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Resumo: Curso de Direito Econômico I – por Renato de Freitas S. Machado

Resumo de Direito Econômico

Assunto:

CURSO COMPLETO DE
DIREITO ECONÔMICO
I

Autor:

RENATO DE FREITAS SOUZA MACHADO

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DIREITO ECONÔMICO
CONCEITO. OBJETO. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA.

I - Conceito de Direito Econômico

Para Washington Peluso Albino de Sousa, Direito Econômico “é o ramo do Direito que tem
por objeto a juridicização, ou seja, o tratamento jurídico da política econômica e por sujeito o
agente que dela participe. É o conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a
defesa e harmonia dos interesses individuais e coletivos, de acordo com a ideologia adotada
na ordem jurídica”

Juridicização da Política Econômica Î insere-se no campo da economia normativa,


uma vez que prescreve formas de comportamento e atitudes que devem ser tomadas pelos
agentes econômicos e pelo Estado, tendo em vista a consecução de determinados objetivos.
O Estado cumpre sua função através de políticas públicas, ou seja, o Estado governa através
de mecanismos jurídicos – a lei – que materializa a política econômica. Assim, é o Estado
que tem competência para fixar, determinar, estipular políticas econômicas.

A política econômica é uma decorrência da necessidade do Estado e da sociedade de


traçarem as diretrizes fundamentais da economia com vistas à realização de certos objetivos,
como, por exemplo, a estabilidade econômica, o desenvolvimento ou crescimento
econômico. Estes objetivos são traçados pela Constituição, que faz as opções políticas
fundamentais. Estes objetivos estão elencados nos princípios do art. 170, onde há um
conjunto de escolhas fundamentais relativas à ordem econômica.

A política econômica realiza-se em um sistema econômico já existente, liberal ou socialista,


de modo que esta política econômica pode realizar alterações no sistema econômico,
adaptando-o com o fim de atingir os fins escolhidos pelo Estado.

Ademais, a política econômica pode variar de acordo com as necessidades da época e do


contexto social. Assim é que se constata a evolução histórica da política econômica.
A política econômica surge com as opções políticas que o constituinte adotou e materializa-
se por meio de disposições legais.

Sujeitos que participam da política econômica Î Os sujeitos do Direito Econômicos são


denominados de agentes econômicos. A idéia de agente econômico vai além dos tradicionais
conceitos de sujeito de direito de ramos mais convencionais do Direito, a exemplo do
tratamento da Lei n° 8.884/94.

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Podemos elencar os sujeitos do Direito Econômico:

1 - O Estado: não é agente econômico propriamente. Também é considerado sujeito


de direito econômico, porque é responsável pela edição das normas que materializam a
política econômica, e porque pode intervir no domínio econômico de diversas maneiras.

2 - Os indivíduos: na sua manifestação trabalho e consumidor de bens ou serviços.

3 - As empresas: enquanto unidades de produção de bens e serviços e também enquanto


consumidoras.

4 - A coletividade: que representa sujeitos indetermináveis ou indeterminados de direito,


titulares de interesses difusos, coletivo e individuais homogêneos.

5 - Órgãos internacionais ou comunitários.

Conjunto de normas de conteúdo econômico Î Enquanto ramo do Direito, temos que o


Direito Econômico materializa-se em normas jurídicas, destaca-se, além das normas
tradicionais, de conteúdo genérico e abstrato, as seguintes normas:

1- Normas-programáticas: mais uma vez evidencia-se a importância das normas


programáticas, portadoras de enunciados e de orientações sobre a ordem econômica.

2- Normas-objetivo: a norma jurídica, enquanto instrumento de governo, ultrapassa as


funções tradicionais de organização e ordenação para ter em vista a implementação de
políticas públicas destinadas a cumprir fins específicos. Exemplo das normas que
estabelecem um determinado plano econômico, como a Lei do Plano Real, cuja finalidade,
em termos de política econômica, era acabar com a inflação e instituir a estabilidade
econômica.

3- Norma- premiais: normas jurídicas que aplicam estímulos e incentivos.

Assegura a defesa e a harmonia dos interesses individuais e coletivos Î O Direito


Econômico tanto se preocupa com o direito individual, até porque o indivíduo é a unidade
dentro da sociedade, como cuida também do direito desse indivíduo dentro da sociedade.
Assim, o Direito Econômico preocupa-se com o bem-estar coletivo e podemos afirmar que é
este o enfoque mais importante deste ramo do Direito, a tutela de direito que pertencem a
toda a coletividade.

De acordo com a ideologia adotada Î Na valoração dos fatos econômicos pelo


Direito interessarão os fundamentos e os princípios contidos na CF, que determinam as
opções políticas fundamentais do Estado, especialmente o sistema econômico adotado, com
todas suas peculiaridades. Temos que a CF adotou o capitalismo como sistema econômico.

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Ditos princípios é que determinarão a forma de valoração dos fatos econômicos, o porquê de
valorá-los desta e não daquela maneira, a forma de conciliação de fatos aparentemente
antagônicos e eventualmente a prevalência de um deles sobre os demais.

II - Objeto

Em sentido amplo Î É um sistema de leis ou medidas para promover ou limitar as


atividades lucrativas, no sentido do bem do conjunto econômico e da justiça social. É a
disciplina da posição do Estado como operador econômico, buscando equilibrar os
interesses particulares dos agentes econômicos privados e públicos e o interesse econômico
geral

Em sentido estrito Î É o Direito da Organização da Economia, a disciplina das


relações entre as empresas e entre as empresas e os Poderes Públicos.

Para Geraldo de Camargo Vidal, o objeto do Direito Econômico compreende:

• Direito Administrativo da Economia;


• Direito do Planejamento; e
• Direito da Organização dos Mercados

Os dois primeiros seriam ramos do Direito Econômico Público (Direito aplicável às


intervenções do Estado nas relações econômicas e aos órgãos dessa intervenção) e o último
seria o Direito Econômico por excelência, cuidando das relações entre as empresas.(O
direito econômico regulamenta, juridicamente, as relações econômicas entre os particulares,
segundo uma ideologia de política econômica adotada).

III - Autonomia / Competência legislativa

Muitos já sustentaram a inexistência do direito econômico enquanto ramo independente do


direito. Hoje, à luz do disposto na CF art. 24, O Direito Econômico é um ramo autônomo do
direito, cabendo à União, Estados, Municípios e Distrito Federal legislar sobre o tema. Cuida-
se de competência legislativa concorrente dos entes da federação.

Por fim, devemos completar a definição de Washington Peluso para incluir no âmbito de
estudo do Direito Econômico a análise do papel do Estado na economia, seu maior ou menor
distanciamento da atividade econômica sua atuação enquanto órgão regulador, órgão
responsável pela defesa da concorrência; ou como agente regulamentador de mercados e
agente econômico. Assim, o Direito Econômico estuda também a relação entre o Poder
Estatal e o Poder Econômico.

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ORDEM ECONÔMICA: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

FUNDAMENTOS

Trabalho humano e Livre Iniciativa. A CF art. 170 declara que a ordem econômica é
fundada na valorização do trabalho humano e na iniciativa privada. Quer dizer que consagra
uma economia de mercado, de natureza capitalista, pois a iniciativa privada é um princípio
básico da ordem capitalista. No entanto, embora capitalista, dá prioridade aos valores do
trabalho humano sobre todos os demais valores da economia de mercado. Esta prioridade
tem o sentido de orientar a intervenção do Estado na economia, a fim de fazer valer os
valores sociais do trabalho.

FINALIDADES

Assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. A justiça


social só se realiza mediante eqüitativa distribuição de riqueza. Um regime de acumulação
ou de concentração do capital e da renda, que resulta da apropriação privada dos meios de
produção, não propicia efetivamente justiça social. Assim, algumas providências
constitucionais vêm por formar um conjunto de direitos sociais com mecanismos de
concreção, que devidamente utilizados podem tornar menos abstrata a promessa de justiça
social. Preordena a CF alguns princípios da ordem econômica que possibilitam a
compreensão de que o capitalismo há de humanizar-se. Alguns destes princípios se revelam
mais tipicamente como objetivos da ordem econômica, mas todos podem ser considerados
princípios, na medida em que constituem preceitos condicionadores da atividade econômica.

I – Soberania nacional

A ordem econômica brasileira, ainda de natureza periférica, terá de empreender a ruptura de


sua dependência em relação aos centros capitalistas desenvolvidos, não pode desenvolver-
se de modo a colocar em risco a soberania nacional em face dos múltiplos interesses
internacionais.

II - Propriedade privada

Garantia da pessoa em poder adquirir riqueza em proveito próprio. Como consagramos um


sistema de base capitalista, nada mais natural do que afirmar a propriedade privada dos
meios de produção.

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III - Função social da propriedade

O direito de propriedade deve ser exercido de forma a buscar sempre condições vantajosas
para a comunidade, sem contudo sacrificar a própria vantagem individualizada a ponto de se
tornar o próprio direito ilusório. A propriedade vai sofrer restrições por parte do Poder Público
por finalidades de justiça social, quando não estiver cumprindo sua função social.

IV - Livre concorrência
( a ser aprofundado no ponto seguinte)

V - Princípios de integração

Formam um conjunto de princípios dirigidos a resolver os problemas da marginalização


regional ou social:

Defesa do Consumidor Î Também elencada no rol do art. 5º, tem o efeito de legitimar
todas as medidas e intervenção estatal necessárias a assegurar a proteção prevista. É uma
necessidade, dado o avanço da economia de escala, em uma sociedade de consumo. É o
que vai legitimar o combate ao lucro arbitrário e também ao abuso do poder econômico. A
tutela da livre concorrência, além de proteger as próprias empresas, da concorrência desleal,
deve buscar também a proteção ao consumidor.

Defesa do meio ambiente Î tendo-a elevado ao nível de princípio da ordem econômica,


isto tem o efeito de condicionar a atividade produtiva ao respeito ao meio ambiente e
possibilita ao Pode Público intervir drasticamente, se necessário, para que a exploração
econômica preserve a ecologia.

Redução das Desigualdades Regionais Î Se traduz na busca de um sistema que


propicie maior equalização das condições sociais e regionais, o que também se dá através
de mecanismos tributários, incentivos, etc... É a projeção do princípio da isonomia na relação
entre as diversas regiões do país, entre os diversos entes da federação.

Busca do pleno emprego Î É um princípio diretivo da economia que se opõe às


políticas recessivas. Pleno emprego é expressão abrangente da utilização, ao máximo grau,
de todos os recursos produtivos. Mas aparece aqui especialmente no sentido de propiciar
trabalho a todos quantos estejam em condições de exercer atividade produtiva. Se
harmoniza com a regra de que a ordem econômica se funda na valorização do trabalho
humano.

Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis


brasileiras e que tenham sua sede e administração no País Î É uma forma de

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incentivo às pequenas empresas, o que estimula a economia, com a entrada de novos


agentes no mercado, favorecendo à livre concorrência e iniciativa. Se concretizou com a L
9841/99 (Estatuto da pequena empresa)e L 9317/96 (SIMPLES). Propicia uma oportunidade
de competição, ou ao menos de desenvolvimento, diante das grandes empresas. O objetivo
primordial é facilitar a constituição e o funcionamento destas empresas.

PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE

O termo economicidade significa a medida do econômico segundo a linha de maior


vantagem na busca da Justiça. É uma expressão que contém a idéia de “equilíbrio”, uma
relação de “custo-benefício”, de “sacrifício-prazer”. O princípio da economicidade é um
princípio de interpretação próprio do Direito Econômico, que atende a necessidade de
circunstancialidade do fato econômico, ou seja, às peculiaridades dinâmicas do fato em
certas condições de tempo e espaço. Fato semelhante, em circunstâncias diversas, pode
levar a decisões também diferentes, sem que nisso se registre qualquer incoerência ou
contradição. Veja-se o exemplo do tratamento conferido ao cartel por diversas jurisdições no
mundo todo em tempos diferentes.

O princípio da economicidade é um instrumento de interpretação que cumpre a função de


compatibilizar princípios do art. 170 da CF, estes de conteúdo aparentemente antagônicos.
Assim, o regime de propriedade privada, por exemplo, deve ser compatibilizado com a
função social da propriedade, nas questões de privatização de empresas estatais ante a
busca do pleno emprego, ou de modo contrário, pode decidir-se pela sua nacionalização por
motivos de maior vantagem quanto à soberania, tudo através do princípio da economicidade,
dentro de certas circunstâncias de um dado momento histórico.

Também levando-se em conta certas circunstâncias, a soberania nacional econômica deve


ser compatibilizada com o capital estrangeiro, seja este por investimentos, pelas empresas
multinacionais ou pelas diversas formas de associação com o capital e as empresas
nacionais.O princípio da economicidade é um instrumento pelo qual garante-se a
flexibilidade, a maleabilidade, a revisibilidade, a mobilidade das opções ao Direito Moderno,
de importância primordial especialmente em regimes políticos mistos ou plurais como o da
CF de 88. É importante deixar bem claro também que estamos falando de um princípio de
interpretação, que não pode levar ao desnaturamento ou a negação de um certo
princípio.

A LIVRE CONCORRÊNCIA.

A livre concorrência está configurada como um dos princípios da ordem econômica. Ela é
uma manifestação da liberdade de iniciativa, e, para garanti-la, a Constituição estatui que a
lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação de mercados, à eliminação
de concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (173§ 4º).

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Os dispositivos visam tutelar a livre concorrência, protegendo-a contra a tendência da


concentração capitalista – cabe ao Estado intervir somente para coibir o abuso, quando a
concentração é exercida de forma anti-social, de forma a prejudicar a livre concorrência.
Quando o poder econômico passa a ser usado com o propósito de impedir a iniciativa de
outros ou passa a ser fator concorrente para o aumento arbitrário de lucros, o abuso fica
manifesto.

A Constituição condena as práticas abusivas, se traduzindo num fator de intervenção do


Estado na economia, em favor a economia de livre mercado. No entanto, a concentração
capitalista, por si só, não é um fenômeno patológico, mas uma realidade fundamental do
novo Estado industrial, que não se modificará com mera determinação legal formal. A
economia está centralizada nas grandes empresas e seus agrupamentos e isto é uma
característica do mercado mundial atual.

Dessa forma, como afirma Paula Forgioni, a concorrência não deve ser perseguida como um
fim em si mesma, podendo ser sacrificada para que seja atingido o escopo maior de todo o
sistema. O texto da CF 88 não deixa dúvidas quanto ao fato da concorrência ser, entre nós
um meio, um instrumento para o alcance de outro bem maior, de assegurar a todos,
existência digna, conforme os ditames da justiça social. Assim, as práticas de concentração
de mercado não devem ser vistas como um mal a ser evitado e os principais instrumentos
antitruste passam a ser pensados em termos de eficiência alocativa. Uma determinada
prática concentracionista poderá ser autorizada se trouxer benefícios ao mercado. E como irá
se aferir se geraram benefícios? Verificando se está de acordo com os princípios
constitucionais aplicados à ordem econômica: traz-se melhorias ao consumidor, ao meio-
ambiente, ao desenvolvimento tecnológico do país, se vai gerar empregos...

As normas de defesa da concorrência, devido à sua instrumentalidade, são uma forma


de implementar políticas públicas, especialmente políticas econômicas entendidas como
meios de que dispõe o Estado para influir de maneira sistemática sobre a economia.

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II. APROPRIAÇÃO PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO.

A CF inscreveu a propriedade privada e sua função social como princípios da ordem


econômica. Isto é importante, pois não poderá mais ser encarada somente como direito
individual, o que relativiza seu conceito e significado, especialmente porque os princípios da
ordem econômica são preordenados à vista da realização de seu fim: assegurar a todos,
existência digna, conforme os ditames da justiça social.

O regime da propriedade denota a natureza do sistema econômico. Reconhecendo-a como


um princípio da ordem econômica, está se adotando um sistema fundado na iniciativa
privada.

A propriedade de bens de consumo e de uso pessoal é, essencialmente vocacionada à


apropriação privada, porquanto são imprescindíveis à própria existência digna das pessoas e
não constituem nunca instrumentos de opressão, pois satisfazem diretamente as
necessidades. A função social destes bens consiste na sua aplicação imediata e direta na
satisfação das necessidades humanas primárias. Disso decorre que sejam predispostos à
aquisição de todos com a maior possibilidade possível, o que justifica até a intervenção do
Estado no domínio de sua distribuição, sendo um modo legítimo de fazer cumprir a função
social da propriedade.

Já os bens de produção, chamados também de capital instrumental, são os que se aplicam


na produção de outros bens ou rendas. Não são consumidos, mas utilizados para a geração
de outros. O regime de sua apropriação define a natureza do sistema econômico adotado.
Se fosse da apropriação pública ou social, o regime seria socialista – os bens de produção
não seriam são suscetíveis de apropriação privada. (embora não baste suprimir a
propriedade privada para o regime ser socialista).

Como adotamos um regime capitalista, nada mais natural do que afirmar a apropriação
privada dos meios de produção. O sistema da apropriação privada tende a se organizar em
empresas, sujeitas ao princípio da função social, o que é uma tentativa da CF em estruturar
uma ordem social intensamente preocupada com a dignidade da pessoa humana e a justiça
social, um capitalismo social.

Tanto vale falar em função social dos bens de produção quanto em função social da
empresa, como em função social do poder econômico. Assim, a propriedade privada dos
meios de produção e a liberdade de iniciativa só se legitimam quando voltadas à consecução
dos fundamentos e finalidades da ordem econômica descritos na CF. Essas considerações
são importantes para a compreensão do princípio da necessidade que informa a participação
do Estado na economia, pois a preferência da empresa privada cede sempre à atuação do
Poder Público quando não cumpre a função social, imposta pela CF.

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JAZIDAS, EM LAVRA OU NÃO. RECURSOS MINERAIS. PROPRIEDADE.


EXPLORAÇÃO E APROVEITAMENTO. AUTORIZAÇÃO E CONCESSÃO. LIMITES.
INTERESSE NACIONAL.

Jazidas: ocorrência anormal de minerais, constituindo um depósito natural que existe


concentrado em certos pontos da superfície do globo terrestre. Consideram-se assim todas
as substâncias minerais de origem natural, mesmo as de origem orgânica (carvão, petróleo,
calcário...).

Mina: é o depósito mineral (jazida) em exploração pelo homem. Um pegmatito decomposto


e inexplorado é uma jazida, o mesmo em estado de exploração, com galerias, escavadeiras,
é uma mina.

Art. 4º Código de Minas: “Considera-se jazida toda massa individualizada de substância


mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor
econômico; e mina, a jazida em lavra, ainda que suspensa”.

Para Diogo de Figueiredo, mina é uma universitas juris, que abrange a jazida, a concessão e
as diversas servidões administrativas que foram instituídas para a construção de edifícios,
instalações e vias necessárias ao bom êxito dos trabalhos de lavra.

Lavra: É a exploração econômica da jazida, lugar onde se realiza a exploração da mina. Art.
36 Cód. Minas: “conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial
da jazida, desde a extração das substância minerais úteis que contiver, até o beneficiamento
das mesmas”.

Propriedade: Art. 20 CF São bens da União os recursos minerais, inclusive os do subsolo.


Assim, qualquer recurso mineral pertence à União, o que não significa que somente ela
possa explorá-lo economicamente. Além disso, compete privativamente à União legislar
sobre minas, jazidas, outros recursos minerais e metalurgia (art. 22, XII CF).

Art. 176 CF:


As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica,
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à
União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se
referem o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou
concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País, na forma da lei,
que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem
em faixa de fronteira ou terras indígenas;
§2º É assegurada a participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e
no valor que dispuser a lei
§ 3º autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e
concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

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Formas de aproveitamento e exploração das substâncias minerais:

I - Imediata: Permissão da lavra garimpeira (lei 7805/89), que se dá por portaria de


permissão do Diretor-Geral do Departamento nacional de Produção Mineral –
DNPM.Independe de prévia pesquisa mineral. Serve, portanto, para os casos
em que a jazida já está aflorada.

II - Mediata: Depende de prévia pesquisa mineral, para a definição da jazida. Compreende 2


etapas:

a) Autorização de Pesquisa Mineral, dependente de alvará de autorização do


Diretor Geral do DNPM, por requerimento do interessado. Entende-se por
pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da jazida,
sua avaliação e a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento
econômico. (art. 14 Cód Minas). Aquele que faz a pesquisa passa a ter o direito
à concessão da lavra, podendo inclusive alienar a exploração. Se após
realizada a pesquisa, decorrido 1 ano não requerer a concessão da lavra, o
requerente caducará do seu direito, ficando a jazida disponível para fins de
concessão de lavra para outrem.
b) Concessão da lavra, dependente de portaria de concessão do Ministro de
estado de Minas e Energia. Há possibilidade de, realizada a pesquisa, ser
negada a concessão da lavra, se for prejudicial ao bem público ou comprometer
interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo do Governo,
garantida indenização das despesas feitas com os trabalhos de pesquisa (art.
42 Cód Minas). Esta possibilidade é um reflexo da disposição constitucional no
sentido de que a autorização e concessão somente se darão no interesse
nacional.

Limites: Em todos os casos, dependerá de prévio licenciamento ambiental. Conforme a CF,


a pesquisa e a lavra só podem ser efetuadas por brasileiros ou por empresas constituídas no
Brasil com sede e administração no País e no interesse nacional.

O procedimento de autorização para pesquisa é necessariamente anterior à concessão da


lavra, a não ser quando a jazida já estiver aflorada e for caso de garimpo, o que se dará na
forma da Lei 7805.

A realização de trabalhos de extração de substâncias minerais sem a competente permissão,


concessão ou licença constitui crime, sujeito a pena de reclusão de 3 meses a 3 anos e
multa, nos termos do art. 21 da Lei 7805.

Quanto às jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, também de


propriedade da União, o regime é diverso, pois constituem monopólio.

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INTERVENÇÃO ESTATAL NO DOMÍNIO ECONÔMICO: COMPETÊNCIA.

A CF agasalha uma opção capitalista, na medida em que assenta a ordem econômica na


livre iniciativa, livre concorrência e propriedade privada, reconhecendo assim o poder
econômico como elemento atuante no mercado e a excepcionalidade da exploração direta da
atividade econômica pelo Estado, já que a atividade econômica, no regime capitalista,
desenvolve-se no regime da livre iniciativa sob a orientação de administradores da empresa
privada.

Modos de atuação do Estado na economia: pode se dar através da exploração direta da


atividade econômica pelo Estado e do Estado como agente normativo e regulador da
atividade econômica, ou seja, o Estado pode ser um agente econômico e um agente
disciplinador da economia. Assim, há duas formas de ingerência do Estado na ordem
econômica: a participação e a intervenção. Ambas constituem instrumentos pelos quais o
Poder Público ordena, coordena, e atua a observância dos princípios da ordem econômica,
tendo em vista a realização de seus fundamentos e finalidades. É importante ter sempre em
mente tais princípios, pois a atuação do Estado não é princípio da ordem econômica, mas
também não pode ser vista como simples exceção, na medida que tanto a iniciativa privada
como a estatal se destinam ao mesmo objetivo: de realização daqueles fins, princípios e
fundamentos.

Exploração direta: se dá de 2 formas:


Uma é o regime do monopólio. A outra é a necessária, ou seja, quando o exigir a
segurança nacional ou interesse coletivo relevante. Se ocorrerem tais exigências, será
legítima a participação estatal direta na economia, independentemente de cogitar-se de
preferência ou de suficiência da iniciativa privada. Os instrumentos desta participação são a
empresa pública e a sociedade de economia mista, além de outras entidades
paraestatais.

Intervenção no domínio econômico: Não raro se emprega tal expressão num sentido
amplo, abrangendo todas as formas de atuação do Estado na economia. José Afonso da
Silva faz a distinção entre a participação e a intervenção propriamente dita, consistindo no
Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica, compreendendo as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento: Estado regulador, Estado promotor e
estado planejador da atividade econômica.

A intervenção por via de regulamentação da atividade econômica surgiu com a pressão do


Estado sobre a economia para devolvê-la à normalidade, através de um conjunto de medidas
legislativas que intentavam restabelecer a livre concorrência, embasando assim ao
surgimento da legislação anti-truste. Hoje, há outros objetivos, como a disciplina dos preços,
consumo, poupança, investimento...

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A fiscalização pressupõe o poder de regulamentação, pois ela visa precisamente controlar o


cumprimento das determinações daquele e, em sendo o caso, apurar responsabilidades e
aplicar penalidades cabíveis.

Já o incentivo, traz a idéia do estado promotor da economia. É o velho fomento, que


consiste em proteger, estimular, promover, apoiar, favorecer e auxiliar, sem empregar meios
coativos, as atividades particulares que satisfaçam necessidades ou conveniências de
caráter geral, tais como o cooperativismo, associativismo, microempresas etc...Pode se dar
por meio de isenções fiscais, abertura de crédito especial para o setor agrícola, aumento de
alíquotas para importação...

O planejamento é um processo técnico instrumentado para transformar a realidade


existente no sentido de objetivos previamente estabelecidos. O planejamento econômico
consiste assim, num processo de intervenção com o fim de organizar atividades econômicas
para obter resultados previamente colimados. Para Eros Roberto Grau: “a forma de atuação
estatal, caracterizada pela formulação explícita de objetivos e pela definição de meios de
ação coordenadamente dispostos, mediante a qual se procura ordenar, sob o ângulo
macroeconômico, o processo econômico, para melhor funcionamento da ordem social, em
condições de mercado”.

O processo de planejamento se instrumenta mediante a elaboração de planos. Muito


debatido na doutrina é a questão da obrigatoriedade dos planos, se os comandos das
previsões do plano vinculam ou não os sujeitos econômicos. Se vinculam a todos, estaremos
diante de um plano imperativo, caso contrário, um plano indicativo. Na verdade, o plano se
considera sempre imperativo para o setor público. No entanto, como há um setor privado na
economia, regido pelo princípio da livre iniciativa, o plano em relação a ele é meramente
indicativo, servindo-se de mecanismos indiretos para atrai-lo ao processo de planejamento.

Competência: A competência quase absoluta para a intervenção no domínio econômico é


da União (art. 21). No rol de sua competência administrativa privativa estão: elaboração e
execução de planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social, fiscalização de operações financeiras, reserva da função relativa ao
serviço postal, organização dos serviços de telecomunicações, radiodifusão, energia elétrica,
aproveitamento energético dos cursos d’água e os serviços de transporte...No rol de suas
competências legislativas privativas (art. 22) temos: comércio exterior e interestadual,
organização do sistema nacional de empregos, sistemas de poupança, captação e garantia
da poupança popular, diretrizes da política nacional de transportes, jazidas, minas e outros
recursos minerais.

Assim, pouco ou nada resta para as demais pessoas federativas, o que denuncia claramente
a supremacia da União como representante do Estado-Regulador da ordem econômica,
apesar de haver competência concorrente para legislar sobre direito econômico, produção e
consumo e meio-ambiente.Nestes casos, a competência da União encerra a produção de
normas gerais, cabendo às demais entidades políticas a edição de normas suplementares.

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III. DIREITO DO CONSUMIDOR. O SISTEMA DO CÓDIGO DE


DEFESA DO CONSUMIDOR.

A proteção jurídica do consumidor é conseqüência direta das modificações havidas os


últimos tempos nas relações de consumo e do avanço de uma economia de massa,
representando reação ao avanço rápido do fenômeno, que deixou o consumidor
desprotegido ante as novas situações decorrentes do desenvolvimento.

O consenso internacional em relação à vulnerabilidade do consumidor no mercado de


consumo é fato importante para o surgimento de sua tutela em cada país. Questão
relativamente recente no país, veio ganhando força com o surgimento de entidades, como o
PROCON, e com o advento da CF 88.

Fundamento Constitucional: art. 5º XXXII impõe ao Estado promover a defesa do


consumidor, além de ser princípio elencado na ordem econômica (art. 170).

Código de Defesa do Consumidor

Forma um subsistema autônomo, que vai reger completamente as relações de consumo. As


regras dos demais ramos do Direito só irão se aplicar subsidiariamente, em caso de lacunas,
quando houver. Caso contrário, aplicam-se diretamente as normas do CDC e somente elas.
Constitui, assim, um microssistema, possuindo normas que regulam todos os aspectos da
proteção do consumidor, coordenadas entre si, permitindo uma visão do conjunto das
relações de consumo, sem se deixar contaminar por outras regras dos demais ramos do
Direito. Como microssistema codificado, tem caráter interdisciplinar, outorgando tutelas
específicas para o consumidor, que compreendem: tutela civil, tutela penal, tutela
administrativa, tutela jurisdicional.

Suas normas são cogentes e imperativas, de observância obrigatória e cumprimento


coercitivo, de ordem pública e interesse social, inderrogáveis pela vontade das partes em
determinada relação de consumo, embora se admita a livre disposição de alguns interesses
privados. Há dessa forma uma clara disposição do Estado de intervir no mercado de
consumo em favor do consumidor vulnerável.

Elementos da Relação de Consumo:


1. Envolve basicamente o adquirente de um produto ou serviço e o fornecedor do
mesmo.
2. Se destina à satisfação de necessidade privada do consumidor

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3. O consumidor não dispõe de controle sobre a produção, prestação, se submetendo ao


poder e condições que o produtor oferece.

Objetivos da Tutela do Consumidor: Atendimento das necessidades dos consumidores;


transparência e harmonia nas relações de consumo, de molde a pacificar e compatibilizar
interesses eventualmente em conflito; garantir melhor qualidade de vida à população
consumidora, exigindo respeito à dignidade e assegurando produtos e serviços não nocivos
à vida, saúde e segurança dos adquirentes e usuários, coibindo os abusos praticados e
dando garantia do efetivo ressarcimento, no caso de ofensa a seus interesses econômicos.

Direitos Básicos do Consumidor:


• direito à indenização dos prejuízos que sofrer
• direito à segurança -direito à educação para o consumo
• direito à saúde e à vida
• direito a um meio ambiente saudável
• direito de escolha
• direito à proteção contratual
• direito de informação
• direito à melhoria dos serviços públicos
• direito de ser ouvido

Instrumentos da Defesa do Consumidor


• Educação formal e informal
• Agências Administrativas
• Associativismo
• Informação
• Serviço de atendimento das empresas
• Juizados Especiais Cíveis
• Assistência Jurídica/Defensorias Públicas
• Curadorias dos Ministérios Públicos
• Delegacias especializadas
• Outros: vigilância sanitária, institutos de pesos e medidas, cadastros nacionais
(SPC...) etc...

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PRINCÍPIOS ESPECIAIS ESTABELECIDOS NA LEI 8078/90.


1. Vulnerabilidade do Consumidor (Isonomia): é o próprio fundamento de sua proteção,
por ser a parte mais fraca das relações de consumo. Assim, numa relação desigual, impõe-
se tratá-lo desigualmente, na medida em que se desiguala. Conseqüência disto na
elaboração das normas jurídicas é que as novas leis devem sempre manter ou ampliar o
conteúdo protetivo. Além disso, o sancionamento e a interpretação das cláusulas e normas
jurídicas deve ser sempre mais favorável ao consumidor, em razão do cunho protetivo da
legislação e da sua inexperiência e vulnerabilidade. Art. 4, I CDC

2. Presença do Estado / Dirigismo contratual: é corolário do princípio a vulnerabilidade,


pois se há desigualdade, o Estado vai vir a ser chamado a proteger a parte mais fraca, por
meios legislativos e administrativos, se manifestando na criação de órgãos administrativos
oficiais de defesa do consumidor, na edição do CDC, etc...art. 4, II CDC

3. Harmonização dos Interesses: não objetiva o confronto ou acirramento de ânimos. A


proteção do consumidor deve se compatibilizar com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, em face da própria dinâmica das relações de consumo.art. 4 , III
CDC.

4. Coibição de abusos: Deve-se garantir a repressão aos atos abusivos, a punição de seus
autores e o respectivo ressarcimento e a atuação preventiva para evitar a ocorrência de
novas práticas abusivas.art. 4, VI.

5. Incentivo ao Auto-controle: Deve-se incentivar que providências necessárias sejam


tomadas pelos próprios fornecedores. Isto pode se dar através de um maior controle de
qualidade e segurança por parte dos próprios fornecedores, da prática do recall (convocação
dos consumidores que tenham adquiridos produtos de uma sér5ie defeituosa) e da criação
de serviços de atendimento ao consumidor. Art. 4, V

6. Conscientização do consumidor e fornecedor: Em relação aos seus direitos e deveres,


o que inevitavelmente levará à harmonização de seus interesses, na medida em que quanto
maior o grau de conscientização, menor será o índice de conflito. Se dá através da educação
formal e informal.art. 4, IV

7. Melhoria dos serviços públicos: Tanto a área privada quanto a pública estão obrigadas
a prestar serviços eficientes e seguros. Art. 4 VII

8. Boa-fé objetiva: É o princípio que impõe às partes um dever de lealdade, é fonte de


novos deveres especiais de conduta durante o vínculo contratual, denominados deveres
anexos (de esclarecimento, aconselhamento, cooperação, cuidado, segurança...). É causa
limitadora do exercício abusivo dos direitos subjetivos, impondo às partes um dever de
lealdade recíproca, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, respeitando os interesses
legítimos e expectativas do outro contratante, de forma a buscar o cumprimento do objetivo

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contratual e a realização dos interesses de ambas as partes. Está intimamente ligado à


função social dos contratos. A lei contém presunções absolutas e relativas para assegurar o
equilíbrio entre as partes e conter as formas sub-reptícias de abusos e fraudes engendradas
pelo poder econômico para burlar o intuito de proteção, tais como a proteção contra a
propaganda enganosa ou abusiva, a inversão do ônus da prova em favor do consumidor (
quando hipossuficiente na produção das provas e sua alegação for verossímil), na
responsabilidade solidária pelos vícios e defeitos dos produtos e serviços etc... art. 4, III

9. Equilíbrio ou Equidade ou Justiça contratual: É o princípio que impõe um equilíbrio


entre direitos e deveres dos contratantes, entre prestação e contraprestação, proibindo as
cláusulas abusivas, que onerem excessivamente uma das partes e impondo a revisão ou
resolução do contrato em função da onerosidade excessiva superveniente.

10.Transparência: é corolário da cláusula geral de boa-fé, se manifestando no dever de


informar que existe entre as partes contratantes, sobre as reais vantagens e desvantagens
do negócio, impondo uma redação clara aos contratos escritos.art. 4 caput. CDC

11. Confiança: pretende proteger prioritariamente as expectativas legítimas que nasceram


no outro contratante, o qual confiou na postura, nas obrigações assumidas e no vínculo
criado através da declaração do parceiro. Vem a proteger mais a vontade em relação à
declaração. Se traduz na proteção da confiança no vínculo contratual e na prestação
contratual. Assim, os motivos, quando razoáveis e amparados na boa-fé, passam a integrar a
relação contratual, protegendo as legítimas expectativas dos consumidores.

12. Relativização da força obrigatória dos contratos: O princípio clássico de que o


contrato não pode ser modificado ou suprimido senão através de uma nova manifestação
volitiva das mesmas partes contratantes agora é limitado. Aos juízes é permitido um controle
do conteúdo do contrato, devendo ser suprimidas as cláusulas abusivas e ser aplicada a
teoria da imprevisão, quando for o caso. Nas novas tendências sociais da noção de contrato,
o papel dominante é o da lei, que restringe o espaço da autonomia da vontade (
intervencionismo.) É uma reação à diminuição da liberdade de contratar, fenômeno atual que
tem como manifestação a proliferação dos contratos de adesão.

13. Facilitação do acesso à justiça e do sancionamento das desconformidades do


consumo: É o princípio que possibilita uma maior facilidade no exercício de seus direitos, o
que se concretiza na inversão do ônus da prova, na tutela coletiva de seus direitos, na
responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores, no desenvolvimento de núcleos
especializados na defesa do consumidor nas Defensorias e no Ministério Público, etc...

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CONSUMIDOR: CONCEITO E ESPÉCIES


Para os autores do CDC, o conceito de consumidor adotado foi exclusivamente de caráter
econômico.

Antonio Herman Benjamin: “é todo aquele que, para seu uso pessoal, da sua família ou dos
que se subordinam por vinculação doméstica ou protetiva a ele, adquire ou utiliza produtos,
serviços ou qualquer outros bens ou informação colocados à disposição por comerciantes ou
por qualquer outra pessoa natural ou jurídica, no curso de sua atividade ou conhecimento
profissionais”.

CDC art. 2: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou
serviços como destinatário final.”.

Pessoa Jurídica:
É certo que pode ser considerada consumidora em relação à outra, apesar de haver corrente
minoritária defendendo o oposto. A jurisprudência se inclina pela possibilidade,mas tal
condição depende de 3 elementos:

a) Os bens adquiridos devem ser bens de consumo e não de capital. (deve ser, portanto
destinatária final, o que também é requisito para o consumidor pessoa física).
b) Deve haver entre fornecedor e consumidor um desequilíbrio, que favoreça o primeiro.
Se ambos estiverem em pé de igualdade aplica-se o CC. Uma boa parte da doutrina
não entende necessário que haja este desequilíbrio.João Batista de Almeida entende
que o CDC contempla tanto a pessoa física como a jurídica, não se excluindo
nenhuma das duas por terem capacidade financeira. A diferença que haverá para o
consumidor hipossuficiente é que terá benefícios especiais, tais como a inversão do
ônus probatório. Ainda assim, há quem entenda que esta hipossuficiência requerida é
probatória (menor capacidade para produzir determinada prova) e não financeira.
c) Deve se observar se determinada pessoa jurídica contratou um serviço ou adquiriu um
produto para satisfazer necessidade imposta por lei ou pela natureza do negócio
(requisito elencado pelos autores do CDC).

Ex: Î aquisição de alimentos para operários de fábricas;


Î Aquisição de máscaras, capacetes, etc...
Î Detetização da creche para os filhos dos operários.

Em todos os casos citados, a pessoa jurídica figura como consumidora.

Quanto à expressão destinatário final, há controvérsia:

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1. Finalistas: o consumidor deve ser somente a parte vulnerável e a expressão


destinatário final deve ser interpretada de forma restrita. Consumidor
seria apenas aquele que adquire o bem para utiliza-lo em proveito
próprio e não para revenda ou para acrescenta-lo à cadeia produtiva.

2. Maximalistas: O CDC vem como novo regramento do mercado de consumo, não


protegendo somente o consumidor não profissional. Interpretam o art. 2
extensivamente, pois traz definição puramente objetiva, não importando
se a pessoa física ou jurídica tem ou não fim de lucro quando adquire um
produto ou serviço. Destinatário final seria destinatário fático do produto.
A crítica que se faz a esta teoria é que dizer que o CDC se aplica
indistintamente às pessoas jurídicas, seria negar a própria epistemologia
do sistema.

Contudo, não há que se fazer distinção entre uso pessoal e profissional. Ex: advogado que
adquire livro, médico que adquire instrumentos – são consumidores. O critério é o de
ausência de finalidade de intermediação ou revenda. Já se decidiu que empresa de celulose
que adquire formicidas para aplicação em suas florestas é consumidora.

Além disso, pressupõe-se, para ser considerado consumidor, que adquira de fornecedor,
estando os dois conceitos intimamente conexos. Se adquire produto ou serviço como
destinatário final, mas não adquire de pessoa que se caracterize como fornecedor, não se
constitui relação de consumo e não será regida pelas normas do CDC.

Consumidores por equiparação:

1. A Coletividade de consumidores
É natural que se previna o consumo de produtos nocivos e perigosos, beneficiando-se
abstratamente as universalidades e categorias de potenciais consumidores, ou, já provocado
o dano conferir-lhes instrumentos jurídico-processuais para que possam obter a justa e mais
completa reparação dos danos.

O art. 2, parágrafo único dispõe

“equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja


intervindo nas relações de consumo.”

Assim, beneficia-se a coletividade, como a família, os usuários dos serviços bancários


(indeterminados), etc... conferindo-lhes instrumentos para a recomposição dos danos que
atingem interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Isto é muito importante
principalmente nos casos em que, individualmente considerados, os danos são ínfimos,
desestimulando que a parte pleiteie em juízo o ressarcimento, mas se considerados na sua
totalidade têm proporções muito maiores.

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2. Bystanders

Art. 17 CDC: “equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”.

Esta disposição tem o condão de quebrar a diferença existente entre responsabilidade


contratual e extracontratual, no tocante às relações de consumo. Não importa se o indivíduo
é consumidor do produto ou serviço defeituoso que ocasionou o dano, terá a mesma tutela
que é conferida ao consumidor. Abrange, portanto, pessoas estranhas à relação de
consumo, mas que sofreram prejuízo em virtude dos defeitos intrínsecos ou extrínsecos do
produto ou serviço.

Ex: automóvel com defeito vem a provocar acidente, atropelando terceiro; acidente ocorrido
com antena de celular que vem a cair, atingindo pessoa que não tem telefone celular.

3. Pessoas expostas ás práticas abusivas

Art. 29: “equiparam-se a consumidores todas as pessoas, determinadas ou não,


expostas às práticas nele previstas.”

Exige-se a simples exposição à prática, mesmo que não se consiga apontar concretamente
um consumidor que esteja em vias de adquirir ou utilizar um produto ou serviço.

Um juiz ou promotor não pode esperar o exaurimento da relação de consumo para atuar
nestes casos. Por tratar de atividades que trazem enorme potencial danoso, de caráter
coletivo ou difuso, é mais justo e econômico evitar que o gravame venha a se realizar.

Ex: outdoor com propaganda que estimula o racismo, propaganda na tv incitando a


violência... Qualquer pessoa que seja exposta à prática, individualmente considerada ou a
própria coletividade será considerada consumidora para efeito de ser tutelada pelas normas
do CDC, independentemente de adquirir ou não o produto ou serviço anunciado.

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Bibliografia:

Washington Peluso Albino de Sousa;


Toshio Mukai;
José Afonso da Silva;
Paula A. Forgioni;
Eros Roberto Grau;
José Santos Carvalho Filho;
Paulo Bessa Antunes;
Paulo Affonso Leme Machado;
Diogo de Figueiredo Moreira Neto;
Código de Minas (decreto-lei 227/67);
CDC comentado pelos autores;
A proteção jurídica do consumidor (João Batista de Almeida – Subprocurador Geral);
Rizatto Nunes;
Claudia Lima Marques;

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