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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 820.121 - ES (2006/0033576-3)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS


RECORRENTE : CHOCOLATES VITÓRIA S/A
ADVOGADO : RODRIGO LOUREIRO MARTINS E OUTRO(S)
RECORRIDO : BANCO ECONÔMICO S/A - EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL
ADVOGADO : JOSÉ ALEXANDRE BUAIZ FILHO E OUTRO(S)

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA:

O recurso especial em questão foi tirado dos autos de embargos do devedor aviados
pela ora recorrente – Chocolates Vitória S/A –, que se insurgiu em face de execução proposta
pelo Banco Econômico, alegando que foi aparelhada por um contrato de cessão de crédito
garantido por nota promissória juntada aos autos apenas por fotocópia.

Sustenta a recorrente que, além da invalidade de se instruir uma execução com título
de crédito exibido por cópia, o contrato de cessão continha condição cujo advento não foi
comprovado pelo credor.

Esse o debate contido no recurso especial.

Os votos que me precederam foram no sentido de conhecer do recurso e provê-lo –


Ministro Humberto Gomes de Barros – e de não conhecer do recurso – Ministro Ari Pargendler.

Pedi vista para melhor análise e voto acompanhando a divergência, data venia do i.
Relator.

A nota promissória, como título cambiforme que é, ostenta as características da


literalidade, autonomia e abstração, além da cartularidade, característica esta que expressa a
materialização do direito de crédito contido no título – trata-se da corporificação do direito a um
crédito.

Assim, aquele que detém o título tem legitimidade para reclamar o cumprimento da
obrigação nele inserta. Daí o motivo de se exigir que a ação de cobrança venha acompanhada do
título original. Com isso, evita-se a duplicidade de cobrança, pois muito difícil ao devedor
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comprovar o pagamento de um título ainda em circulação.

Há precedente desta Corte, também da relatoria do Ministro Humberto Gomes de


Barros – Ag no Resp n. 821.508-SC –, no qual restou decidido que a juntada do título original é
essencial à validade da execução. Observe-se:

“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL.


EXECUÇÃO. TITULO EXECUTIVO. ORIGINAL. JUNTADA POSTERIOR.
POSSIBILIDADE.
- A juntada do título executivo original é essencial para a validade do processo
de execução.
- Entretanto, não há nulidade se, aparelhada em cópia do título extrajudicial, for
juntada a via original, ainda que posterior à oferta dos embargos do devedor, e se não
houver impugnação à autenticidade da cópia apresentada.” (AgRg no REsp n.
821.508-SC, DJ de 15.10.2007.)

Todavia, o caso em questão ostenta certas particularidade que acenam para a


possibilidade de ser mantida a execução, apesar de a nota promissória ter sido juntada por cópia.

A primeira dessas particularidades está em que o título em questão foi emitido como
garantia de um contrato de cessão de crédito, estando os autos da execução instruídos tanto com
o contrato de cessão, como com a nota promissória. Nada obstante, é certo que esse título não
perde as características de executivo tão-somente por estar vinculado a contrato de
financiamento bancário, sendo perfeitamente válido para instruir processo de execução.

Esse é o entendimento majoritário deste Tribunal, que pode ser exemplificado pelo
seguinte precedente da Ministra Nancy Andrighi:

“Processual Civil e Comercial. Recurso Especial. Nota promissória vinculada.


Contrato de mútuo bancário. Liquidez. Ação anulatória. Ônus da prova. Embargos de
declaração.Omissão. Inexistência.
- A nota promissória vinculada a contrato de mútuo bancário conserva a
qualidade de liquidez.
- O autor da ação anulatória de título executivo tem o ônus de provar a alegada
invalidade.
- Inexiste omissão a ser suprida por meio de embargos de declaração quando o
tema posto a desate foi fundamentadamente apreciado no julgado embargado.”

Ora, a presente hipótese não é diferente da acima indicada, pois a nota promissória
em questão serve à garantia de contrato de cessão de crédito e, como título executivo que é,
ostenta a possibilidade de circular autonomamente, pelo que, em princípio, deveria ser juntada
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aos autos no seu original. Daí o Ministro Humberto Gomes de Barros ter afirmado em seu voto
que:
“Furtando-se a esse cuidado, o devedor corre o risco de – após efetuar o
pagamento – deparar-se com alguém (endossatário ou simples portador) que lhe
apresenta o título. Se isso acontecer, de nada adianta comprovar o pagamento. O
devedor que pagou mal estará na obrigação de resgatar o título e acionar quem
recebeu o valor contra simples recibo.”

Ocorre que, como afirmado no acórdão recorrido, o presente feito executivo


arrasta-se desde 1996. E nesses termos, certo o acórdão objurgado quando diz que anular uma
execução tão antiga por mero formalismo seria colocar em risco a credibilidade do Poder
Judiciário (fl. 118), principalmente quando o título em questão encontra-se prescrito, pois foi
emitido em 30 de junho de 1995, e há muito transcorreu o prazo de três anos previsto no artigo
70 da Lei Uniforme.

Assim, como bem afirmou o Ministro Ari Pargendler em seu voto dissidente, já não
há mais possibilidade de circulação da nota promissória. Ora, em sendo assim, declarar-se nula
uma execução quando o título em questão não tem mais efeitos senão entre as próprias partes
litigantes, é primar por um excesso de formalismo indesejado nas vias forenses.

Se a ação executiva visa satisfazer a obrigação não voluntariamente cumprida, este o


fim a ser perseguido. Portanto, não tem cabimento que se dê preferência aos meios em
detrimento do fim buscado. Assim, na forma do disposto no artigo 244 do Código de Processo
Civil, se a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se de outra forma
atingiu a finalidade buscada.

Ensina o eminente doutrinador Moacyr Amaral Santos:


" Por este princípio, a forma se destina a alcançar um fim. Essa é a razão pela
qual a lei regula expressamente a forma em muitos casos. Mas, não obstante expressa
e não obstante violada , a finalidade em vista pela lei pode ter sido alcançada. Para a
lei isso é o bastante, não havendo razão para anular - se o ato" (Primeiras Linhas de
Processo Civil ", 6ª edição, 2º volume, pág. 63 ).

Na hipótese verificada nos autos, não decorreu prejuízo algum ao recorrente em


razão de a execução ter sido instruída por cópia da nota promissória, porque todas as alegações
que firmou no sentido de obstaculizar o pagamento ao recorrido estão sustentadas no contrato de
cessão de crédito, do qual referido título é acessório.

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Portanto, estando a nota promissória açambarcada pela prescrição, mantendo sua


cambialidade apenas entre as partes e não havendo nenhum prejuízo ao recorrente, a sua juntada
por cópia não representa nenhuma afronta à legislação pátria.

Ante o exposto, voto com a divergência, no sentido de não conhecer do recurso


especial, data venia do Relator.

É como voto.

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