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• O bambolê é inventado
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Alguns anos mais tarde, Gram Parsons fez renascer o inte- 08 Katie Dear (Bolick) 2:34
resse na música dos irmãos e, desde então, o mito dos Louvins 09 My Brother’s Will (Nelson) 3:16
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Seis anos antes de Bill Haley gravar “Rock Around The Clock”, o
jovem Antoine “Fats” Domino, aos 21 anos, escreveu a canção-
base do rock ’n’ roll,“The Fat Man”, em 1949. A partir do sucesso
desse single de estréia, que vendeu um milhão de cópias, o
vocalista e pianista nascido em Nova Orleans compôs mais hits
do que qualquer outro da era do rock dos anos 50, à exceção
de Elvis Presley, incluindo uma impressionante série de 39
singles que ocuparam os primeiros lugares das paradas, entre
1954 e 1962.
Ao vender algo em torno de 65 milhões de discos naquela
década, Domino foi, sem dúvida, o responsável por fazer uma
“Minha maior ambição é obedecer
ponte entre o R&B e o rock – embora Little Richard possa dispu- aos Dez Mandamentos.”
tar o título. O que está fora de discussão é a influência exercida Fats Domino, 2002
por seu trabalho nos anos 50, que se espalhou por toda a música
pop, atingindo de Pat Boone aos Beatles.
This Is Fats, o terceiro álbum do cantor pela Imperial, foi lança-
Lista de músicas
do no auge da carreira de Domino e tornou-se o mais poderoso
retrato de sua genialidade, graças a maravilhas do boogie-
01 Blueberry Hill (Lewis•Rose•Stock) 2:21
woogie como “Blue Monday” e “Honey Chile” e a obras-primas da 02 Honey Chile (Bartholomew•Domino) 1:48
03 What’s The Reason (I’m Not Pleasing You?)
tristeza como “So Long”e “Poor, Poor Me”.
(Grier•Hatch•Poe•Tomlin) 2:03
A triunfante “Blueberry Hill”, que abre o álbum, foi um sucesso
de Glenn Miller em 1940, mas, apesar de seu charme e calor, a 04 Blue Monday (Bartholomew•Domino) 2:18
Ninguém conseguia achar a partitura e Domino esquecia o tem- 06 La-La (Bartholomew•Domino) 2:15
po inteiro a sua parte. Não foi possível completar sequer um take 07 Troubles Of My Own (Bartholomew•Domino) 2:15
e o estúdio teve de emendar o material gravado. O resultado do 08 You Done Me Wrong (Domino) 2:05
esforço foi um single que chegou ao primeiro lugar das paradas 09 Reelin’ And Rockin’ (Domino•Young) 2:20
de R&B nos Estados Unidos e ao segundo lugar nas de pop – a 10 The Fat Man’s Hop (Domino•Young) 2:26
melhor colocação de Domino nessa categoria. JiH 11 Poor, Poor Me (Domino) 2:11
12 Trust In Me (Domino•Jarrett) 2:50
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Depois de um período de estagnação,quando as bandas de swing Em meados dos anos 50, Frank Sinatra estava de volta ao auge
saíram de moda, a popularidade de Duke Ellington recrudesceu não apenas de seu talento, mas das paradas, desmentindo a
com sua apresentação no Festival de Jazz de Newport, em julho máxima de F. Scott Fitzgerald: “Não existe uma segunda chance
de 1956. É irônico que o disco lançado apressadamente pela para os americanos.” No final de 1955, novamente com Nelson
Columbia para capitalizar o sucesso do show não tenha sido Riddle, Sinatra planejou um disco com um sabor diferente.
gravado realmente em Newport. O que surgiu dessas sessões, realizadas um mês depois de o
Quando souberam que a gravação no festival não havia cantor completar 40 anos, foi o oposto do trabalho anterior.
ficado boa, os executivos da Columbia enviaram Ellington a um Comparado com The Wee Small Hours e seu clima de bêbado-
estúdio em Nova York para refazer a apresentação, na segunda- num-bar-às-duas-da-manhã, o eufórico Songs For Swingin’ Lo-
feira após o show. O álbum é, portanto, uma colcha de retalhos vers! parece um passeio numa tarde ensolarada de domingo,
dos registros ao vivo e em estúdio, e de aplausos gravados. E se literalmente transbordando de joie de vivre. Sinatra está à vonta-
tornou o maior sucesso de vendas da carreira de Duke. de como nunca, ágil em “You Make Me Feel So Young”, cantando
Um relançamento brilhante, em 1999, finalmente consertou “How About You?” como se estivesse pedindo alguém em
as coisas. O disco original foi mantido, mas, graças a um casamento ou piscando o olho, daquele seu jeito, em “Makin’
complicado trabalho de pós-produção, utilizando os masters do Whoopee”. Mas nada disso teria valor sem a gloriosa orquestra-
álbum de 1956 e uma gravação de rádio há anos considerada ção de Riddle. Reza a lenda que seu insuperável arranjo para “I’ve
perdida, o show completo foi recuperado e, por fim, é possível Got You Under My Skin”, terminado às pressas na noite anterior à
entender por que causou tanto impacto. As três partes da suíte gravação, foi espontaneamente aplaudido pelos músicos duran-
do Festival de Jazz de Newport – algo tão novo que, segundo te a sessão, em 12 de janeiro de 1956.
Ellington, “nem tivemos tempo de dar um nome à música” – Este álbum talvez chegue perto de ser o grande songbook
apresentam os sons agudos típicos do trompete de Cat Ander- americano. No entanto, os estudiosos mais atentos da música
son. Mas a fama do show e do álbum se deve ao blues eferves- pop podem reparar que há uma simetria nas 15 faixas que
cente de “Diminuendo And Crescendo In Blues” e, mais cravam os 45 minutos do disco. A arte de fazer canções de três
especificamente, aos inacreditáveis 27 refrões que o saxofonista minutos começa e termina ali. WF-J
Paul Gonsalves transformou em um dos solos mais celebrados
da história do jazz. WF-J
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É surpreendente que este marco da história do rock dure menos Em 1957, os melhores dias do grupo de Bill Basie, formado em
de meia hora. Isso prova as virtudes da concisão – 12 grandes 1930, haviam ficado duas décadas para atrás; as mudanças nos
músicas, muitas familiares a qualquer museólogo do pop, e gostos musicais o haviam forçado a desistir de sua big band por
nenhuma que chegue perto dos mágicos três minutos de uns tempos, no início dos anos 50. Felizmente, foi a última vez que
duração. ficou sem uma banda. Tudo o que Basie precisava, ele descobriu,
Buddy Holly formou a banda com um colega de escola, o era de um pouco de sangue novo, que encontrou nas veias do
baterista Jerry Allison. O misto de rockabilly, blues, R&B e uma jovem arranjador Neal Hefti. Apenas cinco anos depois de seu
profunda sensibilidade pop firmou os The Crickets na vanguarda primeiro trabalho para o grupo,Hefti foi chamado para orquestrar
do primeiro fluxo do rock ’n’ roll. Este álbum de estréia (o único todo o disco que Basie lançaria por seu novo selo,Roulette.
LP de Holly lançado em vida) inclui seus três primeiros clássicos, “Nunca me gabei de nada”, escreveu Basie, sempre modesto,
assim como duas músicas escritas em parceria com Roy Orbison. em sua autobiografia,“mas poderia ter me gabado dessa banda”.
Muitos aspirantes a guitarrista se esforçaram para imitar a Estava certo. lmpulsionados pelo saxofonista Eddie “Lockjaw”
introdução de “That’ll Be The Day” – o título, dado por Holly, é Davis e um naipe estelar de trompetes liderados por Thad Jones,
uma expressão usada por John Wayne no filme Rastros de Ódio, os 12 instrumentos de metal alternam fogo (“Whirly-Bird”) e gelo
de 1956. (“After Supper”) e dão um efeito efervescente às 11 músicas
O talento pioneiro de Holly para cantar e compor in- compostas por Hefti. Mas, como sempre acontece com Basie, o
fluenciaria tremendamente outros artistas posteriores, como os melhor do disco está na seção rítmica: o baixista Eddie Jones, o
Beatles e os Rolling Stones. Não há muitas músicas creditadas a baterista Sonny Payne, o guitarrista Freddie Green e o próprio
Buddy Holly neste disco, porque, na realidade, ele assinava como Basie no piano, com seu típico estilo econômico, levam o swing
Charles Hardin – seu nome verdadeiro era Charles Hardin até músicas suaves como “Li’l Darlin’”.
Holley. Foi o último disco genial de Basie. Em meados da década de
Há que se destacar também as versões de músicas de Chuck 60, ele já havia se acomodado à confortável posição de um dos
Willis e Lloyd Price. Acusações póstumas de que Holly seria mais queridos da velha-guarda do jazz, papel que desem-
racista são discutíveis. JT penharia até sua morte, em 1984. Hefti, enquanto isso, se livrou
do jazz em prol de Hollywood, ficando famoso por suas trilhas
sonoras para Batman e Um Estranho Casal. WF-J
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Monk, a baronesa “Nica” Koenigswarter, e sua versão solo de 04 I Surrender Dear (Barris•Clifford) 5:27
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“Rhapsodia Del Maravilloso”, na qual introduz variações de “El 02 Billumba-Palo Congo (Martinez) 6:06
03 Choferito-Plena (Rios) 4:02
Manisero”. Sua tres tem um quê de soul e funk.
O próprio Sabu faz solos potentes de percussão em Palo 04 Asabache (Martinez) 4:22
Congo, em meio a orações de santeria, num álbum que ilumina 05 Simba (Martinez) 5:55
suas raízes como nova-iorquino residente no El Barrio, no Harlem 06 Rhapsodia Del Maravilloso (Martinez) 4:39
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ressurreição no revisionismo feito na Costa Oeste dos grupos de 05 Budo (Davis•Powell) 2:34
06 Deception (Davis) 2:49
meados dos anos 50. E Miles? Ele levou sua música cool para o
cinema, no filme Ascensor Para O Cadafalso (1957),de Louis Malle, 07 God Child (Wallington) 3:11
apurando esse estilo até chegar à sua obra-prima Kind Of Blue 08 Boplicity (Henry) 3:00
(1959), numa carreira voltada para a colaboração musical e a 09 Rocker (Mulligan) 3:06
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Na faixa de abertura, “Wild Jungle”, fica claro por que os 02 Congo Mulence (Salim) 2:55
percussionistas eram tão excepcionais. José Mangual (bongô), 03 Kenya (Bauza•Hernandez) 3:26
Uba Nieto (címbalos), Candido Camero (conga) e Carlos “Patato” 04 Oyeme (Salim) 3:11
Machito” fundem o blues e o swing, mostrando uma excepcional 06 Cannonology (Salim) 2:29
coesão e interação da orquestra. “Tin Tin Deo” é uma vibrante 07 Frenzy (Bauza•Hernandez) 2:40
versão do clássico do jazz latino composto por Pozo. 08 Blues À La Machito (Salim) 3:01
latino poderia ser. Seu disco mais fortemente inspirado nos 10 Tin Tin Deo (Pozo) 2:55
ritmos africanos, Kenya, que é todo instrumental, atingiu o auge 11 Minor Rama (Salim) 3:01
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Little Richard
Here’s Little Richard (1957)
Selo | Specialty
Produção | Bumps Blackwell
Projeto gráfico| Thadd Roark
Nacionalidade | EUA
Duração | 27:31
apresenta uma foto inesquecível de Richard na capa, em ação. 05 Baby (Penniman) 2:03
Totalmente clássico, Here’s Little Richard é seu LP mais 06 Slippin’ And Slidin’ (Bocage•Collins) 2:38
vendido. Pode ser difícil achá-lo em vinil, mas as músicas apa- 07 Long Tall Sally
(Blackwell•Marascalco•Penniman) 2:07
recem em vários CDs – o nome Specialty é a garantia de que se
08 Miss Ann (Johnson•Penniman) 2:15
trata das gravações originais e não de versões inferiores feitas
09 Oh Why? (Scott) 2:06
por Richard para muitos outros selos. Here’s Little Richard é a
10 Rip It Up (Blackwell•Marascalco) 2:22
célula-tronco do rock ’n’ roll – a partir deste álbum (e de meia
11 Jenny Jenny (Johnson•Penniman) 2:00
dúzia de outros incluídos neste livro) foi que o gênero
12 She’s Got It (Marascalco•Penniman) 2:25
floresceu. ML
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fluido e, muitas vezes, contido. YK 10 Estoy Siempre Junto A Tí (Bolero) (Delgado) 3:10
11 Agua Limpia Todo (Guaguancó) (Aguabella) 2:55
12 Sacu Tu Mujer (Guaracha) (Puente) 3:02
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Este disco é uma faísca no motor da música moderna. Jack Takes Sarah Vaughan já era uma das mais adoradas divas do jazz
The Floor (mais tarde relançado com o nome de Muleskinner) foi quando fez uma temporada de uma semana no Mister Kelly’s,
gravado sem formalidades na Topic Records, em Londres. Jack uma badalada casa noturna de Chicago, no verão de 1957. Ella
inicia cada música com introduções lentas e oblíquas, e só isso já Fitzgerald se embrenhava cada vez mais no swing e Billie Holiday
vale o preço do disco. Sua técnica na guitarra era uma aula para mergulhava no lirismo, e nenhuma cantora de jazz se comparava
os “cantores de folk” que arranhavam as cordas na época, mas a Vaughan em sua voz impecável e suntuosa sonoridade. Uma
também deixou marcas, mais adiante, na música popular em si. virtuose com total controle de diapasão, timbre e dinâmica, ela
O álbum junta um panteão de fontes então pouco conhe- usava sua rica voz de contralto como uma trompa, embelezando
cidas – como Jesse Fuller, Reverend Gary Davis, canções dos as melodias com uma imaginativa estrutura de composição,
trabalhadores negros das fazendas e blues de penitenciária – e é típica dos melhores improvisadores instrumentais do jazz.
incrivelmente afiado. A beleza crua e sem enfeites de “Dink’s Conhecida como “Sassy” por sua irreverência, Vaughan foi
Song” e “Black Baby” continua arrepiante. “Mule Skinner’s Blues” uma peça-chave na criação do bebop, embora nem sempre
e “San Francisco Bay Blues” se tornaram a marca registrada do receba esse crédito. Ela funcionava melhor quando acompa-
trabalho de Elliott. nhada por poucos músicos e nunca cantou com um trio tão bom
Jack tocava com freqüência com Woodie Guthrie nos anos quanto o que levou para o Mister Kelly’s, composto pelo subesti-
50. Depois de se instalar em Nova York, em 1951, ele conheceu mado pianista Jimmy Jones, o monstro do baixo Richard Davis e
um rapaz no quarto de hospital de Guthrie que, mais tarde, o moderno baterista de jazz Roy Haynes, que fazia um contra-
anunciaria seu primeiro show na cidade em cartazes dizendo: ponto perfeito para Vaughan com suas entradas peculiares e
“Filho de Jack Elliott – Bob Dylan.” Em Chronicles, Dylan descreve luminosas.
a primeira vez que ouviu este disco: “Parecia que eu tinha sido O CD Sarah Vaughan At Mister Kelly’s, lançado em 1991 pela
jogado de repente no inferno... sua voz salta de todos os lados... e EmArcy, justifica plenamente as reedições. Contém o dobro de
ele toca a guitarra sem esforço, num estilo limpo e perfeito...” músicas do original. Vaughan está inefável em “September In
Paul McCartney, Mick Jagger e Keith Richards também The Rain” e sensual em “Honeysuckle Rose”. Quando esquece a
reconheceram a influência de Jack. Uma pequena maravilha: este letra em “How High The Moon”, tem presença de espírito e ofe-
álbum continua tão atraente como em 1958. SJar rece alguns improvisos em homenagem a Ella Fitzgerald. AG
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Em 1946, Norman Granz colocou Ella Fitzgerald, então com 28 Durante os anos 50, Ray Charles não conseguia sentar ao piano
anos, sob sua proteção, escalando a cantora para participar de sem inventar um novo estilo de música. Embora tenha se
uma série de shows organizada por ele só com estrelas do jazz, tornado conhecido do mainstream (ou melhor, dos brancos) com
conhecida como Jazz At The Philharmonic. No entanto, a fama de o sucesso comercial de “What’d I Say”, Charles era um veterano do
Ella só se tornou incontestável quando Granz a contratou, pelo circuito de música negra dos EUA e havia desenvolvido ao longo
seu selo Verve, para fazer uma coleção de álbuns com a obra dos do caminho uma fusão revolucionária de blues, jazz, R&B e
melhores compositores americanos – entre eles Richard Rodgers gospel. Quando ele lançou o seu terceiro LP, a soul music já tinha
e Duke Ellington. as digitais desse monstro sagrado.
Se um pouco da malícia de Cole Porter se perdeu na A classificação dos gêneros musicais parecia fútil, portanto,
interpretação de Ella Fitzgerald, e nem todas as músicas de quando Charles entrou no estúdio, no final de 1959. Na essência,
Rodgers e Hart mereceram sua atenção, as melodias incompará- ele era um inventor dos sentidos. The Genius... começa com força,
veis de Gershwin e o jeito à vontade de cantar da diva foram com uma apimentada série de seis músicas ao melhor estilo das
feitos um para o outro. A terna “Oh, Lady, Be Good!” é uma big bands, da qual se destacam os metais elegantes e as linhas de
revelação, uma interpretação próxima às aulas de scat que Ella baixo de “Let The Good Times Roll”e “Alexander’s Rag Time Band”.
daria em seus shows durante anos; a lenta “Embraceable You” é, Com arranjos de Quincy Jones e acompanhamento de alguns
da mesma forma, envolvente. Mas é nas músicas rápidas que ela dos integrantes das bandas de Count Basie e Duke Ellington, este
brilha. O swing que Ella emprestava, sem esforço, a tudo o que disco tornou Charles responsável pela música mais bem elabo-
cantava encontra o seu melhor em “Clap Yo’ Hands”, “Bidin’ My rada da época.
Time” e na deliciosa “‘S Wonderful”; vale ouro o tempero que ela No lado B, Charles pegou um rumo mais sedutor, com uma
acrescenta à contraposição boba de salsaparilla/sasparella dos série de baladas ancoradas por um naipe de cordas deslum-
versos de Ira Gershwin em “Let’s Call The Whole Thing Off”. Riddle, brante e um coro de vozes de sereias. Seu domínio musical em
no auge de sua criatividade depois de vários discos com Frank clássicos como “Just For A Thrill”e “Come Rain Or Come Shine”era
Sinatra, mostra-se inspirado. Este álbum é o melhor da coleção admirável para alguém ainda na casa dos 20 anos, e marcou
Song Book e apresenta a seleção definitiva da obra daquele que tanto sua vontade como sua capacidade de transcender os
é, talvez, o compositor americano definitivo. WF-J gêneros sem esforço. MO
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Marty Robbins
Gunfighter Ballads And Trail Songs (1959)
Selo | CBS
Produção | Don Law
Projeto gráfico| Howard Fritzson
Nacionalidade | EUA
Duração | 35:53
Robbins atirou num forasteiro numa disputa pelo amor de uma 06 The Strawberry Roan (Trad.) 3:30
mexicana. Essa música ganhou o primeiro Grammy concedido a 07 El Paso (Robbins) 4:26
uma canção country; o LP serviu de modelo para um sem- 08 In The Valley (Robbins) 1:53
número de álbuns country lançados depois. 09 The Master’s Call (Robbins) 3:13
Robbins continuou a fazer sucesso: nas paradas, claro, mas 10 Running Gun (J. Glaser•T. Glaser) 2:17
também como ator, apresentador de TV, escritor (lançou o livro 11 The Little Green Valley (Robinson) 2:32
The Small Man) e piloto de stock-car. WF-J 12 Utah Carol (Trad.) 3:18
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foi considerado maldito, e perdeu ainda mais valor com o 04 Three To Get Ready (Brubeck) 5:24
sucesso que Time Out fez entre o público em geral. Mas o álbum 05 Kathy’s Waltz (Brubeck) 4:48
continua vendendo bem até hoje e, apesar de seu uso excessivo 06 Everybody’s Jumpin’ (Brubeck) 4:23
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