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Teoria Estruturante do Direito I * Friepric MOLLER 3.4 edicdo revista e atualizada Titulo original Strukturierende Rechtslehre © Duncker & Humblot, Berlim Traducao Peter NAUMANN ~ Capitulos I a VI Eurines AVANCE DE SouzA — Capitulos VII a XIV Direito de traducao reservado para a Editora Revista dos Tribunais, Sao Paulo, mediante contrato com o Autor. 0108 © desta edicao [2012] Epirora Revista pos TRIBUNAIS LTDA. ANTONIO BELINELO Diretor responsdvel Rua do Bosque, 820= Barra Funda Tel. 11 3613.8400 - Fax 11 3613-8450 CEP 01136-000 — Sao Paulo; SP, Brasil TODOS 05 DIREITOS RESERVADOS. PROibida a reprodugd@total ouhparcial, por qualquer meio ou proceso, especialmente por sisterias graficos, miérofilmiéos, fotogréficos, reprogralicos, fonograficos, videograicos, Vedaila'a memorizacao-e/6u a fecuperacao total ob\parcial,,bem como a incluso iaeee ea desta obra emyqualquer, sistema de processamento de‘dados. Essas proibigoes aerate a cambém as caracteristicas gréficas da obra «3. Sta edit6racao: & Violagio dos direitos aaa como étime (art2184 © pardgrafos, d6 Cédiga*Penal), com pena de prisdo e multa, ieee bu’ca e@preensio e indenizagoes diversas (arts. 101 ar}10 da Lei 9.610, de 2.1998, Lejidos Direitos Autorais). GENTRALDE RELAGIONAMENTO RT {ateridimanto, em dias titeis, das'8 as 17 horas) Tel: 0800,702.2433 @mail defatendimento ao consumidor: sac@rt.com.br Nisite nosso site: www.rt.com-br Impresso no Brasil [10-2011] Profissional Fechamento desta edigao [27.09.2011] ISBN 978-85-203-4182-7 SUMARIO Nora previa. Estrutura da norma e normatividade .. 7 1.2 Segao. Discussdo de concepgées tedricas tradicionais |. Introdugao = Sobre a diferenga entre as ciénciaghatuirais e as ciéneias humanas 11 ll, Objetividade nos termos da ciéncia da norma... 19 Ill. Tipos da compreensao tradicional.da norma ... 27 IV. Sobre a légica da ciénciajurfdica... 47 V. Aplicagao e pré-compreensao tdpica.eteoria estruturante da norina......cye2-....- 57 VI. Racionalidadé.e metédica relativa.... 83 Vil. Direito e realidade comé posicg6es-abstratas na.teoria do-direito + 95 VIII. Sobre a “natureza‘das coisas”... 117 2.8 Secdo. Fundamentos da teoria estruturante (da norma) juridica IX. Enfoques metodolégices para’ apreeniséo deforma e realidade na jurispru- déncia da Corté-Constitycional Federal ... 145 X. Texto normativo e norma. 187 XI. A norma como modelo de ordenamento materialmente determinado a5 XII, Delimitagdo da concepgao normativa estruturante da “natureza das coisas” € do pensamento juridico institucional e histérico .... 225 237 XIII. Programa normativo, ambito normativo e concretizagao pratica XIV, Sobre a concretizacao e sobre a teoria constitucional dos direitos fundamentais_ 259 Reflexdes finais e perspectivas... 289 Oras Do AUTOR NO BRASIL... 295 X. TEXTO NORMATIVO E NORMA Se em termos da teoria da norma,.o.ambito normativo € ae q da norma, entao a norma nao pode ser colocada no mesmo patamar do texto , normativo. Fssa conclusao décorre do enfoque feito até aqui e deve ainda ser — discutida, Somente o positivismo\cientifico-juridic rigoroso péde fiar-se em “aplicar” a lei, na medida emi\que tratou o,texto literal desta como premissa maior e “subsumiu” as.citcunstancias'reais aserem avaliadas,aparentemente de forma légica ao{caminho do silogisme’na verdade yineulado ao conceito e, assim, vinculado a lingua A ainda predominante compreensao, da ‘norma’ como~um comando pronto, juntamenté com)seu contexto, positivista, corre igualmente o risco de confundinorma e ‘texto normativo;oW entao de pattir do principio de que 0 teor de validade da disposicao legal-seria fundamentalmente adequa- do e estaria suficienteménte_presénte-fo texto literal, ou seja, seria “dado” com a forma linguistica da disposicao..A Tealidade como conglomerado de elementos heterogénéos juridicamente desordenados e a serem unidos pelo comando normativo pode ser, entao, contraposta a uma “norma” assim iso- lada. O ambito normativo, nao reconhecido pela teoria normativa como parte integrante da norma, pertence, portanto, indistintamente ao mundo abstratamente visto da facticidade. O nomologismo tem a-tendéneia-de-veralogica normativa 1 inguistico e concei A “norma pura” nao possui uma normatividade concreta, j4 que nao poss! um contetido material e uma determinacao_ al. Ela constitui apenas texto de norma: NoSentido do conceito normativo aqui desenvolvido, €n tretanto, ndo constitui nem mesmo isso, mas apenas um texto que deve seF visto como forma linguistica de uma norma. sentido 188 | Teoria Estruturante do Direito © Faeoric MULLER Uma norma pura é, por exemplo, uma disposicao legal de Hammurabi. O ambito normativo dela se perdeu. Ela “é valida”, “estabelece regras” nao mais de forma ideal, pois a questao tedrico-normativa nao é uma questao de “ideia” e “realidade”, mas porque a normatividade, a norma e a validade juri- dica estao relacionadas a um modo de ser que esta presente apenas na inclu- sao prévia da estrutura real e material, que é formada de modo normativo, *°* Também a “ideia” de normatividade pressupde uma inclusao do am- bito normativo. A disposigao de Hammurabi hoje nao é mais um texto de norma, mas um mero texto linguistico. De acordo com sua postura basica, 0 positivismo da ciéncia juridica, justamente em sua escalada rumo ao nomo- logismo, hoje em dia concebe disposigdes validas do ordenamento juridico atual como textos sem ambito normativo, como normas puras libertas de qualquer peso terreno. E de se notar que nao apenas o positivisthO- mais antigo com sua impo- sicdo de avaliacoes materiais, politicas.¢ subjetivas pormeio de “métodos” classicos, sobretudo por meio da interpretacao teleologica que da espaco a toda consideracao da esfera'‘do Ambito normativo, mas também a teoria pura do direito podem nao ser consistentés sob, ponto de vistada teoria da norma. Kelsen distingue a norma _jutidica’geral da individual. Esta wltima € para ele a “individualizacao” ou “concretizacdo” deumamorma juridica geral “aplicada” por um tribunal) As especificidades metodolégicas desse Processo nao sao esclarecidas}n0 entanto,,aS normas juridicas gerais nunca poderiam predeterminar plenamente o@stabelécimento de 6rgaos individu- ais por meigde orgaos de aplicacao Uo ditéito, A previsibilidade apenas limitada das\decisoes, visando a maior segu- ranca juridica possiyel em si,ea necessidade de deixar aos Orgdos um espaco para procederemaaos julgamentos baseiam-se no fato de “que principalmente uma norma geral expressa na linguagem humana quase sempre permite di- ferentes interpretacdes”** Doponto de vista metalinguistico, as estruturas linguisticas passiveis de serem logicizadas, incluindo os conceitos juridicos, nao estao a altura das exigéncias da logica formal. A teoria pura do direito, entretanto, nao € revista apesar dessa concessao, embora talvez sua falha me- todolégica demonstre que a concepcao basica é questionavel. Norma e texto 455a. Cf. sobre isso o novo conceito de “validade” em F Miiller, Juristische Methodik cit., 1993, p. 27 ess. e 140 ess. (v. supra, nota de rodapé 123) (entretanto, 10. ed. 2009). 450. Kelsen, Was ist juristischer Positivismus?, JZ cit., 1965, p. 465 ess., 466 e 468 (v. supra, nota de rodapé 20) Texto normative enorma | 489 normativo sao aqui colocados no mesmo patamar, na medida.em que, com base em um e mesmo texto normativo, as interpretacdes possiveis poderiam ser “logicamente” equiparadas e somente poderia chegar-se a uma determi- nada solucao por meio de uma decisao metajuridica e politico-juridica do 6rgao aplicador da norma.’ CoDing 0 FAD de Kalan Ao contrario disso, 0 que ocorre € a dita distincdo de norma e texto normativo e diferenciagao teorico-normativa da estrutura normativa no pro- grama normativo e ambito normativo. Ambos os fatores da normatividade concreta so, de acordo com 0 tipo normativo, reproduzidos no texto nor- mativo, em escala diferente. Em geral e sem tal diferenciagao, as “letras” e 0 “espirito” da disposicao legal ja sao distinguidos em toda parte em que o solo do positivismo ingénuo ou do nomologismo € abandonado. ae Nesse sentido, ja em Savigny 0 mero texto, ou seja, a “imagem da lei”, encontra-se distinta de seu “contetido real”; e isso ja aqui com a aplicacao pratica na distingdo entre interpretacéo propriamente dita e 0 aperfeicoa- mento juridico rejeitado por Savigny nesse contexto: {Em toda a mais recentedoutrina metodolégica juridica, em que a inter- pretacao é, ao mesmo.tempo, reconheeida como aplicacao e,em que a exege- se é inseparavelmente vista como. aperfeigoamento juridico, a distincao entre norma e sua formulacéo linguistica aparece numa {uncao-metodolégica. Para uma topica que trabalha com prinefpio € norma, interpretacdo sig- nifica adequacao, mutua de principio, & texto, visto-que ambos sao por si fragmentarios: Nem 0 “razoavel”;0 “materialmente justo” € sensato por si s6, nem‘aquilo que foi concrétamente disposto sem critério pode funcionay para o objetivo do ordenamento:*” Ambas as\questoes serao respondidas ni 457. Cf. Kelsen, Reine Rechtslehre cit 2¢d., p. 346 ess. € 350 ess. (v, supra, nota de rodapé + 5). 458. Cl., Ehrlich, Gritidlegunder Soziologic des Rechts cit. p. 393 ess. (v. supra, nota de rodapé 33); Heller, Staatslehre cit, p. 255 e 257 (w. supra, nota de rodapé 93); Husser!, Recht und Zeit cit., p. 22 (v. supra, nota de rodapé 18); Bobbio, Uber den Begriff der “Natur der Sache”, ARSP XLIV, 1958, p. 305 ess. e 316; Forstholf, Lehrbuch des Verwal- tungsrechts cit., v. 1 p. 151 ¢ 158, 10. ed., 1973, p. 164 ess. (v. supra, nota de rodapé 96). Cf. tambem Th. Geiger, Vorstudien cit., p. 58, 61 ¢ss.€ 79 (v. supra, nota de rodapé 69), sobreadistincao de norma. proposigao normativa, de norma subsistente enorma verbal como vis6es da sociologia juridica. Em conexao com Th. Geiger: Gromitsaris. 459. V, Savigny, System cit.,v. 1, p. 322 (v. supra, nota de rodapé 34). 460. Esser, Grundsatz und Norm cit., p. 262 (v. supra, nota de rodapé 1); cf. ainda, p. 85, nota 244; p. 70: “law in the books” e “law inaction”, p. 71, 124 es. ¢ 283. 190 | Teoria Estruturante do Direito + Frrenaicn Mouse esfera da teoria (da norma) juridica estruturante aqui desenvolvida, com a diferenciacdo da estrutura normativa nos aspectos da ideia normativa funda- mental e do ambito normativo. Além disso, até aqui também sao distingui- dos no direito constitucional, de um lado, a “estrutura da palavra e estrutura da frase” e, de outro, a “estrutura de sentido do espirito objetivo”, sendo que, em geral, a interpretacao tem sido reconhecida como “complementacao daquilo que esta escrito”."*! Reunir todo o peso dogmatico na questao dos componentes da norma juridica, classificar seus elementos conceituais em categorias e, a partir dat, circunscrever a extensao das possibilidades legais de controle, geralmen- te nao conduz, no direito administrativo e no direito constitucional, mais além daquilo que “o pressentimento, expressa como resultado da deducao logica”. aa | Os problemas nao superados pelo método conceitual orientado pela nor- ma uric iniciam-se menos no texto, normativo do que “nas ‘circunstancias reais’, que fornecem o material aos conceitos deydireito constitucional”,"” Se, de acordo com isso, a atencao dever, portanto, ser deslocada,da forma conceitual do texto normiativo para a tipologia(das circunstancias reais, para as “estruturas do material que é apreéndido pela normajuridica”* a con- 461. Hans Huber, Probleme des ingeschriebenen Verlasstitigsrechtszin Zeitschrift des Ber- nischen Juristenvereins, v.91, 1955, p.951€ ss, e107; cf tambem pall6 e ss.: no direito constitucional a “vinculacao a palavra” seria menor do que nodireito privado. Cf. tam- bem, a respeito da distincao\de normeé texto-Adrmativerna esfera da topica no direito constitucional, Baumlin, Staat,Recht und Geschichie cit., p. 33 ess. (v. supra, nota de rodapé 112); Ehnike, Grenzen der Verfassungseinderung cit., p. 18 (v. supra, nota de rodapé 19); Ider, Wirtschaftamd Verfassung cit., p. 50 ¢ 52 (v. supra, nota de rodapé 36); Idem, VVDSIRL 20-¢its, p. 5365. € 78 (v. supra, nota de rodapé 1); v. Pestalozza, Grundrechtsauslegung, Der Stadit cit., v, 2, p. 425 €5s., 425 € 427, nota de rodapé 9 (v. supra, nota de rodapé 122); sobre o fracasso do método conceitual orientado pela norma Juridica no direito constitucional, v. também Lerche, Ubermaf und Verfassungsrecht cit., Pp. 325 ess, ¢ 335 ess. (v, supra, nota de rodapé 106). 462. Lerche, Ubermaf$ und Verfassungsrecht cit., p. 326 ess. € 335 e ss. (v. supra, nota de ro- dapé 106). Cf. em geral sobre a metédica do direito administrativo, Scheerbarth, Ist im Verwaltungsrecht die Hermeneutik auf Abwegen?, DVBI. 1960, p. 185 e ss.; Haucisen, Zur Rechtsfindung auf dem Gebiet des Verwaltungsrechts, DVBI. 1960, p. 350 e ss. 463, Lerche, Ubermaf’ und Verfassungsrecht cit., p. 335 (v. supra, nota de rodapé 106). 464, Idem, p. 335,336 e337: “circunstancias reais” no sentido das tipicas circunstancias reais como o respectivo “material legal” apresentado ao juz (v, supra, nota de rodapé 106) Texto normativoe norma | 494 clusao tedrico-normativa que deve ser tirada €, porém, no se! 0 ambito normativo, de acordo com a estrutura da normativi mente determinada, nao apenas como material apreendido apenas pelo texto normativo, ou seja, como setor da realidade fornecedor do material, mas como parte integrante da disposicao legal a ser concretizada. | | A diferenca assim fundamentada de texto normativo e norma nao sig- nifica apenas aquela diferenca mais genérica entre letra € espirito;"” ela tam- bém nao se depara com uma distingao entre direito e lei," baseada na ideia concreta de direito natural, que nao apenas vai além do texto normativo, mas que vai além da norma legal positiva no ambito do “direito concreto”."°7 O direito nao se apoia somente na norma verbal, nem pode ser conquis- tado a partir dela e com o auxilio do processo puramente l6gico, assim como da subsungao obtida pela via da conclusao, silogistica. Q_direito nao € i tico ao texto literal da disposicao legal; contudo, a meta.da teoria normativa éstruturante aqui desenvolvida nao-é estabeleceruma diferenga essencial e ‘ontologica entre lei e direito, no’ sentido da-distingéo entre poténcia € ato, entre possibilidade ¢ realidade, entre a,“léi” como uma entidade abstrata, istorica ou acima da historia, eum “direito” que, por sua-vez, € original- “Thente ontolagico.*°8 nfoque limita-se a. investigacao da teoria do direito positi- a disposicao Jegal extensivamente, apreendidana normatividade _ materialmente‘determinada, ¢ ndo swa-versao linguistica ¢0.ponto de refe- ‘réncia da.concretizacao /Para @ processo da cretiza¢ao, a norma aparece diferenciada de acordo como. ambito normatiyo.e.com a ideia normativa ‘fundamental do programa dtormatixo. Principalmente no direito consti- tucional os pontos desvista da'concretizacao devem frequentemente ser deduzidos do text normativo apenas numa pequena escala. A aplicacao, 465. Cf. ainda A. Kaufmann, Analogie und “Natur der Sache” cit. p. 29 (v. supra, nota de rodapé 124). 466. Sobreisso,v. principalmente A. Kaufmann, Zur rechtsphilosophischen Situation, JZ cit., 1963, p. 137 ess. ¢ 139 (v. supra, nota de rodapé 284) 467. A. Kaufmann, Gesetz und Recht cit., p. 357 ess. € 390 (v. supra, nota de rodapé 71), texto em homenagem a Erik Wolf, 468. Assim em A. Kaufmann, Gesetz und Recht cit., p. 380 e ss. (v. supra, nota de rodapé 71), citando Tomas de Aquino; permanece questionavel se lei e forma linguistica da lei sao aqui clara e satisfatoriamente distinguidas 192. | Teoria Estruturante do Direito * Fairoricht MOLLER de modo decisivo, vai além do texto normativo; nao vai, porém, além da norma, cuja normatividade concreta deve justamente ser salientada apenas para o caso particular. Aqui, 0 processo da metédica estruturante separa-se do puro pensar 0 problema, na medida em que mantém a norma (a ser primeiramente cons- truida) como critério vinculante para a escolha dos topoi. Visto, porém, que, nessa funcdo, a norma juridica nao pode ser aceita pela metédica simples- mente como algo dado, o texto normativo estabelece, em todo caso, os limi-_ tes extremos de possiveis suposicdes. Aqui, existe uma ligacao com tendén- cias do Positivismo cientifico que visam a clareza do Estado de Direito.*°** Além disso, na pratica da interpretacao da lei, esse positivismo, contra- riando seu ponto de partida, fez valer intimeros pontos de vista materiais, a partir dos meios de interpretacao classicos. Como demonstrado, os canones j4 contémquestionamentos tipificados de determinada estrutura material que vao além da interpretacao filologica do texto. Também quanto a interprétacao gramatical, o que se tem em vista, no fundo, € a norma e nao-séti texto literal: A interpretacdo_gramatical pre-— 4s. ©1S4 sempre proceder-a distincao entre os diferentes sentidosda palavra, que 5 Seb eo correspondentemente esclarecidos,a partir dos dados maiteriais, ou seja, ‘as nuances de sentido da mesma palavra, e, nesse processo, necessariamente, depende da diferenciagao e daavaliacao normativo-juridica dos campos as- Sociativos que lhe:sao conexos, bem como que $40 determinadds tanto pelos dados materiais como pela lingua. -Examinando-se a fundo, a pratica do agir metodologico pressupoe, tam- ‘en-na-postura metodica fundamentalmente-conservadora € deacordo con os dados re: ais, a diferenca de norma é texto normativo ¢ 0 significado apenas indicativo-do texto, normativopara‘o sentido juridico decisivo dessa norma, ou seja, para o teor de yalidadeda disposicao concretizada no caso particular. Essa diferenca metodologica esta exclusivamente a servico da concreti- zacao pratica do direito, e nao da teoria geral do direito ou da critica ideol6- gica voltada ao ordenamento juridico.*” Ela também nao foi aqui delineada no sentido de uma sociologia juridica que concebe o direito somente como 468a. Discussao dos limites do texto literal, em F Miller, Juristiche Metodik cit., 1993, p. 186 €55., 188 ess. e 191 ess. (v, supra, nota de rodapé 123) (entretanto, 10. ed. 2009), entre outras; Christensen, 1989, 469. Cf. Topitsch, Die Menschenrechte. Ein Beitrag zur Ideologiekritik, JZ 1963, p. Less. e4 Texto normative e norma | 1.93 contexto de fatos e nao como dever-ser normativo.*” Se nao quisermos ti- pificar teoricamente as possibilidades de relacao entre realidade e direito, mas investigar sociologicamente o direito apenas como realidade, entao 0 ambito normativo nao aparecera como parte integrante da norma nem do pensamento nomologista. Entretanto, também o ambito normativo nao é dado de antemao no texto literal da disposicéo, mas é geralme! apenas de modo incompleto. Tomados como estruturas mera ticas, os contextos conceituais do texto normativo apontam aj “de de referencia para relacées reais da vida humana, para circunstancias reais especificas. Fles nao possuem teor de validade auténomo, nem um campo Wary semantico determinado na realidade, na relacao com tipos legais concretos. : / Nao €.a proposi¢ao normativa que €. vinculante, mas sim a norma que perfaz seu contetido enunciativo.*” — O espaco da relacdo conceitual do texto normativo-com os tipos legais concretos e especificos, bem como(o espaco da normatividade da disposicao \ materialmente determinada-e\a'ser concretizada para cada um desses tipos legais € restringido primeiramente por, meio da convencao linguistica®”? € depois, sobretudo, ‘por meio dos topoi ja, parcialmente apteendidos pelos cAnones tradicionais e oriundos preponderantemente da jurisprudéncia, da doutrina juridica e do ordenamento juridico positivo. Para a sociologia juridiea, a norma juridica geral nao édiferente de um tipo conceitual‘abstrato e é idéntica a norma literal conceitual, ao texto nor- mativo. Apenas a norma literal conéretizada’no caso particular é considerada como tipo concretamente essencial:é determinante:para o real fluxo social | dos fatos e como norma'subsistente. Se, em contfapartida, 6 direito for entendido pela teoria juridica da nor- / ma como dever-sernormativo, a norma nao sera abstratamente contraposta y a uma realidade indistintamenté materializada, mas a estrutura da normati- vidade Juridica ser analisada sob os aspectos do ambito normativo e do Pro Ambito normative do modelo de ordenamento a aser mntelectualimente aceito mais do que seu proprio texto, sendo que tal modelo deve esbocar o ambito ‘0. € remodela-lo normativamente. 470. Sobre isso, v. Th. Geiger, Vorstudien cit., p. 277 (v. supra, nota de rodapé 69). 471. Th. Geiger, Vorstudien cit., p. 84 €ss.; esp. p. 211 ess. ¢ 261 es.; sobre a concretizagio do direito, cf. também p. 242 ess. e 246 (v. supra, nota de rodapé 69). 472. Idem, p. 261 ess. 194 | Teoria Estruturante lo Direito » Feiroricht MOLLER 4 © ambito normativo como componente estrutural da norma juridica é um projeto tipificador no campo das possibilidades reais daquilo que apare- Ge regulado realmente como caso particular no ambito de validade da nor- ma concretizada, Também fora da aplicacao processual ha outros modos de yalidade da norma juridica positiva, assim, por exemplo, como ocorre com seu sentido para a interpretacao sistematica de outras disposicdes ou sua observancia que, de antemao, evita a discussao processual. Os topoi que servem de base ao espaco normativo, na esfera da tradicao juridica, sao fatores da normatividade que nao reproduzem plenamente a norma do texto literal da disposic¢éo concretizada no caso particular, mas apenas a indicam, Se a teoria (da norma) juridica evitasse qualquer credibi- lidade sistematica dedutiva da axiomatica estrita, mas quisesse fixar a norma (a ser concretizada) como ponto de referéncia vinculante do processo de concretizacao, iria ficar comprovado que também ela nao fica alheia ao cir- culo da hermenéutica. O que ¢ decisivo € que.a norma’séja consideradla nao como fator parcial intercambiavel, a servico-da,solucao adequada-dée problemas, mas com: ta da elaboracdo metédica dos aspectos materiais “problematicos® . Na pratica podem ser averiguadas, pelo menos, diferencas de énfasé que wepresentam nuances importantes. O pensamento axiomatico e o,pensamento problemati- co nao apenas sao interdependentes, como também nao podenrser separados um do outro por meid de-litthas claras,.o, que jamostra‘a estrutura tedrica complexa da norma. Somente a autoconsciéncia positivista pode se fiar na definigao absoluta de limites. Aametédica nao positivista renuncia a esse pre- ceito e, com isso, se desyincula dé ficcoes infrutiferas. Rotular essas formas de visdo como métodos absohitds ¢ exclusiyamente validos é algo que iria de encontro ao entnciadomaterialda topica e da metodica estruturante. Em ge- mutua relacao de comiplementacao entre topica ¢ axiomatica é diferente emf funcao do tipo nofmatiyo a’ser concretizado. Quanto mais especificamen- 1 disposicao legal € apreendida, tanto mais facilmente norma ¢ texto_ ivo s4o equiparados, como tradicionalmente ocorre, se, a nado ser nos imite concretamente definidos (disposicoes sobre prazos, datas e limi- _tes de idade), eles nunca puderem ser tratados realmente de forma idéntica. Entretanto, 0 conceito de direito “técnico” até agora tem sido confiavel."”* Ele precisa ser especificado pela teoria da norma. Quanto mais precisa e mais 473. Sobre isso, v. Leisner, Verfassungsauslegung, DOV cit., 1961, p. 641 e ss., 648 ¢ O51 (v. supra, nota de rodapé 35). Texto normative enorma | 1 gs abrangentemente o texto normativo apreender sob o aspecto conceitual tanto 0 ambito normativo como também a ideia(s) normativa(s) fundamentais da disposicao, tanto mais fortemente a concretizacao metddica podera apoiar-se no texto. Para intimeras disposicdes fundamentais do direito constitucional nao € esse o caso. Todavia, é de se questionar se a Constituicao escrita deve poder ser entendida por isso principalmente como documento e apelo e nao como lei normatizante.*”* Mesmo a lei que € tratada de forma diferente pela teoria da norma é mais dependente da interposi¢ao e concretizagao raciona- lizada e passivel de ser compreendida do que apenas da interpretacao légica do direito que leva 4 compreensao.*”* Ja a distincao fundamental entre texto normativo e norma impede o intérprete de limitar-se a “interpretacéo”, assim como ao desdobramento pu- ramente filolégico do texto. A ilusao de poder-mediar de forma satisfatoria tealidade e norma por meio de um proceso de interpretacao filologico ou _em tese puramente logico s6 pode: Ser nutrida em relacao a disposicdes alta- mente especializadas e cuja concretizacao aproxima-se de uma “aplicagao”, sem, contudo, poder ser, patte integrantedé ynvsistema axiomatico funda- ivel de ser concluidd."’? Anécessidade do Estado de Direi- tode apresentar o mais claramente possivel a tipologia formal nao € com isso colocada em duvida de forma alguima. Ela, porém, € mais dificil de concre- tizar e mais complexade entender do que o-pehsamento positivistaaceita. A histéria\constitucional da nogao de Estado de, Direito\mostra que a tipologia formal nada mais é senao uma'tipologia’conceitual e sistematica- mente desenvolvida de contetidos miateriais, de exigéncias politicas, de no- des basicas da teoriacconstiticional €do Estado que desfrutam de autono- mia apenas relativa e tanibém apenas.de forma relativa passaram pela refle- x4o historica. Limitat a visd0 aos textos normativos de disposigdes formais, de segurancas do Estado de Direito, de garantias processuais nos atrapalha a ver a peculiaridade material de seus ambitos normativos ¢ de suas alteragoes historicas. Uma norma pode tornar-se_obsoleta sem que seu_texto. literal tenha sido alterado e sem que haja uma revogacao formal, ou seja, sem que tenha 474, Assim como aceita Lerche, Stil, Methode, Ansicht, DVBI. cit., 1961, p.690 ess. (v. supra, nota de rodapé 2). 475. Idem, p. 692. 476. Cf. Baumlin, Staat, Recht und Geschichte cit., p. 33 ess. (v. supra, nota de rodapé 112). 196 | Teoria Estruturante do Direito * Fricorics MOLLER deixado de ser uma norma//A norma “pura” assim originada € apenas texto. Ela perdeu nao apenas seu ambito normativo determinado, mas também todo e qualquer ambito normatiyo. Situacao diversa ocorre com os princi- pios gerais de direito validos ou com os principios constitucionais como o principio geral da igualdade, previsto no art. 3.°, inc. 1, da CF alema. Para suas ideias normativas fundamentais validas e que tem em vista possiveis ambitos normativos devem ser desenvolvidos especificamente em cada caso particular, ou melhor, para os diferentes tipos de circunstancias reais, am- bitos normativos tipicamente racionalizados. A “norma” obsoleta € passivel de ser filologicamente interpretada ainda como texto, e pode ser compre-_ endida sob 0 ponto de vista historico e das ciéncias humanas_em_geral; contudo, nao pode mais ser juridicamente concretizada. Embora seu texto Jiteral permaneca inviolado, ele nao oferece mais um suporte metodologico e juridico. Na esfera da comunicacao verbal,mesmo uma norma obsoleta exige a pré-compreensao daquele que a esta tentando compréender, insere tal indi- viduo no processo da tradigad.¢ procede a uma atualidade hermenéutica."” O atributo da ciéncia juridica, como ciéncia normativa, bem Como sua me- t6dica, como umadoutrina da conéretizagao orientada tanto pratica como normativamenté; ao contrarioy ndo permite reconhécer _na\norma obsoleta a atualidade no sentido da douwina juridica dos métodos. De forma corres- pondente, a norma: vigenté, que, como. norma. géral, também"* mas como contexto estrutural de fatores especificos de uma nor- ma (por assim dizer, dentro da normatividade). 512. Cf. Kelsen, Was ist juristischer Positivismus?, JZ cit., 1965, p. 465 ess. (v. supra, nota de rodapé 20); Ehrlich, Grundlegung der Soziologie des Rechts cit., p.97 €s., 138 €88.; (. supra, nota de rodapé 33), p. 151:as regras legais formadasa partir de normas de dec nao desmantelam a lei, “ao contrario, elas inserem um novo direito na lei”. 513. Sobre isso, v. Jesch, Gesetz und Verwaltung, 1961, p. 40 e ss. € 62; v. criticas de Lerche, Stil, Methode, Ansicht, DVBI. cit., 1961, p. 690 e ss. € 696, nota 59 (v, supra, nota de rodapé 2). 514. Como em Drath, Zur Soziallehre und Rechtslehre vom Staat cit., texto em homenagem aSmend, p. 41 ess., esp. p. 45 (v. supra, nota de rodapé 76). 4 218 | Teoria Estruturante do Direito * Frieoric: MOLLER O fato nao é apenas que o direito complementa, assegura e modifica 0 ordenamento extrajuridico. Em lugar desse enunciado logico geral das cién- cias sociais, aparece aqui a perspectiva teérico-normativa, segundo a qual aquilo que é ordenado pelo direito é apreendido nao apenas pela exigéncia legal de normatizacao, no sentido de uma relacao isolada de ordenamento, transmitida pela lingua, mas com sua peculiaridade material constitui um elemento necessario do respectivo ordenamento juridico parcial. 9 Nao basta ver apenas o direito na plenitude concreta de seu contetido e, em contrapartida, ver a lei na pura abstracdo de sua conceitualidade.” “Entre” a norma escrita ¢ a law in action moldada para um determinado caso particular, nao ha uma compreensao da norma nem totalmente abstrata nem totalmente concreta, mas antes uma compreensao estruturante, que elabora uma tipologia, e funciona como uma justificacdo autonoma de um modelo materialmente determinado e articulado dedeordo com 0. programa norma- tivo e o ambito normativo. : A norma juridica, como medélo de um ordettamento parcial, provocado pelos fatos nao apenas no, que se refere a.criacdo do direito, e nao apenas efi- caz quanto aos fatos no ‘ambito do ordenamenito social, sob,6 ponto de vista do direito positivosinas cofundador do ‘contetido de sua normatividade, em tspectiva igualmente material, nao se restringe ao“objeto”.do coman- do legal, e nao evidengia apenas.o carater imperatiye da disposi¢ao legal, mas aponta também para’o poder normatiyo originario de-seu teormaterial.’!° Observando-se pelo prisma da te la norma, d s6es especificas do conh iment o de que toda validade juri de que visa aum fato reale quése dever-sefestariam interligados de modo correlativo. Na funedo detregulamentacao obrigatoria, que necesita de con- cretizacdo, a disposi¢ad legal engloba, do mesmo modo, tanto o agente regu- lador, como também aquilo.queé regulado (e aquilo que é formulado como possivel na realidade). Na de modelo de ordenamento, ela é integralmente fundamentada tanto pelo agente ordenador como pela esfera ordenada (tipo- logicamente apreendida no ambito normativo). ‘ada norma, devi 515. Assim em A. Kaufmann, Analogie und “Natur der Sache” cit., p. 39 (v. supra, nota de rodapé 124) 516. Dopontode vista da teoriaconstitucional, ainseparavel conexao da contingencia da reali- dade ea normatividade da Constituicao foi enfatizada sobretudo por Hesse, Die normative Kraft der Verfassung cit., p. 6 e ss., 16 ess. passim (v. supra, nota de rodapé 83). ‘Anorma como modelo de ordenamento | 94g Pela ética da filosofia do direito, 0 ordenamento juridico aparece no todo como o ordenamento parcial entre outros, no bojo do ordenamen- to global da comunidade humana.” Pela 6tica da teoria constitucional, a Constituicdo de um Estado apresenta-se como “ordenamento global deter- minado pelo objeto, ou seja, como o ordenamento global i iundo de concretas situagoes reais”.” Pela otica da teoria jurt juridica deve ser tratada como modelo obrigatoriamente i ordenamento parcial que € possivel na realidade, modelo esse que pressu- poe a concretizacao mais especifica,.Q fato de a disposicao legal desvincu- \lar-se da realidade (ou seja, o fato de ela tornar-se obsoleta) acarreta uma es entre a ideia normativa fundamental e 0 ambito normativo, afetando com isso também 0 ordenamento parcial em sua propria estrutura, a saber, a normatividade em si. Nao afeta, porém, o ambito.intermediario e lambiguo do ser e dever-ser. Aquilo qué.até agora era tensao “entre” ambos los multifacetados assuntos da doutrinia juridica tgrna-se 0 proprio fator do lordenamento parcial, fator esse que é cofundador da normatividade integral materialmente determinada. Com isso“, problema naoséde_modo algum realocado na imanéncia da norma ou)porventura, rénomeado’ como imanéricia da norma,.mas sim recolocado em um outro plano, 6 plano tesriga normative. Aten: tida até aqui apenas de forma genérica ¢wser satisfeita pela teoria do direito nao constitui tarefa da andlise concéitual, da'sociologia ou. da politica juri- dica, mas sim da jurisprudéneia’e da doutrina guridica,smo que diz respeito a concretizacao pratica daynorma, A determinagio material dandrmatividade ¢ da validade normativa, bem como sua articulacdo.geral no sentido do ambito normativo ¢ do pro- grama normativo sa9,0. ponte de partida da metodica juridica; sua elabo- racdo mais especifica e [drmacao tipologica no caso particular, bem como para grupos de casos, séo suas demais tarefas. Visto ser concebida como algo. materialmente determinado, também e justamente a norma, come modelo de um ordenamento parcial, € acessivel necessaria 4 concretiza- ca ridica normativamente organizada e, ao mesmo tempo, responsavel 517. Sobre isso, v. G. Husserl, Recht und Zeit cit., p. 22 (v. supra, nota de rodapé 18). 518. Hesse, Die normative Kraft der Verfassung cit., p. LL ess. (v. supra, nota de rodapé 83). Sobre o direito civil a consideracao da realidade social sem capitulagao ante ela, v. Esser, Wertung, Konstrultion und Argument cit., p. 8 es. ¢ 12(v. supra, nota de rodape 1). 220 | Teoria Estruturante do Direito # Friroxic MULLER pelo aperfeicoamento juridico. Tal concretizacao s6 € possivel_no sentido da aplicacao.*” i Apesar de alguns pontos de contato, essa visio nao se baseia na ten- tativa da teoria do direito de apreender o direito como entidade historica sempre concreta, entidade essa que em sua normatividade esta presente em fungao daquilo que deve ser ordenado, bem como de seu peso material; ou melhor, em funcao da realidade da vida a ser sempre regulada novamente, - bem como a ser ordenada no sentido da justica material que nunca é pres- suposta sem problemas, da vida delimitada e colocada em risco pela historia | € a ser captada no ordenamento e, ainda, em funcao da convivéncia entre os seres humanos. idade nao é uma forma pura, nao é uma figura logicizada, tivo subsistente por sisd-ou passivel deyser circunscrito a si \uv@ Proprio, imperativo esse que poderia sobrepor-se,ads Ambitos da “realidade” como “norma”. Ela € 0 modeld.do ordenamento materialmente configurado, mas que nao adentra a esfera da realidade‘material. A norma assim entendida nao constitui um fim em si mesma,tiem pode ser a norma’“pura”. Justamen- te a contingéneiae as condigoés da vida historica real’constituem 0 espaco | de atuacao ‘da normatiyidade ¢fazem com queéela seja necessdria. Assim como nao ha métodos puramente juridicos; também ndo,ha um ambito pu- ramente juridico de circtmstancias reais sociais. b Mesmo a concepcao de norma,.na forma comocfoi aqui desenvolvida, nao € um fato evidente, uma realidade niaterializada, mas um modo de ver Possivel e exigido pela teoriada norma. Conrisso também a distincaéo entre | ambito normativo-e programa,normativo, como diferenciacao tedrica desse | modo de ver, ‘nag implicacuma’éstruturacdo material, mas apenas a abre- 519. Aaplicacao aqui, porém, nao constitui “estrutura da norma”, como em Pestalozza, Grun- drechtsauslegung, Der Staat cit., v. 2, p. 425 ess. e 449 (v, supra, nota de rodapé 122) “Estrutura da norma” significa antes, no texto, a conexao, que pode ser metodicamente determinada, entre ideia normativa fundamental e ambito normativo, na relacéo com dados linguisticos e, do mesmo modo, com outros elementos da concretizacao. Da in- vestigacdo feita até aqui resulta, ainda, que a compreensao da disposicao legal como um ordenamento parcial nao implica um sentido sociolégico-juridico de um mecanismo de ordenamento efetuadoa partir do ordenamento real, da estrutura normativa edo controle do ordenamento; sobre essa concepeao, v. Th. Geiger, Vorstudien cit., p. 57 € ss., esp. p. 58 (v. supra, nota de rodapé 69) A norma como modelo de ordenamento | 221 viacdo conceitual e a especificacdo da estrutura da normatividade juridica apreendida a partir de sua concretizacao pratica. {} O ordenamento ideal nao pode ser confundido com a org: al.”° Entretanto, a norma, como projeto obrigatorio e como m denamento, é apreendida a partir da possibilidade real e imposta com base \.ludndo Ano conhecimento dos dados reais das estruturas fundamentadas. Contextos == reais sao ocasiao historica, condi¢ao social e campo pratico da realizacao do projeto obrigatorio. Além disso, sua estrutura, que pode ser formulada como possivel na realidade, estampa, como pertence ao ambito normativo, ‘a normatividade que corresponde a funcao diretriz da nocdo_normativa de ‘ordenamento, o teor de validade da disposicao.legal- O “dado real” assim apreendido nao se infiltra na normatividade concre- ta, mas a consolida. O ambito normatiyoré tratado como parte integrante da norma devido a validade normativa\meésmo quandera jurisprudéncia atual trata a andlise material sobre o§ devidos resultadds como andlise conceitual. O ordenamento parcial nao-pode, assim, aparecer como algo que € ordenado e que tem sua averigtiacao feita apenas de modo émpirico, mas.como modelo das circunstancias reais determinadas, das estruturas matériais ¢ dos ambitos materiais do mundo social, modelo esse que € obrigatorie.é “valido” gracas a imposicao positivas Visto que‘toda “validade” é aquirentendida como validade que visa a’ um fato feal; ainda que nao sobre.o panode fundo da teoria de dois mundos de Lask ou da concepcao idéalizada de “determinagao material da ideia” de Radbruch, aquilo que\fornece-ao teorde validade necessariamente sua es- q trutura material €)no ambito normativo,o-componente integral do esforgo 4 m tédico. O ambito normative, como parte do ordenamento parcial, nao pode da ideia normativa fundamental; do , sem o avanco fundamental mais ser considerado como “objeto” contrario, a pergunta pelo “direito e realidade” no sentido do dado material, seria transmudada de um modo meramente verbal “em” norma, seria 0 programa normativo do comando “renomeado” da concep¢ao mais antiga de norma. Enquanto modelo de uma_estrutura possivel no real, ja que € obtida a partir da andlise da realidade e, por consequéncia, ¢ codeterminante do 520. Sobre isso, y, Heller, Staatslehre cit., p. 42 (v. supra, nota de rodapé 93), contra Kelsen. 222. | Teoria Estruturamte do Direito + Faepeicet Mote enunciado normativo da disposicao legal, 0 ambito normativo atua na “in- terpretacdo” e na “aplicacao” pratica como principio heuristico diferenci: dor ¢ racionalizante. A realidade parcial pertencente a norma ¢ tratada como parte da norma. Essa, sob 0 ponto de vista tedrico, legitima hipdtese corresponde ao ponto de partida que assevera que a norma nao pode ser copia de um estado de ordenamento fatico, mas em geral apenas 0 modelo obrigatorio do orde- namento a ser concretizado. Enquanto a “norma” for entendida no sentido tradicional, nao basta delinear os contettdos essenciais ou os conjuntos ins- titucionais apenas no sentido de conjuntos de normas, cujo suporte em es- truturas reais especificas se deixa, porém, ficar metodicamente em aberto.>2! Alem da classificagao de norma e realidade genericamente desenvolvida, essa resposta precisa ter sua direcao deslocada do pensamento unidimensio- nal abstrato para a questao normativa; isto, porém, no mesmo ponto em que também a teoria geral da norma precisa ser pratica, a saber, nos pro! de sua concretizacao, na d utrina,dos mé Esta € a metédica juridica € nao 0 procedi “filologico ou, de alguma forma, sin- crético. Se a norma for de\antemao historicamente determinada como algo social, ainda que n@o-seja materialmente codeterminada/nas contingéncias do modelo de ordenamento pelo agente ordenador, Ambito normativo nao Sera metanormativo e suaapreenisao metodicaybem como a arialise a servico da concretizacao pratica nao serao metajuridicas: A peculiatidade da objetividade cientifico-juridica eda universalidade a principio discutida nao se encontra‘em aberto. como critérios da ciéncia natural “absolutamente” anal compreendidos..A norma_nao_constitui algo 521. Cf. Lerche, Uberinafs und Verfassungsrecht cit., p. 240 e ss. (v. supra, nota de rodapé 106), sobre o art. 19,2; da GF Haberle, Wesensgehaltgarantie cit., p. 212 (v. supra, nota de rodapé 94). Sobre o significado para a metédica, cf. também as concepcoes de Heller, Staatslehre cit., p. 255 (v. supra, nota de rodapé93); em continuagdoa Schindler, Verfassungsrecht und soziale Struktur cit. p. 93 (v. supra, nota de rodapé91);alem disso, v. Heller, Staatslehre cit., p. 256 ¢ ss.: referencias materiais dos direitos fundamentais a Principios éticos do direito; Kriger, Verfassungsauslegung aus dem Willen des Verfas- sungsgebers, DVBI. cit., 1961, p. 685 e ss. 688, nota 18 (v. supra, nota de rodapé 212) sobre o espectro de convencées ¢ habitos préprios a Constituicao; Ehmke, VVDStRL. 20 Cit, p. 53 ess. € 63 (v. supra, nota de rodapé 1); assim como Scheuner, VVDSIRL 10 cit., 1952, p. 46:as normas constitucionais necessariamente incompletas seriam “circundadas por uma guirlanda de regras da tradicao € de convencoes oriundas do comportamento do procedimento politico”. A norma como modelo de ordenamento, | 995, que é dado pronto e que seria aplicavel sem maiores dificul Na linguagem figurada, poderiamos dizer que ela nao é a ar que se fecha rapidamente assim que aparece um caso apropri rom sua dimensao e atributos, um caso que ¢ “subsumido”. Ao contrario, Bs ideias normativas fundamentais e 0 ambito normativo encontram-se ja le antemao ~ tanto no que diz respeito a concepcao geral e ao positivismo ida disposicao legal relativa a estrutura dos casos possiveis como também no que diz respeito ao correspondente fato concreto — no escopo de um campo de problemas materialmente determinado que as engloba, bem como que engloba a estrutura do caso possivel e do caso real. / ' “VE essa a razdo tedrico-normativa para designar como “ambito” norma- tivo’a estrutura material normativamente assumida, sendo que 0 ambito Your normativo nao € um “objeto” isolado, mas_na-Jinguagem figurada indicao escopo do qual a concretizacdo praticasempre necessita,E “concretizagao pratica” significa que tanto o ambito-normativo come também, de antemao, ¢ © programa normativo — e, eom isso, a norma juridica no todo — somente sao produzidos pelo operador do direito\no caso especifico. Coneretizacao da norma é construcdo’ da norma. lp

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