Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Os gregos antigos nos ensinaram que dilogo um jogo: um jogo de aceitar, recusar,
negociar. Um jogo que ganha quem tiver o melhor poder de convencimento e persuaso. Um
pouco mais a frente, os msticos, dialogavam com Deus. A modernidade, que j parecia no ouvir
mais Deus como os msticos ouviam, usou o dilogo para o negcio, para o lucro, para a venda
e a para barganha. A cincia e a psicanlise no cansam de nos mostrar que ns prprios,
homens, seres humanos, somos feitos internamente de dilogos. Nosso organismo, nossos
nervos cerebrais, tudo dialoga.
Nestes ltimos meses, lendo um pouco antes de dormir sobre os problemas do mundo
e da poltica, deparei-me com um livrinho chamado O Mestre Ignorante, do filsofo francs
Jacques Rancire. Livro curto, mas muito cuidadoso. Rancire conta uma historinha de um
pedagogo que no queria mais assumir o papel de Mestre por sua inteligncia ou experincia
e decidiu ficar nvel a nvel com seus alunos, saber suas vontades, seus desejos. Rancire diz
ento que toda relao entre Mestre e discpulo implica uma relao (hierrquica) entre a
ignorncia e o saber. E claro, o Mestre nada mais que um ignorante. Rancire prope uma
pedagogia da emancipao. Emancipao contra o embrutecimento. A pedagogia que abraa a
emancipao est apta para aprender e praticar o nivelamento das inteligncias dos seres
humanos.
Vivemos num tempo de crise. Num tempo frgil onde as palavras do senhor, muitas das
vezes mesclada entre poltica e religio, chegam ao escravo como proibio. O lugar do escravo
o lugar do proibido, do negado, do pervertido. Esta a lio do aluno: precisamos de mais
atitude. De mais emancipao para nos libertarmos desta lgica senhor e escravo. Para que ns,
seres humanos, possamos aprender com o outro em uma sociedade to desigual, to
repressora. Esta a essncia e a luta da democracia: chegar todos os dias ao corao da
igualdade.
Rodrigo.