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CONTEÚDO
PROFº: NETO
08 A Classe Operária Brasileira
A Certeza de Vencer GE030508
italianos e espanhóis, foi a corrente de maior prestígio junto à preventivo das greves, para torná-las menos frequentes, menos
classe operária brasileira da época. Seus líderes eram operários impulsivas, sempre mais razoáveis e pacíficas, pois a
e priorizavam as reivindicações da classe. organização forte e compacta impõe, por si, muitas vezes mais
Dentre seus princípios básicos destacam-se: a negação do que cem greves".
da autoridade do Estado ( a liberdade e a igualdade só seriam Jornal A Plebe: "O Brasil não pertence à população que o
conseguidas com a destruição do capitalismo e do Estado que o habita. O Brasil pertence a algumas dúzias de sindicatos
defende), pregavam contra a propriedade privada, pois seria a industriais e financeiros, a algumas dezenas de fazendeiros e
FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!
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latifundiário ...Contra esses nos revoltamos! Contra esses nos a) promover a união dos trabalhadores assalariados para a
batemos nós!... E o Brasil novo, o Brasil de amanhã, terra de defesa dos seus interesses morais e materiais, econômicos e
liberdade e bem estar, (...) só se tornará realidade concreta profissionais;
quando, sacudida pelo furacão renovador, arremessar para o b) estreitar os laços de solidariedade, entre o proletariado
lixo da história todas essas castas malditas de parasitas e organizado, dando mais força e coesão aos seus esforços e
sugadores que a infestam ..." reivindicações, tanto moral como materialmente;
c) estudar e propagar os meios de comunicação do proletariado e
Lei Adolfo Gordo: contra os imigrantes defender em público as reivindicações; econômicas dos
Como a maioria dos operários era constituída de trabalhadores, servindo-se, para isso de todos os meios de
imigrantes europeus, o Congresso Nacional aprovou a Lei Adolfo
propaganda conhecidos nomeadamente de um jornal que se
Gordo, em 1907, como forma de desarticular e combater os
intitulará "A Voz do Trabalhador"
operários que lutavam por melhores condições de vida e de
d) reunir e publicar dados estatísticos e informações exatas sobre
trabalho. Essa Lei autorizava a deportação dos estrangeiros que
o movimento operário em todo o país.
colocassem em perigo a ordem pública. (RODRIGUES, Edgar. Socialismo e Sindicalismo no Brasil; 1875-1913. Rio de Janeiro:
(Nosso Século; 1910-1930. São Paulo: Abril Cultural. 1985. V 3,p. 119) Guanabara. Laemmert, 1969. p.117-8)
Paraíso ou absurdo: a proposta política dos
Imprensa Operária na primeira década do século XX.
"Os sindicatos e os partidos operários publicavam suas anarquistas.
reivindicações, denúncias e propostas e periódicos. Na cidade de "Geralmente quando surge uma revolta é porque os revoltosos
São Paulo, destacaram-se os jornais anarquistas, como o La querem acabar com um tipo de poder existente e desejam
Bataglia, fundado em 1904 e dirigido por Oreste Ristori, O estabelecer outras relações de poder.
Amigo do Povo, iniciado em 1902 e A Terra Livre, em 1905, Os anarquistas são diferentes da maioria dos revoltosos. Eles
ambos orientados por Neno Vasco e Edgar Leurenroth. não são contra apenas um tipo de poder. São contra todos os
(...) Outros exemplos da imprensa operária no país: no Rio tipos de poder. Querem acabar com o poder em si. E não
Grande do Sul, Echo Operário, na Bahia, Voz do Operário, em substuí-lo por outro.
Belém do Pará, O Trabalho, em Fortaleza, O Operário, em Na Europa, o anarquismo teve importância no fim do século
Alagoas, O Trabalhador Livre. passado e começo do nosso século. Foi trazido para o Brasil
Os jornais operários denunciavam as precárias pelos imigrantes italianos e espanhóis e influenciou a formação
condições dos trabalhadores e eram porta-vozes dos diferentes do movimento operário no país.
grupos que os publicavam – Partido Socialista, O que pretendiam os anarquistas?
Anarcosindicatistas, ete, que assim, procuravam oferecer Queriam, por exemplo, escolas que os alunos frequentassem
formação política aos operários. Normalmente, o jornal era lido apenas pelo prazer de estudar.
em voz alta para que, Os trabalhadores analfabetos tivessem Queriam o amor livre entre homens e mulheres, sem que
acesso à publicação. Além disso, muitos deles aprendiam a ler ninguém fosse obrigado a viver junto para sempre, caso o amor
nos próprios sindicatos ou partidos. Não era proibida a se acabasse.
divulgação desses jornais, mas a imprensa operária era Os anarquistas lutavam contra o poder e a exploração e
conscantemente perseguida pela polícia". todos os locais; nas escolas, na família, na igreja, nas fábricas,
(MONTELLATO, CABRINI, CATELLI.História Temática. O Mundo dos Cidadãos. nos sindicatos, etc.
São Paulo: Scipione, 2000. p, 172-173) Eles pensavam em criar uma sociedade onde um não
Trabalho e Lazer: veladas operárias explorasse o outro. Não haveria ladrões, porque tudo seria de
"Em São Paulo, nas primeiras décadas, eram comuns todos, Não haveria patrão mandando, nem empregado
as chamadas veladas operárias (noitadas, vigílias). Consistiam obedecendo. Não haveria polícia, nem prisões. Cada um seria
em teatro, música, conferências, jogos de futebol, danças, responsável pela sua vida e, solidariamente, pela vida do outro.
geralmente realizadas nas sedes das associações. Começavam Para uns essas propostas do anarquismo podem parecer
normalmente no sábado e se estendiam até o domingo. Após a absurdo. Para outros, é a realização do paraíso"
exposição de conferências sobre temas relativos aos problemas Resistindo ao controle
dos trabalhadores, custo de vida ou situação da mulher, a velada "(...) Os operários moravam em casa construídas com
terminava com um baile ou piquenique. materiais precários e comprimidas e espaços muito pequenos, o
À medida que os operários se organizavam como classe que os obrigava a utilizar as áreas livras para a lavagem e
e lutavam por seus direitos, aumentava, por outro lado, o controle secagem coletiva das suas roupas. Essas habitações eram
dos patrões sobre o lazer e a educação dos trabalhadores. conhecidas como cortiços. Antes das 5 da manhã, os pátios dos
(MONTELLATO, CABRINl, CATELLI. História Temática. O Mundo dos Cidadãos. São Paulo:
Sciplone, 2000, p. 173) cortiços já estavam cheios. Todos procuravam se apressar para
Os Anarquistas e a Educação a higiene matinal: havia um tanque e uma latrina para o uso de
"... os libertários tiveram Intensa participação em atividades todos os moradores. Em seguida, retornavam ao comodo, que
culturais e, especificamente preocupados com a servia ao mesmo tempo de dormitório, cozinha e sala de
educação popular, fundaram pelo menos 25 escolas livres refeições, onde tomavam café com um pedaço de pão. Vestiam-
ou modernas, centros de ensino profissional, grupos de se, então,para o trabalho: os homens usavam calças e paletó
estudo, centros de cultura proletária, centros de educação escuros, camisa clara e botina de couro, quase todos usavam
também um chapéu de feltro. Já as mulheres usavam o seu
artística, grupos dramáticos e musicais.
"vestido de trabalho"e 'sandálias, e algumas calçavam tamancos
.. Ainda um outro sonho deste primeiro movimento operário
de madeira.
no país merece ser registrado: a fundação da Universidade Em seguida, todos se dirigiam à fábrica, geralmente
Popular de Ensino Livre, no Rio de Janeiro, em 1904. ... este localizada no mesmo bairro, onde homens, mulheres e crianças
centro intelectual tinha por objetivo a instrução superior e a trabalhavam, às vezes em pé, por cerca de 16 horas, vigiados de
educação social do proletariado" perto por capatazes.
(Rago, Margareth. Do Cabaré ao Lar: a Utopia da cidade disciplinar, Brasil 1890-1930. Rio de
janeiro: Paz e Terra. P 159 e 161). (...). A exposição frequente ao pó ou à umidade era causadora de
"Com o propósito de unificar o movimento operário brasileiro uma série de doenças, contudo, não havia licença para
tratamento de saúde, e os trabalhadores eram demitidos logo
VESTIBULAR – 2009