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Há décadas a Psicologia tenta se afirmar como uma ciência ³igual às outras´.


Psicólogos, sobretudo nos Estados Unidos, dedicam a maior parte de suas carreiras a
executar experimentos em laboratórios que obedeçam aos parâmetros de ciência, ou
seja, tratam de fatos, fenômenos mensuráveis, quantificáveis, e que podem ser
replicados por outros cientistas em iguais condições. Penso que essa é uma tarefa
inglória. Os fenômenos humanos são de tal complexidade, de tal diversidade, que a
metodologia científica cláss ica nunca dará conta de apreendê -los tal como são. O que
não quer dizer que os experimentos sejam inúteis. Está aí a neurociência e suas
incríveis descobertas, muitas das quais reafirmam o que a clínica psicológica há muito
conhecia. Com freqüência, os exp erimentos e pesquisas empíricas servem para os
psicólogos conseguirem financiamento para seus trabalhos, ou seja, garantirem um
emprego, uma fonte de renda para sua atividade laboral, uma vez que as agências
financiadoras valorizam, em maioria, pesquisas q ue consideram ³científicas´. É preciso
olhar para as conseqüências desse fato: as pesquisas científicas eventualmente
conduzirão à descoberta de medicamentos ± logo a indústria farmacêutica tem
interesse nelas e as financiam. E as universidades precisam de sses financiamentos
para sustentarem seus departamentos de Psicologia.

Um outro ponto é a procura da ³respeitabilidade´ oferecida pela ciência. Se a


Psicologia não pertence à área privilegiada da ciência, os profissionais que a ela se
dedicam são de ³segun da classe´, seus rendimentos financeiros pequenos, seu lugar
na academia sempre precário, dependente de fundos universitários orientados muito
mais para as pesquisas tecnológicas.

Por mais que todos os dias falemos da rapidez da informação, da ³aceleração do


tempo´, das mudanças incessantes trazidas pela tecnologia ao nosso cotidiano, há
algumas coisas neste mundo que demoram muito a mudar... Uma delas é a noção de
ciência ± e há tempos esta noção deveria ter sido ampliada. No começo do século XX,
o matemático, e depois filósofo, Edmund Husserl estabeleceu um modelo para a
ciência que se revelaria mais amplo do que o clássico, cartesiano, que nos rege
hegemonicamente. Por que? Porque rompia com a dicotomia sujeito -objeto,
consciência-corpo, com a pretensão de objetividade dela resultante, com seus critérios
de verdade. A Fenomenologia postula que a relação do sujeito com o objeto é
indissolúvel ± portanto, não há uma objetividade que exclua o sujeito da experiência,
de qualquer experiência, inclusive a de pesquisa de conhecimentos. A subjetividade
está presente em tudo que se refere ao humano. Depois de Husserl, na década de
] , Martin Heidegger, o filósofo alemão discípulo de Husserl, acrescentará: este
sujeito é um Dasein, um ser -no-mundo. Todo conhecim ento advem de seres humanos
que se inserem em um mundo (físico, social, cultural, biológico) do qual qualquer
separação é artificial, construída/teórica. Como poeticamente descreveu Maurice
Merleau-Ponty:

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A Fenomenologia não exclui as premissas e a atuação das ciências clássicas, mas


deixou o legado do questionamento de sua hegemonia no campo do conhecimento e,
principalmente, afirmou o sujeito como presente na elaboração de toda produção
científica. ³Presente´ como interessado, situado em uma cultura, economicamente
condicionado, influenciado por seus preconceitos e valores, inserido no seu tempo
histórico. Não existe ³pureza´ científica, entendida, inclusive, como ³objetividade´ nas
afirmações de verdade, neutralidade do cientista.

O que tudo isso nos revela?

A importância da valorização da Psicologia como ciência cujo paradigma não é o


mesmo daquela inaugurada por Galileu e Descartes.

A consideração de que toda a realidade deve ser conhecida e inves tigada por meio de
disciplinas múltiplas e integradas.+

A afirmação de que o sujeito humano não é um ser fragmentado em psique e soma,


sujeito e mundo e, portanto, conhecê -lo e atuar nele e no mundo implica na adoção de
princípios e métodos que respeitem e stes entrelaçamentos.

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