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VOTO-VISTA
O recurso especial em questão foi tirado dos autos de embargos do devedor aviados
pela ora recorrente – Chocolates Vitória S/A –, que se insurgiu em face de execução proposta
pelo Banco Econômico, alegando que foi aparelhada por um contrato de cessão de crédito
garantido por nota promissória juntada aos autos apenas por fotocópia.
Sustenta a recorrente que, além da invalidade de se instruir uma execução com título
de crédito exibido por cópia, o contrato de cessão continha condição cujo advento não foi
comprovado pelo credor.
Pedi vista para melhor análise e voto acompanhando a divergência, data venia do i.
Relator.
Assim, aquele que detém o título tem legitimidade para reclamar o cumprimento da
obrigação nele inserta. Daí o motivo de se exigir que a ação de cobrança venha acompanhada do
título original. Com isso, evita-se a duplicidade de cobrança, pois muito difícil ao devedor
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comprovar o pagamento de um título ainda em circulação.
A primeira dessas particularidades está em que o título em questão foi emitido como
garantia de um contrato de cessão de crédito, estando os autos da execução instruídos tanto com
o contrato de cessão, como com a nota promissória. Nada obstante, é certo que esse título não
perde as características de executivo tão-somente por estar vinculado a contrato de
financiamento bancário, sendo perfeitamente válido para instruir processo de execução.
Esse é o entendimento majoritário deste Tribunal, que pode ser exemplificado pelo
seguinte precedente da Ministra Nancy Andrighi:
Ora, a presente hipótese não é diferente da acima indicada, pois a nota promissória
em questão serve à garantia de contrato de cessão de crédito e, como título executivo que é,
ostenta a possibilidade de circular autonomamente, pelo que, em princípio, deveria ser juntada
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aos autos no seu original. Daí o Ministro Humberto Gomes de Barros ter afirmado em seu voto
que:
“Furtando-se a esse cuidado, o devedor corre o risco de – após efetuar o
pagamento – deparar-se com alguém (endossatário ou simples portador) que lhe
apresenta o título. Se isso acontecer, de nada adianta comprovar o pagamento. O
devedor que pagou mal estará na obrigação de resgatar o título e acionar quem
recebeu o valor contra simples recibo.”
Assim, como bem afirmou o Ministro Ari Pargendler em seu voto dissidente, já não
há mais possibilidade de circulação da nota promissória. Ora, em sendo assim, declarar-se nula
uma execução quando o título em questão não tem mais efeitos senão entre as próprias partes
litigantes, é primar por um excesso de formalismo indesejado nas vias forenses.
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É como voto.
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