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Harry/Gina.
Reparei como ele planava alegremente, em como era lindo, como me invadia
de esperança. Respirei-o com toda a voracidade que meus pulmões me
permitam, parando no quarto degrau, deixando também que ele me queimasse
levemente a pele.
Percebi que também além de lindo, era um tanto zombeteiro. Ele sorria, ria...
Só não consegui distinguir se era para mim, ou de mim.
Eu sei, eu sei, era o casamento do meu irmão com a minha melhor amiga.
Hermione estava tão linda, Oh Merlin. Cabelos enlaçados num coque alto,
presos em um enfeite de borboleta; totalmente exuberante em seu vestido
branco... Mas nada se comparava à sua expressão, olhando a de meu irmão.
Acho que nunca havia visto Ronald com as bochechas tão rosadas de
satisfação, orgulho e... Amor.
Eles buscam, buscava e pelo que sei buscarão pela eternidade ele, se para a
eternidade ele estiver lá.
Eu sabia que tinha que voltar ao interior da igreja. Mas todo o meu corpo
suplicava em sair dali. Meu coração ainda se debatia descontrolado e meu
cérebro estava ocupado demais tentando acalma-lo para cuidar dos outros
órgãos vitais. Obriguei meus pulmões a respirar mais sol e consegui descer o
restante dos degraus.
Segurei por um segundo no corrimão, pensando no que deveria fazer. Afinal,
era o casamento de pessoas que eu amava demais, mas ficar e encarar Harry
não era um fato que eu precisava comprovar.
Comecei a caminha pela calçada com as mãos nos bolsos do longcoat preto.
Estava tão frio no País de Gales que esqueci que aqui o outono era
diferentemente ensolarado, em certos dias como hoje. A rua estava totalmente
desértica, e eu agradeci por isso mentalmente por isso. Tinha a impressão que
meus pulmões repuxavam o ar melhor sem as pessoas tentando fazer o
mesmo ao meu redor.
Olhei ao meu redor. Meu Merlin, aquele lugar era me tão familiar que chegava
a me assustar. Os bancos, os carrinhos que levavam as bagagens, pilastras,
plataformas, crianças com suas mães, garotos fumando em um canto
reservado, uma vendedora de jornais e flores silvestres; coisas que eu não via
há tanto tempo, mas tão facilmente reconhecidas.
Meio aérea comprei minha passagem e fui para uma das plataformas, aguardar
o trem.
Eu queria esquecer. Era a única coisa que eu mais ansiava naquele momento.
Queria não poder pensar naquilo que parecia não querer me deixar.
Eram tantos sonhos, planos... E planando na manhã fria eles ficaram. Nunca se
tornaram realidade e nunca tornar-se-ião.
Fiquei me perguntando por que são bem exatamente nesses dias, em que tudo
o que menos encontrar é algo que nos lembre o amor, são os dias em que
vemos mais casais apaixonados andando a rodo por aí.
Na mesma época em que Harry iria ingressar sua carreira como Auror, eu
recebi uma proposta que mudaria minha vida, e mudou mesmo. Uma
oportunidade de ir treinar Quadribol no time das Holyhead Harpies.
Lembro-me bem daquela tarde; onda a própria Gwendolyn Morgan entrou pela
porta da frente n’A Toca anunciando que o professor Horácio Slughorn havia
me indicado para participar do time, e então elas queriam que eu treina-se
durante alguns meses em seus estádio.
Era o meu sonho, não o dele. Ele não tinha que renunciar a absolutamente
nada por mim, eu não permitiria isso. Acabar com os sonhos dele, pelos meus.
Não.
Mas, na verdade... Acho que meu medo era outro. Era de que ele não quisesse
realmente renunciar a sua carreira, por mim.
Não foi exatamente arrependimento... Essa não é a palavra certa. Mas o fato é
que eu queria voltar. Voltar e curar a dor que me sufocava todos os dias e
noites, durante esses três anos em que ficamos separados.
Mas a decisão fora minha, e já havia sido tomada. Não havia em quem ou no
que adicionar a culpa. Estava feito. E de qualquer maneira eu não havia
voltado. Só naquele momento, e por um motivo totalmente diferente.
Eu o deixara. Deixara porque quis, porque achei que era o melhor para os dois
não ter que renunciar a nada que sempre quisemos, porque o amava e o amo,
e queria saber se ele me amava da mesma maneira, se iria me buscar quando
eu o deixa-se, se ele se importava ou não com isso, se me diria que fui uma
tola por pensar que ele não me amava, e...
Harry me olhou de longe, mas senti seus olhos me perfurando com tal
intensidade que pareciam estar a milímetros de meu rosto.
Y voy a subir en este tren
No me importa el destino, quiero estar conmigo
Saber que también, yo valgo la pena
Y que mi corazón ha estado tan tibio por falta de amor
Y en este vagón
Vi en los ojos de alguién más, a tu corazón.
Aleph
― Oi. ― Ele me cumprimentou, fazendo meu coração bater mais rápido ainda,
despertando as lembranças do meu cérebro com sua doce voz... Não era algo
que se esquecia fácil. Aquele som só fez com que os meus músculos de cada
parte do meu corpo relaxassem cada vez mais, como um remédio para a
calma.
― Como me achou aqui?! ― Foi o que escapou dos meus lábios; tantas coisas
melhores para serem ditas, e eu pergunto isso! Arght.
― Você não é a única que gosta de andar de trem para pensar. E eu imaginei
que estaria aqui. Só não vim antes, porque queria acompanhar o resto da
cerimônia.
Seu tom era casual demais, displicente demais, para quem fora deixado há
três anos sem nenhuma explicação plausível.
Ninguém subiu ou desceu. Tive um súbito impulso de correr porta a fora, fugir
daquilo tudo, mas sabia que não podia fazer aquilo, de novo.
Eu devia uma explicação a Harry, e mesmo que ele me odeie para sempre, eu
daria isso a ele. Era o mínimo que posso fazer.
― Harry, eu... Eu não estou em condições nesse momento d-de sofrer mais do
que já tenho sofrido, ok? Eu sei que lhe devo uma explicação, mas eu não sei
se você que ouvi-la.
Te vi y decidí ignorarte
La verdad no estoy en posición,
De sufrir y decidí bajarme
En la primer estación
Acho que ele deve ter se surpreendido ao extremo, naquele momento. Sua
expressão era de pura confusão; ele não estava esperando que eu dissesse
aquilo.
Dessa vez fui eu quem não entendeu nada. Ele não sabia o porquê?
― Sinceramente?! Não. Eu não soube mais nada de você nesses últimos três
anos, Gina. Você simplesmente se foi, e não deixou uma explicação se quer.
Eu corei. Não era em tom de acusação que ele dizia aquelas palavras, mas era
a sua explicação. Meu Merlin, será que só agora eu me dava conta de quão
estúpida tinha sido?!
― Gina, por favor, se acalma! ― Sua voz era quase um sussurro urgente, e
acho que eu o acabei desesperando, porque ele sentou-se ao meu lado e me
tomou nos braços, e eu sem me querer me conter mais soluçava em seu peito,
segurava sua mão como se minha vida dependesse disso, sentia sua
respiração na minha. Mas eu não me calei. Havia começado a despejar tudo de
uma vez, e agora iria até o fim.
― Mas eu descobri que não tinha feito coisa certa alguma. Não adiantava ser
aquilo que eu sempre quis ser... Se você não estivesse lá, ao meu lado. Nada
daquilo faria sentido. É uma pena que tenha percebido isso um pouco tarde
demais.
Naquele momento eu aguardei uma palavra dele. Algo como: “É, realmente é
tarde demais, você me deixou, foi em borá, não se importou nem um pouco
com meus sentimentos e, além disso, eu já tenho outra pessoa.” Era
totalmente esperado e aceitável para mim; porque além de ter partido de uma
maneira brusca, eu regressara sem avisar, também. O que é afinal que eu
estava esperando? Que ele me agarrasse e dissesse que ficara na janela todos
os dias, me esperando passar?
― Você realmente não deveria ter ido daquela maneira. ― Disse ele, mas eu
não podia ver sua expressão, pois meu rosto estava enterrado em seu peito, e
eu não iria sair de lá tão facilmente. ― Fiquei totalmente no escuro, não tinha
idéia do porque você se foi, nem o que havia acontecido. Ninguém queria me
contar, e só seus pais inicialmente sabiam. Você se foi sem deixar um vestígio
de onde tinha ido, e quando voltaria. Se foi sem me deixar nem um adeus.
Eu fiquei imaginando como ele ficou se sentindo. Eu sabia bem o que ele
queria dizer.
Percebi que essa era a parte da história em que meu pulso acelerava mais do
que era possível, minha respiração ficava ofegante, e um pequeno filme se
passava na minha cabeça. Todas as coisas que vivemos juntos era
simplesmente muito maior que qualquer dor, magoa ou tristeza.
Eu quase grudei meu rosto no dele. Olhei seus olhos, que os meus tanto
gostavam e perguntei baixinho, para que só ele pudesse ouvir.
―Você me perdoa, então? Eu sei, eu sei, errei, mas sou humana, sou insegura,
sou mulher. Sou e quero ser sua, se você ainda quiser que eu seja.
Harry afastou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha, e retirou
seus óculos guardando-os dentro do blazer. Com aquele toque que só ele tem,
segurou entre dois dedos meu queixo, e desenhou seus lábios nos meus.
Por dentro, meus órgãos vitais faziam uma comemoração só deles, meu
coração parecia que não batia tão bem, desde o nosso último beijo.
Eu segurei seu rosto entre minhas mãos urgentes, que pediam que aquele
momento não terminasse jamais.
Será que era possível eu agüentar tanto amor dentro de um corpo só? Acho
que não. E naquele momento senti que pelo beijo, partilhávamos esse amor,
tão intensa era nossa ligação.
― Acho melhor nós sairmos daqui, temos muito que conversar. ―Disse ele
segurando minha mão e me guiando porta fora Eu vi novamente o casal que
estava no vagão quando entrei, e agora eles não pareciam mais tão irritantes
assim.
Se llama amor
Y quedate justo aqui, aqui conmigo
Aleph
Dedicatórias
Para Rafael Fuga, fonte de muito das inspirações que tenho aqui.