer-se que (Ui) se
verifique apenas para c real.

jn
Quando é válida a propriedade
*/ —
uniformemente em E > ent ão / G 21

se /« G 21 ( n = 1, 2, 3, . . ) e
— diz-se que 21 é uniforme
.
-
mente fechada.
Seja 33 o conjunto de tôdas as fun ções que são limites de su-
cess es uniformemente convergentes de elementos de
õ 3. 93 é cha-
mado aderência uniforme de 3 .
Por exemplo, o conjunto de todos os polinómios é uma álgebra,
e o Teorema de Weierstrass pode ser enunciado dizendo-se que o con -
junto das fun ções contínuas em [a, b ] é a aderência uniforme do con -
junto dos polinómios em [a, b],
. .
7.27 Teorema Seja 93 a aderência uniforme de uma álgebra,
.
3 de funções limitadas Então 93 é uma álgebra uniformemente fe -
chada .
Demonstração: Se ,/ £ 93 e £ G 93, existem sucessões unifor -
memente convergentes {/»}, { gn} tais que /» -> /, Qn -* Q e /# G 8,
Ç n G 3. Como se trata de funções limitadas, é f ácil mostrar que

Jn + Çn *j+g , jngn -* fg ,

em que c é qualquer constante, sendo a convergência uniforme em


cada caso.
Logo ] + g G 93, jg G 93 e qf G 93, de modo que 93 é uma ál -
gebra.
Seja {/»} uma sucessão uniformemente convergente de elementos
de 93. Existem funções gn G 3 tais que

l/"O0 — g*( x ) | <


Se —
Jn * J uniformemente é claro que temos também gn -+ f unifor
memente, de modo que / G 93 e 93 é uniformemente fechada.
-
. .
7.28 Definição Seja 3 uma família de funções em um con -
.
junto E Diz-se que 3 separa pontos em E se a cada par de pon
tos distintos xi, xt G E corresponde uma função J G 3 tal que
-
/(*l) *)•
TEOREMA DG STONE-WE1ERSTRASS
^ 69
^ 0,
Se a cada x £ E corresponde uma função g £ 21 tal que g( x )
dizemos que 3 não se anula em nenhum ponto de E .
A álgebra de todos os polin ómios em uma variável tem òbvia-
mente estas propriedades em R . Um exemplo de uma álgebra que
1

não separa pontos é o conjunto de todos os polinómios pares, diga-


— —
mos em [ 1, 1], pois /( x) = /(x) para tôda função par /.
O teorema seguinte ilustrará ainda mais êstes conceitos .
7.29 . Teorema. Suponhamos 21 uma álgebra de junções em um
conjunto E que separa pontos em E e que não se anula em nenhum
ponto de E , Sejam X 2 pontos distintos de E e Ci, c 2 constantes ( reais,
.
se 21 ê uma álgebra real) Ent ão , 21 contém uma junção j tal que
j( xx ) = Ci, j( X 2 ) = C 2.

Demonstração: As hipóteses mostram que 21 contém funções g


e h tais que g ( x0 g( x 2 ) e h( xi) 0. Seja
^ ^
u - g +\ht
em que X é uma constante escolhida do seguinte modo: Se g ( xx )

X s= 0; se g( xx ) 0, então g( xj) 0 e existe X 0 tal que ^ 0,
^ ^
X[A(zi) — h( x 2 )\ T* g ( xj
Logo u £ 21 e nossa escolha de X mostra que u( xx )
.
u(xj), u( xi ) 0.
Se
a = u*( xi ) —w (xi)w(x 2),
eegue-se que a 9* 0; e se

então ji £ 21, /i(x,)


j1

= 1, /i(x 2)
— ^= .—

ar u1
0
u( xj)u] ,

Anàlogamente, existe f 2 £ 21 com / 2(x0 = 0, j 2( xj - 1 À fun . -


ção j = C1/1 + czj 2 tem as propriedades desejadas.
Temos, agora, todos os elementos necessários para a generali
zação de Stone do Teorema de Weierstrass:
-
7.30. Teorema. Seja 3 uma álgebra de junções reais contí nuas
em um conjunto K . Se 3 separa pontos em E e não se anula em ne
nhum ponto de K , então a aderência uniforme 8 de 3 é constituída
-
de tôdas as junções reais contí nuas em K .
Dividiremos a demonstração em quatro etapas.
Etapa 1. Se j £ 8, então |/ J £ 8.
Demonstração : Seja
(63) = sup. |/ (x) I
o (x 6 K ).
Dado > 0, pelo Corol . 7.25 existem n ú meros reais cu . . c n tais
que

(64) IZ c«2/' — kl I < e ( — a < y < o).

Como 93 é uma álgebra, a fun ção

-
i 1

pertence a 93. Por (63) e (64), temos

Ifffr) — |/(x)| I < í (x £ K) .


Sendo 93 uniformemente fechada, segue-se que |/| £ 93.
Etapa 2. Se ] £ 93 e <7 £ 93, eníõo máx.(/, 0) £ 93 e mín.( , )
/ 0 £ 93.
Por máx.y, <7), designamos a função h definida por

( ) se / (x) > ?(x),


A(x) = /(*
{ x)S se /(x) < é?(X),
e a função mín.(/, <7) é definida anàlogamente.
Demonstração: A etapa 2 resulta da etapa 1 e das identidades

= / +2 + l/-2 |’
g g
máx.(/, 5)

ín ,(J , g ) = f +g I/ — g \
“ 2 2 '

Êste resultado pode, evidentemente, ser estendido a qualquer con


,
junto finito de fun ções: Se jr . . . , /„£ 33, então máx. j, . ., „)
-
í/ . / £ 33
e mín.(/!, . . ., /„) £ 33.
Etapa 3. Dados uma junção real j, contí nua em K , um ponto
,
x Çz K e e > 0, existe uma junção gx £ 33 tal que gx( x )
= /(x) e
(65) gÁt ) > J (t )
* (te K ). -
Demonstração : Como 21 C 33 e 21 satisfaz as hipóteses do Teor.
7.29, também 33 as satisfaz. Portanto, para todo y K , podemos
£
determinar uma fun ção hv £ 33 tal que
(66)
k (x) = /(x), hx( y ) = /(y).
Pela continuidade de hy, existe um conjunto aberto Jyi conten -
do y, tal que
(67) hyii ) —
> /(0 « itejy ).
Como tf é compacto , existe um conjunto finito de pontos yu . . . , yn
tais que
(68) tf C /y, U . . . U JVn.
Seja
Çx — max. (Ay „ « . A y*).
Pela etapa 2, G 93 e as relações (66) a (68) mostram que g* tem
as demais propriedades desejadas.
Etapa 4. Dados uma junção real j, contínua em K e e > 0 ,
existe uma junção h £ 3) tal que
(69) -
\ h( z ) j( x) \ < e (x £ í) .
Como 93 é uniformemente fechada, esta afirmação é equiva-
lente à conclusão do teorema.
Demonstração: Consideremos, para cada x G tf , as funções gx
introduzidas na etapa 3. Pela continuidade de gx, existem conjun -
tos abertos VX contendo x, tais que
}

(70) < /(0 + « ( t e vx ) .


ç*(0
Como tf é compacto, existe um conjunto finito de pontos
« . . , xm tais que

(71) Í C 7t l U • •• O
Seja
h = mín. (gX í i .• » *

Pela etapa 2, A £ 93 e de (65) resulta


(72) MO > /(© — (t eKi
enquanto de (70) e (71) resulta
(73) MO < j( t ) + « (t G tf ) .
Finalmente, (69) decorre de (72) e (73).
O Teor. 7.30 não é verdadeiro para álgebras complexas. Um
contra-exemplo é dado no Exerc. 21. Entretanto, a conclusão do
teorema será verdadeira, até mesmo para álgebras complexas, se
impusermos uma condição adicional a 31, a saber, que 31 seja auto
adjunta. Isto significa que, para cada / G 31, a fun ção complexa
-
conjugada j deve, também, pertencer a SI; / é definida por / (x) = j ( x).
172 SUCESSÕ ES E SÉ RIES DE FUNÇÕ ES .
CAP 7

7.31. Teorema . Suponhamos 21 uma álgebra aulo-adjunta de


junções complexas contí nuas em um conjunto compacto K 21 sepa- }

rando pontos em K e não se anulando em nenhum ponto de K . Então


a aderê ncia unijorme 95 de 21 é constituída de tódas as junções com-
plexas contí nuas em K .
Demonstração : Seja 21* o conjunto de tôdas as funções reais
em K que pertencem a 2Í .
Se j E 21 e j = u + iv , com u, v reais, então 2u = j + j e como
21 é auto-adjunta, vemos que u E 21*. Se xx 9* x 2 , existe j E 21 tal
que ] {xO = 1, j ( x 2 ) ~ 0; logo 0 = u( x 2) u( x1) = 1 , o que mostra
^
que 2Í* separa pontos em K . Se x E K , então g ( x ) 0 para al-
gum g Çj. 21 e existe um número complexo X tal que \g( x ) > 0 ; se
j= j - u + iv, segue-se que u( x ) > 0; logo 21* não se anula
em nenhum ponto de K .
Assim 21* satisfaz as hipóteses do Teor. 7.30. Segue-se que
tôda função real contínua em K pertence à aderência uniforme de
21* e, portanto, pertence a 95. Se / é uma função complexa con-
tínua em If, j = u + iv então
} vE logo / E 33. A de-
monstração está feita.

7.32. Observações. Designaremos por 6(K) o conjunto de tô-


das as funções reais contínuas no espaço compacto K e definiremos
a norma de qualquer j E 6(10 por
(74) 11/| I = sup. \ }( x ) I .
X çK

Pelo Teor. 4.15, 1 |/ || < «> para tôda j E 6(10* Ê óbvio que
11/ 11 = 0 sòmente se j( x ) = 0 para todo [ x E K , isto é, se j = 0,
e não é difícil verificar que

II/ + 0 II < 11/ 11 + \ \ g \ \ U , g e m.


Portanto, se definirmos a distância entre j e g como sendo 11/ g 11 »
são satisfeitos os axiomas 2.17 de uma métrica . Assim tomamos

6(10 um espaço métrico.
Em têrmos desta métrica, podemos, agora, definir conjuntos
abertos, conjuntos fechados, pontos de acumulação, sucessões con-
vergentes etc., em G(K).
A métrica de 6(10 é tal que uma sucessão { / n} converge para /
em 6(10 se, e sòmente se, {/»} converge para j uniformemente em
K ) {/*} é uma sucessão de Cauchy em 6(10 se, e sòmente se, {/*}
EXERC ÍCIOS m

converge uniformemente em K . Portanto, resulta do Teor. 7.12


que £(i£) é um espa ço mé trico completo.
Os subconjuntos jechados de (E(/£) são precisamente aquêles
que chamamos unijormemente Jechados na Def . 7.26.
Todo subconjunto compacto de S(i£) é uma família de funções
uniformemente limitada, eqiiicontí nua. Reciprocamente, a aderên-
cia de tôda família de fun ções em (S(K) uniformemente limitada,
eqiiicontínua, é um subconjunto compacto de S(/£). Esta é essen-
cialmente uma reformulação do Teor. 7.23.
O Teorema de Stone-Weierstrass (7.30) pode ser enunciado da
seguinte forma: Se % é uma subálgebra de E(i£) que separa pontos
em K e que não se anula em nenhum ponto de K, então 21 é densa em

Tôdas estas observa ções se aplicam igualmente bem ao espaço


das funções complexas contínuas em K, desde que se acrescente às
hipóteses do Teorema de Stone-Weierstrass a de ser a álgebra auto -
adjunta .
EXERCÍCIOS

1. Prove que tôda sucessão uuiformemente convergente de funções [limi-


tadas é uniformemente limitada.
2. Se {/„} e lff„) convergem uniformemente em E, prove que { Jn + Çn )
converge uniformemente em E. Se, ademais, { /„) e {gn} são sucessões de fun-
ções limitadas, prove que { /«0« ) converge uniformemente em E .
3* Dafina suce33Õe3 {/«}, { Ç n } uniformemente convergentes em E, tais
que { Jnjjn } não seja uniformemente convergente em E (naturalmente { fn9n } deve
convergir em E ).
4• Considere

/<«> - ZTHK
— n
- I
1

Para que valôre3 de x esta série é absolutamente convergente ? Em que


intervalos é uniformemente convergente ? Em que intervalos não é uniforme-
mente convergente ? / é contínua nos pontos em que a série converge ? / é li-
mitada ?
5. Seja

/»(*) =
y
\ DCU • (\ -1 < x < })
n+1“

<: )
174 SUCESSÕES E SERIES DE FUNÇÕES .
CAP 7


Mostre que { / } converge para uma fun ção cont ínua, mas que a convergên -
da .
nao 6 uniforme Considere a sé rie 2/ n para mostrar que convergência uni -
forme não é consequ ência de convergência absoluta , mesmo que esta se verifique
para todo x.
6. Prove que a série
CD

+*
n
E (- D,
1
712
converge uniformemente em todo intervalo limitado, mas não converge absolu
tamente em nenhum x.
-
7. Para n = 1, 2, 3, .. x real, seja
x
/»<*) = 1 - nx2
f
Mostre que {/nl converge uniformemente para uma'função / e que a equação
/'(x) lim j'n( x )
é verdadeira se x 5* 0, porém é falsa se x = 0.
-— n

.
8 Se

prove que a série


m j;
( x < 0),
( x > 0), -
ae {xnl é uma sucessão de pontos distintos de (a, 6) e se 2|cn| é convergente,
00

/(*) = 53 CnKx - Xn)


n »1
(d < X < b)
converge uniformemente, que } é contínua em todo x
limitada. ^ xne que / é de varia ção
.
9 Seja {ffn} uma sucessão de funções de varia ção limitada em [a, ò] com
a seguinte propriedade: Para cada e > 0 existe N tal que se n > N , m > N ,

então V {gn gm ) < c. Prove que existe uma função g, de variação limitada

. — —
em [ a 6], tal que V ( gn g ) + Q quando n — <® .
10 Seja / contínua em [a, 6] e seja |ffn} uma sucessão para a qual se tem:
(a) V ( gn ) < M
(b) lim gn( x ) = g( x )
-
n »®

( n 1» 2, 3,
(a S x < 6).
.. .);
Prove que
-
/ 6 AÒ

J dg.
nlim jf Jdgn =
Note que estas hipóteses são mais fracas do que as do Teor. 7.16. Sugestão:
.
Prove que V {g ) < Af Para qualquer subdivisão P : a - xo < x\ < • • < xm = 6,
temos
m I pxi

m
} dgn <
t
E
= \ Jxi-
1 / l
[/(*) - /(*»)] dg{ x )

+ E1 l/(* )l Iffta) - - 9n( xÒ + gnfri-x )|


»
- i •

.
[/(* ) - /(*)! < ?»(*)
*
EXERC ÍCIOS 175

A primeira e a terceira somas no segundo membro podem se tornar arbitrà - -


riamente pequenas, supondo-se fi( P ) suficientemente pequena e usando a con -
tinuidade de /. Mintendo P fixa, a segunda soma tende para zero quando n 00 .

.
11 Se / é contínua em [0, 1] e se

J( x )xn dx -0 (n = 0, 1, 2, ...),
entào /(x) 0 em [0, 1]. Sugestão: A integral do produto de / por qual
-
quer polinómio é zero. Empregue o Teorema de Weierstrass para mostrar que
-
J /* *( ) dx = 0.
0
12.
(75)
Se /(x)
— *
- x \ e g( x ) = x - x2, então
ndx =0 (n = 0, 1, 2, ...).
Para que funções g resulta de (75) que /(x) =* 0 para todo x em [0, 1] (supon
do / contínua ) ?
-
13. Suponha que ( /n} e ( tf *} são definidas em 5 e que
(a) 2 /n tem somas parciais uniformemente limitadas;
-
( b ) gn > 0 uniformemente em E ;
( c ) gi( x ) > g2( x ) gz( x ) > ••• para todo x £ E Então 2/n0n converge .
.
uniformemente em E Sugestão: Compare com o Teor. 3.42.
.
14 Seja {/n} uma sucessão uniformemente limitada de funções Riemann -
integráveis em [a, 6] e

Fn{ x ) =
Prove que edste uma subsucessão
£ ut ) dt ( a < x < 6) .
que converge uniformemente em
[a, 6J.
.
15 Seja {/n} uma sucessão de funções contínuas que converge uniforme -
mente para uma função / em um conjunto E. Prove que
lim /n(xn) = /(x) ]
n —
qualquer que seja a sucessão de pontos xnG E tais que xn~^ x, [sendo x £ E.
A recí proca é verdadeira ?
.
16 Designando por (x) a parte fracionária do nú mero real x (ver definição
.
no Exerc 2, Cap. 4), considere a função
a>

m = n£ » 1
(x real).

Determine tôdas as descontinuidades de / e mostre que elas constituem um


conjunto enumerável denso. Mostre que, entretanto, / é Riemann integrável -
em todo intervalo limitado .
.
17 Suponha ( /n ) uma sucessão de funções mon ó tonas em [a, b ] que con -
verge para uma função contínua / em [a, b]. Prove que a convergência é 'uni -
forme em [a, ò j.
.
18 Suponha {/n} uma sucessão de funções eqõicontfnua em jum conjunto
.
compacto K , que converge em K Prove que {/„} converge uniformemente em K .
176 SUCESSÕ ES E SÉRIES DE PUNÇÕES .
CAP 7

.
19 Prove as afirmações feitas a respeito de (£(2T) DA Seç. 7.32 .
.
20 Defina convergência uniforme e equicontinuidade para aplicações em
um espaço métrico qualquer. Mostre que os Teors 7.9 e 7.12 são válidos para .
aplica ções em qualquer espa ço métrico, que os Teors. 7.8 e 7.11 são válidos para
aplicações em qualquer espa ço métrico completo e que os Teors. 7.10, 7.14, 7.17
e 7.23 são verdadeiros para funções com valôres vetoriais, isto é, para aplicações
em qualquer Rk.
.
21 Seja K a circunferência unitária no plano complexo (i.e., o conjunto

de todos os z tais que \ z\ 1) e seja 3 a álgebra de tôdas as funções da forma


N
K** ) = £0 cne^e
n
(6 real) .

--
Entãc 3 separa pontos em K e SI não se anula em nenhum ponto de K ; en
tretanto existem funções continuas em K que não pertencem à aderência unifor
me de 3. Sugestão: Para cada ] G 3,

/02 / *V
X
(
' 9 dO
= 0,
sendo o mesmo também verdadeiro para tôda / da aderência de 3.
.
0 < x < 1,

22 Suponha <f> uma função real contínua e limitada na faixa definida por
«o < y < ®. Prove que o problema com valor inira*!

y'
-
v ), iKO) “ e
tem uma solução. (Note que as hipóteses dêste teorema de existência são me
nos restritivas do que as do teorema de unicidade correspondente; ver o Exerc.
-
.
17, *Cap. 5) Sugestão: Fixe n. Para i = 0, • • •, n, seja x, = i/n Seja /„ .
uma função contínua em [0, 1] tal que /n(0) =» c,

e considere
K -
® <K*í, MX í )) se X, < t < Xífi, -
exceto nos pontos x, em que
*
-
An(0 .tfO - W, /«(<)),
An(Q *=* 0. Então,
/»(*) = c +
.
f Z

0
,
[ <Kt U 0 ) + A»(01 di
Empregue ò fTeor 7.23 para provar que uma subsucessão de {/n} converge
-
uniformemente em [0, 1] para um* função ] que satisfaz a equação integral
,

/(*) - * + f * KU(t )) dt
< (0 < * .< !) .
Esta / é uma solução do problema dado.
.
23 Prove um teorema de existência análogo para o problema com valor ini -
cial
f =
* y), y(0) = c,
em que e G Rk , y G Rk e < j> é mm aplicação contínua e limitada do subconjunto
de Rk+1 definido por 0 < x < 1, y G Rk , em Rk , (Compare com o Exerc. 18,
.
Cap. 5 ) Sugestão: Use a versão vetorial do Teor 7.23 . .
Outros Tópicos da Teoria das Séries
Capí tulo 8

SÉRIES DE POTÊNCIAS

Nesta seção demonstraremos algumas propriedades das fun -


ções que são representadas por séries de potências, i. e., funções da
forma

(D

ou, mais geralmente,


í (x) = n 0

2 CnZ"

(2) /(x) = è

n 0
Cr,(x

São as chamadas funções analíticas.


— <*)\

limitar-nos-emos a valôres reais de x. Em vez de círculos de


convergência (iver Teor. 3.39), teremos, portanto, intervalos de con -
vergência.

Se (1) converge em todo x de ( R, R ), para algum R > 0
(22 pode ser + oo ) dizemos que / foi desenvolvida em série de po
f -
tências em t ômo do ponto x = 0. Anàlogamente, se (2) converge

em \ x a| < R, dizemos que / foi desenvolvida em série de po
tências em tômo do ponto x = a. Por uma questão de conveniên
-
-
cia, suporemos frequentemente a = 0, sem nenhuma perda de ge
neralidade.
-
. .
8.1 Teorema Suponhamos a série

(3)

ê Cn*
n 0
n
i /a OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉRIES .
CAP 8

convergente para \ x \ < R; seja

(4) j( x ) = 2- CnXn
n= 0
( 1* 1 < R ).

seja
Então (3) converge unijonnemente em [ R + , R ~ «], qualquer que
.
> 0 escolhido A junção J é contínua e derivável em ( R) e
— •


(5) f (x)

Demonstração: Dado > 0, para |x| < í


n 1

f

- 2 WCnX” " 1 (|x| < ff ).

— , temos
|CnXn| < |Cn( R n
) (J
sendo
2c*(ff - é)n
absolutamente convergente, (tôda série de potências converge abso
lutamente no interior de seu intervalo de convergência, pelo teste
-
da raiz), o Teor. 7.10 mostra que (3) é uniformemente convergente

em [ R + , R e\
——
Como \/ n 1 quando n « , temos
.
limsup \/ njcnj . = limsup. s/ \ cn \ ,
— mesmo intervalo de conver
'

-
n +® n > <»

de modo que as séries (4) e (5) têm o


gência .
-
A série em (5), sendo de potências, converge uniformemente em
— —
[ R + e, R c], qualquer que seja > 0, e podemos aplicar o
Teor. 7.17 (para séries em vez de sucessões). Segue-se que (5) é
verdadeiro se \ x \ < R . —
Dado, porém, qualquer x tal que \ x \ < ff , podemos determinar

|*| < ff . —
> 0 de modo que |x| < R e, o que prova que (5) é válido para

A continuidade de ] resulta da existência de /'(Teor 5.2) . .


Corolário. Com as hipóteses do Teor. 8.1, j tem derivadas de
tôdas as ordens em (• ff , í —
f ), que são dadas por

(6)

Em particular ,
{k
] \x ) = £ n( n — 1) •• (n
— k + l)cnXB-fc.

(7) fk )(Q ) = k !ck (fc = 0, 1, 2, . . . )•


(0)
[Aqui / significa /, e J (k )
é a fc-ésiina derivada de }, para
k = 1, 2, 3, .. . ].
SÉ RIES DE POTÊNCIAS 479

Demonstração: (6) resulta da aplicação do Teor. 8.1 sucessiva-


mente a —
. . . . Fazendo x 0 em (6), obtemos (7).
A Fórm, (7) é muito interessante. Por um lado, ela mostra que
os coeficientes do desenvolvimento de / em série de potências são
determinados pelos valores de / e de suas derivadas em um único
ponto. Por outro lado, dados os coeficientes, os valôres das deri -
vadas de / no centro do intervalo de convergência são obtidos ime-
diatamente da série de potências.
Note-se, entretanto, " que embora uma função j possa ter deriva-
das de tôdas as ordens, a série cnxnJ em que c* se calcula por (7),
^
não converge necessàriamente para j( x ) , qualquer que seja x 0.
Neste caso, j não pode ser desenvolvida em série de potências em
tômo de x = 0. Pois se /(x) = Sanaf1, deveríamos ter
n\an = jM (0);
logo dn
— Cn Um exemplo dêste caso será dado no Exerc. 1
-
Se a rie (3) converge em uma extremidade, digamos em x = R ,

.

então / é contínua não sòmente em ( /?, fi), mas também em x = R
Isto resulta do Teorema de Abel (para simplificar a notação, faze
mos R = 1):
.
-
. .
8.2 Teorema Suponhamos 2Cn convergente. Seja

J ( x ) = nÊ0 CnX? »
(— 1 < X < 1).
Então,
(8) lim ]{ x )
i-*i = nè0 c».
»

Demonstração: Seja sn = co -f . . . + c„, s i = 0. Então, -


m 1


-
tn tn

£ CnXn = n
n 0
- 0
(S n ~

^
Sn- X* = (1 — ) X)
X
n 0
$nX” + $«Xm.
Para |x [ < 1, deixamos m
— ® e obtemos

<9) m = a - x ) í- n 0
S„xn.

sn.
Suponhamos
se n > N ,
5 = lim
n H)
— Dado > 0, consideremos N tal que

|s - S n| <
J.
180 OUTROS T ÓPICOS DA TEORIA DAS SÉ RIES CAP. 8

Então, como

(1 - *) £ X”
n «* O
=1 ( 1* 1 < 1) .
obtemos de (9)

\J( x ) — sI = (1
— x) £ (s„
n 0
- — s )xn <

< (1 — z)
n 0

Z |Sn — «I Mn + - f - «


se x > 1 6, para algum ô > 0 convenientemente escolhido, donde
resulta (8).
Como aplicação, vamos demonstrar o Teor. 3.51, que afirma:
Se 2on, 2òn, 2c„ convergem para A, B , C e se Cn ao6„ + • •• + Onòo,
então C = AB Sejam .
j( x )
fi


= 530 Of#n, g( x ) = 20 &***>
para 0 < x < 1. Se x < 1, estas séries convergem absolutamente e
podem, portanto, ser multiplicadas de acôrdo com a Def. 3.48; uma
n «*
6(x) *=
n

530 ^X* , 1

vez efetuada a multiplicação, vemos que

(10) ]{ x ) • g( x ) = h( x ) (0 < x < 1).


Pelo Teor. 8.2,

(11) m -* A, -
g( x ) > B, h( x ) -> C

quando x -> 1. Das Eqs. (10) e (11) resulta que AB = C .


Precisamos agora de um teorema sôbre inversão de ordem.
. .
8.3 Teorema Dada uma dupla sucessão {a»/}, i = 1, 2, 3, .. • r
j = 1, 2, 3, ..., suponhamos que

(12)
J
Z Kl
- l
= &Í (*
- 1, 2, 3, . . . )

e que 26» convirja. Então,


to a>
(13)
i* l i 1
-
Z E Oij = i231 «231 Oí -
-- J
S É RIES DE POTÊNCIAS 181

Demonstração: Poderíamos demonstrar (13) por um processo di-


reto, semelhante (embora mais complicado) àquele usado no Teor.
3.56. Entretanto, o seguinte método parece mais interessante.
Seja E um conjunto enumerável, constitu ído dos pontos xo, zly

z2y ..., e suponhamos que xn xo quando n co , Definiremos —
(14) M*o) = 7X 0.7 ( i = 1, 2, 3, . . .),
=1
n
(15) = X 0,7 (i n , 1, 2, 3, .. .),
7= 1

(16) g( x ) = X1 m <* e
-
(14) e (15), juntamente com (12 ), mostram que cada J % é con-
tínua em xo. Como |/(x»)| < 6» para z G E , (16) converge unifor-
memente, de modo que g é contínua em xo (Teor. 7.11). Segue-se
que

2i yHi a*y = 2 ji( xo ) = g(xo) = nlim g( xn)


t
- - t
- i

— X } ( xn) = lim
= nlim
*03 — X Xà
i

— l
i
n
—- — t 1 j 1
ij

——
n «p co co

= lim y£ £ «tf = yE È * O
-
n + °° 1 t 1 i »»i

.
8.4 Teorema . Suponhamos

J(x ) =

sendo a série convergente em \ x \ < R. Se


n 0

R < a < Ry então j pode


ser desenvolvida em uma série de potências em tômo do ponto x = a,

X CnX",



que converge em \ x a| < R |a|, e

(17) ]{ x )
< n ) (a)
-^ .
= «Xo / n! (x
— a) n (|x
— a| < R
— |o|).

Esta é uma extensão do Teor. 5.15 e é també m conhecida como


Teorema de Taylor.
Demonstração: Temos
«2 OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉ RIES .
CAP S

jix ) =

=
n

230 c„[(x —
23 Cn 53=
a) + a]n

-
a" "(x — a )m
n «=> 0 m 0

E
m =» 0
cnan —]iri
(x - a )m.

Esta é a expansão desejada em tômo do ponto x — a. Para provar


sua veracidade, temos que justificar a mudança feita na ordem das
parcelas. O Teor. 8.3 mostra que isto é possível se

(18) EE
——
[» 0 m 0

converge. Mas (18) é o mesmo que


Cn —
an m(x — à)m

(19) È
- » l I * — <* l + M )
n 0
|c ( • n


e (19) converge se \ x a| +. Ia | < R.
Finalmente, a forma dos coeficientes em (17) resulta de (7).
Deve ser observado que (17) pode convergir, efetivamente, em
um intervalo maior do que o dado por \ x a \ < R \ a \
Se 'duas séries de potências convergem para a mesma função
— — .

em ( 22, R ) , (7) mostra que as duas séries devem ser idênticas, i.e.,
elas devem ter os mesmos coeficientes. É interessante notar que a
mesma conclusão pode ser deduzida de hipóteses muito mais fracas:
8.5. Teorema. Suponhamos que as séries e 26„xn sejam
— —
convergentes no intervalo aberto S ( 22, 22). Seja E o conjunto de
todos os xGS nos quais
ao
(20) 23 <JnZn = n23= 6nX".
n ** 0 ® 0

Se E tem um ponto de acumulação em 5, então an = para


n = 0, 1, 2, . . . . Portanto (20) se verijica para todo i £ S.
Demonstração: Seja Cn an ò„ e — —
(21) f(x) = 23 ( x E S ).
n «= 0

Então j( x ) = 0 em E.
AS FUNÇÕES EXPONENCIAL t LUVIMIU I miwi uy

Seja A o conjunto de todos os pontos de acumulação de E em S


e , B constituí do de todos os demais pontos de S . Está claro, pela
}

defini ção de “ ponto de acumulação” , que B é aberto. Suponhamos


que se possa provar que A é aberto. Por hipótese , A não é vazio.
Ademais , S = A U B , A n B = 0 e S ê conexo (Teor. 2.47). Pela
Def . 2.45, segue-se que B deve ser vazio, logo A = S . Como j é
contínua em S , A C E . Portanto, E = S e ( 7) mostra que C n = 0
para n = 0, 1, 2, . . . , que é a conclusão desejada.
Temos , pois, que provar que A é aberto. Se x0 £ A o Teor- }

8.4 mostra que

(22) J ( x ) = nE
—0
íí, (l - Xo )” (| x — Xo | < R — | Xo | ) .
Afirmamos que dn = 0 para todo n. Em caso contrário, seja k
o menor inteiro não negativo tal que 9* 0. Então

(23) }( x ) = (x — xo )kg( x ) (|x — xo| < R — |xo |),


em que

(24) ff (z) = tnX)0 dfc+m(z —


»
Xo )
m
.
Como g é contínua em xo e g ( xo) = dfc 5^ 0, existe 5 > 0 tal
que <7(x) 0 se |x — xo | < 5. Resulta de (23) que ] { x )
* se
0 < \ x — x o | < 5. Mas isto contradiz o fato de ser Xo um ponto
de acumulação de E .
Assim dn = 0 para todo n, de modo que ]( x ) — 0 qualquer que
seja x para o qual (22) é verdadeiro, i. e., em uma vizinhança de xo.
Isto mostra que A é aberto e completa a demonstração .

AS FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGAR ÍTMICA

Definimos
(25) m = X- -m . n 0
^
O teste da raiz mostra que esta série converge em todo z complexo .
Aplicando o Teor. 3.50 de multiplicação de séries absolutamente
convergentes, obtemos

*» *(«) -
zkwn k
n “ 0 W! 7Tll n 0
— C —
kl (n fc)!

= „X
= o n!
— Ul ) zkwn ~k
= Xh (z + w )n
n 0
— nl
184 OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉ RIES CAP. 8

o que nos dá a importante f órmula de adição

(26) E( z + w) = E ( z ) E( w ) ( z , w complexos).

Uma consequência é
(27) E ( z ) E(
— = —
z) E( z z ) = E ( 0) = 1 ( z complexo).

Isto mostra que E( z ) 0 qualquer que seja z . Por (25), E( x ) > 0


^
se x > 0; logo (27) mostra que E( x ) > 0 qualquer que seja x real.


E( x ) > 0 quando x >
— +— — — +
Por (25), E( x ) > oo quando x + portanto (27) mostra que
<» ao longo do eixo real. Por (25), se
0 < x < y então E ( x ) < E ( y ); por (27), segue-se que E( y ) <

< E( x ); assim E é estritamente crescente em todo o eixo real.

A f órmula de adição também mostra que
E( z + h) - E ( z ) = E ( h) - 1
(28) lim
h-+0 h
E{ z ) lim
h-+o k -
a última igualdade resulta diretamente de (25).
Itera ção de (26) nos dá
(29) E( Zi + ... + Zn) = E( zi ) .. . E( zn).
Consideremos Zi = . . . Zn
n úmero introduzido na Def . 3.30, obtemos
— —
1. Como 2£(1) = e, em que e é o

(30) E( n) = en = 1, 2, 3, ... ).
(n
Se p = n/m, em que n, m são inteiros positivos, ent ão
(31) [£(p)]m = E( mp) = E( n ) = e",
de modo que
(32) E( j> ) = ev (p > 0, p racional).

Resulta de (27) que E( p ) =


(32) é verdadeiro para todo racional p.

se p é positivo e racional. Assim,

No Exerc. 7, Cap. 1, sugerimos a definição


(33) xv = sup. xvy
em que o sup. é relativo a todos os racionais p tais que p < y quais-
quer que sejam y real, e x > 1. Se definirmos, então, para x real
}

qualquer,

(34) e* = sup. ep (p < xyp racional),


AS FUNÇÕ ES EXPONENCIAL E LOGAR ÍTMICA 1S5

resulta do fato de E ser contínua e mon ótona, juntamente com (32),


que
(35) E( x ) = e*

qualquer que seja x real. A Eq. (35) explica porque E é chamada


fun ção exponencial.
Com efeito, pode-se muito bem considerar (35) em vez de (34)
como definição de e1; (35) é o melhor ponto de partida para se in-
vestigar as propriedades de e*. Veremos oportunamente que (33)
também pode ser substituído por uma definição mais conveniente
[ ver (43)].
Vamos agora adotar a notação usual, e®, em vez de E( x ) e resu-
mir o que já demonstramos até aqui.
8.6, Teorema. Seja e* dejinida em Rl por (35) e (25). Então
( a) e* é contí nua e derivdvel em todo x;
( b ) (e*)' = e*;
(c) e* é uma junção estritamente crescente de x e é* > 0;
( d) e*+v = e*ev;

( j)
— —
( e ) e* > + a> quando x > + <» , e* >• 0 quando x >
lim xne~x = 0, para todo n.
— <»;
— —
— --
X > } CB

Já demonstramos todos os itens de (a) a (e); (25) mostra que


x«+1
e> (» + D!
para x > 0, de modo que
(» + 1)!
xne ~x < x

donde se conclui (/). O item (J ) mostra que e* tende para + »


“ mais depressa” do que qualquer potência de x, quando x + «>
Como E é estritamente crescente e derivável em Rl , existe a
— .
fun ção inversa L de E que é, também, estritamente crescente e deri-
vável e cujo domínio é E( R 1 ) isto é, o conjunto de todos os núme
) -
ros positivos. L é definida por

(36) E( L( y )) = y (y > 0),


ou, equivalentemente, por

(37) L( E( xj) = x (x real).


186 OUTROS TOPICOS DA TEORIA DAS SERIES CAP. 8

Derivando (37), obtemos (compare com o Teor. 5.5)


L' ( E { x ) ) • E( x ) = 1.
Escrevendo y = E( x ) , isto nos dá

(38)

Fazendo x —
-7 1
(y

0 em (37), vemos que L (l ) = 0. Portanto de (38)


> o).

resulta

(39) m - Jr \
dx_
x
-
Freqiientemente, considera se (39) como ponto de partida da teo -
ria das funções logarítmica e exponencial. Escrevendo u = E( x ) ,
v = E( y), (26) nos dá
L( uv ) = L( E( x ) • E( y ) ) = L( E ( x + y )) « x + yy
de modo que
(40) L( uv ) = L( u ) + L( v ) (u > 0, v > 0).
Isto mostra que L tem as propriedades usuais que tomam os
logaritmos instrumentos úteis para o cálculo. A nota ção usual para
L( x ) é, naturalmente, log x .

Quanto ao comportamento de log x quando x > + 03 e quando
x 0, o Teor. 8.6 (e) mostra que

log x
log x
—— +
>
°°
00
quando x
quando x
—— +.
0
°°

Ê f ácil ver que


(41) x” = E(nL( x ) )
se x > 0 e n é um inteiro. Anàlogamente, se m é um inteiro posi-
tivo, temos

(42) x ^m = E
G!rL«)
visto que cada têrmo de (42), quando elevado à m ésima potência -
coincide com o termo correspondente em (37) Combinando (41) e .
(42), obtemos
(43) Xa = E(a L(x)) =
,
e <* 0* z
qualquer que seja a racional.
AS FUNÇÕES TRIGONOM ÉTRICAS 187

Definimos agora xa, para quaisquer a real e x > 0, por (43).


Sendo E e L contínuas e monótonas, segue-se que esta definição
leva aos mesmos resultados que a anteriormente sugerida. Os fatos
enunciados nos Exercs. 4 a 7 do Cap. 1 são consequências simples
de (43).
Se derivarmos (43), obteremos pelo Teor. 5.5,

(44)
-
(x )' = E (aL( x ))

Note-se que anteriormente usamos (44) apenas para valores inteiros


- ~ = ax -
X
a 1

de a, caso em que (44) resulta f àcilmente do Teor. 5.3(6). Demons -


trar (44) diretamente da definição de derivada, se xa é definida por
(33) e a é irracional, é bastante trabalhoso.
A fórmula bem conhecida de integração para Xa resulta de (44),

se a 5* 1, e de (38), se a = 1. Queremos demonstrar mais
uma propriedade de log x, a saber,

(45) lim x a log x=0
x
— +
®

para todo a > 0. Isto é, logx + <» “ mais devagar” do que


qualquer potência positiva de x, quando x + <» .
— —
Se 0 < < a e x > 1, então

x a log x = t 1 dt < x •
JT iTldt

= X~a '
xé —
6
1
< -e —
x*~a
9

donde resulta (45). Poderíamos, també m , ter usado o Teor. 8.6 (J )


para deduzir (45).

AS FUNÇÕES TRIGONOM ÉTRICAS

Vamos definir

(46) C ( x ) = ~ [ E( ix ) + E( - ix) ], S( x) = jr [E ix) - E{- «)].


(

Mostraremos que C(x) e S ( x ) coincidem com as funções cos x e sen x


cuja definição é usualmente baseada em considerações geométricas.
CAP. 8
188 OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉ RIES

Por (25) , E ( z ) = E( z) . Logo, (46) mostra que C(x) e £(x) são reais
para x real. Ademais,

(47) E( ix ) = C ( x ) + iS( x ) .
ária
Assim C ( x ) e £(x) são, respectivamente, as partes real e imagin
de E( ix ) , se x é real. Por (27),
| £(zx)| 2 = E( ix ) E( ix ) = E( ix )E( — ix ) = 1,

de modo que
(48) \ E( ix ) \ = 1 ( x real).

De (46) podemos concluir que C(0) = 1, S(0) = 0 e (28) mostra


que

(49) C'(x) = - £ (x), S' ( x ) = C(x) .


( ) 0.
Afirmamos que existem números positivos x tais que C x =
- que
Suponhamos ique não seja assim. Como C(0) = 1, segue se
o, S
C ( x ) > 0 para todo x > 0, logo S\ >x ) 0 por (49 ) e , portant
é estritamente crescente; e como S ( 0) = 0, temos S ( x ) > 0 se x > 0.
Portanto, se 0 < x < y }

(50) S( x) ( y — x) < Jy S ( t ) dt = C ( x ) - C ( y) < 2.

0, (50)
A última desigualdade resulta de (48) e (47). Como S ( x ) >
ção.
não pode ser verdadeira para y grande e temos uma contradi
ú-
Seja xo o menor número positivo tal que C(xo) = 0 . Êste n
í nua
mero existe, visto que o conjunto de zeros de uma função cont
é fechado e C(0) 5^ 0. Definimos o número ir por

(51) ir = 2xo.

Logo C(TT/2) = 0 e (48) mostra que S ( r/ 2) = dbl . Como C ( x ) >0


em (0, 7r/2), S é crescente em (0, 7T/2); logo, S(7T/2) = 1. Assim,

E 1

e a f órmula de adição (26) nos dá

(52) E ( ici) »
— 1, E( 2rri) =*= 1;
AS FUN ÇÕ ES TRIGONOM ÉTRICAS 189

portanto
(53) E( z + 27ri) = E{ z ) ( z complexo).

8.7. Teorema , (a) A junção E é 'periódica, com perí odo 2iri .


(ò) As junções C e S são peri ódicas, com período 27r.
(c) Se 0 < t < 27r, então E(it ) 1.
( d) Se z é um nú mero complexo e \ z \ —
1, existe um único t em
( 0, 27r) tal que E ( it ) = z .
Demonstração: Por (53), (a) é verdadeiro; e (ò) resulta de (a)
e de (46).
Suponhamos 0 < t < 7r/2 e E( it ) = x + iy , com x, y reais. Con-
siderações anteriores mostram que 0 < x < 1, 0 < y < 1. Note-se
que
E( 4dt ) = (x + iy) 4 = x 4 — 6x2y 2 + yA + 4ixy( x2 — y2 ) .
Se E ( ±it ) é real, segue-se que x 2 — y = 0; como x + y = 1, por
2 2 2

portanto E { it ) = — 1, o que prova (c).


(48) , temos x 2 = y 2 = ^
Se 0 < ti < t 2 < 27r, então

E ( it 2 ) [ Eiiti ) ]
' 1
= E(iÍ 2 — iti ) 7* 1,
por (c), o que demonstra a afirmação de unicidade em (d).
Suponhamos zx = x 2 + zyx, x? + y? = 1» 0, yY > 0. Em
(0, TT/2], C decresce de 1 a 0 ; portanto C t1) =
( Xj para algum *1 em
[0, TT/2]. Como C2 + S 2 = 1 e S > 0 em [0, TT/2 , segue-se que
]
Z\ — .
E( it\ )
Finalmente, suponhamos z = x + iy \ z \ = 1. Seja Zi = , zz —
se x < 0, y > 0. Seja Z\ z — —
se
as
x <
hip
0, y
teses
<
do
0 . Seja
pará grafo
Z\ = tz
pre-
se x > 0, y < 0. Ent ão Zi satisfaz ó
cedente; e visto que i = E( TTí I2 ) J segue se que z = -E( i( ti + /7r 2))
ou E 0i +
(z 7r)) ou

dependendo de qual dos três casos se verifique. Isto prova ( d) e,


portanto, o teorema.
Resulta de ( d ) e de (48) que a curva definida por

(54) 7(0 = E( it ) (0 < t < 2TT)


190 OUTROS TÓPICOS OA TEORIA DAS SÉ RIES CAP. a

é uma curva simples fechada cujo conjunto de valôres é a circun -



ferência unit á ria no plano. Como y' { £) iE ( it ) , o comprimento de
7 é

\ y' (t ) \ dt = 2TR ,

pelo Teor. 6.35. Êste, é claro, é o resultado esperado para a cir -


cunferência de um círculo de raio 1; e mostra que 7r, definido por (51),
tem o significado geométrico usual.
Do mesmo modo, vemos que quando t cresce de 0 a to , o ponte
y ( t ) descreve um arco de circunferência de comprimento to. Consi -
derando-se o triângulo cujos vértices são
Z\
— 0, *2 = 7(<o), Zz = C( io )
vê-se que C ( t ) e S ( t ) são realmente idênticos a cos t e sen t , se êstes
forem definidos do modo usual, como quocientes de lados de um
triângulo retângulo.
Deve-se observar que deduzimos as propriedades básicas das
fun ções trigonométricas a partir de (46) e (25), sem fazer apêlo à
noção geométrica de ângulo.

O CORPO ALG ÈBRICAMENTE FECHADO DOS N ÚMEROS COMPLEXOS

Estamos, agora, em condições de dar uma demonstração simples


do fato de ser o corpo dos n ú meros complexos algèbricamente fecha-
do, o que significa que todo polinómio com coeficientes complexos,
que não se reduz a constante, tem uma raiz complexa .
. .
8.8 Teorema Suponhamos a 0, • • (Zn números complexosr
n
#

n > 1, (Zn 5* 0, P ( z ) = X) &kZk.


0
Então P ( z ) = 0 para algum núme-
ro complexo z .
Demonstração: Sem perda de generalidade, admitamos Zn
(
= 1-
Seja
(55) n = inf. |P(z)| (z complexo).

Se |z| = R , ent ão
(56) |P(*)|
^ Pn[ l
— |On-l|B~ l — • • • - |ao|iT*] .
O segundo membro de (56) tende para
tanto existe 22 o tal que |P(z)| > p se \ z \
quando 22 *
> 220. Como |P|
— 00 . Por-
é uma
SÉ RIES DE F0UR1ER 191

fun ção contínua no círculo de centro em 0 e raio Ro , o Teor. 4.16


mostra que |P(z0)| = fi para algum zo.
Afirmamos que /x = 0.
Em caso contrário, seja Q{ z ) = P ( z + zo )/ P ( zo ) Então Q é um .
polinómio não constante, Q(0) = 1 e [ Q { z )| > 1 para todo z. Existe
um menor inteiro k, 1 < fc < n, tal que

(57) Q(z) = 1 + bkZk + . . . + bn^ y blc * 0.


7

Pelo Teor. 8.7(d) existe d real tal que

(58) eik% = - \ bk \ .
Então,
iQfre**) ] <1 — ^{ IbjfcI — í*|5fc+i|
— •••
— rn ”
|ò„|}
fc

se r > 0; para r suficientemente pequeno, a expressão entre parên -


teses é positiva; logo \ Q{rée) \ < 1, uma contradição.
Portanto /x = 0, isto é, P( z0) 0. —
SÉRIES DE FOURIER

da forma
-.
8 9 Definição. Um polinómio trigonométrico é uma soma finita


N
(59) j( x ) = a0 + X) (oncosnr + bn sen nx)
n 1
( x real),

em que a 0, . .., aar, 6i, são números complexos. Em vista


das identidades (46), (59) pode também ser escrito na forma

(60) /(*) =

Xiv Cne'"*
.
( x real),

que é mais adequada para muitos fins Ê claro que todo polin ómio
trigonométrico é periódico, com período 2ir.
Se n é um inteiro diferente de zero, einx é a derivada de vinxlin,
que também tem per íodo 2ir Portanto .
1 1 se n = 0,
(61) einx dx = o
27T l se n = db 1, ± 2, . .. -
192 OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS S É RIES .
CAP 8

Multipliquemos (60) por erimx } em que m é um inteiro ; se inte -


grarmos o produto, (61) mostrará que

(62) — 1
2x J ( x )e *mx dx

.
para 1 m| < N Se |m| > N , a integral em (62) é nula.
A seguinte informação pode ser obtida de (60) e (62): O poli-
n ómio trigonométrico dado por (60), é real se, e sòmente se, c~n = cn
. .
para n = 0, .. , N
De acôrdo com (60), chamamos série trigonométrica uma sé rie
da forma

(63)
—E-
GD
Cn®’"* (x real);

cuja A ésima soma parcial é, por definição, o segundo membro de


-
(60).


Se j é uma função integrável em [ 7r, TT], os números cm, defi
nidos por (62) para todo inteiro m, são chamados coejicientes de Fou
-
-
rier de / e a sé rie (63), formada com êstes coeficientes, é a série
de Fourier de /.
A pergunta natural que agora surge é se a série de Fourier de }
converge para } ou, mais geralmente, se j é determinada por sua série
de Fourier. Em outros têrmos, se conhecermos os coeficientes de
Fourier de uma função, poderemos determinar esta função e, em
caso afirmativo, como ?
O estudo de tais séries e, em particular, o problema de repre-
sentar uma dada função por uma série trigonométrica , originou-se
de problemas f ísicos, tais como a teoria das oscilações e a teoria da
condução do calor (“ Théorie analytique de la chaleur” , de Fourier,
foi publicado em 1822). Os vários problemas, dif íceis e delicados,
que surgiram dêste estudo ocasionaram profunda revisão e reformu-
lação de t ôda a teoria das funções de uma variável real. Entre mui-
tos nomes eminentes, os de Eiemann, Cantor e Lebesgue estão inti -
mamente ligados a êste campo que, hoje, com tódas as suas genera-
lizações e ramificações, pode bem ser proclamado como ocupante de
uma posição central em tôda a análise.
Contentar-nos-emos em deduzir alguns teoremas básicos a que
se pode chegar f àcilmente pelos métodos desenvolvidos nos capítulos
precedentes. Para investigações mais profundas, a integral de Le-
besgue é um instrumento natural e indispensável .
SÉRIES DE FOURIER 193

Vamos, inicialmente, estudar sistemas mais gerais de funções


que tem em comum uma propriedade análoga a (61):
8.10. Definição. Seja { <f> n } (n = 1 , 2, 3, . . . ) uma sucessão de
funções complexas em [a, 6] tais que

(64)
i: <f )n( x ) <l> m( x ) dx =0 (n 9 ^ m).
Então diz-se que {$n} é um sistema ortogonal de Junções em [ a, b].
Se, ademais,

(65) 2 dx = 1

para todo n, diz-se que { <f> n } é ortonormal .


Por exemplo, as funções ( 2T )~héinx constituem um sistema orto-
normal em [ — T , TT ] . Também as funções reais
1 cos x senx cos 2x sen 2 x
y/ lir 9
y /v 9
y / rc y /T 9
y/ T

Se {<£n} é ortonormal em (a, b ] e se

(66) J ( t )UD <*t (n — 1, 2, 3, . . .),

-
dizemos que Cn è o n ésimo coeficiente de Fourier de j, relativamente
a { <pn} . Escrevemos

(67) j( x ) ~ Z c„0„(x)
1

e a essa série chamamos série de Fourier de j (relativamente a { <£*}).


Note-se que o símbolo ~
usado em (67) nada afirma sôbre a
convergência da série; apenas indica que os coeficientes Bâo dados
por (66) .
Os teoremas que se seguem mostram que as somas parciais da
série de Fourier de j têm uma certa propriedade de mínimo. Admi -
tiremos, aqui e no restante dêste capítulo, que / E $R , embora esta
hipótese possa ser enfraquecida .
8.11. Teorema. Seja { <f> n } ortonormal em [a, b ] . Seja
n
(68) 8„(x) = ZC 1
4>m( x )
194 OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉ RIES .
CAP 8

a n-é sima soma pardal da série de Fourier de j e suponhamos


n
(69) tn{ x ) = 23 7m pm( x ).
m= 1 >
(

Então,

(70)
.A — Sn|2 dx < — tn\ 2 dx,

sendo válida a igualdade se , e somente se ,

(71) 7m — Cm (m = 1, ..., TI).


,
Isto é, entre tôdas as fun ções tn a que dá a melhor aproxima -
ção em média quadrática para j é sn .
Demonstração: Designemos por J* a integral em [<z, 6], por T
a soma de 1 a n. Então,

—^
^ ^
pela definição de {cm},
f tn — ) TI 7 m f>m (

IM 2 “

Jr tntn X7/ rn( f>m 2 “ X) |Y»»| 2

visto que {<£m} é ortonormal e, portanto,

yI / -M 2 = y1 1 - f/* f / <•+ yw *

= / —X |/ | 2 ) CmTm — 23 ~ÕmYm H 23 7m7">


"

= y l/ l 2 - 23 |Cm| + 23 l7m 2
Cm|2,

cujo valor, evidentemente, é mínimo se, e sòmente se, ym = Cm.


Fazendo ym = Cm neste cálculo, obtemos

(72) 23 |Cm| < Í 2 |/(*)| 2 d x ,


1 Ja

pois n/ - ín|2 > 0.


SÉRIES DE FOURIER 195

8.12. Teorema . Se {0n} é ortonormal em [a, b ] e se

j( x ) ~ 23
n «l
Cn(f> n { x ) ,
ent ão,

(73) 2=3 |C n|
n 1
2
<
Ja
f |/(X)|2 d X -
Em particular,
(74) lim Cn = 0.
-
n >®


Demonstração: Fazendo n > <» em (72), obtemos (73), a cha-
mada “ desigualdade de Bessel” .
Para séries de Fourier trigonométricas, i. e., para séries (63)
cujos coeficientes são dados por (62), (73) assume a forma

°° i
(75)
. 00
I /(*) 12 dx .
Veremos depois que é efetivamente válida a igualdade em (75)
(Teor. 8.16).
Há dois polin ómios trigonométricos especiais que encontraremos
em nosso estudo das séries de Fourier trigonométricas:

(76) D (X) = 23n e' kI.


— *•<’> - ir+ T Ç
São os chamados núcleos’ de Dirichlet e de Fejér, respectivamente.
8.13. Teorema. Para n = 0, 1, 2, ..., temos

(77)
sen (n + \) x
Dn( x ) =
sen (x/2) ’
(78)

1
- 7T ~
i
1 — cos n +
1

(
COS X
l)s

1
(79) D„(x) dx = Kn( x ) dx — 1.
27T 67T
<

Ademais, tfn(x) > 0 e


2
(80) tf n(x) < (n + 1) (1 — cos S )
(0 < 6 < |x| < 7r).
196 ÕUTROS f õPICÒS DÃ TCOR ÍA DAS SÍRIES CÀP 8 .
Demonstração: Por (76)
(81) ( eix — 1) Dn( x )
,
= e (n+1)x — e tnx

Para obter (77), multipliquemos ambos os membros de (81) por e “ tx/2


.
Resulta da substituição de Dn por (81) na definição de Kn que

0n + l ) ATn (x) (e“ - 1) (e~“ - 1) = (r** - 1) Ê= 0 (e, m+ - e- ( I)l imi


)
_2 gt + x
(n l )

g- n + x t( l)

donde se obtém (78) Portanto . 0 e (80) se verifica; (79) decor -


re diretamente de (76) .
Daqui por diante nos ocuparemos apenas do sistema trigonomé -
trico. Admitiremos que /, inicialmente definida em [ T , T ), foi
estendida a Rl de modo a ter período

Os coeficientes de Fourier de j são dados por (62); logo a n-ési -
ma soma parcial sn de Fourier de / é

-
sn( x) = s (/; x ) = £—
n
Cme £
-n
n
i
2TT
dt eimz

1
2TT m —t n
gtmír-í) ãL

Em outros têrmos

(82) sn( /; x) «
1
2 TT
j(t )Dn( x —t ) dt = -
2
ir r ]{ x
— t ) Dn( t) dt.

Como t ôdas as funções aqui consideradas são periódicas, então não


importa qual seja o intervalo no qual se integra, desde que tenha
.
comprimento 2T Isto prova que as duas integrais em (82) são iguais.
. .
8.14 Teorema Se j £ $R em [ ir TT ] é 0 < ô < T , então
— ,
(83)
n
lim
— + j( x — t Dn t
) ( ) dt - 0.
Êste teorema é geralmente denominado teorema de localização.
Êle mostra que a natureza da sucessão {«n(x)}, no que diz respeito à
convergência, depende apenas dos valôres de ] em alguma vizinhança
(arbitràriamente pequena) de x. Assim duas sé ries de Fourier podem
ter a mesma natureza em um intervalo fechado, mas podem compor -
tar-se de modos inteiramente diferentes em outro intervalo fechado.
SERIES DE FOURIER 197

Temos aqui um contraste muito marcante entre séries de Fourier e


séries de potências (Teor. 8.5).
Demonstração: Fixemos x e seja <?(<) = 0 se |£| < ô,

(84) g( t)
j( x t)
= sen ( 2 ) — (ô < \ t \ < 7r).
tl
Por (77),

(/ >/ ) ]{ x
— /) Dn(t ) dt = g ( t ) sen (“ + i) tdt =
g{ t ) cos —
t
sen nt dt + g{ t ) sen —t cos nt dt .
Como g(0 cos ( t / 2 ) e <?(0 sen ( t /2 ) são integráveis, cada uma das duas
últimas integrais tende para 0 quando n + * —
< , por (74), o que dá (83).

Assim, o estudo da convergência de ($n (/; a;)} reduz-se ao estudo


da integral

(85)
1
27r L j( x — t Dn t
) { ) dl

para ô > 0 arbitràriamente pequeno. São conhecidas várias con -


dições suficientes de convergência da série de Fourier; as demonstra-
ções de duas delas são esboçadas nos Exercs. 9 e 17.
Ê claro que não podemos esperar que a série de Fourier de toda
função convirja para o valor da fun ção em cada ponto. Se consi-
derarmos duas funções que diferem apenas em um conjunto finito de
pontos, as integrais que definem os seus coeficientes de Fourier serão
iguais e, portanto, as duas fun ções terão a mesma série de Fourier.
A existência de problemas dif íceis é evidenciada pelo fato de
n ão se saber se é verdadeira ou falsa a seguinte afirmação aparente -
mente inocente : “ Para toda fun ção contínua f , existe um ponto x
no qual a sé rie de Fourier de j converge” . Sabe-se que existem
fun ções contí nuas cujas séries de Fourier divergem em um conjunto
infinito não enumerável de pontos.
Entretanto, esta situação pouco satisfatória é esclarecida muito
elegantemente se, em vez das somas parciais sn( x), considerarmos
suas médias aritmé ticas

(86) Cn( x ) =
so( x ) + .. . + sn( x )
n+ 1

O teorema seguinte é devido a Fejér.


198 OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉ RIES CAP 8.

. .
8.15 Teorema Se j é contí nua (e, naturalmentey 'periódica de
perí odo 2 ir ) e se {<rn} é a sucessão das médias aritm éticas das somas
parciais da série de Fourier de /, então

lim < n( x )
7 = j{ x )
n~* ®

sendo a convergência unijorme para todo x .


Podemos observar, nesta oportunidade, que resulta do Teorema
de Stone-Weierstrass, a exist ência de alguma sucessão de polin ómios
trigonométricos que converge uniformemente para /. Realmente,
identificando os pontos x e x + 2ir, podemos supor as fun ções perió -
dicas definidas na circunferência unitá ria K. Os polin ómios trigo -
nométricos, i.e., as fun ções da forma (60), constituem uma álgebra
que satisfaz as hipóteses do Teor. 7.31 em K,
Demonstração: Por (86), (82) e (76), temos

1
(87) <rn (x) = 2ir
}( X - t )Kn( t ) dt,

e portanto decorre de (79) que

(88) <7n (x) —J (X ) =


1
U( x — t) — j( x ) ] Kn( t ) dt .
Dado > 0, consideremos M tal que |/(x)| < M para todo x *

Como j é uniformemente contínua, podemos escolher 5 > 0 tal que


se |x y \ < S ,

(89) \ }( x ) - Ky ) I < Y *

Por (80), podemos ent ão determinar N tal que se n >N e


S < \ t \ < Tf

(90) Kn( t ) < ~


4M ’

Resulta de (89) que

(91)
f_ t
(/(* - 0
— /(*)! 1 (01 d t <
^ ~ jT Kn(t ) dt — 7T
SÉRIES DE FOURIER 199

para todo n, visto que Kn( t ) 0; anàlogamente, decorre de (90 ) que

(92) + \í ( x - t ) - j( x ) \ Kn{t ) dt <

M J/-,
-< 4- 2 M dt = ire,

desde que n > N . Finalmente, (88), (91) e (92) combinados nos d ão

(93) kn(x) /(x)| < e —


para todo x e para todo n > N , o que completa a demonstração.
Observemos que se tentarmos demonstrar a mesma coisa para
$n (x) em vez de vn( x ) isto é, se substituirmos Kn( t ) por Dn(t), obte-
}

remos a integral

(94) in = \ Dn( t ) \ dl ,
que tende para 03 quando n > 00 ( ver Exerc. 12).
É esta propriedade de Z>» que causa as dificuldades encontradas
na teoria da convergência da série de Fourier.
Corolário 1. Se duas Junções contí nuas j e g têm a mesma
série de Fourier, então J ( x ) = g { x ) para todo x .
Realmente se <rn(x) é a n-ésima média aritmética desta série de

Fourier, então Cn( x ) * ]( x ) e on( x ) g ( x ) qualquer que seja x.
Corolário 2. Se J é contí nua e se

~inx
J ( x )e dx = 0

para todo inteiro n, então j( x ) = 0 para todo x.


O Corol. 2 é consequência do Corol. 1 para g = 0.
8.16* Teorema. Suponhamos j e g contí nuas ( e periódicas de
perí odo 2ir ) e
CD

~ 2 Cneinx,
(95)

-
J(x)
— 03
g( x )

Se sn é a n ésima soma pardal da série de Fourier de /, então


~2
— <«

(96) Hm

n *® /:1 — / í»|s dx = 0,
200 OUTROS TÓPICOS DA TEORIA DAS SÉIMES CAP t .
«» T
i á

(97) Z Cnln = J _J à9& dx’ {

J.[ uwi
«»
1
(98) Z |Cn| 8
= 2 2 dz.
— ao

Êste teorema é conhecido como Teorema de Parseval.


Demonstração: Dado c > 0, o Teorema de Fejér mostra que

existe N tal que ( j( x ) <r«(x)| < e para todo x e para todo n > N .
Pelo Teor. 8.11,

\j — Sn \2 dx < \ f — <rn \ 2 dx < 2xe2

se n > N o que demonstra (96). A seguir,

(99)
1
2TT
r*
J Sn&g & ^ = Z c*
n

—J
l f* .
eikxg( x ) dx = Z
n

-n
) —
CfcTfc,

e a desigualdade de Schwarz mostram que

(100) |f — f f9 f l/ - „| \ g \ <
s

I
<


que tende para 0, quando n ® , por (96). Da comparação de (99)
e (100), resulta (97). Finalmente, (98) é o caso especial / = g de
(97).
As hipóteses de continuidade que fizemos aqui podem ser con-
sideravelmente enfraquecidas. A versão final do Teor. 8.16 será
dada no Cap 10 . .
EXERCÍCIOS

1. Defina

Kx ) sss
/ e-V*
<
(X
* 0),
\o ( = 0).
X

Prove que } tem derivadas de tódas as ordens em x « 0 e que /nK0) =0


para n « 1, 2, 3, . . •
0

2. Prove as seguintes igualdades:

(a) lim &* - - - log 6 (6 > 0).


x -+0 x
EXERCÍCIOS 201

log (1 + x)
(6) lim
x-*0
=1 ,

(c) lira (1 4- z )iix = e.


(d ) lim

n »®
( + t r= e2 .
3. Suponha j( x ) j{ y ) = /(x -f y) para todo x e y reais,
(a) Supondo j derivá vel e nào nula, prove que

/(x) = é*
em que c é uma constante.
(h ) Prove a mesma coisa, supondo apenas j contínua,

4. Se 0 < x < ~ , prove que


2
7T
< senx < 1.
X

5. Para » = 0, 1, 2, ..., e x real, prove que


|sen nx ] n ] sen x|.

Note que esta desigualdade pode ser falsa para outros valôres de n. Por
exemplo,
|s e n |> Jl sen TT|.
6. Seja dij o n ú mero na i-ésima linha e j-ésima coluna do quadro

-1 0 0 0 . ...
i- -1 0 0 ....
]
4
i- - 1 0 . ...
1
8
1
4
1
2 - 1 .. • •

de modo que
(» <
-
0 j)i
07 , = - 1 (i 3 ),
(t > . i)
Prove que

Z Z «« = - 2, Zi Z
i J »•
=
°-
7 . Prove que
ZZ *> = ÇÇ
se Oij > 0 para todo i e j (o caso + » » + ® pode ocorrer) .
202 OUTROS TÓPICOS PA TEORIA DAS SÉRIES CAP. 8

-
8 Deduza o Teorema de Weierstrass sobre aproximação uniforme por
polinó mios a partir do Teorema de Fejér (considere o desenvolvimento em série
de potências de polinó mios trigonomé tricos).
9. Dizemos que / satisfaz a uma condição de Lipschitz em x se existe uma
constante M e 5 > 0 tais que
I J( y ) - J ( x ) I < M \ y - x\
quando \y —
x \ < 8.
Prove que a série de Fourier de / converge para /(x) se / satisfaz a uma con-
— —
dição de Lipschitz em x. Sugestão: \ j( x t ) j( x ) \ Dn( t ) é limitada , indepen-
dentemente de n, se |í| < 5.
10. Se / é derivável em x , / satisfaz a uma condição de Lipschitz em x. Por-
tanto da derivabilidade de / resulta a convergência de sua série de Fourier.
. —
11 Se rn = 1 +\ + . .. -f- ( l/n ) logn, prove que jrn} converge. (O
limite, frequentemente designado por y , é chamado constante de Euler. Seu valor
.
numérico é 0,5772 , . )
.
12 Seja

Ln = 42 ~
ir
r I DM I
J TT
dt (n — ..
1, 2, 3, . . )

Prove que existe uma constante C > 0 tal que


Ln > C log n (»
- 1, 2, 3, .. . ),

ou, mais precisamente, que a sucessão

{ Ln ~ i- logn

é limitada.
13. Se |/(x) | M para todo x, então |<rn(x) | M para x e n quaisquer.
14. Suponha |ncn| M para n » 1, 2, 3, . . • t
Sn =* Co + Cl + . .. + Cn,
Gn =
$0 + Si + + Sn
»+l
Prove que
|Sn - *n\ M.

Sugestão:

Sn - <Tn =
--
ci f 2C2 +
»+1 — 4~ ncn

15. Suponha / de variação limitada em [ w, ir]. Prove que ( sn(aO} é uni-



formemente limitada , se sn é a n-ésima soma parcial da série de Fourier de /. Su-
gestão: Empregue os dois resultados precedentes, juntamente com o Exerc. 12,
Cap. 6.
EXERC ÍCIOS 203

16 . Prove que existe uma constante M tal que

A sen mi
m < M.
"
TO = 1

Sugestão: Aplique o Exerc. 15 à série de Fourier da função definida por


j( t ) = 7T
.

í em (0, TR ), /(í) = T ~ t em ( ir , 0).
——
17 Suponha / de variação limitada em [ TT , TT]. Se, para algum x,
«
- ÍU( x +) + /(x - )],
Prove que a série de Fourier de / converge para s em x. (Êste teorema se
deve a Dirichlet.) Sugestão: Suponha, sem perda de generalidade, s 0, x = 0
e j par [para j ímpar, $n(/; 0) = 0 e /(0) = 01. Então ] é contínua em 0. Es-

colha 5 > 0 de modo que a variação total de j em [0, Ô] seja pequena, use inte-
.
gração por partes e o Exerc 16 para mostrar que

£ m Dn ( t ) di

ê pequena, para todo n, e aplique o teorema de localização.


18. Prove uma versão local do Teorema de Fejér: Se / E 9? e se / é con-
tínua em um ponto xo, então <rn(/; xo) /(xo) quando n « . — —
. —
19 Se On = nlfn 1 e òn = log n/n, calcule

lim JZL.
n~+ °> bn #

20. Suponha / uma função contínua em Rl , ]{ x + 2ir ) - /(x) -


e a/r irra
.
cional Prove que

ir £
"
Kn + na ) ° -
íl l
bZr m dl

para todo x. Sugestão: Considere inicialmente /(x) àkx


.
21 Enuncie e prove um teorema sôbre aproxima ção uniforme de uma fun-
— .
ção contínua / por integrais da forma

f Í( X - 0 tfn(<) dl ,
que contenha os teoremas de Weierstrass (7.24) e de Fejér (8.15) como casos par -
ticulares.
Funções de Várias Variá veis
i- V
Capí tulo 9
»
^

APLICAÇÕES LINEARES

Começamos êste capítulo estudando conjuntos de vetores no


espaço euclidiano Rn. Os fatos algébricos aqui apresentados se es -
tendem, sem modificações, aos espaços vetoriais de dimensão finita
sô bre qualquer corpo de escalares. Entretanto, para nossos obje -
-
tivos, é suficiente restringirmo nos à estrutura bem conhecida dos
espaços euclidianos.
.
9.1 Definições, (a) Um conjunto X C Í?n é um espaço veto -
rial se x + y G X e c x £ X, quaisquer que sejam x £ X,
e c escalar.
. ., Xfc £ Rn e cu . . c j t são escalares, o vetor CiXx +
( b ) Se Xi, .
+ + * é
'' chamado
cjtxjtcombinação linear de Xi, .. ., x*. Se 5 C Rn
e se E é o conjunto fje tôdas as combinações Jineares de elementos
de St dizemos que S gera E ou que E é o espaço gerado por S .
Observe-se que todo espaço gerado é um espaço vetorial.
(c) Diz se que um conjunto constituído de vetores xi, . . . , x*
-
{adotaremos a notação (xlf ..., x } para tal conjunto) é linearmente
*
independente se da relação Cixx + ••• c x ; = 0 resulta cx
^ * —
• •• «

= Cfc = 0. Em caso contrário, diz se que {xi, .., xjt} é linearmente


-
dependente.
-
Observe se que nenhum conjunto linearmente independente con-
tém o vetor nulo.
(d) Se um espaço vetorial X contém um conjunto linearmente
independente de r vetores, mas não contém nenhum conjunto linear -
APLICAÇÕ ES LINEARES 205

mente independente de r + 1 vetores, dizemos que X tem dimensão r


e escrevemos: dim. X = r,
O conjunto constituído apenas de 0 é um espaço vetorial; sua
dimensão é 0.
(e) Um subconjunto linearmente independente de um espa ço
vetorial X , que gera X , é chamado base de X .
Observe-se que se B = {xi; . . . , xr} é uma base de X, então
todo x £ X tem uma ú nica representação da forma x = 2cyxy. Uma
tal representa ção existe, visto que B gera X, e é única, pois B é li-
nearmente independente. Os n úmeros cu . . cT são chamados coor -
denadas de x em relação à base B.
O exemplo mais conhecido de base é o conjunto {ei, . . . , en} ,
em que ey é o vetor em Rn cuja y-ésima coordenada é 1 e cujas de-
mais coordenadas são todas 0. Se x £ Rn , x = (xi, . . . , xn), então
x = 2xyey. Chamaremos {«i, . . . , en} base canónica de Rn.
. .
9.2 Teorema Seja r um inteiro 'positivo. Se um espaço veto -
inal X é gerado por um conjunto de r vetores, então dim. X < r.
Demonstração: Se esta afirma ção é falsa, existe um espaço
vetorial X que contém um conjunto linearmente independente

Q {yi, • J yv+i} e que é gerado por um conjunto 5o constituído
*

de r vetores.
Para 0 < i < r, seja Si um conjunto que gera X e é çonstituído

de todos os yj com 1 j < i e de r i elementos de So, digamos
xi, . . ., Xr-». (Em outros têrmos, Si é obtido de So pela substituição
de i de seus vetores por vetores de Q, sem que isso altere o espaço
gerado). Como S* gera X \ y»+ i pertence ao espaço gerado por S»;
portanto existem escalares Oi, . .., a<+i, bi , . . . , òr-v, com a%+i = 1,
tais que
«*
+1 r -i
H tyy + S= 1 0.
j
- 1
}
k
=

Se todos os òit f ôssem nulos, ent ão, visto que Q é linearmente inde -
pendente, os Qj seriam 0, uma contradição. Segue-se que algum
Xk Si é combinação linear dos demais vetores de Ti = S% U {y*+i}.
Retiremos êste x* de Ti e designemos o conjunto restante por Sí+I .
Então S í+ I gera o mesmo conjunto que Ti, a saber, X, de modo que
Si+i tem as propriedades postuladas para Si, com i + 1 em lugar de t.
A partir de 5o, obtemos, assim, conjuntos 5i, O últi -
mo dêstes é constituído de yi, . . ., yr e, por definição, éle gera X.
Mas Q é linearmente independente ; portanto yr+ l não pertence ao
.
espago gerado por Sr Desta contradição conclui-se o teorema.
Corolá rio, dim. Rn = n.
Demonstração: Como {ei, . . e„} gera Rn, o teorema mostra que
dim . Rn < n.
Sendo {ei, .. . , en} linearmente independente, dim. Rn > n.
. .
9.3 Teorema Suponhamos X um espaço vetorial e dim. X ??. —
(а) Um conjunto E de n vetores em X gera X se, e somente se, E
é linearmente independente.
(б) X tem uma base e tôda base é constituí da de n vetores.
( c ) Se 1 < r < n e { yu . .., yr} é um conjunto linearmente in
dependente em Xy então X tem uma base que contém {yi, . . . , yr}.
-

Demonstração: Suponhamos E {xi, . .. , xn}. Como dim.
X = n, o conjunto {xi , . .. , x», y} é linearmente dependènte, para
-
todo y E X . Se E é linearmente independente, segue se que y per -
tence ao espaço gerado por E ; portanto E gera X . Eeclprocamentey
se E é linearmente dependente, suprimir um de seus vetores não
altera o espaço gerado por E. Logo E não pode gerar X, pelo Teor.
9.2, o que prova (a).
Como dim. X = n, X contém um conjunto linearmente inde -
pendente de n vetores e ( a ) mostra que um tal conjunto é base de
X ; (6) agora resulta de 9.1 ( d) e de 9.2.

junto
Para demonstrar (c), seja {xi, . . x„} uma base de X . O con -
s = {yx, .. . , yr,x„ ..., xn }
gera X e é linearmente dependente, pois contém mais do que n ve -
tores. 0 argumento empregado na demonstração do Teor 9.2 mos . -
tra que um dos x/s é combinação linear dos demais vetores de S .
-
Se retirarmos êste x, de S , o conjunto restante ainda gera X . Êste
processo pode ser repetido r vêzes e conduz à obtenção de uma base
de X que contém { yu . . . , yr}, por (a).
.
9.4 Definições. Diz-se que uma aplicação A de um espaço
vetorial X em um espaço vetorial Y é linear se
A( xi + x2) = Ax i + Ax 2, A (cx) = cAx
-
quaisquer que sejam x, xi, x 2 Ç X e c escalar. Note se que frequen -
temente se escreve Ax em vez de A (x), se A é linear.

Observe-se que AO 0 se A é linear.
APLICAÇÕES LINEARES 207

Aplicações lineares de X em X são frequentemente chamadas


operadores lineares em X , Se A é um operador linear em X que ( t )
é biunívoco e ( iz ) aplica X sôbre X , dizemos que A tem inverso . Neste
caso podemos definir o operador inverso , A 1, em X pela condição
"


A ~!(Ax) x, para todo xGl É simples verificar que, então ,
_
temos também A (A 1x) = x, para todo x G X , e que A~ l é linear.
Um fato importante sôbre operadores lineares em espaços ve-
toriais de dimensão finita é que cada uma das condições (t ) e (ii)
acima é consequência da outra:
9*5. Teorema . Um operador linear A em um espaço vetorial X
de dimensão jinita ê biunívoco se, e sòmente se , o conjmto de valóres de
A è todo o espaço X .
Demonstração: Seja { xu . . . , x„} uma base de X. A lineari-
dade de A mostra que seu conjunto de valores, Í2(A), é o espaço ge-
rado pelo conjunto Q — {Axt, . . . , Ax„}. Concluímos, portanto, do
Teor. 9.3(a) que R( A ) = X se, e sòmente se , Q é linearmente inde-
pendente . Temos que provar que isto acontece se , e sòmente se, A
é biuní voco .
Suponhamos A biuní voco e 2CíAX, = 0. Logo A ( 2C*Xí) = 0, e,
*

portanto, 2c»x* = 0; consequentemente cx = = 0« = 0, donde con-


cluímos ser Q linearmente independente .
Reclprocamente, suponhamos Q linearmente independente e
A ( 2ctXt) = 0. Logo 2aAxi = 0, e , portanto, Ci = • = c« = 0; « «

conclu ímos que Ax = 0 sòmente se x = 0. Se Ax = Ay, então



A ( x — y) = Ax — Ay = 0, de modo que x y = 0, o que significa
que A é biuní voco.
9.6. Definições, (a) Seja L(X, Y ) o conjunto de tôdas as apli-
ca ções lineares do espaço vetorial X no espa ço vetorial Y . Em vez
de L(X, X ) escreveremos simplesmente L(X). Se Aif A 2 G L( X , Y )
e se Ci , c2 são escalares, definimos CiAi + C2A 2 por
+ C2A 2) .X = CiAix + C2AJX
(CiAi (x G X ).
Ê claro qué ctAi + c2A 2 G L( X , Y ) .
( b ) Se X , Y , Z são espaços vetoriais, se A G L(X, Y ) e
B G L( Y , Z ) definimos o seu produto BA por
(BA) x = B(Ax) (x G X).
Então BA G L( X , Z ).
Note-se que BA não é necessàriamente igual a AB, mesmo que
X = Y = Z.
208 FUN ÇÕES DE V Á RIAS VARI Á VEIS CAP. 9

(c) Para A £ L( Rn , Rm ) definimos a norma | | A || de A como


sendo o sup. de todos os n ú meros | Ax | , em que x é um vetor qual-
-
quer em Rn tal que | x| < 1.
Observe-se que a desigualdade
|Ax| < ||A|| |x
é válida para todo x £ Rn. Ademais, se X é tal que |Ax | < X[ x
para todo x £ Rn , então 11 A | | < X.
.
9.7 Teorema, (a) Sc A £ L{ Rn, Rm)i então ||A || < ® e A
é uma aplicação unijormemente contí nua de Rn em Rm.
(ò) Se A , B £ L( Rn , fim) e c é um escalar , então

l |A + B|| < ||A || + ||f i|| I M I I = M I |A||.


Com a distância entre A e B dejinida
um espaço métrico.
por || A —
B ||, L( Rn, Rm) é

(c) Se A £ L( Rn , Rm ) e B £ L( Rm, Rk), então


\ \ B A \ \ < ||5|| ||A||.
Demonstração: (a) Seja {e . . . , en} a base can ónica em Rn
^
e suponhamos x = 2c,e», |x| < 1, de modo que \ a\ < 1 para
i = 1, . . n. Então,
IAx| = IScíAe,- ! < £ |c,-| |Ae,| < £ |Ae<|
de modo que

I |A || < »É1|ACí| < «> .


-
Como |Ax — —
Ay| < ||A j | |x y | se x, y £ 72n, vemos que A é
uniformemente contínua.
A desigualdade em (6) resulta de
|(A + B)x| = |Ax + £x| < |Ax| + |£x| <
< (||A|| + | |5| |) | x|. .
A segunda parte de (ó) é demonstrada de modo análogo. Se
A, B , C £ Rm\
temos a desigualdade triangular
||A - C|| = ||(A -B) + (B -0|1 < ||A -B|| + ||B C||, —
e verifica-se fàcilmente que 11 A
de uma mé trica ( Def . 2.17).

B 11 tem as demais propriedades,

Finalmente, (c) resulta de


|(ZM) x| = |B(Ax)| < || B| J |A x| < ||B|| ||A|| |x|.
APLICAÇÕES LINEARES 209

Como temos agora métricas nos espaços L( Rn, Rm), os conceitos


de conjunto aberto, continuidade etc., têm sentido nestes espaços.
Nosso próximo teorema utiliza êstes conceitos.
. .
9.8 Teorema Seja fi o conjunto de todos os operadores lineares
em Rn que tem inverso.
(а) Se A £ O, |\ A~' \ | = l /a, B £ L(í!n) 6 |\ B - 411 =
= /3 < a , ent ôo 5 £ £2.
(б) £2 é um subconjunto aberto de L( Rn ) e a aplicação A A~ l é
contí nua em £2. (Ela é també m , òbviamente, uma aplica ção biuní
— -
voca de £2 sôbre si mesmo, e é o seu próprio inverso.)
Demonstração: Como |x | = \ A~ l A x \ < cr 1 |.4 x | para todo
x £ J?n, temos

(a —
/3) | x | < |Ax \ /31 x| < |i4 x| |( B A ) x \ < |£x|
para todo x £ Rn , o que mostra que B é biunívoco ; logo B £ Í2, pelo
— —
Teor. 9.5. Mas isto se verifica para todo B tal que | \ B A 11 < a ; —
assim £2 é aberto.
Substituindo x na desigualdade acima por B~ yy, obtemos
(a —] | /3 IB^ 3] -<. l -BDaB^identidade
) yyl = | |, y
de modo que 1 l#' 1
< (a
B~ 1

- ' A~
/ ) 1

= B~\A - B ) A~\
juntamente com o Teor. 9.7(c), resulta agora que
||B“ 1 - -M | < ||B-1|| \ \ A - B \ \ ||A || <
^
o que prova a afirmação de continuidade feita em (ò), visto que /3 0
- a(a — /3 ’ )


quando B
.
— A .
.
9.9 Matrizes Sejam {xi, . .., x„} e {yi, . . , ym} bases de .
espaços vetoriais X e F, respectivamente. Então cada A £ L( X Y ) }

determina um conjunto de n úmeros a% j tais que


m
(D A\j = Z «w (1 < j < n).
» « í
É conveniente considerar êstes n ú meros dispostos em um arranjo
retangular de m linhas e n colunas, chamado matriz m por n:
a\\ G12 ‘* * Aln
a\
^ an '' • a^n
[A ] =

®ml 0>m2 * * *
flffm
210 FUNÇÕ ES DE VÁ RIAS VARI ÁVEIS .
CAP 9

Observe-se que as coordenadas a% j do vetor Axj (em relação à base


{yi, .. ym } ) figuram na j-ésima coluna de [ A ] . Os vetores Axj são
portanto às vezes chamados vetores-coluna de [ A ]. Com esta termi-
nologia, o conjunto de valores de A é gerado pelos vetores-coluna de [ A ].
Se x = Scyx,, a linearidade de A , juntamente com (1), mostra
*

que

(2) Ax = Ê (V è= «*,)/ y -
1 3 1
«*

Assim, as coordenadas de Ax são T!a /C,-. Note-se que em (1) a soma


"
«
i
é relativa ao primeiro índice de a,,; no cálculo de coordenadas, a
soma é relativa ao segundo índice.
Suponhamos, a seguir, dada uma matriz m por n, cujos elemen-
tos a»y são reais. Se, então, A é definida por (2), é claro que
A G L( X , Y ) e que [ A ] é a matriz dada. Assim, existe uma corres-
pondência biuní voca natural entre L( X , Y ) e o conjunto de t ôdas
as matrizes reais m por n. Convém salientar que [ A ] depende não
apenas de A mas também da escolha de bases em X e Y. A mesma
aplicação linear A pode dar origem a diferentes matrizes se mudar-
mos as bases e vice-versa. Não desenvolveremos mais profunda-
mente esta observação, pois geralmente trabalharemos com bases
fixas. (Algumas observações serão feitas na Seç. 9.26.)
Se Z é um terceiro espaço vetorial, com base {zi, .. . , z?}, se
A é dada por (1) e se
By% = £ bk&k , ( BA ) xj = £ Cfc/Zfc,
k k
então A G B( X , Y), B G B( Y, Z ), BA G B( X , Z ) e como
aitfi = EI aijBy ,
B( Axj ) = B

=
^
i

<Uj bid^ k =
*
bfcifty)
i k k i
resulta da independência linear de {zi, . . . , zp} que
(3) Ckj = blçidij (1 < AJ < p, 1 < j < n).
Isto mostra como calcular a matriz [ BA ] , p por n, a partir de [B] e
[ A ] , Se definirmos o produto [B] [ A ] como [ BA ] , então (3) é a re-
gra usual de multiplicação de matrizes.
Finalmente, suponhamos que {xi, . . . , x„} e {yi, .. ., ym} sejam
as bases canónicas de Rn e Rm e que Á seja dada por (2). A desi-
gualdade de Schwarz mostra que
\ Ax \ 2 ~ 21 ( H «ÍJ-C}) 2 < I! ( E 4 ' E Cy) = EI 0%| X | 2.
i i i
* * *, ;
DIFERENCIAÇÃO 211

Portanto,
(4) ||A || < { »ZalV
,
.
i


Apliquemos (4) a B A em vez de A , com E( Rn R?
vemos que se os elementos a*y da matriz são fun ções contínuas de
1
,
);

um parâmetro, então o mesmo ocorre com A. Mais precisamente:


Se S é um espaço métrico, se au, . .., Omn são junções reais con -
,
tí nuas em S e se, para cada p £ S , Ap é a aplicação linear de Rn em
iP* cuja matriz é constituída dos elementos a*y(p), então a aplicação

p > A p é uma aplicação contí nua de S em L( R?f iP").
DIFERENC3AÇÍO

. .
9.10 Definição Suponhamos E um conjunto aberto em Rn,
f uma aplicação de £ em e x G £. Se existe uma aplicação li -
near A de Rn em 2P" tal que
(5) lim
-
h M)
—N
[ f (x + h) f (x) vlhI _ 0 —
dizemos que f é dijerenciável em x e escrevemos

<6) P( x ) = A.
SeJ é diferenciável em todo x £ £, dizemos que f é dijerenciável em E *

Os seguintes comentários esclarecerão e motivarão esta definição.


(a) Em (5) admite-se, é claro, que h £ 22"; se |h| é suficiente
mente pequeno, então x + h G í, pois E é aberto. Assim, f (x + h)
-
está definido, f (x + h) £ 7P* e, como A £ L( Rn, ZP"), Ah £ ZP\ Logo
f (x + h)
— f (x) - Ah £ ZP\
A norma no numerador de (5) é a de ZP"; no denominador temos a
norma de Rn para h.
(6) No caso n = 1, temos a definição de derivada dada ante -
riormente ( ver Def . 5.1 e Seç. 5.16); f'(x) é, por definição, o vetor
y E Rm (caso exista) tal que:
*

(7) lim {
f (s + h) f(z) - y = 0. }
-
h *Q h
Cada y £ iP". determina uma aplicação linear, digamos Trf de Rl
em ZP", dada por Tyh = hy . Reclprocamente, cada T £ L( Rl ZP") }

.

é da forma T = T7 para algum y £ ZP*; basta considerar y = Tl
Assim existe uma correspondência biunívoca natural y < > T7 entre
Rm e L( R\ Rm ) e se identificarmos y e Ty vemos que a antiga de -
finição de f'(x) coincide com a nova quando n 1
— .
212 FUNÇÕES DE VÁ RIAS VARI Á VEIS - CAm

(c)Suponhamos f e E como na Def . 9.10 e f diferenciável em


E. Para cada x £ E , f'(x) é uma função, a saber, uma aplicação
linear de Rn em Rm. Mas f ' é também uma fun ção: f aplica E em
L( Rn, B* ) .
( d) A relação (5) pode ser reescrita na forma
(8) f (x + h) = f(x) + f (x)h + r(h),
em que o resto r (h) é pequeno, no seguinte sentido:

(9) liml SáL


— í|h |
h M> - o.
Podemos interpretar (8) dizendo que para x fixo e h pequeno,
f(x + h) - f (x)
é aproximadamente igual a f'(x)h isto é, ao valor de uma função li-
near aplicada a h.
Resulta de (8) que f é contínua em todo ponto no qual f é di-
ferenciável.
( e ) A aplicação linear definida por (5) ou (8) é chamada dije-
rendai de f em x.
Resolveremos a seguir o problema de unicidade que já pode ter
ocorrido ao leitor:
9.11. Teorema. Suponhamos E e f como na Def . 9.10, x £ &

e (5) verdadeiro, para A = Ax e A Ait em que A{ £ 1(72” , Rm) /

(i - 1, 2). Então Ai = At.


Demonstração: Se B = Ax — A *, a desigualdade

\ Bh\ < |f(x + h) - f(x) — A:h| + |f(x + h) - f(x) - A 2h|

que

mostra que |Bh | /|h| 0 quando h -+ 0. Para h O fixo, segue-se
^
(10) 1W1
I *I
0 quando í
— .
>0

A linearidade de B mostra que o primeiro membro de (10) é inde


pendente de f. Logo Rh = 0 qualquer que seja h £ Rn. O teore
-
-
ma está demonstrado.
A regra de cadeia (ver Teor. 5.5) se estende f àcilmente para êste
caso. Tanto o enunciado como a demonstração são bastante seme -
lhantes ao caso uni-dimensional:
DIFERENC1ÀÇÀO 515

.
9.12 Teorema. Suponhamos E um conjunto aberto em Rn, f
uma aplicação de E em Rm, dijerenciável em xoG E , g uma aplicação -
de um conjunto aberto que contém i{ E )> em Rk , dijerenciável em f ( x0) .
Então a aplicação F de E em Rk dejinida por
F(x) = g(f(x))
ê dijerenciável em xo e
(11) F'(xo) = g'(f ( xo)) r(xo).
No segundo membro de (11) temos o produto de duas aplica-
ções lineares, tal como foi definido na Se ç. 9.6.

Demonstração: Sejam y0 = f (xo), A = F(xo), B - g'(yo); defi-


niremos

u(x) = f (x)
v(y) = g(y)
—— — —
f ( xo) - d (x xo),
g (yo) B( y ~ yo),
r(x = x - xo - BA ( x ~ xo).
) F ( ) F ( )
Temos que provar que F'(xo) = BA , isto é, que

(12)
|r (x)|
— I 0 quando x * x0.
IX xo —
As definições de F e r mostram que
r(x) =
de modo que
g(f(x))
— — —
g(y0) B(i( x ) y0) + B(f(x) — —-
f (x0) 4 (x
— xo)),

(13) r(x) = f u (x).


v(f (x)) + í
Se 6 > 0, resulta das definições de A e B que existem r\ > 0 e
ô > 0 satisfazendo
|v(y)| < e|y yo|,


se Iy yo [ < tj , e


|f (x) f ( xo ) | < rj , |u (x)| < é|X Xo|,

—U
se |x xo| < 5. Portanto,

—— —
(14) (f(x))| < |f (x) f(xo)| = e |u (x) + A( x x0 )\

e
< e* jx x0| + e ||4 j | |x x 0| —
(15)
se |x

|Pu (x)|
xo| < 5.
< ||B|||u (x)| < e||B| j |x — xo ]

Agora (12) resulta de (13), (14) e (15).


214 FUNÇÕES DE VARIAS VARIAVEIS CAP. 9

9.13. Derivadas Parciais, Suponhamos f uma aplicação de


um conjunto aberto E C Rn em Rmt com componentes jl 9 .
(definidas no Teor. 4.10). Se (é i, .. e n} é a base can ónica de R*t
definimos fun ções Djfi em E por
Ji( x + tey) — Mx )
<16) (DjJi) (*) = Hm
l-M> t
desde que êste limite exista. Escrevendo Ji( xl em vez de }

/,( x), vemos que Djfi é a derivada de fi relativamente a xv fixadas


as demais variáveis; portanto a notação
à ji
(17)
dxj
é frequentemente usada em vez de Djfi.
Se f é diferenciável em x, a definição de f ( x) mostra que
f(x + 0i) - f (x)
(18) lim = r(x)h.

t *o t
Considerando as componentes dos vetores em (18), com h = e,, ve *
-
mos que se f é diferenciável em x, então tâdas as derivadas pardais
(Djfi) (x) existem.
A recíproca desta afirmação é falsa, mesmo quando se supõe
que as derivadas parciais existam em todo (Exerc. 9), mas
uma recíproca parcial é verdadeira (Teor. 9.16).
Observemos também que £'(x)e, é o j ésimo vetor coluna da
*
-
matriz [f (x)]. Assim ( Djfi ) (x) é o elemento da i-ésima linha e j ésima -
coluna da matriz [f ( x)J.
9.14. Exemplo. Seja f uma aplicação diferenciá vel do inter -
valo aberto (a, b ) C Rl em um conjunto aberto E C Rn e, g, uma
fun ção real diferenciável, definida em E (isto é, g é uma aplicação
diferenciável de E em 721);. definimos h(í) = <7(f (t)) para a < t < b .
A regra de cadeia então afirma que

Como f (t) E
m
R" ) e
- g'WW ( t ) ( a < l < 6).
E L( Rn, R1 ), vemos que h' ( t ) é
um operador linear em R\ Se considerarmos h' ( t ) como um nú -
mero real, o operador em quest ão é a multiplicação por h' ( C)\ com
pare esta com a observa ção feita na Def. 9.10(6).
-
Relativamente à base canónica de Rny [f (£)] é a matriz n por 1
(uma “ matriz coluna” ) que tem ft{ t ) na í-ésima linha, sendo fi ,
DIFERENCIAçãO 215

ae componentes de f, e, para cada xG £, [/(*)] é a matriz 1 por n


(uma 4'matriz linha” ) que tem (D#) (x) na /-ésima coluna. Por-
tanto [A'(0] é a matriz 1 por 1 cujo único elemento é o número real

h\t ) =
*
è- (D<sf) (£«))/;«).
1

Êste é um caso especial, frequentemente encontrado, da regra


de cadeia.
9.15. Definição. Uma aplicação diferenciável f de um conjunto
*

aberto E C. Rn em R diz-se contlnuamente dijerenciável em E se f' é


uma aplicação contínua de E em £(/?*, ií ") 1
*

Mais expllcitamente, pedo-ee que para cada xG £ e para cada


> exista 5 > 0 tal que j| f ( j ) — ff (x) f | < se y Ç £ e
0

|y x| < 5 .
Nestas condições, dizemos também que f é uma aplicação de
classe S' em E ou que f G E'(2?).
9.16. Teorema. Suponhamos t uma aplicação de um conjunto
aberto E Q R9 em R* . Então í G G'(E) se, e sòmente se, as derivadas
parciais Dy/, existem e são contí nuas em E , para 1 i < m, 1 < j < n.
*

Demonstração: Se f G Ê'(Ê), a desigualdade


I f ( y )«3 — 1 < 11 t ( y )
juntamente com (16) e (18), mostra que cada Dy/ é uma função con-
*
— f (x) 11,

tínua em E.
Quanto à recíproca, basta considerar o caso m = 1. (Por quê ?)
Fixemos x G E e e > 0. Sendo E aberto, existe uma bola aberta
S C E , com centro em x. e raio r, e a continuidade das funções Dy/
mostra que r pode ser escolhido de modo que

(19) | (Di£) (y) - (A/) (x) l < ~ ( j G S, 1 < / < n).


71

Suponhamos h = ZAyey, |h| < r, consideremos vo = 0 e


vjk = hiei + • • ’ + A &ejt, para 1 < fc < n. Então
(20) /(x + h) — /(x) = 2
»

- 1 /(* + y
[ ) ? — Í(x + vi~i)]’

Sendo | vjt| < r para 1 < k < n e S convexo; os intervalos abertos de


extremidades x + vy-i e x + vy pertencem a S. Como vy *= vy-i + h ej ,
o teorema do valor médio 5.10 mostra que a /-ésima parcela em (^20)
é igual a
216 FUNÇÕ ES DE VÁRIAS VARI ÁVEIS CAP. 9

(21) hj ( Djf ) (x + Vj i- + Ojhjej )


para algum 0y £ (0, 1); isto difere de hj ( Djf ) (x) por menos do que
|hj|e/n, como se vê usando (19). Por (20), segue-se que

j( x + h) —/ (x) - £ hj ( DjJ ) (x)


3 = 1
4 è N e < |h|
< 72. y D i
6

para todo h tal que |h| < r.


Isto significa que / é diferenciá vel em x e que /'(x) é a aplicação
linear que associa o n ú mero 2 Ãy(Z)y/) (x) ao vetor h = Sfyey. A
matriz [/'(x)] é constituída da linha ( Dif ) (x), . . ., !
( )*/) ( x); como
DJ, . . . , Z>n/ são fun ções contí nuas em E , as observações finais da
Seç. 9.9 mostram que j £ Ê'(i£).

TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA

Êste teorema afirma, em resumo, que uma aplicação contlnua -


mente diferenciável f tem inverso em uma vizinhança de todo ponto
x no qual a transformação linear f'(x) tem inverso:
. .
9.17 Teorema Suponhamos que f seja urna aplicação de classe
S' de um conjunto aberto E QRn em Rn, que para algum a £ 2£, f'(a)
tenha inverso e que b = f (a). Então,
(а) existem conjuntos abertos U eV em Rn tais que a £ U , b £ V }

f é biuní voca em U e í( U ) = V ;
(б) se g é o inverso de f [ que existe por (a)], dejinido em V por
}

g(f (x)) =x (x £ U ),
então g £ E'( F) . *

Escrevendo a equação y = f(x) em têrmos de suas componentes,


chegamos à seguinte interpreta ção da conclusão do teorema: Pode-se
resolver o sistema de n equações
Vi = jii?i , .. xn) (1 < i < n )
determinando xu .. . , xn em têrmos de yif ... , yn, se restringirmos x
e y a vizinhanças suficientemente pequenas de a e b; as solu ções são
univocamente determinadas e oontlnuamente diferenciáveis.
_
Demonstração: Façamos f (a) = A e consideremos X tal que
4X ||A 1|| = 1. Como f £ E'(2í) existe uma bola aberta 17, de
j

centro em a, tal que


(22) l l f t o - A U < 2\ (:x E U ).
TEOREMA T>A FtíNÇAO H N V E R SÀ - 217

Suponhamos x £ (/ e x + h £ £/; por definição


F(0 = f (x + th) - tAh (0 < t < 1) .
Como U é convexo, x + íh Ç C/, s e 0 < £ < l , e d e (22) resulta
|F'(01 = |f '(x + /h)h - Ah| < 2 X|h | < J |Ah|.
A última desigualdade é verdadeira pois
2 \ |h| = 2X|A“ 1Ah| < 2 X ||A 1 ] | \ Ah \ = h |Ah|,
"

por nossa escolha de X. Do Teor. 5.20 agora resulta que

ou
|F(l)— F(0) I < l |Ah| ,.

.(23) | f(x + h) — f ( ) — Ah| <|\ Ah \ .


x

Segue-se que
(24) |f (x + h) - f (x) | > è | Ah | > 2 X |h |.
Observemos que (23) e (24) se verificam sempre que x £ P e
x + hG U . Em particular, (24) prova que f é biuní voca em U .
Fixemos x0 £ U e seja S uma bola aberta com centro em xo e
raio r > 0, cuja aderência S está contida em U . Provaremos que
j( S ) contém a bola aberta de centro em f (xo) e raio Xr.
Com êste objetivo, fixemos y de modo que | y f (xo)| < Xr; e —
definamos
<t> (*) = |y —
fW| (x £ S).
Se |x — xo| = r, (24) mostra que

Assim,
2Xr < |f (x) — f (x0)| < 0(x) + 0(xo) < 0(x) + Xr.

(25) 0(xo) < Xr < 0(x) (Ix — X0| = r).


Sendo <f ) contínua e S compacto, existe x * £ S tal que <£ (x*) 0 (x)
para todo x G S. Por (25), x* G S .

Seja w = y f (x *). Como A tem inverso, existe h G f i n tal
que Ah = w. Consideremos t £ (0, 1) tão pequeno que x * + th £ S .
Então
(26) |f (**) - y + Ath \ = (1 - <) |w|,
e (23) mostra que
(27) —
|f (x * + th) - f (x*) A /h| < i |tvr|•
Como </> (x* + th ) é a norma da soma dos vetores que figuram
215 FUNÇÕ ES DE VÁRIAS VARIÁVEIS CAP. 9

nos primeiros membros de (26) e (27) e |w | = <£(x *), concluímos


que

(28) $(x* + íh) < <#> (**) •

Se <£(x *) > 0, resulta de (28) que </>(x * + íh) < <f> ( x* ) , pois t > 0.
Mas isto contradiz o fato de x* ser m ínimo.
Assim 0(x *) « 0, o que significa que f (x *) = y.
Ficou provado que todo ponto de f (C/) tem uma vizinhança con -
tida em f ( C7). Logo f ( t/) é um subconjunto aberto de Rn. Fazendo
V « f( C/), fica demonstrado o item (a) do teorema.

Para provar o item (6), consideremos y £ F, y + k Ç F, seja


x = g(y) e
-
h g(y + k) g(y). —
Pelo Teor. 9.8(a), (22) e nossa escolha de X mostram que P(x) tem
inverso, digamos, B. Aplicando B à equação

-— —
k f (x + h) f 00 * f (*)h + r(h),
-
em que |r(h)|/|h| * 0 quando h * 0, obtemos B\L = h + Br(h), ou
(29)
),
— — ——
g(y + k) g(y) = J5k £(r(h))
.
Por (24 2X h < |k| Assim, h > 0 se k > 0 (o que mostra, di-
| |
.
ga-se de passagem, que g é contínua em y) e
|B(r (h)) 1 \ \ B\ \ jr(h) j
(30) ‘ 0 quando k -^ 0.
!k| ~ 2X |hj
Comparando (30) e (29) vemos que g é diferenciável em y e que
g/(y) = B. Em outros têrmos,
(31) g'(y) = {f'(g(y))} 1
_ (y £ F).

Ademais, g é uma aplicação contínua de V sôbre (7, f' é uma apli-


cação contínua de U no conjunto S2 de todos os elementos de L( Rn )
que têm inverso e a inversão é uma aplicação contínua de Q sôbre
S2, pelo Teor. 9.8(6): Combinando estes fatos com (31), vemos que
g G E'( F).
A demonstração está completa.
O que se segue é uma consequência imediata do item (a) do teo -
rema:
Corolário* Se f ê uma aplicação de classe 6' de um conjunto
aberto E C Rn em Rn e se t ( x ) tem inverso para cada então f (W)
TEOREMA DA FUNÇÃO IMPL ÍCITA 219

é um subconjunto aberto de Rn qualquer que seja o conjunto aberto


W CE.
Em outros têrmos, f é uma aplicação àberta de E em Rn .
As hipóteses feitas neste corolário garantem que cada ponto
x £ E tem uma vizinhança na qual f é biunívoca; o que se pode re -
sumir dizendo que f é localmente biuní voca em E. Mas f não é ne-
cessà riamente biunívoca em E , nestas condições. Para um exemplo,
ver o Exerc. 12.

TEOREMA DA FUNÇÃO IMPLÍCITA

Se x *= (xi, .. zj £ Rn e y = ( yu .. ym) £ Rm, designaremos


por (x, y) o ponto (ou vetor)
feu ••* J Vu •* £ R**m
M í/ m ) .
Nesta seção, o primeiro elemento em (x, y) ou em símbolo semelhan -
te será sempre um vetor em Rn\ o segundo será um vetor em Ãm.
Seja A £ LCR*4**, Rn) e suponhamos que
(32) se A (h, 0) « 0, então, h = 0.
Consequentemente se A (hi, k) = A( h 2, k), a linearidade de A mostra
que

logo,
A(hi
— h2, 0) = 0,
hi = h2. (Assim, para cada k £ Rm, a aplicação h * A (h, k) é —
uma aplicação linear biunívoca de Rn em Rní portanto sôbre, pelo
Teor. 9.5.
Concluímos que a equação
(33) .
A( x, y) = 0
tem, para cada y £ Rm, uma, e sòmenie uma, solução x £ Rn, se A sa
tisjaz (32).
-
O teorema da fun ção implícita afirma que uma conclusão seme-
ínuamente diferenciáveis,
lhante é válida para certas aplicações cont
.
que não são necessàriamente lineares Antes de enunciá-lo, observe-
mos novamente (32) e notemòs que se [ A ] é a matriz n por n + m
de A, relativa à base canónica, então (32) diz precisamente que os n
primeiros vetores coluna de [A ] são linearmente independentes. Êste
é um critério para determinar se (32) é válido, mas não terá nenhu
ma função na demonstração que se segue .
-
. .
9*18 Teorema Seja f uma aplicação de classe 6' de um con -
. ,
junto aberto E C Rn+m em Rn Suponhamos ( a b) £ E , f (a, b) = 0,
220 FUNÇÕ ES DE VÁ RIAS VARI Á VEIS CAP. 9

A = f (a , b) , A satisjazendo (32). Então existe uma vizinhança W


de b( TF C Rm ) e uma única Junção g £ £'( IT), com valores em Rn,
tal que g( b) = a e
(34) f (g(y), y) = 0 (y £ W ) .
A fun ção g é definida implicitamente por (34); donde o nome
do teorema. Êle pode ser enunciado em tê rmos de um sistema de
n equações com n + m variá veis
ji ( xu i/ i , , =0 —
(35)

Jnip^ l y * * * J Vlj • « •> 2/ w) 0.


Nossa hipótese a respeito de A diz que são linearmente independen-
tes os vetores coluna da matriz n por n cujo elemento da z-ésima li-
nha e y-ésima coluna é (djildx,) (a, b). Se isto se verifica e se x = a
,
y = b satisfaz (35), então (35) pode ser resolvido exprimindo-se
Xi , . . xn em têrmos de yi, . . ., ymi para todo y
próximo a b.
Demonstração: Seja F a aplicação que a (x, y) £ E associa
(z, w) £ Rn+m , definida por
(36) z = f(* y) . .
w = y.

Então F £ (&' ( E). Como f (a, b) = 0, temos


f (a + h, b + k) = A ( h, k) + r (h, k),
em que r é o resto que aparece na definição de f . Sendo
F(a + b, b + k) —
F(a, b) = (f(a + h, b + k), k),
segue-se que F'(a, b) é o operador linear em R** que a (h, k) associa
m

(A (h, k), k). Se êste vetor imagem é 0, então A (h, k) = 0 e k = 0,


logo 4 (h, 0) = 0 e resulta de (32) que h = 0. Isto diz que F'(a , b
)
é biunfvoca e, portanto, tem inverso Teor.
( 9.5).
Logo o teorema da função inversa é válido para F: Existem
conjuntos abertos U e V em Rn^mJ contendo (a, b) e (0, b) e tais que
F é uma aplicação biuní voca de U sôbre V ; por (36), o inverso de
F é da forma
(37) X = w), y= w ((z, w) v ) , e
em que <}» £ S'(7). Em outras palavTas,
(38) f(4*(z , w), w) = z ((z, w) E V ).
TEOREMA DO PÔSTO 221

Se considerarmos uma vizinhan ça W de b tal que (0, w) £ V ,



para w £ TF, e se definirmos g(y) <[> (0, y) para y £ W , ent ão, fa
zendo z = 0 em (38), obtemos (34).
-
Como < j> (0, b) = a, vemos que g(b) = a.
A unicidade de g resulta do fato de F ser biunívoca: Se
E U , (x * y) E U e f (x, y) = f (x * y), então F(x, y) = F(x*, y);
(x , y )
portanto x * = x.

TEOREMA DO PÔSTO

Por definição, o pôsto de uma aplicação linear é a dimensão de


seu conjunto de valores. O teorema seguinte é preparatório para
o Teor. 9.20.
.
9.19 Teorema. Suponhamos p , q, r inteiros mo negativos X }


e Y espaços vetoriaisJ dim. X = r + p , dim . Y r -f q e A uma
}

aplicação linear de X em Y , de pôsto r. Então existem espaços veto -


riais X 1 X 2 em X e Yl Y 2 em Y , tais que:
} } }

( a ) lodo x £ X tem uma única representação da jorma x = Xi + x 2,


com xi £ Xu x 2 £ X 2;
( b ) todo y £ Y tem uma única representação da jorma y = yi + y 2,
yi 6 Yu y 2 £ F2;

(c) AX 2 = 0 para todo x 2 £ X 2;


( d) a restrição de A a Xi ê uma aplicação biuní voca de Xi sôbre
( e) dim. Xi = dim. Y\ = r.
Demonstração: Pelo Teor. 9.3(c), Y tem uma base {vi, . .. , Vr+ç}
.
tal que {Y I , . ., vr}. é uma base do conjunto de valôres Fi de A .
Seja Y 2 o espaço gerado por {VH- I, ..., Vr+Ç}.

(Observemos que se q = 0, Y 2 é constituído apenas de 0. Vá -


rias afirmações nesta demonstração e no Teor. 9.20 devem ser in-
terpretadas anàlogamente se um ou mais dos inteiros p f q, r é 0.
Deixamos ao leitor o trabalho de localizar estas afirmações e inter-
pretá-las.)
Consideremos vetores ui, ... , ur £ X tais que Auy = v;- (1 <
< < r ). Então {ui, ..., U r} é um conjunto iineannente indepen
j -
.
dente que gera um espa ço X 2 Seja X 2 o conjunto de todos os x £ X
tais que Ax = 0 .
422 PUNÇÕES DE VÁRIAS VARI ÁVEIS .
CAP 9

Ê claro que todos os itens de ( b ) a ( e ) são verdadeiros. Se


f

x G I, existem escalares . . ., Cr tais que .á x = CjVj. Seja


Ci,

Xi
r
= 2 CÍUÍ e
1
=x — *1. Então, Xi G Xi, ^Ixi
ou xe G X 2. Por (c) e (d), Xi e X 2 têm em comum apenas o vetor
— i
4 x; logo Axi = 0
i

nulo. Isto mostra que a representação x = Xi + x 2 é única e (a)


está demonstrado.
O teorema seguinte é outra ilustra ção do princípio geral segundo
o qual o comportamento local, na proximidade de um ponto x, de
uma aplicação contlnuamente diferenciável F é semelhante ao da
aplicação linear F'(x).
. .
9.20 Teorema Suponhamos X B?**, Y = —F uma apli -
cação de classe £' de um conjunto aberto E C X em Yf e ôsto de F'(x)
p
igual a r para todo x Ç S.
Fixemos a Ç- E , seja A = F'(a), consideremos Xu X2, Yh Y ?
como no Teor. 9.19 e Fi, F2 definidas por
(39) F(x) = Fx(x) + Fj(x) (xG £),
em que Fi(x) G Yu F2(x) G Y 2 .
Então existe um conjunto aberto U em X tal que a G U , U QE e
( а) Fi( U ) é um conjunto aberto em Y\t
(б) para cada yi G Fi(JJ ) existe precisamente um y2 G Y 2 tal que

yi + y* G F((7).
Em terminologia geométrica, (6) diz que F( C7) é uma “ superf í-
,
cie r-dimensional” em Y que tem precisamente um ponto “ sôbre”
cada ponto do conjunto Fi(í/). Sugerimos que o leitor esboce al -
gumas das situações que podem ocorrer quando os nú meros p, q7 r
assumem qualquer dos valores 0, 1, 2.
Demonstração: Seja T a restrição de A a X %. Por 9.19(d), T
é uma aplicação linear biunívoca de Xi sôbre Yi e seu inverso T ~l
aplica Fi sôbre Xj. Seja P o operador linear em X definido por
Px » x2, se x = xi + x 2, xi G Xi , x 2 G X2 (êste tipo de operador é
chamado projeção); definimos
(40) -
f(x) = T *Fi{ x ) + Px (i 6 í ) .
Pela regra de cadeia, temos
f'(a) = JT- a) + P.
(41)


Para i 1, 2 o conjunto de valôres de F, está contido em
Yi. Sendo F* um subespaço fechado de F, é evidente por (18) que
Fí(a)h G F* para todo h £ I. Por (39), A = Fj(a) + F2(a); como
o conjunto de valôrea de A é Fj, resulta do Teor. 9.19(ò) que

A = FÍ (a), e 9.19(c) mostra que Ah Ahi se h = hi + h 2, hi G
hz G -X ?. Assim,
f'(a)h = T ~lAh + Ph = T- hi + h 2 = hx + h 2 = h.
^
Isto significa que f'(a) é a aplicação identidade em X . O teo
-
rema da função inversa garante, portanto, que existem conjuntos aber
--
tos U e V em X , tais que a Ç I7, U C E e que f é uma aplicação
biuní voca de U sôbre V . Ademais, (substituindo Í7 e V por subcon
juntos convenientes, se necessário) podemos supor V convexo. Seja
-
g a aplicação de V sôbre U , inversa de f; definimos
(42) ® (z) = F(g (z)) * V ). <
Como AP = 0, (40) mostra que At - A 5P~lFi = Fi, de modo que
Fi(g(z)) = Af (g(z)) - Az «* Azi.
Assim.
(43)
•, ==zxAzi+ +, 4
em que < j>(z) 6 2 z
(*) > (z)
(z G F),
.
^ z2 zi G XXt z 2 G X2
Por (42) e (43), Fi(U ) é o conjunto de todos os pontos Azi para
z G F. Como V é aberto, e Fi é o conjunto de valôres de A, o
item (o) do teorema está demonstrado.
Para provar (6), temos que mostrar que <£(z) depende apenas
de Zi.
-
Fixemos z G F Por (42) e (43) .
(44) ' )
$ (z = F'(g(z))g'(z) * A + 4> (z). ;

Como g'(z) é um operador linear que tem inverso em X , e o pôsto


de F'(g(z)) é igual a r, o conjunto de valôres R de $ ( z ) é um espa ço
f

vetorial de dimensão r. Seja Q a projeção de F sôbre Fx dada


.
por Q(yx + y 2) = yx Como o conjunto de val ôres de <>'(z) está

contido em F2, (44) mostra que A Q<Ê'(z). Assim Q é uma apli-
cação de R sôbre Fx e como ambos os espaços têm dimensão r, Q é
biunívoca em R. Logo,
(45) se Ah = 0, então $'(z)h = 0.
Para z £ F, z + h 2 G F, h 2 G X2, definimos
(46) A( t ) = 3> (z + íhs) (0 t 1) .
224 FUN ÇÕ ES DE VÁ RIAS VARI ÁV ÉÍS CAP. 9

Sendo V convexo, esta definição tem sentido. Como Ah 2


(45) e (46) resulta
—0 , de

(47) A'(0 = 4> '(z + *h 2)h 2 = 0


• (0 < t < 1).
Logo A ( l ) = A (0), ou seja, <D (z + h 2) = <D (z) e isto é o que precisá-
vamos demonstrar a fim de concluir (ò).

UM TEOREMA DE DECOMPOSIÇÃO

Suponhamos que f seja uma aplicação de um conjunto aberto


E C Rn em Rn e que exista um inteiro j tal que
e» • f (x) = e< • x
para todo i j , x £ E . Assim, x e f (x) têm a mesma i-ésima coor-
-
denada se i j ] a j ésima coordenada é a ú nica que pode ser afe -
tada por f. Chamaremos primitiva uma tal aplicação.
.
9.21, Teorema Seja f uma aplicação de classe E' de um con -
junto aberto E C Rn em Rn. Suponhamos 0 £ E , f (0) = 0. Supo -
nhamos , ainda, que JF(0) tenha inverso. Então existe uma vizinhança
de 0 em R* na qual ê válida uma representação da jorma

f (x) = gnOBngn-l( - • •
*))).
gl(5l

Cada gfc é uma aplicação primitiva, de classe 6' em alguma vizinhan -


ça de 0, gfc(0) = 0, e cada Bk é um operador linear em Rn que ou
é a identidade ou apenas permuta algum par de coordenadas.
Demonstração: Seja f = fi, suponhamos 1 < m < n e fa çamos
a seguinte hipótese de indu ção (que evidentemente se verifica para

m 1): fm é uma aplicação de uma vizinhan ça de 0 em Rn, em RH,
fm(0) = 0, fm é de classe S', Am fm(0) tem inverso e —
(48) e, • fm (x) = e, • x (1 < i < m) .
Seja aij = e » • Ame;-. Então de (48) resulta que a*/ = 0 se
i < m e j > m. Se também tivéssemos amy 0 para todo j > m = ,
a representação Amej — *
,-
a,ye mostraria serem os n + 1 m ve — -
tores linearmente independentes Amem, .. Amen pertencentes ao

o Teor. 9.2.

espaço gerado pelos n m vetores em+i, . . . , en, em contradição com
»

Assim existe j tal que m < j < n e am;- 0.


DETERMINANTES 225

Definimos operadores Pm, Bm G L( Rn) por: Pmei = et se / m,


Pm&m = Oj Bmem ~ Cj Bm&j ~ ©mj m©i == © nos demais caso. Seja
^
)
^ tj

(49) gm (x) = PmX + {em *


fm(PmX)}em.
Então gm é òbviamente uma aplicação primitiva. Como =

(50) gm(9)ll — Pmh -f- {em 4 mPmh} ©m


* (h G Rn).
Se gm(0)h = 0, (50) mostra que Pmh = 0, de modo que h = Xem.
Mas temos também em * AmBnh = 0, ou Xam; = 0, pela definição
de Bm Como ctmj 7^ 0, vemos que X = 0, portanto h = 0.
*

Mostramos que gm(0) é biunívoca. Portanto, ela tem inverso;


do teorema da função inversa resulta que gm é biunívoca em uma
vizinhança Um de 0 e que gm( Um) é um conjunto aberto Vm C Rn .
Seja, por definição,
(51) fm+ i (y) = ím( Bmgm (y )) (y G Fm).
Se y G Vm, y = gm(x), x G t/m, então (49) mostra que
(52) em y
*
= Cm ‘ fm(PmX), e* • y
*
= e» • x ( i < m).
Portanto de (48) e da definição de Bm resulta que
ej • fm+i(y) = e» • B«x = e, • x = e, • y
se i < m, e de (52) também resulta que
Cm *
fm+l(y) = em * fm(PmX) = Cm • y.
Segue-se que fm+ i satisfaz nossa hipótese de indução, com m + 1
em vez de m e podemos prosseguir. Reescrevendo (51) na forma
(53) fm(x) = fm+l (gm (PmX)).
para m = 1, . . . , n e observando que fn+ i é a identidade, obtemos
fi (x) = fa (gi (Bix)) = fs(g 2(B2gi (Pix))) = • •• ,
que nos dá a conclusão desejada.

DETERMINANTES

9.22. Definição. Se ( ji, . . • i in) é uma n-upla ordenada de


inteiros, definimos
(54) *U u J n ) = PII

sin. (i,
— jp),
226 FUNÇÕES DE VARIAS VARI ÁVEIS CAP. 9

se x 0. Ent o s
.
ã { jx—
em que sin x 1 se x > 0, sin. x ~
— , — —
1 se x < 0, sin. x 0
... Í« = 1 1 ou 0 e muda de sinal se
, ) ,
dois quaisquer dos j forem permutados.

Seja [41 a matriz de um operador linear A em relativamen -
.
te à base canónica {e . . , e„} e a( i, j ) o elemento da i-ésima linha
^
e i-ésima coluna. O determinante de [ A ] é, por definição, o nú mero
det [A] = £ *Ui , • • •iJn)o(l, jl )a( 2, j ) .
(55)
A soma em (55) se estende a t ôdas as rupias ordenadas de inteiros
^ ... a( n, /„)

( Ju • • * in) em < ue 1 < jr < n


* .
-
Os vetores coluna xy de [ A ] são

(56) = 1è1 afoite- (1 < J < n).


-
Será conveniente considerar det. [ A ] uma função dos vetores-coluna
de [A ]. Se escrevermos
det. (xi, • *i Xn) = det. [A],
det. será uma função real no conjunto de tôdas as n uplas ordenadas -
de vetores de Rn .
.
9.23 Teorema, (a) Se I ê o operador identidade em Rn, então
det. [i] = det. (ei, • • •, ©n) = !• 2 1

(6) Det. é uma junção linear de cada um dos vetores-coluna xy,


quando os demais são mantidos jixos.
( c ) Se [A ]t á obtido de [A] por permutação de duas colunas, então
det. [A ]t = —
det. [A ].
(d) Se [ A ] tem duas colunas iguais, então det. [A ] = 0.

t
Demonstração: Se A = /, então a(i, t) 1 e a(i, j) = 0 para
.
j Portanto,

det. [/] = s(1, 2, .. n) = 1,
o que demonstra (o). Por (54), s( ju • • •lin) = 0 se dois quaisquer
.
dos j são iguais Cada um dos n! produtos restantes em (55) con-
tém exatamente um fator de cada coluna. Está demonstrado (6).
O item (c) é consequência imediata do fato de s( jX , jn ) mudar ) ...
de sinal se dois quaisquer dos j forem permutados e (d) é corolário
de (c) .
.
9.24 Teorema Se [ A ] e [í .f ] são matrizes n por n, então
det. dB ] [A]) - det. [ B ] det. [A ].
UM TEOREMA DE DECOMPOSIÇÃ O 227

Demonstração: Se xi, . . . , xn são as colunas de [4 ], definimos


(57) *
* -
A*( x i, . . J xj A [A] = det ( [ B ] [ A D.
As colunas de [ B] [ A ] são os vetores Bxi, . . ., Bxn. Logo,
(58) AB (XI, .. x O = det. ( Bxi , . .., Bx„).
Por (58) e pelo Teor. 9.23, AB també m tem as propriedades 9.23(6)
(c), (d). Por (6) e (56),
AB [ A\ = AB( 2 a(t, 1)Cí, x 2, . . x n) = 2 1) A B (C», X 2; . . x n).
Repetindo este processo com x 2, . .., xn, obtemos
(59) ABU ] = Xa(D, l )a(t2, 2)
—-
a(4, n ) AB(e,,, . . e,„),
sendo a soma relativa a tôdas as n uplas ordenadas (íi, . . . , z») em
que 1 < ir n. Por (c) e (d),
(60) A# (e, j, . . ., Cig)

in) Ajj(ei, .. - , ©n)
t( Í li • • •i ?

em que t
(61)
— 1, 0 ou

1 e como [B] [I] = [ B], (57) mostra que
Afi(ei, . . e») = det. [B].
Substituindo (61) e (60) em (59), obtemos
det. ([B] MD = ( X) o(*i»!) • • «(*», n)t( iu .. Q } det. [B],
-
para tôdas as matrizes n por n [ A ] e [B], Fazendo B = /, vemos
que a soma acima, entre parênteses, é det. [ A.] O teorema está
demonstrado.
9.25. Teorema. Um operador linear A em Rn tem inverso se, e
eò mente se, det. [ A ] 0.
Demonstração: Se A tem inverso, o Teor. 9.24 mostra que
det. [ A ] det. [Ar1] = det. [AA 1] = det. [ /] = 1,”

de modo que det. [ A ] 0.


^
Se A n ão tem inverso, as colunas Xi, . . M x* de [A ] são linear-
mente dependentes (Teor. 9.5) ; portanto, existe uma, digamos xk ,
tal que
(62) Xfc “ H
^^ ÇJXJ 0

para escalares cy convenientes. Por 9.23(6) e (d), podemos subs -


tituirxfc por Xfc + Cj\j sem alterar o determinante, se j k . Pros-
seguindo analogamente, vemos que xk pode ser substituído pelo pri- ^
meiro membro de (62), i.e., por 0, sem alterar o determinante. Mas
uma matriz que tem 0 como uma de suas colunas tem determinante 0.
Portanto det. [A ] = 0.
228 FUN ÇÕ ES DE VÁ RIAS VARI ÁVEIS CAP. 9

9.26. Observação. Suponhamos que {ei , . . . , e| „ e {uj, . . . , u „}


sejam bases em Rn. A todo operador linear A em Rn correspon -
dem matrizes [ A ] e [ A ] v com elementos (Uj e af-y dados por
Acj }' dija , Auj = ».
Se uj — Bej = 26,ye,, então Auj é igual a
* *

fc
& kjBejc
k i ^ ^ i k
eí,

e também a
( /L ^i k ) ®í
AB& j A
fc
bf ç j
^k *
,
k
/
^ kj *

Logo 2 òifcttfcj = 2 0,-fcòfcj ou


(63) [5] [ A ]c/ = [ A ] [5].
Como 5 tem inverso, det. [£] 0. Portanto (63), juntamente com
o Teor. 9.24, mostra que
(64) det. [ A ]tf = det. [ A ] .
O determinante da matriz de um operador linear não depende
pois da base escolhida para definir a matriz. Portanto tem sentido-
falar-se no determinante de um operador linear , sem referê ncia a qual -
quer base.

- .
9 27 Jacobianos. Se f é uma aplicação de um conjunto aberto
E C Rn em Rn e se f é diferenciável em um ponto x £ E o determi- }

nante do operador linear f'(x) chama-se Jacobiano de í em x. Em


símbolos,

(65) J f ( x ) = det. f '(x) .

Adotaremos também a notação


c%i, . .. , 2/n)
(66)
<KXU . . ., Xn)
para Jf (x), se ( yu . . . , 2/n) = ffci, .. xj.
Em têrmos de Jacobianos, a hipótese crucial no teorema da fun-
ção inversa é Jf (a) w* 0 (compare com o Teor. 9.25). Se o teorema
da fun ção implícita f ô r enunciado em tê rmos das funções (35), as
hipóteses feitas sôbre A importam em
d ( f 1, . . . , /n)
d (xi, . . ., x„) ^ 0.
ÍNYEGR ÀÇ XÒ 229

INTEGRAÇÃO

9.28, Definição . Seja Ik um /c-paralelepípedo em Rk , consti -


tuído de todos os

tais que
X
— (Xif .. X /c)

(67) at - x% h (t — 1, , ^)••• *

.-
Seja P o / paralelep í pedo em R definido pelas j primeiras desigual
}
-
dades (67), e / uma fun ção real contínua em Ik.
Escreveremos / = jk e definiremos / -1 em Z*^1 por
*
Jk-i ( xi ) ••• >
^fc-)— i flcipli • ••7 1;
^A ) dXfc.
« ;

A continuidade uniforme de J* em Zfc mostra que //c-i é contí nua em


Z*-1. Podemos portanto repetir êste processo, obtendo fun ções
contínuas em P , tais que }j-i é a integral de fc relativamente a Xj
em [ dj , 6J. Após Jc etapas, obtemos um número Jo que chamamos
integral de ) em Ik e designamos por

(08) fjM d, ou fj
A priori, esta definição de integral depende da ordem em que
as k integrações são efetuadas. Entretanto a dependência é apenas
aparente. Para demonstrar esta afirmação, vamos designar provi-
sòriamente por L( J ) a integral (68) e por L' ( j ) o resultado obtido efe-
-
tuando se as k integrações em alguma outra ordem.
. .
9.29 Teorema Para tôda j £ Ê(Zfc), L( j) =
Demonstração: Se h( x ) = Ai(xi) ... Mxfc), em que h £ (S([q,-, &,]), ,
então
k
m = n- X 1
hi( Xi ) dxi = L' Qi ).
Se Sl é o conjunto de tôdas as somas finitas de tais fun ções h, se -
-
gue se que Lfa ) = U (g ) para tôda g £ 2Í. Ademais, SI é uma ál -
gebra de funções em Ik à qual se aplica o Teorema de Stone Weiers - -
trass.

Seja V = XI
í
(ô<
— u*). Se / £ G(Zfc) e e > 0, existe g £ Sl tal
230 FUNÇÕ ES DE VÁ RIAS VARI ÁVEIS CAP. 9

que \ \ J —g \ \ < «/ F, em que 11 /| j é por definição igual a má x .


— —
|/ (x)| (x £ / *). Então | L( j g ) < e, \ L' ( j gr) | < e e como

conclu ímos que —


-
LU ) - U U ) LU - g ) + L’ (g ~ f )
|LU ) L' U ) \ < 2 e.
}

Relativamente a este assunto, o Exerc. 19 é pertinente.


. .
9.30 Definição O suporte de uma fun ção (real ou complexa) j
em Rk ê a aderência do conjunto de todos os pontos nos quais
/ ( x) 0. Se / é uma fun ção contí nua com suporte compacto , seja
lk um fc-paralelepípedo qualquer que contém o suporte de /; defini-
remos

JRJ jik / •

A integral assim definida é evidentemente independente da escolha


de Ik , desde que Ik contenha o suporte de /.
Toma-se agora tentador estender a defini ção de integral em Rk
a funções que são limites (em algum sentido) de fun ções contínuas
com suporte compacto. Não queremos discutir as condições em que
isto pode ser feito; o tratamento adequado desta questão requer a
integral de Lebesgue. Descreveremos apenas um exemplo muito
simples que será usado na demonstração do Teorema de Stokes.
9.31. Exemplo. Designemos por Qk o /c-simplexo constituído
de todos os pontos x = (xi, . . . , xk ) em Rk para os quais Xi + . . . +

+ xk < 1 e X í > 0, sendo i 1, .. k . Se k = 3, por exemplo,
é um tetraedro, com vértices em 0, ei , e 2, e3. Se / G S (Qfc) , de-

finimos / em Ik supondo /(x) 0 fora de Qk ; por definição

(69) jik / •

Aqui Ik é o “ cubo unitá rio” definido por


0< Xí <1 (1 < i < k ) .
Como } pode ser descontínua em Ik, a existência da integral
no segundo membro de (69) necessita demonstração. Devemos tam-
bém mostrar que esta integral é independente da ordem em que as
k integrações simples são efetuadas.
Sejam y = (xb ..., x - j), x = (y, xk ). Por definição , g( x ) = /(x)
^

para x £ Qk , g ( x ) /( x/J) se Xi + • • • + i f c = / > l e
X(y) = m áx. (0, 1 — — —x\ xk v)- (y e / fc
'1 ).
INTEGRAÇÃO 231

Procedendo como na Def . 9.28, obtemos


X ( y)

I
1
(70) Jk ~ i (y) =
X f ( y , Xk ) dxk =
_
Como g E S(/ fc) e A E S(/ fc 1), (70) mostra que / t-i E S(/ fc *) • Por
g( y , xk) dxk .

-
tanto as demais integrações n ão constituem problema.
Se 0 < < 1, definimos <p( t ) = 1 para t < 1 ( , <f>( t) = (1 i) / e
em [1 —
, 1], 4>(t ) = 0 se í > 1 e
— —
F( x) = < p( xi + • • • + X k ) f ( x ) (x E / fc) -
Então |íVi(y) — A- i(y )| < «||/|| para todo y E /*"*, de modo que

(71)

Note-se que (71) se verifica independentemente da ordem em que as


k integrações simples são efetuadas; como F £ (£(/*), nã o é
afetada por nenhuma mudan ça nesta ordem; logo (71) mostra que
o mesmo se aplica a J j .
*

Nosso próximo teorema descreve o efeito de uma mudança de


variá veis em uma integral. Por simplicidade, limitamo-nos a fun-
ções contínuas com suporte compacto.

- . .
9 32 Teorema Seja T uma aplicação biuní voca de classe
de um conjunto aberto E (ZRk em Rk tal que Jr (x) 0 para todo x £ E
^ .
Se J é uma junção contí nua em Rk cujo suporte ê compacto e está con -
tido em T ( E), então,

(72) r
jRk
/(y) à y = f
JRk
j( T ( x ) ) \ Mx ) \ dx.
Recordamos que JT é o Jacobiano de T . Da hipótese Jy( x) 0
resulta, pelo teorema da fun ção inversa, que T“ l é contínua em T ( E)
e isto garante que o integrando no segundo membro de (72) tem su-
porte compacto em E (Teor. 4.14).
A presen ça do valor absoluto de */ r(x) em (72) merece um comen-

tá rio. Consideremos o caso k 1 e suponhamos T uma aplicação
biuní voca, de classe (£' de Rl sobre 721. Então JT ( X ) = Tf ( x ) e, se T
f ô r crescente, teremos

(73) f
J R I,
}( y ) dy =
JRI
f
j( T ( x )) T' ( x ) dx,

pelos Tcors. 6.33 e 6.17, para todas as / contínuas com suporte com -
pacto. ( Na realidade, aqui é suficiente o Teor. 6.16, pois T' é con -
232 FUNçõES DE Và R íàS VARíã VéTS CAP. 9

tínua.) Mas se T decresce, então T' ( x ) < 0 e, se j é positiva no


interior de seu suporte, o primeiro membro de (73) é positivo e o se-
-
gundo é negativo. Obtém se uma equação correta se Tf f ô r subs-
titu ída por |r| em (73).
O fato essencial é que as integrais, que agora estamos conside-
rando, são integrais de fun ções em subconjuntos de Rk e não associa -
mos dire ção ou orienta ção a êstes subconjuntos. Adotaremos um
ponto de vista diferente quando chegarmos à integração de formas
diferenciais sobre superf ícies.
Demonstração: Resulta das observações que acabamos de fazer
que (72) se verifica quando T é uma aplica ção primitiva , de classe
S' (ver Teor. 9.21) e o Teor. 9.29 também mostra que (72) se veri -
fica quando T é uma aplicação linear que apenas permuta duas coor -
denadas.
Se o teorema é verdadeiro para aplicações P, Q e se S ( x ) =
= P(Q(x)), então
/ /(z) dz = J j P{ )) \ ( )\ dy
( y Jp y

= / KP (Q ( x )) ) \ JAQ( )) \ |7« (*)| dx


x

= / m* )) l*WI dx ,
,
-
pois

JP( Q( X ))JQ( X ) = det. P' ( Q( x )) det. Q'(x)


- det. P'(Q(x)) Q' ( x ) = det. S' ( x ) = Js( x) ,
pelo teorema de multiplicação de determinantes e a regra de cadeia.
Assim o teorema é també m verdadeiro para S .
Cada ponto a Ç B tem uma vizinhança U na qual
-
T( x ) = T(a) + gfc(Pfcgt-i( gi (Pi ( x — a)))),
* *

sendo gt, Bi como no Teor. 9.21. Fazendo V = T ( U )i segue-se que


(72) se verifica quando o suporte de f está contido em F. Portanto:
Cada ponto de T ( E ) tem uma vizinhança V tal que (72 ) se verijica
qualquer que seja a junção contí nua j de suporte contido em V .
Seja agora j uma fun ção contínua com suporte compacto K em
T ( E). Cada y £ K é centro de uma bola aberta F(y), de raio r (y),
tal que (72) se verifica para toda função contínua com suporte con-
tido em F(y). Sendo K compacto, existem pontos yi, .. ., yv em K
tais que a reunião das bolas abertas W { de centro y» e raio \ r(y*)
é uma cobertura de K .
-tN-UGRAÇÀO-- 233

Para 1 < i < p , seja /3t uma fun ção contínua em Rk , com su-
porte em F( y») , tal que /3,( y) = 1 em TF,-. Façamos oq — j9 i e
ay = (1 — /3,) ( 1 — /3 ) - • - ( 1 —
*
para 2 <j< p . Verifica -se f àcilmente que
Oí\ + * * *
+ Cí P = 1 — — 30 fator— /32
(1 / (1 ) * * • (1 — /3P).
Em cada ponto de K pelo menos um é 0 no produto acima ,
de modo que Say(y) = 1 se y £ K . 0 suporte da função contínua
a j ] está contido em F ( y;) de modo que (72) se verifica para cada
a3 j . Como j = 2o'y/, segue-se que (72) também se verifica para } .
9.33. Definição. Suponhamos j uma função real definida em
um conjunto aberto E C Rn , com derivadas parciais DJ , . . . , Dnj
(ver Seç . 9.13) . Se as funções Djj também são deriváveis, definem-se
as derivadas parciais de segunda ordem de j por
Dijj = DiDjj ( i , j = 1,
Se todas estas funções D»y/ são contí nuas em E dizemos que / é de }

classe S" em E ou que j £ S" ( E ) .


Diz-se que uma aplicação f de E em Rm é de classe S" se cada
componente de f é de classe E".
Por simplicidade (e sem perda de generalidade) enunciamos
nosso próximo teorema para funções de duas variáveis.
9.34. Teorema. Se Dl 2 j e D n j são, contí nuas em um conjunto
aberto E C R 2, então Dnj = Dnj em E .
Demonstração : Suponhamos Dnj > Dnj em algum ponto de E .
Nossa hipótese de continuidade mostra que existe um retângulo R
em E definido por a < ± < 6, a < y < /3, tal que ( D n j) ( x, y ) >
> (D2 j ) ( x , y ) para todo (x, y ) £ R . Portanto,
(74)
JR
f Dnj > J/R Dnj .
Mas,

J Dnj = f dy f Di ( DJ) ( x , y ) dx
JR Ja Ja

= j — ( D tf ) (a, y) } dy
[ (£> 2.f ) ( b , y )

= J ( b , P ) — j ( a , P ) — J( b, oi) + / (a, a),


pelo teorema fundamental do cálculo; e pelo Teor. 9.29 obtém-se 0

mesmo resultado para


JR
f , em contradi ção com (74) .
FORMAS DIFERENCIAIS

Nesta se ção apresentamos alguns conceitos necessários ao Teo-


rema de Stokes.
Até aqui consideramos derivadas de funções de vá rias variáveis
somente quando as fun ções eram definidas em conjuntos abertos.
Foi uma questão de conveniência ; permitiu-nos evitar dificuldades
que podem ocorrer em pontos da fronteira. Entretanto, toma-se
agora conveniente considerar fun ções diferenciáveis em conjuntos
compactos. Adotamos conseqíientemente a seguinte convenção: Diz-
-se que f é uma aplicação de classe 2' (ou uma aplicação de classe
2") de um conjunto compacto D C Rk em Rn quando existe uma
aplica ção de classe 2' (ou uma aplicação de classe 2"), g, de um
conjunto aberto W C Rk em Rn tal que D C W e g(x) = f (x) para
todo x £ D.
9 35, Definição. Seja E um conjunto aberto em Rn. Uma
-
-
k superjí cie em E é uma aplicação $> , de classe 2', de um conjunto
compacto D C Rk em E.
D é chamado domí nio de parâmetros de Os pontos de D
ser o designados por u = (m , . .
ã
Limitar-nos-emos à situação simples em que D é um fc paralelc - -
pípedo ou o fc-simpiexo Qk descrito no Ex. 9.31. Isto, porque tere -
mos que integrar em D e ainda não desenvolvemos uma teoria de
integração em conjuntos mais complicados de Rk . Ver-se-á que
esta restrição sôbre D (que será feita tàcitamente daqui por diante)
não acarretará perda de generalidade substancial na teoria das for-
mas diferenciais resultante.
Comparando esta com a Def . 6.34, vê-se que uma 1-superf ície
nada mais é do que uma curva com derivada contínua.
9.36. Definição. Seja E um conjunto aberto em Rn. Uma
jorma dijerencial de ordem k > 1 em E (ou mais simplesmente uma
k -jortna em E ) é uma fun ção o>, representada simbòlicamente pela
soma
(75) o) - X a,,
* " ik (x) dxit A * •• A dx% k

(os índices i\1 . . ) que asso-


* variam independentemente de 1 a n
t

cia a cada fc-superf ície $ em E um n ú mero o>(4?) =


com a seguinte regra:
co, de acôrdo
L
FORMAS DIFERENCIAIS 235

( 76)
X co =
em que D é o domínio de parâmetros de $>.
.. ik ($(«)) d ( Xilf •* •

- * * >
-duj
^ fc)

Supõem-se as funções a,, ... % k reais e contínuas em E. Se


<j> i, . são as componentes de 3>, o Jacobiano em (76) é o
determinado pela aplicação
(tti, • -*
(«)) "
uk ) (4H (U), . <£<

Note-se que o segundo membro de (76) é uma integral em Z>,


nos têrmos da Def. 9.28 (ou Ex. 9.31) e que (76) é a dejinição
do símbolo
/" *
Diz-se que uma fc-forma co é de classe S' ou S" se as funções
-
a,t . .. fjfc em (75) são tôdas de classe £' ou S".
Uma O-forma em E é, por definição, uma fun ção contínua em E.
As formas
(77) àx{t A • m A dx% k

-
serão chamadas fc formas decomponí veis. Para simplificar a nota -
ção, adotaremos freqiientemente o símbolo j8fc para fc-formas decom-
poníveis. Cada fc-foima é, pois, soma de fc-formas //3fc em que j é
uma O-forma.
Para dar um exemplo simples, seja y uma 1 superf ície em -
(isto é, uma curva de classe 6') com domínio de parâmetro [0, 1].
Se co = xj dxi + xy dxzy então

fj* = JQ [ 72W7Í W + 7i(072(<)] dt = 71(1)72(1) — 7 (0)7 (0) -


I í

Se 7 é uma curva fechada, segue se que - = 0.


.
Propriedades Elementares das fc-formas. Sejam w,
9.37
0 )1 ,
co«, fc-formas em E. Escrevemos coi = C02 se, e somente se,
coi($) = cot(<f > ), qualquer que seja a fc-superf ície em E\ em par -
ticular, co = 0 significa co(<£) = 0 para tôda fc superf ície <í> em E - .
Se c é um n úmero real, então cco é a fc forma definida por -

J/*
cco = c J/ co
*
Em particular, —- co é definida de modo que
236 FUNÇÕ ES DE VÁ RIAS VARI ÁVEIS CAP. 9

(78)
/.< — O)) = —
c co = cui + 02) significa que

J& / <í>
/
J
O) =
«
/ COj + I 0) 2

qualquer que seja a Ar-superf ície $ em 2?.


Por (78) e (76), do fato de um determinante mudar de sinal se
duas de suas colunas são permutadas, resulta ser vá lida a lei antico-
mutativa
(79)
Fazendo i —
dxi A dxj
——
j em (79), obtemos
( dXj A dxi) (í, j = 1, . . . , n).

<S0) dxi A dxi = 0


%
(i = 1, - , n ).
-
Segue-se que toda Ar forma em n variáveis é 0 se k > n.
.
9.38 Multiplicação. Se co é a Ar-forma (75) e se X é a m-forma
(Sl) X — 23 • •• im (x) dxjt A . . . A dxjm
e m E , em que ju . . . , jTO variam independentemente de 1 a n ,
então seu produto, designado pelo símbolo co A X, é, por definição ,
a (Ar + m)-forma
(82) co A X = 23a» ! * * * »
* * *, • • im * < »,
( )& ( )& A
* A dx» A
•••
*
A dxjt A • A dr,-w .
* *

Na soma (82), os índices ij, . .., 4> Ji,


mente de 1 a n.
- >
- >3 . variam independente -
Esta multiplicação é ô bviamente associativa e é distributiva em
rela ção à adi ção definida na Seç. 9.37. Observemos que a notação
adotada anteriormente
dx{ y A . . . A dxik
é coerente com a nossa definição de multiplicação.
9.39. Diferenciação. Vamos agora definir um operador dife -
rencial d que associa uma (Ar + l)-forma em E a cada Ar-forma de
classe £' em E .
Uma O-forma de classe E' em E é apenas uma função real
j
= @'(22);
definimos

Êl( DJ ) ( x ) dxi.
(83) dj = %
-
FORMAS DIFERENCIAIS 237

Se co = j (3 k , em que /3 k ó uma fc-forma deeomponí vel, dco é, por defi-


ni ção, a ( k + l )-forma
(84) dco = (d/) A /3fc,
com dj dada por (83) e o produto definido 11a Seç. 9.38. Se
<0 é uma /c-forma qualquer, co = jif3 k , ent ão, por definição,
dco = Sd (/ j8ft.
^
A forma dco é chamada dijerencial exterior de co, e co A X é cha -
mada produto exterior de co e X. Consequente mente, 0 formalismo
que estamos apresentando é conhecido por cálculo dijerencial exterior .
9.40. Teorema , (a) Se co e X são k e m -jomias, respectiva -
mente , de classe G' c??i A , e/ dão
7

(85) d(co A X) = (dco) A X + ( l ) fc co A dX.


(ò) Se co é de classe G" e??i

então d 2co = 0 em E .
Aqui d 2co significa, naturalmente, d(dco).
Demonstração : Na demonstração de (S5) é suficiente conside-
rar os casos especiais co = jftk , X = g /3? , em que /, g £ G'(íD e /3fc,
/3W são formas decomponí veis. Então,
co A X = jg /3 k A /3m
de modo que
(86) d(co A X) = d(/í7) A A |3m.
Por (83),
(87)

‘ d ( jg ) = 9 dj + j dg .
A relação anticomutativa (79) mostra que

<88) ( dg ) A l) fc/3fc A d#.


= ( —
Por (88), da substituição de (87) em (86) resulta (85).
Se j é uma O-forma de classe G", então
, n n n
\
d2/ = d( 23 (D 0 Md*;7) = 23 d( Djj ) AdXj = 23 (Díy/ )(x) A dxy
=1 * y 1
- t, j 1

•Como Dijj — Dj í j e dxi A dxj - — dxi A dx„ vemos que d 2/ = 0.


-
Se co = //3fc, então dco = (d/) A /3fc; como d (/3fc) = 0, (85) mostra que
d2co = (d 2/) A $k = 0.
. .
9.41 Definição Suponhamos Z? um conjunto aberto em Z2*,
T uma aplicação de classe G' de E em um conjunto aberto V C Rm
o co uma k -forma em V , digamos

^ = 23 ah • •• ú(y) dyix A ••* A dj/ít.


2ZZ FUNÇÕES DE VARIAS VARI ÁVEIS CAP. 9

Então T transforma cd em uma /c forma - ú )T em E , definida por


wr = S o,-, . . . (T(x)) dfc, A •• *
A díÍJk,
em que íi, . . ., k» são as componentes de T; isto é, se
( y1, • • •» 2/ rn) = r(x),
então y» = £,(x); corno em (83), temos

dí, = ;XIi (AO (x) A -


«

O pró ximo teorema mostra que as opera ções de adi ção, multi-
piica ção e diferencia ção de formas foram definidas de tal modo que
são invariantes por mudan ça de variáveis.
9* 42. Teorema. Com E e T como na Dej. 9.41, sejam cd e X
respedivamenie k e m-Jormas em V . Então,
(a) (co + \)T ~ O )T + Ar se k = m\
(ò) (co A X)? = CúT A Xyj
1

(c) d( p)r ) = ( CUú )T se cd é de classe 6' e T è de classe G".


Demonstração: (a) e (ò) decorrem diretamente das definições.
Se / é uma O-forma de classe 6' em F, então
/ r( x) = /(T(x)), d/ = £ (A/)(y) dyi.
Pela regra de cadeia, temos
dUr ) = E (A/r) (x) dx; = E> E (A/) (T(x)) (A < )(*)
J i
. =
- E (A/) (rw) du.
Portanto,
d ( jr) = Wr.
Suponhamos a seg ir cd /j8fc, em que /3fc = dyiy A • A dy,-*..
— * *

Então (/3fc) r = d£,t A A d t e do Teor. 9.40 resulta que d{ { fik )T ) = 0.


(Esta ú
* * *

^
é a nica ocasião em que usamos a hipótese T £ Ê".) Como

<dr = /r(/3fc) r >


(85) e (6) mostram que
d ( o )T ) = d(/r) A 03fc) r = (d/) r A (/3*) r = ((d/) A /3fc) r = ( du )T ,
o que demonstra (c).
Obteremos a seguir uma outra propriedade importante das for-
mas diferenciais.
FORMAS DIFERENCIAIS 239

.
9.43 Teorema. Suponhamos T uma aplicação de classe (£' de
um conjunto aberto E C Rn em um conjunto aberto V C Rm, S uma
aplicação de classe G' de V em um conjunto aberto W C Rv e co uma
k -]orma em W , de modo que é uma k -jorma em V e tanto (COS ) T
como wsr eão k -jormas em E , sendo ST dejinida por ( ST ) ( x) =
= S ( T ( x ) ) . Ent ão,
(89) ( U )S )T = &ST -
Demonstração: Se co e X são formas em W , o Teor. 9.42 mostra
que
((co A X)S )T — ( ais A\S )T ( O>S )T A ÇKS )T
e
(co A X)ST = A \sr -
Assim , se (89) se verifica para co e para X, segue se que (89) também -
se verifica para co A X. Como t òda forma pode ser obtida a partir
de O-formas e 1-formas por adição e multiplicação e como (89) não
apresenta dificuldade alguma para O-formas, é suficiente demons-
trar (89) no caso em que co = dzq 1, ... , p. (Designamos os
}

pontos de E V , W por x, y, z, respectivamente.)


}

Sejam tu .. . . , tm as componentes de T , sl 9 , . ., s p as de S e
ru . , rp as de ST . Se co = dzqy então

cos = d$q = Zi (A««) (y) dy»


de modo que da regra de cadeia resulta (ver Ex. 9.14)
(«a) r = Z ( DjSJ ( T ( x )) dtj

= Z
3
r
( (x)) z (DA)« ^
i

, = co^r
. .
=
^ { D<rq )( x ) dXi = dr

9.44 Teorema Suponhamos co uma k~jorma em um conjunto


*

aberto E C Rn, $ wma k -superjí cie em E com domí nio de parâme- }

tros D C Rk e A a k -superjí cie em Rk com domínio de parâmetros D }

dejinida por A(u) = u (u G D ) . Então,

Á“ ~ Á co$.

Demonstração: Precisamos apenas considerar o caso


co = a(x) dxix A * •* A dzik .
240 FUNÇÕ ES DE VÁ RIAS VARI Á VEIS CAP. 9

Se 0 i , . . 0„ são as componentes de $>, então


co$ = a ($> (u)) d0í, A • A • *

O teorema estará demonstrado se provarmos que


(90 ) A ••• A cZ0ljk = J ( u) dwj A ••• A duk ,
em que
dQrt,, • • • i
J (u ) =
d ( uXy . . . , uk )
pois resulta de (90) que

a(<Ê (u)) J (u ) du

J^ a($(u)) J ( u) dui A

Seja [ A ] a matriz k por k com elementos


•* • A duic =
i Cú<p .

a (Pi í) = ( D<rf> ip ) (u) (Py # = •* •) &)•


Ent ão,
d<piT = Z «(P 9) <*«„.
de modo que
d0t A
|
* * • = £a(l , ?i) ‘ <*(fc, $*) du* A •
A d0ÍJk # ‘ •• A
Nesta última soma, <h, . . qk variam independentemente de 1, .. fc.
Da relação anticomutativa (79) decorre que
duq A • . • A dv,qk = 5( 5*1, • • 1 í fc) &U\ A *
*
A duky
^
em que s tem o sentido que lhe foi atribu ído na Def. 9.22; aplican -
do esta defini ção, vemos que
d<t>ix A •* *
A d<t>ik = det. [ A ] dui A ••• A duk ;
e como J(u) (90) está demonstrado.
= det. [4 ],
O resultado final desta seção reúne os dois teoremas precedentes.
9.45. Teorema . Suponhamos T uma aplicação de classe E' de
um conjunto aberto E C. Rn em um conjunto aberto V C Rm, $ uma
-
k super]ície em E e co uma k -jorma em V . Ent ão,

/ “ -/
JT $ J
C0 j\

Demonstração: Seja D o domínio de parâmetros de <í> (e por-


tanto também de Tí>); definimos A como no Teor. 9.44. Aplicando
este teorema a w? e obtemos
SIMPLEXOS E CADEIAS 241

J*
Aplicando-o a co e Tí , obtemos
>
J -
fm j A

r -f
J T <t>
«
JA
Mas (oor) <i> = cor <t>, pelo Teor. 9.43, o que completa a demonstraçã o.

SIMPLEXOS E CADEIAS

. .
9.46 Definições Para k = 1, 2, 3, . . o svnplezo canónico Qk
é, por definição, o conjunto de todos os u E Rh da forma
k
u = E1o iei ( cti 0 para i ., k e Ea,- < l ),
em que
- »
í

e*} é a base can ónica de Rk .


{ , . . .,
ei
.
1
7

Se po, pi, . . . , PA; são pontos de Rn e A é a aplicação linear de


Rk em Rn determinada por Ae» = p» po ( i = 1, . . k ) o k -sim — } -
plezo retilí neo orientado
(91) & — [ po, Pi > • • •> Pfc]
-
é, por definição, a fc superf ície em Rn, cujo domínio de parâ metros
é Q*, caracterizada por
(92) <r (u) = po + Au (u e Qk).
Note-se que <r(0) = p0, cr(e») = pt para i = 1, .. k .
Chamamos a orientado para evidenciar que a ordena ção dos
v rtices p0, . . . , p t está sendo considerada. Se
é
a ~ [p»0> P»V • • •> Pt *L
em que {io, ii , . . ., 4} é uma permutação do conjunto ordenado
{0, 1, . . . fc}, adotamos a notação

<7 — s(í o> Í\ ) • • •y i k )&7


em que s é a fun ção introduzida na Def . 9.22. Assim, ã = ± cr ,
dependendo de ser s = 1 ou s = —
1. A rigor, tendo adotado (91)
e (92) como definição de a , n ão deveríamos escrever ã = <r quando
«(io, • • , ik ) = 1, a menos que 4 = 0, . .., ik = fc; o que temos aqui
*

é uma relação de equivalência, não uma igualdade. Entretanto, para


nossos objetivos, a notação é justificada pelo Teor. 9.47.
Se ã = ca (usando a conven ção acima) e se e = 1, dizemos que
<r e ã têm a mesma orientação Se e = .
1, dizemos que ã e a têir —
242 FUNÇÕES DE VÁ RIAS VARI ÁVEIS CAP, 9

orientações opostas. Note-se que n ão definimos o que entendemos


por “ orienta ção de um simplexo” . O que definimos foi uma rela-
ção entre pares de simplexos que têm o mesmo conjunto de vé rtices,
sendo a relação a de “ ter a mesma orientação” .
Até aqui supusemos k > 1. Um 0-simplexo orientado é, por
definição, um ponto ao qual associamos um sinal. Escrevemos
a = + po ou <r — — p0. Se a = ep0 ( e = dt 1) e se J é uma O-forma
( i. e., uma fun ção real ) , definimos

- « /(Po).
9.47, Teorema. Se cr ê um ksimplexo retilí neo orientado em
um conjunto aberto E C. Rn e se = e<r , então

(93)

-
qualquer que seja a k jorma co em E.


Demonstração: Para k 0, (93) resulta da definição precedente.
Portanto supomos k > 1 e <r dado por (91).
Suponhamos 1 < j < fc e 7 obtido de <r por permutação de pe
e py. Ent ão =
— 1, e
<r ( u) - p3 + Bu (U G Qfc),
em que P é a aplicação linear de Rk em Rn definida por Be = p0 p>, , —

Ba = pt- py se i j. Escrevendo Aa = x» (1 < i < k ), em que
A é dado por (92), os vetores-coluna de P(isto é, os vetores Ba ) são

Xi — xJ . • • >
} Xj - J — *j> — * j , Xj+ i — x j, . . . , Xfc — X j.

Se subtrairmos a j-ésima coluna de cada uma das outras, nenhum


dos determinantes em (76) se altera e obtemos colunas xi, . . . , xy-i,
—- x j , Xj+ b . . ., Xfc. Estas diferem das de A apenas pelo sinal da
j ésima coluna. Portanto (93) se verifica neste caso.
Suponhamos, a seguir, 0 < i < j < f c e 7 obtido de <r por per-
mutação de pi e p j. Ent ão, 7F ( u) = p0 + Cu, em que C tem as mes -
mas colunas que A > apenas permutadas a f ésima e a j-ésima. Isto-
novamente acarreta a validade de (93), visto que - 1.
O caso geral resulta observando-se que cada permutação de

{0, 1, é uma composição dos casos especiais que acabamos
de tratar.
SIMPLEXOS E CADEIAS 243

9.48. Definição. Uma k cadeia retilí nea T em um conjunto -


aberto E C Rn é uma coleção de um número finito de Ar-simplexos
retilíneos orientados <rj, .. ., <rr em E (não necessàriamente distintos).
Com r acima descrita, se o> é uma Ar-forma em E, definimos

(94)
r = i “ I J a$
« «.
/
J
z/
Podemos considerar uma Ar superf ície $ em E como uma fun- -
ção cujo domínio é a coleção de tôdas as Ar-formas o) em E e que a

w.
o) associa o n ú mero
(
Á
ver Def . 4.3 ; portanto (94)
)
Funções reais podem ser adicionadas
sugere a notação
(95) r = < + ... + oy.
7i

Por exemplo, se <r 2


——
T = <?i + <r 2, ent ão " = 0 qual-
quer que seja co. Neste caso, podemos escrever T = 0.
r
<rx e
/
Para Ar = 1, 2, 3, .. ., o bordo do Ar-simplexo retilíneo orientado
cr
— [ po, pi, ... i Pfc] é, por definição, a (Ar — l)-cadeia retilínea


k
(96) d <r = £0 (
í*
l) y [ p0, . . . , Pri í P/ + b . • M Pfc].

Por exemplo, se <r — [p0, pi, p2], então

= [pi, Vi ) -~ [po, P ] + [po, pi] = [po, pi] + [pi, p l + [p , Po],


d <r 2 ? ?

coincide com a noção usual de perímetro orientado de um triângulo.


Para 1 < j < Ar, observe-se que o simplexo ay - [p0, .. py- ,
, i

p,+ , ..., pfc], que figura em (96), tem Q* 1 por domínio de parâme-
i
'’

tros e é definido por


(97) 0 (tl)
> = po + Bu (u G Q^1),
em que B é a aplica ção linear de R*" 1 em Rn determinada por

Ba = p* —< <
po
se 1 < i < j
— 1, Bei = p*+ i

== [pj, pj, •.., pfc],
<70
po se j i Ar — 1. O simplexo

que també m figura em (96), é dado pela aplicação


<r 0(u) = pi + Bu,
em que Bei = Vi+i
— pi para 1 < i < Ar 1.

244 FUNÇÕ ES DE VÁRIAS
"

VARIÁVEIS CAP. 9

9.49. Definição. Seja T uma aplicação de classe E" de um


conjunto aberto E <Z Rn em um conjunto aberto V C Rm; T não é
necessà riamente biunívoca. Se <r é um /c-simplexo retilíneo orien-
tado em Ey então a aplicação composta <í> = T ( o) é uma fc-super-
f í cie em V , com domínio de parâmetros Qk . Chamamos <j um k -sim-
plexo orientado de classe E".
Uma cole ção finita
^ de fc-simplexos orientados & lt . . <í>r
de classe 6" em V é chamada uma k -cadeia de classe E" em V ; se
o) é uma fc-forma em V , definimos

(9S)
f « t- /»
J*
e adotamos a notação correspondente
- % 1 J
= 2 $t . Se T = 2 <rt é *

uma cadeia retilínea e —


T( <r*), escrevemos também SF == T ( T ) . cu
à-
T ( 2<rt) = 2Tf
O bordo d<í> do fc-simplexo orientado í> — T ( <r ) é , por definição,
a ( k — l )-cadeia
3# •T (d <r ) .
É imediato verificar que é de classe E" se o f ôr.
Finalmente , o bordo 3\F da fc-cadeia \F = 23\ é , por defini-
ção, a ( k — l )-cadeia
(99) <5SF « 2

TEOREMA DE STORES

No enunciado dêste teorema, usamos a terminologia e as nota-


ções da Def . 9,49.
9.50, Teorema. Se >F é uma k -cadeia de classe E" em um

V então
}

conjunto aberto V Q Rm e se (o é uma (fc l )-/ormu de classe E' em

(100)
J* / do) = /
J â*
o).

(O caso k — m = 2 é freqiientemente chamado Teorema de Green.



O caso k = m 1 nada mais é do que o teorema fundamental do
cálculo .)
Demonstração: Ê suficiente provar que

( 101)
J* / dco = /
Jfrb
o)
- TEOKEJSH STÕKlS
'

ÔE 245

para cada fc-simplexo orientado de classe G" em V ; pois demons-


)
trado (101 , se = 24 t, então (98) e (99) mostram que ( 100) tam-
> -
bém se verifica.
Fixemos um nas condi ções acima c seja <r o seguinte /c-sim-
plexo retilí neo orientado
(102) a - [0, ei, .. e j.
Êste cr é definido pela aplicação identidade em em termos de
(92), p0 = 0 e A = 7 .
Sendo $ de classe G" em V , existe um conjunto aberto E Q Rk
que contém Qk , e uma aplicação Tf de classe G", de E em V tal que

T { a ) , O segundo membro de ( 101) é

í
JTW )
dú) —
J
pelos Teors. 9.45 e 9.42 (c). Aplicando 9.45 mais uma vez , vemos
( doi )T -
J d( coT ),

-/ - /
que o segundo membro de (101) é

f
J dCT(o-)) J T ( da ) J ò<J
cor -
Portanto é suficiente provar que

( 103)
J
í d\= f
<T Jdc
X
para o simplexo especial ( 102) e para toda ( k
G' em E .
— 1)-forma de classe
O bordo de 102 é
k
[© i, .. . , ejt] {
** “ ( l )J [0, . . , Cj-i, Cy + i, .. e/c]>
-
»

i i

por (96). Deslocar o elemento 0 do j-ésimo têrmo desta soma à po-


sição entre e,-i e e,+i envolve j 1 transposições. Portanto, —
(104) do =*
To — 2- ,
3 1
Tj

em que r0 = [ei , . e*] e 77 se obtém de r 0 pela substituição de


e, por 0, para j = 1 , . . . , k .
*

Se fc = 1, a definição de 0-simplexo orientado mostra que (103)


apenas afnma que

X f ( u ) du = / (1) - m
246 FUNÇÕ ES DE VÁRIAS VARI Á VEIS CAP. 9

para toda fun ção j com derivada contínua em [0, 1], o que é ver-
dade pelo teorema fundamental do cá lculo.
Se k > 1, é suficiente provar (103) para
(105) X = a(x) dx 2 A .. . A dxk ,
em que a £ pois (104) mostra que o mesmo deve então ser
verdadeiro para toda forma a/3k ~ l e t ôda ( k l)-forma é uma soma —
destas.
Os simplexos r 0, . . . , Tk t êm Qlc~l como seu domí nio de parâ-
metros. Se u = ( t*if . . ., ujc~i ) £ Q k-1 e x = (zi , . . . , xk ) = T 0( U) ,
então
(106)
Se x =
Xi -1
Ti(u) ,
— th

ent ão
— —
••• «fc-!, Xi = Ui-1 para 2 < i < k .

(107) = 0,
xi Xi = Ui-1 para 2 < i < k .
Se x = Tj(u) e 2 < j < k , ent ão X j = 0 . Segue-se que o Jacobiano
d (x 2, . - . , xfc)
d (Uly . .. ÍXfc-l ) |

é igual a 1 para r 0 e para ne é igual a 0 para r 2, , Tfc. Logo,

A-o
Jrj
0= 2, . . ., f c) ;

obtemos (103) uma vez demonstrado que

(103) f
J <r
d\ = f
JT
\
J r,
O segundo membro de (103) é

(109) f
jQk
( Did) ( x) dx ,

visto que d\ = (Dia) ( x) dxi A dx 2 A * •• A dx/c e <r é definido pela


aplica ção identidade em Qk .
Se calcularmos a integral m últipla (109) integrando primeiro
em rela ção a xu obtemos, por (106) e (107),

r
jQkri
[a(ro(u)) — a(ri ( u))] du,

que é igual ao segundo membro de (108).


A demonstração está completa.
EXERC ÍCIOS 247

EXERCÍCIOS

1. Prove que a todo A £ L( Rn, R1 ) corresponde um ú nico y £ Rn tal


que Ax — .
x • y. Prove que 11 A 11 = |y| Sugestão: Sob certas condições, a
igualdade é válida na desigualdade de Schwarz.
.
2. Prove que / é contínua em x se Di /, .., Dn/ são limitadas em uma vi-
zinhança de x. Sugestão : Proceda como na demonstração do Teor. 9.16.
3. Suponha que / seja uma fun ção real diferenciável em um conjunto aber-
to E C Rn e que / tenha um máximo relativo em um ponto x £ E , Prove que
/'(*) = 0.
.
4 Se (Di /) (x) = 0 para todo x em um conjunto aberto convexo E C Rn,
. .
prove que /(x) depende apenas de x2 > .. , xn Mostre que a convexidade de E
pode ser substituída por uma condição mais fraca, mas que alguma condição adi-
cional é necessária. Por exemplo, se n = 2 e E tem a forma de uma ferradura ,
a afirmação pode ser falsa.
.
5 Se / é uma função real diferenciável em um conjunto aberto conexo

E C Rn e se /'(x) 0 para todo x £ E , prove que / é constante em E.
.
6 Calcule /'(x) se /(x) = |x|2 para x £
.
7 Se /(0, 0) = 0 e

/(x, y ) = xy
s2 — y2
para ( x y ), * (0, 0),
prove que
(а) /, Di/, D2/ são contínuas em R2 ;
(б) D12/ e D2I / existem em todos os pontos de Rz e são contínuas exceto
em (0, 0);
(c)
8.
(D12/) (0, 0) = 1, (D21/) (0, 0) =*
1
—.
Da existência (e mesmo da continuidade) de DI2/ n ão resulta a exis -
tência de Dj/. Por exemplo, seja /(x, y ) = g( x ), com g n ão derivável em nenhum
ponto. Então D\ j não existe, mas D2J = 0, de modo que Dj2/ = 0.
.
9 Defina /(0, 0) = 0 e <

J ( x , y) = s2
'
x
2 se ( x , y ) jí (0, 0).
*!/
Então / é contínua em R2 e a restrição de / a qualquer reta é diferenciável.
Com efeito, se 7 é qualquer curva diferenciável em R2 , mostre que /(0 ) é diferen -
ciável. Isto é, re 7 é uma aplicação diferenciável de [ 0, 1] em R2 e se g( t ) ~ /(*) (< )),
prove que g é diferenciá vel em [ 0, 1]. Se 7 £ (£', prove que /(7) £
A despeito disto, prove que / não é diferenciável em (0, 0).
10. Mostre que a continuidade de f ' é necessária no teorema da fun ção
inversa, mesmo no caso em que n = 1: Se /(<) = t f 2t2 sen (1/0 para í 0 e
^ -

/(0) = 0, então /'(0) 7^ 0 e /' é limitada em ( 1, 1), mas / não é biunívoca em
nenhuma vizinhança de 0.
.
11 Se / é uma função real diferenciável em um conjunto aberto E C Rn,
define-se gradiente de / em x £ E como sendo o vetor (V/) (x ) em Rn tal que
H . (V/) (x)
- /'(x)h
248 FUNÇÕ ES DE V Á RIAS VARI Á VEIS .
CAP 9

( compare com o Exerc. 1 ) Se u Ç Rn . um vetor é unitário


para todo h
( i .e . , se ) u| ^= 1Rn), defina
a derivada direcional de j em x, na direção u , por

( DJ ) (x ) = lim 4 [ /( f <u )
- }( x ) ]
x - - .
t— > 0t
Mostre que
( Duf ) ( x ) = u • m (x )
e portanto que para cada x existe u tal que
IWuflMl = | ( V/) ( x ) | = | | /'( x ) | | .
Se ( V/) (x ) 7* 0 êste u é único.
12. Seja f a aplicação de (x, y ) em (u, v ) dada por
u = ex cos y, v = e* sen y .
Qual é o conjunto de valores de f ? Mostre que o Jacobiano de f não é nulo
em nenhum ponto de R2. Assim todo ponto de R tem uma vizinhança na qual
2
1
f é biunívoca. Entretanto f não é biunívoca em R .
0
Quais são as imagens, por f, das retas paralelas aos eixos coordenados
13. Discuta anàlogamente a aplicação
u = i
5 - y*. v —2 X7/.

14. O sistema de equações


+ y — z -f- w2 = 0,
3x
— y + 2z +2uu = 00,
x
2x + 2y — + =
pode ser resolvido exprimindo-se x, y, u em função de z; ou x, z, u em função de
y ; ou y, 2, Tí em função de x; mas não é possível exprimir x, y, 2 em função de .
u
15. Considere n = m = 1 no teorema da função impl í cita e interprete o
teorema gràficamente.

16. Para (x, y) (0, 0 ), seja f ( Juh ) a função definida por
x2 — y2 Xy
j\( x , y ) = 2
x + y* ’ h( x , y) = — + y2
Determine o pôsto de f'(x, y) e o conjunto de valôres de i .
17. As permutações Bi são necessárias no Teor. 9.21. Com efeito, prove
que a aplica ção ( x, y ) — * ( y, x ) de R em R não pode ser decomposta em duas apli -
2 2

cações primitivas, em nenhuma vizinhança da origem. Ache outros exemplos.


18. Cora f nas condi ções do Teor. 9.21, sejam A = f '(0), fi (x ) =
Então fj(0) = /. Mostre que
fi(x) = gn(g »i- i( - . . gi(x)) )
em alguma vizinhança de 0, sendo gi, . . . , g n aplicações primitivas. Obtém-se
assim um outro teorema de decomposi ção:
f ( x ) = Agn(gn l ( * gl (x ) ) ) - -- .
19. Para i = 1, 2, 3, . * •> seja <f>i uma função contínua em
_ Rlt com suporte
em (2 *, 2 l t ) tal que f <$>i = 1. Seja

CD

- <t>ui( x ) ] <t>i( y ) .
/(*> y ) =
^-
i 1
Í $í(x)
EXERCÍCIOS 4249

Então j tem suporte compacto, j é cont í nua exceto em (0, 0) e

, y ) dx = 0 mas
Jdx fj ( x , y ) dy = 1.

Observe-se que j é ilimitada em tôda vizinhan ça de (0 , 0 ).

20. Suponha F ( x ) = y ) dv - Considerando raz ões incrementais e

passando ao limite, determine condições em que


,
F\x ) =
^
i. e., condições que permitam “ derivar sob o sinal de integra ção” .
Eis um contra-exemplo: Para x 0, seja
^
,
( D f ) ( x y ) dy ,

y se 0 < y < Vx,


/(*> v ) = 2V x
0
~
— y se V x S y 2 V x,
nos demais casos, ^
e /( — x, — y) = — f ( x , y ). Então j é contínua em fl ,
2

para todo y, mas F ( x ) = x , se |x|


( D1 f ) (0, y)
< J.
— 0

21. Se w e X são k e m formas respectivamente, qual é a relação entre w A X


-
e X A w?
-
22. Prove que tôda fc forma o em um conjunto aberto E C Rn pode ser
expressa do seguinte modo:

0) “= £ Oíi • • • ú ( x ) dx{ x A .. . A dxik.


*1< *2 < * * • < »&
Se w = 0, isto é, se w = 0 qualquer que seja a fc-superf ície <í> em E, pro -
ve que todos os coeficientes a», . . . Xk são nulos. Mostre que, portanto, para ca -
da to, a expressão acima é ú nica.
.
23 Mostre que (72) pode ser escrita do seguinte modo

// (y) d y = f f ( T( x )) dy, A * * A dyic

se T ( x ) = (yi, .. e JT ( X) > 0.
yic )

24. Enuncie condi ções em que a f órmula

= /* M A « + A

é válida e mostre que ela generaliza a f órmula de integração por partes.


25 Se cr é um fc simplexo ( k > 2), prove que d <7 = 0 diretamente da de-
. - 2

finição de operador bordo d . Isto é, “ o bordo do bordo é zero” . Observe que


esta afirmação está em conformidade com o Teorema de Stokes:

/. * —
d*
o
J d$
f do -f cPo) = 0
23U FUNÇÕES DE VÁ RIAS VARI Á VEIS CAP. 9

26. Se é uma fc-superf ície com dom ínio de par â metros Qk , seja
<í>*= <í>(Qfc ) o conjunto de valores de e se =2 é uma fc cadeia,
^ -
— ^
defina 'I'* U f . Se

« =. - I * r (*, +
4>
^ •• - + xkf
mostre que <£ é um simplexo orientado de classe (£" em Rk e que <$ * é parte
(x Q k ),

da bola unitária fechada Bk em Rk . (O expoente 4 garante diferenciabilidade


na origem.)
Mostre que existe uma -cadeia Sk, de classe (5" tal que 'P * = Bk e tal que
^
(d ) * é a esfera unitária S^1, isto é, o conjunto de todos os x £ Rk com jzj = 1 .
^ Êste exemplo demonstra que a imagem de classe (£" de uma cadeia retilí-
nea pode perfeitamente ser “ redonda” , de modo que o Teor . 9.50 se aplica a uma
grande variedade de configurações.

27. Faça k =* 3 no Exerc. 26 e use o Teorema de Stokes para calcular

L ( x dy A dz + y dz A dx -f z dx A dy ).

Se k — 2, trate anàlogamente | ( x d y
Jdty — y dx) e

Jd
f (xdy + ydx ).
*
28. Seja co = 2a,(x)da:/ uma 1-forma de classe G' em um conjunto aberto
E C Rn. Diz-se que a forma co é jechada se DAJ 0. Diz-se que co é exata em E
se existe uma O-forma ] em E tal que co dj. —
(а) Prove que co é fechada se, e sòmente se, Dtaj - DjOi para 1 5 * ~
1 5n -
(б) Prove que co 6 fechada se co é exata.
(c) Suponha E convexo e co fechada . Prove que cu é exata em E . Suges-
tão: Fixe po E E defina, para p E E, j( p )
'
f —
fco , sendo a integral calculada
sôbre o 1-simplexo orientado retil íneo [ po, p]. Aplique o teorema de Stokes a
2-simplexos retilíneos em E. Deduza que

}( y ) - /(*) = 2 - *;) f
»f O
Oj (( l - 0x + Íy) dl
para y E £ e portanto que dj — co.
Assim, a recíproca de ( b ) ê verdadeira se E é convexo.
( d ) Seja T uma aplicação biuní voca de classe (£", de um conjunto aberto
convexo E sôbre um conjunto aberto V . Prove que tôda 1-forma fechada cu em
V é exata em V , Sugestão: Use a Def. 9.41. Por (c), cor = dj em E e existe
uma 0-forma g em V tal que j = QT . Então, cor d( gT ) { dg )r, de modo que — —
co = dg.
(e) Com V nas condições de (d), se 7 é uma curva fechada de classe em
V e se co é uma 1-forma fechada em F, prove que

0.
EXERC ÍCIOS 251

( f) Mostre que os itens (d) e (e) são falsos se V é R2 menos a origem e se


— y dx — xdy
+
29 .
3> (u, v ) = ( xy yt z ), o vetor
-
Se $ é uma 2 superf ície em íf 3, com domínio de parâ metros Df se

d ( y, z ) d ( z, x ) à{ x , y )
N(u, i>) = ei 4 d (u, v ) «2 + d( u, v )
d ( u, t>)

.
é, por defini ção, normal' a <í> em ( u, v ) Justifique esta terminologia. Se / é
uma função contínua em ( ver Exerc. 26), defina

= fDf ($(
“ > »)) lN(“ > ") l du *»•
Para / = 1, esta é a definição de área de #. Mostre que, com esta defini-
-
ção de área, obtêm se os valôres esperados, se $ é uma aplicação linear, ou se
$ é dada por
x
30.
— cos u sen v, y — sen u sen v, z = cos v ( Q < u < 2x, 0 £ i/ 5 x).
Seja F = (Fif F2, Fz ) uma aplicação de classe (£' de um conjunto aber -
.
to E C Rz em Rz (Em física isto se chama campo de vetores ) .
-
Define se divergê ncia e rotacionol de F por
V•F D1F1 4 D2F2 d- D3F3,


®

V XF — (D
^ Fz DjFiJei 4 (DjF1
Há duas formas diferenciais associadas a F:
- — DiFs)e 2 + ( D\Fi — D2Fi)e3.

cu *Fi dx -J- F2 dy 4 Fa dzy *

X =** F\ dy A dz d- Fzdz A dx + Fzdx A dy .


( a ) Prove que V • (V X F) * 0 se F £ <£" .
( b) Prove que VXF = 0 s e F = V/ para alguma } £ (£".
(c) Prove uma recí proca de (ò): Para V nas condições do Exerc 28(d), .
se V X F = 0 em V , então F =* V/ para alguma j de classe (SV em V Suges
tão: F significa cu * dj ; relacione deu com V X F.
= V/
. -
( d ) Se 'P é uma 3-cadeia de classe (5" em E e se $ = aplique o Teo
rema de Stokes a X para obter 0 “ teorema da divergência” de Gauss:
-
/,V • F F•n

em que n = N/|N|, com a notação do Exerc. 29.


(e) Se $ é uma 2-cadeia de classe (£" em E e se T = d #, aplique o Teo -
rema de Stokes a cu para obter

L V XF F - t,

-
em que F t é a “ componente tangencial de F ao longo de T”
leitor o trabalho de formular esta última frase com precisão.)
. ( Deixamos ao
252 FUN ÇÕ ES DE V Á RIAS VARI Á VEIS .
CAP 9

.
31 Suponha F = ] Vg , em que j e g são de classe em um conjunto
aberto E C Rz. Aplique o Exerc. 30(d) para obter a identidade

L ( VO - <v », + L /v» . r ^dng 1

em que V 2g
— —
V • (.V g ) , dgjdn (Vg ) • n e $ = d'F.
(a) Qual o significado da identidade para j = 1 e g harmónica (isto é,
V g = 0) ?
~

( b ) Suponha g harmónica em E e g - 0 em <í> *. Faça / = g na identidade


acima e prove que g = 0 em 'F *.
Teoria de Lebesgue
Capí tulo 10

É objetivo deste capítulo apresentar os conceitos fundamentais


da teoria da medida e da integração de Lebesgue e provar alguns
dos teoremas mais importantes em formulação bastante geral, de
modo a não dificultar as linhas principais do desenvolvimento com
numerosos detalhes relativamente simples. Portanto, em alguns ca -
sos, as demonstrações são apenas esboçadas e algumas das proposi -
ções mais f áceis enunciadas sem demonstração. Entretanto, o leitor
já familiarizado com as técnicas usadas nos capítulos precedentes,
certamente não achará dificuldade em suprir as etapas omitidas.
A teoria da integral de Lebesgue pode ser desenvolvida de vá-
nas maneiras. Estudaremos a seguir apenas um método, indicando
para os demais, na Bibliografia, tratados mais especializados sôbre
integração.

FUNÇÕES DE CONJUNTOS

Se A e B são dois conjuntos quaisquer, designamos por A B —


o conjunto de todos os elementos x tais que x Çz A , x B. A no-
— .
tação A B não pressupõe B C A Designamos o conjunto vazio
por 0 e dizemos que A e B são disjuntos se A D B = 0.
. .
10.1 Definição Uma família 9í de conjuntos constitui um
anel se, para A £ SR e B £ 9t.

(D A U B G S R, A - B G S R.

Como A O B
é um anel.
=A — —
(A B ) , temos também A H B G se 5R
254 TEORIA DE LEBESGUE CAP. IO

Diz-se que um anel $R é um a-anel se

(2) U 4 n G $R
n =1

para 4n £ $ (n = 1, 2, 3, . ..). Como

H 4n = i i - U (4 a - 4*),
n=1 n l »

temos também

n
n «1
AntEM

se 9t é um a-anel.
10.2 Definição . Dizemos que 0 é uma função de conjunto
definida em 9t se 0 associa a cada A £ 9í um n úmero, 0(4), do
conjunto dos números reais ampliado. 0 é aditiva se

(3) <KA U *) = 0(4) + 0(£),


quando A D B = 0 ; e 0 é enumeràvelmente aditiva se


00

(4) ( U 4n) = nI1 K A J ,


^ n 1 -
(

quando Ai D Aj = 0 (i 7* 3 ) .
Suporemos sempre que o conjunto de valôres de 0 não con-
tenha simultâneamente + °o e

« ; pois se contivesse , 0 segundo
membro de (3) poderia não ter sentido. Excluímos também as fun -
ções de conjunto cujo ú nico valor é + 00 ou . —
Convém observar que o primeiro membro de (4) independe da
ordem dos An. Portanto o teorema da reordenação mostra que o
segundo membro de (4) é absolutamente convergente quando é con-
vergente; se n ão é convergente, as somas parciais tendem para + ca
ou
— .®

Se 0 é aditiva, as seguintes propriedades são f àcilmente verifi-


cadas:
(5) 4>(0) = 0.
(6) 0(41 U . • . U -4 ») = 0(41) + ... + 0(4 n),
se Ai C\ Aj =0 para i
^ j.
(7) 0(41 U 4.2) + 0(41 O 4 o) = 0(41) + 0(42).
DEFINIÇÃO DA MEDIDA DE LEBESGUE 255

Se 0(A ) 0 para todo A e se Ai C A 2, então

(8) KA0 < 0(AO-


<

Por causa de (8), as fun ções de conjunto aditivas não negativas


são muitas vêzes chamadas mon ótonas.

(9) 4>( A - B) = <j>( A ) - <t>{ B )


se B C A e 14>( B ) | < + <» .
10, 3. Teorema . Suponhamos <fi enumeràvelmente aditiva em
um anel Suponhamos

An (E SR (n = 1 , 2, 3, . . . ), Ai C A 2 C A* C • . A (E 5R
e

A = \J An.
n - 1

Então, quando n — > «,

4>{ An) -> <f>( A ) .


Demonstração: Consideremos Bi = Ax e
£n = An A n-1 — (w — 2, 3, . .
Então B{ O Bj ~ 0 se i j, A* = B\ U .. - U Bn e A = IJ Bn.
Portanto,

e
- È- $ 1

(A ) - £-
i i

DEFINIÇÃO DA MEDIDA DE LEBESGUE

10.4. Definição. Representemos por Rp o espaço euclidiano


p-dimensional. Designemos por intervalo em Rv um conjunto de
pontos x = (xi , . . . , xp ) tais que
( 10 ) <k Xi < bi ç = i, . • , p) ,
*

ou um conjunto de pontos caracterizado por (10) com um ou todos


< substituídos por < . A possibilidade de ser a,- = 6; para
os sinais
256 TSQRIA DE LEBESGUt CAP, 10

algum valor de i n ão é exclu ída ; em particular , o conjunto vazio é


incluí do entre os intervalos.
Se A é a reunião de um n ú mero finito de intervalos, dizemos
que A é um conjunto elementar.
Se / é um intervalo, definimos

m( I ) = II ( bi Oí),
»=i

sendo válida ou não a igualdade em qualquer uma das desigualda-


des (10).
Se A = / iU . . . Uln e se êstes intervalos são disjuntos dois
a dois, definimos

(11) m{ A ) = m (/ i) + • .. +
Designemos por 8 a família de todos os subconjuntos elemen -
tares de Rv .
Neste ponto, as seguintes propriedades devem ser verificadas:
(12) S é um anel, mas n ão um a anel. -
(13) Se A £ S, então A é a reunião de um nú mero finito de inter -
valos disjuntos.
(14) Se A £ S, m(.A) fica bem definida por (11); isto é, duas decom -
posições distintas de A em intervalos disjuntos, d ão origem ao
mesmo valor m{ A ) .
(15) m é aditiva em S.

Note-se que se p 1, 2, 3, então m é comprimento, área e vo -
lume, respectivamente.
10.5. Definição. Diz-se que uma função de conjunto aditiva
e n ão negativa definida em S é regular se a seguinte condição é veri -
ficada: Para cada i G S e para cada e > 0 existem conjuntos
G £ S tais que F é fechado, G é aberto, FC Cffe ^
(16) <KG) - e < <f>( A ) < <t>( F) + e.
10.6 . Exemplos, (a) A junção de conjunto m é regular.
Se A é um intervalo, é simples verificar que as condições da
Def. 10.5 são satisfeitas. O caso geral resulta de (13).
(6) Consideremos Rv

Rl e seja a uma fun ção monótona
crescente, definida para todo x real. Sejam

M(k b ) ) = a( b — — —,
) a( a )
OCfiNt Ç AO DA MEDIDA DE tEBESGUE 25T

M([a, ò]) = a ( b + ) — a( a — ) ,
/x((a, ò]) = a( b + ) — a( a + ),
/i((a, ò)) = a( b ) — — a( a + ),

em que [a, b ) é o conjunto a < x < b etc. Por causa de possí veis
descontinuidades de a , estes casos têm que ser analisados separada -
mente. Se JJL é definida para conjuntos elementares por (11), ju é
regular em 8. A demonstração é exatamente igual a de (a).
Nosso próximo objetivo é mostrar que t ôda função de conjunto
regular em 8 pode ser estendida a uma fun ção de conjunto enumerà-
velmente aditiva em um a-anel que contém 8.
10.7 . Defini ção. Seja \i aditiva , regular, não negativa e finita
em 8. Consideremos coberturas enumerá veis de um conjunto qual-
quer E C Rp por conjuntos abertos elementares An:

E CU An.

n 1

Por definição,

(17) fi*( E ) = inf . X) n( An) ,


n =1

sendo o inf . relativo a tôdas as coberturas enumeráveis de E por


conjuntos abertos elementares. fx* ( E ) é a medida exterior de E ,
correspondente a JJL.
É claro que fx*( E) > 0 para todo E e que

(18) H*( EÒ

se Ei C Ei.
10.8. Teorema. (a) Para cada A G S, jx* ( A ) = n( A ) .
(6) Se E = U Eny então

(19) M*(«) < £ /**(£„).


n «= 1

-
Note se que (a) afirma que fx* é uma extensão de \i à família
.
de todos os subconjuntos de R? A propriedade (19) é chamada suba-
ditividade .
Demonstração: Consideremos A £ 8 e e > 0.
A regularidade de /x mostra que A est á contido em um conjunto
aberto elementar G tal que /x((7) < fi( A ) + e. Sendo ix* [ À) < /x (G)
e e arbitrá rio, temos

(20) fi* { A ) < ii( A).


A definição de /x * mostra que existe uma sucessão {An} de con-
juntos abertos elementares cuja reunião cont ém A , tal que

n 1
E n{ An) < + e.
A regularidade de M mostra que A contém um conjunto fechado ele-
mentar F tal que /x (F) fi ( A )

e; sendo F compacto, temos

FCAxU .-. U
^
para algum N . Portanto
V (A ) /Ji( F) + e < iiHAx U . . . U As ) +
+e< E M(-4„) + e < n* ( A ) + 2e,
1

o que, juntamente com (20), prova (a) .


A seguir, suponhamos E « U En e admitamos que /x*(Z?n) <
< + co para todo n. Dado e > 0, existem coberturas {Anfc},
k = 1, 2, 3, . .. , de En por conjuntos elementares abertos tais que

(21) E n( A„ ) = n*( En) + 2 e.


k
-
Então,

M*(£) < EE
- fc - 1
n 1
<E
n=1
M*(£n) +e
donde se conclui (19). No caso excluído, i. e., se /x *(En) = + <*>
para algum n, (19) é evidente.
10.9. Definição. Para A C Rp , B C quaisquer, definimos
(22) S(A, 5) = (A - B) U (£ - A),
(23) d(A , 5) = W , )) -
*
Escrevemos An — A se
lim d( Af An) = 0.
n —
DEFINI ÇÃO DA MEDIDA DE LEBESGUE 259

Quando existe uma sucessão {An} de conjuntos elementares


tais que An — > A , dizemos que A é jinitamente fx-mensurdvel e escre-
vemos A £ 3)ÍF(M) -
Se A é a reunião de uma cole ção enumerável de conjuntos fini -
tamente /i -mensuráveis, dizemos que A é ji-mensurável e escrevemos
A e »
a («).
S ( A , B ) é a chamada “ diferença simétrica” de A e B . Vere-
mos que d ( A B ) é essencialmente uma fun ção distância.
}

O teorema seguinte nos permitirá obter a desejada extensão de fi .


10* 10. Teorema. ©?(/*) é um a-anel e ji* é enumeràvelmente
aditiva em 2JJ (yu),
Antes de demonstrar êste teorema, deduziremos algumas pro-
priedades de S ( A , B ) e d( A , B ) . Temos
(24) S ( A , B) = S ( B , A ) , S ( A, A ) = 0.
(25) S ( A , B ) C S { A , C ) U S( C , B ) .
S ( A 1 U A 2> BI u Bf ) 1
(26) S( Al O Au Bi H £2) > C S ( AU Bi) U S ( Atf B2).
S - A u B i - B* ) |
(24) é ó
^
bvio e (25) resulta de
(A ^ B) C ( A - Ç) U (C — B), (B — *
A ) C (C — A) U (B — C) .
A primeira f órmula de (26) é obtida de
(Ai U A 2) - (Bi U BO C (Ai - BJ U (A , - B*).
A seguir, designando por E° 0 complemento de E , temos
S( A 1 O AuB\ O B 2) = JS(AS U Al Bí U B|) C
C S(Af , Bí ) U S( Ai , Bi) = S(Ai, BO U S ( Ah Ba);
e a última f órmula de (26) se obtém notando que

Ai — A 2 = A\ O Ai .
Por (23), (19) e (18), destas propriedades de S(A, B) resultam
(27) d( A , B) = d ( B, A), d(A, A ) = 0,
(28) d(A , B) < d(A , O + d(C, B),
d(Ai U AO, Bx U BO
(29) n
d(Ai A 2, Bi H B2) < d(Ax, BO + d(A„B2) .

d(A i A 2, B i B2) —
260 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10

As relações (27 ) e (28) mostram que d( A , B ) satisfaz as condi-


ções da Def . 2.17 , com uma exceção : de d ( A , B ) = 0 não resulta
A — B. Por exemplo , se fx = m , A é enumerável e B é vazio, temos
d ( A , B ) = m* ( A ) = 0 ;

para verificar esta igualdade, consideremos um intervalo con -


tendo o n-ésimo ponto de A e tal que
m( In ) < 2 “ n
6.

Se considerarmos equivalentes dois conjuntos A e B quando

d( A , B ) = 0,

dividimos os subconjuntos de Rv em classes de equivalência , e d ( A , B )


toma o conjunto destas classes de equivalência um espaço métrico.
9D?F (W) é a aderência de S. Esta interpretação não é essencial para
a demonstração , mas explica a idéia que a norteia.
Precisamos de mais uma propriedade de d{ A B) , a saber, }

|M *04 ) - /**( ) |
(30)
* d( A1 B ) ,

se pelo menos um dos dois n úmeros p* ( A ) , n* ( B ) é finito . Pois supo-


nhamos 0 < u-* ( B ) < t** { A ) . Então (28) mostra que

d ( A , 0) < d( A , B) + d( B , 0),
isto é,

H *( A ) < d ( A , B ) + n* { B ) .
Como n* ( B ) é finito, segue-se que

V*{ A ) - v.* ( B ) < d{ A , B ).


Demonstração do Teorema 10.10: Suponhamos A £ SWFGU),
B G 9MF (M) - Consideremos { 4 } , {JB } tais que A „ G £, Bn £ £,
J

— —
A „ > A , Bn > B . Então (29) e (30) mostram que

(31) A„U Bn -+ A UB,


(32) n
An Bn -* A D B ,
(33)
(34)
An Bn * A B , — —
DEFINIÇÃO DA MEDIDA DE LtBESGUE - 241

e < + c» visto que d ( A n f A ) — ± 0 . Por (31) e (33),[JDÍF(M) é


um anel. Por (7),
fl ( An ) + M (Pn) = KAn U *») + M (4„ n 5n) . \
Fazendo ?i
— > co , obtemos, por (34) e pelo Teor. 10.8 (a),

>i* ( A ) + »*( B ) « »*( A U B ) + n*( A H J5).


Se .4 O # = 0, então n* ( A D B ) = 0.
Segue-se que M * é aditiva em 5Dí 0u). j?

Seja agora A G SD?(u). Então pode-se representar A


como reu-
ni ão de uma coleção enumerável de conjuntos disjuntos de 9KF(M).
Pois se *4
;u

LMn, com An G 9W/? 0u), escrevemos Ax = A [ e
An = ( A .. . A ;) - W í U . .. U O ( n 2, 3, 4, ... ).
u - —
Ent ão,

(35) A = nU= 1 A «
*

é a representação desejada. Por (19)

(36) E=1
M*( d ) <
n

Por outro lado, A D At U . . . U An; e pela aditividade de t *


em $?F(M) obtemos
*
(37) MV ) M*(-4 I U . . . U A ) = M*(AI) + . . , + M*(An).
Das Eqs. (36) e (37) resulta
a>

(38) M *(A ) = 23 M*(A ).


íl“l

Suponhamos /x*(A ) finita . Seja Bn = Ai \J . . . U A n Então *

(38) mostra que


d( A , B )

quando n > co , Portanto


= M *( Un l A,) = i E
$«= +


n+l
M*(A )

* A ; e como Bn G 5D?F(M) » vê se fà
«
. - 0

- -
cilmente que A G SD?F(M)
Mostramos assim que A G 9J?F(M ) se A G 9K (M) e /X*( 4) < + . -
Agora está claro que fi* é enumeràvelmente aditiva em $i ( ju).
Pois se
A
- U An,
262 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10

em que {An} é uma sucessão de conjuntos disjuntos de 2R (/i;) , mos-


tramos que (38) se verifica se /x * ( A „) < + oo para todo n ; no outro
caso, (38) é evidente .
Finalmente, temos que mostrar que 2Jí (M) é um a-anel. Se
An £ 2R (M), n = 1, 2, 3, . . é claro que U 2 (M) (Teor. 2.14) . »
Suponhamos A £ 9D?(/x), G 3B(M) e
^
A = U An, B = U £n,
n =« 1 n =1

em que .4 „, E SDÍFCM) - Então a identidade

4„ n s =
.u=
i
(4» nBd
mostra que 4, HBG 3J2(M); e, como

M *(4„ D B ) < fl* ( A„) < + oo ,

An O B E SDÍFCM) - Portanto 4„- B £ e i - B G SKO) pois


A - B = U (4, - H) .
n *=1

A seguir substituiremos /z *(A) por fi( A ) se A £ 2)1(M) Assim,


a extensão de /x, inicialmente definida em 8 é uma fun ção de con-
-
junto, aditiva no a-anel $J(/x). Esta fun ção de conjunto é chamada
.
medida No caso especial em que /x = ra, tem-se a medida de
Lebesgue em R p .
10.11. Observações , (a) Se A é aberto , então A £ 9D?(AO - Pois
todo conjunto aberto em R p é reunião de uma cole ção enur *vel
de intervalos abertos. Para verificar êste fato, é suficiente o •- ter • /

uma base enumerável constituída de intervalos abertos.


Conclui-se que todo conjunto fechado está em 2)?(/x) conside-
rando seu complemento.
(6) Se A £ 9)?(M) e e > 0 , existem conjuntos F e G tais que
F C A C G,
F é fechado, G é aberto e
(39) fi(G — A) < e, fi ( A — F) < .
A primeira desigualdade é verdadeira pois fi* foi definida por
meio de coberturas constituídas de conjuntos elementares abertos.
A segunda desigualdade é obtida por passagem aos complementos.
ESPAÇOS DE MEDIDA 263

(c) Dizemos que E é um conjunto de Borel se E pode ser ob-


tido, a partir dos conjuntos abertos, por uma família enumerá vel
de opera ções, consistindo cada uma delas em reunião, interse ção ou
passagem a complemento. A coleção 33 de todos os conjuntos de
Borel em R v é um cr-anel; com efeito, é o menor a-anel que contém
todos os conjuntos abertos. Pela observação (a), EG 9tt (/x) se E £ 33.
( d ) Se A £ 2)í(M), existem conjuntos de Borel F e G tais que
FCACG e
(40) p(G - A ) = n( A — F ) = 0.

Isto resulta de (ò) se considerarmos = l /n e fizermos n > oo .—


Como A = F U ( A — F), vemos que todo A £ 93?(M) é reunião
de um conjunto de Borel e de um conjunto de medida nula.
Os conjuntos de Borel são //-mensuráveis para todo //. Mas
os conjuntos de medida nula [isto é, os conjuntos E para os quais
f i* ( E ) = 0] podem ser diferentes para diferentes //.

( é) Para cada /x, os conjuntos de medida nula constituem um


- .
cr anel
( f ) No caso da medida de Lebesgue, todo conjunto enumerá vel
tem medida nula. Mas existem conjuntos não enumeráveis (até
mesmo perfeitos) de medida nula. O conjunto de Cantor pode ser
dado como exemplo: Com a nota ção da Se ç. 2.44, vê-se f àcilmente
que

m( En) = (f )n (n — 1, 2, 3, ...);
e, por ser P = O En , P C En para todo n, de modo que m(P) = 0.

ESPAÇOS DE MEDIDA

10.12. Definição. Seja X um conjunto, não necessàriamente


subconjunto de um espaço euclidiano ou mesmo de qualquer espaço
métrico. Diz-se que X é um espaço de medida se existe um <r-anel
9JÍ de subconjuntos de X (chamados conjuntos mensuráveis) e uma
função de conjunto, não negativa, enumeràvelmentc aditiva, p (cha-
mada medida), definida em 9JÍ.
Se, ademais, X £ 5D?, então diz-se que X é um espaço mensurável.
Por exemplo, podemos supor X = Rp, 3JI a coleção de todos os
subconjuntos Lebesgue-mensuráveis de R? e p a medida de Lebesgue.
264 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10

Ou , ent ão, seja X o conjunto de todos os inteiros positivos, 9W


a coleção de todos os subconjuntos de X e p{ E ) o n úmero de elemen-
tos de E .
Outro exemplo é dado pela teoria da probabilidade, em que os
eventos podem ser considerados conjuntos e a probabilidade de ocor-
rência de um evento é uma fun ção de conjunto aditiva (ou enumerà-
velmente aditiva) .
Nas seções seguintes trataremos sempre de espaços mensurá-
veis. Deve-se observar que a teoria da integra ção, de que logo nos
ocuparemos, n ão se tomaria em nada mais simples se sacrificásse -
mos a generalidade que agora alcan çamos, e nos restringíssemos à
medida de Lebesgue, digamos, em um intervalo da reta. Com efeito,
os traços essenciais da teoria são salientados com muito maior cla-
reza na situação mais geral, em que se vê que tudo depende apenas
da aditividade enumerável de fi em um <r-anel.
Será conveniente introduzir a notação
p}
(41) {
*i
para o conjunto de todos os elementos x que tem a propriedade P .
FUNÇÕES MENSURÁ VEIS

. .
10.13 Definição Seja / uma função definida no espaço men -
surável X , com valores no conjunto dos n ú meros reais ampliade .
Diz-se que a fun ção / é mensur ável se o conjunto

(42) (x I j( x ) > a}
é mensurável para todo a real.
.
10.14. Exemplo Se X = Rp e 9JÍ = 3)20*) / como na Def . 10.9,
tôda fun ção contí nua ] é mensurável , visto que (42) é então um con -
junto aberto.
. .
10.15 Teorema Cada uma das quatro condições seguintes tem
por consequência as outras tr ê s:

(43) { x | j( x ) > a } é mensurável para cada a real.


(44) { x | j( x ) > a } é mensurável para cada a real.
(45) ' { x | ]{ x ) < a } é mensur ável para cada a real.
(46) { x | j( z ) < a } é mensurável para cada a real.
FUNÇÕ ES MENSUR ÁVEIS 265

Demonstração: As relações

11
{ x | j( x )
®
í
> a} = D \ x | j( x ) > a — —\
{ x | / (x) < a} = X
"
—I { x | J ( x ) > a},
i 1
{x I j( x ) < a} = n < x I ]{ x ) < a + ,
{x \ j( x ) > a} = X —
{ x I f (x) < a}

mostram sucessivamente que (44) resulta de (43), (45) resulta de


( 44) , (46) resulta de (45) e (43) resulta de (46).
Portanto qualquer destas condições pode ser usada em vez de
(42) para definir mensurabilidade.
10.16. Teorema . Se j é mensurável , então \ j \ é mensurável .
Demonstração:

{x I \ j( x ) I < a} = { x I ]{ x ) < o} n { x I j{ x ) > — a}.


10.17 . Teorema. Seja { jn } uma sucessão de junções mensu -
ráveis. Para sejam

g ( x ) = sup. jni.x')
h( x ) = lim sup , jn( x )
(n
.
— 1, 2, 3, . . .),
n
— »®

Então g e h são mensuráveis.


O mesmo naturalmente se aplica ao inf . e ao lim inf .
Demonstração:

{x I g ( x ) > a} = u {x I / (x) > a } ,


n «= I
n

A(x) = inf . gm( x ) , em que gm( x ) = sup. /„(x) ( n > m) .

Corolários , (o) Se J e g são mensur áveis , então máx. (J , g) e


mín. ( j , g ) são mensur áveis . Se

(47) í + = máx. (/, 0 ), t = ~ mín. (J , 0),

-
segue se que , em particular , j+ e j~ são mensuráveis .
(ò) O limite de uma sucessão convergente de junções mensurá-
veis é mensur ável .
266 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10

10*18. Teorema. Sejam j e g junções reais mensur áveis dejini -


das em X , F real e contí nua em R2 e

h( x ) = F(J ( x ) , g( x )) (* e x ).
Então h é mensurável .
Em particular, / -f g e jg são mensuráveis.
Demonstração: Seja
Ga = {(«, V ) I F( u, v) > a } .
Então íf a é um subconjunto aberto de R 2 e podemos escrever

Ga = Ul Ia,
n =
*>

em que {/«} é uma sucessão de intervalos abertos:

In = {(u, v ) \ O n < U < b n, C n < V < dn } .


Como
{x \ a n < j( x ) < bn } = { x [ j{ x ) > On ) H { x \ j( x ) < bn }
é mensurável, segue-se que o conjunto

{ x | (f (x), g { xj) e Jn} = {x I On < j( x ) < 6n} H { x | cn < g( x ) < dn )


é mensurável. Portanto o mesmo se aplica a

{ x | h( x ) > a } = { x | ( j( x ), g ( x )) G Ga }
--
u {* 1 (/(*), o(*)) e /»}.
n l

Em resumo, podemos dizer que tôdas as operações comuns da


análise, inclusive limites, quando aplicadas a funções mensuráveis,
produzem funções mensuráveis; em outros têrmos, tôdas as funções
comumente encontradas são mensuráveis.
Esta é, entretanto, uma afirma ção apenas parcialmente verda-
deira como se vê considerando o seguinte exemplo (com a medida

dé Lebesgue na reta): Se h( x ) J (g ( xj)t em que j é mensurá vel
e g é contínua, então h não é necessàriamente mensurável. (Para
detalhes, ver McShane, Pag. 241.)
O leitor pode ter notado que ainda não mencionamos medida
em nossa discussão de funções mensuráveis. Com efeito, a classe
FUN ÇÕ ES SIMPLES 267

das fun ções mensurá veis em X depende apenas de (r-anel 9W (usan-


do a notação da Def . 10.12). Por exemplo , podemos falar de fun -
ções Borel mensurá veis em Rp , isto é, de fun ções j para as quais

{ x | j( x ) > a }
é sempre um conjunto de Borel, sem referência a uma medida espe-
cial.

FUNÇÕES SIMPLES •

10.19. Definição. Seja s uma função real definida em X . Se


o conjunto de valôres de s é finito, dizemos que $ é uma junção
simples .
Seja E C X e

e
(* E\
(48) KE { X ) = (i í E) .
l0
KE é chamada junção caracleristica de E .
Suponhamos o conjunto de valôres de s constituído dos núme-
ros distintos Ci , Seja
Ei = { x | s( x ) = c,-} ( i = !, • • •> n).
Então,
n
(49) = Si Ci KEV
5
*-
isto é, toda função simples é uma combinação linear finita de funções
características. É claro que $ é mensurável se, e sòmente se, os con-
juntos 2?i, são mensuráveis.
É interessante observar que tôda função pode ser aproximada
por funções simples:
10.20. Teorema. Seja j uma junção real em X . Existe uma

sucess ão { sn } de junções simples, tais que sn( x ) + j( x ) quando n * , —
qualquer que seja Se j é mensur ável^ podemos escolher { sn }
como uma sucessão de junções mensuráveis . Se j > 0, podemos esco-
lher {$„} como uma sucessão monótona crescente.
Demonstração: Se / > 0, definimos

EH ~ {* 2n ^< 2" J ’
Fn = { x | j( x ) > n}
268 TEORIA DE XEBESGUE .
CAP TO

para n = 1, 2, 3, . . . , i = 1, 2, .. ., ri2n. Seja

n2n •

1
(50)

No caso geral, seja / =


a / .
= E
— ^
- r + n /vFn.
j e aplique-se o m é todo acima a j+ e

Note-se que a sucessão { sn } dada por (50) converge uniforme-


mente para /, se / é limitada.

INTEGRAÇÃO

Vamos definir integração em um espa ço mensurá vel X , no qual


501 é o a-anel dos conjuntos mensuráveis e /x a medida. O leitor
que desejar visualizar uma situação mais concreta pode pensar em
X como sendo a reta ou um intervalo e em /JL como a medida de
Lebesgue m.
.
10.21 Definição. Suponhamos

(51) s( x ) = Ê= CiKEi( x)
i l
(x e x, c,- > o)
mensurável e E E Definimos

(52) /£ («) =
- <*M(£ n £.).
Ê
* l

Se J é mensurável e não negativa, definimos

(53)
L j djl = sup. / ;($),
*

em que o sup. é relativo a todas as funções s tais que 0 < s < /.


O primeiro membro de (53) é chamado integral de Lebesgue
de jf relativamente à medida /x, sobre o conjunto E. Deve-se notar
que a integral pode assumir o valor + oo .
Verifica-se f àcilmente que

(54)
L s d/Ji = IE ( s)

qualquer que seja a função n ão negativa, simples, mensurável s.


FUNÇÕES SIMPLES 269

.
10.22 Definição . Seja j mensurável e consideremos as duas
integrais

(55)
1/ d/z,
/.> d/z ,

em que j+ e / são definidas por (47).


Se ao menos uma das integrais (55) é finita, definimos

(56) [ i d v = JíE / d/z


JE
+ ~
JE
fj d/z.

Se ambas as integrais (55) são finitas, então (56) é finita e di-


.zemos que j é integrável ( ou somável) em E no sentido de Lebesgue,
relativamente a /z; escrevemos j ££ ?(/z) em E. Se /x = m, a nota-
ção usual em E.
Esta terminologia pode ser um pouco confusa: Se (56) é + °°
-ou — oo , então a integral de / sobre E é definida, embora / n ão seja
integrável no sentido acima dado ao têrmo; j é integrável em E sò-
:mente se sua integral sôbre E é finita.
Interessam-nos sobretudo as funções integráveis, embora em al -
guns casos seja desejável considerar-se a situação mais geral.
10.23. Observações. As seguintes propriedades são evidentes:
( d) Se f é mensurável e limitada em E e fi ( E ) < + °° , então
J E S(/0 em Ey
( b) Se a < j( x ) < b para e /z(f ?) < + ® , então

a/i( E ) <
*
I
*/ E
j d/z < b/i( E ).
(c) Se / e g E ? (/z) em £ e /(x) < g( x ) para x E Ef então
*

.//£ / d/z <


JE/ g d/z.

(d) Se / G ? (/x) em Ey então c/ £ Ç (/i) em E , qualquer que


seja a constante finita c, e

L cj d/z = cjEUv..
(e) Se fi( E ) = 0 e / é mensurável, então

i ] d/z = 0.
270 .
TEORIA DE L EBESGUE .
CAP 10

( } ) Se j G ?(M) e m E , A E W e A C E , ent ão / G 8(M) em 4 . .


10.24« Teorema , (a) Suponhamos } mensurável e não negativa
em X . Para 4 G SOf , definimos

(57) 0( ^) = Jj*
Ent ão <j> é enumer àvelmenie aditiva em $Du
(6) A mesma conclusão é válida se f G 8(M) ewi A".
Demonstração : É claro que (ò) resulta de (a) se escrevermos.

/ = /+ / e aplicarmos (a) a /+ e a /
"

Para provar (a), temos que mostrar que



.

(58) 0(4) = Z 0(4 n)


n 1 =
«

se An G = 1, 2, 3, .. i ), A 0 %

^, —
Se f é uma função característica então a aditividade enumerável
0 para i *j
r e A = Uí An -

de <j> equivale à aditividade ©numerável de p , visto que

£ KE dp = p( A D E).

Se f é simples, então j é da forma (51) e novamente a conclusão


é válida.
No caso geral, temos, para tôda fun ção mensurável simples s
tal que 0 < s < /,

£ sdp — «Z! /fA n sdn < Z= 1 0(4„). 7í


“ *

Portanto, por (53)

(59) 0(4) < «Z1 0(4 n) »


>

Se <f> ( An ) = + co para algum n, (58) é evidente, visto que


<t> ( A ) </> (An). Suponhamos $(An) < + co para todo n .
Dado e > 0, podemos escolher uma função mensurá vel s tal
que 0 < s < ] e

(60)
*
f sdp > J f
J -A| ii|
j dp — e, I
jAr
s dp > I
J A2
j dpi
— e.
FUNÇÕES SIMPLES 271

Portanto,

U A2 ) / s d fx =
J. sdfx +

.
J Ay u A2

+ J sdfi > <f ( A ) + <£(d 2)


) ]
— 2e,

de modo que

4>Ç A i U Aà MAJ + t U J .
Segue-se que temos, para todo n,

(61) t
<>{ A\ U - . U Ar,) > 4>( Ai ) +

Como i D i i U . . . U An , resulta de (61) que


1

— + 4>{An).

(62) t
<>( A ) > E <HAn ),
n= l

e (58) é consequência de (59) e (62),


Corolário. Se A £ 3J?y B C A e n( A — B ) = 0, então

J
f } d f i = J fB J d n.
A

.

Sendo A = B U ( A B ) y o corolário resulta da observação 10.23(e).
.
10.25 Observa ções O corolário acima mostra que conjuntos
de medida nula são desprezíveis na integração.
Escreveremos / em £ se o conjunto

{* 1 m * g( x ) } n E
tiver medida nula.
Temos j ~
se j g então g j ; e se / ^ í e g h, então ~ ~
] Isto é, a relação ~
é uma relação de equivalência.
Se / ^ g em E , temos òbviamente

JA
//* - Jf gdn, á

desde que as integrais existam qualquer que seja o subconjunto men-


surável A de E.
272 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10


f i( A )
Se uma propriedade P é válida para todo x £ E
0, é usual dizer-se que P é válida para quase todo
A e se —
ou que P é vá lida em quase todo E. (Êste conceito ‘‘em quase todo ”
depende naturalmente da medida particular que se considere. Na
Literatura, a menos que se fa ça uma afirma ção em contrá rio, a ex-
pressão usualmente se refere à medida de Lebesgue .)
Se / G em E , é claro que j( x ) deve ser finita em quase
todo E. Na maioria dos casos, não perdemos portanto em genera-
lidade se admitirmos de início que os valores das fun ções dadas se-
jam finitos.
. 10.26. Teorema . Se j £ ?(/i) em EJ então | /| £ 2(M) em P e

(63) I f JdJ <


]J E | JE
f i / | d,u.
Demonstração: Seja E = A U B , em que ]{ x ) > 0 em A e
j( x ) < 0 em B. Pelo Teor. 10.24,

Jí ^ Ji ^ > + JB I^I
dfi = dx d/x = JA
f tdn + f ] JB
dp < + , 00

de modo que |/| Como ] < |/| e — ] < |/|, vemos que

JE
f jdv < fJE
l / l d/i , JE
í J d f i < f l/ l JE
dfi ,

e (63) está demonstrado.


Como a integrabilidade de |/| decorre da de /, é comum dizer-se
que a integral de Lebesgue é uma integral absolutamente conver-
gente. Naturalmente é possível definir integrais que n ão são abso-
lutamente convergentes e em alguns problemas é essencial fazê-lo.
Mas estas integrais não possuem algumas das propriedades mais m

úteis da integral de Lebesgue e desempenham papel bem menos im-


portante em análise.
10.27 . Teorema. Suponhamos j mensurável em E , |/| < g e
g £ 2(A0 em E. Então / £ ?(/x) em E .
Demonstração: Temos /+ < g e / < g . "

10.28. Teorema de Lebesgue da Convergência Monótona.


Suponhamos E £ 50Í. Seja {/„} unia sucessão de junções mensurá -
veis tais que
(64) 0 < ji( x ) < j 2( x ) < . .. (* e E ).
FUN ÇÕES SIMPLES 273

Seja j def inida por

(65)

quando n — > oo . Então,


/»(*)
- /(*) (* G £)

(66) I
JE
Jndp -> I
JE
Jdp (?> --*
• OO ).

Demonstração: Por (04) é claro que, quando n 00


>

(67)

para algum a ; e, cc-mo J"/„ < y/, temos


.
f /„ — d/x :a

(68) a <
L J d f M.

Seja c tal que 0 < c < 1, e s uma fun ção simples mensurável
satisfazendo 0 < s < /. Seja

En = { x \ ]n( x ) > cs(x)} (n = 1, 2, 3, . . .)


Por (64), Ei G E 2 C E3 C . e por (65) ,

(69) E = \J En *
n *= l

Qualquer que seja n,

(70) Í J n d p JÍ
JE En
j n d p.
^i C 5 dp .
Façamos n -M» em (70). Como a integral é uma função de con-
junto enumeràvelmente aditiva (Teor. 10.24), (69) mostra que po -
demos aplicar o Teor. 10.3 à última integral em (70), obtendo

J
*
(71) a >c s dp.

Fazendo c — > 1, vemos que

a>
I sdfi,
274 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10

e de (53) resulta

(72) a > f ]d .
JE
/i

O teorema decorre de (67), (68) e (72).


10.29. Teorema. Suponhamos j = ] x + /2, em que ji G ?(M)
em E ( i = 1, 2). Então j G S(M) em E e

(73) f
JE
J d /i = J/E ji d /i + JE f jid/i.

Demonstração: Suponhamos inicialmente /i > 0, > 0. Se /1


e / são simples, (73) resulta f àcilmente de (52) e (54). Em caso
2

contrá rio, escolhemos sucessões monótonas crescentes {$,[}, {$«"} de


funções não negativas mensuráveis simples que convergem para
ju /*• O Teor. 10.20 mostra que isto é possível. Consideremos
=* 8n + $». Então,

I Sn d/l = yje / Sndfl +


JE / Sn d/l ,


e concluímos (73) fazendo n > a> e aplicando 0 Teor. 10.28.
A seguir, suponhamos /1 > 0, / 2 < 0. Sejam
A = { x [ ]{ x ) > 0}, B = { x | j( x ) < 0}.
Então /, ji e — /* não são negativas em A. Portanto,

(74) í ji d/
JA
i = f J d + JfA ( — / ) d
JA
/i 2 /x = J/A j d /i — Jf / d/x.
A
2

que
Anàlogamente,
— /1 e — /2 não são negativas em B de modo }

/ <— h) dn = jB h dn + ( — i) dM,
OU

(75) fBl dM = í ~

e (73) resulta da adição de (74) e (75).


FUNÇ OJES SIMPLES 275

No caso geral, pode-se decompor E em quatro conjuntos Ei em }

cada um dos quais ji ( x ) e / 2(x) têm sinais constantes. Resulta dos


dois casos já demonstrados que

J/ / d J/
Ei
/i =
Ei
]i d/i + í / d/
JEx
2 i (i - 1, 2, 3, 4),

e (73) é obtido adicionando estas quatro equações.


Estamos, agora, em condições de reformular 0 Teor. 10.28 para
séries:
10.30. Teorema. Suponhamos E £ SUS. Se { Jn } ê uma suces -
são de Junções mensuráveis não negativas e

(76) j( x ) = £1Ux) ( x E E)

então

JE
f j d» = ±- f j n d . n lJE
/i

Demonstração: As somas parciais de (76) constituem uma su


cessão monótona crescente.
-
10.31. Teorema de Fatou. Suponhamos E £ 2JÍ. Se {/„} ê
uma sucessão de Junções mensuráveis não negativas e

J( x ) = Umn inf . Jn( x ) ( x GE )


=
«* a»

então,

(77)
JE
f í dfi < Um inf . J E Jn dfi. I
Um exemplo em que não ocorre igualdade em (77) é dado pelo
Exerc. 5.
Demonsfração: Para n = 1, 2, 3, . , , e x G E , consideremos

gn( x ) = inf . /,(*) • (i > n).


Então gn é mensurá vel em í e
(78) 0 < gi( x ) < gi( x ) < , .. .
(79) g*( x ) < jn( x ) ,
(80) Qn{ x ) -* j{ x ) (n * <o ) . —
276 TEORIA ÒEXEBESGUE CAP. 10

Por (78), (80) e Teor. 10.28,

(81)
JE
/ JB / jdfi,

de modo que (77) resulta de (79) e (81).


10.32. Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue.
Suponhamos E £ 3DÍ. Seja {/„} uma sucessão de junções mensuráveis
tais que
(82) Jn( x ) -» /(x) ( x E E)

quando n

(83)
— > a> . 5c existe uma junção g £ ?( i) m E tal que

Uni* ) I < Ç( x )
^
( n = 1, 2, 3, . . . , x E E),

então

(84) lim
-
« *•
/» = JgfdH '

Por causa de (83), diz-ee que {/„} é dominada por g e fala-se


de convergência dominada. Pela observação 10.25, a conclusão é
a mesma se (82) se verificar em quase todo E .
Demonstração: De (83) e do Teor. 10.27 resulta que jn £ u)
e que j £ 2(/x) em E .
Como jn + g 0, o teorema de Fatou mostra que

JE
f U + g ) d/x < lim-*inf. J Ef ( j n + g ) d/x,
n ®

OU

(85)
JE
/ J d/ x < limn-»inf. J fE jn d/ x .
®

Sendo g —/> , „ 0 vemos anàlogamente que

*/ £
/ (9 — í ) d/x < lim— inf. /
n »/ £
(g
—/ „) d/x,

de modo que

J
^ j d/ x < lim inf.

^ /» d/ , xj
COMPARAÇÃO COM A INTEGRAL DE RIEMANN 277

o que é o mesmo que

<86) I ] d/x > lim sup. I .


j d/ j
*/£ n
— *® J E

A existência do limite em (84) e a igualdade afirmada por (84)


resultam agora de (85) e (86).
Corolário, Se fi ( E ) < + oo se {/*} é unijormemenie limitada
f


em E e se jn( x ) > j( x ) em E , então (84) è válida„

COMPARAÇÃO COM A INTEGRAL DE RIEMANN

Nosso próximo teorema mostrará que toda fun ção Riemann-in -


tegrável, em um intervalo fechado, é também Lebesgue-integrável e
-
que as fun ções Riemann integráveis são sujeitas a condições de con-
tinuidade bastante restritivas. Além de nos permitir, portanto, in-
tegrar uma classe muito mais ampla de fun ções, a maior vantagem
de teoria de Lebesgue reside, talvez, na simplificação que traz a vá-
rias operações que envolvem limites; dêste ponto de vista, os teore -
mas de convergência de Lebesgue podem muito bem ser considerados
como o âmagó da teoria de Lebesgue.
Uma das dificuldades encontradas na teoria de Riemann é a
possibilidade de limites de funções Riemknn intègráveis (ou . mesmo -
de fun ções contínuas) não serem Riemann-integráveis. Esta dificul-
dade está agora pràticamente superada, pois limites de funções
mensuráveis são sempre mensuráveis.
Consideremos como espaço de medida X o intervalo [a, ò] da
reta real, com fi = m (medida de Lebesgue) e 2TZ a família dos sub -
conjuntos Lebesgue-mensuráveis de [a, 6], Em Vez de

f j dm
é usual adotar-se a notação

f. íí L

para a integral de Lebesgue de j em [a, ò]. Para distinguir integrais


de Riemann de integrais de Lebesgue, passaremos a designar as pri -
meiras por

j dx.
278 TEORIA DE LEBESGUE CAP 10.

10.33. Teorema. (a) Se J £ 3t em [a, b ] , ent ão } G ? em [ a, ò] e

(87 )
£ / dx = SR J: j dx .

(6) Suponhamos j limitada em [a, 6]. Então / G SR m [a, 6]


se, e somente se, / é contí nua em quase todo [a, 6].
Demonstração: Suponhamos / limitada. Seja {P*;} uma suces -
são de subdivisões de [a, ò] satisfazendo as condições: P i é um

refinamento de Pk e fJL( Pk ) > 0 quando k — *
^
(nesta demonstração,
fx é amplitude máxima de uma subdivis ão, n ão uma medida). Se
Pk é a subdivisão
a = Xo < xi <
definimos í/ fc(o) = Lfc(o) = /(a) e
í/ fc(x) * m,- ( Xi-i < x < Xi , i = 1, , . n).

usando a notação introduzida na Def . 6.1. Então,

(88) U ( Pk , f ) =
£ Ukdx , L( Pk , f ) - £ Lic dx .

Como Pfc+i é um refinamento de Pk , temos


(89) Cf,(i) > C/2(x) > ••• > /(x) > . . . > L8(X) > iit
ó
(a < i < fr).
Definimos
(90) t/(ar) = limita;), £(*) =: lim Lfc(*) (a < a? < b ) .
fc
—• W

Suponhamos agora que / £ SR. Como /x(Pfc) — »0 , temos

(91) U ( Pk , f ) -> X fa / dX’ L( Pk , f ) -> X


£ / dx .

Esta última relação não foi enunciada expllcitamente como um teo -


rema no Cap. 6, mas foi deduzida na demonstração do Teor, 6.14
[ver Fórms. (28) e (29)]. Por (89) e (90),

(92)
£ Uk dx
- £ U dx .
£ u* £ - L ãXy
INTEGRAÇÃO DE FUNÇÕ ES COMPLEXAS 279

de modo que de (88), (91) e (92) resulta

(93) f
•J o
U dx = f
Ja
Ldx « SR
/ j dx.

Sendo L( x ) < j( x ) < U ( x) em [ a, ò], a primeira igualdade em


(93) mostra que
(94) L{ x ) = j( x ) = U ( x )
em quase todo [a, &] (Exerc. 1). Como L e U são mensuráveis, /
também o é. Portanto / £ £ e (87) resulta de (93) e (94).
Suponhamos agora que x não seja ponto de subdivisão de ne-
nhum Pt (note-se que o conjunto dêstes pontos de subdivisão é enu -
merável e, portanto, tem medida nula). É então bastante f ácil ver
que j é contínua em x se, e somente se, U ( x ) = L(x).
Assim, se } 5R em [a, 6], (94) mostra que j é contínua em quase
todo [ a, 6].
Redprocamente, se / é contínua em quase todo [a, b] , então
(94) se verifica; portanto a primeira igualdade em (93) é válida e,
dado e > 0, (92) e (8S) mostram que para algum fc.
U ( Pk f ) - L( Pkif ) <
} ,
de modo que / £ em [a, 6], pelo Teor. 6.6.
A conhecida relação entre integração e derivação é em grande
parte válida na teoria de Lebesgue. Se / £ 8 em [a, b ] e

(95) fj * (a < x < ò),


então F' ( x ) j( x ) em quase todo [a, 6].
=
Redprocamente, se F é derivável em cada ponto de [a, b] (“ em
quase todo [ at b ]” não é suficiente aqui!) e se F' 6 2 em [a, 6], então

F( x ) - F(à) = fa F'® dt (o < x < 6).


Para as demonstrações dêstes dois teoremas, indicamos ao lei
tor qualquer das obras citadas na Bibliografia.
-
INTEGRAÇÃO DE FUNÇÕES COMPLEXAS

Suponhamos que j seja uma função complexa definida em um


,
espaço de medida X e que / = u + iv em que u e v são reais. Di -
280 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10

zemos que / é mensurável se, e sòmente se, u e v são ambas mensurá -


veis.
É f ácil verificar que somas e produtos de funções complexas
mensuráveis são também mensuráveis. Como
l/ l = (tx 2 + t;2) *,
o Teor. 10.18 mostra que |/| é mensurável qualquer que seja a fun -
ção complexa mensurável / .
Suponhamos /x uma medida em X E um subconjunto mensu } -
rá vel de X e / uma fun ção complexa em X Dizemos que / £ 8(/x) .
em E se J é mensurável e

(96) f
J E l/ í
&< + oo ;

definimos

JE // d/x = f u d x + i L v dfi
JE
/

.
se (96) se verifica Como |tx| < |/|, M < |/| e |/| < |u| + | u|
é claro que (96) se verifica se, e sòmente se, u £ S( /x) e v £ ?(/x) em E .
Os Teore. 10.23(o), (d), {e\ ( f ), 10.24(6), 10.26, 10.27, 10.29 e
10.32 podem agora ser estendidos a integrais de Lebesgue de fun ções
complexas. As demonstrações são bastantes diretas. A do Teor.
10.26 é a única que oferece algum interêsse:
Se / £ 8(/x) em E, existe um nú mero complexo c, |c| = 1, tai
que

> 0.
c
J/ d/x

Seja g = cj = u + iu, u e v reais. Então,

\f
I /E
%
j d/x
I
=c %/
f / d/x = f gdn = f u d/x < f \ }\ d/x.
E % f E */ E E

A terceira das igualdades acima é válida visto que as piecedentes


mostram que f g du é real. •

FUNÇÕES DE CLASSE 82

Como aplicação da Teoria de Lebesgue vamos agora estender


o Teorema de Paraeval (que demonstramos apenas para funções
FUNÇÕES DE ELASSEt2
1

28T

contí nuas no Cap. 8) e demonstrar o Teorema de Riesz Fischer para


conjuntos ortonormais de fun ções.
-
.
10.34 « Definição Seja X um espa. ço mensurável. Dizemos
que uma fun ção complexa j £ 8*00 cm X se j ê ^ mensurável e se
• •

Lw dfjL <+ . ®

Se \i é a medida de Lebesgue, dizemos que j £ 8*. Para j £ 8*00


(omitimos a expressão “ em X daqui por diante) definimos

e chamamos 11/|| norma 8*00 de / .


10.35. Teorema* Suponhamos ] £ 8*00 e £ £ 8*(/0
]g £ 800 «
- Então

(97)
£
j l /fl 11/ 11 ' llffll -
Esta é a desigualdade de Schwarz que já vimos para séries e
integrais de Riemann. Ela resulta da desigualdade

o< fx ( \í \ + X| |
í7 )1 dM = ||/||* + 2x
/xl ffNM + XMI,lh
/
que é válida para todo X real.
10.36. Teorema. Se / £ 8*00 e p £ 8*00 » j + g £ 8*0*)
e

II/ + ?II < II/II + II?II.


Demonstração: A desigualdade de Schwarz mostra que

/
ll/ + ffll! = l/l * + fjg + (> + fJ
< ll/ ! i!+ 2 ||/|| Ilílr+ 11(711 * = ( 11/ 11 + 11(7II)*-
10.37. Observação. Se definirmos distâ ncia entre duas . fun-
-
ções } e g em 8*00 como 1 |/

g \ |, vemos que as condições da > Def.
2.17 são satisfeitas, com uma exceção: de |\ j g \ | = 0 hão resul- —
ta /(x) = g( x ) para todo x, mas apenas para quase todo x. Assim, ,

se identificarmos fun ções que diferem sòmente em um conjunto dfr


medida nula, 8*00 é um espaço métrico.
282 TEORIA DE LEBESGUE .
CAP 10

Consideremos agora em um intervalo fechado da reta real,


relativamente à medida de Lebesgue.
. .
10.38 Teorema .As Junções contí nuas constituem um subcon-
junto denso dè em, [ a, b] .
Mais expllcitamente, isto significa que quaisquer que sejam
j £ 22 em [ a , b ] e e > 0, existe uma função g, contínua em [a, b],
tal que
H
II / — Í/ II = (/ — g )* ár
j < e.
Demonstração: Diremos que j é aproximada em 22 por uma

sucessão { gn } se |\ j ^ gn\| O quando n > OD . —
Seja A um subconjunto fechado de [a, ò] e KA sua função carac -
terística. Consideremos

t ( x ) = inf. |x — y| ( y E A)
e
1
Ç n( x ) = 1 + 7tf (x)
(ti — 1, 2, 3, • • •) -
W'

Então Qn


é contínua em [a, b], 0*(x)
sendo S = [a, 6] A. Portanto
= 1 em

-> 0
A e <fo(x) Ô em B,

.
pelo Teor 10.32. Assim, funções características de conjuntos fe
chados podem ser aproximadas em 82 por funções contínuas.
4
-
Por (39) o mesmo se aplica ã função çaracterística de qualquer
conjunto mensurável e, portanto, também às funções mensuráveis
simples .
Se j 0 e / £ í2, seja {$*} - uma sucessão monótona crescente
de fun ções mensuráveis, simples, não negativas, tais que sn( x ) > f ( x ) . —
Como |/
— .
o Teor 10.32 mostra que . 11/ «n 11 0
Daí se conclui o caso geral . — — .
. .
10.39 Definição Dizemòs qué uma suCeksão de funções com -
plexas. { <f>n } é um conjunto ortonormal de fun ções eih um espaço men -
surável X se

J { 0 (n m ),

^ t
< >n<t>m dn Í
1 (n n - m). •
FUNÇÕES DÊ CLASSE 82 283

Em particular, devemos ter <j>n £ 22(/x). Se j G ?2(/x) e se

escrevemos
* -L /0» d/X fa ~~ 2 3fj • * •)>

n =1

como na Def. 8.10.


*

A definição de série trigonométrica de Fourier se estende do



mesmo modo a 22(ou a S) em [ 7r, TT]. OS Teora. 8.11 e 8.12
(desigualdade de Bessel) se verificam para toda j £ £ 2Gu). As de -
monstrações são as mesmas, palavra por palavra.
Podemos, agora, demonstrar o Teorema de Parseval.
. .
10.40 Teorema Suponhamos

(98) /(*) ~ X«) C"einl


o
.
em que j £ í 2 em [
Então,
— , . Seja sn a n-ésima soma parcial àe
7r 7r] .
(98)

(99)
• n
lim ||/
— «> — s„|| = 0,

(100)

Demonstração: Dado’ 6 > 0, pelo Teor. 10.38, existe uma fun -


ção contínua g tal que

II/ - & U < 42 ‘

Ademais, é possível supor que g( ir ) = g( 7r). Então g pode ser es-


tendida a uma função periódica contínua. Pelo Teor. 8.16, existe
um polinómio trigonométrico T , de grau N , digamos, tal que

;

lis' — rn <
Portanto, pelo Teor. 8.11 (estendido a 22), se n > N ,
| |.Sn -/|| < | |r - / i l < «,
284 TEORIA Pl . iJRESGUE CAP. 10

donde resulta (99). A Eq. (100) é deduzida de (99) como na demons-


,

tração do Teor. 8.16.


Corolário Se / £ ?2 .em
.-
.
[ 7T, TT] e se j —
, (fl ~ Oj dz í , -±: 2, . 1 » ),
.
; '

ewído 11/|| 0. —
Assim, se duas fun ções ènn?2 têm a mesma série de Fourier,
elas diferem no máximo em um conjunto de medida nula.
.
10.41 Definição Sejam / e /» G . ( n 1, 2, 3, . . .). Di-
zemos que {Jn} converge para / em 82 ju ) se j |/n /|| > 0. Di-
- (
—— —
zemos que {/«} é uma sucessão de Cauchy em ? 2(/z) se para cada
> 0 existe um inteiro N tal que, quando n > N , m > N , temos
I l /n ~U \ I <
. .
10.42 Teorema Se {Jn} é uma sitcessão de Cauchy em 22(/z),
então epistey Jy/riçiãpj £: £?(/*) t& quç .{ /« } pmverge para /
^
Em outros tênqoSj isto signifípa * que. S2(M) é um espaço métrico
complgjo i •

' Como {/»}; é ima sucessão de Cauchy, podemos


Qeprumstrfrçãa;
determin rí uma sucessão {n*}, /c *= 1, 2, 3; . . tal que
^ i

ll/n* - /*MJI < .4- i . ( k= lf 2 y3t

Consideremos uma fun ção £ G S2(M)?Í Pela desigualdade de Schwarz,


(101)
x

Portanto, ^/ l ?(/n* /»*+i) l

È !?(/»* - /»*«) ! ^ I Ml -
< IMI
2* •

-
fc 1 J x

Pelo Teor. 10.30, podemos permutar soma e integração em (101).


Segue-se que ; .

(102) M*J| Z |/n*(*) ~ /«*+ (z)| < + l


00

em quase tòdo X . Pòrtàrito,


CD

(103) SH/ +IC*) /» »(*) [ < +


-
00

fc 1
FUNÇ&fiS DÉ CLASSE
'

g2 285

em quase todo X. Pois se a série erh (103) íôsse diveigentè em um


conjunto E de medida positiva, poderíaipos supor g( x ) não nula em
um subconjunto de E de medida positiva, obtendo assim uma con -
tradi ção a (102). r , r .:
r
*. - • :

Como a Â:-ésima soma parcial dà sé rie (: : > e. , •

oo

22 (/n*+ (x) 1
— /„*(*)),

que converge em quase todo X, é

jnk+i( x )
'N r

vemos que a equação


/(x) = fclim /„t(x)
>
— ®

define / (x) em quase todo i £ I e não importa como /(x) é definida


nos demais pontos de X a;;r .
Vamos agora mostrar que esta função J tem as propriedades
desejadas. Dado e > G, escolhemos N- dò modo indicado na Def.
10.41. Se nh > Ny o Teorema de Fatou mostra que
\ r ,
11/ - Jnt \ I < lim inf. 11/ :/» ,l l < e . . . .
; * ' : ’ ’* •
^4 " tf ) '
^
S* *



1 ; . •/ •• * Í»N *
,‘ y^ C.


*
J

/„*) + /„„
"

Portanto / /„ E SS(M) e como / = (/ vemos que


*
/ E ?20u). Ademais, sendo e arbitrário,
lim i |/
k ~> ®
-/n j| = o.
» ' *
. I •• <

Finãlménte* á desigualdade .
-

-
.' Jí •*

( io4) •
ti/ / II < ti / - /ntrr + 11/», ~ /:»íyi.wo
i ! ;

'

.
mostra que {/n}, oonverge para / em S2 ); pois. ee tomarmos ti( e n*
suficientemente grandes, cada um dos dois tênnos no segqndovmpm ^ -
bro de (104) pode tomar-se arbitràriamente pequeno.
.
10.43 O Teorema de Riész^Fisèher Seja { <j>n } orionormàl ém .
X. Suponhamos 21 cn|1 convergente e sn Ci <t>\ + ••* + Cn<t>n• Então
existe uma junção j G 22(ju) tal que {$»} converge para ] em % 3(M ) « ^ — •

2rCn^ *.
.' i .
f /N /
i
n »J
286 TEORIA DE LEBESÇUE CAP. 10

Demonstração: Para n >


. . . + Kl *,
S
-
.X í - . : * .

de modo que {$„} é uma sucessão de Cauchy em ?2(ju). Pelo Teor.


10.42, existe uma função £ ?*(/*) tal que
lim ||/ - s»|| = 0 * .

Para n > k ,

J ô — Jx
^
f kdp Ch = í <l> k d/ x — dpt

de modo que

jJj t kdti — <> ck < I I/ — s»|! • | Kfc|| = l i/ — s„||.


-


1 ' ' •

Fazendo n + co , vemos que .i ‘T •• • * <


>

cfc =’ ^ (fe = 2 j 3, . ; í

i '! *: 1 .

e a demonstração está completa.


.
.
10.44« Definição Diz-se que um cónjimtò ortonormal {</>,»} é
* i

completo se, para / £ 8?(M), resulta das equações


i

à 1*- = 1, 2, 3, . . . )
; í
dp =0 (n

que 11/|| = 0.
No Corolário do Teor. 10.40 concluímos da equação de Parse
val (100) que o sistema trigonométrico é completo. Reclpròcamente,
-
a equação de Parseval é válida para todo., conjunto de fun ções orto
normal completo.
*
-
:
.
10.45; Teoréma Seja { <f )n } um cònjuntò de junções ottoriôtmal
completo. Se j £ 22(/i) e se Mi ? *

.
.‘U ; h '
i

(1015),

eníao '
*
-
.7=
4
M

4- •
. i
n 1
— i . *'

r ;

(106)
í
j W* <G £ W. -
EXERCÍCIOS 287

Démonsird ção; Pela desigualdade de BesseJ, 2|cn [ 2 converge.


Considerando
$n

o Teorema de Riesz-Fischer mostra que existe ú ma função g £ ? 2(M)
cn<t>n,

satisfazendo as condições
00

~ S Cn<t>
(107) 9
- n i
n

e !|£7 — Sn 11 — o. Portanto ||s ||


I W l* = k!2 +
„ ||?|| .
+ |cn\\
Como
‘ 1

temos ;i

(108)
Jx 1^12
(105), (107) e o fato de {0n} sei completo ° mostram que
dn = £ lc l
1
»
2

\\ ^.g|[ =r; 0, de modó que (106) resulta de (108):


j:
Dos Teors. 10.43 e 10.45 obtemos um resultado muú to interes -
sante; todo conjunto de funções 1 ortonormaf ‘ completo induz uma
;

correspondência biunívoca entre as funções / £ 22(/0 (identificando


aquelas que são iguais em quase tôda parte) e as sucessões {c«}
tais que S|cn [ 2 é convergente. A representação


a>

j ~ S «W» ,
n 1
»

• • ?\ .

juntamente com a equação de Parseval, mostra que 22(/i) pode ser


considerado como um espaço euclidiano de dimensão infinita (o cha -
mado “ espaço de Hilbert” ), no qual o ponto j, tem coordenadas cn
e as funções <£n são os vetores da base.

EXERCÍCIOS

1 . Se / > 0 e í / dfi
— 0, prove que }( x )
= 0 em quase todo # Sugè&l/lo:
Seja En o subconjunto de E no qual j( x ) > l/n. : Considere A = \JEn. Eptâp
H { A ) = 0 se, e sòmente se, n( En ) 0 para todo nr —
2. Se df Á = 0 qualquer que "seja o subconjunto mensurá vel A/ ; de & . ,
então f ( x ) * 0 em quase todo E .
.
3 Se l /n} é uma sucessão 4e iunções menàú r4&eis, prove que o conjà ntb '

de pontos x nos quais {/«(*)} converge é mensurávél .


288 TEORIA DE LEBESGUE CAP. 10

4 . Se / £ 5(/x) em E e g é limitada e mensurável em E, então jg G 2 Qn )


em E .
5 . Sejam

0( x ) -c (0
(
x
I <*
§),
D,
hk ( x ) = g( x ) (0 x 1),
= g(1 - x) (0 < x 1).

Então,
lim inf. J „( x ) = 0 (0 x < 1),
n —
mas,

fQ Ui* ) dx
[Compare oom (77)).
6 Seja . .
1
J ÁX ) - <.*
0
( 1* 1

(|x|> »).
n),

Então /n(x) -*0 unifermemente em R\ porém

f mJndx = 2 (* = 1, 2, 3, ...).

X)
^ Escrevemos
.
em vez de
sentido do Teor 10.32, não resulta de convergência uniforme. Entretanto, em
conjuntos de medida imita,, sucess§ps uniformementç convergentes de funções li
mitadas são unifonnemente limitadas. .
,
Assim, convergência dominada, no

_ -
.
7 Determine uma condição necessária e suficiente para que / G 9í(o0
.
em [a, 6J Sugestão: Considere o Ex. Í0.6(&) e o Teor. 10.33 .
.
8 . Se / G SR em [a, 6] e se F( x ) jf* ]{í) di, então E\x ) = /(x) em quase
todo [a, b].
.
9 Trote que a função F dada pior (95) é contínua em [a, &] .
10 Se .
< + ® e ] G Í2(M) eni Xt então / 6 S(/í) em X
* * . Se

MW = + °° i
•.V -
• •; . ,vv
, • .
isto é falso. Por exemplo, se
.

1
/(*) í + ) x| *
então / G S2 em Rl , mas / (£ 8 em i£l.
- V. . . .
. .
.
*


’ ‘ ’ ‘ ' . ' •
.

11 Se /, g G 2(p) em X, defina a distâ ncia entre / e g por

- ff| dn.
EXERC ÍCIOS 289

Prove que 2(ju ) é um espaço mé trico completo .


12. Suponha (a) |/(x, y) | 1 se 0 x < 1, 0 y 1;
(6) para x fixo, ]( x, y ) uma função contínua de y ;
(c) para y fixo, /(x, y ) uma função contínua de x .
Seja

9( x ) = jixy y ) dy (0 < x 1) .
g é contínua ?
.
13 Considere as funções


]n( x ) sen nx (n = 1, 2, 3, .. ., - 7T
como pontos de S2 Prove que o conjunto dêstes pontos é fechado e limitado,
.
x

mas não é compacto.


.
14 Prove que uma função complexa ] é mensurável se, e sòmente se, j~\V )
é mensurável qualquer que seja o conjunto V aberto no plano .
.
15 Seja $R o anel de todos os subconjuntos elementares de (0,1]. Por
definição
, =
<t>(W 6]) &)) = 6]) = 4>( {a, b ) ) = b - a,
se 0 < a b 1, e
<K (0 , b )) = <K (0, 6]) = 1 + ò
se 0 .
< 6 < 1 Mostre que se obtém uma função de conjunto, <f>, aditiva em SR,
que não é regular e que não pode ser estendida a uma função de conjunto enu -
meràvel mente aditiva em um <r anel - .
.
16 Seja Jnfc} uma sucessão crescente de inteiros positivos e E o conjunto
— ,
de todos os x £ ( r rr ) nos quais {sen njcx } converge. Prove que m( E) = 0.
Sugestão: Para todo A C. E }

e
L sen nfcx dx
— 0,

2 (sen njçx )1 dx = (1
— —.
cos 2nfcx) dx > m(A ) quando k OD .
. —
17 Suponha E C ( x, x), m( E ) > 0, ô > 0 Aplique a desigualdade de
Bessel para demonstrar que existe no máximo um número finito de inteiros n
tais que sen nx > d para todo x £ E .
.
18 Suponha ] E 22(M)J Q E ?2(M) Prove que .
|J *

se, e sòmente se, existe uma constante c tal que g( x ) ** c/(x) para quase
todo x. (Compare com o Teor 10.35.) .
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?

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*
Í ndice Alfabético • •

Abel, N. H., 76, 179 ' 1» •


Coeficientes de Foú riier, 192, 193;
Aberto, relativamente, 37, 38- - \v Coinfiináçao fiiiear,
Absolutamente convergente, 73 ' :V Complemento, J53 ..« v. " riYi
.
- '

?*< : '

Aderêhciay 46 • ' V - Completamentoy 82V ,


uniforme 168 Componente de umá ftinção, $7 u
Adição ( vé^r Sdtná ) Comprimento, 143 • " '

Aditiva, 2154 '


Condição de Lipschitáij: 116:) *^202
Álgebra, 167 , Conjugado, 19
5 ' '

auto-adjunta; 171 í jíSBtOy 3 ; :


Cot
uniformemente fechada, 168 aberto, 33 •
Amplitude máxima, 123 ‘
Anel, 253 y ’ ^ compacto, 38
conexo, 44 ..
8
—,254
Aplicação, 24
aberta 100, 218
V .* .
í
de Borel, 263
de Cantòf. 4k 263" • I
denso, 33 * - :
contínua, 85
i i. de medida rrala,’ í63j 271 •
continuamente diferencial, ? de valôres, S4 1 p '^ '

!';
^
"

identidade, 223 r * ' ' de zeros, 99, íl5'


inversa, 90 elementar, 256 ‘ ;»
enumeravel, 25, 30
• :

linear, 206 v
primitiva, 224, 248 > \
j
fechado, 33
, í irV. *..
uniformemente còntínjiá, 90£ ..
i

finito, 25 'vi • Jii js& .


( ver também Função) .
'
i(
independente, 204
infinito, 25 ** • o
Aproximação edi ’ média . ( juaíritica,
194 limitado, 12, 33
r- y mensurável, 259, 263
Arco, 142
"J

^ -^ —
no máximo enumerável, 25 c
Área,
Base,
251
205
canónica, 205
enumerável, 46
t:
t‘
*>
-y i'
ortonórmal èòm létdf 286 ‘
perfeito, 30, 38/ 43
vazio, 3
Constante ãfe Etllérr
* = .. .. zrs*
» 202 " > <
*

- > ^
>


V•

.- 4

Bola, 32
Bordo, 243 ^
fun Lo - 84
Continuidade, 85
uniforme, 90
A1
e. \

Cadeia, 243 Convergência, 49


soma de 243 , absoluta, 73 r' :Y í ?
^-
Cálculo diferencial exterior, 237 comutativa, 76, 1$ J •

Cantor, G., 31, 192 r- ,: . dominada, 276 \4i -: f ; r

Cauchy, A. duí; 63 : - , de séries, 60 V ; í

Círculo de convergência 70
Cobertura, 38
aberta, 38 .-
de sucessões, 49
limitada, 277
raio de, 70
í •
'
‘n 1

:•
^ m
*

r •
/

finita, 38 uniforme, 151


294 ÍNDICE ALFABÉTICO

Convexo , 32, 101 separável, 47


Coordenadas, 20 vetorial , 21, 204
Corpo ordenado, 10 Extensão , 99
Correspondência biuní voca, 25
Corte, 3 Forma , 234
negativo, 5
positivo, 5
de classe — C\ C”
decomponí vel, 235
, 234
racional , 4 diferencial de, 237
Cotas inferiores, 12 exata, 250
superiores, 12 fechada, 250
Crit ério de Cauchy, 55, 61 produto de 236 & . *>. V

Curva, 142 spnja 4e, 235: ; v


retificável, 143 Fórmula de adição, 184
—- simpler"f chada,- 143
^
.. ' . - • -
^~ ~ de mtègfáçã o^ pPí ãries; &) "
Fourier, J. B., 192
'|Ç

li — " "

Decimal , 15 Função, 24
Decrescente, 56, 95 analitica, 177
Derivada, 102 Borel -mensurável, 267
de ordem superior, 109 caracteristica, 267
de uma f unção vetorial, - 84,, 110 constante, 85
de uma intggral, 13|0, 2494 279f . *
, contínua, 8.5 :
direcional, 248 coordena4%: 88,
integral da, 131 .
, 279 , de conjunto, enumerãyelmente iadi-
parcial, 214, 233 „ tiva, 254 ' ' K Xr ¥?'±i: í rf >> í

total, 212 de conjunto regula 2S$ , S


Descontinpidades, 94
* . ** *>.

de variação limitada, >133


derivada, 102, 211
^
simples, 94, 99 . U.v- ' •
*
*
.• •

Desigualdade de Bessel , 1;95> ?< 283* diferenciável, 102; 211 j,.


de Schwarz, 20, 146, $81
.

expQimncial, ., 83
1 •

^
triangular, 20, 21
Determinante, 225
harmónica, 252
inversa, 90
v ! v- :
1 ^ '

de um operador, 228
Diagonal , processo, 3 j, 164 . .
- Lebesgue-integrável, 26&i
limitada, 89 «.wN
Diâmetro, 54 %
limite, 148

' HC;; ri .
linear, 206
.
Diferença simétrica,! $59 .
Diferencial de uma aplicação, -2| 1 logarí tmica, 196, , .V i v:', í *?r.V< '‘M’ > , . 1
'

de uma função -102, - 211 V, '


mensúrável, 264 vi..:
.

monótona, 95, 255
'

forma ( ver Forma) < •/ A* v .Vr;4 • *

Dimensão, 204 não derivável, 159


Disjunto, 28 & peri ódica, 189 ,.
Distância, 32, 100 produto % ,84 ,
Domí nio, 24 racional, 88 . . > ,; : í<- yv : 5

de parâmetros, 234 S,
r- *

e, 65 soma de, 84
•4 V ./
- : ^ h- k
Em, 25 • v . y« *:
•• * trigonométrica, 187
Equação dff çrençiaj, 116, . 176 uniformemente contí nua , 90
Eqiiicontinuidade, 162 valor absoluto, 87
Espaço, conexo, 44 V-: v
' variação, 137
de funções^çont ínnas, 172 v vetorial, 84
de funções integráveis, * Í Z9yy A v •i '

281, 289 Lf . ** :
' • Gradiente, 247 •
í VV-M
gerado, 204 íl < i , d
'
Gráfico, 99
de Hilbert, 287 Cv
de medida, 263 Í, 19
,
euclidianos í $ ; i
2 h ; í • •
• Irnagém, 25 V í< -
mensurável, 263 l \ v inversa, 25 C , < iV-
métrico, 31, 32 * Independência linear - 204 -
compacto, 38
completo, 56 >
i i / v. ibU; • u

i
Ínfimo, 13
'

Infinito, 16
^ •
. 'r Vr 1^

normal , 100 conjunto, 25 V •


A -MWii **
ÍNDICE ALFABÉTICO 295

Integral , de derivada, 131, 279 Paralelepípedo, 32, ,40


de Lebesgue, 268 w, 188
de Riemann, 119 Plano, 21
de Stieltjes, 120 complexo, 21
inferior, 119 Polinómio, 88, 190
propriedade aditiva, enumerável trigonom étrico, 191
da, 270 Ponto de acumulação, 33
superior, 118, 119 interior, 33
teste da, 146 isolado, 33
Interseção, 28 Pôsto, 221
Intervalo, 32, 46, 255 ,
Problema com valor inicial 116, 176
Produto, 9, 17
Jacobiano, 228 de aplicações lineares, 207
.
Knopp, K f 2, 65 de Cauchy, 74
de determinantes, 226
Landau, E. G. H., 3 de formas, 235
Lebesgue, H. L., 192 de funções, 84
Lei, anticomutativa, 236 de matrizes, 210
associativa, 1 de séries, 74
comutativa, 1 escalar, 21
distribuitiva, 1 interno, 21
.
Leibnitz, G W., 65
Quase todo, 272
Limite, 49, 83
à direita, 94
à esquerda, 94 Baio, 33
função, 148 de convergência, 70
de subsucessão convergente , 53 Baiz, 13
inferior, 12, 57 teste da, 67
superior, 12, 57 Befinamento, 121 .
uniforme, 161 ,
Kegra de cadeia 104, 212
Localmente biunívoca, 219 de L’Hospital, 108, 112
Logaritmo, 22, 186 Relação de equivalência, 25
Reordenação, 76, 181
Matriz, 209 Restrição, 100
Máximo relativo, 25 Reta real, 32, 45
. .
Mc Shane, E J , 266 Reunião, 27
Média aritmética, 81, 197 Riemann, B., 77, 192
Medida, 262 Rotacional, 251
de Lebesgue, 262
exterior, 257 Separação de pontos, 168
.
Mertens, F , 75 Série, 60
,
Mudança de variáveis, 142 231 absolutamente convergente, 73
Multiplicação ( ver Produto ) alternada, 72
comutativamente convergente, 152
Norma, 21, 172, 208, 281 convergente, 60
Normal, 251
de Fourier, 192, 193, 283
Núcleo de Dirichlet, 195
de Fejér, 195
de potências, 70, 169
Nú meros algébricos, 47 divergente, 60
cardinal, 25
geométrica, 62
produto de, 74
complexo, 16
trigonométrica, 192
inferior, 4 uniformemente convergente, 76
irracionais, 1 66
racionais, 1, 31
real, 10
cr
— anel, 254
Simplexo, 230, 241
orientado, 241, 244
conjunto ampliado, 15
superior, 4 Sistema Ortogonal de funções, 193
Sôbre, 25
Operador Linear Inverso, 207 Soma, 6, 17, 20
Ordem, 1, 5 de aplicações lineares, 207
Ortonormal, 193, 282 de cadeias, 243
completo, 286 de formas diferenciais, 235
396 Í NDICE ALFABÉTICO

de funções, 84 de. Gauss, 251


de uma sé rie, 60, 148 de Green, 244
parcial, 60 de Lebesgue, 161, 272, 275
Subconjunto, 24 de localização, 196
denso, 33, 47, 97, 101, 173, 282 de Paraeval, 200 283,
próprio, 24 de Kiesz Fischer, 285
-
Subdivisão, 118 de Stoné Weierstrass, 169
-
Subsucessão, 52 de Stores, 244
Sucessão, 26 de Taylor, 110, 181
convergente, 49 de unicidade, 116
crescente, 56, 95 de Weierstrass, 153
de Caucby, 54, 172, 284 do completamento, 12
divergente, 50, 149
'
do corte de Dedekind, 11
dupla, 149 do Posto, 222
limitada, 49 do valor médio, 107, 113, 141
monótona, 56 Fundamental do Cálculo, 131
uniformémente convergente, 151 Heine -Borel, 41
limitada, 161 Teste, da Razão, 67
Superf ície 234 de comparação, 62
*
Suporte, 230 de Weierstrass, 42, 165
Supremo, 13
Valor, 24
*

Teorema, da Convergência dominada absoluto, 9, 17


de Lebesgue, 276 de funções, 87
intermediário, 93
#
da Convergência monótona, 272
da divergência, 251 Variação, 133
da função implícita, 219 funções, 137
inversa, 216 limitada função de, 348
de Baire, 48, 81 total, 134, 136
de Dirichlet, 203 Vetor, coluna, 210
de existência, 176 nulo, 21
de Fatou, 275 unitário, 248
de Féjer, 198, 203 Vizinhança, 33

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