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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado

Revitalização da Baixa‐Chiado

O DN está a promover um SEGUNDA‐FEIRA, 4 DE DEZEMBRO DE 2006 Últimas notícias do DN


debate público sobre o sobre a Baixa‐Chiado
plano de revitalização da Não compliquem
Baixa‐Chiado. Participe
com a sua opinião.
.Dezembro
António Marques
Leitor do DN 2006
.Participe  
DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB
É fácil reabilitar a Baixa Chiado, por favor não compliquem. 
1 2
Envie a sua mensagem Digo que é fácil, porque conhecendo um pouco o movimento imobiliário desta zona
posso assegurar que com apenas uma definição de critérios de arrumação dos 3 4 5 6 7 8 9
para aqui.
espaços seria possível atrair para esta zona investimento privado com capacidade
10 11 12 13 14 15 16
para dar vida a esta área.
.posts recentes Os políticos têm mais interesse em complicar para poderem justificar os lugares que
ocupam, mas uma vez na vida fazer o que é obvio e simples justifica­se. 
17 18 19 20 21 22 23

24 25 26 27 28 29 30
Na Baixa e Chiado há muitos edifícios para reabilitar e que esperam por um lado o
. Não compliquem
crescimento dos preço ou por outro lado a aprovação de projectos. Tendo em conta
31

. Um exemplo prático que reabilitar não implica grandes alterações ao já existente a aprovação destes


. Reabilitar a Baixa Pombal... projectos deveria merecer por parte da CML uma apreciação rápida e baseada em
. Tarefa para dezenas de an...
critérios simples e de bom senso.
. O que a Baixa pode (deve)... Mas quem se mete a fazer uma reabilitação nesta zona passa a ser um mártir isto
talvez por estar na freguesia dos mártires.
. Baixa pombalina: o devido...
. Baixa‐Chiado, um nada que...
Muitas vezes o critério do arqt da CML impões janelas de madeira
independentemente de ao lado um edifício oficial ter janelas de alumínio ( veja­se
.subscrever
. A autenticidade da memóra caso na Rua de S.José), isto não pode ser senão um caso de pouco senso para feeds
. Receber bem os turistas não dizer outra coisa.
. Entre colunas, refundamos... Por outro lado sabe se que em cidades como Barcelona onde o centro histórico foi
Posts
recuperado deixou­se que os edifícios onde existiam andares de 300m2 fossem
Comentários
divididos em 3, em Lisboa isto é um sacrilégio, mas comercialmente é um disparate
não seguir o exemplo de Barcelona tendo em conta que os possíveis habitantes da
Baixa Chiado são gente jovem que prefre andares destas dimensões. E se
aceitarem as sugestões dos privados facilmente se recupera o património
habitacional e por consequência o comercio passa a ter mais actividade.
Existem dezenas de investidores nacionais e internacionais á espera desta
oportunidade, não se entende qual a motivação dos políticos para não darem luz
verde a este caminho simples e que não necessita de investimentos públicos.
Publiquem leis claras para a remodelação desta zona e fiscalizem quem não
cumpra.
O que temos agora é uma lei cheia de oportunidades para favores e própria para
afastar investidores que querem saber que o seu dinheiro vai ser aplicado e o
retorno será com toda a certeza num prazo de um dois anos.
Por favor deixem trabalhar os privados.
Os políticos devem contribuir para que este caminho seja feito o mais depressa
possível.

publicado por O provedor às 16:30


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Um exemplo prático
Cecília Conceição
Arquitecta
Antecedendo toda a polémica e porque amo a Baixa "antes de ser moda", há quatro
anos, decidi com um filho que tem a mesma profissão que eu (somos arquitectos),
tomar a iniciativa de comprar um apartamento em ruínas, num edifício da Rua da
Prata, junto à Igreja de São Nicolau e proceder à sua remodelação integral. O
sonho era, um a um (porque não possuímos bens próprios que nos permitisse
actuar de outro modo), comprar, remodelar com muita qualidade e vender, com uma
pequena margem de lucro, que possibilitasse a recuperação gradual do
investimento inicial e, alguma compensação pelo trabalho produzido. O sonho era,
também, que a iniciativa não só tivesse pernas para andar mas, também, que de
algum modo servisse de exemplo e motivação para que outras entidades tomassem
a mesma atitude e que pouco a pouco ( o sonho era que fosse depressa)
pudessemos ver a Baixa habitada, sobretudo por jovens, para que se prolongasse
no tempo, o uso do espaço.
A ideia foi concretizada com sucesso e, num curto prazo, passámos a possuir um
apartamento, considerado por todos que já o viram (talvez mais  de cem pessoas…)
como uma intervenção magnífica, aplaudida pela qualidade da recuperação, dos
materiais, da organização do espaço, etc...
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
Os representantes das imobiliárias garantiam­nos que, em menos de uma semana
o apartamento seria vendido. As novas imobiliárias que nos procuram com o
objectivo da venda, ainda o continuam a afirmar. Só que, passou todo este tempo e
uma magnífica casa, continua por estrear e o nosso sonho acabou.
Da análise desta situação parece­nos poder concluir:
1. São os jovens que mais se interessam pela apartamento. O preço que pedimos
pelo mesmo (neste momento 225000€) e que já é inferior ao do total do encargo,
constitui um obstáculo, porque de facto, quase todos os interessados, necessitam
de crédito global para a aquisição;
2. A falta de elevador no edifício, pouco compatível com os hábitos actuais de
comodidade e de consumo;
3. A falta de estacionamento. Não existe a garantia de lugares reservados para
moradores nas ruas adjacentes e, embora exista próximo o parque da Praça da
Figueira, este não foi incluido nos acordos estabelecidos com a C.M.Lisboa, para
redução do custo de utilização pelos moradores da zona;
4. A degradação dos edifícios das traseiras.Quando se abrem as janelas que dão
para o saguão, as fachadas posteriores dos edifícios em frente (a cerca de 3m de
distância) ameaçam ruína, abandono e promiscuidade (ONDE É QUE OUVIMOS
FALAR DE OBRAS COERCIVAS?) ;
5. O estado do saguão, ao qual só se tem acesso por uma loja localizada na Rua da
Vitória e onde se acumulam todo o tipo de dejectos, lixo e maus cheiros!... (QUE
FAZER, QUEM TEM A RESPONSABILIDADE PELA MANUTENÇÃO E
SALUBRIDADE DESTES ESPAÇOS QUE CONSTITUEM OS INTERIORES DOS
QUATEIRÕES?... )
6. A falta de habitantes à noite. E aqui temos a história da pescadinha… A baixa
não está habitada e não se compra ali uma habitação, por esse motivo.
Concluindo: Agora que a BAIXA é o assunto do dia, espero que o relato desta
experiência e da análise dos motivos para a falta de sucesso da mesma, possa de
algum modo servir para reflexão de como intervir, de como resolver e de como
motivar, para que o uso permanente desta área de eleição da nossa cidade, não
seja só um sonho.

publicado por O provedor às 16:23


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QUINTA‐FEIRA, 23 DE NOVEMBRO DE 2006

Reabilitar a Baixa Pombalina e recuperar o


Palácio Alverca
João Proença
Presidente da Casa do Alentejo
 
Em primeiro lugar, esta questão não é nova. Há décadas que ouvimos
falar da realidade: a Baixa de Lisboa perde habitantes. Os bancos e
as companhias de seguros foram adquirindo edifícios, foram
ocupando território e empurrando os seus habitantes para fora deste
espaço. Infelizmente, o património edificado está cada vez mais
degradado. A população residente é cada vez mais idosa. Sabe‐se
que vivem na Baixa idosos que mal saem de casa. Vivem, segundo
sei, nos pisos superiores e, portanto, com maiores dificuldades de
acesso.
Nos pisos rasteiros, na melhor das hipóteses, há comércio. Mas este
tem poucos clientes, cada vez menos. Daí que se fale de dificuldades
crescentes e de falências à vista. Portanto, uma situação social e
económica complicada.
Como já foi referido, o património está cada vez mais velho e
degradado. Muito, mas mesmo muito desse património, é
propriedade do Estado. Isso, ao contrário do que deveria acontecer,
não é um elemento que venha facilitar a reabilitação do edificado.
Pelo contrário, o que todos temos visto é que os edifícios que são
propriedade do Estado encontram‐se tanto ou mais degradados do
que os de propriedade privada.
Reabilitar e reanimar a Baixa é fundamental! É preciso actuar
rapidamente. É imperioso travar a degradação e trazer para esta
área um maior número de habitantes. É um desafio de primeiro
plano. Um grande desafio.
Há muitas frentes de combate que têm de ser abertas e que exigem,
em meu entender, três abordagens: em primeiro lugar, mobilizar
muitas vontades; em segundo, coordenar muito bem essas vontades
e em terceiro reunir uma verba considerável.
Os projectos, os planos e as ideias têm‐se multiplicado. Ao longo de
décadas, cada geração tem tido a sua perspectiva e dado a sua
opinião. Cada época tem reflectido as questões que considera mais
importantes. Prova disso são os termos utilizados na imprensa:
“Reabilitar Lisboa”; “Revitalizar a Baixa”; “Reanimar o Comércio”;
“Recuperar Habitantes”.
Várias personalidades se têm manifestado relativamente aos
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objectivos de um plano que a Câmara de Lisboa aprovou. Do que se
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conhece desse plano, julgo que já é legítimo dar duas ou três
opiniões centrais. Por um lado, o plano alastra para lá da Baixa e isso
pode dificultar os consensos nesta fase do processo; por outro, o
planeamento financeiro, como nos é apresentado, é muito frágil e
pouco explícito ‐ ficamos sem saber de onde vem a verba, se está
assegurada ou se se trata apenas de um simples estudo
aproximativo, feito sem rigor. Finalmente pergunta‐se: para quem se
vai reabilitar a Baixa? Para as camadas de elite? Isso é muito
perigoso. Estaríamos, então, a criar um gueto.
Terminando a minha análise, refiro, naturalmente, a situação em
que se encontra a Casa do Alentejo. O Palácio Alverca, a nossa sede,
está na Baixa e trata‐se de uma peça única de património a
preservar. Esperamos e confiamos que a sua reabilitação se
concretize e que se torne uma realidade rapidamente. É urgente que
tenhamos algum apoio. Preservar e reabilitar um palácio seiscentista
que encerra um património histórico e cultural de grande dimensão é
fundamental para a cidade e, especificamente, para a Baixa
Pombalina.
publicado por O provedor às 13:00
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QUARTA‐FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2006

Tarefa para dezenas de anos


Maria Antunes
Leitora DN
Penso que voltar a haver um número significativo de residentes em
Lisboa é coisa para várias dezenas de anos, até porque os jovens
que vivem fora, nomeadamente na Linha, nem se lhes pode falar em
ir a Lisboa, quanto mais em viver lá!
Vim viver para Oeiras há 16 anos, sem que nada a isso me obrigasse
a não ser estar farta da confusão que agora até é muito maior.
Quanto às desavenças na CML, certamente que o principal mobil é
DINHEIRO: a recuperação da zona em questão fatalmente é muito
cobiçada!
publicado por O provedor às 16:48
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TERÇA‐FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 2006

O que a Baixa pode (deve) e não pode


(deve) ser
Paulo Ferrero
Dirigente do Fórum Cidadania de Lisboa
 
Numa altura em que a responsabilidade máxima pela Proposta de
Revitalização da Baixa‐Chiado acaba de mudar de mãos, e, por isso,
serão esperadas inevitáveis repercussões a nível do articulado do
mesmo, ainda que não nos seus objectivos, é importante sintetizar o
que a Baixa pode (deve) e não pode (deve) ser.
Em primeiro lugar, a questão da designação: Baixa é uma coisa,
Chiado é outra. Alfama, outra, Cais do Sodré, Boavista e São Paulo,
outra completamente diferente. Em segundo lugar, um plano de
revitalização da Baixa não pode esquecer o essencial: as obrigações
diárias da CML enquanto gestora da nossa cidade. Ou seja, a CML
deve trabalhar para o que foi eleita, isto é, fazer coisas simples,
como, por exemplo, fazer cumprir a lei!
E fazendo cumprir a lei (ex. intimar quem não conserve os seus
prédios conforme a lei obriga; fazer cumprir o Código da Estrada; a
lei das cargas e descargas; fazer retirar os anexos, as antenas, etc.
dos edifícios; pugnar pelos transportes públicos não poluentes;
arborizar e repavimentar as ruas; pugnar pela calçada portuguesa e
pela abertura de mais esplanadas – e discipliná‐las, para não se
assistir a coisas como a esplanada do Teatro Dona Maria II – ; reforçar
a segurança e a limpeza), a CML propiciará a todos uma melhor
qualidade de vida, sem precisar de recorrer a planos mirabolantes.
Mas o que a CML não pode apresentar é um plano que custará 1105
milhões de euros, e depois, se conclui que mais de 62% desse valor
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não virão do orçamento camarário, nem sequer público. A quem o
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irão buscar? Como? Com que contrapartidas?
Por outro lado, esse plano não pode defender coisas como a Circular
das Colinas. Ideia velha, de alguns, para resolver problemas de muito
poucos… Há um outro aspecto que convém realçar, e que o anterior
presidente da CML já mencionou: é preciso evitar qualquer colisão
com a candidatura da Baixa à UNESCO, cujo júri não estará pelos
ajustes com ideias más e piores práticas.
Em relação a ideias (coisa que nunca falta, e que não faltará, haja
dinheiro e vontade para as fazer), têm aparecido demasiadas ideias
velhas e, pior, más, idiotas, perversas, redundantes, falsamente
proféticas. De entre elas, para além da já mencionada circular, a do
esventramento do Terreiro do Paço e do Campo das Cebolas para
construção de estacionamento subterrâneo. O perigo é evidente e o
precedente está às vistas de todos.
À margem das ideias do plano, está uma da APL, e que refere a
construção (iminente) das sedes da AESM e do OEDT em plena frente
ribeirinha, no Cais do Sodré. A CML tem que se pronunciar. Em causa
o sistema de vistas, o acesso à frente ribeirinha e o impacto de mais
de 500 funcionários na zona. E há que estar de pé atrás quanto à
ideia de copiar o modelo da Expo’98. Parafraseando alguém cuja
opinião estimo, “sempre que ouço falar em modelo de gestão da
Expo fico arrepiado”.
publicado por O provedor às 13:33
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SEGUNDA‐FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2006

Baixa pombalina: o devido rigor


Eduarda Napoleão
Ex‐vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, pelouro do urbanismo
 
 
Depois de ter lido a proposta de revitalização da Baixa – Chiado
recentemente apresentada, e por ter tido responsabilidades directas
nesta matéria, enquanto Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa
com os pelouros da Reabilitação Urbana e Licenciamento Urbanístico
e também como Presidente do Conselho de Administração da
empresa municipal Baixa ‐ Pombalina SRU, não posso deixar de
comentar alguns aspectos e de lamentar a forma como este
documento foi apresentado publicamente, desde logo pela falta de
um debate público alargado e participativo, que se impunha.
 
1. Um dos princípios básicos a ter em conta, no âmbito da
conservação e salvaguarda do Património Cultural é que é necessário
conhecer para saber preservar, e foi com base neste princípio que
em 2002 se criou a Unidade de Projecto da Baixa‐Chiado e,
posteriormente, a Baixa Pombalina, SRU.
 
Foi iniciado, logo nessa altura, um trabalho sistemático, que
envolveu uma recolha dos estudos já existentes na CML e um
levantamento do estado de conservação dos edifícios, tendo por
suporte um sistema de informação geográfica, trabalho esse que foi
depois continuado pela SRU com vistorias pluridisciplinares aos 1220
prédios,  (área de intervenção da SRU que inclui a área candidata a
Património Mundial). Estas vistorias permitiram conhecer por edifício
e por fogo: as características físicas/estado de conservação, as
características arquitectónicas e valores patrimoniais a preservar, a
propriedade, a utilização/ocupação e o tipo de intervenção
necessário Toda esta informação está geo‐referenciada.
 
Além dessa tarefa de inventariação, e de modo a complementá‐la,
foram encomendados outros estudos, como sejam os relacionados
com a medição dos níveis freáticos, que ainda não existiam, e os que
se referiam às actividades económicas e equipamentos, que já
estavam desactualizados.
 
No âmbito da revisão do PDM de Lisboa também se encomendaram
diversos estudos que foram publicados numa colecção da CML
iniciada em 2003 sobre Estudos Urbanos. Destes realço o
“Desenvolvimento Económico e Competitividade Urbana de Lisboa”,
coordenado pelo Profº Augusto Mateus; e “A mobilidade da cidade de
Lisboa”, coordenado pelo Profº José Manuel Viegas
 
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
Neste conjunto de publicações, destacam‐se, por se relacionarem
directamente com a temática da reabilitação urbana, os seguintes:
Baixa Pombalina, Bases para uma Intervenção de Salvaguarda e
Obras de Conservação e Restauro, Condições Técnicas Especiais, este
da autoria do Prof Christian Campanella, adaptado à realidade
portuguesa por especialistas das varias matérias como o Engº João
Appleton o Profº Aires de Barros, e nos aspectos da normativa de
construção e reabilitação, o Engº Pompeu dos Santos do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil.
 
Em simultâneo, no âmbito da reabilitação dos bairros históricos de
Lisboa e tendo por base as vistorias realizadas fogo a fogo, edifício a
edifício e em ruas inteiras, foram lançadas empreitadas tendo por
objecto não o edifício, mas a rua ou o quarteirão, tendo sido deste
modo que foi reabilitada, entre outras, a Rua da Madalena.
 
Em Outubro de 2003 iniciaram‐se os trabalhos de candidatura da
Baixa Pombalina a património mundial tendo‐se organizado as
Jornadas “ A Baixa Pombalina e a sua importância para o Património
Mundial” das quais foram publicadas as respectivas comunicações.  
     
Por tudo isto não posso deixar de lamentar profundamente a forma
como tem vindo a ser publicamente veiculada a ideia de que só
agora se iniciou o trabalho para a “revitalização da Baixa”,
silenciando qualquer alusão ao trabalho sério e empenhado,
desenvolvido desde 2003 pela UPBC e pela SRU, trabalho esse prévio
e essencial, quer ao êxito da intervenção que se venha a ter na Baixa
Pombalina, quer ao próprio processo de elaboração do Plano.
 
Do mesmo modo considero lamentável que se tivesse utilizado todo o
trabalho desenvolvido pela SRU que se tivesse utilizado a sua 
Direcção Técnica para realizar o trabalho necessário ao
Comissariado, e simultaneamente, se mandasse parar a actividade
da mesma, durante nove meses, para não comprometer o referido
“Estudo”, quem sabe se para depois se poder passar a ideia de que a
SRU nada fez.   
 
2. Independentemente das propostas concretas do Plano de
revitalização da Baixa‐Chiado, sobre os quais não me vou pronunciar,
existem matérias que, pela sua especial relevância, merecem uma
chamada de atenção. Refiro‐me, por exemplo, à proposta de
suspensão do artº 40º do Plano Director de Lisboa. Este artigo só
permite obras de beneficiação, restauro e conservação dos edifícios,
até que a CML elabore um Plano de Pormenor ou um Regulamento,
pelo que não deve do meu ponto de vista ser suspenso enquanto
estes instrumentos não existirem.
 
Permitir o licenciamento de obras novas e loteamentos na Baixa
Pombalina, como se enuncia no Plano de Revitalização apresentado,
por via da suspensão do artº 40º, criando medidas preventivas que
previnem menos do que a norma suspensa, apenas com a sujeição ao
IPPAR, que aliás já era a regra, determina um risco considerável para
a preservação da imagem histórica e arquitectónica, essencial
quando se pretende elevar a Baixa a Património Mundial.
 
Estamos a falar de um conjunto urbano de excepção, um bem
cultural único, pelo que, qualquer plano que vise a sua salvaguarda,
terá que saber compatibilizar a sua conservação com as exigências
relacionadas com o seu uso. Não pretendo com isto defender que a
Baixa tem que ser mumificada, e tomo, como exemplo a seguir, a
intervenção feita na Rua da Madalena, mas tem que ter regras claras
e objectivas, que funcionem como uma garantia efectiva da
preservação da identidade do espaço e não apreciações casuísticas
fundamentadas em “oportunidades que surjam” tendo por única
baliza o parecer prévio do IPPAR, pese embora o respeito que essa
instituição me merece.  
 
Reforço esta ideia lembrando o que se passou com o parque de
estacionamento no Largo Barão de Quintela ou o agora proposto
estacionamento subterrâneo no Terreiro do Paço em plena zona
húmida do PDM, para já não falar na localização do interface da
mesma Praça, ou na possibilidade de revestir a azulejos a Praça da
Figueira.
 
Relativamente aos princípios para a reabilitação do edificado, o
Plano admite "a demolição de edifícios sem valor patrimonial (do
século
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
arquitectura contemporânea”, desde que siga os princípios e regras
do desenho do plano/projecto da Baixa. Ora, se “não faz sentido
manter fachadas que não são originais nem obrigar a um plano neo‐
pombalino”, não deixa de ser imperioso que se apresentem
claramente os critérios a utilizar nestas intervenções, o que não é
feito.
 
3. Surpreendeu‐me também que a proposta não refira a classificação
como Monumento Nacional da área proposta no dossier de
Candidatura da Baixa Pombalina a Património da Humanidade,
subscrita pela Profª Raquel Henriques da Silva e pela Artª Helena
Ribeiro dos Santos na sequência do trabalho realizado pelo Conselho
Cientifico da referida candidatura.
 
Aliás, a Proposta de Revitalização da Baixa‐Chiado é omissa no que
diz respeito a esta candidatura. Esta omissão é grave, tanto mais que
o dossier de candidatura foi aprovado em 6 de Julho do ano passado,
por unanimidade, em reunião de câmara e já se encontra pré‐
avaliado favoravelmente na sua quase totalidade pelo Comité
Mundial do Património. A sua classificação como Monumento
Nacional faz todo o sentido porque não podemos propor a mais alta
classificação em termos internacionais e, no próprio país, não lhe
reconhecer esse mérito.
 
Quanto ao Modelo Institucional proposto, depois de tudo o que foi
dito sobre a SRU esta mantém‐se mas é‐lhe retirado o capital.
Assumo, portanto, que se pretende fazer da mesma um gabinete de
licenciamento de obras particulares, com um conselho de
administração e dependendo da SGU.
 
Saliento que as SRU são empresas criadas com base no Decreto ‐ Lei
nº 104/2004,  que já prevê competências excepcionais para a
reabilitação urbana e que bastava que o Governo entrasse no capital
social da empresa para esta poder funcionar como uma sociedade
anónima e assim recorrer a todas as fontes de financiamento que se
prevêem neste Plano sem terem que ser criadas mais três empresas,
opção, aliás, claramente contrária ao principio da racionalização de
meios e à contenção com despesas de estrutura e funcionamento
porque sempre se pugnou.
 
Qualquer intervenção pública ou privada no sentido de recuperar e
revitalizar a Baixa é de aplaudir, pelo que, pese embora estas e
outras críticas que lhe aponto, não posso deixar de reconhecer
alguns méritos à solução proposta, sobretudo pela consideração que
me merecem os especialistas envolvidos, entre os quais se contam
alguns dos que já haviam colaborado com a CML quando
verdadeiramente se iniciou este processo e que desejo que contribua
para devolver à Cidade um pouco daquilo que chegou a ser a Baixa
Pombalina.
publicado por O provedor às 22:21
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SEXTA‐FEIRA, 17 DE NOVEMBRO DE 2006

Baixa‐Chiado, um nada que parece tudo


Carlos Moura
Ecologista (Quercus)

 
A proposta do Comissariado Baixa‐Chiado é um excelente exercício
de desenvolvimento de orientações sob o auspício da revitalização
deste espaço. É, no seu campo, um brilhante desenvolvimento de
cenários construídos sobre pressupostos que, não sendo
completamente inverosímeis, são em grande medida fruto de uma
análise desavisadamente optimista.
É claro que, numa análise superficial, não podemos deixar de nos
deixar seduzir pelo anúncio do regresso de habitantes a esta zona da
cidade, assim co‐mo não podemos deixar de aderir a questões como
a diminuição do tráfego automóvel, e da melhoria da acessibilidade
às colinas do Castelo e do Bairro Alto ou à iminente pedonalização
da zona ribeirinha. Porém, os projectos não se fazem de
propagandear boas intenções.
As habitações assistidas são princípios interessantes, mas quais dos
actuais
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
aumentado em 100% ou até mais. E não resistindo estes? Como
resistirá o comércio tradicional? Não o revitalizarão seguramente os
jovens e “velhos” de elevado nível económico ou “iniciativa” (seja lá
o que isso for), que o não procuram.
Da mesma forma a dependência que se estabelece entre a
“domesticação” do tráfego e a construção da Circular das Colinas
não é resolver a situação, mas apenas retirar o problema de um local
para o recolocar em outro diferente. A pressão atirada para o eixo
Prazeres, Campo de Ourique, Estrela, Rato, Conde de Redondo,
Estefânia, Vale de Santo António e Beato será absolutamente
insuportável quer do ponto de vista de mobilidade, quer do ponto de
vista da poluição atmosférica e sonora. Além disso está ainda por
explicar como se constrói um túnel por debaixo de um jardim
histórico da cidade, como o Jardim da Estrela, sem o destruir
irreversivelmente.
Também os previstos espaços pedonais do Cais do Sodré até Santa
Apolónia antes mesmo de o ser sofreram já atentados gravíssimos do
ponto de vista ambiental. Para dar lugar às incensadas agências
europeias (em minúsculas), aliás já integradas no projecto,
sacrificou‐se o que de verde restava neste percurso. Salvou‐se a
glicínia agarrada à hora legal, vá‐se lá saber porquê.
Aliás as previstas acções de revitalização (com modernidade e
inovação, como se usa dizer hoje em dia) deveriam antes de tudo
assentar numa reabilitação e renovação do sistema de drenagem da
Baixa, acções essas que teriam de andar aliadas com a reinfra‐
estruturação de toda esta zona. Não que este pressuposto não
apareça no projecto, só que na base de toda a superstrutura não
basta que apareça o pressuposto, pede‐‐se clareza do investimento
alocado a este fim, principalmente porque terá de ser
maioritariamente público. No limite, este projecto, que pode ser
muita coisa ou quase nada, vai depender grandemente não das linhas
de orientação que apresenta, mas de todo o trabalho sectorial que
está ainda por fazer. Há uma coisa contudo que fica clara, se
permanecer como está não será a resposta global e integradora de
que a cidade necessita.
publicado por O provedor às 16:03
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A autenticidade da memóra
Catarina Antunes
arquitecta
pós­graduada em reabilitação de edifícios e núcleos urbanos
Especialista em reabilitação e recuperação do património, metodologia de
diagnóstico e estratégias de intervenção, gestão e monotorização em ambiente
urbano
Formação em Reabilitação e Recuperação do Património Arquitectónico Integrado
no Sistema de Formação Contínua do "American Institute of Architects"
 
Numa época em que as constantes transformações da sociedade ameaçam o
desaparecimento das referências que garantem a entidade cultural de uma
Civilização, suscitam­se perplexidades e dúvidas quanto à forma de actuar sobre a
nossa herança cultural. Se analisarmos a essência da nossa existência é, sem
dúvida, a memória que prolonga irreversivelmente o passado no presente. Penso que
é legítimo acreditar que o que fazemos depende do que somos, e, até certo ponto, o
que fazemos é o que somos. Se compararmos este conceito com o Património
construído e, neste caso com a Baixa Pombalina, da cidade e da sua arquitectura,
por força da sua própria essência matérica e funcional, a sua existência reflecte o
espírito da criação do autor, a partir do momento em que inicía o seu percurso no
Tempo.
O acto de intervir em defesa desse Património, implica um somatório de inúmeros
esforços para responder às exigências que o mundo moderno nos impõe, e,
sobretudo, não pode degenerar numa evolução que, partindo de uma ideia
humanista, acabe por redundar em fundamentalismo, mesmo que com base na
intenção de preservar cada identidade cultural. Em todo o caso, e em virtude desta
mudança, as reflexões que vêm sendo produzidas, parecem consolidar o princípio de
que a salvaguarda da herança dos valores patrimoniais a uma escala planetária
assenta no reconhecimento do relativismo cultural.
 No entanto, a aplicabilidade deste conjunto de critérios técnicos e organizativos,
preliminarmente incertos e moderadamente imprecisos, são susceptíveis de uma
análise objectiva da legitimidade de alguns dos seus componentes, confrontando­os
com outros fundamentos que poderão estar implícitos na sua identidade. Por isso, é
necessário atentar que os testemunhos actuais da história das cidades, a que a
Baixa Pombalina não fica imune, são marcados por sucessivas interpretações e
reinterpretações, havendo muito poucos exemplos que se possam identificar pela
excelência de um único criador.
O Tempo é de facto o grande escultor da História.
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
Quando se trata de intervir para além da estrita conservação, será peremptório
reflectir na jurisdição que um edifício ou conjunto arquitectónico promove ao longo
dos séculos, e insistir para que a sua imagem e índole não estagnem em relação ao
futuro, caindo possivelmente na negação do valor do continuado processo de
sedimentação.
Deste modo, a reabilitação do Património tem de ser encarada em primeiro lugar,
como um exercício, devendo a intervenção concentrar­se nos elementos do presente,
ainda que por vezes seja difícil desassociar a recusa da sua morte. Não perdendo a
postura ajustada do nosso dever de salvaguardar a memória comum, tendo como
objectivo a busca simultânea do valor do património e dos instrumentos de
intervenção, a Autenticidade no modo de actuar é o caminho a percorrer. No entanto,
torna difícil a criação de teorias e métodos de intervenção globalizadores, visto não
ser perceptível a existência de paradigmas universalmente dominantes dada a
diversidade cultural. “Todos os julgamentos sobre atribuição de valores conferidos às
características culturais de um bem (…) podem diferir de cultura para cultura, e
mesmo dentro da mesma cultura, não sendo portanto, possível basear os
julgamentos de valor e autenticidade em critérios fixos…” (Art.º 11º da Carta de
Nara), sem nunca esquecer que cada época tem a sua arte e que cada arte tem a
sua liberdade.
Da interacção entre responsabilidade e liberdade, resultará a ajustada actuação,
tendo em vista que para a preservação do Património interessa acima  de tudo – agir!
A protecção do património deve ser certamente conservativa e não conservadora.
Os  documentos teóricos produzidos e adoptados internacionalmente revelam o 
enquadramento capaz para se operar, consciente e responsavelmente, em liberdade,
assegurando as condições para minimizar eventuais erros.
É este o caminho que nos conduzirá, em cada momento, ao cerne próprio da
autenticidade da memória, reconhecendo a liberdade criadora que se constata em
todos os momentos que constituem Património, assim determinados em função da
razão histórica que nos identifica colectivamente, porque “o património cultural de
cada um é o património cultural de todos”.
publicado por O provedor às 15:19
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Receber bem os turistas


Carlos Sousa
Lisboa

Num solarengo dia de Domingo de Agosto de 2005, acabado de
chegar de férias, resolvi ocupar a minha manhã com uma das
actividades que mais me dá prazer, passear na Baixa. Desci a rua
(moro perto) e lá estava, apreciando as lojas fechadas e os muitos
turistas que como eu gostam de deambular por um dos mais belos
locais do mundo. Como qualquer lisboeta que se preze, a meio da
manhã apeteceu­me tomar um café. Talvez uma esplanada para
aproveitar o Sol, ou talvez um dos muitos cafés com uma arquitectura
interior que nos transporta para outros tempos. Mas infelizmente,
estava na Baixa Lisboeta e não em Paris ou Madrid ou Geneve, e a
minha única solução foi subir ao último piso de um centro comercial,
único local onde a um Domingo de manhã se pode beber um café.
 
Ao ler alguns dos comentários deste blog, receio não possuir as
capacidades de intervenção a tão nobre causa, mas o facto de ser e
viver no centro de Lisboa, e adorar a “Baixa” leva a que me intrometa
entre arquitectos, planeadores urbanos, juristas e políticos, e
apresente as minhas opiniões.
 
Estamos em Novembro de 2006. Claramente uma das principais
apostas do pais e da região de Lisboa em termos económicos é o
turismo. A cidade, que anteriormente só recebia visitas de turistas em
certas alturas do ano, é agora permanentemente visitada durante os
12 meses. Por Alfama e Castelo, centenas ou talvez milhares de
turistas deambulam, apreciando mais uma vez as nossas
características únicas. E é nestes locais que eles são confrontados
com as ruas imundas, cheias de lixo, resultado da nova politica de
recolha selectiva que a CML implantou este ano. Quando se pretende
chamar turistas, e principalmente turistas que façam entrar divisas no
pais, não se pode recebê­los com as ruas imundas. Não se pode
recebê­los com os passeios cheios de veículos, com as ruas mal
alcatroadas, com as ruas sem iluminação e segurança decente, entre
outros. E perdoem­me os mais diversos peritos na matéria, mas sem
lideres com o mínimo de conceito do que é viver e usufruir com
qualidade, não será possível implantar qualquer projecto em qualquer
local desta cidade.
publicado por O provedor às 15:15
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado

Entre colunas, refundamos a Baixa


Vasco Massapina
Arquitecto

 
Convém que se saiba que, já a 1 de Agosto de 1991, Jorge Sampaio,
eleito então presidente da câmara, determinou um prazo de 60 dias
para que se desenvolvesse “um programa de intervenção no âmbito
de uma operação integrada...” no Terreiro do Paço e que “se
iniciassem contactos com a administração central, com vista à
desafectação dos pisos térreos dos edifícios dos ministérios”.
Estávamos no rescaldo da calamidade do incêndio do Chiado de
Agosto de 1988.
Convém que se saiba que as pioneiras operações de reabilitação
urbana em Lisboa são do tempo do engenheiro Francisco Abecasis e
tiveram origem num despacho de Fernando Gomes, que criou os
“gabinetes técnicos locais” de Alfama e Mouraria.
A reabilitação da Baixa‐Chiado, onde se inclui a transformação do
Terreiro do Paço em espaço de lazer e pólo económico‐cultural, é
uma ideia óbvia, inatacável: hotéis, restaurantes e esplanadas serão
actividades que, em conjunto com um sistema de transportes e
acessibilidades apropriado, ajudarão ao restabelecimento da ligação
entre a praça e o rio.
Mas o problema do Terreiro do Paço – hoje em dia – já não é tanto o
que fazer dele, mas sim do tempo que passa, pois o período de vida
e a estabilidade do Terreiro vão‐se esgotando, até que um dia uma
outra calamidade determinará... a resolução rápida do assunto...
Ao ler‐se a Proposta de Revitalização da Baixa‐Chiado, apresentada
pelo Comissariado criado para o efeito, sobressai em primeiro lugar a
constatação dos 274 259 metros quadrados de área de construção
devoluta ou vazia, luxo a que Lisboa não pode dar‐se.
Luxo, aliás, que “viciou” outras áreas históricas, de outras cidades
esvaziadas economicamente. Por isso se saúda a “obsessão” de
adoptar uma “matriz de política pública”, em que se considera o
“património como valor de investimento” e a compatibilidade
possível entre a “salvaguarda” e o “criar de novo”.
É que a Baixa não terminou ainda a sua construção, a área edificada
pode ainda não estar esgotada, e consequentemente as operações de
reabilitação arquitectónica poderão fomentar o revigoramento
simultâneo e contínuo de todos os elementos que compõem o tecido
urbano.

Caldear culturas

Lisboa, cidade que em todos os tempos soube caldear culturas,


fundou‐se e construiu‐se por existir o Tejo; o seu estuário, o maior
da Europa, foi desde sempre o elemento central no desenvolvimento
urbano da cidade, seu factor de identidade e de centralidade: se,
por um lado, é um ecossistema de elevada valia ambiental, por outro
pode ainda ser um dos motores para o crescimento sócio‐económico.
O “estilo marítimo”, e as hipóteses de consumo e fruição pública,
são potencialidades que nos revelam as soluções: para haver pessoas
junto ao rio é preciso haver edificação.
Entre as colunas do cais, “abarquemos” a panorâmica de 1800 entre
os dois torreões. Já não podemos ter a malha urbana à beira‐rio –
Ribeira das Naus, Fundição das Artilharias, Sete Casas ou Alfândega –
em que as fachadas estavam à beira da linha de água, num
casamento total entre a cidade e o rio, com uma morfologia urbana
de poucos espaços livres. Mas podemos ter o preenchimento de
espaços vazios que evidenciem o Terreiro do Paço, no topo da
hierarquia urbana.
A este propósito, relembro ao Comissariado a interessante proposta
urbanística e arquitectónica de Gonçalo Cornélio da Silva, arquitecto
da câmara municipal, que repõe essa hierarquia, entre o Cais do
Sodré e Santa Apolónia, rentabilizando as áreas de construção e
sustentando, assim, as intervenções. Vale a pena o exercício de
compatibilização desta ideia com a Proposta de Revitalização da
Baixa‐Chiado.
A solução está encontrada. Refundamos então por aí? É que não
podemos correr o risco de, mais uma vez, deixar ao futuro apenas as
ruínas de outro estágio de aprendizagem. É urgente passar à acção.
publicado por O provedor às 13:22
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O equívoco na Baixa pombalina


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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
Richard King

sociólogo urbano

Lisboa está a ser assaltada, saqueada e pilhada por sucessivos
políticos que, embora legitimamente eleitos pelo voto popular, são
incompetentes para o desempenho do cargo que ocupam.
Com uma dívida que ultrapassa os mil milhões de euros (mais de
cinco vezes o valor do maior jackpot no euromillhões) surge agora um
mega orçamento para a reabilitação da baixa pombalina, sem se
conhecer a forma de financiamento e tendo por base uma
suposta participação do Governo para pagar a factura.
A cada ano que passa a dívida da autarquia cresce exponencialmente
sem que se encontrem culpados e sem uma política de rigor
orçamental e de saneamento financeiro. Com mais de dez mil
funcionários do quadro e quase três mil colaboradores em regime de
prestação de serviços, alguns dos quais com vencimentos superiores
a cinco mil euros mensais (a título de exemplo, só em recibos verdes,
o montante da despesa da Câmara de Lisboa cifra­se em mais de
vinte e quatro milhões de euros. Se juntarmos os salários de
vereadores e dirigentes, horas extraordinárias, viagens, despesas de
representação e outros custos agregados, facilmente se conclui que
os encargos com pessoal situam­se próximo dos cinquenta por cento
do orçamento camarário).
Carmona Rodrigues mostra­se pouco preocupado com o crescimento
da dívida e numa recente entrevista cita mesmo os dois milhões e
meio de euros gastos na decoração dos escritórios da EPUL e, sem
tomar medidas correctivas, ainda permite que esta empresa
encomende a uma entidade externa o estudo de reestruturação.
Só os montantes pagos ao arquitecto Frank Ghery no masterplan
para o Parque Mayer eram suficientes para reabilitar muitos dos
edifícios que se encontram devolutos na Baixa­Chiado.
A actual estrutura camarária é composta por uma Unidade de
Projecto (UP) da Baixa­Chiado que tem um director, três chefes de
divisão, dezenas de funcionários, viaturas de serviço e diverso
equipamento logístico, para lá de ocupar um edifício na Rua Nova do
Almada. O executivo liderado por Pedro Santana Lopes, criou três
Sociedades de Reabilitação Urbana (SRUs), entre as quais a SRU da
Baixa com um conselho de administração e funcionários oriundos de
gabinetes do anterior executivo. Maria José Nogueira
Pinto acrescentou o Comissariado da Baixa e agora prepara­se para
constituir uma nova agência para montar o mega projecto de
reabilitação urbana.
É no mínimo estranho que se criem estruturas e serviços de apoio
sem extinguir os anteriores gerando situações caricatas como os
editais que se encontram na Rua do Crucifixo, ora da SRU ora da UP,
a intimar os proprietários para realizarem obras nos edifícios.
Os anos vão passando e o número de fogos devolutos, por reabilitar e
por vender, não pára de aumentar. A EPUL têm­se revelado um poço
sem fundo para onde se atira dinheiro da Autarquia e adopta uma
política pouco atractiva para o mercado jovem (veja­se o exemplo do
empreendimento que se encontra em construção na Avenida das
Forças Armadas com preços pouco convidativos para a fixação de
jovens no centro da cidade).
Mas a maior interrogação consiste em saber se existe uma política
integrada e prioritária para reabilitar a Baixa e o Chiado, ou se tudo
isto não passa de mais uma manobra de diversão para esconder a
ausência de obra feita por parte do actual executivo. A Reabilitação
Urbana regista um dos valores mais baixos de sempre em termos de
execução orçamental, não ultrapassando os vinte por cento do total
orçamentado para o corrente ano, constituindo um indicativo
importante da capacidade do actual executivo.
Terá Carmona Rodrigues e a sua equipa capacidade para tornar
Lisboa uma cidade moderna e competitiva que permita a melhoria da
qualidade de vida de quem nela trabalha e vive?
Temo que não!
publicado por O provedor às 12:57
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QUINTA‐FEIRA, 16 DE NOVEMBRO DE 2006

Reconstrução da Baixa pombalina


Goncalo Cornelio da Silva
arquitecto
Os meus sinceros parabéns pela Vossa iniciativa, o DN provocou acto de cidadania
absolutamente extraordinario. 
Sou arquitecto dos quadros da CML, ex director da Unidade de Projecto de Chelas,
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realizei a minha Tese de mestrado nos EUA que versa sobre a recuperação da baixa
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
Pombalina, na University of Notre Dame da qual fui bolseiro e professor de 2001 a
2003, e ainda bolseiro da FCG e FLAD.

Building on the Edge of Tagus River: The New Riverfront of Lisbon©, desenho #3/25
da Tese do Master of Architectural Design and Urbanism realizado em 2003 na
University of Notre Dame, Indiana, EUA
 
A inevitabilidade do passado ou o que nos preocupa nas propostas
de
Reconstrução da Baixa Pombalina?
 
A História Universal nasceu nas cidades. A cidade faz efectivamente parte da
“essência da história” porque é ao mesmo tempo a concentração do poder social,
protagonista essencial da história, da consciência do passado e veículo transmissor
das tradições e do legado para o futuro.
Ao longo do Século XX, a sociedade procurou controlar tudo à sua volta
desenvolvendo uma técnica especial para explorar e desenvolver de uma forma
“capitalista” o território. A essa técnica chamaram “urbanismo”, que no fundo é
nitidamente a posseção do ambiente natural e humano. Um domínio absoluto
absorvendo a totalidade do espaço, e posteriormente transformado
convenientemente numa ciência, onde o arquitecto deixou de ter o seu lugar, muitas
vezes por culpa dele próprio. Por este motivo o urbanismo é uma arte, e não uma
ciência como alguns pretendem.
Na realidade, e ao longo do século passado temos assistido à destruição das cidades
e às várias tentativas  de reconstrução de uma “paisagem pseudo‐rural”, onde na
realidade todas as relações naturais do campo/rural, as relações sociais directas ou
indirectas são inexistentes, resumindo‐se a umas tentativas demagógicas envergando
uma camisola ecológica que pretendem recriar de uma forma fictícia a “paisagem
rural”, provocando o colapso da própria cidade historica e portanto atentando contra
a identidade das suas gentes, ridicularizando inclusivé a própria paisagem rural. Na
realidade as várias experiências, correntes e teorias ao longo desse século,
transformaram‐se numa excitação e exaltação egocêntrica e numa busca incessante
e pueril da originalidade.
Um despotismo em nome do progresso, centralizador, estatizante, burocrático
falseado e subsidiado por “um espéctaculo sofisticado e organizado, suportado por
enganos e ignorância” como nos diz Guy Debord, em La Société du Spectacle. Estes
novos aglomerados ou cidades pseudo rurais falsamente tecnologicos inscrevem‐se
claramente em ruptura com o Homem, com a historia e com o seu legado, (Vide, o
trágico acidente, nos Olivais resultante da pratica urbana fundada na Teoria de
Cidade Jardim, com traçados de ruas que permitem grandes velocidades aos
automóveis). Na verdade, o momento histórico da revolução industrial e o
surgimento das ideologias sociais têm grande influência no desenvolvimento do
urbanismo modernista. “A necessidade de manter a ordem na rua, culmina na
supressão da própria rua” e com os “meios de comunicação das massas sobre as
grandes distâncias, o isolamento da população, tornou‐se um meio de contrôle bem
mais eficaz”, tal como nos conta Lewis Mumford em La Cité atravers l’Histoire.
 
A Baixa Pombalina contradiz vários historiadores que afirmam que é sómente no
século XX que surge a Arquitectura, porque esta no passado estava reservada a
satisfazer somente as classes dominantes. Efectivamente e ao longo do século
passado o modernismo vem desenvolvendo uma nova arquitectura para “os pobres”,
caracterizada por uma miséria formal, em extensões gigantescas, implantadas de
forma aleatória, para uma nova experiência habitacional, uma prática
profundamente rendida ao capitalismo e numa visão economicista da construção,
numa evidente alienação social, na destruição das relações sociais e de cidadania,
(vide aglomerados urbanos de habitação social marginais às cidades). Ora, o projecto
de reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755 é revelador de uma grande
Equidade Social,  e julgo eu pela primeira vez na história das cidades, todas as
classes sociais estavam representadas e viviam no mesmo edifício, (esta é a
verdadeira novidade e não por motivos constructivos). É a Equidade Social
projectada há 250 anos, o verdadeiro factor de Classificação da Baixa Pombalina
como Património da Humanidade, e que me faz ter orgulho em ser Português.
 
O que está em jogo não é um conjunto de intenções para um projecto de
Reabilitação da Baixa Chiado, o que me preocupa são as filosofias, vaidades e
compromissos.
Por um lado, uma filosofia de alienação da nossa cultura e identidade, por outro lado
os compromissos assumidos anteriormente, e dos quais não ouço ninguém a
manisfestar‐se. As várias propostas e projectos previstos são de uma visão
egocêntrica, provinciana e economicista, e disso tenham perfeita consciência,
poderam vir a destruir para sempre a frente histórica da Cidade de Lisboa. Com
estes projectos, dos 2,4 km de passeio ribeirinho entre Santa Apolónia e Cais do
Sodré sómente 800 metros serão acessiveis e passíveis de passeio ribeirinho. O
Conjunto Urbano da Baixa Pombalina não vai sobreviver á construção da Agência
Europeia de Navegação e Observatório Europeu de Toxicodependência no Cais do
Sodré (obviamente importantes para Portugal), muito me surpreende a falta de
pudor
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
de 250 anos. Assim como difícilmente o Terreiro do Paço voltará a ter o seu valor
quando da construção do mega terminal da estação Sul‐Sueste que será maior que o
próprio vão do Terreiro do Paço. Como também a imagem inconfundível do cair da
colina de Alfama sobre o Rio Tejo terminará no dia em que for realizada a praia de
betão para atracar 6 paquetes com mais de 30 metros de altura e que nem 24horas
ficam em Lisboa.
Quero acreditar que dificilmente a Baixa Pombalina será classificada de Património
da Humanidade caso estes projectos venham a ser construídos.
 
A frente histórica tem necessáriamente que ser concluída, tal como em Barcelona,
quando no século XX se estendeu a malha urbana de Cerdá, é necessário
restabelecer a aresta Rio‐Cidade, e não polvilhar e empastelar de edíficios de forma
aleatória ou unicamente subjugado aos desenhos e traçados de fluxos de trafego.
Lisboa tem um potencial único, é actualmente a única capital da União Europeia com
capacidade de aumentar o seu Centro Histórico sem ser descaracterizado.
É do conhecimento de todos, que os vários programas financeiros revelaram‐se
inadequados, e não vale a pena justificarmos todos sabemos os motivos, é pois
necessário recuperar sem esperar por decisões dos particulares, como já se fez, é
necessário densificar criar mais habitação com o mesmo modelo, diversificar as
dimensões dos lotes de modo a não excluir as bolsas mais desfavorecidas.
Quanto ao trânsito de veículos, relembro aos mais destraídos que o Rio Tejo sempre
foi uma via comunicação, e confesso que deverá ser difícil para alguns aceitar que o
meio de transporte actualmente é efectivamente o automóvel, que substituem hoje
as antigas faluas do Tejo, e por este motivo necessáriamente deverão atravessar o
Terreiro do Paço, tal como os barcos o fizeram outrora. Aliás há que distinguir dois
passeios, um o passeio eminentemente histórico ao longo da Rua dos Bacalhoeiros e
Arsenal e o outro ao longo da margem a pé ou nas “faluas” de hoje. Não podemos
consecutivamente comprometer o futuro como já sucedeu no passado, todos
sabemos que no Projecto de Reconstrução do Chiado, devido à teimosia de alguns
não foi realizado e aproveitado os desníveis para criar mais estacionamento quando
da fatalidade do incêndio.
 
Será necessário criar condições de atracção para o comercio e mais valias
económicas para aqueles comerciantes resistentes os verdadeiros heróis da Baixa
Pombalina, pois são eles que mantêm ainda o bater do fraco coração da Baixa‐
Chiado que tem vindo a sofrer de erros urbanisticos realizados em nome do
“progresso”.
A revitalização do Centro Histórico da Baixa de Lisboa deve repor a veracidade, a
autenticidade e a intencionalidade do Terreiro do Paço, não deixando que outros
espaços urbanos possam competir com a sua grandeza, actualmente o espaço urbano
criado pelos edifícios do Arsenal da Marinha e o Campo das Cebolas estão em directo
desafio, por este motivo é urgente construir estes espaços e reconstruir os torreões
realizando a sua cobertura tal como estaria prevista.
Este é O desafio do século XXI de um Portugal Humanista, o Projecto de
Reconstrução da Cidade de Lisboa não está terminado. A Cidade de Lisboa é o Nosso
maior armazém de memória cultural. Esta será sem dúvida a maior oportunidade
para projectarmos a Nossa Imagem ao mundo e posteridade. As grandes cidades do
passado nas quais ainda vivemos, falam pelos seus sonhos e aspiraçoes das suas
sociedades, e devem entender a Memória não como uma nostalgia de glórias vãs mas
como uma inspiração para as realizações dinâmicas e contemporâneas.  Quanto mais
proxima a criação urbana chegar ao Nosso passado colectivo mais frutuosa será a
inspiração no futuro, pois o valor da memória é a sua capacidade inspiradora.
Pelo meu lado acredito na sensibilidade e cultura da Vereadora Maria José Nogueira
Pinto e na preocupação social do Professor Carmona Rodrigues.

publicado por O provedor às 17:55


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Retrato de Lisboa
Artur Costa
Leitor do DN 
Nasci em Lisboa há 50 anos e lá vivi até aos 40 anos nas avenidas novas.
Hoje quando a vou visitar o que sinto é que ninguém quer saber duma
cidade que podia ser uma das mais belas capitais da Europa. Já era
mal tratada na altura em que lá vivi, mas pelo menos havia menos
carros e a população era mais homogénea o que tornava a vida na
rua possível. Hoje, as pessoas são arrastadas para centros
comerciais e o comércio de rua vai morrendo lentamente, os carros
ocupam os passeios, as passadeiras de peões, a entrada das casas
está tapada e o automóvel está de tal maneira presente que não se
vê a cidade. Além disso talvez o que mais descaracterizou a cidade
foi a saída forçada de muitos dos seus habitantes mais jovens para a
periferia, por causa dos preços das casas, o que torna Lisboa numa
cidade habitada por velhos, imigrantes, pobres e ricos nos seus
condomínios fechados, sem que o preço elevado dos imóveis tenha
trazido melhores condições ou melhor aspecto para a cidade. Esta é
uma cidade que se está a tornar terceiro mundista, onde as pessoas
se servem dela sem qualquer relação de identificação com a cidade.
È claro para mim que estas coisas só se mudam se as pessoas
quiserem e que não é possível mudar o trânsito se toda a gente
insistir em levar o carro para a porta do emprego ou para a porta de
casa. Mas é possível que a polícia actue e multe e reboque quem
está mal estacionado, coisa que eles fazem muito pouco, se calhar
porque fazem a mesma coisa com os seus carros; também devia ser
possível tornar muito mais cara a entrada e permanência dos carros
em Lisboa, assim como criar uma rede de transportes realmente
eficaz, com prioridade para as zonas mal servidas de metro por
exemplo, dentro e fora da cidade. Sobretudo, é preciso mudar a
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
população de Lisboa e chamar os Lisboetas de volta. Tudo isto é
possível se essa for realmente a nossa prioridade, e as várias gestões
de câmara que nos últimos 30 anos têm governado a cidade não
tiveram a coragem para resolver nenhum destes problemas. É preciso
que tenhamos o mesmo orgulho na nossa cidade que os Portuenses
ou os de Barcelona têm nas suas.
Com esta administração, estava mais uma vez à espera da
continuação duma gestão sem marca, com túneis que não adiantam
nada para resolver estes problemas e com notícias de má gestão em
empresas camarárias e finalmente aparece qualquer que pode
potenciar mudança positiva na cidade ­ o plano baixa chiado. Não
tenho conhecimentos técnicos para dizer se é o mais indicado para
aquela zona, mas o facto de se querer fazer uma intervenção tão
grande, numa zona chave da cidade que pretende tornar a dar­lhe o
papel de coração da cidade em vez de ser uma zona de passagem
desabitada, é o caminho certo para a mudança, mesmo que envolva
riscos que certamente vai haver.
publicado por O provedor às 17:42
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As lutas de poder e Santana Lopes


Cândido Marques
Aluno de Ciência Política do ISCSP (UTL)

1. É com alguma apreensão que observo as lutas de poder


interferirem num processo de reabilitação que se quer célere, sob
pena de se perder competividade inter‐cidades europeias, resultante
de afirmações de poder que nada contribui para esta cidade, que é a
mais linda e nobre da Europa. Por norma, são questões políticas a
própria malha burocrática que atrasa uma ideia que de per si, já é
complexa e de difícil execução, conquanto, esta zona da Baixa não
ter especiais complicações construtivas.
2. Sempre disse que o Dr. Pedro Santana Lopes, tinha as ideias‐
chaves para o futuro de Lisboa, mas como sempre, factores exógenos
e talvez endógenos, contribuíram para que ele se afastasse da
câmara. Enquanto o Dr. PSL pensava, idealizava e tentava criar,
outros arranjavam planos para o afastar ou demover.
3. Vejo que são figuras ilustres, algumas das pessoas que comentam
o blog, mas, falam quase e tão só do projecto em si, das ideias, do
passado, do presente, etc... Meus senhores, todos nós estamos de
acordo quanto à necessidade de reabilitação eficiente desta zona,
ninguém é contra tal projecto, embora acha o prazo de execução
muito longo. Aquilo que se debate, e que a notícia continha, era a
questão política em si. O Presidente retirou os pelouros á vereadora
MJNP num acto de puro revanchismo! O que é a Democracia? Não é
ganhar ou perder por um? O Presidente propõe um nome, mas,
depois faz o cozinhado e apela à lealdade e ao pacto. Não vale mais
dizer " eu é que mando, eu é que nomeio". Pelo menos estaria a ser
leal ao seu amigo, o tal que foi proposto para assumir funções nessa
empresa pública. Irritou‐se? Problema dele, nem tudo na vida são
vitórias.
4. Muito que se faz e se projecta deste executivo camarário, nasceu
em tempos de Santana, simplesmente está‐se a dar continuidade às
coisas e certamente que se mudam os rótulos.
5. Por outro lado, viu‐se aqui que a Dr. Maria J. N. Pinto não
percebe nada de política. Então, a saber quais os poderes do
Presidente, faz birra para se afirmar, sem que prevesse a sua
irritação? Quando não mandamos, minha senhora, obedecemos.
Infelizmente é assim a vida, e nessa perspectiva não teve habilidade
política, tendo em consideração que foi entrevistada para o Jornal
de Negócios com grande exaltação e satisfação sobre os seus
projectos no seu pelouro e ainda uma outra entrevista recente num
prograna da Sic Noticias, aquando da apresentação do plano.
6. Estamos na altura certa para revitalizar aquela zona, temos tudo,
a história, a arte, as grandes fachadas arquitectónicas e lindíssimas,
as estradas em calçada, as ruelas antigas, e muito mais de há muito
que se pode conciliar com o modernismo e fazer do centro da cidade
um ludar de bem‐estar, tranquilo e de qualidade superior, um lugar
que marque uma presença superior á nossa própria presença. É
necessário também que menos carros circulam no centro de Lisboa.
Fora com eles, pois os transportes públicos não são assim tão maus,
precisam é que haja uma entidade superior que coordene o sector
operacional, que controle a actividade de todas as empresas que
operam e que faça exigências (com poderes para tal) no sentido de
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existir mais transportes e mais coordenação entre todos.
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
publicado por O provedor às 17:37
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QUARTA‐FEIRA, 15 DE NOVEMBRO DE 2006

A Baixa pombalina... de novo!


Rui Godinho
Ex‐vice‐presidente da Câmara Muncipal de Lisboa (1989/2000)

 
As cidades, como as pessoas, necessitam ter um desígnio, um rumo,
assumidos pelos seus dirigentes e por aqueles que aí vivem e
trabalham.
Nos anos recentes é notório que Lisboa está disso muito carente, ao
contrário do que aconteceu na década de 90, onde o objectivo de
fazer de Lisboa a Capital Atlântica da Europa, como orientação guia
do Plano Estratégico de Desenvolvimento de 1992, mobilizou tanto os
dirigentes municipais de então como a Cidade no seu todo.
Nas ideias fortes do Plano Estratégico de 1992, o coração da Cidade
tem especial relevo, partindo daí a estruturação da requalificação do
espaço público, com as reabilitações da Praça da Figueira (ainda não
concluída), do Terreiro do Paço (só parcialmente executado devido
às infindáveis obras do metro) e do Rossio com a devolução à Praça
da calçada “Mar Largo”.
A actual proposta de Revitalização da Baixa‐Chiado só faz sentido se
dinamizar o reencontrar de um rumo para Lisboa, a partir dos
notáveis conjuntos urbanos e arquitectónicos que constituem a Baixa
pombalina e a sua envolvente, invertendo a situação de declínio que
apresentam.
Assim, uma política de revitalização da Baixa pombalina nunca
poderá ser feita contra a sua identidade histórica e cultural, pelo
que só atingirá os seus objectivos se a preservação e valorização da
sua matriz pombalina for elevada ao nível de excelência, terminando
com a proliferação de discutíveis transformações arquitectónicas e
alterações de uso que não param de expulsar população e promover
a desertificação e a insegurança.
Neste contexto, o Museu da Língua Portuguesa deveria (deverá) ser
instalado na Estação do Rossio, excelente local e magnífico edifício
neomanuelino, recentemente recuperado, e que merece acolher
uma função cultural de grande impacto para a Baixa‐Chiado e para a
Cidade como um todo.
E como devolver população à Baixa e à Cidade, quando Sintra
“ameaça” ultrapassar Lisboa antes de 2020?
A proposta, entretanto, nada explicita quanto a medidas imediatas
que, enquadradas em plano, “segurem” já hoje a Baixa.
O revivalismo do mercado na Praça da Figueira é completamente
deslocado. Esta deve continuar aberta e ser executado na totalidade
o projecto de Daciano Costa.
O estacionamento subterrâneo no Terreiro do Paço, tal como
decidido nos anos 90, não deve ser construído, pois os movimentos
subterrâneos das águas naquele local não devem ser mais
perturbados, dada a sua importância para a estabilidade da Baixa e
do Terreiro do Paço, sendo também incompreensível que a execução
do Sistema de Esgotos Chafariz de Dentro/Terreiro do Paço/Cais do
Sodré, esteja parada desde o ano 2000.
Renovo a minha ideia de no interior do anel da área de intervenção,
os transportes de superfície assentarem em minibus, e para acesso
ao Castelo, sugiro que se revisitem os trabalhos de Raul Ceregeiro e
José Tudela com traçados de elevadores “agarrados” aos terrenos da
encosta.
Obviamente que o comércio da Baixa não pode fechar às 7. Tem de
ser, e muito, alargado, incluindo fins‐de‐semana
Finalmente, falta uma proposta de planeamento e programação que
permita graduar e fasear as intervenções e investimentos a realizar
no horizonte 2020.
publicado por O provedor às 20:30
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Lisboa competitiva
António de Azevedo Coutinho
Gestor imobiliário
Intervenho, preocupado com o estado actual da cidade, entre outras coisas, e vou acompanhado
estas site
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
vosso jornal de 3 de Outubro pp., com apresentação pública da proposta da vereação, para a
reabilitação da Baixa-Chiado, com grande satisfação minha, por várias razões:
1.º Gosto e sinto-me bem em Lisboa, 2.º aqui trabalho e vivo; 3.º sou residente na zona histórica
da Cidade. O que dá o conhecimento da miséria a que chegamos!!! 4.º Gostaria de ver esta
cidade reabilitada para que os meus “nossos” filhos tivessem uma cidade melhor.
Vou colar aqui uma nota de rodapé de um texto que recebi da minha irmã
Professora e Arquitecta que escreveu, artigo cujo lançamento da publicação ocorreu
esta semana, e retrata a importância do tema.
Muito ao contrário do que se passa em Lisboa, quer à volta do Aqueduto ­
totalmente desprotegido no Vale de Alcântara ­ quer ainda no “cenário” da Baixa
Pombalina. Mas este caso é bem diferente: Se em Vila do Conde, há um pouco a
sensação de se ter parado no tempo ­ o que pode ser sempre uma experiência
muito enriquecedora, principalmente como exercício de imaginação (também para
adultos, mas fundamental para educar os mais novos) ­ na Baixa de Lisboa, um dos
centros mais activos da capital, aí permanecem em sobreposição, numa área que é
riquíssima do ponto de vista histórico, importantes actividades económicas, que lhe
conferem ainda “muita vida”! Este tipo de fenómenos, um convívio entre o passado
e o presente, cada vez mais característico das sociedades culturalmente
desenvolvidas, obriga a cuidados específicos na protecção das construções. De
modo a que estas possam permanecer, como cenários valiosos que também são, da
vida quotidiana".
[em Actas do IV Encontro de História de Vila do Conde]
O debate, só e por si já é positivo, serve para alertar as instancias públicas, “os políticos” e
preparar-mos a opinião pública para a necessidade de recuperar a nossa cidade. Aliás, já à
muito que me recordo deste tema, pela negativa, que em corrente cavaqueira com os amigos e
empresários do sector imobiliário, desvalorizamos constantemente o nosso país,
comparativamente com outros que conhecemos. Infelizmente temos este mau hábito, de dizer
mal da nossa terra, “Mas não á fumo sem fogo”, já diz o povo e realmente o estado critico do
país, está à vista de todos e a todos os níveis, que nem mesmo a cidade e os seus edifícios,
ficam excluídos. Ressentem-se da ausência de regas e valores, e ao estado a que chegamos,
fruto de más politicas recentes.
Mas se limitarmos o assunto ao debate, sabe-me a pouco, temos de intervir e por isso deixo o
meu contributo.
Revitalização da Baixa-Chiado
Deve estar integrado e ser parte do plano estratégico para o futuro da cidade de Lisboa. Esta
matéria é de uma sensibilidade extrema, que não pode ser estudada e analisada individualmente,
mas num contexto generalista de análise da cidade. 
Estamos pois conscientes, pelo menos eu estou, de que mais tarde ou mais cedo teremos de
intervir e, quanto mais tarde pior, por várias razões:
1.º o estado de degradação deste conjunto urbano atingirá um nível de inrevressabilidade, que
corremos o risco de perder parte do nosso património;
2.º atingiremos um valor económico, social e cultural tão elevado, para o custo das intervenções
necessárias mais difíceis incomportáveis;
3.º adiaremos a oportunidade de educar e incentivar o publico a preservar a memória e a
valorizar a nossa história;
4.º perderemos competitividade, entre cidades. Hoje mais que nunca, são as cidades que
ocupam o papel relevante na internacionalização da geração e economia global. Perdeu-se o
hábito de referenciar o país de destino, quando viajamos, substituindo-o pela cidade, que
assume total importância e protagonismo. 
E é sobre competitividade e mercado internacional que gostaria de ver este tema também
comentado. No decorrer da semana assistimos aos comentários e opiniões de vários quadrantes,
nas vertentes técnicas, mas ainda li e não houve se quer, uma abordagem em termos de mercado
e competitividade. 
Como será Lisboa dentro de 15 a 20 anos e a 50? Com o ritmo de envelhecimento da população
será um caos certamente.
Se hoje não existe autoridade e capacidade de tirar os carros de cima dos passeios, como será
no futuro?
Com o nível de preços da habitação e terciário, conseguiremos repovoar, criar postos de
trabalho e tornar a cidade interessante de novo? 
Temos assistido à preocupação de elevar de novo Portugal na cena internacional com um papel
de relevo. Lisboa terá um papel extremamente importante a defender neste enquadramento, que
passa pela reabilitação da sua cidade, assente e incorporado nesta estratégia básica para o
desenvolvimento do país, no âmbito Europeu e Universal. Temos que pensar Portugal para
daqui a 50 anos e temos que intervir na reabilitação da cidade de forma sustentável e
competitiva.  
 
Lisboa não está reduzida à Baixa-Chiado 
Pensem em mercado, façam análises e planeamento estratégico, SWOT  Strengths (forças),
Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), PEST- Politica
Económico, social e tecnológico.
A necessidade do Marketing das Cidades 
Não limitemos no tempo os programas e projectos com objectivos eleitoralistas e políticos,
vamos estudar o assunto de forma séria. Pensem no futuro, na inovação e na competitividade.
Pensem nos nossos filhos.
Não queiram de novo inventar a roda, copiemos modelos de parcerias com as universidades,
para estudar projectos de grande envergadura, com as respectivas valências, que necessitam de
grande suporte científico e técnico. 
Entretanto limpem a cidade que a vida não pára.

publicado por O provedor às 20:18


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Quatro propostas prévias


Maria de Fatima Nunes A. Dias
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Engenheira, leitora do DN 

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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
A iniciativa do DN ao abrir este debate público é de louvar e é por isso que estou a
dar­vos o meu contributo, pelo que passo a fazer algumas considerações: 
1. Este debate deveria ser iniciado antes da contrução do Metro na Baixa
Pombalina, porque os estudos do subsolo, essenciais à intervenção abaixo da
superfície exigiam toda a prudência na medida em que existindo bacias
hidrográficas elas precisavam de ter escoamento para o Rio.A ligação da bacia
hidrográfica ao rio foi cortada, pelo traçado da linha do Metro.Este problema não foi
considerado pelo Laboratório Nacional de Enguenharia Cívil. Talvez não haja
competências sobre o tratamento das linhas de água subterrâneas... mas no país
há conhecimento cientifico que não se confina àquele laboratório. 
2. Os Engenheiros Agrónomos em colaboração com Geólogos deviam ter
integrado as equipas que apresentaram os estudos preliminares porque têm
profundos conhecimentos sobre solos e condução de águas subterrâneas. Estas
águas necessitam ter um escoamento e circular naturalmente no leito da bacias
hidrográficas.É fácil observarmos no mapa que foi publicado que a linha de água
marcada a verde à esquerda distribui as águas por uma área difusa que abrange a
zona da baixa, cais do sodré, Santos, Av.da Liberdade, etc. 
3. Pelas razões apontadas não deveriam ser feitas obras de superfície sem que se
resolvessem estes problemas  das bacias hidrográficas subterrâneas que sendo
interrompidas podem provocar inundações e a afectar a estabilidade das
contruções.
Mais importante do que os corredores ecológicos tão do agrado do Arquitecto
Ribeiro Teles é fazer as infraestruturas que termitam evitar a concentração das
águas em locais que afectam as construções, a circulação das pessoas e
provocarão em caso de elevadas precipitação inevitáveis cheias. 
4. Quaisquer decisões sobre o que venha a fazer­se deve ser objecto de debates
na televisão e explicar­se de forma muito clara  a população de Lisboa sobre a
necessidade de determinadas obras.Todos estamos saturados de ver gastar
milhões de forma irracional e o povo está a viver mal.

publicado por O provedor às 18:05


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Baixa é já uma opção válida de habitação


Frederico Baião do Nascimento
Diplomata 
 
Encontrando­me em processo de mudança de casa, tenho procurado apartamentos
na zona da Baixa onde já vai havendo alguma oferta, decorrente da recuperação de
prédios progresivamente desocupados por arrendatários com rendas "antigas". 
O que tenho encontrado são espaços extraordinários, com pé direito muito alto,
azulejos do século XVIII, grandes janelas e com um custo por m2 muito interesante.
A àrea é de extrema centralidade, não só no que toca ao recurso aos transportes
públicos ­ que, ao contrário do que quer fazer crer um certo discurso miserabilístico
que nos caracteriza, nunca foram tão bons nesta cidade (basta pensar que há 20
anos a rede de metro se limitava a um ridículo Y e nos modernos e funcionais
eléctricos rápidos que servem a zona ribeirinha) ­ mas também ao permitir
deslocações a pé a zonas que vão de Santos a Alfama, passando pela Avenida da
Liberdade e área circundante, Bairro Alto, Sé e Alfama. A zona ainda tem muito
comércio, destacando­se neste aspecto a rua Augusta ­ que luxo fazer aqui
compras e passear! ­ para não falar da zona complementar do Chiado. 
É claro que viver na Baixa não permitirá alguns dos confortos "modernos" como
garagens nos próprios edifícios ou, em muitos casos, elevadores. Mas permite um
estilo de vida muito rico em proximidade com a história ­ e sem o stress de longas
horas por semana em "commuting" ­ cada vez mais assumido por populações que
dão valor à dimensão cultural e à qualidade de vida (numa acepção menos
"mecanizada" do termo) na sua vivência diária. 
Em suma. Penso que, de forma espontânea, à medida que a oferta de habitação
requalificada na área vá aumentando, e caso sejam asseguradas algumas
melhorias mínimas, a área se repovoará naturalmente por uma população com
consciência cultural e com vontade de viver de uma forma mais sã, com menos
recurso ao transporte individual e trocando engarrafamentos intermináveis para
subúrbios por deslocações a pé, ou curtos trajectos em transportes públicos, por
entre o nosso riquíssimo património monumental. É esse aliás o exemplo de muitos
centros históricos europeus, como o de Madrid, onde vivo e que há pouco mais de
dez anos estava decadente e era reduto de marginais, alcoólicos e
toxicodependentes.  Noto que, no aspecto da segurança, a Baixa está em muito
melhor situação do que o Centro de Madrid de há 15 anos.  
Sem querer desvalorizar o estudo de requalificação da Baixa, mais do que grandes
projectos, como a circular das colinas ­ que obviamente seria uma ajuda importante
para desviar trânsito, mas que provavelmente não será facilmente concretizável,
sendo que, de qualquer forma, a questão do trânsito não inviabiliza uma
reocupação da Baixa, tendo em conta os actuais sistemas de insonorização e o
facto de que as ruas mais estreitas da zona não serem praticamente atravessadas
por automóveis ­ seria importante apostar em pequenas iniciativas que permitiriam
consolidar um fenómeno natural, de mercado, de apropriação de um espaço que,
pelo termino dos antigos contratos de arrendamento, volta a ser disponibilizado aos
habitantes de Lisboa. Estas medidas passariam, por exemplo por uma maior
cobertura policial numa zona que, pelo seu progressivo esvaziamento, pode dar
sensação de insegurança de noite/madrugada, ou pela criação de um ou dois
parques de automóveis utilizando como silos prédios devolutos.
São estas as (pequenas e relativamente baratas) condições que, caso
asseguradas, me decidiriam em definitivo em optar pela Baixa para viver.  É
importante que não se perca a dimensão do concretizável no imediato na discussão
da totalidade do plano, para que, como afirma Mega Ferreira, uma eventual,
e indesejável,  derrocada do macro não arrastasse, por um efeito de desânimo e
fatalismo tão nosso, a inviabilização de pequenas medidas que, por si só, muito
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fariam para permitir uma ocupação, progressiva, orgânica da Baixa.

http://dn-lisboa.blogs.sapo.pt/ 16/18
20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
Estando estas asseguradas, decerto que muitos terão vontade de ter uma rotina
que inclua almoçar no Martinho da Arcada ou no restaurante Terreiro do Paço, ir
para o trabalho a pé atravessando a nossa Lisboa Monumental ou bordejando
o Tejo e levar os filhos a brincar à Rua Augusta, ao Terreiro do Paço ou ao jardim da
Cordoaria (que será ampliado no âmbito da construção das sedes das agências
europeias sediadas em Lisboa). Seria uma óbvia escolha de bom gosto e de bom
senso.

publicado por O provedor às 18:01


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Projecto não pode esquecer idosos


Agostinho Rodrigues
Leitor do DN

 
Existe um projecto em Lisboa para os idosos e os excluídos. A Baixa‐Chiado é onde se
sente o maior abandono dos idosos e acamados, apesar da nobreza desta parte da
nossa linda cidade.
A Associação Por Uma Lisboa Mais Solidária já estabeleceu protocolos com outras
entidades no sentido de proporcionar apoio aos idosos. Neste sentido, manifesta
toda a sua disponibilidade para o êxito do projecto coordenado pela vereadora Maria
José Nogueira Pinto. Aliás, colaboraremos no que nos pedir, desde que inserido na
perspectiva do apoio aos idosos e excluídos de Lisboa, esperando que os vereadores
da CML estejam atentos à gravidade da situação da nossa cidade.
Para levar a cabo esta missão defendemos parcerias público‐privadas, o interesse
público, a gestão privada, bem como a constituição de uma fundação. É muito mais
importante a dignidade da vida e da pessoa humana.
Este projecto seguiu para o gabinete da presidência da Câmara Municipal de Lisboa,
que ficou de o estudar, embora um dos elementos tenha comentado, à partida, que
este deve ser implementado por uma entidade e não por um grupo de pessoas.
Omesmo seguiu também para o patriarcado.
É de referir que há algumas juntas que estão a tentar implementar projectos de
apoio aos mais antigos. Campolide, por exemplo,  está já a implementar o projecto
com os idosos e os taxistas, sendo que a Junta de Freguesia de São Nicolau também
deseja aderir.

publicado por O provedor às 17:56


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Uma respiração de coragem idêntica à de


1755
António Manuel
Presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau, deputado municipal

 
Um projecto de reabilitação da Baixa é, quer se queira ou não, um acto visionário,
uma respiração de coragem idêntica à que existiu com o projecto de reconstrução de
Lisboa após a catástrofe de 1755.
Ambos partem de circunstâncias trágicas: a Baixa destruída e a Baixa abandonada.
Ambos parecem aliar ao esforço colectivo a resistência de muitos, mormente dos que
ainda teimam não restituir à Baixa a dignidade perdida.
Ao fim de tantas décadas de adiamento, a Câmara Municipal de Lisboa do mandato
do Professor Carmona Rodrigues lançou mãos à obra e aí está o projecto para o
coração da cidade – é que falar da Baixa não é só um questão de centralidade, de
visibilidade da cidade, é também uma questão de afectividade (quem aqui vive sabe
que o local, tal como o anúncio que Fernando Pessoa fez para a Coca‐Cola, “primeiro
estranha‐se, depois entranha‐se”).
O acaso e o improviso do passado dão lugar, agora, a um projecto global assente
num diagnóstico, numa ideia de cidade, num conceito urbanístico de reabilitação,
numa estratégia – em suma, numa visão; dele brotam um conjunto de ideias
estruturantes em torno das quais se vai fazer a reabilitação: a recuperação do
edificado, a transformação da zona ribeirinha num grande espaço de qualidade e de
oferta de actividades de lazer, uma nova relação da cidade e da sua Baixa com o rio
(longe vão os tempos em que os alicerces das casas partiam das águas do Tejo!), a
transformação do Terreiro do Paço numa Praça do Comércio como queria Pombal,
combinando em termos funcionais, a presença de um Estado moderno com
actividades ligadas à hotelaria, restauração, entre outras, a afirmação das
potencialidades da Baixa como espaço comercial a céu aberto, a modernização das
infra‐estruturas e a criação de um espaço público por excelência, a afirmação da
Baixa como pólo de atracção cultural e turístico.
A estes projectos estruturantes corresponderão políticas públicas de suporte, tais
como: a valorização do património, a criação de redes de cultura, a implementação
de práticas culturais, a criação de núcleos museológicos, o estabelecimento de
objectivos para quotas de mercado habitacional, a valorização turística, o reforço da
segurança, a redução do tráfego de atravessamento, a melhoria da qualidade do ar e
novas regras de gestão urbana.
Os custos do investimento serão decompostos pelos períodos de 2007‐2010 (cerca de
EUR 682 milhões) e 2011‐2020 (cerca de EUR 463 milhões), num total de EUR 1145
milhões! Serão investidos pelo sector privado (EUR 660 milhões), pela Câmara
Municipal de Lisboa através da sociedade de gestão urbana (SGU) (EUR 224 milhões)
e pela administração pública (EUR 137 milhões). Verbas avultadas para a conjuntura
de crise que se vive, contudo, é bom também referir que não se trata de um acto
único, ciclópico (como infelizmente alguns já disseram em jeito de inacção de velhos
do Restelo!...)
Não tenho dúvidas de que não serão ditas a propósito deste projecto as palavras que
João Appleton pronunciou em 2003 nas jornadas “A Baixa pombalina e a sua
importância para o Património Mundial” acerca da reconstrução pombalina “foi um
acto penoso, contraditado e amesquinhado no início, mal compreendido a meio
caminho e que nem mesmo chegou ao fim”, como se verifica com a existência de
edifícios
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A reabilitação da Baixa pombalina é o maior projecto da edilidade de Lisboa no
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20/11/2017 Revitalização da Baixa-Chiado
século XX e início de XXI; pela sua grandeza, será obra de uma geração e dum
esforço conjunto da autarquia e do Governo. É que a Baixa é de todos, o seu futuro
será sempre um imperativo nacional.

publicado por O provedor às 17:41


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