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Orientadora
Profa. Dra. Cármen Lúcia Brancaglion Passos
São Carlos
2007
O Jogo nas Aulas de Matemática: Possibilidades e Limites
São Carlos
2007
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus por me dar forças para chegar aonde cheguei.
Agradeço aos familiares que sempre me incentivaram, em especial a meu pai e a minha mãe.
Agradeço aos amigos pelo apoio e os bons momentos compartilhados.
Agradeço ao meu namorado Celso pelo carinho e por estar ao meu lado nos momentos
difíceis
Agradeço a orientadora Cármen pela dedicação, paciência e por todas as contribuições ao
longo do desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço aos professores pelas contribuições que possibilitaram a minha formação em
Licenciatura em Pedagogia.
Resumo
The present work was delineated from theoretical studies related to the use of
the game in Mathematics teaching/learning processes. First we aimed to define the term game
and the types of existing games. We also point the importance of this methodological resource
in Mathematics classes. After that, we showed the moments of the game, mathematical
concepts development through this activity and also its importance to the development of
mental arithmetic ability. We emphasize the problem resolution methodology as the most
adjusted for game application in classroom. Later, we presented a referential for elaboration
of a work project with games, mentioned some recommendations to start an activity with this
methodological resource and presented some games with theirs respective
didactical/pedagogical potentialities. Finally, we done a research with teachers of children’s
classes in elementary school to verify if they use the game to teach mathematical concepts and
how it happens. Analyzing this research we verify that the percentage of teachers that use
games is still small and between those that use this resource, there are occasions that
pedagogical interventions are not noted, however these contribute a lot for the learning of
Mathematics concepts in game situation.
Introdução.................................................................................................................................. 7
em sala de aula...................................................................................................42
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 56
APÊNDICES.............................................................................................................................58
Apêndice B – Questionário.................................................................................61
Introdução
Sabe-se da importância deste elemento nas aulas, mas ainda fica o seguinte
questionamento: Os professores das séries iniciais consideram que o jogo é um recurso
pedagógico importante para o processo de ensino-aprendizagem da Matemática?
Tendo em vista esta questão o objetivo deste trabalho é investigar como
professores das séries iniciais do Ensino Fundamental utilizam o jogo nas aulas de
Matemática. Desse modo, foi desenvolvida uma pesquisa de cunho qualitativo a partir de um
estudo teórico sobre diferentes concepções em relação ao uso de jogos no ensino e no ensino
da Matemática. Além disso, foi investigado na literatura diferentes tipos de jogos para o
ensino da matemática. Na prática foi desenvolvida uma investigação com professores das
séries iniciais, primeiramente a partir de um questionário, no qual se procurava localizar
professores que faziam uso de jogos nas aulas de Matemática. Dos vinte questionários
entregues numa escola pública de São Carlos, tivemos retorno de apenas cinco. Depois de
analisados esses questionários, foram selecionadas duas professoras que faziam uso regular de
jogos em suas aulas para uma entrevista semi-estruturada, na qual buscou-se compreender
como elas concebiam o jogo nas atividades matemáticas. As entrevistas foram áudio-gravadas
e transcritas na íntegra. A análise dos dados das duas entrevistas foi realizada considerando o
estudo teórico realizado.
Este trabalho está estruturado em três partes: a primeira visa explicitar o que
autores definem sobre o termo jogo (Capítulos 1 e 2), na segunda a argumentação sobre a
utilização do jogo em sala de aula e também para responder ao questionamento acima
(Capítulos 3 e 4), a terceira parte apresenta a pesquisa relacionada ao uso de jogos pelos
professores de uma escola estadual de São Carlos (Capítulo 5).
Desta forma, no primeiro capítulo procuramos definir o termo jogo, quando
nos propomos a trazer as diferentes concepções de jogo encontradas, bem como caracterizar
os diversos tipos de jogos na concepção de alguns autores: Borin (1996), Caillois (1967),
citado por Kishimoto (2003), Grando (2004), Henriot (1983), citado por Kishimoto (2003),
Huyzinga (1990), Kishimoto (2003) e Wittgenstein (1975), citado por Kishimoto (2003).
Nesse capítulo ainda apresentamos uma reflexão sobre a importância do jogo no processo
ensino-aprendizagem da Matemática bem como as suas potencialidades didáticas –
pedagógicas.
No segundo capítulo procuramos enfatizar a importância do cálculo mental no
processo de aprendizagem da matemática e estabelecer a relação da utilização deste no
desenvolvimento do jogo. Além disso, discutimos em quais momentos do jogo podem estar
9
CAPÍTULO 1
Grando (2004) estabelece que o jogo é uma atividade lúdica que envolve o
desejo e o interesse do jogador e, além disso, envolve a competição e o desafio e estes
motivam o jogador a conhecer seus limites e suas possibilidades de superação na busca da
vitória, adquirindo confiança e coragem para se arriscar. Segundo a autora, tais características
do jogo justificam seu uso nas aulas de matemática.
Embora haja inúmeras definições, o nosso estudo está voltado para o jogo no
ensino da Matemática, mais especificamente na compreensão dos aspectos envolvidos na
utilização deste elemento no processo ensino-aprendizagem da Matemática. Por isso, o jogo
será abordado relacionando-se a Matemática e suas implicações na sala de aula.
Jogos de azar:
São aqueles que dependem do fator sorte para ser vencido, pois o jogador não
interfere em seu desfecho. Como exemplos deste tipo de jogo podemos citar: par ou ímpar,
lançamento de dados, loterias, cassinos, etc.
Jogos quebra-cabeça:
Na maioria das vezes é jogado individualmente e a solução é desconhecida.
Exemplos deste tipo de jogo são: quebra-cabeças, enigmas, charadas, paradoxos, falácias,
probleminhas e Torre de Hanói.
Jogos de estratégia:
Também conhecidos por jogos de construção de conceitos, são jogos que
dependem exclusivamente dos jogadores para vencê-los, através da elaboração de uma
estratégia, pois a sorte e a aleatoriedade não influenciam. Damas e xadrez são exemplos deste
tipo de jogo.
Na concepção de Krulik e Rudnik (1983) citados por Borin (1996), os jogos de
estratégia têm por principal meta desenvolver o raciocínio lógico e caracterizam-se por
possuir uma estratégia vencedora a ser descoberta pelos jogadores. A sorte não interfere neste
tipo de jogo. Em busca da estratégia vencedora, o aluno formula hipóteses, argumenta e testa
a validade das hipóteses criadas. No início do jogo de estratégia os alunos utilizam o
raciocínio indutivo, pois observam o ocorrido em algumas jogadas para tentar conjecturar
estratégias vencedoras. O exercício do raciocínio dedutivo se faz presente nas escolhas das
jogadas, baseadas na análise das jogadas certas e erradas, fazendo o jogador formular
estratégias a todo o momento.
que necessitarem de reforço em um determinado tópico. Ao trabalhar com este tipo de jogo o
professor deve ter em mente os objetivos a serem alcançados, para que não ocorra a
valorização do pensamento mecânico e algoritmo. Neste tipo de jogo a sorte muitas vezes
interfere no resultado final, e este fator pode interferir no objetivo do jogo utilizado na
educação matemática, que é a aprendizagem com grande motivação.
Jogos computacionais:
Jogos pedagógicos
Moura (1994) recomenda que o jogo seja utilizado como recurso metodológico
em sala de aula, pois em sua concepção:
CAPÍTULO 2
O jogo tem um curso natural que vai da imaginação pura para a experimentação e a
apreensão do conceito. No princípio se é solicitado a jogar. E o jogo puro, é a
brincadeira que instiga o imaginário, é a fantasia que, através das regras, vai levar ao
desenvolvimento do jogo e ao conteúdo sistematizado. (MOURA, 1990, p. 65).
O jogo pode, ou não, ser jogo no ensino. Ele pode ser tão maçante quanto uma
resolução de uma lista de expressões numéricas: perde a ludicidade. No entanto,
resolver uma expressão numérica também pode ser lúdico, dependendo da forma
como é conduzido o trabalho. O jogo deve ser jogo do conhecimento, e isto é
sinônimo de movimento do conceito e de desenvolvimento. (MOURA, 1990, p. 65).
CAPÍTULO 3
Moura (1991) pontua que é nas séries iniciais que existem maiores
possibilidades de trabalhar o problema e o jogo como elementos semelhantes, pois ambos se
unem através do lúdico. Para ele, as situações de ensino devem ter caráter lúdico para
24
- o jogo favorece a integração social entre os - a coerção do professor, exigindo que o aluno
alunos e a conscientização do trabalho em grupo; jogue, mesmo que ele não queira, destruindo a
voluntariedade pertencente à natureza do jogo;
- a utilização dos jogos é um fator de interesse para
os alunos; - a dificuldade de acesso e disponibilidade de
material sobre o uso de jogos no ensino, que
- dentre outras coisas, o jogo favorece o possam vir a subsidiar o trabalho docente.
desenvolvimento da criatividade, do senso crítico,
da participação, da competição “sadia”, da
observação, das várias formas de uso da
linguagem e do resgate do prazer em aprender;
Por exemplo, o ambiente da sala onde serão desencadeadas as ações com jogos,
deve ser propício ao desenvolvimento da imaginação dos alunos, principalmente se
se tratar de crianças, de forma que, ao trabalharem em grupos, eles possam criar
novas formas de se expressar, com gestos e movimentos diferentes dos normalmente
"permitidos" numa sala de aula tradicional. É necessário que seja um ambiente onde
se possibilitem momentos de diálogo sobre as ações desencadeadas. Um diálogo
entre alunos e entre professor e aluno, que possa evidenciar as formas e/ou
estratégias de raciocínio que vão sendo utilizadas e os problemas que vão surgindo
no decorrer da ação. Nesse ambiente, todos são chamados a participar da
brincadeira, respeitando aqueles que não se sentem à vontade, num primeiro
momento, de executar a brincadeira, criando alternativas de participação, tais como:
observação dos colegas, juiz do jogo ou monitor das atividades. (GRANDO, 2000,
p. 50).
CAPÍTULO 4
1
As indicações de ano aqui empregadas seguem as determinações do MEC sobre a reorganização do Ensino
Fundamental para nove anos, dada pela Lei 11.114, de 16 de maio de 2005. A partir desta Lei há a seguinte
divisão: anos iniciais (1º a 5º ano) e anos finais (6º a 9º ano), com o ingresso do aluno a partir os seis anos no
Ensino Fundamental.
30
CUBRA
E
DESCUBRA
4.1.2. Um Exato
O jogo Um Exato (SMOLE, 2007, p. 43-44) é indicado para ser utilizado nos
2º e 3º anos e auxilia a reconhecer e nomear números naturais, a justificar respostas e o
processo de resolução de um problema e a efetuar adições e subtrações mentalmente.
Organização da classe: em duplas
Recursos necessários: quadro da centena numerado como mostra a Figura 2,
três dados e 15 marcadores de cores diferentes para cada jogador.
Meta: conseguir chegar exatamente ao 1.
Regras do jogo:
1. Cada jogador coloca o seu marcador na casa de número 100 do quadro da
centena.
31
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
Meta: ser o primeiro a alinhar três fichas de mesma cor, ou ter o menor número
de pontos quando acabarem as fichas a serem colocadas no tabuleiro.
Regras do jogo:
Um ponto é ganho por um jogador quando ele coloca uma ficha num
espaço desocupado que seja vizinho (adjacente) a um com uma outra
ficha na vertical, horizontal ou diagonal, não importa a cor;
6. Quem colocar, em seguida, três fichas de sua cor em linha reta (diagonal,
horizontal ou vertical) ganha o jogo. Se as fichas acabarem antes que
alguém alinhe três fichas, ganha o jogo quem tiver o menor número de
pontos.
Problematizações:
Júlio quer marcar o 18. Quais números ele precisa tirar nos dados?
36 1 6 5 8 15
3 25 4 30 16 10
24 2 20 2 8 9
4.1.4. Contig 60
Regras do jogo:
1. Duas equipes oponentes escolhem aquela que será a sua marca (por
exemplo, X ou 0) e jogam alternadamente.
2. Cada jogador, na sua vez, lança os três dados e escolhe uma expressão
envolvendo os três números obtidos, usando uma ou duas operações; calcula o
valor da expressão e coloca sua marca na casa do tabuleiro com esse resultado
desde que ela não esteja ocupada.
3. Cada jogador inicia o jogo com 60 pontos e, cada vez que coloca uma
de suas marcas no tabuleiro, ele subtrai um ponto para cada casa ocupada,
vizinha da casa que ele vai marcar. Por exemplo: se o jogador for marcar a
casa 30 e outras marcas estão em 4, 29 e 60, sejam suas marcas ou do
oponente, o jogador deve subtrair três pontos de seu total.
4.1.5. Kalah
Regras do jogo:
4. O jogador deverá colocar uma semente em seu oásis toda vez que
passar por ele e continuar a distribuição, sem colocar nenhuma semente no
oásis adversário;
Situações-problema:
12 11 10 9 8 7
A (3) (3) (3) (3) (3) (3)
(0) (0)
1 2 3 4 5 6
12 11 10 9 8 7
A (1) (2) (3) (0) (0) (0)
(9) (13)
B (0) (0) (0) (1) (3) (4)
1 2 3 4 5 6
38
Jogo NIM (GRANDO, 2004, p. 73-81) é um jogo de lógica que possibilita aos
alunos construírem um modelo de representação da solução da situação-problema de jogo: a
estratégia máxima (investigação da estratégia que garante a um jogador sempre vencer). Para
desenvolverem tal estratégia, os alunos necessitam construir habilidades de resolução de
problemas, explorar o raciocino hipotético-dedutivo, generalizar soluções e procedimentos,
observar regularidades e descrever os resultados por meio de um modelo matemático. Estão
envolvidos neste jogo os seguintes conceitos: divisão com valorização do resto na divisão não
exata; formulação do algoritmo de Euclides (dividendo = divisor X quociente + resto),
conceitos de divisibilidade e multiplicidade, cálculo mental e pensamento algébrico.
Regras do jogo:
Quem inicia a partida e sabe a estratégia, sempre vence. Faz parte da estratégia
máxima iniciar o jogo. É possível que o jogador que não domine a estratégia máxima e não
inicie o jogo vença seu adversário. Após a construção da estratégia máxima, por um dos
40
Krulik e Rudnik (1983), citados por Borin (1996) também estabelecem alguns
critérios para que o jogo promova a aprendizagem em Matemática. São eles:
O jogo deve ser para dois ou mais jogadores: é sugerido que sejam
organizados grupos de quatro alunos, distribuídos em duas equipes,
pois esta formação facilita a troca de informação, a colaboração nas
conclusões, contribui para as deduções das estratégias entre os
participantes, além de facilitar o trabalho de observação, avaliação e
intervenções do professor.
O jogo não deve ser apenas mecânico e sem significado para os alunos:
é recomendada a escolha de jogos interessantes e desafiadores, nos
quais os conteúdos estejam compatíveis com o nível dos alunos e
tenham resolução possível.
O jogo deve permitir que cada jogador possa fazer a jogada dentro das
regras, sendo a sorte um fator secundário ou inexistente.
.
42
Macedo, Petty e Passos (2000) analisando uma equipe de trabalho2 que utiliza
oficinas de jogos no atendimento psicopedagógico a crianças e para o aperfeiçoamento de
profissionais da área educacional, destaca que a aplicação em sala de aula deste recurso
pedagógico requer uma organização prévia e uma reavaliação constante. Neste sentido o autor
propõe um referencial para um projeto de trabalho com jogos, porém enfatiza que o professor
pode fazer adaptações necessárias de acordo com sua realidade. Desta forma, os itens
contemplados na sugestão do autor são:
Objetivo: fundamental para direcionar o trabalho e dar significado às
atividades, bem como para estabelecer a extensão das propostas e as eventuais conexões com
outras áreas envolvidas.
Público: é preciso saber a faixa etária e o número de participantes e
também conhecer as características do desenvolvimento da criança que possam interferir nas
condições favoráveis, como tempo de concentração, grau de conhecimento do jogo e temas de
interesse.
Materiais: é necessário organizar, separar e produzir previamente o
material para a realização da atividade para manter a rotina de trabalho sem que haja
interrupções.
Adaptações: no momento do jogo o professor deve sugerir situações
desafiantes, tornando as atividades mais significativas para os alunos.
Tempo: é preciso considerar o tempo disponível em relação ao tempo
necessário para a realização das propostas, pois ao ser aprovado pelos alunos o jogo pode ter
uma duração maior que o previsto.
Espaço: em sala de aula os alunos podem jogar em mesas bem
organizadas ou no chão, se este estiver limpo e os alunos aceitarem realizar atividades neste
espaço.
Dinâmica: é necessário planejar as estratégias para a aplicação do jogo,
desde as instruções até a finalização da proposta.
Papel do adulto: dependendo da proposta o professor pode
desempenhar diferentes papéis: apresentar o jogo, atuar como jogador, assistir a partida, ser o
juiz ou circular pela classe.
2
Laboratório de Psicopedagogia (LaPp) do Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo
43
CAPÍTULO 5
PESQUISA DE CAMPO:
INVESTIGANDO A UTILIZAÇÃO DO JOGO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NAS
SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
3
A instituição ainda não segue as determinações do MEC sobre a reorganização do Ensino Fundamental para
nove anos, dada pela Lei 11.114, de 16 de maio de 2005. Nesta instituição as séries iniciais do Ensino
Fundamental estão organizadas em: primeira série, segunda série, terceira série e quarta série.
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Bingo de Números, Nunca 10, Corrida dos Fatos, Jogo da Velha com a utilização de
operações matemáticas, Jogo da Memória e Dominó com as quatro operações e seus
respectivos resultados. Dentre os professores que não têm utilizado o jogo nas aulas de
Matemática, dois argumentam que há a necessidade de privilegiar a alfabetização, em
detrimento da Matemática e outras disciplinas curriculares, pois, segunda eles, seus alunos
ainda não estão alfabetizados.
Serão analisadas, a seguir, as duas entrevistas realizadas com, respectivamente,
uma professora da terceira e a uma professora da segunda série. Para manter seus nomes em
anonimato, será utilizado P1 para se referir a primeira e P2 para se referir à segunda.
Já a P2 deixa explícito que também utiliza jogos nas aulas de Matemática, fato
que pode ser verificado em seu relato:
(..) quando vou trabalhar um conteúdo ... eu trabalho bingo, que é uma forma lúdica
de você estar trabalhando os numerais, trabalhei agora no comecinho do ano.
Trabalhei corrida dos números, que eles teriam que jogar os dados e estar contando
47
as casas, a quantidade de números que saiu no dado e trabalhei também adição com
os fatos e o resultado. Foram estes três tipos este ano. (P2 em entrevista)
A P2 argumenta que, pelo fato de sua atual classe ser agitada, ela somente
trabalhou com o jogo nas aulas de Matemática três vezes, porém enfatiza que em classes
anteriores pôde desenvolver aulas com jogos mais vezes. Esse fato pode ser considerado
como uma das desvantagens do uso do jogo nas aulas de matemática. É previsível que
ocorram mais conversas e agitação quando são introduzidas atividades desse tipo. Entretanto,
não deve ser um impedimento para sua utilização. Grando (2003) faz referências às
desvantagens do uso de jogo quando provoca mais conversas na classe, esclarece que o jogo é
uma atividade lúdica, envolve o desejo e o interesse do jogador, também envolve a
competição e o desafio que motivam o jogador a conhecer seus limites e suas possibilidades
de superação na busca da vitória, adquirindo confiança e coragem para se arriscar. A dinâmica
de uma aula em que esses desafios estão presentes provoca mais agitação e conversas, que
precisam ser previstas pelo professor.
Eu acho que eles se interessam bastante, eles vêem assim, de uma forma mais
agradável de estar aprendendo. Não é aquela coisa maçante de estar passando, por
exemplo, a atividade na lousa e eles estarem resolvendo sem nenhum propósito. Eu
acho que seria mais o incentivo, de eles estenderem melhor a matéria. (P2 em
entrevista)
Em relação ao conteúdo a P1 reforça que: “Com certeza é bem mais fácil eles
[os alunos] assimilarem o conteúdo. É mais fácil deles entenderem (...) é bem mais fácil. Eu
senti diferença”. (P1 em entrevista) A mesma ainda menciona outra potencialidade do jogo:
“Eu diria que maior rapidez no raciocínio. Eu acho que é muito mais fácil eles assimilarem.
Então eles são mais rápidos (...)” (P1 em entrevista)
Na verdade eu acho que eles são um pouquinho egocêntricos. Então eu acho assim,
eu vou dar, por exemplo, eu vou dar alguma coisa que eles têm que dividir peças,
então eles querem tudo para um, tudo para outro. Então até trabalhar bastante a
regra, estar trabalhando bastante a cooperatividade, a solidariedade... então é um
pouquinho complicado, mas por serem crianças de segunda série, da para trabalhar
um pouquinho melhor; as crianças de séries mais... assim, crianças menores, de
menos idade, já é mais complicado. (P2 em entrevista).
Eu vejo assim, que além deles [os alunos] estarem aprendendo o conteúdo eu vejo
que ao trabalharem as regras, eles aprendem a respeitar um pouco mais. E por eles
mesmos estarem confeccionando, trabalhar, fazerem coletivamente as regras, eu
acho que tem esta vantagem do respeito, trabalhar com os valores. (P2 em
entrevista).
49
Por enquanto nenhuma. Acredito que não. É que, também, eu estou no começo do
ano. É meu segundo ano na profissão. Então eu estou devagar ainda, escolhendo
coisas. Mas, por enquanto não, nem desvantagens, nada de negativo. Pelo
contrário... (P1 em entrevista).
É claro que, quando usamos o jogo em sala de aula, o barulho é inevitável, pois só
através de discussões é possível chegar-se a resultados convincentes. É preciso
encarar esse barulho de forma construtiva, sem ele, dificilmente, há clima ou
motivação para o jogo (BORIN, 1996. p. 12)
Já a P2 enfatiza que:
Bom, eu vou passando, por exemplo, se for dupla, trio, dependendo de como é o
jogo, eu vou passando, vou fazendo algumas interferências, vendo se eles estão
jogando certinho. Se estão fazendo alguma coisa errada, mando eles lerem a regra,
retomar de novo o jogo, até eles entenderem a função do jogo e por que eles estão
jogando, o motivo, o objetivo mesmo seria. (P2 em entrevista)
fato que precisa ser retomado e que uma nova postura poderá trazer outros resultados para a
aprendizagem dos alunos, conforme podemos perceber em sua fala:
Na verdade este ano registrei só uma vez, quando eles fizeram o jogo de fatos. Eles
brincaram depois registraram no caderno. Mas eu acho que neste ponto eu tenho que
retomar mais porque, assim, às vezes eu acho que o jogo acaba se perdendo um
pouquinho. Então eu acho que falta este registro. Tenho que dar uma retomada nisso
mesmo (P2 em entrevista realizada em 22 de Maio de 2007)
(...) O jogo que eu dei da Corrida dos Números, assim, sei que são números
pequenos, mas como eram crianças com defasagem de aprendizagem grande, ao
jogar os dados, eles iam calculando e, agora eu percebo assim que no decorrer das
aulas, algum probleminha que eles fazem, tem crianças, não todas, mas eles
desenvolvem bastante o cálculo mental. Então, acho que para algumas crianças eu
acho que facilitou bastante, principalmente na Corrida dos Fatos, no Jogo dos Fatos
com adição, subtração, muitas crianças faziam mentalmente, não precisaram de
registro nenhum. (P2 em entrevista)
Avaliação. Eu acho que a gente faz avaliação contínua. Mas sempre há uma
avaliação de registro também que depois você faz para ver se conseguiu assimilar.
Mesmo citando o jogo ou conversando, tudo é avaliado. O momento do jogo
também é muito avaliado: participação, quem sabe que está olhando, quem não está
prestando atenção, quem está gostando, quem não está. Tudo é avaliado, dentro e
fora, depois do jogo. (P1 em entrevista)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente que o jogo deve ser utilizado em sala de aula, portanto, antes de
iniciar a atividade o professor precisa elaborar um projeto de trabalho com este recurso
metodológico, analisando a potencialidade educativa que o jogo apresenta e o aspecto
curricular que deseja desenvolver.
No momento do jogo é fundamental que o professor realize boas intervenções
pedagógicas para que os alunos possam atuar ativamente no processo de construção de
conceitos matemáticos. Também cabe ao professor criar um ambiente propício ao
desenvolvimento desta atividade e escolher jogos que proporcionem desafios aos alunos.
Retomando a questão inicial “Os professores das séries iniciais consideram que
o jogo é um recurso pedagógico importante para o processo de ensino-aprendizagem da
Matemática?” pode-se concluir que, embora seja evidente a importância do jogo no processo
ensino aprendizagem da Matemática, a pesquisa realizada com professores das séries iniciais
do Ensino Fundamental de uma escola estadual do município de São Carlos, demonstrou que
ainda são poucos os professores que utilizam este recurso metodológico em sala de aula. Foi
percebido também que vários professores priorizam a alfabetização em detrimento do trabalho
com conteúdos matemáticos. Dentre os professores que utilizam o jogo nas aulas de
Matemática, foi verificado que eles não têm clareza da importância do registro das jogadas
55
bem como das intervenções pedagógicas para o aprendizado dos conceitos matemáticos pelos
alunos.
Este quadro deve ser modificado. É necessário que os professores, em sua
formação primeira e também através da formação continuada, sejam capacitados a utilizar
recursos metodológicos que possibilitem os alunos aprenderem de forma interessante e
significativa. Nas aulas de Matemática o jogo é um importante aliado, pois sendo bem
orientado este contribui muito para que os alunos aprendam conceitos matemáticos.
Vale destacar que vários estudos enfatizam que ao jogar os alunos passam por
situações de resolução de problemas, investigam e descobrem melhores jogadas, refletem e
analisam as regras, estabelecendo relações entre os elementos do jogo e os conceitos
matemáticos. O jogo possibilita uma situação de prazer e aprendizagem significativa nas aulas
de matemática.
Ficou nítida a importância do jogo nas aulas de matemática, porém este estudo
evidenciou que estas aulas devem ser bem planejadas e orientadas pelo professor para que a
atividade não tenha um caráter de “jogar por jogar” e sim que possa auxiliar os alunos no
desenvolvimento de habilidades como observação, análise, levantamento de hipóteses, busca
de suposições, reflexão, tomada de decisão, argumentação, que estão relacionadas ao
raciocínio lógico, como vimos anteriormente.
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Referências Bibliográficas
BORIN, J. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática. São
Paulo: IME – USP, 1996. 110 p.
CARVALHO, Dione L. de. Metodologia do Ensino da Matemática. São Paulo: Cortez, 1990.
109 p.
HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. Tradução de João Paulo
Monteiro. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1990. 242 p.
KAMII, C.; JOSEPH, L.L. Aritmética: Novas Perspectivas – implicações da teoria de Piaget.
Tradução de Marcelo Cestari T. Lellis, Marta Rabioglio e Jorge José de Oliveira. 8ª ed.
Campinas: Papirus, 1992. 237 p.
PARRA, C. Cálculo mental na escola primária. In: PARRA, C., SAIZ, I. (org). Didática da
Matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 186-235 p.
SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I..; MILANI, E.. Jogos de matemática de 6º a 9º ano. In série
Cadernos do Mathema Ensino Fundamental. Porto Alegre: Artmed, 2007. 102 p.
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Apêndices
59
1- Identificação e Proposta:
Thais Pariz Maluta, aluno do curso de Pedagogia da UFSCar, está conduzindo o
estudo O JOGO NAS AULAS DE MATEMÁTICA: POSSIBILIDADES E LIMITES,
sob orientação da Profª Dra. Carmem Lúcia Brancaglion Passos.
2- Convite e Recusa:
Eu estou sendo convidado(a) a participar deste estudo. Meu nome foi selecionado
porque trabalho na área da Educação e outras pessoas na mesma condição serão
convidadas.
Eu sei que a participação neste estudo é absolutamente voluntária. Tenho o direito de
desistir em qualquer ponto do estudo. Minha decisão em participar ou não desta pesquisa
não terá influência em meu trabalho, nem me prejudicará no desempenho de minhas
funções. Desta forma, não sofrerei nenhum prejuízo profissional ou pessoal.
3- Procedimentos:
Se eu concordar em participar deste estudo, o seguinte ocorrerá:
4- Risco/Desconforto:
Não há nenhum efeito prejudicial antecipado em participar da pesquisa. Se alguma
pergunta me deixar chateado(a) ou desconfortável, eu sou livre para me recusar a
responder a qualquer momento.
5- Sigilo:
Meus dados serão guardados e usados o mais confidencialmente possível. Nenhuma
identidade pessoal será usada em qualquer relato ou publicação que possam resultar do
estudo.
6- Questões:
Se eu tiver alguma questão ou comentários sobre a participação neste estudo, eu posso
falar com Thais Pariz Maluta e/ou sua orientadora Carmem Lúcia Brancaglion Passos na
UFSCar (Departamento de Metodologia de Ensino) ou pelos telefones (0xx19) 9753-0904
(orientanda) (0xx19) 9292-7363 (orientadora).
7- Consentimento:
Eu conversei com Thais Pariz Maluta sobre o estudo e recebi uma cópia deste
consentimento. Eu entendi o que eu li ou o que ouvi e tive minhas perguntas respondidas.
A participação neste estudo é voluntária. Eu sou livre para recusar estar no estudo ou
desistir a qualquer momento. Minha decisão não irá afetar o meu trabalho na escola onde
trabalho ou em qualquer outro lugar.
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Data ___/___/_______
___________________________________________________
Consentimento – Assinatura do Participante
(cópia do consentimento recebida pelo participante)
____________________________________________________
Consentimento recebido – Assinatura do pesquisador
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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO
1. Nome: (opcional):__________________________________________________________
2 Formação: ________________________________________________________________
3. Tempo de atuação profissional: _______________________________________________
4- Para qual série você leciona este ano? __________________________________________
5. Nos últimos anos você participou de cursos de aperfeiçoamento (formação continuada)
relacionados ao ensino da Matemática?
( ) sim ( ) não
Quais?
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___________________________________________________________________________
6. Na sua formação você teve alguma experiência com a utilização de jogos para o ensino da
Matemática?
( ) sim ( ) não
7. Comente esta experiência.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Você tem utilizado jogos como um recurso pedagógico para ensinar Matemática?
( ) sim ( ) não
Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9- Gostaria de fazer algum outro comentário?
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___________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________
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1. Qual (quais) tipo (s) de jogo (s) você utiliza para ensinas Matemática?
2. Que conteúdo matemático é explorado com esse (s) jogo (s)?
3. Exemplo.
4. Com que série?
5. Como é a aprendizagem dos alunos com esse (s) jogo (s)?
6. Quais potencialidades do jogo no processo ensino-aprendizagem da Matemática você
identifica ao utilizar o jogo em sala de aula?
7. Como é uma rotina de aula em que é utilizado o jogo? Você realiza um projeto para utilizar
o jogo?
8. O jogo é utilizado para iniciar um conteúdo ou para fixar um conteúdo?
9. Quais as dificuldades que você sente quando propõe jogo nas aulas de Matemática?
10- De uma maneira geral, como os alunos se comportam durante a realização dos jogos nas
aulas de Matemática?
11. Quais as vantagens que você identifica ao aplicar o jogo em sala de aula?
12. Você percebe alguma desvantagem ao aplicar o jogo em sala de aula?
13. Qual é o seu papel durante a aplicação do jogo? Que intervenções são feitas?
14. Você recomenda que os alunos registrem suas jogadas? De que forma? Para qual
finalidade?
!5. Você acha que o jogo pode desenvolver a habilidade de cálculo mental? De que forma isso
acontece? Com que jogo?
16. Você consegue identificar a aprendizagem do (s) conceito (s) que você pretende ensinar
ao utilizar o jogo?
17- Como você avalia a aprendizagem dos alunos na situação de jogo? Há dificuldades em
realizar esta avaliação?
18- Há quanto tempo você utiliza esse recurso metodológico? Percebeu mudanças no
aprendizado dos alunos?
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Entrevista Realizada com uma professora que leciona na 3ª série de uma escola
estadual do município de São Carlos, em 22 de maio de 2007.
1. Qual (quais) tipo (s) de jogo (s) você utiliza para ensinar Matemática?
Olha... a primeira vez que eu usei jogos foi aqui nesta sala. Não foi nada de diferente.
Peguei o material dourado e fui diferenciando dentro do material dourado alguns jogos.
mas...assim...é uma experiência bem complicada porque eles ficam... é uma sala muito
grande, é mais complicado, realmente. Mas a gente foi diferenciando, assim, um desafiava o
outro de, vamos lá: “monta para mim com material dourado 1230”. Aí eles tinham que pegar
o material dourado. Foi isso... mas jogos mesmo eu acho que nunca apliquei.
Eu diria que maior rapidez no raciocínio. Eu acho que é muito mais fácil eles
assimilarem. Então eles são mais rápidos. Diferente do que fosse eu montar uma continha na
lousa e ter que explicar que tem que subir e tudo mais. É mais fácil eles mudarem de
bloquinho pequenininho para barrinha da dezena, é mais fácil.
7. Como é uma rotina de aula em que é utilizado o jogo? Você realiza um projeto para
utilizar o jogo?
Não faço nenhum projeto. A partir do momento que vai surgindo o conteúdo, você vai
bolando uma brincadeira, alguma coisa e vai aplicando.
Um planejamento de aula.
É diferente. Aquela coisa mais maçante, as vezes eles enjoam e as vezes eles se
perdem. Então é por isso que a gente sempre tem que utilizar, nem que seja uma cruzadinha,
uma coisa diferente. Tem que utilizar, porque senão eles se perdem. Aí você perde o time, a
volta, perde o feed back, então precisa.
Neste que eu utilizei com material dourado foi para fixar. Eu primeiro passei o
conteúdo, aí eu senti que estava tendo dúvidas e eu utilizei o material dourado para isso... foi
para fixar.
11. Quais as dificuldades que você sente quando propõe jogo nas aulas de Matemática?
Dificuldades... Bem, como foi a primeira vez eu não senti dificuldades. Agora, eu não
sei como seria em outras, porque é uma sala difícil, entendeu!? Eles são um número grande,
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então as vezes é difícil, eles se perdem no meio da brincadeira, eles acham que é só uma
brincadeira e que não tem objetivo nisso. A não ser que você esteja lá, “em cima” deles. Mas,
por enquanto eu não senti dificuldades não.
12. De uma maneira geral, como os alunos se comportam durante a realização dos jogos
nas aulas de Matemática?
Bem, como eu te falei, você tem que falar, espera aí, tem alguma coisa por trás disso.
Mesmo que eles não entendam de fato qual é o nosso objetivo. Mas a gente não está aqui só
brincando, a gente está aprendendo junto com a brincadeira. Então, isso tem sempre que ser
falado, senão não adianta. Senão eles se perdem e a gente também acaba se perdendo.
13. Quais as vantagens que você identifica ao aplicar o jogo em sala de aula?
A fixação. Eu acho que eles assimilam bem mais rápido. Adianta bem mais o nosso
trabalho.
Por enquanto nenhuma. Eu acredito que não. É que, também, eu estou no começo do
ano. É meu segundo ano no profissão. Então eu estou devagar ainda, escolhendo coisas. Mas
por enquanto não, nem dificuldade nem nada negativo. Pelo contrário...
15. Qual é seu papel durante a aplicação do jogo? Que intervenções são feitas?
Meu papel é de mediadora, dependendo do jogo. É isso... mediadora. Eu acho que eles
tem que saber trabalhar em equipe. Além da Matemática outras coisas são trabalhadas. Então
é trabalhar em equipe, esperar sua vez, é saber perder, é saber ganhar. Então são vários
objetivos e você é mediadora de tudo isso. Eu me sinto assim.
16. Você recomenda que seus alunos registrem suas jogadas? De que forma? Para qual
finalidade?
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Registro por registro mesmo. Para ter aquilo que você aplicou.e tudo mais. É como a
gente faz mesmo, registro. Além desta finalidade... não.... acho que é o registro que é
importante mesmo.
17. Você acha que o jogo pode desenvolver a habilidade de cálculo mental? De que
forma isso acontece? Com que jogo?
Acho que um jogo específico agora eu não saberia dizer. Mas qualquer jogo exige
cálculo mental. Mesmo aquele de dados, aquele de andar nas casinhas e tudo mais... é isso...
Matemática está em tudo, não adianta. Eu já me convenci disso.... risos.
18. Você consegue identificar a aprendizagem do (s) conceito (s) que você pretende
ensinar ao utilizar o jogo?
Eu acho que muita coisa surge na hora. As vezes você prepara a aula, pensa em
alguma coisa, mas aí você sabe que aquilo tem um cabo para uma outra coisa, você vai
puxando. Então as vezes na hora a gente vê que dá para trabalhar isso também. Sempre tem o
também. Então acho que eu... a gente até sabe o objetivo fechadinho, na hora que está
preparando, mas na hora sempre surgem outras possibilidades. Sempre surgem.
19. Como você avalia a aprendizagem dos alunos na situação de jogo. Há dificuldades
em realizar esta avaliação?
Há. Em, qualquer atividade há dificuldades. Tem sim. Tem sempre uns que ainda não
pegam, não sentiram o “espírito da coisa”. Tem, sempre tem uma meia dúzia que tem
dificuldades. Aí você vai lá, pega aquele que você sente que está perdido, está precisando, aí
trabalha com ele. Aí é aquela coisa de trabalho com os outros, espera aí eu sei que vocês
sabem, mas preciso ver se estes daqui sabem também. Então sempre tem uns.
Avaliação. Eu acho que a gente faz avaliação contínua. Mas sempre há uma avaliação
de registro também que depois você faz para ver se conseguiu assimilar. Mesmo citando o
jogo ou conversando, tudo é avaliado. O momento do jogo também é muito avaliado,
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participação, quem sabe que está olhando, quem não está prestando atenção, quem está
gostando, quem não está. Tudo é avaliado, dentro e fora, depois do jogo.
21. Há quanto tempo você utiliza este recurso metodológico? Percebeu mudanças no
aprendizado dos alunos?
Como é uma sala que eu ainda estou iniciando... tipo hoje, atividade em grupo, é a
primeira vez, atividade em dupla, faz de vez em quando. Então, em doses homeopáticas, estou
fazendo isso. Por que... para eles poderem sentir que não é só uma brincadeira, tem alguma
coisa por trás disso. Mas como é meu segundo ano de experiência, então é a segunda vez que
estou utilizando o jogo.
Naquele objetivo que queira atingir, daquela atividade, sim. Eu pude perceber que eles
assimilaram a parte de Numeração Decimal. Está tranqüilo. Agora, acho que a partir dos
outros conteúdos eu vou ver... vou achar uns jogos, vou procurar saber...
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Entrevista Realizada com uma professora que leciona na 2ª série de uma escola
estadual do município de São Carlos, em 22 de maio de 2007.
1. Qual (quais) tipo (s) de jogo (s) você utiliza para ensinar Matemática?
Bom, na verdade, quando vou trabalhar um conteúdo, eu trabalho... bingo, que é uma
forma lúdica de você estar trabalhando os numerais, trabalhei agora no comecinho do ano.
Trabalhei corrida dos números, que eles teriam que jogar os dados e estar contando as casas, a
quantidade de números que saiu no dado e trabalhei também adição com os fatos e os
resultados. Foram estes três tipos este ano.
6. Como é a rotina de aula em que é utilizado o jogo? Você realiza um projeto para
utilizar o jogo?
Na verdade não é um projeto. Seria assim... Faria mais parte de uma seqüência de
atividades. É onde, dentro de um conteúdo, estou aplicando aquela atividade. Não tem assim...
Eu dou mais como uma atividade, não como um projeto.
9. Quais as dificuldades que você sente quando propõe jogo nas aulas de Matemática?
Na verdade eu acho que eles são um pouquinho egocêntricos. Então eu acho assim, eu
vou dar, por exemplo, eu vou dar alguma coisa que eles têm que dividir peças, então eles
querem tudo para um, tudo para outro. Então até trabalhar bastante a regra, estar trabalhando
bastante a cooperatividade, a solidariedade. Então é um pouco complicado, mas por serem
crianças de segunda série dá para trabalhar um pouquinho melhor, as crianças de séries mais...
assim, crianças menores, de menos idades, já é mais complicado.
10. De uma maneira geral, como os alunos se comportam durante a realização dos jogos
nas aulas de Matemática?
Eles falam bastante, mas eu vejo que tem bastante participação de todos.
11. Quais as vantagens que você identifica ao aplicar o jogo em sala de aula?
Eu vejo assim, que além deles estarem aprendendo o conteúdo eu vejo que ao
trabalhar as regras, eles aprendem a respeitar um pouco mais, a entender mais, e por eles
mesmos estarem confeccionando, trabalhar, fazerem coletivamente as regras, eu acho que tem
esta vantagem do respeito, trabalhar os valores com eles.
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13. Qual é o seu papel durante a aplicação do jogo? Que intervenções são feitas?
Bom eu vou passando, por exemplo, se for dupla, trio, dependendo de como é o jogo,
eu vou passando, vou fazendo algumas interferências, vendo se eles estão jogando certinho, se
estão fazendo alguma coisa errada, mando eles lerem a regra, retomar de novo o jogo, até eles
entenderem a função do jogo e porque eles estão jogando, o motivo, o objetivo mesmo seria.
14. Você recomenda que os alunos registrem suas jogadas? De que forma? Para qual
finalidade?
Na verdade este ano registrou só uma vez, quando eles fizeram o jogo de fatos. Eles
brincaram depois eles registraram no caderno. Mas eu acho que neste ponto eu tenho que
retomar mais porque as vezes eu acho que o jogo acaba se perdendo um pouquinho. Então eu
acho que falta este registro. Tenho que dar uma retomada nisso mesmo.
15. Você acha que o jogo pode desenvolver a habilidade de cálculo mental? De que
forma isso acontece? Com que jogo?
Com certeza! O jogo que eu dei de corrida dos números. Sei que são números
pequenos, mas como eram crianças com defasagem de aprendizagem grande, ao jogar os
dados, eles iam calculando e agora eu percebo que no decorrer das aulas, algum probleminha
que eles fazem, tem crianças, não todos, mas eles desenvolvem bastante o cálculo mental.
Então acho que para algumas crianças facilitou bastante, principalmente na corrida dos fatos,
no jogo dos fatos com adição, subtração, muitas crianças faziam mentalmente, não
precisavam de registro nenhum.
16. Você consegue identificar a aprendizagem do (s) conceito (s) que você pretende
ensinar ao utilizar o jogo?
No jogo propriamente dito seria um começo. Eu acho que no decorrer da
aprendizagem, eu dando mais atividades dentro da sala, eu consigo estar identificando se foi
aprendido ou não, mas no decorrer do bimestre, das atividades; durante eu estar aplicando
atividades que eu esteja trabalhando aquele conceito: adição, subtração...
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17. Como você avalia a aprendizagem dos alunos na situação de jogo? Há dificuldades
em realizar esta avaliação?
Na verdade eu não tenho nenhuma avaliação por escrito. Eu consigo avaliar pelo olhar
durante as atividades. Eu acho que eu consigo avaliar mesmo, estar diagnosticando na hora.
18. Há quanto tempo você utiliza esse recurso metodológico? Percebeu mudança no
aprendizado dos alunos?
Já faz uns cinco anos que fiz alguns cursos utilizando jogos, não na rede estadual, mas
na rede municipal e uns cinco anos eu utilizo. Eu acho que eles têm muito interesse, muita
vontade de estar aprendendo quando é uma coisa diferente, não é uma coisa habitual que eles
vêem todo dia na sala de aula.
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