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“Ajudas” e “padins”

Li estes dias uma matéria no blog do Jornalista Itevaldo


(www.itevaldo.com), intitulada “Tensão no campo e omissão do Poder Público”, tratava dos
conflitos agrários no Maranhão. Muito interessante! Comentando sessão
especial requerida pela deputada estadual Helena Heluy. Onde se lê que
mais de 15 mil famílias vivem conflitos de posse de terra em nosso
Estado.

Mencionava que líderes sociais denunciavam que um terço do


território maranhense vivia com graves problemas no campo, dizendo:
“O diagnóstico da situação do campo foi revelado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Fetaema e o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A sessão especial foi pela deputada petista Helena Barros Heluy”. O

jornalista registrou que: “Não faltaram críticas à ausência dos deputados – além de Helena, outros
quatro compareceram- e ao que foi tratado como omissão e complacência do governo e do Judicário em relação ao
cumprimento rápido de liminares de reintegração de posse embora eivadas de vícios jurídicos”.

Ocorre que não há só “os defeitos” jurídicos, mas um conjunto de


ações, muitas delas “legalizadas” por meios nem sempre legítimos, e, para
falar a verdade, tem-se uma cultura do “tô nem ai” com absoluta má-fé,
bem como, também, tem-se o mais completo equívoco na difusão de
conceitos, práticas, posições e etc, mas com “boa-fé”, própria das almas
“ignorantes”.

Todavia, em que pese nos últimos tempos se ter grandes


conquistas em terras tupiniquins, no reconhecimento da sociedade civil
organizada, ainda temos um “ranço” para reconhecer sua importância,
legitimidade, etc. E, principalmente, a falta de reconhecimento da
importância do sacrifício que seus integrantes, no mais das vezes, o
fazem. Uma luta pela causa social em detrimento de sua vida material,
familiar e etc.
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Assim, é lamentável que algumas dessas lideranças ainda


sejam vistos como “perturbadores”, “agitadores” e, por mais absurdo que seja,
como “criminosos”. – Às vezes, o silêncio “ajuda”, mas os que contestam,
denunciando as irregularidades e “ousam” falar, incomodam! Quebram a
“ordem” “natural” da realidade Brasileira!

Na atividade profissional, como católico, advogado e professor,


tenho visto e tenho vários processos no escritório, com situações onde
as famílias, que sequer sabem onde fica São Luis, nunca estiveram
aqui, não sabem o que é Justiça, tanto no significado de acesso ao
Poder Judiciário quanto no de disponibilização a elas de uma vida justa,
não têm acesso a advogados e etc.

Mas temos situações piores, pois temos municípios que nem


mesmo existem lideranças dos movimentos sociais, no que só resta às
famílias um caminho, triste fim dos desassistidos, “procuram” um “padim”, o
velho padrinho político coronelesco, que em tudo “ajuda” e depois cobra a
“fatura”, pois muitas das vezes esse é líder político da localidade!

No que surgem dois caminhos, se o conflito for agrário, entre


o pobre e coitado trabalhador e outro de sua mesma e mísera situação,
o “padim” atua como juiz, “resolve a disputa”.

Se o conflito é do trabalhador do campo contra alguém mais


“privilegiado”, às vezes, pessoas materialmente melhores, ligadas as áreas
influentes da sociedade, ou mesmo empresas, surge um dilema ao
“padim”, - como agradar ambos os lados?

Assim, ao trabalhador oferece “ajuda” jurídica, sem que


ninguém saiba, mas em troca “conta” com a “ajuda” da família,
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principalmente no período eleitoral, de outro garante aos privilegiados


que não se preocupem com os miseráveis, pois “resolverá a questão”, já que o
“padim” é a favor do “progresso”, do “desenvolvimento”, mas sempre espera receber
uma “ajuda”. Melhor ainda se for em período eleitoral!

A única exceção a essa situação é quando a localidade tem


dois “padins”, daí as mesmas situações de favores acontecerão colocando
os “padins”, teoricamente, em lados opostos, pois as “práticas” são as
mesmas, as “intenções” também, e prevalecerá o que conseguir manter a
maior quantidade de “ajudas”.

Daí a necessidade da ausência de políticas públicas, de acesso


ao judiciário, de segurança pública, saúde, educação, de uma
Defensoria Pública valorizada e bem estruturada, etc, e, principalmente,
de movimentos sociais, que, a contragosto desse sistema, informaria,
denunciaria e combateria a promiscuidade das relações.

Relações essas que possuem e proliferem em cadeias


interligadas, os miseráveis buscam ajuda dos “padins” locais, que por sua
vez contam com a ajuda dos “privilegiados”, esses “padins” têm seus “padins”
em âmbito estadual, que também têm suas “ajudas” dos privilegiados
mais abastados ainda, e, os “padins” estaduais têm seus “padins” nacionais,
e estes também contam a “ajudas” de mais privilegiados. Tudo com
“privilegiados” dentro das mais elevadas posições de poder.

Sofre o trabalhador do campo e da cidade, explorado,


humilhado, dependente e até assassinado, mas, também, temos o
sofrimento da sociedade e dos empresários brasileiros, do pequeno ao
grande, pois se não quiserem oferecer “ajudas”, serão tratados pelas
severas críticas e instrumentos de poder do “sistema”, já que também
estão quebrando as “regras” da “normalidade” do “jogo”.
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Com tudo isso, vê-se a importância das “relações” e “ajudas”,


imperando o “vamos aparentar”, tipo: - não quero saber de onde vêm suas
“ajudas” ou em detrimento de quem seu poder é usado! Vamos preservar
as “aparências” “sociais”. Vale dizer: - o importante é saírem “bem na foto” da
coluna social! Tô nem ai!

E segue viva a denominação de Raimundo Faoro, quando indicou


que no Brasil temos “Os Donos do Poder”. É a realidade brasileira!

São Luis, 08 de maio de 2010.

Márcio Endles
Católico, Advogado e Professor Universitário.

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