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COMPRESSOR CENTRÍFUGO
Rio de Janeiro
Setembro de 2011
OTIMIZAÇÃO GEOMÉTRICA E AERODINÂMICA DE UM IMPELIDOR DE
COMPRESSOR CENTRÍFUGO
Examinada por:
iii
Aos meus queridos pais Orlando e Wilma,
que não mediram esforços para tornar isto possível.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Setembro/2011
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
September/2011
vi
Sumário
Resumo v
Abstract vi
Lista de Figuras x
1. Introdução 1
1.1. Motivação .................................................................................................... 1
1.2. Objetivos ...................................................................................................... 2
1.3. Metodologia ................................................................................................. 2
1.4. Organização do Trabalho ............................................................................. 3
2. Revisão Bibliográfica 5
2.1. O Projeto de Turbomáquinas: Uma Visão Geral ......................................... 5
2.2. O Projeto Preliminar de um Impelidor de Compressor Centrífugo ............. 8
2.2.1. Projeto da Região de Entrada do Impelidor ...................................... 9
2.2.2. Projeto da Região de Saída do Impelidor ......................................... 13
2.3. Modelos de Perdas ....................................................................................... 21
2.4. Estudos na Área de Otimização de Compressores Centrífugos ................... 23
2.4.1. Perdichizzi e Savini (1985) ............................................................... 23
2.4.2. Al-Zubaidy (1992) ............................................................................ 26
2.4.3. Qiu et al. (2010) ................................................................................ 30
vii
3.2. Compressores Centrífugos: Características Básicas .................................... 34
3.3. Termodinâmica Aplicada ao Funcionamento de um Compressor ............... 35
3.3.1. O Compressor como um Volume de Controle .................................. 35
3.3.2. A Hipótese de Regime Permanente: Conservação de Massa e
Energia .............................................................................................. 36
3.3.3. Compressão Ideal Isentrópica ........................................................... 38
3.3.4. Compressão Ideal Politrópica ........................................................... 40
3.3.5. Eficiência Termodinâmica da Compressão ...................................... 41
3.3.6. Condição de Estagnação ................................................................... 43
3.4. Teoria dos Compressores Centrífugos ......................................................... 46
3.4.1. Equação Fundamental – Teoria de Euler .......................................... 46
3.4.2. Fator de Escorregamento .................................................................. 53
3.4.3. Entalpia de Estagnação Relativa e o Conceito de Rotalpia .............. 55
3.4.4. Análise Dimensional e Semelhança .................................................. 56
viii
5.3.3. Conclusão da Análise dos Resultados da Otimização ...................... 100
5.4. Análise Comparativa entre os Dados do Impelidor A3 Original e os
Dados do Impelidor A3 Otimizado .............................................................. 100
ix
Lista de Figuras
Figura 2.2 Ângulo relativo do gás no shroud para um valor mínimo do número
de Mach relativo – Adaptado de Whitfield e Baines (1990) ............... 12
Figura 2.4 Efeito do uso de pás para trás no número de Mach na saída –
Adaptado de Whitfield e Baines (1990) .............................................. 14
x
Figura 2.11 Influência do projeto de pás para trás no coeficiente de trabalho –
Adaptado de Came e Robinson (1999) ................................................ 20
Figura 2.16 Sistema de projeto integrado – Adaptado de Qiu et al. (2010) ........... 32
xi
Figura 3.11 Componentes tangencial e radial da velocidade absoluta na aresta de
saída ..................................................................................................... 50
Figura 3.12 (a) Comportamento head vs. vazão volumétrica descarregada para
um impelidor centrífugo, com base na teoria de Euler; (b) Possíveis
configurações das pás – Adaptado de Rodrigues (1991) ..................... 52
xii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 Modelos empíricos de perdas analisados por Oh et al. (1997) ............ 22
xiii
Lista de Símbolos
A área
a velocidade do som
b altura da pá
C velocidade absoluta
Cf coeficiente de atrito
d diâmetro
ds diâmetro específico
e energia específica
g aceleração da gravidade
H head termodinâmico
xiv
h entalpia específica
I rotalpia
i ângulo de incidência
M número de Mach
MW massa molar
n coeficiente politrópico
N velocidade angular
ns velocidade específica
P potência
p pressão
PR razão de pressão
Q vazão volumétrica
xv
R constante do gás
r raio
Re número de Reynolds
T temperatura ; torque
U velocidade periférica
v volume específico
W velocidade relativa
w trabalho específico
z número de pás
Z altura
γ coeficiente isentrópico
xvi
∆H E head de Euler ou head teórico (H E )
ε folga ; tolerância
η eficiência
λ coeficiente de trabalho
ν viscosidade cinemática
ρ massa específica
σ fator de escorregamento
ω velocidade angular
xvii
Subscritos
0 condição de estagnação
est estágio
h hub
imp impelidor
k iteração
p politrópico
real real
s isentrópico ; shroud
slip escorregamento
t −t total-total
u componente tangencial
Sobrescritos
k iteração
* exato
xviii
Capítulo 1
Introdução
1.1 Motivação
A busca pelo estado da arte deve fazer parte das metas de qualquer profissional
de engenharia. Uma das exigências da atual conjuntura tecnológica é que o profissional
deste ramo mantenha-se atualizado, buscando sempre novas soluções e melhores
resultados naquilo que desenvolve.
Atualmente ouve-se com frequência a palavra otimizar, ou otimização. Nunca se
refletiu tanto na otimização de processos e de recursos como nas últimas décadas. E
quando se trata de energia, esta palavra se torna imperativa. Devido à escassez dos
recursos energéticos cada vez mais acentuada a nível mundial, agregada ao alto custo da
produção de energia e aos prejuízos ambientais gerados, tecnologias têm sido
desenvolvidas e aprimoradas com o intuito de tornar as máquinas industriais mais
eficientes, visto que estes equipamentos têm relevante papel no consumo e na geração
de energia.
As turbomáquinas são os equipamentos industriais que mais consomem – ou
geram – energia. São utilizadas principalmente nos segmentos de petróleo e gás,
química, petroquímica e geração de energia. No Brasil, a Petrobras é a companhia que
possui o maior número de turbomáquinas em operação. A sua base instalada possui
mais de 400 turbomáquinas de grande porte, na qual estão incluídos compressores
centrífugos e axiais, turbinas a vapor, turbinas a gás e turboexpansores. As potências
instaladas variam na ordem de até 9MW para compressores e turbinas a vapor, 32MW
para turboexpansores e 40MW para turbinas a gás. Em unidades da Petrobras ainda em
fase de projeto básico, existem equipamentos especificados como compressores e
turbinas a vapor, na ordem de 30MW.
1
Com as recentes descobertas da companhia como, por exemplo, os campos do
Pré-Sal, novos desafios têm surgido no que tange encontrar equipamentos que atendam
aos limites operacionais impostos pelo Pré-Sal. Neste sentido, parcerias têm se
estabelecido entre a Petrobras e fabricantes de turbomáquinas com o intuito de atuar no
desenvolvimento de novos equipamentos. Logo, o conhecimento na área de projeto de
turbomáquinas tem se tornado algo necessário também por parte dos usuários de
turbomáquinas.
Além das parcerias com fabricantes, um dos objetivos recentes da Petrobras
nesta área é criar no Brasil uma estrutura nas universidades, nos centros de tecnologia e
na indústria para apoiá-la nas atividades relacionadas à turbomáquinas.
Diante do exposto, foi esta necessidade atual da companhia, agregada a busca
pelo estado da arte do projeto de turbomáquinas, o que motivou o desenvolvimento
deste tema.
1.2 Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é desenvolver uma ferramenta que aperfeiçoe
o projeto preliminar de um impelidor de compressor centrífugo, mediante a otimização
dos parâmetros geométricos e aerodinâmicos gerados nesta fase de projeto. Pretende-se
ainda demonstrar a importância do desenvolvimento de um projeto preliminar ótimo,
visto que as decisões tomadas nesta fase influenciam o projeto de uma turbomáquina
como um todo. A ferramenta desenvolvida é uma metodologia de projeto preliminar
concebida com base em Whitfield e Baines (1990) e Oh et al. (1997), implementada em
MatLab® para a obtenção e otimização da geometria preliminar do impelidor.
Além dos objetivos ora mencionados, este trabalho visa contribuir com a área de
projeto de turbomáquinas ao propor uma nova ferramenta de projeto preliminar de
impelidor de compressor centrífugo.
1.3 Metodologia
Este trabalho foi dividido basicamente em duas partes principais: i) O projeto
preliminar de um impelidor de compressor centrífugo e; ii) A otimização das variáveis
2
de projeto do impelidor focando a maximização do seu desempenho no ponto de
projeto.
O projeto preliminar foi desenvolvido com base na metodologia de Whitfield e
Baines (1990) – geometria – e no estudo de Oh et al. (1997) – desempenho, onde foram
utilizadas ferramentas tradicionais como parâmetros adimensionais, equações
paramétricas e empiricismo.
Após o desenvolvimento do projeto preliminar do impelidor, foi realizada a
otimização das variáveis de projeto. Para isso foi necessário estabelecer: i) a condição
de projeto – as propriedades termodinâmicas do fluido de trabalho, a razão de pressão,
as condições de pressão e temperatura na entrada e a vazão mássica requerida –; ii) as
variáveis de projeto; iii) a função objetivo e; iv) as restrições geométricas, mecânicas e
fluidodinâmicas. Foram utilizados dois métodos distintos na otimização dos parâmetros:
um método matemático baseado em programação não linear e um método estocástico.
Os resultados desta etapa foram obtidos através do software comercial MatLab, o qual
possuí um pacote específico de otimização.
Concluindo o trabalho, foi realizada uma análise entre a geometria ótima e a
geometria não-otimizada, onde se verificou a importância em se otimizar parâmetros
geométricos e aerodinâmicos de um impelidor ainda na fase de projeto preliminar, além
de ter sido realizada uma análise entre os algoritmos utilizados no processo de
otimização.
3
teoria dos compressores centrífugos propriamente dita – equação fundamental e análise
dimensional.
Após uma abordagem da fundamentação teórica dos compressores centrífugos, o
próximo capítulo foi dedicado aos métodos de otimização utilizados no
desenvolvimento do trabalho. São abordados aspectos da otimização – programação
matemática – e descritos os seguintes métodos: i) O método consagrado Quase-Newton,
que é aplicado em problemas não lineares, multivariável e com restrições e; ii) Os
Algoritmos Genéticos que são metaheurísticas baseadas nos mecanismos de seleção
natural e da genética, altamente aplicadas na solução de problemas complexos.
O penúltimo capítulo traz a descrição do problema e uma análise dos resultados.
Inicialmente foi realizado o projeto geométrico e aerodinâmico de um impelidor,
verificado o seu desempenho e posteriormente otimizada a sua geometria. Os resultados
gerados foram analisados e comentados.
E finalmente, o último capítulo traz as conclusões e são feitas sugestões para o
desenvolvimento de trabalhos futuros que venham complementar as análises realizadas
neste trabalho.
4
Capítulo 2
Revisão Bibliográfica
5
que permitiu, mesmo que de forma empírica, a análise aerodinâmica das máquinas.
Entretanto, durante este período havia uma concepção errada do projeto de uma
turbomáquina. Acreditava-se que a melhora do desempenho deveria ser alcançada na
maximização das eficiências dos componentes isolados ao invés da máquina como um
todo.
Entre 1960 e 1980, a utilização de correlações matemáticas no projeto preliminar
de uma turbomáquina permitiu uma análise mais apurada do desempenho. As
aproximações teóricas e as análises experimentais recebiam igual importância, porém a
confiabilidade dos resultados experimentais dependia de uma melhora na precisão das
medições. O uso de perfis de pás tailor-made foi certamente uma importante inovação
neste período. Avanço no desenvolvimento de modelos matemáticos, agregados aos
dados experimentais existentes e ao desenvolvimento da área computacional, trouxe aos
projetistas de turbomáquinas novas informações e direções para a inovação dos
projetos.
Concluindo o histórico, Molinari e Dawes (2006) ressaltam a importância dos
modelos uni, bi e tridimensionais e mostram que nas últimas décadas, o
aperfeiçoamento da área computacional tem trazido um relevante avanço na área de
projeto de turbomáquinas.
Gallimore (1999) propõe o projeto de uma turbomáquina em quatro etapas, a
saber: i) projeto preliminar – preliminary design –; ii) projeto do escoamento através do
impelidor – throughflow design –; iii) projeto bidimensional da pá – 2D blade design –
e; iv) projeto tridimensional da pá – 3D blade design. Esta metodologia de projeto é
conhecida como Projeto por Análise – Design by Analysis.
O projeto preliminar é baseado nas correlações básicas e na resolução dos
triângulos de velocidade na linha média do fluido. É nesta fase que a maioria das
decisões é tomada e que afeta o projeto como um todo. O projeto do escoamento através
do impelidor introduz a dimensão radial. É feita uma análise da superfície gerada pela
da linha de corrente média, compreendida entre o cubo do impelidor e a sua região
periférica. O projeto bidimensional da pá tem como objetivo otimizar a geometria da pá
para garantir o serviço definido no projeto preliminar. E, finalmente, o projeto
tridimensional da pá refina a geometria utilizando fluidodinâmica computacional –
CFD.
Estas quatro etapas se dispõem de maneira natural, pois o projetista primeiro
realiza mudanças na geometria para depois executar o CFD com o intuito de prever os
6
efeitos das mudanças. Esta é uma metodologia de aproximação altamente consagrada
entre os projetistas, visto que o custo computacional de uma análise tridimensional em
CFD ainda é muito alto, além de demandar muito tempo de processamento.
Came e Robinson (1999) fazem uma abordagem da metodologia de projeto de
compressores centrífugos que é altamente utilizada na indústria. Descrevem as etapas
desde o projeto preliminar até o estado da arte dos projetos aerodinâmicos utilizando
CFD. Ressaltam que, com o advento da fluidodinâmica computacional, tornou-se
possível detalhar melhor os dados aerodinâmicos durante o projeto, aperfeiçoando o
desempenho. Entretanto, eles ressaltam a importância da fase de projeto preliminar e a
grande contribuição da análise aerodinâmica bidimensional – 2D. Enfatizam ainda que é
essencial haver uma integração entre as análises estrutural e aerodinâmica do impelidor,
com o intuito de otimizar desempenho.
Swain (2005) é outro que defende a importância do projeto preliminar. Relata
que, por ser rápida e de baixo custo, a análise preliminar se torna exequível
industrialmente e dificilmente será substituída nos próximos anos.
O projeto preliminar é particularmente importante porque é nesse estágio que o
conceitual é iniciado. Visto que é baseado em correlações básicas e simples, vários
projetos inovadores podem ser avaliados em muito pouco tempo, o que o torna atrativo.
Came e Robinson (1999) ressaltam que o objetivo do projeto preliminar consiste
basicamente em alcançar as condições de serviço pré-estabelecidas, sob uma análise
unidimensional – 1D –, considerando as limitações dos materiais disponíveis no
mercado, a maximização da eficiência e uma melhor margem de surge. Por exemplo,
dada uma vazão mássica, o projeto preliminar objetiva: i) o trabalho desejado –
aumento da entalpia de estagnação –; ii) a eficiência desejada; iii) a relação de pressão
desejada, a qual é automaticamente alcançada se os dois primeiros itens forem obtidos;
iv) margem de surge adequada.
Nas últimas décadas, o principal objetivo dos projetistas de turbomáquinas tem
sido otimizar o projeto de forma que um seja sempre melhor que o outro. A razão disto
é que mudanças realizadas no projeto preliminar têm um grande impacto nas outras
etapas. Com isso, devido à sequência natural do Projeto por Análise, idealizado por
Gallimore (1999), o projetista não tem um entendimento imediato de como estas
mudanças se propagam. Logo, a necessidade de se conter o risco de tomar decisões
erradas é grande. Sendo assim, a prática atual é basear a analise preliminar em
7
correlações consagradas, porque, apesar de serem correlações experimentais
aproximadas, elas dão ao projetista confiança em suas decisões.
Molinari e Dawes (2006) ressaltam que o papel do CFD atualmente se restringe
em refinar a geometria e prever o desempenho de projeto e o desempenho fora de
projeto. Isto representa uma limitação do potencial desta ferramenta que pode agregar
inovação aos projetos, mas há uma grande pressão não só por projetos de qualidade,
mas por projetos que demandem menos tempo e custo.
Molinari e Dawes (2006) relatam que as correlações unidimensionais têm o
poder de gerar soluções rápidas, mas não inovadoras enquanto as ferramentas
tridimensionais são altamente sofisticadas, mas lentas. A luz destas considerações, a
necessidade de soluções inovadoras e exequíveis requer uma nova abordagem nos
projetos de turbomáquinas, e um novo, eficiente uso das ferramentas disponíveis. A
tendência atual é que haja uma integração entre as ferramentas tridimensionais do CFD
e a análise preliminar, com o intuito de combinar a confiabilidade do primeiro com a
rapidez e custo do segundo.
8
costumam ser satisfatórios, principalmente quando existe experiência prévia em
projetos similares ao desenvolvido e um banco de dados contendo informações de
bancadas de teste ou de campo, capazes de validar os resultados do projeto.
Basicamente os itens levantados neste tipo de análise são as geometrias das regiões de
entrada e saída do impelidor, a razão de pressão e as perdas. Nesta seção será realizada
uma análise do projeto das regiões de entrada e saída do impelidor.
9
′s
β B1
r1s ′s
β B1
r1h
M1
U1s/ a1
Mr1s
2
ótimo de β1′s pode ser obtido para uma máxima vazão mássica.
Whitfield e Baines (1990) apresentam ainda a Equação 2.1 da seguinte forma:
2
10
onde θ = m& / π r2 ρ 01 a01 – vazão mássica adimensional.
2
2
1/ 2
3 + γ M r 1s
2
4 M r 1s
2
′
cos β1s = 1− 1−
( )
2 2 (2.3)
3 + γ M r1s
2
2 M r 1s
γ +1 1/ 2
m& 1 + γ − 1 2 (γ −1)
M r1s cos β1′s
2 2
2 2
r1s = + r1h (2.4)
ρ 01 a01 π M r1s cos β1′s
2
11
Número de Mach relativo Mr1s
θ MU 2
1 − τ hs
2
Figura 2.2: Ângulo relativo do gás no shroud para um valor mínimo do número de
Mach relativo – Adaptado de Whitfield e Baines (1990)
Vazão mássica relativa
Mr1s
Figura 2.3: Comportamento da vazão mássica para alguns números de Mach relativos,
considerando a alteração do ângulo relativo do gás no shroud –
Adaptado de Came e Robinson (1999)
12
A única incerteza, porém, está na estimativa do número de Mach relativo. Este
valor dependerá da velocidade angular do impelidor, que é função da razão de pressão
estabelecida, do raio externo do impelidor e do ângulo na saída. Sendo assim, o projeto
da região de entrada do impelidor deve ser realizado em conjunto com o projeto da
região de saída.
13
M U λ / sin α 2′
M2 =
{ 1 + (γ − 1) M λ [1 − (0.5 λ / sin 2 α 2′ ) ] }
2
1 (2.5)
2
U
∆H E C C tan β B′ 2 σ
λ= = 1 − slip − 2 r =
U2
2
U2 U2 tan β B′ 2 (2.6)
1 −
tan α 2′
α 2′ = 65º
σ = 0.85
β B′ 2
Figura 2.4: Efeito do uso de pás para trás no número de Mach na saída –
Adaptado de Whitfield e Baines (1990)
14
A aplicação de pás para trás pode então ser considerada desejável no intuito de
diminuir o número de Mach na saída. Entretanto, a necessidade de se aumentar a
velocidade do impelidor – para manter a relação de pressão –, levará a um aumento da
velocidade das pás na entrada, o que trará consequências no projeto da região de entrada
do impelidor.
Número de Mach absoluto na saída M2
α 2′ = 65º
σ = 0.85
η est = 0.80
β B′ 2
40º – β B 2 entre 90º e 50º. Para ângulos acima de 40º – β B 2 abaixo de 50º –, o efeito é
oposto.
Outra análise importante apresentada pelos autores é a influência do ângulo da
pá na saída no número de Mach na entrada. A velocidade periférica no shroud U1s está
relacionada com a saída através da razão de raios shroud-tip – r1s / r2 . Assumindo a
ausência de pré-rotação na entrada do impelidor, Mr1s é dado por:
15
M r1s =
(U1s / a01 ) / sin β1′s
1 − [(γ − 1) / 2](U1s / a01 ) / tan 2 β1′s
2 (2.7)
β B′ 2
β B′ 2
Considerando valores fixos para β1′s e para r1s / r2 , Mr1s se torna função apenas
de MU. A Figura 2.7 mostra o efeito do ângulo da pá na saída e da razão de pressão no
número de Mach relativo na entrada, considerando β1′s = 60º e r1s / r2 = 0,7.
A Figura 2.7 pode ainda ser apresentada de forma a explicitar o número de Mach
na saída em função do número de Mach relativo na entrada – Figura 2.8. Observa-se
claramente, dada uma razão de pressão, o aumento de Mr1s com o aumento de β B′ 2 – a
diminuição de β B 2 . Como um alto número de Mach relativo na entrada pode se tornar
inaceitável, um meio de se produzir uma redução deste parâmetro é através da relação
r1s / r2 . A Figura 2.9 mostra o efeito da variação de r1s / r2 no número de Mach relativo
na entrada.
16
β 1′s = 60º
β B′ 2
η est = 0.80
U2
a01
β B′ 2
17
Whitfield e Baines (1990) mostram ainda o efeito da relação r1s/r2 e da relação
b2/r2 no projeto unidimensional de um compressor para se estabelecer as condições de
saída do gás.
α 2′ = 65º β B′ 2 = 40º
σ = 0.85 β 1′s = 60º
Número de Mach absoluto na saída M2
η est = 0.80
r1s / r2
A Figura 2.10 mostra um exemplo da análise que deve ser feita no momento de
seleção dos parâmetros geométricos básicos para o projeto do impelidor. Assim, embora
seja possível controlar o número de Mach relativo na entrada, reduzindo a razão de raios
r1s/r2, também é possível observar que a altura da pá na saída diminui – para manter a
área do escoamento constante –, ocasionando um incremento nos números de Mach da
entrada e da saída, consequentemente reduzindo a faixa de operação do compressor.
Came e Robinson (1999) mostram a influência do ângulo de saída da pá no
coeficiente de trabalho em impelidores de pás para trás. Esta influência pode ser
observada na Figura 2.11 para um caso particular de um impelidor de 18 pás e uma
relação C2r / U2 = 0,2. Eles concluem que, na prática, a redução da razão de pressão
começa a ser observada mais significativamente para valores de β B′ 2 superiores a 25º –
β B 2 inferiores a 65º.
18
Razão altura da pá – raio externo b2/r2
β B′ 2 = 40º β 1′s = 60º
α 2′ = 65º r1h / r1s = 0.4
M r 1s
η imp = 0.9 η est = 0.80
σ = 0.85
[
PR = 1 + (γ − 1) ηest λ M U
2
] γ −1 (2.8)
Usando a Equação 2.8, a velocidade periférica para uma dada razão de pressão é
mostrada na Figura 2.12.
Came e Robinson (1999) afirmam que o balanço entre os fatores que afetam
tanto a estabilidade do compressor quanto o nível de tensão do material, resulta em um
β B′ 2 de no máximo 30º – β B 2 de no mínimo 60º – e na seleção de um material adequado
tecnicamente e economicamente à velocidade periférica aplicada. Eles ainda mostram
que para um β B′ 2 acima de 40º – β B 2 abaixo de 50º –, o comportamento do coeficiente
de trabalho pelo ângulo assumido se torna completamente não linear, onde o aumento
do ângulo deve ser compensado com um aumento de rotação – Figura 2.11.
Estes autores também apontam como sendo de primordial importância nos
primeiros passos do um projeto de um impelidor a altura da pá na saída. Essa dimensão
controla a difusão relativa no impelidor bem como o ângulo da velocidade absoluta na
19
saída do impelidor. Uma difusão excessiva leva a uma queda de eficiência através da
separação da camada limite enquanto que uma difusão insuficiente leva ao aumento
excessivo das velocidades relativas bem como a um aumento das perdas por atrito. Eles
mostram que a relação entre as velocidades relativas na saída e na entrada no shroud –
W2/W1s – é um critério válido de projeto e geralmente são escolhidos valores entre 0,45
e 0,6.
C 2 r / U 2 = 0.2 e z = 18
Coeficiente de trabalho
Ângulo da pá na saída β B′ 2
β B′ 2
20
2.3 Modelos de Perdas
Diversas equações empíricas foram desenvolvidas ao longo dos anos com o
intuito de estimar as perdas que ocorrem no interior de um compressor centrífugo. O
desenvolvimento destas equações permitiu uma melhor análise do desempenho da
máquina em sua fase de projeto.
Oh et al. (1997) testaram diversos modelos empíricos de perdas desenvolvidos e
compararam os resultados dos cálculos com o desempenho real de compressores
montados com diferentes impelidores – impelidor KIMM e os impelidores Eckardt A, B
e O – em diferentes velocidades. No desenvolvimento do trabalho, os autores
encontraram um conjunto de equações ótimo que melhor se aproximou do desempenho
real de um compressor centrífugo. A Tabela 2.1 apresenta os modelos testados e o
resultado obtido.
Oh et al. (1997) separaram as perdas que ocorrem em um compressor centrífugo
em dois grandes grupos: i) Perdas internas, onde estão incluídas as perdas por
incidência, perdas por carregamento na pá, perdas por atrito, perdas por folgas, perdas
por mistura e as perdas no difusor, nos casos analisados pelos autores, difusor sem pás;
ii) Perdas parasíticas, onde estão incluídas as perdas por atrito no disco, perdas por
recirculação e perdas por vazamento. Este último grupo recebe a denominação de
perdas parasíticas, pois aumentam a entalpia de estagnação na saída do impelidor sem
que haja um aumento de pressão correspondente.
Primeiramente, Oh et al. (1997) testaram as 144 combinações possíveis para os
seis tipos de perdas internas. Um grupo de equações ótimo foi selecionado para as
perdas internas e usado para encontrar um grupo ótimo para as perdas parasíticas. Eles
concluíram que o grupo de equações encontrado pode ser utilizado para estimar as
curvas de desempenho de um compressor centrífugo com grande acurácia. Com o
intuito de aperfeiçoar a estimativa da eficiência isentrópica do estágio de compressão,
eles ainda propuseram um novo modelo para as perdas por recirculação que é a mais
influente parcela das perdas parasíticas.
Como referência, a análise foi comparada com o modelo de duas zonas – jato-
esteira. Os autores concluíram que, embora o modelo de duas zonas leve em conta a não
uniformidade do campo de escoamento na saída do impelidor, seria necessário realizar
um melhor refinamento do atual modelo de duas zonas, com o intuito de prever o
21
desempenho do compressor com o mesmo nível de acurácia que da análise da linha de
corrente média – mean stramline analysis.
Modelos empíricos
Descrição Modelo selecionado
analisados
Perda por incidência Aungier (1995) Conrad et al. (1980)
(Incidence loss) Galvas (1973)
Conrad et al. (1980)
Perda por atrito no disco Daily e Nece (1960) Daily e Nece (1960)
(Disk friction loss)
22
2.4 Estudos na Área de Otimização de Compressores
Centrífugos
23
atrito, carregamento da pá, mistura, vazamento e atrito no disco. Este método também é
aplicável a impelidores com pás parciais – splitters.
O outro método utilizado foi o Galvas Method. Este método é mais simples que
o primeiro, pois não permite a análise da distribuição da velocidade relativa. Apesar
disto, ele leva em conta os principais modelos de perdas – incidência, atrito,
carregamento da pá, atrito no disco e recirculação – e apresenta resultados razoáveis.
Os autores testaram a confiabilidade dos modelos de perdas para vários
compressores, comparando o desempenho previsto para as geometrias das máquinas
com os dados experimentais. Eles apresentaram os dados comparados de dois
compressores – um fabricado pela Franco Tosi® e outro pela Nuovo Pignone®.
O Northern Research Method acoplado ao método de Dean e Runstadler (1975)
para o difusor apresentou os melhores resultados. Os valores encontrados para a
eficiência global, a distribuição das perdas e a velocidade específica ficaram bem
próximos aos valores experimentais. No entanto, houve divergências nos parâmetros
geométricos devido à solução ótima requerer um alto b2 – altura da pá –, o que gerou
uma baixa razão de desaceleração – W2 / W1s – e um baixo coeficiente de vazão. Cabe
ressaltar que no compressor estudado, uma baixa relação b2 / d2 foi adotada com o
intuito de gerar um baixo coeficiente de trabalho e garantir uma ampla faixa de
operação, incluindo as baixas vazões.
O resultado da otimização mostrou que mesmo a eficiência ótima e a velocidade
específica sendo praticamente as mesmas, os parâmetros fluidodinâmicos e geométricos
têm a tendência de corresponder aos modelos de perdas, tentando reduzir a perda mais
crítica.
Outro fator importante observado foi quanto ao fator de escorregamento. Na
análise, foram utilizados dois modelos: a correlação de Wiesner (1967) e a correlação de
Eckert (1961). Os valores obtidos pela correlação de Wiesner (1967) foram superiores
aos valores obtidos pela correlação de Eckert (1961), porém os resultados foram
similares em termos de eficiência e de parâmetros fluidodinâmicos. Portanto, conclui-se
que os resultados não são seriamente afetados pelo tipo de correlação utilizada para o
fator de escorregamento.
Para testar a importância do material do impelidor, uma comparação foi feita
entre duas otimizações com as mesmas condições de projeto – razão de pressão de 5:1 e
vazão mássica igual a 2,45kg/s. Na primeira otimização, o material considerado foi uma
liga de alumínio e na segunda, uma liga de titânio. A primeira otimização apresentou
24
uma eficiência inferior à segunda, devido a uma limitação em 17° do ângulo da pá na
saída, β B′ 2 – contra 40º utilizado na segunda otimização – para evitar exceder a tensão
de escoamento do material na pá. Neste caso, a rotação e o grau de reação são menores,
o que diminui a eficiência.
Em uma análise fora das condições de projeto, os autores consideraram um
impelidor de liga de titânio, o ar como fluido de trabalho – T0 = 293K e P0 = 101,3kPa –
e as razões de pressão de 8:1, 5:1 e 2,5:1. A análise da eficiência total-estática versus
vazão mássica apresentou uma boa aproximação com os resultados experimentais,
corroborando a acurácia dos modelos de escoamento e de perdas utilizados. Foi
observada ainda uma queda da eficiência nas baixas vazões. Uma das razões é que as
perdas por vazamento aumentam, uma vez que existe uma dimensão mínima a ser
respeitada entre o impelidor e o shroud – limitação mecânica. Outro fato relevante, é
que as perdas por atrito ao longo da máquina também aumentam devido ao baixo
número de Reynolds e da alta rugosidade relativa.
Prosseguindo com a análise, Perdichizzi e Savini constataram que a velocidade
específica ótima, dada uma razão de pressão, é constante para uma extensa faixa de
vazão, respeitando as leis de similaridade. Em vazões muito baixas, a velocidade
específica tende a aumentar devido ao número de pás diminuir e as perdas por
carregamento da pá aumentarem; desta forma, a solução ótima se move na direção de
um alto β 2′ – ângulo da velocidade relativa do gás na saída –, de um alto grau de reação,
com um apreciável aumento da rotação.
A velocidade específica muda inversamente com razão de pressão devido ao
limite de resistência do material. O ângulo ótimo da velocidade relativa do gás na saída,
β 2′ , se mantém praticamente constante – entre 50 e 55º –, embora o ângulo da pá na
saída varie com a razão de pressão. Isto acontece porque o fator de escorregamento
aumenta com a razão de pressão. E fato que, compressores com alta carga necessitam de
um grande número de pás com o intuito de reduzir a carga aerodinâmica. Outra
observação importante é que a razão de pressão não exerce influência no grau de reação
e na razão de desaceleração, exceto nas pequenas vazões.
Em resumo, a partir da análise dos resultados, Perdichizzi e Savini concluíram
que o método de otimização proposto é capaz de fornecer uma estimativa confiável do
desempenho de uma máquina. A análise em diferentes vazões e em diferentes razões de
pressão mostrou como as pequenas máquinas sofrem os maiores prejuízos dos efeitos
25
dimensionais – e. g. folgas, espessuras, números de Reynolds –, e como consequência,
apresentam uma velocidade específica ótima maior. Em altas razões de pressão, a
eficiência global diminui de forma mais acentuada, uma vez que a velocidade específica
não pode crescer devido aos limites de resistência do material. Os diagramas
apresentados pelos autores podem ser úteis para o projeto de compressores centrífugos,
uma vez que eles determinam a melhor velocidade específica e as melhores
características geométricas para se obter a maior eficiência possível em uma máquina.
26
de dados para comando numérico. O fluxograma apresentado na Figura 2.14 descreve
as etapas do procedimento e os pontos necessários de iteração.
Os dois primeiros programas merecem uma especial atenção, visto que estão
ligados diretamente ao tema proposto neste trabalho. Na análise unidimensional,
segundo o autor, para um dado requisito de desempenho, as equações da continuidade,
energia e segunda lei de Newton podem ser combinadas e reescritas sob a forma de
parâmetros adimensionais, assumindo as premissas de uma análise 1D – escoamento
unidimensional e estacionário, fluido de trabalho com comportamento de gás perfeito e
ausência de pré-rotação na entrada do impelidor. A solução destes parâmetros
adimensionais para uma determinada condição de projeto restringe a área de pesquisa
de todas as dimensões do impelidor – i.e., estabelece o range prático das variações dos
parâmetros geométricos e de escoamento. Por exemplo, a Figura 2.13 mostra o
comportamento da razão da altura da pá na saída pelo diâmetro da saída e o ângulo da
pá no shroud vs. a razão do diâmetro do shroud pelo diâmetro da saída, para alguns
valores de razão de difusão – razão de desaceleração. Cabe ressaltar que a razão de
pressão total-total e o número de Mach no shroud são mantidos constantes para todos os
valores de razão de difusão. Percebe-se que para cada valor de razão de difusão existe
um valor máximo para a razão da altura da pá na saída pelo diâmetro da saída, que
ocorre, segundo o autor, com um ângulo da pá na entrada do shroud – β B1s – de
aproximadamente 30º.
Razão da altura da pá na saída
pelo diâmetro externo
27
Figura 2.14: Fluxograma do procedimento de CAD – Al-Zubaidy (1992)
28
pá. Logo, o bloqueio resultante só pode ser compensado aumentando-se o ângulo; iii) A
vazão mássica especificada.
O autor ressalta ainda que, baseado nas restrições descritas, nem sempre é
possível escolher um valor ótimo para o ângulo da pá no shroud.
Ao fim da etapa de análise unidimensional, um campo de variação dos
parâmetros geométricos e de escoamento pode ser estabelecido.
A etapa seguinte do procedimento consiste em otimizar os parâmetros
geométricos e de escoamento previamente determinados. Al-Zubaidy relata que o
problema de otimização proposto por ele é estabelecido de forma que qualquer
algoritmo de otimização não-linear pode ser usado para alcançar uma solução numérica
com grande acurácia. Entretanto, se o sistema proposto for muito grande e uma
decomposição em sistemas menores for necessária, um método de otimização mais
apropriado deve ser utilizado.
O problema de otimização proposto consiste em maximizar a eficiência do
impelidor. A função objetivo é dada por:
onde,
∆H E
2 − (∆hin + ∆hbl + ∆hsf )
U
F ( X ) = ηimp = 2 (2.10)
∆H E
2 + ∆hrc + ∆hdf
U
2
29
centrífugo. Ele ainda ressalta a existência de modelos de perdas mais sofisticados e que
facilmente podem ser adaptados em seu procedimento.
Em um exemplo, foram escolhidas as seguintes variáveis independentes: o
ângulo da pá no shroud, o raio externo, o raio eficaz na entrada, a largura na entrada, o
comprimento da linha de corrente média, a velocidade absoluta do gás na saída e a
velocidade relativa média. Foram ainda estabelecidas restrições ao projeto com o intuito
encontrar uma solução exequível. No resultado, para uma determinada condição de
serviço estabelecida, o algoritmo precisou de somente cinco iterações para encontrar
uma solução ótima para F ( X ) .
30
material ou evitar o surgimento de frequências de ressonância. O terceiro aspecto, mas
não menos importante, que diz respeito ao processo fabril, foca na exequibilidade e no
menor custo de fabricação possível. Em resumo, o projeto final deve ser um acerto entre
estes três aspectos. Um procedimento convencional de projeto é mostrado na Figura
2.15. Neste delineamento, o custo e o tempo de projeto são altamente elevados, visto
que etapas do projeto não interagem entre si, gerando muito retrabalho. No sistema
proposto pelos autores, todas as análises são realizadas simultaneamente, a partir de
uma geometria 3D gerada com base nos resultados da análise 1D – Figura 2.16.
Início
Projeto
Aerodinâmico
Projeto
Mecânico
Não
Fabricação
Sim Não
Existe algum problema Fim
de fabricação?
Figura 2.15: Sistema de projeto linear convencional – Adaptado de Qiu et al. (2010)
31
Sobre a análise 1D, Qiu et al. (2010) relatam que apesar da existência atual de
sofisticadas ferramentas computacionais 3D, a análise 1D continua sendo uma etapa
insubstituível no projeto de uma turbomáquina. Primeiro, porque é a etapa inicial de um
projeto novo. Somente com a determinação da condição de projeto é impossível
trabalhar com uma ferramenta CFD. É necessário existir uma geometria pré definida.
Somente a análise 1D pode definir esta geometria inicial. Segundo, a praticidade e a
rapidez de um solver 1D permitem a exploração de um grande espaço de soluções.
Centenas de casos podem ser executados em questões de segundos, algo praticamente
impossível para um solver 3D. E, finalmente, as ferramentas CFD continuam
apresentando limitações como uma ferramenta de projeto. Por exemplo, modelar
características do escoamento como atrito no disco, vazamento, ou furos de
balanceamento em CFD apresenta um nível de complexidade geométrica tal que
dificulta a geração da malha. Estes problemas podem ser tratados de forma simples em
uma análise 1D com algumas correlações empíricas validadas.
Em sua forma pura, a análise 1D consiste na análise de apenas uma linha de
corrente – a linha de corrente média. Os autores ainda ressaltam que não deve ser dada
muita ênfase a validação na análise 1D visto que esta análise esta baseada em modelos
empíricos.
32
Capítulo 3
Fundamentos de Compressores
Centrífugos
3.1 Introdução
Compressores são máquinas de fluido geratrizes que objetivam fornecer energia
a um fluido no estado gasoso, que pode ser um gás puro ou uma mistura gasosa, com o
intuito de provocar seu escoamento ou simplesmente elevar a sua pressão. Quanto à
forma que a energia é fornecida ao gás, os compressores são classificados em
Volumétricos ou de Deslocamento Positivo e em Dinâmicos ou Turbocompressores. A
Figura 3.1 apresenta uma classificação sumária dos compressores industriais.
Os compressores Volumétricos têm por característica básica de funcionamento a
transferência da energia cedida pela fonte motriz através da movimentação de um
elemento mecânico denominado positivo, que obriga o gás a executar o mesmo
movimento do qual ele está animado. O gás, a cada volta ou golpe do elemento
mecânico, enche os espaços com volume determinado no interior do compressor e
posteriormente é expulso, daí a denominação de compressores volumétricos. Neste
grupo se encontram os compressores alternativos – pistão e diafragma – e os
compressores rotativos – parafusos, lóbulos e palhetas.
Nos compressores Dinâmicos, a energia proveniente da fonte motriz é
transferida ao gás através da sua aceleração provocada por um elemento rotativo, dotado
de pás, denominado impelidor. Uma parte desta energia é recebida pelo gás na forma de
entalpia, estando relacionada com a elevação de pressão que ocorre ainda no impelidor.
Outra parte da energia é transferida ao gás na forma cinética, a qual é convertida
também em entalpia, com suplementar elevação de pressão, ao passar por um órgão fixo
33
denominado difusor. Neste grupo encontram-se os compressores centrífugos e os
compressores axiais.
Diafragma
Alternativos
Pistão
Volumétricos ou de
Deslocamento Positivo
Parafusos
Rotativos Lóbulos
Compressores Palhetas
Centrífugos
Dinâmicos ou
Turbocompressores
Axiais
Velocidade
Máxima
Difusor
Canal de
Retorno
Impelidor
Entrada
Entrada do
Gás
34
Além da carcaça, eixo, impelidores, difusores e rodas de pás guias, outros
componentes importantes de serem mencionados são os selos mecânicos, selos
labirintos, diafragmas e mancais.
Os compressores centrífugos apresentam como principais vantagens – em
relação aos outros tipos de compressores: i) uma grande faixa de operação; ii)
requererem pouca manutenção – a manutenção é relativamente simples devido à
existência de poucos componentes – e; iii) grande disponibilidade. Suas principais
desvantagens são: i) instabilidade em baixas vazões e; ii) eficiência moderada.
Devido aos limites impostos à velocidade periférica do impelidor – por razões de
resistência mecânica –, às altas razões de pressão demandadas pela grande maioria dos
serviços de compressão e às altas temperaturas geradas no processo de compressão, é
muito comum o uso na indústria de compressores centrífugos de múltiplos estágios.
35
Um compressor industrial é modelado termodinamicamente a partir do conceito
de volume de controle, visto que dois fluxos de massa são observados, relativos à
sucção e à descarga da máquina. Ao mesmo tempo, fluxos de calor e trabalho são
trocados com agentes externos.
De um modo simplificado pode-se considerar que no interior de um compressor
ocorre a composição de dois processos independentes e simultâneos:
• Um processo de compressão pura;
• Um processo de movimentação do gás contra um gradiente adverso de
pressão – da sucção para a descarga.
m& m&
Q&
36
(
Q& − W& = E& 2 − E&1 ) (3.1)
logo, para que não haja variação da energia no interior do compressor, a potência
transferida pela fonte motriz – acionador – ( W& ) deverá corresponder à variação de
energia do escoamento ( E& 2 − E&1 ) adicionada ao fluxo térmico rejeitado para o meio
externo ( Q& ). Dividindo a Equação 3.1 pela vazão mássica do escoamento, obtem-se a
equação da energia em termos específicos:
− w = (e2 − e1 ) − q (3.2)
sendo e a energia total específica do gás, que é função da entalpia, da energia potencial
e da energia cinética para um fluido em escoamento, ou seja:
C2
e=h+ + gZ (3.3)
2
e1
e2
w
volume de
controle
C
2
C
2
− w = h2 + 2 − h1 + 1 (3.4)
2 2
37
Cabe ressaltar que o sinal aplicado para w corresponde à convenção adotada pela
termodinâmica clássica, onde o sinal será positivo se o volume de controle estiver
realizando trabalho e negativo se o volume de controle estiver recebendo trabalho. No
caso da análise de um turbocompressor, não há a necessidade desta convenção. Logo:
C2
2
C1
2
w = h2 +
2 − h1 + 2 (3.5)
p v γ = constante (3.6)
onde,
cp cp
γ= = (3.7)
cV cp − R
e,
R
R = c p − cV = (3.8)
MW
38
pv = RT (3.9)
γ
p 2 v1
= (3.10)
p1 v2
γ −1
T2 p 2 γ
= (3.11)
T1 p1
γ −1
T2 v1
= (3.12)
T1 v2
Sendo o trabalho por unidade de massa em uma compressão ideal dado por:
w = ∫ − v dp ⇒ w = ∫ v dp (3.13)
dh = c p dT (3.14)
obtem-se a seguinte equação para o trabalho ideal isentrópico por unidade de massa:
γ −1
2 γ R T1
2 − 1
p γ
ws = ∫ v dp = (3.15)
1 γ − 1 MW p1
adiabático – H s .
39
3.3.4 Compressão Ideal Politrópica
p v n = constante (3.16)
• processo isométrico : n= ∞
n
p 2 v1
= (3.17)
p1 v2
n −1
T2 p 2 n
= (3.18)
T1 p1
n −1
T2 v1
= (3.19)
T1 v2
40
n −1
2 n R T1 p
2 − 1
n
w p = ∫ v dp = (3.20)
1 n − 1 MW p1
politrópico – H p .
2s 2
processo
real
processo
politrópico
Processo
isentrópico
ws Hs
ηs = = (3.21)
wreal H real
41
Conforme mencionado anteriormente, turbocompressores operam de forma que
possam ser considerados adiabáticos. Pode-se assim concluir que quanto mais a
temperatura real se afasta da temperatura ideal isentrópica, menor será a eficiência do
processo. Logo:
T2 s − T1
ηs = (3.22)
T2 − T1
wp Hp
ηp = = (3.23)
wreal H real
Logo:
Hp
η p = ηs (3.24)
Hs
n −1 γ −1
= (3.25)
n γηp
42
A Equação 3.25 mostra que, fixada a natureza do gás, e consequentemente o
valor de γ , o expoente n servirá, tanto quanto a eficiência politrópica, para indicar o
grau de não-idealidade do processo real de compressão. Quanto mais intensas forem as
não-idealidades, mais o estado final de compressão real se afastará para a direita,
causando um aumento do expoente n em relação à γ , e, como consequência, queda da
eficiência politrópica.
C2
h0 = h + (3.26)
2
C2
T0 = T + (3.27)
2c p
Sendo c p = γ R /(γ − 1) :
γ −1 C
2
T0
=1+ (3.28)
T 2 γRT
43
e considerando as equações da velocidade do som ( a = γRT ) e do número de Mach
T0 γ −1 2
=1+ M (3.29)
T 2
h p01s p01
01s 01
2
C1
2
p1
γ −1
T0 p0 γ
= (3.30)
T p
γ
p0 γ − 1 2 γ −1
= 1 + M (3.31)
p 2
44
A massa específica de estagnação é obtida a partir da equação do gás perfeito –
Equação 3.9 – correlacionada com a equação da pressão de estagnação – Equação 3.31:
1
ρ0 γ − 1 2 γ −1
= 1 + M (3.32)
ρ 2
γ −1
γ R T01
02 − 1
p γ
ws = (3.34)
γ − 1 MW p01
n −1
n R T01 p
02 − 1
n
wp = (3.35)
n − 1 MW p01
h02 s − h01
η t −t = (3.36)
h02 − h01
45
3.4 Teoria dos Compressores Centrífugos
P =Tω (3.37)
46
T ω = H E m& (3.38)
Logo,
Tω
HE = (3.39)
m&
pá
aresta de entrada
ω
47
equação da conservação do momento angular a um volume de controle que envolva o
impelidor. Para isto, é necessário conhecer a velocidade absoluta do escoamento – em
relação a um referencial inercial – em seu percurso através do impelidor. Esta
velocidade é obtida através da composição vetorial da velocidade relativa do
escoamento, que é conhecida em direção e sentido em qualquer posição radial entre as
arestas de entrada e saída do impelidor, com a velocidade tangencial do impelidor.
W2
β2
C2
α2
W1
U2
β1
C1
α1
U1
48
C1 C1 W1
W1
β1 α1 α1 β
1
U1 U1
C2 C2 W2
W2
β2 α2 α2 β2
U2 U2
Desta forma, o head de Euler pode ser expresso em termos das variáveis do
escoamento e das dimensões características do impelidor:
Tω
HE = = (C2 r2 cos α 2 − C1 r1 cos α1 ) ω (3.41)
m&
H E = U 2 C 2u − U 1 C1u (3.42)
49
H E = U 2 C2u = U 2 (U 2 − C2 r cot β 2 ) (3.44)
A componente radial C2r pode ser expressa em termos da vazão em volume que
o compressor descarrega, aplicando-se a equação de conservação da massa ao mesmo
volume de controle ao qual foi aplicado a equação de conservação da quantidade de
movimento angular.
Q2 = C 2 r A2 (3.45)
A2 = 2 π r2 b2 (3.46)
Q2
H E = U2 −U2 cot β 2
2
(3.47)
2 π r2 b2
C2 W2
C2r
α2 β2
C2u U2
50
A influência da rotação e do diâmetro do impelidor se traduz por meio da
velocidade U2. O head aumenta com a rotação e com o diâmetro. O ângulo de
inclinação das pás na saída do impelidor apresenta forte influência sobre a transferência
de energia. O impelidor possui pás inclinadas para trás quando β 2 < 90º , pás radiais
quando β 2 = 90º e pás inclinadas para frente quando β 2 > 90º . Como demonstra a
Equação 3.47, se forem mantidos constantes os demais fatores, quanto maior o ângulo
β 2 , maior a transferência de energia. Os compressores centrífugos industriais, no
entanto, são dotados de impelidores cujas pás são inclinadas para trás – ou radiais, em
alguns poucos casos – pelos seguintes motivos: i) à medida que aumenta o ângulo β 2 ,
reduz-se o grau de reação do impelidor e com isso a eficiência; ii) o aumento do ângulo
β 2 reduz a faixa de operação estável do compressor.
A vazão de operação é outro fator importante de influência sobre o head.
Mantidos os demais fatores constantes na Equação 3.47, verifica-se que há uma
correspondência linear da vazão com o head.
A largura de saída – altura da pá – do impelidor atua, através da área de saída,
como coeficiente de relação linear entre o head e a vazão descarregada. Isto significa
que uma variação na largura do impelidor faz o mesmo efeito do que a uma mudança na
escala das abscissas da curva head vs. vazão. O valor de cada vazão deve ser, neste
caso, corrigido de modo diretamente proporcional à largura, mantendo-se o head.
A teoria de Euler mostra-se eficaz na predição da transferência de energia em
um impelidor centrífugo, principalmente quando é formulada a hipótese de entrada
radial. Porém o escoamento real não é uniforme nem unidimensional. O desempenho
real de um compressor centrífugo se difere do desempenho teórico devido aos seguintes
fatores:
• Não-uniformidade da velocidade na saída do impelidor. Como é impossível
construir um impelidor com infinitas pás, o gás acaba não tendo
comportamento uniforme entre uma pá e a outra;
• O ângulo de saída da velocidade relativa do gás sofre uma pequena
alteração. Esse fenômeno é conhecido como escorregamento – Seção 3.4.2;
• O escoamento do gás no interior do impelidor é totalmente turbulento com
formação de vórtices e esteiras.
• Perdas – atrito e recirculação interna.
51
HE
β 2 > 90º
β 2 = 90º
2
U2
β 2 < 90º
(a)
Q2
(b)
Figura 3.12: (a) Comportamento head vs. vazão volumétrica descarregada para um
impelidor centrífugo, com base na teoria de Euler; (b) Possíveis configurações das pás –
Adaptado de Rodrigues (1991)
escorregamento e não-uniformidade
das velocidades
H
atrito interno
choques,
turbulências
52
3.4.2 Fator de Escorregamento
∆C2u
C2
W2
C2 r
β2
β B2
C2u ( real ) U2
C2u (teórico )
53
C2u ( real )
σ= (3.48)
C2u ( teórico )
π sin β B 2
σ = 1−
C (3.49)
z 1 − 2 r cot β B 2
U2
1,98
σ = 1−
C (3.50)
z 1 − 2 r cot β B 2
U2
Wiesner (1967) fornece uma extensa análise das técnicas utilizadas para se
calcular o fator de escorregamento em impelidores. Ele conclui que o procedimento de
Busemann descrito por Wislicenus (1965) é o melhor procedimento para se estimar as
velocidades alteradas pelo escorregamento. Wiesner aproximou os resultados de
Busemann pela seguinte equação:
sin β B 2
σ = 1− (3.51)
z 0, 7
54
3.4.3 Entalpia de Estagnação Relativa e o Conceito de
Rotalpia
3.10) e U Cu − U Wu = U 2 :
W
2
W U
2 2
U
2
h2 + 2 − h1 + 1 = 2 − 1 (3.53)
2 2 2 2
2 2
U 2 U1
h0 r 2 − h0 r1 = − (3.54)
2 2
55
h0 r
T0 r = (3.55)
cp
γ γ
P0 r T0 r γ −1 γ − 1 2 γ −1
= = 1 + Mr (3.56)
P T 2
onde,
W
Mr = (3.57)
γ RT
W2 U2 U2
I = h+ − = h0 r − (3.58)
2 2 2
56
correlacionar todas as variáveis umas com as outras, correlacionam-se apenas os
parâmetros adimensionais.
O objetivo básico de se aplicar a teoria de análise dimensional no projeto de uma
turbomáquina, é transferir o projeto otimizado de uma máquina específica para outras
máquinas “semelhantes”. As condições a serem satisfeitas para se obter uma
similaridade rigorosa entre duas máquinas são: i) Similaridade geométrica – mesma
forma geométrica e dimensões lineares, relacionadas por um fator de escala constante,
incluindo folgas, rugosidade superficial, espessura das pás, etc.; ii) Similaridade
dinâmica – forças paralelas e com magnitudes relacionadas por um fator de escala
constante – similaridade de esforços.
A partir das variáveis envolvidas no desempenho de um turbocompressor tais
como as propriedades do gás – massa específica, viscosidade e a constante do gás –, as
condições de entrada e saída – pressões e temperaturas de estagnação –, as
características geométricas da máquina – definidas apenas pelo diâmetro externo do
impelidor – e as variáveis de controle – rotação e vazão –, vários parâmetros
adimensionais podem ser desenvolvidos. Os principais parâmetros adimensionais
utilizados no projeto de um turbocompressor são: O coeficiente de vazão, o número de
Mach periférico, o coeficiente de head e o número de Reynolds.
O coeficiente de vazão é comumente utilizado para caracterizar o desempenho
de máquinas que trabalham com fluidos incompressíveis – como as turbobombas. É
determinado pela seguinte expressão:
Q Q
φ= = (3.59)
Nd 2
3
π r2 2 U 2
57
O coeficiente de vazão é utilizado basicamente para caracterizar o tipo de
impelidor/estágio e a eficiência esperada para uma determinada condição de projeto.
Quanto menor for o coeficiente de vazão, mais estreita será a largura do impelidor na
saída e mais limitada será a sua eficiência. O contrário acontece com altos coeficientes
de vazão, onde a largura do impelidor na saída será maior e maior a eficiência esperada.
Este comportamento é mostrado por Dalbert et al. (1999) – Figura 3.15.
O número de Mach periférico é uma avaliação dos níveis do número de Mach na
máquina. A razão de pressão e a razão de temperatura estão diretamente relacionadas
com este parâmetro. Um estágio de compressor centrífugo é projetado para um valor
específico de MU e depois otimizado para este valor. Quando operando em outros
valores, alterações na densidade do gás – com a razão de pressão – irão levar os
componentes do estágio – impelidor, difusor, etc. – a operarem em uma condição
diferente da projetada. Sendo assim, existe uma faixa limitada de valores de MU para
qual um desempenho aceitável pode ser alcançado.
Perdas aerodinâmicas
Coeficiente de vazão
58
U2
MU = (3.60)
a01
Nd2
MU = (3.61)
R T01
ou,
µ = 2 λ ηest (3.63)
1,773 φ
ns = (3.64)
µ 0, 75
1,128 µ 0, 25
ds = (3.65)
φ
59
atrito das paredes no desempenho é função do Re, alterações neste parâmetro irão alterar
o desempenho. O número de Reynolds é a medida da razão entre as forças de inércia e
as forças viscosas.
Cumpsty (1989) sugere calcular o Re para compressores centrífugos em função
da velocidade periférica do impelidor e da largura do impelidor na região de saída.
Sendo assim, o número de Reynolds é estabelecido pela seguinte expressão:
ρ b2 U 2
Re = (3.66)
µ
60
Capítulo 4
61
Dados iniciais:
• Ângulo da pá na saída ( β B 2 )
• Número de pás ( z )
• Ângulo de incidência ( i )
Equações básicas:
sin β B2
σ =1 − (4.1)
z 0, 7
p01
ρ01 = (4.2)
R T01
• Coeficiente de trabalho:
σ
λ=
cot β B2 (4.3)
1+
cot α 2
62
• Velocidade de estagnação do som na entrada:
a 01 = γ R T01 (4.4)
1
γ −1 2
PR γ − 1
U2 = a01 (4.5)
λ (γ − 1)η est
C2u = U 2 λ (4.6)
C2u
C2 = (4.7)
cosα 2
U C
T02 = 1 + (γ − 1) 2 22u T01 (4.8)
a01
γ
T γ −1
p 02 = ηimp 02 − 1 + 1 p 01 (4.9)
T 01
63
• Velocidade de estagnação do som na saída:
a01
a02 = 1
T01 2 (4.10)
T02
γ −1 C2
2
T2 = 1 − T02 (4.11)
2 a02
C2 T02
M2 = (4.12)
a02 T2
a02
a2 = 1
T02 2 (4.13)
T2
64
• Número de Mach relativo na saída:
1
W 2 C
2
2
Mr2 = 2u + 2r (4.16)
a2 a2
1
T 2
W2 = M r 2 2 a01 (4.17)
T01
C
β2 = arcsin 2r (4.18)
W2
p02
p2 = γ
T02 γ −1 (4.19)
T2
p2 T01
ρ2 = ρ 01 (4.20)
T2 p01
U1s = U 2 τ st (4.21)
65
• Componente da velocidade relativa no shroud na direção tangencial:
U 1s
C1 = (4.23)
cot β1s
−1
C1 γ − 1 C1
2 2
M 1s = 1 − (4.24)
a01 2 a01
M 1s
M r1s = (4.25)
sin β1s
1
W 2 C 2 2
W1s = 1us + 1 a01 (4.26)
a01 a01
−1
γ −1 γ −1
ρ1 = 1 + M 1s 2 ρ01 (4.27)
2
66
• Coeficiente de head:
µ = 2 λ ηest (4.28)
• Coeficiente de vazão:
φ=
ρ1
ρ01
(
τ st 1 −τ hs
2
)
2 C1
U2
(4.29)
U2
θ =φ (4.30)
a01
• Velocidade específica:
1
π τ
st
2
1 − τ(hs )
2 C1
U 2
2
(4.31)
ns =
(λ ηest ) 4
3
• Área da saída:
m&
A2 = (4.32)
θ ρ 01 a01
• Raio externo:
1
A 2
r2 = 2 (4.33)
π
67
• Raio do shroud:
r1s = τ st r2 (4.34)
• Raio do hub:
• Altura da pá na saída:
θ
b2 = r
ρ 2 C2 r 2 (4.36)
2
ρ01 a01
U2
N = (4.37)
r2
T01
T1 =
(γ −1) M 1s 2 (4.38)
1 +
2
p01
p1 = γ
(γ −1) M 1s 2 γ −1 (4.39)
1 +
2
68
• Velocidade estática do som na entrada:
a1 = γ R T1 (4.40)
1
(γ − 1) M 2 2 γ −1
ρ02 = 1 + ρ2 (4.41)
2
r1s + r1h
2 2
r1 = (4.42)
2
U 1s + U 1h
2 2
U1 = (4.44)
2
• Área da entrada:
(
A1 = π r1s − r1h
2 2
) (4.45)
U
β1h = arccot 1h (4.46)
C1
69
• Ângulo eficaz do gás na entrada:
β1s + β1h
2 2
β1 = (4.47)
2
β B1 = β1 + i (4.48)
C1
W1h = (4.51)
sin β1h
W1s + W1h
2 2
W1 = (4.52)
2
70
• Componente da velocidade relativa eficaz na entrada na direção tangencial:
W + W1uh
2 2
• Largura da entrada:
2
W1u
∆hin = f in (4.56)
2
onde, f in = 0,5 − 0,7
∆hbl = 0,05 Df U 2
2 2
(4.57)
0,75 ∆H E / U 2
2
W
onde, D f = 1 − 2 +
W1s (W1s / W2 ) [( z / π )(1 − r1s / r2 ) + 2 r1s / r2 ]
LB
∆hsf = 2 C f W 2
(4.58)
dh
71
• Perda por folga – Jansen (1967):
1
2
ε 4π r1s2 − r1h 2
∆hcl = 0,6 C2u C2u C1 (4.59)
b2 b2 z (r − r ) 1 + ρ2
1s
2
ρ1
ρ r2 U 2
2 3
∆hdf = f df (4.60)
4m&
ρ1 + ρ 2
onde, ρ =
2
2,67
Re 0, 5 Re df < 3 ×105
df
f df =
0,0622 Re df ≥ 3 ×10
5
Re df 0, 2
U 2 r2
Re df =
ν2
(
∆hrc = 8 ×10 −5 sinh 3,5 α 2 D f U 2
3
) 2 2
(4.61)
m& cl U cl U 2
∆hlk = (4.62)
2 m&
72
r1 + r2
r =
2
b1 + b2
b=
2
m& cl = ρ 2 z ε Lm U cl
• Eficiência do impelidor:
∆H E
2 − (∆hin + ∆hbl + ∆hsf + ∆hcl )
U
=
2
ηimp (4.63)
∆H E
2 + ∆hrc + ∆hdf + ∆hlk
U
2
γ −1
γ R T01 p02 γ
Hs = − 1 (4.64)
γ − 1 MW p01
m& H s
GkW = (4.66)
ηest
4.2 Otimização
Otimização é o processo de encontrar a melhor solução dentre um conjunto de
soluções possíveis de um problema. Existe um conjunto particular de problemas para o
73
qual é decisiva a aplicação de um procedimento de otimização. São problemas
complexos, de difícil solução, ou que muitas vezes apresentam milhares de soluções
possíveis.
A otimização pode se dividida em duas classes: global e local. A otimização
global encontra a melhor solução do conjunto de “todas” as soluções possíveis. A
otimização local encontra a melhor solução dentro de um conjunto de soluções que está
próximo a outro. Na otimização local, a solução encontrada depende do ponto de início
do processo de busca do ótimo. A otimização global sempre encontrará a melhor
solução possível, independentemente das condições de início do processo de busca,
porém geralmente requisita um maior poder de computação.
Pode ser praticamente impossível de se encontrar uma solução ótima global em
algumas aplicações, entretanto, uma solução ótima local pode ser bastante eficiente. Em
muitos casos, encontrar o ótimo global não é necessário. Encontrar rapidamente uma
boa solução – ótimo local – pode ser mais desejável do que encontrar demoradamente a
melhor solução possível. O tipo de otimização empregada depende da estrutura do
problema e do grau de confiabilidade das variáveis. Existem inúmeras técnicas de
otimização e a aplicação de cada uma delas depende essencialmente do tipo de
problema.
Lee e Geem (2004) relatam que nas últimas quatro décadas, um grande número
de algoritmos foi desenvolvido com o intuito de resolver problemas de otimização na
área de engenharia. A maioria destes algoritmos é baseada em métodos numéricos de
programação linear e não linear, que requerem uma substancial informação de
gradientes e usualmente procuram melhorar a solução em torno do ponto inicial. Estes
algoritmos numéricos provêem uma estratégia útil para se obter o ótimo global em
modelos ideais simplificados. Entretanto, muitos problemas de otimização em
engenharia são extremamente complexos por natureza e difíceis de solucionar usando
estes algoritmos. No caso da existência de mais de um ótimo local no problema, o
resultado estará vinculado à seleção do ponto inicial, e a solução ótima obtida poderá
não ser necessariamente o ótimo global. Além disso, o gradiente de busca poderá se
tornar difícil e instável quando a função objetivo e as restrições tiverem múltiplos e/ou
aguçados picos.
Dentre os principais algoritmos deste grupo que é denominado Otimização
Clássica podemos citar os métodos de programação linear – Simplex e Pontos Interiores
–, os métodos de programação inteira – Enumeração e Branch and Bound, B&B – e os
74
métodos de programação não linear – Newton, Quase-Newton, Lagrange, Penalidades e
Gradiente Reduzido.
As desvantagens computacionais dos vários métodos numéricos existentes têm
forçado pesquisadores a recorrerem a algoritmos metaheurísticos para resolverem os
problemas de otimização em engenharia. Metaheurísticas são procedimentos destinados
a encontrar uma boa solução, eventualmente a ótima, consistindo na aplicação, em cada
passo, de uma heurística subordinada, a qual tem que ser modelada para cada problema
específico.
As metaheurísticas quando aplicadas a problemas de otimização tem como um
de seus objetivos gerarem procedimentos de busca em vizinhanças – no espaço de
pesquisa – que evitem uma parada prematura em ótimos locais proporcionando soluções
melhores. Utilizam escolhas aleatórias combinando os conhecimentos obtidos de
resultados anteriores para se guiarem através do espaço de pesquisa do problema.
Contrariamente às heurísticas convencionais, as metaheurísticas são de caráter
global e têm condições de escapar de ótimos locais. Assim, como os métodos de busca
local tradicionais, diferenciam-se entre si basicamente pelas seguintes características: i)
critério de escolha de uma solução inicial; ii) definição da vizinhança de uma solução;
iii) critério de seleção de uma solução vizinha dentro da vizinhança; iv) critério de
parada.
O fator comum entre os algoritmos metaheurísticos é que eles combinam regras
e aleatoriedade para imitar o fenômeno natural. Dentre estes fenômenos estão incluídos
o processo evolutivo biológico, como o Algoritmo Evolutivo – Evolutionary Algorithm
– proposto por Fogel et al. (1966), De Jong (1975) e Koza (1990) e o Algoritmo
Genético – Genetic Algorithm, GA – proposto por Holland (1975) e Goldberg (1989); o
comportamento animal, como o método Busca Tabu – Tabu Search – proposto por
Glover (1977) e o método Colônia de Formigas – Ant Colony – proposto por Dorigo et
al. (1996); o processo físico de recozimento, como o Recozimento Simulado –
Simulated Annealing – proposto por Kirkpatrick et al. (1983); e o processo musical,
como o método da Busca Harmônica – Harmony Search – proposto por Geem (2001).
Nos últimos anos os algoritmos metaheurísticos, especialmente o GA, têm sido
aplicados por vários pesquisadores para resolver problemas de otimização em
engenharia. Os métodos de otimização baseados em algoritmos metaheurísticos têm
quase sempre superado uma série de deficiências dos métodos numéricos
75
convencionais. Entretanto, esta é uma área de estudo muito nova e que ainda necessita
ser muito explorada.
Neste trabalho foram utilizados na solução do problema dois métodos de
otimização: um método clássico baseado em programação não linear – Quase-Newton –
e um método estocástico baseado em metaheurística – Algoritmos Genéticos.
f 1 ( x1 , x 2 ,K, xn ) = 0
f ( x , x ,K, x ) = 0
2 1 2 n
K
f n ( x1 , x 2 ,K, xn ) = 0
f 1 ( x1 , x 2 ,K, xn )
f 2 ( x1 , x 2 ,K, xn )
F ( x) =
K
f ( x , x ,K, x )
n 1 2 n
76
O método de Newton consiste em fazer uma aproximação linear
Lk ( x ) ≅ F ( x k ) + J ( x k ) ( x − x k ) , da função F no ponto x k dado, representada por planos
77
• O Método de Newton Modificado
• Os Métodos Quase-Newton
B k ⋅ s k = − F ( xk )
x k +1 = x k + s k
78
onde Bk é uma substituta da matriz Jacobiana J ( x k ) . Vale ressaltar que no método de
79
Problema
População
Descendentes Cromossomos ou Decodificação
(Filhos) Indivíduos
Reprodução Avaliação
Cruzamento, Função Objetivo,
Mutação Critério de Parada
Genitores Medida de
(Pais) Seleção Aptidão
• Os Operadores Genéticos
80
Seleção
Cruzamento Mutação
Fenótipo Genótipo
81
Essa ordenação baseia-se simplesmente no valor da função a ser otimizada. No
caso de um problema de minimização, a população é totalmente ordenada da seguinte
forma:
r r r r
• se f 1( xa ) < f 1( xb ) , então y a é melhor que yb ;
r r r r
• se f 1( xa ) = f1 (xb ) , então y a é tão bom quanto yb .
ü Seleção
82
população e a perda excessiva de informação genética, que leva á convergência
prematura para ótimos locais. Portanto, tanto os métodos que realizam uma escolha
completamente aleatória quanto àqueles que sorteiam excessivas vezes o melhor
indivíduo devem ser evitados.
A literatura propõe vários esquemas de seleção: roleta, torneio, amostragem
estocástica entre outros.
ü Cruzamento
ü Mutação
83
Capítulo 5
5.1 Introdução
A proposta básica deste capítulo é apresentar os resultados da otimização
geométrica e aerodinâmica de um impelidor de compressor centrífugo ainda em fase de
projeto preliminar. Inicialmente foram realizados projetos preliminares de impelidores
considerando alguns cenários de capacidade e de razão de pressão. O principal objetivo
foi mostrar a influência destes parâmetros no projeto de um impelidor, além de obter as
geometrias correspondentes às condições de projeto definidas.
Após esta etapa foi realizada a otimização dos parâmetros geométricos e
aerodinâmicos de um dos impelidores e analisados os resultados. Dois métodos foram
utilizados para a obtenção dos parâmetros otimizados: um método matemático baseado
em programação não linear e um método estocástico. O principal objetivo de se
utilizarem dois métodos distintos na otimização dos parâmetros do impelidor foi
confirmar os resultados obtidos e verificar qual ferramenta é mais apropriada para a
obtenção dos resultados.
Finalizando o estudo foi realizada uma análise comparativa entre os dados do
impelidor original e os dados do impelidor otimizado, com o intuito de determinar as
vantagens de se otimizar os parâmetros de um impelidor de compressor centrífugo ainda
na fase de projeto preliminar.
84
5.2 Projeto Preliminar do Impelidor
85
Tabela 5.1: Condição de projeto dos impelidores
Impelidor
Descrição
A1 A2 A3 A4
Fluido de trabalho Ar Ar Ar Ar
Razão de pressão ( PR ) 1,5 1,5 3,0 3,0
Vazão mássica ( m& ), kg/s 2,0 6,0 2,0 6,0
Pressão de estagnação na entrada ( p01 ), kPa 101,3 101,3 101,3 101,3
Temperatura de estagnação na entrada ( T01 ), K 298 298 298 298
86
satisfatórios sob a perspectiva de eficiência, visto que os valores se encontram em uma
região onde ocorre a menor perda global.
Impelidor
Parâmetro
A1 A2 A3 A4
Raio do hub ( r1h ), mm 47,7 82,6 37,3 64,5
Raio do shroud ( r1s ), mm 95,4 165,2 74,5 129,1
Raio externo ( r2 ), mm 173,5 300,5 135,5 234,7
Altura da pá ( b2 ), mm 16,4 28,4 9,2 16,0
Ângulo da pá no shroud ( β B1s ), graus 30 30 30 30
Velocidade periférica ( U 2 ), m/s 254,7 254,7 441,3 441,3
Rotação ( N ), RPM 14.021 8.095 31.096 17.953
Fator de escorregamento ( σ ) 0,877 0,877 0,877 0,877
Coeficiente de trabalho ( λ ) 0,691 0,691 0,691 0,691
Coeficiente de vazão ( φ ) 0,070 0,070 0,066 0,066
Coeficiente de head ( µ ) 1,133 1,133 1,133 1,133
Velocidade específica ( ns ) 0,729 0,729 0,729 0,729
Pressão de estagnação na saída ( p02 ), kPa 154,1 154,1 314,6 314,6
Temperatura de estagnação na saída ( T02 ), K 342,6 342,6 432,0 432,0
Veloc. absoluta do gás no shroud ( C1s ), m/s 80,9 80,9 140,1 140,1
Veloc. absoluta do gás na saída ( C 2 ), m/s 194,2 194,2 336,4 336,4
Veloc. relativa do gás no shroud ( W1s ), m/s 161,8 161,8 280,3 280,3
Veloc. relativa do gás na saída ( W2 ), m/s 113,7 113,7 197,0 197,0
Mach absoluto no shroud ( M 1s ) 0,235 0,235 0,412 0,412
Mach absoluto na saída ( M 2 ) 0,538 0,538 0,866 0,866
Mach relativo no shroud ( M r1s ) 0,470 0,470 0,824 0,824
Mach relativo na saída ( M r 2 ) 0,315 0,315 0,507 0,507
Ângulo relativo do gás na saída ( β 2 ), graus 46 46 46 46
87
razão de pressão, a vazão mássica só exerce influência nas dimensões do impelidor. Os
parâmetros aerotermodinâmicos permanecem inalterados.
Impelidor
Tipo de Perda
A1 A2 A3 A4
Perda por incidência ( ∆hin ), J/kg 3.679,4 3.679,4 11.046,1 11.046,1
Perda por carregamento da pá ( ∆hbl ), J/kg 508,8 508,8 1.527,4 1.527,4
Perda por atrito ( ∆hsf ), J/kg 1.149,4 1.044,4 3.550,3 3.231,7
Perda por folga ( ∆hcl ), J/kg 868,8 868,8 3.882,7 3.882,7
Perda por recirculação ( ∆hrc ), J/kg 0,2 0,2 0,7 0,7
Perda por atrito no disco ( ∆hdf ), J/kg 261,5 234,3 969,5 868,6
Perda por vazamento ( ∆hlk ), J/kg 1.125,4 1.125,4 3.639,9 3.639,9
Eficiência total-total ( ηimp ), % 83,6 83,8 82,3 82,6
Potência de compressão ( GkW ), kW 91,2 272,6 277,9 830,8
Uma observação cabe quanto ao valor encontrado para a perda por recirculação.
Segundo Aungier (2000), somente projetos específicos de impelidores resultam em
perdas por recirculação. O autor relata que este tipo de perda é comum em impelidores
que apresentam um alto coeficiente de head, um excessivo carregamento da pá e um
88
baixo ângulo relativo do gás na saída – β 2 . Para a grande maioria dos projetos de
impelidores, a perda por recirculação é praticamente nula.
Para esta verificação o autor utiliza o fator de difusão equivalente – Deq.
Segundo Aungier, pode-se esperar o surgimento de perdas por recirculação para Deq > 2,
porém isto não é uma regra, pois até mesmo para Deq > 2 as perdas por recirculação
podem não ocorrer. Levantando-se o fator de difusão equivalente para os impelidores
em análise, encontrou-se Deq = 1,82. Este valor corrobora os valores desprezíveis
encontrados para as perdas por recirculação.
89
β1s , α 2 , τ hs , τ st , β B 2
Cabe ressaltar que o problema apresenta ainda uma variável dependente – folga
entre o shroud e a carcaça – que foi definida segundo critérios apresentados nos
estudos de Perdichizzi e Savini (1985).
max F ( X ) , onde:
∆H E
2 − (∆hin + ∆hbl + ∆hsf + ∆hcl )
U
F ( X ) = ηimp = 2 e,
∆H E
2 + ∆hrc + ∆hdf + ∆hlk
U
2
β1s
α
2
X = τ hs
τ st
β
B2
iv) Restrições de projeto. A Tabela 5.5 apresenta as restrições que foram consideradas
na otimização do projeto do impelidor, as quais foram estabelecidas com o intuito
de assegurar uma solução prática e exequível. Estas restrições estão fundamentadas
na pesquisa e na experiência de autores renomados no assunto. Cabe ressaltar que
as restrições não se limitam as descritas nesta tabela, podendo variar de projeto
para projeto.
90
Tabela 5.5: Restrições de projeto
Restrição Referência
26º ≤ β1s ≤ 34º Whitfield e Baines (1990)
20º ≤ α 2 ≤ 30º Rodgers e Sapiro (1972)
0,3 ≤ τ hs ≤ 0,7 Perdichizzi e Savini (1985)
0,4 ≤ τ st ≤ 0,7 Perdichizzi e Savini (1985)
30º ≤ β B 2 ≤ 90º Perdichizzi e Savini (1985)
0,45 ≤ W2 / W1s ≤ 0,6 Came e Robinson (1999)
1,15 ≤ M r1s / M 2 ≤ 1,4 Xu (2007)
0,01 ≤ b2 / d 2 ≤ 0,4 Perdichizzi e Savini (1985)
0,2 ≤ r1h / r2 ≤ 0,3 Xu (2007) (1)
(1) Adaptação do critério de Xu (2007). Válido para impelidores montados em
balanço (overhung construction).
91
• Etapa 1: Otimização do impelidor A3 utilizando algoritmo
baseado em programação não linear
92
Tabela 5.6: Resultados da otimização – Casos I a IV
Caso I Caso II
Ponto Inicial Resultado Ponto Inicial Resultado
X0 = X = X0 = X =
F(X) = F(X) =
0.8443 0.8450
Caso III Caso IV
Ponto Inicial Resultado Ponto Inicial Resultado
X0 = X = X0 = X =
F(X) = F(X) =
0.8450 0.8450
Devido ao primeiro caso convergir para um ponto diferente dos demais, foi
verificado o motivo da parada do processo de otimização. O primeiro caso finalizou o
processo devido à magnitude da derivada direcional e a violação das restrições serem
menores que as tolerâncias especificadas. Já os demais casos finalizaram o processo de
otimização devido às condições de otimalidade de primeira ordem terem sido satisfeitas
com as tolerâncias especificadas. Logo, tudo indica que quando se atribui ao ponto
inicial valores próximos ao resultado ótimo, o processo é finalizado pelo atendimento às
tolerâncias.
Com o intuito de dirimir esta dúvida, foram gerados mais quatro casos, a saber:
v) ângulo β B 2 = 48º; vi) ângulo β B 2 = 65º; vii) ângulo β B 2 = 48º com todas as
tolerâncias alteradas para 10-9 e; viii) ângulo β B 2 = 65º com todas as tolerâncias
alteradas para 10-9. Para as demais variáveis independentes foram considerados os
valores obtidos nos Casos II, III e IV.
93
1,020
1,000
0,980
F(X) / F(X) ótimo
0,960
Caso I
Caso II
0,940 Caso III
Caso IV
0,920
0,900
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Iteração
94
Tabela 5.7: Resultados da otimização – Casos V a VIII
Caso V Caso VI
Ponto Inicial Resultado Ponto Inicial Resultado
X0 = X = X0 = X =
F(X) = F(X) =
0.8449 0.8431
Caso VII Caso VIII
Ponto Inicial Resultado Ponto Inicial Resultado
X0 = X = X0 = X =
F(X) = F(X) =
0.8450 0.8450
1,020
1,015 Caso V
Caso VI
Caso VII
Caso VIII
F(X) / F(X) ótimo
1,010
1,005
1,000
0,995
0 2 4 6 8
Iteração
95
A Figura 5.3 mostra o comportamento de cada variável independente,
considerando as demais variáveis constantes e no ponto ótimo. A área delimitada pelas
linhas tracejadas representa os resultados aceitáveis, impostas as restrições. Nota-se que
para o caso em análise: i) O valor assumido pela variável β1s é que determina o
resultado da função objetivo; ii) Conforme mencionado anteriormente, a função
objetivo é pouco sensível à variável β B 2 ; iii) A função objetivo é mais sensível às
variáveis τ hs e τ st .
0,850 0,870
0,845 0,860
0,840
0,850
0,835
0,840
0,830
0,830
F(X)
F(X)
0,825
0,820
0,820
0,810
0,815
0,800
0,810
0,805 0,790
0,800 0,780
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50
β1s α2
0,880 0,880
0,860
0,860
0,840
0,840
0,820
0,800 0,820
F(X)
F(X)
0,780
0,800
0,760
0,780
0,740
0,760
0,720
0,700 0,740
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
τ hs τ st
0,870
0,860
0,850
0,840
0,830
F(X)
0,820
0,810
0,800
0,790
0,780
0 20 40 60 80 100
βB2
96
• Etapa 2: Otimização do impelidor A3 utilizando algoritmo
estocástico
97
Por se tratar de uma ferramenta estocástica, a cada execução do algoritmo
encontra-se um resultado distinto, porém com uma mesma ordem de grandeza. Sendo
assim, foi estabelecido o seguinte critério: para cada solução foram gerados 9 (nove)
resultados dentre os quais 3 (três) foram selecionados aleatoriamente e registrados,
conforme descrito nas tabelas 5.9 e 5.10.
0.28 0.195
0.24 0.185
Optimization terminated: current tolerance on f(x) Optimization terminated: current tolerance on f(x)
1e-007 is less than options.TolFun and constraint 9.3325e-007 is less than options.TolFun and
0.22 violation is less than options.TolCon. 0.18 constraint violation is less than options.TolCon.
0.2 0.175
0.18 0.17
0.16 0.165
0.16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Generation Generation
0.195
0.185 Generations: 3
Fitness value
0.17
0.165
0.16
0.155
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Generation
98
Estas tabelas apresentam os três resultados selecionados considerando a
configuração default do MatLab – Tabela 5.9 – e a configuração modificada – Tabela
5.10. As figuras 5.4 e 5.5 apresentam a evolução da otimização da função objetivo.
0.195 0.22
0.185
Fitness value
0.155 0.15
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Generation Generation
0.2
Generations: 9
0.18 Optimization terminated: current tolerance on f(x)
6.7608e-035 is less than options.TolFun and
constraint violation is less than options.TolCon.
0.17
0.16
0.15
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Generation
99
Os resultados mostram que o algoritmo foi capaz de encontrar bons resultados,
principalmente no caso em que alguns dos parâmetros foram modificados. Estes
resultados confirmam a análise da primeira etapa, na qual foi realizada uma otimização
com base em programação não linear. Fica evidente para o caso em análise que a função
objetivo é bem definida, visto que em todos os resultados apresentados, principalmente
nos resultados com base nos parâmetros modificados – Caso B –, já nas primeiras
gerações a solução foi alcançada, sem variações no decorrer da execução do algoritmo.
A Etapa 1 mostrou que a função objetivo é uma função bem definida, pois
possui apenas um ponto ótimo – unimodal – e não apresenta problemas de ponto inicial.
Sendo assim foi possível encontrar o ponto ótimo através do algoritmo utilizado nesta
etapa. A Etapa 2 simplesmente confirmou os resultados da Etapa 1 ao encontrarem-se
resultados aproximados com os desta etapa, porém não melhores. Sendo assim, concluí-
se que para a otimização dos parâmetros geométricos e aerodinâmicos do projeto
preliminar proposto, um algoritmo baseado em programação não linear como um
método Quase-Newton é suficiente para alcançar o resultado ótimo, dispensando a
utilização de um algoritmo estocástico para a solução.
100
forma de estimar o peso dos impelidores, o impelidor original teria um peso em torno de
9 kgf contra um peso de 4 kgf do impelidor otimizado. A redução na dimensão do
impelidor, e consequentemente em seu peso, tem reflexo direto em duas áreas
fundamentais: no custo de material e no projeto mecânico da futura máquina.
Impelidor
Parâmetro
A3 original A3 otimizado
Raio do hub ( r1h ), mm 37,3 21,0
Raio do shroud ( r1s ), mm 74,5 62,4
Raio externo ( r2 ), mm 135,5 105,2
Altura da pá ( b2 ), mm 9,2 14,9
Ângulo da pá no shroud ( β B1s ), graus 30 34
Ângulo da pá na saída ( β B 2 ), graus 60 50
Velocidade periférica ( U 2 ), m/s 441,3 445,1
Rotação ( N ), RPM 31.096 40.412
Fator de escorregamento ( σ ) 0,877 0,884
Coeficiente de trabalho ( λ ) 0,691 0,679
Coeficiente de vazão ( φ ) 0,066 0,109
Coeficiente de head ( µ ) 1,133 1,114
Velocidade específica ( ns ) 0,729 0,972
Pressão de estagnação na saída ( p02 ), kPa 314,6 314,6
Temperatura de estagnação na saída ( T02 ), K 432,0 432,0
Veloc. absoluta do gás no shroud ( C1s ), m/s 140,1 178,2
Veloc. absoluta do gás na saída ( C 2 ), m/s 336,4 321,8
Veloc. relativa do gás no shroud ( W1s ), m/s 280,3 318,7
Veloc. relativa do gás na saída ( W2 ), m/s 197,0 180,2
Mach absoluto no shroud ( M 1s ) 0,412 0,529
Mach absoluto na saída ( M 2 ) 0,866 0,823
Mach relativo no shroud ( M r1s ) 0,824 0,947
Mach relativo na saída ( M r 2 ) 0,507 0,461
Ângulo relativo do gás na saída ( β 2 ), graus 46 38
101
Outra observação importante é quanto ao coeficiente de vazão que obteve um
aumento significativo, o que se refletiu em um aumento da altura da pá na saída –
largura interna do impelidor. Este parâmetro adimensional caracteriza o tipo de
impelidor e a eficiência esperada para uma determinada condição de projeto. Dalbert et
al. (1999) – Figura 3.15 – mostra que quanto menor for o coeficiente de vazão, mais
estreita será a largura do impelidor na saída e mais limitada será a sua eficiência. O
contrário acontece com altos coeficientes de vazão, onde a largura do impelidor na saída
será maior e maior a eficiência esperada.
Observa-se ainda que a velocidade específica obteve também um aumento
significativo. Whitfield e Baines (1990) apresentam uma carta relacionando para cada
tipo de turbomáquina – fluxo radial, axial ou misto – a eficiência esperada em função da
velocidade específica. Com base nas informações desta carta, a máxima eficiência
esperada para uma máquina de fluxo radial corresponde a velocidades específicas em
torno de 1,0.
Impelidor
Tipo de Perda
A3 original A3 otimizado
Perda por incidência ( ∆hin ), J/kg 11.046,1 11.657,6
Perda por carregamento da pá ( ∆hbl ), J/kg 1.527,4 2.641,5
Perda por atrito ( ∆hsf ), J/kg 3.550,3 2.327,4
Perda por folga ( ∆hcl ), J/kg 3.882,7 1.734,5
Perda por recirculação ( ∆hrc ), J/kg 0,7 0,6
Perda por atrito no disco ( ∆hdf ), J/kg 969,5 629,3
Perda por vazamento ( ∆hlk ), J/kg 3.639,9 2.320,6
Eficiência total-total ( ηimp ), % 82,3 84,5
Potência de compressão ( GkW ), kW 277,9 270,7
Quanto ao desempenho cabe ressaltar que, tanto o total das perdas internas
quanto o total das perdas parasíticas diminuíram, o que proporcionou um aumento de
aproximadamente dois pontos percentuais na eficiência e, consequentemente, uma
diminuição na potência necessária para a compressão.
102
Capítulo 6
103
Algumas perspectivas podem ser enumeradas como propostas de continuidade
deste trabalho:
104
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