Sei sulla pagina 1di 14

RESUMOS E FICHAMENTOS

Brasil: uma sociedade de jovens?


Silvio Marcus de Sousa Correa

 Desafiliados (Robert Castel) - jovens sem teto, sem família que em geral foram
abandonados cujos laços sociais foram desfeitos.
 Desafiliação positiva (François de Singly 2003) – desafiliação como processo de
emancipação
 Não se deve falar que os jovens de comunidades pobres sejam desafiliados no
sentido de que seus laços sociais foram rompidos, pois muitos trabalham e ou
estudam e moram com suas famílias
 Questão: como promover a emancipação de indivíduos que não conseguem
formar uma rede de contatos, á que as relações primárias (familiares) acabam
por cumprir as funções das relações secundárias
 Produção e reprodução cultural dependem da socialização dos jovens – a
inserção desse jovem nas redes secundárias acarretará na sua individualização
e emancipação
 Porém, deve-se escapar da perspectiva dualista de que o papel da classe média
é de reprodutora da sociedade moderna e as classes baixas reprodutoras da
pobreza

Jovens e drogas: saúde, política neoliberal e identidade jovem


Beatriz Carlini-Marlatt

 Desafio à idéia corrente que os jovens são presas fáceis ao apelo das drogas e
que seriam acríticos quanto a esse assunto
 Questão pertinente aos jovens: quem usa drogas é doente ou criminoso?
 Questão: o fácil acesso não é provocador do uso no caso das drogas?
 Estratégia: oferecer oportunidades educacionais para que os jovens
desenvolvam o senso crítico e percebam as manipulações por parte da
industria das drogas

Juventude e sociedade
Trabalho, educação, cultura e participação

 Entender o que é ser jovem no Brasil de hoje considerando as crescentes


desigualdades sociais e sua diversidade de estilos e identidades
 Desnaturalização da idéia de juventude, são regras e ritos culturalmente
construídos que determinam a passagem da infância para a juventude
 Principais organismos internacionais consideram como jovem a faixa etária
de 15 a 24 anos, porém observam-se variações nessa perspectiva
 Os trabalhos que hoje se propõem a falar de juventude devem evitar as
simplificações fáceis, comparações preconceituosas e generalizações
infundadas
 No nosso contexto de contradição e desigualdade é possível compreender
que a fuga em direção ao crime dá prazer, fortalece a auto-estima,
proporciona a fruição do respeito e admiração por pertencimento a um
grupo e garante acesso ao consumo
O jovem e a família: o outro necessário
Cyntia Sarti

 Família não se define pelos laços biológicos, mas pelos significantes que criam
os elos de sentido nas relações. Se o que une famílias é o laço de sangue é
porque esse laço é significante
 Lugar do jovem na família como aquele que introduz o outro, identidade do
jovem se constrói pelas várias alteridades com as quais se confronta
 Novo sentido do “estar em casa”, importância dos grupos de pares
 Experiência socialmente compartilhada que simbolizam o período da
adolescência como de mudança (não lugar)
 Problemas de outra ordem relacionada à relação destrutiva (ex. relações
amorosas) porém o assunto das drogas é o mais visado como destrutivo
 Família é o campo de conflitos, mecanismos que o jovem utiliza para tornar-se
sujeito. A partir das indagações do que constitui um conflito nas famílias pode-
se pensar os limites do que é ou não negociável na sociedade
 Tendência à desqualificação do discurso quanto parte dos estratos mais baixos
da população

Jovens pobres no Rio de Janeiro: dificuldades e recursos frente às adversidades


Lúcia Rabello de
Castro

Pesquisa vinculada ao Núcleo interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a infância


e Adolescência Contemporâneas (NIPAC – UFRJ)

 Pesquisa realizada com jovens entre 14 e 24 anos de 19 comunidades do Rio de


Janeiro, sobre o que pensavam sobre uma intervenção que o governo do
estado desenvolveu nessas comunidades, um projeto de capacitação de curta
duração
 Intuito do trabalho – percepção dos jovens em relação as suas dificuldades e
dos recursos que dispõem para enfrentá-las
 Jovem pobre necessita de visibilidade e de reconhecimento social para que
sejam compreendidos

Problemas que os jovens enfrentam (freqüência com que às respostas aparecem e


ordem em que eram mencionadas, média)
 Mais freqüentes: drogas, violência, tráfico, falta de trabalho, família e falta de
oportunidades. As três primeiras e as três últimas aparecem imbricadas no
discurso
 Presença do tráfico, ausência de trabalho e saída precoce da escola são fatos
que imprimem marcas nas suas vidas
 Jovens homens: sofrem assedio por parte do tráfico e da polícia
 Falta de “oportunidades”. O temo “oportunidades” deixa a impressão que elas
são tão grandes que sua mensuração e especificação são difíceis. Geralmente
dizem respeito à falta de escola e trabalho
 Ter um trabalho é importante, se inserir na categoria “trabalhador” é um fator
de diferenciação que faz diferença
 Dualidade no discurso sobre a família – fonte de problema, mas também ponto
de apoio e ajuda. Potencializam elos afetivos, perspectivas de trabalho e
profissão (rede social)
 A pobreza não aparece como um problema em si e sim como um condicionante
do olhar do outro – discriminação/preconceito

As percepções sobre a ajuda que recebem ou deveriam receber


 O apoio da família é necessário para evitar o envolvimento com as drogas e
com o tráfico e dá suporte para contornar os problemas relativos à dificuldade
de se conseguir emprego e as faltas de oportunidades em geral
 As amizades são citadas como algo positivo, mas que em alguns casos podem
desempenhar influências negativas nas vidas desses jovens. Existe uma
diferenciação entre amigo e colega
 A religião é citada como ponto de apoio na construção de valores morais e de
ajuda assistencialista
 Uma categoria que aparece com freqüência inferior, porém, quando citada é a
primeira a ser evocada, é a categoria ninguém. “Não conto com ninguém”,
pode revelar um sentimento de desamparo/desafiliação, se sentem excluídos
do usufruto dos bens sociais e culturais
 A ajuda do governo é identificada na fala nas formas de assistência direta
(cestas básica, cheque cidadão, criação de projetos temporários), esses jovens
revelam achar as medidas tomadas pelo governo insuficiente para a melhoria
de suas condições de vida, geralmente associadas a atividades pontuais e não
continuadas

Sobrevivendo no cenário adverso: os recursos para se lidar com as dificuldades

 Medo é o sentimento freqüente na vida desses jovens, ele permeia suas ações
e escolhas (medo de sair de casa, de falar algo que não deve, de estar na hora
errada no lugar errado)
 Dizem-se impossibilitados de enfrentar as condições que são impostas
(incapacidade do sujeito de vencer as adversidades, sendo empurrados para a
marginalidade). Essa incapacidade pode ser atribuída ao caráter do indivíduo
ou a falta de oportunidades
 A ocupação do tempo aparece como preocupação, tempo ocioso aparece como
oportunidade para a marginalidade
 A ação do sujeito (a vida que levam é resultado de suas escolhas) aparece como
fator importante para esses jovens

Considerações finais

O indivíduo que não se reconhece como parte integrante do grupo cultural a


qual pertence (sentimento de afiliação) não tem a inclinação de preservar os
valores simbólicos e morais daquele grupo
Juventude pobre, drogas e estigma
Juventude das prisões mascaradas como alvo das políticas criminais de
drogas

Pablo Ornelas
Rosa

 Prisões mascaradas – demarcadas por um poder simbólico decorrente do


vínculo entre pobreza e criminalidade (condição de prisões imaginárias)
 Cidadão de bem = “nós”, os que sofrem com a violência e o medo. Moradores
de favelas/guetos = “eles”, os agentes da violência e do medo
 Lógica capitalista – obriga-se o trabalho a todos sob risco de uma punição
material e simbólica aos que descumprem essa regra, não existindo trabalho
para todos, os excluídos serão estigmatizados e punidos

Juventude das prisões mascaradas

 Uso do termo para além dos jovens privados de liberdade em instituições


totais
 Sociabilidade do individuo estigmatizado é construída dentro da lógica da
sociedade que associa criminalidade e pobreza
 Guetos, prisões e unidades de internação – cultura similar permeada por
experiências relacionadas à criminalidade e a pobreza. Nas prisões
mascaradas (simbólicas) existe uma moralidade punitiva que estigmatiza os
jovens pobres
 Mudança na sociedade de controle no padrão das instituições totais,
mudança para formas simbólicas de coerção que podem se tornar formas
materiais
 A vivencia cultural semelhante dos moradores dos guetos e dos presidiários
pode legitimar o discurso equivocado pautado na criminalização da pobreza

Pobreza, criminalidade e “drogas”

 Associação entre pobreza, criminalidade e drogas – legitimação da perseguição


da juventude das prisões mascaradas, de políticas criminais de drogas e
pequenas relações autoritárias cotidianas
 Políticas criminais de drogas no Brasil- experiência das imposições diplomáticas
norte-americanas. Lógica proibicionista expressa na criação de leis, táticas do
governo e práticas sociais de criminalização dos vícios
 EUA – associação de uso dessas substâncias as minorias étnicas estigmatizadas
(negros, chineses, irlandeses)
 Prática interna, repressão. Política externa, proibição da entrada desses
produtos
 Discurso médico – separação do consumidor (doente) do traficante
(delinqüente)
 Expressões como “narcotráfico” (1980) e “crime organizado” (1990), ideia de
criminalidade dita globalizada. EUA criminalização dos agentes externos,
produtores e distribuidores latinos americanos
 Imposição da ideologia proibicionista não se reflete apenas nas políticas
criminais de drogas
 Década de 1970 o cinema americano contribui para a construção da caricatura
do criminoso: geralmente jovem, pobre, descendente de grupos étnicos não-
brancos e ligados ao uso e comércio de substancias psicoativas ilícitas

 Origem do processo criminalizador da pobreza em determinados grupos,


motivo real é político e econômico – competição no mercado de trabalho

 Justificativa para políticas repressoras: criminalização de práticas culturais do


consumo de substancias psicoativas
Nem soldados nem inocentes
Juventude e tráfico de drogas no Rio de Janeiro

Otávio Cruz Neto


Marcelo Rasga Moreira
Luiz Fernando Mazzei Sucena

Objetivo discutir a questão do tráfico de drogas no Rio de Janeiro, levando em


consideração o processo histórico-social que os originou e que os dotou de
características singulares. O eixo-central da discussão é a atuação do poder público
que através de suas medidas podem criar vulnerabilidades nas vidas dos jovens
cariocas.

1. Revisando o tráfico de drogas no município do Rio de Janeiro: raízes históricas de


um objeto de estudo recente

 Violência estrutural – criadora de vulnerabilidades. População de comunidades


pobres excluídas do processo produtivo e de consumo. Ausência do estado
nessas áreas, sem acessos aos serviços básicos e medidas governamentais
pouco eficazes para a solução desses problemas.
 No caso dos jovens a violência estrutural criadora de vulnerabilidades soma-se
as vulnerabilidades já comuns a essa fase da vida.
 População pobre – marginalizada e estigmatizada por não participar do
mercado consumidor nem ter acesso à propriedade privada. Existe na
sociedade uma noção de que essas pessoas estão na iminência de cometerem
um ato criminoso para se incluir a todo custo nesses processos.
 Contra esse senso comum, a exclusão não significa o aumento das “soluções
marginais”, mas sim tornam essas populações alvos de setores oportunistas
(políticos, religiosos, tráfico) o que significa o agravo das dificuldades e não
soluções imediatas.
 Parcialidade da mídia ao divulgar os casos de violência – disseminadora do
medo, raiva contra esses “marginais”.
 Por estar à relação indivíduo-droga presente em todas as sociedades em
diferentes tempos históricos acredita-se nas associações imediatas, similarizar
características. Mas os estudos sobre o assunto mostram que se deve produzir
conhecimento sobre uma região/questão circunscrita, as características da
relação indivíduo-droga são muito diferentes e altamente mutáveis.
 Utilização do termo “narcotráfico” por alguns setores – ampla abrangência, os
efeitos/significados das diferentes drogas podem ser perdidos (drogas são
todas iguais?)
 Diferença entre usuário e consumidor (caráter comercial)

- Processo histórico:

 Abolição + migrações = formação de um exército de excedente de mão-de-


obra, levando a criação por parte dessas pessoas de maneiras alternativas de
sobrevivência (soluções marginais)
 Primeiro os cortiços (epidemias) e após as reformas urbanas, as favelas, locais
de moradias das populações mas empobrecidas são mal vistos pela sociedade –
estigmatização pelo local de moradia
 Associação da exclusão econômica a traços da personalidade (preguiçosos,
vagabundos, inaptos)

 1927 – Criado o primeiro código de menores do Brasil, Código Mello Matos:


- Cria mecanismos de proteção das crianças evitando o “desvio” do caminho do
trabalho e da ordem. O estado assume o papel de tutor dos menores (pobres
+ moralmente desvalidos).
- Criação do Sistema de Assistência do Menor (SAM), subordinado ao Ministério da
Justiça, institucionalização e internação nas Escolas Modelares.

 Ditadura militar – Doutrina da Segurança Nacional:


- A questão social (desigualdades) ganha um tratamento repressivo
- Órgão Nacional de Bem-Estar do Menor (FUNABEM) eram organizadas e
orientadas pela Política Nacional de Bem-Estar do Menor (PNBEM). A repressão
passa a atuar junto com uma prática assistencialista, atender ao menor carente e
menor infrator de acordo com a lógica da punição da pobreza.
- Drogas e classe média – Crescimento do número de envolvidos com maior grau
de escolaridade (Contra cultura, movimentos políticos de oposição à ditadura,
elite politizada)
- Lei de entorpecente – Lei 5.726 de 1971. Traçada em acordo com as normas dos
organismos internacionais
- Código de menores de 1979 – cuidado com o jovem em situação irregular, ou
seja em conflito com a lei e abandonados passam a ser um instrumento de
controle social da infância e juventude

 Anos 80/90 (redemocratização)


- Preocupação com o atendimento dos jovens em suas próprias comunidades.
Plano de Integração Menor Comunidade (PLIMEC). Fracasso na atuação com os
jovens por intermédio de Núcleos Preventivos devido à padronização e
verticalização do PLIMEC, levando a um adensamento do viés coercitivo e
repressivo (FUNABEM).
- Sociedade civil entra na discussão, tenta através da criação do Fórum
Permanente de Entidade não Governamental de Defesa dos Direitos das Crianças
e Adolescentes a aprovação da Emenda Popular Criança Prioridade Nacional
(1988)
- Criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990. Substituição da
doutrina da situação irregular pela doutrina da proteção integral
- Municipalização dos órgãos, conselhos de direitos e tutelas (sociedade civil),
FUNABEM/PNBEM substituídos pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente.

 Anos 2000
- Estado, sociedade e família tem responsabilidade em diferentes áreas da vida
das crianças e jovens
- Questão das drogas assume o caráter de inimiga interna, campanhas de “lei e
ordem”
- Discurso hegemônico de que a favela é o lócus da droga é lá que habita o seu
disseminador na sociedade, discurso que dá respaldo a arbitrariedade e
justifica invasões as favelas e atitudes violentas para com a população que lá
vive
- Combate a drogas: concentração nos pontos de vendas (comunidades
carentes), dissimulando a entrada do “capital do tráfico” no mercado financeiro
através de atividades lícitas

2. Perfil dos “perfis” de jovens envolvidos com o trafico de drogas

O objetivo ao se traçar um perfil desses jovens e oferecer subsídios para que se


implementem políticas públicas que corresponda ao real interesse e demandas dessa
população. O problema da segurança pública deve ser analisado juntamente com os
problemas socioestruturais.
O constante retrato fornecido pela mídia acaba por introjetar em nossas
mentes um perfil (padronização) desse jovem, ocorrendo uma vinculação do
esteriótipo entre o ato infracional e o cidadão que está à margem dos padrões
sociopolíticos e econômicos hegemônicos (resquícios da escravidão acirrados pelo
capitalismo periférico brasileiro).
Foram utilizadas entrevistas com 88 jovens atendidos pelo Sistema de Aplicado
de Proteção (SAP), para através de suas fala sobre categorias como condições de
moradia, educação e trabalho, convivência familiar e lazer e cultura, construir um
retrato dessa juventude.

 Dados Pessoais
- Reprodução da demarcação etária adotada pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (12 aos 18 anos)
- 90% dos jovens são do gênero masculino
- Número de mulheres cresceu nos últimos 05 anos, porém ainda são menos
freqüente e geralmente suas participação é mediada pela influência masculina
(namorados, irmãos)
- Forte influência paternalista e machista, o que pode ser entendida com uma
forma de barrar a participação das mulheres no tráfico pela visão de serem mais
fracas, mas também há uma grande preocupação com suas mulheres (mães,
irmãs)
-Relação étnica = grande maioria de não brancos, oriunda das populações mais
pauperizadas (não se deve reduzir esse dado à relação etnia = pobreza=
criminalidade)

 Condições de Moradia
- Todos residem em áreas urbanas
- Contradição = a maioria diz residir em casa própria (sua ou de familiares) não
significa que possuem condições materiais favoráveis nesse campo e sim que a
posse física não corresponde à posse jurídica
- Habitações precárias em bairros periféricos
- Resignação com a situação de moradia, falta de perspectiva
- Falta de atuação do poder público sobressai no discurso quando falam do que
não gostam nas suas comunidades

 Educação e Trabalho
- Nenhum dos 88 jovens entrevistados se enquadra nos parâmetros
estabelecidos pelo Ministério da Educação. Enorme defasagem na relação
idade-série, com intervalos de estudo que variam de 03 a 12 anos
- Relação idade-série serve de indicador de repetência e evasão escolar
(fracasso escolar)
- 5º série é um dos principais pontos estranguladores da rede pública
- 25 dos jovens começaram a trabalhar entre os 7 e 12 anos (ilegalidade
trabalho infantil)
- Problemas em arrumar emprego agravado por terem passado pelo sistema
socioeducativo
- 04 jovens declararam que “trabalhavam” no tráfico
- Vulnerabilidade social e pessoal: pouco estudo, múltiplas reprovações,
defasagem educacional, cursos profissionalizantes que não surtiram efeito,
histórico de trabalho infantil, baixa remuneração, exclusão dos direitos
trabalhistas, seqüência de negativa afetando a auto-estima desses jovens e
mostrando o descaso do poder público

 Convivência familiar
- Extrapola a relação “mãe-pai-filho” para abranger todas as pessoas que
convivam no domicílio
- Residem com um número consideravelmente alto de pessoas (apenas 21
vivenciam o tripé “mãe-pai-irmãos”)
- Elevado número de separações evidenciadas pelas composições familiares
freqüentes: mãe/irmã, mãe/padrasto/irmão, mãe/avô/tio
- Maioria das pessoas do convívio tem grau de consangüinidade
- No primeiro momento da entrevista a maior parte das respostas foram
positivas quanto à relação que tem com as pessoas com quem moram. Quando
se aprofundam as perguntas revelam os conflitos existentes, críticas acirradas
aos pais
- Não fazem muitas atividades de lazer junto as familiares. Mais citadas foram:
assistir tv, fazer compras e ir a igreja. Não fazem muitos programas devido aos
problemas financeiros e o distanciamento dos familiares
- Mãe e irmãos são os familiares com quem esses jovens mais gostam de
conversar (questões afetivo-sexuais, preocupação com o futuro e formas de
lazer)
- Citam o resgate do relacionamento familiar como um dos fatores mais
importante para retirar o jovem do tráfico ou impedir seu ingresso

 Lazer e Cultura
- Formas de divertimento mais freqüente: ir ao baile, pagode, futebol, soltar
pipa, praia, namorar e ficar (atividades pouco dispendiosas)
- Revelam a vontade de ir a shopping, bares, fazer compras e acusam a falta de
recursos financeiros como obstáculo a esses divertimentos

3. A vida no tráfico
Cotidianos de uma sociedade que não se reconhece

A expansão globalizante do mercado ilícito das drogas e o incremento bélico do


tráfico levaram a um rompimento da fronteira sociopolítica e econômica que existia na
cidade.
Jovens diante do acúmulo de vulnerabilidades, aceitaram a inserção na
estrutura do tráfico como possibilidade de existência coletiva, pertencimento social e
até sobrevivência pessoal. Se para o mercado de trabalho formal são desqualificados e
assim excluídos o trafico faz poucas exigências e abre novas oportunidades para jovens
e cada vez mais crianças de ingressarem no “movimento”.
Questão importante é que muitos desses jovens vêem o tráfico como um
trabalho, “emprego”, pelo seu caráter comercial, vendem o seu produto, se não
houvesse demanda não haveria oferta, consideram numa escala valorativa uma
atividade mais positiva que o roubo, furto ou crimes de colarinho branco.
O fato de estarem envolvidos com o tráfico não exclui esses jovens da
sociedade, sua participação em atividades ilícitas não os afasta dos problemas
enfrentados por todos, e ainda se criam outros.

 Por que o jovem entra no tráfico?


-Condições socioeconômicas
-Status e poder de sedução
-Influências dos que já estão no tráfico
-Consumo de drogas

 O que os jovens fazem no tráfico?


-Existência de um plano de carreira e possibilidades de ascensão e
remuneração definidas pelo desempenho e produtividade
- Posições de segurança e serviços gerais
-Funções de processamento e venda
- Chefia

 O que o jovem faz com o dinheiro que ganha no tráfico?


-Revelam a necessidade de ganhar dinheiro – obter e consumir
-Não tem sentido a acumulação (consumo orgiástico)
- Principais gastos roupas e drogas

 Como a polícia/sistema socioeducativo insere-se na “vida do tráfico”?


-Relação com os policiais é um dos pontos mais preocupantes de todos:
violência e extorsão
-Violência sofrida nas instituições responsáveis pelo cumprimento de medidas
socioeducativas (cadeias para crianças). As regras do tráfico vigoram dentro das
instituições

4. “Coração de bandido é na sola do pé”


Implicações na saúde dos jovens envolvidos com o tráfico de drogas

Dentre os aspectos que caracterizam a vida dos jovens atendidos pelo SAP, os
que dizem respeito à saúde são provavelmente os que despertam menos debates e
polemicas, são negligenciadas pelos jovens e por segmentos da sociedade.

 Implicações ocasionadas pelo consumo de drogas


- Dependência física/psíquica e social. Para muitos deixar de ser usuário está
ligado a deixar de pertencer a estrutura do tráfico
-Esses jovens têm consciência dos danos causados pelo consumo das drogas
(existência de estigma entre eles, visão negativa dos que são viciados)

 Morbi-mortalidades
-Nos anos 90 mortes por causas externas assume o segundo lugar entre a
população de 10 a 19 anos (crescimento no número de homicídios)
-Tem um estilo de vida estressante
-Sofrem devido a um isolamento social (são temidos dentro de suas
comunidades e não podem se relacionar com determinadas pessoas devido à
divisão em facções criminosas)

 Morbidade na Família dos jovens


-Repercussões na família desses jovens: direta (represália que os familiares
sofrem), indireta (implicações derivadas dos problemas causados aos jovens)

 Morbi-mortalidade nas comunidades


-Associação entre o encastelamento do tráfico nos morros a noção de que é
pelo apoio que recebem das comunidades. Traficante não é visto como
“bandido social”, que promove benefícios para aquela comunidade. Os
moradores são obrigados a seguir a “lei do tráfico”, o erro da comunidade é
imperdoável
 Morbi-mortalidade na sociedade
- Mudança na rotina dos cidadãos que ocasionam estresse e frustrações, medo,
estratégia para fugir da violência
- Por em casos o consumidor pertencer a mesma classe social (classe media) os
vendedores são culpabilizados

5. Nem soldados nem inocentes

Através do conhecimento sobre a vida dos jovens inseridos no Sistema


Aplicado de Proteção (SAP), em especial seu envolvimento direto/indireto com
o tráfico, pretende-se propor o debate democrático livre de preconceitos e
estereótipos que tradicionalmente permeiam essa questão
Três níveis de conceitualização da participação dos jovens em atividades
criminalizadas:
 Estrutural – condições sociais
 Sócio-psicológico – controle social da família, escola e demais
instituições responsáveis pelo jovem
 Individual – aspecto biológico e psicológico

Necessário fugir dos determinismos sociais para explicas escolhas que dizer
respeito à subjetividade humana, mesmo tendo maior visibilidade os fatores
sócio-estruturais em eu os jovens estão inseridos.

Potrebbero piacerti anche