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DO DIREITO PENAL DO INIMIGO AO. DIREITO PENAL DO AMIGO DO PODER FROM CRIMINAL LAW OF THE ENEMY TO THE CRIMINAL LAW OF THE POWER FRIEND. Lento Luiz Streck™ Rosivaiyo Toscano bos Sanros Juxton™ RESUMO: O presente estudo critica a importagio das ideias do “direito penal do inimigo”, originalmente desenvelvido, enquanto teoria, nos Estados centrais e que terminou por repercutir e ser reco- nhecido praticamente em todo mundo, em maior ou menor escala, A partir da matriz da hermen€utica filosotica dela extraindo a ideia gadameriana de tradicdo, buscamos a devida critica a importacio de institutos juridicos que nao guardam reciprocidade com a nos- sa tradigdo, denunciando-a como inauténtica, De outro prisma, mas convergindo para a mesma busea de uma tradicao autentica, copaz de resgatar a realizacio dos direitos fundamentais, denunciamos a cexisténcia, aqui, do que denominados de “direito penal do amigo do poder”, uma pratica que direciona a seletividade penal para as ‘camadas desastistidae, de modo a imunizay, quando nio promover, ‘como no caso do foro por prerrogativa de funcao, os que estao per- to do poder. E a hermentutica filosofica é o background necessatio 20 desvelamento de que em nossa tradicio © que necessitamos é acima de tudo, um dieito penal amigo, mas néo do poder, e sim da constituigao, PALAVRAS-CHAVE: Direito penal do inimigo; hermenéutica filo- séfica; direito penal e Constituicao, SUMMARY: This study criticizes the importation of ideas from the “criminal law of the enemy", originally developed as a theory, in Professor Titular da Unisinos, Visitante/Colaborador da Unesa/RJ, Roma TRE, FDUC (Portugal), Membro Catedrético da ABDCONST, Coordenador do Dascin ~ Niileo de Estudos Hermentuticos Pos-Doutor em ireto (FOUL ~Portugah, ProcuradordeJustica/RS, Editor do site www leniostreck com br MBA em Poder udicito, Especialisia em Direto Processual Penal Mestrando em Dieito pela Unisins/RS, Juiz de Direito/RN. 2 Revista oe Estupos Gri ‘OvrvenoiDezewnno 2013, Dowrmna Nason the contral nations and eventually pass and be recognized virtually everywhere in the world, ina greater or lesser extent, From the aay of philosophical hermencutcs and extracting it the Gadamer’s idea of tradition we seek critical due tothe importation of legal institutes that bear no reciprocity with our tradition, denouncing, tas inas- thentc. From another standpoint, but converging on the same se- arch for an authentic tradition, able to rescue the realization of fan damental rights, denounced the existence here of what called “the criminal law of the power’ friend”. A practice that directs thecrmi- Salealactivity against masini peoples, immunizing or promoting the people who are near of Power, a in the case of the “prerogative fof function”. And the philosophical hermeneutics is the necessary brckground to unveil that what we need in our tradition, above all, isacriminal law friend, butnot of the Power, bt ofthe Constitation KEYWORDS: Criminal aw ofthe enemy: philosophical hermenca- ties; criminal law and Constitution SUMARIO: Introdusio; 1 Do dizeto penal do inimigor 1.1 Jurstas colonizados: a boca que pronuinca o discurso cos outros; 2 Ao di- teito penal do amigo do poder, 2.1 0 foro “priviegiado” e o anes- tele’ 9 Menulae, 22 ormando ocirulo visions 29 Deurpando a cidadania: sobrecidado e subcidadio; 24 Viléncias subjetiva © abjetiva; 250 discursoalarmista; Consideraces nas; Referencias INTRODUCAO ‘A origem do presente escrito ¢ pratica. No exercicio da atividade juris- dicional, hé pouco mais de um ano, um dos coautores deste escrito, na qua~ Iidade de juiz. de direito, absolveu suméria e extemporaneamente! um jover. miseravel e dependente quimico que teria furtado uma pega que compoe 0 compressor de uma geladeira. Valor do bem: R$50,00. O bem foi devidamen- te restitufdo, Na dentincia, reconhecia-se que a causa do furto tinha sido a de- de dentincia de {Tee devenvotuida por Rosivaldo Toscano, em caso de oferecimento de dentnca d fato matralinenteaipco, Nao cabe repitar a demincia, pos os critros formals eto fumpridos Cuda-se de questio de méritorelativa aos fates e sua repercusio no mundo, Também nfo 6 caso de regio da dendnca por falta de justa caus, pos essa tem a ver oma lta de um laste probatrio minimo a embasaea acusacio. Aqui oque hide fata ¢ satan a elorto ent fata e sua repercusto na espera peal fala de base material oa comprovasio de sa existénca ue jusiigue a conduta ser penalmente relevant, e nao a comprovss {GANTOS JUNIOR, Rosivaldo, Abuovigho sumaria antecipada? Disponivel em: , Acesso em: 13 nov. 2012, a z Dourawia Nacional Presos por tortura: 179 Presos por corrupgao ativa: 575 No Brasil, segundo o levantamento divulgado pela Estratégia Nacional, de Justica e Seguranga Pablica - Enasp", hé mais de cem mil homicidios sem autoria definida. Por outro lado, sao raras as dentincias por tortura, E ainda mais incomuns as punigdes, como demonstra os dados supra®. As prisoes continuam sendo o lugar da exclusao e da miséria. Dados do IBGE apontam que o percentual de brasileiros com curso superior ¢ de 8%, enquanto que nas prisdcs cave percentual cai para 0,4% (1.910). E ape- nas 1 em cada 3.000 presos possui pos-graduacao (152). 2.1 O foro “privilegiado” e 0 anestésico: o Mensalao Recentemente, 0 chamado julgamento do Mensalo ocupou grande es- aco na midia, Nao faltaram clamores em favor da punigao como simbolo da Tuta contra a corrupcao ¢ a impunidade, amplamente utilizados, alias, no ho- rario politico, por grupos opositores do partido em que a maioria dos acusa~ dos eta filiada. O moralismo, ingénuo ou oportunista, e seletivo, repercutido acritica ¢ unilateralmente pela midia hegeménica, nao conseguia esconder o cinismo ao divulgar que se tratava do “maior assalto ao Erario Pablico de to- dos os tempos”, com o desejo de criar nas massas a ilusdo de que a corrupcao 82 MARIZ, Renata, Forgetarefa para zerar inquérites termina com 25% de apurasBex concluidas, Coreio Brasilense, Brasilia, 30 abr. 2012 Disponivel em: . Acesso em Bnov. 2012 33 Levanclo em consideragto que no Brasil, anualmente, morrem 130 pessoas atingidas por doscargaselétricas de ros e que a pena minima prevista para a prtica do crime de tortura (ert. 1° da Lei? 9455/1997) € de dois anos, conclui-se que é mais provavel alguém morrer atingido por um raio do que cumprit pena por tortura no Brasll (Manaus é a cidade com maior niimero de mortos por raios. Globo.com. Fantistico, Rio de Janeiro, 7 fev. 2010. Disponivel em: . Acesso em:7 nov, 2012) 34, Brasil IBGE. Conso 2010: escolaridade e endimento aumentam e cai mortalidade infantil Brasilia, 27 abr. 2012 Disponivel em: , Acesso em: 13 nov. 2012. 35. Brasil. Ministerio da Justca.Infopen, ob cit, p.2 “6 PRUDOS AMMAN’ Ouruano/Decnono 2013 ovens Nacionat 1a politica era por conta de uma espécie de atavismo de uma determinada agremiagdo politica, Como costuma dizer um dos coautores desse escrito*, parcela consi- derdvel dos entusiastas da “condenacéo a qualquer custo” nao resistiria a cinco minutos de uma fiscalizacao no seu Imposto de Renda; mesmo assim, bradam pela volta dos “bons valores”, “da ética”. A pressao midiatica sobre (08 ministros da mais alta Corte da Reptiblica utilizow a estratégia da criagao de r6tulos, para facil (e raso) entendimento: de um lado, o super-heréi, 0 protetor da sociedade; do outro, o defensor da corrupcao. Paradoxalmente, 8 duas figuras contrapostas: foi transformado em vildo, mesmo que, meses antes, tenha sido considerado, pela mesina uidia, como 0 super-homem da lei da ficha limpa, Alias, confessamos nossa preocupagao com a wtilizagio politica e ideol6gica do referido julgamento. Contribui, apenas, além do uso por parte de grupos que almejam obter seus ganhos eleitorais ¢ econdmicos, para anestesiar as massas e abafar as necessarias discussdes acerca de ques- tOes estruturais que dizem respeito as mazelas do investimento privado em ‘campanhas” e do foro por prerrogativa de funcao (que, na pratica, termina por se revelar um foro privilegiado, téo patente 6 a impunidade nos crimes de competéncia originaria). Destacamos isso porque a parte a Acao Penal n° 470, tramitam 170 ou- tras agdes penais originarias no STF, sem falar nos 471 inquéritos, sendo 29 goes penais e 42 inquéritos anteriores & propria AP 470", Ainda que guar- dadas as proporcdes, haja vista a complexidade do caso eo numero de acu- saclos, os meses gastos somente para julgar o feito terminam por revelar a inyiabilidade do foro STF enquanto érgao competente para conhecer ¢ julgar M6 STRECK, Lenio. 0 sobrevoo da receita federal. Disponivel em: . Acesso em; 8 nov. 2012 7 Que dizer, entio, dos valores recclhides para custear algamas campanhas politicas inlliondrias? Nao factivel que corporagBes- queso entes voltados paraa geragao de lucros aos seus dirigentes e acionistas - de repente, em um ato de ingtnua bondade, resolvam doar a fundo perdido milhoes e milhées de reais a candidatos, A conta nio fecha. A porta ‘no bate, Mas, mesmo assim, o sistema se perpetua. Quando a boca cala,o silencio fala Pelimos vénia para nos recusarmos a chamar isso de doacao, No nosso entender, empresa ‘nto doa, Investe. Ou alguém ja viu alguma maltinacional distribuindo seus hucros nas tuas? ‘A conclusio que tiramos é que esse modelo gera corrupeio. Ba saciedade & quer paga os Drejuizos. Nao factvel que soja diferente, F nem é aceitvel que fiquemos ineres 88. Supremo Tribunal Federal, Acervo processual. Disponivel em: . Acesso ent: 8 nov. 2012 6 \ecventt Oh Revista ve Estupos Criminais 51 as pelo menos 170 agdes penais jé existentes, sem falar nos potenciais novos feitos oriundos dos 471 inquéritos jé tramitando. (Os ingénuos, por um lado, e 05 maliciosos, por outro, regozijam-se sem atentar, ou se omitindo deliberadamente, para a historicidade do proprio STF em crimes de tal natureza: até hoje, passados 200 anos, nunca um detentor de foro por prerrogativa de funcao chegou a integrar, efetivamente, o sistema carcerério nacional, Sem entrar no mérito da questao (se culpados ou nao), 05 condenados da Agio Penal n° 470 serio os bodes expiatdrios para que as massas possam dormir a noite e sonharem com a diminuicao da impunidade e com a falacia da isonomia. Enquanto isso, meio milhao de desdentados su- perlotam celas infectas e a centenaria impunidade do andar de cima ser, por um tempo, esquecida. Veja-se: nao se trata de uma frase de efeito: 0 ntimero estd correto ¢ eles, na sua imensa maioria, sao destituidos de uma adequada denticao, 2.2 Formando o circulo vicioso A parte o excepcional exemplo supra, no dia a dia praticamente nao existe investigacao policial inteligente no Brasil. Os crimes que chegam a Jus- tiga comum sao oriundos, quase exclusivamente, de prisdes em flagrante. Em geral, 05 orgaos encarregados de perfcia sao despreparados em termos de recursos humanos e de infraestrutura. Afinal, nao se precisa disso para se poratras das grades a violencia patrimonial ordinaria e pequenos traficantes, egos muito mais por azar ou por ndo pagarem propinas a agentes policiais pidus, do que por un raballiy de inteligenia Forma-se um cfrculo vicioso. O Judiciario ¢ pautado pelo Ministerio Pablico, haja vista 0 principio da inércia, O Ministério Pablico, via de regra, lida cotidianamente com os inquéritos que Ihe chegam da policia civil, em ge- ral, flagrantes em pequenas infracdes contra o patriménio. A policia civil, por sua ver, também nao investiga, A maioria avassaladora de inquéritos termi- na sendo oriunda de prisdes em flagrante realizadas pela policia militar (ou “prigadianos”, como queiram chamar). E essas prisGes, ¢ claro, nao atingem a criminalidade econdmica, a corrupgdo, os white colar crimes, tipicos exemplos de criminalidade de inteligéncia, e nem casos mais complexos, como homici- dios sem autoria conhecida. Banaliza-se 0 controle da criminalidade, notadamente em se tratando de crimes metaindividuais, que atingem 0 Estado ou toda a sociedade. Fi- cam livres aqueles que minam os recursos publicos que seriam utilizados para inclusdo social dos mais carentes, estes iltimos exatamente os alvos dos a DBowranis Naconns flagrantes policiais. Acabamos por punir os subintegrados ou subcidadaios, para usar uma expresso ao gosto de Marcelo Neves, Mas o que seriam essas dluas categorias? Vejamos, 2.3 Deturpando a cidadania: sobrecidadao e subcidadao Em sete passagens a nossa Constituigao Federal fala em cidadania”, soerguendo-a, em seu art: 1°, Il, a fundamento da Repdblica Federativa do Brasil, Em sua acepeao classica, confundia-se com os direitos de votar e de ser votado, Hoje, entretanto, significa participacdo efetiva no dia a dia do gover- ho, como modo de ter vez e voz. junto as instincias governamentais, casando- a transparéncia da gestao publica com a possibilidade de fiscalizacao e cobranca por parte dos cidadaos. Na pratica, porém, assistimos a uma grave deformidade do conceito de cidadania em nosso Estado. Além da ideia classica de cidadania, ¢ preciso atentar para a “existéncia no Brasil de duas espécies de pessoas: 0 sobreinte- grado ou sobrecidadao, que dispoe do sistema, mas a ele nao se subordina, © 0 subintegrado ou subcidadao, que depende do sistema, mas a ele nao tem acesso"®. Portanto, 05 subcidados sao aqueles alijados do proceso decisério estatal, esquecidos e oprimidos pelo poder. Em um horizonte hist6rico, haja vista a evolucao material e as conquistas tecnol6gicas, as favelas de hoje sao as senzalas de ontem. Jé os sobrecidadaos usufruem dos beneficios de se es- ar perto do poder, imunizando-se do dever de nao ter mais direitos que os dlemais, Essa dualidade privilegiar/perseguir comegou cedo em nosso Esta- do, desde o Brasil-Col6nia e suas capitanias hereditérias - os donatarios e os nobres, na frente, e os escravos e os indios, no verso". Desta forma, podemos muito bem chamar 0 subcidadao de marginal (O que é marginal? Ao contrério do que os meios de comunicacao propalam sda a conctacto peorativa de alguém que contara a leis penais~ € quem esta A margem, E quem nao ¢ visto, ouvido ou reconhecida como sujei- 99 Arts. 1°, 5%, LXXTe LXXVIE 22, XI, 62, §1° 68, $1", 205, caput. 40. STRECK, Lenio Luiz. Hermenéutice Juritica em) crise: uma exploragio hermeneutica da construgto de direito, op. cit, p. 29. 41 Relevante estudo para compreensio do nosso modelo de colonialista, que ainda hoje repercute em nossa estrutura social: FAORO, Raymundo. Os donas do poder: formagio do patronato politico brasileiro. 4, ed, Sio Paul: Globo, 2008, * vista bE Estupos Criminais 57 ee eaneeaars| ‘OuruanoiDezenano 2013 | to de direito, Em nosso Estado ha dezenas de milhdes de marginais®, eo mais contraditério (para nao dizer revelacior) ¢ que a nossa Constituigao inclui no seu art. 3°, entre os objetivos fundamentais, “a erradicagao da pobreza e da marginalizacao” e das desigualdades sociais e regionais. No final das contas, quem tem o poder de dizer o que o Judiciario vai punir ou nao é a policiat! Os Orgaos que deveriam tomar as rédeas do sis- tema penal andam a reboque. Por isso ¢ tao importante pensar estrategica- mente, eleger prioridades. E essas prioridades devem ter relacio direta com © grau de afetacio social da infracio penal - e no 0 mero impacto midiatico. E acreditamos que a vida e a dignidade da pessoa, bem como os recursos pa- blicos, sao mais importantes que o patriménio privado, por exemplo. Contudo, como veremos a seguir, 0 proprio conceito de violencia, base para a persecucdo criminal e a para a atuacao de instituigdes tao importantes quanto 0 Ministério Pablico, ¢ banalizado. 2.4 Violéncias subjetiva e objetiva Diz um conto ja classico de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) que uma velhinha, todos os dias, passava na fronteira pilotando uma lambreta, carregando um saco de areia, Desconfiado, um dos agentes fez. varias batidas nunca a flagrou transportando nada que nao fosse o mero saco. Ja vencido pelo cansaco, fez uma proposta. Jurou que nunca faria nada contra ela, mas implorou que dissesse o que contrabandeava. Ao que ela respondeu: lam- breta*! Sob uma mesma ética ocorre o trato da violencia. Usualmente, nos a percebemos apenas como uma quebra do padrio “normal” de ordem ou de tranquilidade, através de uma conduta que viole ow ameace a vida ou 0 patti- 32. SANTOS JUNIOR, Rosivaldo, Discurso sobre o sista penal uma visto cis Revit dbs Tribunas, So Palo. 861, p. 66-48, ma. 2007. 48. Zaffaroni faz esa critic, Para el, ki penal tem pouco pater diane da prtica do sistema paral off Jelpeual cere debrmizar un bia crielnlr, ma ositteron pil a on ’rande parte com ama orientasRo se ¢ propia diferente, excedend a orentacf em xm sentido e, em outto, esinteressando-e co expaco demarcado,reprimindo o que odio penal ndo mutorza e debxando de reprimis 0 que o diraito penal the ordena, Daf que, na realidado, tha mats importncia soletiva a funeto da atividade pois que ado leislador penal” (ZAFFARONI, Eugenio Rel PIERANGEUI José Henrigue. Mau! de ditional bras 3, ed, rev, aun Sio Paulo: Revista dos Tibunais, 200. p81). 44 PONTE PRETA, Stanislaw, Primo Allain clas. Rio de Janeiro: Agi, 2008, p. 79-90. * eee SAN jrvano/Duaannno 2013 Bovrana Nacons monio de alguém, de uma comunidade ou até mesmo de um Estado, através dle uma agressio materializada por um ato que também pode partir de uma woa, dle um grupo e até de exércitos, Essa qualidade de “anormalidade” da violencia a torna tao facilmente perceptivel. A ela se da o nome de vio- éncia subjetiva, em contraposicao a violencia objetiva®, cuja existéncia nao em geral percebida, porém nem por isso deixa de condicionar a pratica de atos que chamamos comumente de violéncia, Esta violéncia objetiva divide- 6¢, Segundo Slavoj Zizek, em violéncia simbélica e sistémica*, e no podem ser compreendidas sob 0 mesmo ponto de vista da violencia subjetiva, uma ex que nao so vistas como anormalidade, mas sim como algo corriqueiro, huturalizado no cerne das relacdes sociais. Sao ideologicas, passando ao largo da percepcao dos que as sofrem e, muitas vezes, também dos que as exercem. A violencia simbélica, termo elaborado por Pierre Bourdieu", caracte- Hiza-se pela fabricacdo, através do discurso, de falsas crencas que induzem 0 45 Segundo Save) Zick, "in custom estd en que tas volencassubetioay obetiva no pueden preiree dese ! mismo punto de visa, pues la violencia subjetion se experimenta como tal en Contrast con fondo de nivel coro de wolenci. Se ve como una perturbncibn del eslado de costs ‘norma y pet. Sin embargo Ie violencia objeto es precisamenle la valencia inherent a este stad de coss ‘norma’ Lx violencia ojtioa es neil puesto gue sostene a nrmalidad dene! ‘era contra lo que percibines como subjeioamsenteviolento”(ZIZEK, Slavoj Sobre a iolenca sis reflesiones margnaes. Buenos Aires: Paid6s, 2010 p10, 46 Hid uma distingao no significado da expressto “violencia simbolica”, entre seu cra, Dlerre Bourdieu, e Slave} Zizek. A violencia sistimice, para Zizek, € execida no discurso ‘A violencia sstémica se nas consequéncias catastroficas do fencionamento homogeneo de nosso sistema econdmic epoltico capitalist, ainda mais grave em tempos neoliberais, com a reproducio de mista, desigualdade, exclisio e marginalizago, Assim, tora-se uma violéncia normal, aturalizada einvisvel, mas 6 a causa fundamental do sofsimento demithoes (quis bilhoes) e milhses de individuos. im Bourcleu,o significado de vieléncia slmbdlica abarcaria 05 dois conceitos dados por Zizek. Isto, tanto enquanto discurso e pritica quanto em materializacéo normalizada no seio social (ZIZEK, Slavoj, Ob. cit; OURDIEU, Pierre. O poder sinbslico. Trad. Fernando Tomaz,6.ed, Rio de Janeito: Bertrand Brasil, 2003), 47 Para ele, tal tipo de violencia se raliza enguanto produsdo simbslica ¢ instrumento de ddominacio, “enquanto instrumentos estruturados e estruturantes de cormunicasao e de conhecimento que os sistemas simbalicoy’cumprem a sua fungio politica de instumentos . Acesso em: 8 nov, 2012 85 © refrido indicador foi criado pela “The Economist”, em parcera com a Universidade de Sydney, Austria; Universidade de Londres, Reino Unido; e com a Universidade de Uppsala eo Instituto Internacional de Pesquisas pela Paz de Estocolmo, ambos na Sascia (he institute for economics and peace. Gab peace index. Sydney: Insitute for Economics and Peace, 2012). 5% Sobre uma critica especfica ao sistema penal, lela-se nosso SANTOS JUNIOR, Rosivaldo, Discurso sobre o sistema penal: uma visio ertica, Revista dis Tribunals, Sao Paulo, v 861, 466-482, mar 2007 54 ‘Derren (0 Revista ve Estuvos Crummais 51 eo ‘Ourunno/Dezeneno 2013, Além disso, ndo esquecamos que existe o direito civil e a consequente reparacao do dano. Ficar inadimplente de um crediério, por exemplo, ndo é crime, f mero ilicito civil. E nem por isso todas as pessoas vivem inadimplen- tes. Nao raras vezes a insergao do nome de quem cometeu um furto insigni- ficante no Serasa tem muito mais eficacia. A parte geral do CP, que é de 1940, em plena ditadura Vargas, mas ainda aplicada acriticamente, nao conhe isso. Nessas pequenas infracdes, os atores jurfdicos precisam descobrir ou- tros meios de tutela que nao a penal ou a prisdo, e dedicar seu tempo e os recursos insuficientes para o que realmente importa: crimes que violem de maneira grave os direitos fundamentais, Dentro dessa visao criminalizadora miope, surgem os importadores de teorias estrangeiras, construidas sob realidades sociais extremamente dife- rentes das nossas (notadamente em face da nao superacio, aqui, sequer do Estado Social). E, entre esses juristas colonizados, quais as teorias que vem logo acabeca? A das “janelas quebradas” e a do “direito penal do inimigo” A primeira reflete um paradigma jé em desuso ha muitos anos nos JA e que previa que era punindo as pequenas infracoes que se evitariam as, grandes. Verificou-se que, na verdade, o bem-estar da economia americana é que influfa na pequena criminalidade. Jé a teoria do direito penal do inimigo partia do pressuposto da existéncia, na sociedade alemé, de alguém que nao admite ingressar no Estado e assim nao pode ter tratamento destinado a0 cidadao. Aqui no Brasil ocorre exatamente 0 contrario, A nossa luta ainda é de inclusao social de uma importante parcela dos nossos compatriotas que foi excluida a forga, Resultado? Persecugio penal facada nos crimes e crimi« ‘nosos menores. Constréiese, assim, 0 que chamamos de “teoria do direito penal do amigo do poder”. Isso porque se nao temos capacidade de atuar em todos os casos e terminamos por punir massivamente apenas as pequenas infragoes € 05 pequenos infratores, fazemos, sem perceber, uma escolha perversa. Nas profundezas desse discurso punitivo se esconde uma pratica sub- jacente de impunidade dos poderosos, daqueles que se encontram proximos {a0 poder. Isso porque enquanto o Ministério Piblico dedica seu tempo a essa demanda pequena, os grandes criminosos aplaudem, incélumes, Regozijam- se. Deixamos com pouca efetividade o combate a corrupgio, com prejuizos anuais estimados em 69 bilhdes de reais/ano”, dinheiro esse de origem pui- 57 FIESP. Relatorio: corrupsdo: custos econdmicos e propostas de combate. Sio Paulo: FIESP, 2010. p.28. 55 Bourn Naconss blica, isto &, cle todos. Dinheiro que podria estar sendo usado para diminuir nossa gritante desigualdade social. Assim, temos que separar o joio do trigo, estabelecer prioridades, Ou continuaremos nesse abraco de afogados. Isso nao é racional. Dizemos isso porque a pratica do direito penal do inimigo no Brasil se baseia e reproduz ‘mitos, servindo a razao instrumental, a que desvia a atengao dos verdadeiros fatores que fomentam a violencia objetiva, uma causa inegavel da violéncia subjetiva, amplificando-a, Nao mais que isso. As camadas mais longe do po- der-é que seriam atingidas, como sempre ocorre, Nao existe direito penal do inimigo para quem é amigo do poder. Antes de “politicas de seguranca pablica”, (policia, prisdes e rondas = de exclusio) precisamos de mais “politicas publicas de seguranca” (que assegurem direitos fundamentais individuais e sociais, incluindo sade, edu- €agao, saneamento, transportes e moradia - de inclusao), ‘Temos que quebrar o paradigma de tratamento do direito penal como mera infragao a bens juridicos individuais e combater com énfase, inteli- ‘gencia e planejamento a criminalidade econdmica e organizada. Os grances crimes, aqueles que efetivamente causam sérios prejuizos a sociedacle, que esviam e minguam bilhoes de reais dos cofres publicos e que mantém as desigualdades sociais nao stio cometidos por alguém usando armas, Usam canetas e gravatas, isto sim. A violencia objetiva esconde a gravidade por tras de “crimes de ca- neta”, Um excmplo simples: um desviv dle dez miles dos coftes publicos. Na satide, quantos foram mortos, silenciosamente, em razo das centenas de leitos que deixaram de ser criados ou pela falta de medicamentos? Nos trans- Portes, quantos morreram nas autopistas ndo duplicadas e esburacadas? Na educagao, quantas criangas ficaram na sarjeta e se tornaram os marginais que a elite vulgarmente chamam? Os erimes do colarinho branco, pelos prejutzos que causam a coleti- vidade, impedem a concretizacao do Estado Social para os milhdes que precisam, Em um pais desigual como 0 nosso, gravatas italianas e canetas Montblanc matam mais que armas de fogo. E sem perder o estilo, nao 6? Eles ‘lo sujam as maos. Mas quem nao é alienado, percebe: esses colarinhos bran- cos, engomados e perfumados, sao extremamente perigosos e manchados de sangue. E quantas pessoas continuam morrendo nas filas dos hospitais pibli- cos & nas eotradas mal conservadas. Quanttas criangas perdem a perspectiva de vida e se tornam presas faceis para a criminalidade, diante da anomia pa- 6 PS TISTA DP SSTUSOS URMIRAS OT eo ‘Ourvsno/Dezensno 2013 tente pela desigualdade de condigdes de competigao®. Mas a l6gica da razao instrumental esconde esse fato. “A morte de um homem é uma tragédia. A. morte de milhdes é uma estatistica”, teria dito Stalin. A assuncio dos valores consumistas das camadas mais altas por par te das camadas menos favorecidas, € as consequentes frustragoes na hora de realiza-los, haja vista a desigualdade de preparo intelectual, estrutural e familiar, instigam os desprestigiados a pratica de atos contra 0 patrim61 alheio. E nem todos resistem face ao bombardeio midiatico que grita e nutre © desejo: tenha! E cujo lema sub-repticio &: s6 é (alguém) quem tem. Os jovens das classes mais baixas estao em desvantagens para o almejado e propagan- deado sucesso, ¢ sofrem humilhacao devido a interiorizacao da “ética do su- cesso e da ostentagao”, confundido esta com a prépria ideia virtude pessoal. E quanto maiores as desigualdades sociais, mais patentes ¢ dramaticos sero 08 reflexos dessa situacdo”. E 0 desejo (de ter) vencendo o medo (do castigo). Alie-se isso a um meio ambiente degradante. B, assim, os pressupostos para a futura criminalizacao estéo formados, A questo ¢ superar ponto de imunizacdo. E 0 que seria esse ponto? Imagine um cone girando. Sua forca centrifuga segue uma matriz de projecao geométrica, crescente conforme se aproxima do Apice e do centro - 0 nticlea do poder e dos poderosos que o compoem. Quer um exemplo da existéncia desse ponto de imunizacdo? Pedimos que o leitor pegue uma folha de papel em branco para escrever 0 nome de cinco politicos com foro por prerrogativa de funcao que tenham sido criminalmente condenados, nos iltimos duzen- 5B MERTON, Raber Sil ery ands rut Nev York The Fre Pres, 1968 p.20 2 Ao eta i iui i, ihe pi a swung Wt eit aa pt di ad ton favored eas consequent ruta na hor de reli, ha vita a desguldade do ea Ae cette Chena etidnnn opera pate de ss dni Os overs dan cates ma nan rte denvarages pars ned Popagandeado ict, escrem haha devigedntrriengto da ec do aco” cena co a oop, quanto aes av denen wie nt pte nao an de Ala nm dap Ease, oprsviposioe pars a Stu ciliate eis rma, Eee endo pereso de digas eae de por psn despereido por qu etl no topo da pine sla Avon jetta ne ett da social facie comlada, © que ‘ows nnn pa pele Seempre mai del does emenpse DIAS ong de ganado Dist! ANDRADE, Manoel a Cos, Crnlegi o Rotem dlinients © @socednde einen 2. imp, Cle: Cla 197 p23) 7 ——————————— JOuruano/Dezenwno 2073 108 anos, no Supremo Tribunal Federal. Nao valem os bodes-expiatérios da AP 470, Se conseguir preenché-lo, dar-nos-emos por vencidos. Se nao... Por- tanto, quem seriam os alvos do direito penall do inimigo em nosso pais? Desta forma, aos adoradores inconscientes do “direito penal do amigo do poder” um alerta: saibam que estao sendo usados como inseticida social. Justica? Ah! E's6 um detalhe nessa maquina louca. CONSIDERAGOES FINAIS A violencia subjetiva tao alarmada nos meios de comunicacao em mas- $a 6 a ponta do iceberg. O que a sustenta é a violéncia objetiva corporificada no discurso (simbélica) e na naturalizagao (violencia sistémica) de situacoes de extrema desigualdade e desconsideragéo da pessoa humana dos mem- bros das camadas mais sofridas, em uma patente deturpacio do equilibrio dla relacao ipseidade-alteridade. O ter para si, desconhecendo, desmerecendo @ sendo contra o outro, torna-se banal. B nessa equacio de desigualdades ¢ indignidades formamos um ciclo vicioso de violéncia e édio. Diante do quadro que se esboca no ps-Mensalao junto ao STF e tam- ‘bém nas demais cortes de Justica, vé-se que estamos ainda muito distantes de uma sociedade menos desigual. O discurso subterraneo de punit os outsiders continua repercutindo. Mas o inimigo aqui nao é aquele que renega o Estado. O inimigo, aqui, ¢ o proprio Estado que renega quem dele necessita e imuni- za quem dele se apropria. Assim, um pais como o Brasil, com os indicadores sociais tao violentos (objetivamente falando) termina por ter altos indices de violencia subjetiva, inevitavelmente, Como costuma dizer Antonio Garcia-Pablos de Molina, “cada sociedade possui a criminalidade que produz e merece”. Epreciso, portanto, o desvelamento, para se perceber que a importacao acritica de teorias como a do direito penal do inimigo, face as diversidades de tradig6es, constituem um violéncia e, assim, inauténticas que so, nao podem. ser admitidas. O conceito de tradigao permite, também, um olhar com alteri- dade, partindo de 1a, além das nossas fronteiras individualistas, mas dentro do nosso préprio horizonte hist6rico, que somente uma viagem ao encontro do outro pode permitir. E quem sabe, conhecendo 0 outro, possamos a nos conhecer melhor. Uma passagem do Peguerio Principe ilustra o que deve ins- pirar essa caminhada. “SG se ve bem com 0 coragao, O essencial ¢ mnvisivel as olhos" TREMISTA DS ESTUOCS CRIMANAIS OF ovina Macionse ‘Ovrueno/Dezeweno 2013 REFERENCIAS BARATTA, Alessandro. Crininologi critica e critica do direito penal: introducso & sociologia do direito penal, Trad, Juarez Cirino dos Santos. 3, ed. Rio de Janeiro: Revan, Instituto Carioca cle Criminotogia, 202. BOURDIEU, Pierre. O poder sinbslio, Trad, Fernando Tomaz. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 203 [BRASIL Ministerio da Justica Infopen, Formulétio Categoria e Indicadores Preenchidos — ‘Todas UF's, Disponivel em: . Acesso em: 13 nov. 2012. ___ IBGE, Censo 2010; escolaridadee rendimento aumentam ¢ cai moralidade infant Brasflia, 27 abr. 2012 Disponivel em: , Acesso em: 18 nov. 2012 CENTRAL Inteligence Acgency, The World Factbook: distribution of family income ~ ‘ini index, Disponivel em: . Acesso emt § nov. 2012. DIAS, Jorge de Figueiredo Dias; ANDRADE, Manoel da Costa. Criminologia: 0 homem delingiente ea sociedade criminol6gica, 2. reimp. Coimbra: Coimbra, 1997. DUSSEL, Enrique. Plticn dee Literacion: historia mundial y critica. Mad: Trott, 2008, FAORO, Raymundo. Os sonos do poder: formagao do patronato politico brasileiro. 4. ed. ‘So Paulo: Globo, 2008 FIESP. Relatrio: corrupedo:custos econdmicos e propostas de combate. S¥o Paulo: FIESP, 2010, GADAMER, Hans-Georg. 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A refle xo proposta persegue a busca de um significado coerente para a intervencio socioeducativa junto aos sujeitos a que se destina e, em lltima instancia, busca a efetividade das medidas socioeducativas a serem aplicadas, PALAVRAS-CHAVE: Adolescentes; medidas socioeducativas; prin- cipios; igualdade; equidade. ABSTRACT: The implementation of the 12.595/12 Act, which regu- lates the carrying of socio-educational measures for court-involved youth and creates the Brazilian Systom of Socio-Educational Measu- res -Sinase, requires parameters for its interpretation. Accordingly, the article suggests a cluster of interpretative metaprinciples, treated here asa preliminary canceptualization that grounds the application of the principles seitled by the Act: equality, legality and equity or difference-based individualization. The reflection aims to finding a coherent meaning for the socio-educational intervention andl, ulti- ‘mately, the effectiveness of the imposition of such measures, KEYWORDS: Youth; socio-educational measures; principles; equa lity, equity ‘Advogada, Socidloga, Mestre em Cidncias Criminais, Doutora em Direito (PUC/RS), rotessora da faculdadte de Litetto da UFKGS e do Programa de Vos-Liraduagio-Mestrado da IMED/Passo Fondo, Cy

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