Ja

José Brito
ganha jackpot
1734 contos para aposentação como
ministro, em paga de 34 anos
ao serviço do Estado.
SEMANÁRIO GRATUITO Perguntam os funcionários públicos:
ANO I • N.º 2 • 31 Julho 2010 onde esteve ele, que ninguém o viu?
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
Pág. 5

O que por aí vai Jogos da CPLP

Nacionalização
apagou a Electra

Mais apagões, mais energia perdida,

mais prejuízos acumulados – este é o
resultado da nacionalização da
empresa que, em 2008, forneceu 594
apagões – 55 dias em que a energia
faltou nesse ano em Cabo Verde; em
2009 um total de 569 apagões. São
números da própria Electra que Já foi
espreitar – nos relatórios da empresa
está lá tudo, preto no branco. Digam
agora que é mentira. .

Bai-bai
Pág. 8
Angola salvou a face ao
Prostituição
infantil
desporto cabo-verdiano
no Mindelo É a maior comitiva de sempre para participar em competições internacionais: 96 elementos – entre dirigentes,
treinadores, atletas e árbitros. O problema é que não havia dinheiro para os transportar para Maputo (Moçambique),
e foi Luanda que decidiu abrir os cordões à bolsa para que o Desporto de Cabo Verde pudesse fazer figura de rico
Pág. 17

Na rota dos dias Na rota dos dias

Falta oxigénio
Chamam-lhes as “macaquinhas”. Algu-
mas são miuditas de 12 ou 13 anos. Fa-
zem sexo oral por 500 escudos. E já co-
Achada Mato em pé de guerra nos hospitais
nhecem todas as artimanhas para conse- fim-de-semana é lavado (porque de Cabo Verde
guirem sacar aos clientes o mais que pu-
derem. Os estrangeiros são o seu princi-
“
P erguntem a qualquer soldado se
ele tem um par de sapatilhas,
meias, calção e camisolas; perguntem
quando regressam do Centro de Ins-
trução de Morro Branco, passam mais
É uma situação que já decorre há al-
guns dias. A empresa que produz oxi-
pal alvo porque são os que dão mais a quantidade e qualidade de refeição de 1 ano sem receber esses equipa- génio está situada em S. Vicente e não
“rendimento”. Tanto quanto consegui- que temos (onde as moscas nos ali- mentos)”. Isto perguntam os soldados consegue dar resposta às encomendas.
mos investigar, o “negócio” vai de vento mentos são uma constante). Podem do Quartel de Achada Mato. E dis- E há dificuldades de transporte. Um
em popa porque a procura não falta. Elas perguntar se não é o mesmo uniforme põem-se a lutar pelo direito à dig- destes dias pode ser que o diabo pregue
não se escondem: é ir à Laginha e ver com que vão fazer educação física nidade. a partida.
Pág. 20 que é utilizado durante o dia e só ao Pág. 3 Pág. 3
2 • Já • Sábado 31 Julho 2010
marco do correio
Cartas ao Director
As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
O Já reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados,
nem se prestará informação postal sobre eles.
Informática no Tarrafal, cooperando
neste âmbito com o Instituto do
Emprego e Formação Profissional
(IEFP). Este instituto estatal seria
representado pelo Centro de Emprego
e Formação Profissional (CEFP) de
Assomada.
O primeiro curso foi financiado pela
Delta Cultura e realizado de forma
autónoma, sendo o CEFP responsável
Formações
profissionais no
pelo pagamento dos ordenados dos
formadores. Oito jovens do Tarrafal
terminaram o curso, tendo sido muito
bem-sucedidos, o que lhes permite
Tarrafal fracassam
dispor de melhores condições para
encontrar um emprego mais bem
No Tarrafal, as ofertas em matéria de remunerado.
formação profissional por parte das Ao longo da cooperação, o CEFP não
organizações não-governamentais respeitou, no entanto, os prazos e as
estão a ser sabotadas pelo CEFP, o promessas acordadas. Até à data de
instituto público competente na hoje – sete meses após o início da
matéria. O curso de formação em formação de três meses –, ainda não
Informática, ministrado pela foram entregues os diplomas oficiais
associação Delta Cultura, já não será aos formandos nem pagos os
continuado em virtude do ordenados aos formadores.
comportamento do diretor do CEFP Após ter sido inquirido a este respeito
Assomada, Paulino Moreira. Há pela Delta Cultura, o CEFP
meses que os ordenados e os apresentou sempre novas desculpas
certificados de habilitação dos para o fato de não ter cumprido as
participantes que terminaram o curso
suas promessas. A entrega dos
são retidos pelo CEFP. Também
diplomas e o pagamento dos
outras organizações de formação estão
ordenados é sempre prometido “até ao
a viver a mesma experiência. final da semana”. Os representantes,
Durante um encontro entre a Dr.ª os assistentes e os funcionários do
Madalena Neves, a Ministra do diretor Paulino Moreira remetem
Trabalho, da Família e Solidariedade sempre para o fato de este,
Social, e a associação Delta Cultura, exclusivamente competente nesta
no Verão de 2009, foi constatado que matéria, não lhes fornecer os
a juventude da nossa comunidade não elementos necessários para a
tinha, até ao momento, quaisquer resolução destas questões. A 13 de
possibilidades de realizar uma Julho, o tesoureiro do CEFP
formação profissional no Tarrafal. Por comunicou à Delta Cultura que
este motivo, a Delta Cultura instituiu existiam os mesmos problemas
uma formação profissional na área da relativos aos pagamentos e à entrega
A partir desta edição, Já dará destaque a, pelo menos, uma carta dos leitores que nessa semana seja recebida. À restante corres-
pondência, faremos aqui uma simples referência.
Assim: esta semana, recebemos correio de:
Sandra Helena, Porto Novo: esperamos que nos envie mais e melhor informação. O assunto poderá ser tratado em reportagem,
num primeira oportunidade. Aqui não há tabus.
António Silva, Praia: é um assunto que especialmente nos interessa, porque estamos muito atentos às benesses dos políticos,
sobretudo quando elas parecem escapar às malhas da lei.
Alcides Pina, Cidade Velha: há já algum tempo que uma reportagem de Já está no terreno para tratar dessa e de outras histórias que
parecem ser indicativas da existência de falcatruas grossas nos negócios de terrenos. Esperamos ter, muito em breve, possibilidades
de apresentar todos os dados comprovativos da enorme e suja negociata que foi feita com esses terrenos. É esperar para ler.
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dos diplomas em todos os cursos de
formação que foram realizados com
parceiros em Chão Bom (Munícipio
do Tarrafal) e no Tarrafal. Por
conseguinte, os obstáculos levantados
ao curso de formação da Delta
Cultura não representam um caso
isolado. O tesoureiro do CEFP de
Assomada não soube, no entanto,
referir os motivos para esta situação.
Tendo em consideração o
comportamento do diretor Paulino
Moreira, apenas se pode concluir que
este está a sabotar conscientemente o
trabalho de organizações parceiras.
Fica-se com a sensação de que o
CEFP não aceita quaisquer outras
organizações no sector da formação
profissional. Para além disso, a
filiação partidária de Paulino Moreira
poderá ser decisiva nesta questão, na
medida em que é membro ativo do
partido governante PAICV, enquanto
o Munícipio do Tarrafal é governado
pelo MPD.
Infelizmente, não são apenas as
organizações politicamente neutras
como a Delta Cultura a sofrer as
consequências destes atos – são
sobretudo os jovens do Tarrafal, pois
as próximas formações profissionais,
já planeadas, não poderão ser
realizadas devido ao fato de o CEFP
não cumprir as suas obrigações.
“Lamentamos profundamente que as
perspetivas de futuro dos jovens do
Tarrafal sejam pioradas de forma
dramática devido ao comportamento
inqualificável do CEFP e do Dr.
Moreira”, afirmou Miliana Soares
Moreno, presidente da Delta Cultura
Cabo Verde.
Christian Fu Müller
20 000
exemplares!
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio Ferreira da Silva,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
O povo é sábio
N
o momento do escrito, ainda se espera o debate parlamentar
“O Estado da Nação” – um debate porventura sem surpresas.
Conhecendo-se o andar da carruagem, será quase certo que a
bancada do PAICV e o Governo sairão do Palácio da Achada no
enganador auto-convencimento de “uma nova vitória”, encostados a
mais de quatro horas de se ouvirem a si mesmos, quase “esmagando”
o pouco mais de uma hora oferecida às Oposições (MpD e UCID)
para elas dizerem de sua justiça.
A tragédia deste Governo da II República é que tudo está montado
para lhe alimentar o autismo. O esquema foi, de resto, construído pela
actual maioria com minúcia absoluta para que ela, imitando a Bruxa
Má da Branca de Neve, se exponha diante do espelhado e lhe grite:
“Espelho meu, quem é a mais bela do mundo?”. Isso tem sido feito
com tal insistência que esta maioria acaba por se esquecer de uma lei
do mundo e da vida: toda a “maioria” é transitória. Lembram-no a
história da I República cabo-verdiana; a história do Estado Novo
português; do falangismo espanhol; do sovietismo. Há muitos outros
exemplos. Diz o povo: “não há mal que sempre dure, nem bem que
nunca acabe”.
O povo é sábio. Apesar do seu sofrimento, apesar do bombardeamento
propagandístico que sobre ele se abate, o povo é sábio – mais sábio
que qualquer Governo. Periodicamente, por imperativo constitucional,
é chamado a exercer soberania: ele aproveita para explicar então aos
políticos qual o julgamento que faz do Estado da Nação. Pena é que,
só nesse momento, os políticos escutem a voz do tal povo que, em
palavras (apenas em palavras), dizem amar apaixonadamente.
O Estado da Nação: o Governo agita a sua obra - quilómetros de
estradas! E o desemprego? O desemprego em massa que inibe o povo,
por falta de trabalho, por falta de dinheiro, de usufruir essas estradas?
E como explicar que nenhum quilómetro de estrada construído tenha
gerado mais postos de trabalho? Então para o que serviram e servem
essas estradas? Para quem?
O Governo espaventa a sua obra – mais portos! E, entretanto, a
falência das empresas? Para que servem os portos e a quem servem, se
não se produz para se exportar e se o que vem importado não pode ser
adquirido pelo povo no desemprego?
O Governo proclama a sua obra – mais universidades! Mas onde estão
os postos de trabalho que absorvam os quadros formados por essas
universidades? Olhe-se em volta: a multidão de jovens desocupados,
afundando-se na droga ou empurrados para a marginalidade.
O Governo enfatiza a sua obra – mais aeroportos internacionais!
Deleitam-se com ela as elites, que até têm esplendorosas “salas vips”,
enquanto o pobre cabo-verdiano está incapacitado de se deslocar até
Brava porque, aí, nem barco, nem aeroporto. E não pode voar até
Santo Antão porque Cabo Verde tem quatro aeroportos internacionais,
mas Santo Antão não dispõe sequer de uma pista operacional.
Estas são verdades que, como punhos, ferem o povo. Este é o outro
lado do Estado da Nação. O lado que o povo vê e sente na pele. Pode
a transitória maioria esquecê-lo e convencer-se de que, pelo tempo de
discurso de que dispõe no Parlamento, adregou mais uma “vitória”.
Mas, cuidado: de vitória em vitória se vai até à derrota final.

Telefone: (00238) 2601415
E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Director: Vlademiro Marçal
Design e Paginação: Ateliê Inês Ramos
Impressão: Grafedisport SA
Tiragem: 20.000 exemplares

na rota dos dias
Defendendo-se no anonimato,
eles fazem soar o clarim: a situação
é péssima. Exigem consideração
O
s soldados e graduados das
Forças Armadas que estão
instalados no quartel de
Achada Mato, na Praia, estão a viver
os piores dias das suas vidas, enquanto
homens a prestar o serviço militar.
A forma pouco digna como os seus
superiores e o Governo têm votado
àquela Corporação ao abandono, le-
vou a que um grupo de militares bai-
xasse as armas para fazer esta denún-
cia. Porque, como escrevem, “o Ge-
neral Paton disse que o soldado tam-
bém é um cidadão”.
“Perguntem a qualquer soldado se ele
Pediatria da Praia
de pernas para o ar
As queixas são muitas e quase todas apontam para atitudes
incorretas por parte de médicos e enfermeiras relativamente aos
acompanhantes de crianças
A qualidade dos serviços presta-
dos pela Pediatria no Hospital
Agostinho Neto, HAN, na Praia, tem
sido alvo de críticas, a ponto de
muitos considerarem que essa estrutu-
ra funciona num autêntico caos.
Guilhermina Furtado, que chegou a
ter uma criança ali internada, queixa-
-se do mau atendimento praticado no
HAN. “O meu filho esteve internado
e foi um suplício poder vê-lo. Quan-
do acontecia pedir informação sobre
o seu estado de saúde, era um ve-
xame, porque o médico ou a enfer-
tem um par de sapatilhas, meias, calção
e camisolas; perguntem a quantidade e
qualidade de refeição que temos (onde
as moscas nos alimentos são uma cons-
tante). Podem perguntar se não é o mes-
mo uniforme com que vão fazer educa-
ção física que é utilizado durante o dia e
só ao fim-de-semana é lavado (porque
quando regressam do Centro de Instru-
ção de Morro Branco, passam mais de
1 ano sem receber esses equipamen-
tos)”, escrevem os soldados a pedir
anonimato, com medo de represálias.
Em Achada Mato, os soldados fazem
as suas necessidades fisiológicas ao re-
meira, com sanha, caíam sobre mim”,
acusa. E Guilhermina acrescenta que
a alimentação que as crianças ali re-
cebem é “de má qualidade e muitas
vezes fora de horas”.
Maria José é outra mãe, que também
por ali passou. Com uma criança com
menos de um ano de idade, conta-nos
que esteve ali durante 17 dias - são
momentos para serem esquecidos.
“Graças a Deus, com a alta do meu
filho, tudo ficou resolvido. Os mo-
mentos por que passei foram atrozes.
Lembro-me de bastas vezes ser enxo-
Reclusos de S. Martinho vivem em melhores condições
Soldados de Achada Mato
reclamam
dignidade
na caserna
lento porque os balneários não estão
em condições e dizem que os reclusos
da cadeia de S. Martinho vivem em
melhores condições do
que aquelas que eles Os soldados fazem dica.
têm no quartel. Com as as suas necessidades Os soldados dizem me-
casernas sem condi- fisiológicas
ções de arejamento,
dormem na rua, para ao relento porque
deleite dos mosquitos. os balneários não
“Enquanto as chefias estão em condições pedem para visitar as
andam em carros de lu-
xo, com combustível grátis, e estão em
gabinetes com ar condicionado, os sol-
dados andam em viaturas a cair aos pe-
valhada pelos médicos, que não têm
paciência nem respeito pelas pes-
soas”.
Neste particular, uma fonte hospitalar
(que prefere anonimato) disse a Já
serem verdade essas acusações, e até
afirma que podia acrescentar mais,
porque de facto a estrutura precisa de
ser “reformatada” para a adequar à
realidade de um serviço com outro
patamar de qualidade. Todavia, o
nosso interlocutor esclarece que há
situações que são inultrapassáveis
por serem problemas de carácter uni-
versal.
“Os pais queixam-se da necessidade
de ficarem com os filhos internados,
mas isso é coisa impossível, pois se
forem internadas 30 crianças, tería-
mos que ter mais trinta camas para
acomodar os acompanhantes”, avali-
ou-nos essa fonte. No entanto, ela as-
segurou-nos que o Hospital abre ex-
cepção em relação às crianças com
menos de um ano, pois estas são in-
ternadas e contam com o acompa-
nhamento das mães.
Já • Sábado 31 Julho 2010 • 3
daços”, reclamam. Recebem 1200 es- combate à dengue, sem proteção (e os
cudos mensais e, muitas vezes, como efeitos colaterais com a picada do ae-
já aconteceu, têm de pagar do seu bol- des egyptis) e não os criminosos a
so uma consulta mé- quem este Executivo prometeu sentar-
-se à mesa com eles para conversar.
Merecem mais dignidade porque,
recer melhor tratamen- mensalmente, as FA recebem milhares
to por parte do Presi- de escudos do serviço de vigilância
dente da República e nos Palácios (da Presidência, da As-
do Governo, a quem sembleia, do Governo e da CV Tele-
com), sem falar do fundo privativo
instalações e ouvir as dessa Região Militar, o que não justifi-
suas preocupações, porque são eles ca a alimentação que recebem, a falta
que “sacrificam a sua vida pela Pá- de fardamento, os cuidados de saúde e
tria”; são os soldados que têm dado os sanitários que utilizam.
Hospitais de Cabo Verde
sem oxigénio
Hospitais sem oxigénio? É lá possível? Tanto é que tem estado a
acontecer. E os responsáveis pela Saúde em Cabo Verde (incluindo o
ministro Basílio Ramos) parecem indiferentes a esta situação. Até
que um dia, o diabo pode fazer das suas…
é produzido na Praia. Há, por vezes,
T odos os hospitais de Cabo Verde
enfrentam um sério problema:
falta de oxigénio. A questão vem-se ar-
problemas de transporte. Há ainda a
registar problemas a nível de produção
rastando desde há alguns dias. O nosso e tudo isto acaba por complicar a situa-
jornal sabe que a SODIGAZ, empresa ção”, esclareceu-nos esta fonte.
que produz oxigénio, não tem conse- Relativizando a questão da rotura, ela
guido dar resposta à demanda. disse-nos que essa situação não gerou,
A reportagem de Já procurou, debal- pelo menos até agora, nenhuma si-
de, abordar o Diretor do Hospital tuação complicada como por exemplo
Agostinho Neto sobre o assunto. To- alguém falecer por falta de oxigénio
davia, apesar da falta no hospital. No entanto,
de esclarecimentos por “Neste momento, a mesma fonte adver-
parte deste responsá- todos hospitais têm este tiu-nos para a neces-
vel, apurámos que essa problema, e as sidade de criar me-
situação acontece de canismos por forma a
autoridades deviam
forma frequente. evitar roturas, porque,
Uma fonte hospitalar procurar meios para em seu entender, mais
avançou-nos que o oxi- resolver este problema” dias menos dias poderá
génio é produzido em ocorrer alguma situa-
S. Vicente e que, há uns anos, um dis- ção indesejável.
positivo de oxigénio custava 7 (sete) “Neste momento, todos hospitais têm
mil escudos e, por vezes, essa quan- este problema, e as autoridades deviam
tidade utilizada num só paciente es- procurar meios para resolver este
gotava-se em menos de 24 horas. “A problema que vem repetindo sempre”,
rotura acontece porque o oxigénio não preconizou-nos ela.
PUB

sem perdão
Governo do PAICV prepara “retirada”
É um espanto a “sorte grande” oferecida ao ministro José Brito: uma história
que deixa a espumar qualquer cabo-verdiano que não ocupe um lugarzinho no
Governo. E porque é que o ministro tem direito àquilo que não é permitido a
nenhum outro funcionário do Estado? Veja a marosca e tire conclusões
O
Governo de José Maria Ne-
ves dá sinais sérios de estar a
preparar a sua “retirada” do
poder. E um dos sinais disso tem a ver
com a salvaguarda de um futuro (riso-
nho) para os seus dirigentes. É o caso
de José Brito, ministro dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação, que já viu
garantida a aposentação – vide o publi-
cado no Boletim Oficial n.º27, de 7 de
Julho, II série.
Ao ministro José Brito, “desligado do
serviço”, foi atribuída uma pensão
provisória anual de 1.734.000$00 (mil
setecentos e trinta e quatro contos),
que dizem corresponder a 34 anos de
serviço prestados ao Estado. O ainda
governante vai receber 144.500$CV
mensais, que é o seu salário actual.
O despacho é uma fraude
Entretanto, “este favor de camaradas
para camarada”, como nos disse a nos-
sa fonte, levanta “inúmeras interroga-
ções” entre funcionários da Função
Pública que conhecem bem a trajectó-
ria laboral de José Brito. É que, dizem,
“ninguém viu onde este homem traba-
lhou durante tantos anos na adminis-
tração cabo-verdiana”. Diz-nos uma
nossa fonte que, com a vitória do MpD
em 1991, José Brito (que fazia parte do
Governo de Pedro Pires) arrumou as
malas e jurou voltar apenas “quando as
Cristina
Duarte
dá taluda
a José Brito
cheias passassem”. Brito só voltaria a
trabalhar para o Estado de Cabo Verde
quando José Maria Neves se lembrou
de o convidar para assumir as funções
de Embaixador em Washington. De-
pois disso, já se sabe, veio para o Go-
verno.
Portanto, concluem as nossas fontes,
“é impossível ter trabalhado 34 anos
para o Estado de Cabo Verde”. Duran-
te o tempo em que esteve fora do País,
“fez da sua vida como bem entendeu.
Não pode agora exigir ao Estado para
pagar-lhe aquilo que ele não deu”, diz
a nossa fonte para quem “este despa-
cho é uma autêntica fraude”.
Gatos escondidos
Mas a decisão do Governo em ajudar o
“camarada” não fica por aqui: Brito
também está autorizado a amortizada
uma dívida, que tem para com o Es-
tado, de mais de um milhão de escudos
em 270 prestações, isto é, em mais de
20 anos. “Que dívida será essa?”, per-
guntam as nossas fontes.
Mas há mais “gatos escondidos” nes-
tes “favores entre camaradas”. É que
José Brito já tem 66 anos de idade.
Ora, se a sua colega, ministra Cris-
tina Duarte, permite que Brito pague
a dívida em mais de 20 anos, ele só
terminará de pagar depois dos seus
88 aninhos. Para além de que, 5 mil
escudos daqui a 10, 15, 20 anos é
uma pechincha.
Mas para “favores entre camaradas” a
lei que se lixe, mesmo as feitas por
eles. É que os descontos a que Brito
está obrigado dizem respeito apenas ao
IUR, segundo as nossas fontes. “E em
relação à Taxa Social Única, agora
INPS? Quanto é que José Brito deveria
descontar?”, perguntam.
José Brito já tem 66
anos de idade.
Ora, se a sua colega,
ministra Cristina
Duarte, permite que
Brito pague a dívida
ao Estado em mais
de 20 anos, ele só
terminará de pagar
depois dos seus
88 aninhos. Para além
de que, 5 mil escudos
daqui a 10, 15, 20 anos
é uma pechincha
Ao tentar “proteger” e “garantir” uma
reforma auspiciosa a José Brito, o Go-
verno escorregou numa casca de bana-
na que o próprio Executivo colocou no
caminho de Brito. Pois, através do De-
creto-lei n.º 69/2009, o Governo apro-
vou o diploma que define as normas e
os procedimentos necessários à execu-
ção do Orçamento do Estado para
2010. E, de acordo com a nova tabela
de retenção mensal, quem aufere mais
de 144.442 escudos, desconta entre
21.666 e os 23.375 escudos, e não os
5.085 que José Maria Neves e Cristina
Duarte pretendem. Nesse escalão estão
os funcionários com o vencimento en-
tre os 62.041 e os 66.462 escudos.
Com esta “jogada de mestre”, o Go-
verno vai beneficiar José Brito em
mais de 4.500 contos. Se fosse aplica-
da a lei, o ministro deveria descontar
num total perto de 5.871 contos, du-
rante os 22 anos e meio. Mas quando
tiver 88 anos terá descontado apenas
1.378.110 escudos.
Com esta nova “fórmula” do Gover-
no, outros cidadãos que trabalharam
na Função Pública e agora estão no
privado, estão a cogitar pedir ao Go-
verno a contagem do tempo no qual
deixaram de trabalhar para o Estado,
pagar essa dívida, para assim benefi-
ciarem de uma reforma na Adminis-
tração Pública.
Já • Sábado 31 Julho 2010 • 5
Ponto de mira
A verdadeira face
João Dono
da Boa Governação
10 anos de Governação traduz,
em quase todo o mundo, o
fim de ciclo. Altura em que alguns
governantes, nalguns governos,
deixam cair a máscara e começam a
preparar o futuro. Ninguém duvida
que o Governo do PAICV chegou
ao fim da linha. Aliás, José Maria
Neves e os seus Ministros estão
certos disso. Tão certos que já
começaram a prevenir.
Poucos cabo-verdianos devem
conhecer o Ministro José Brito.
Poucos devem recordar a sua
trajectória na administração pública.
Aqueles que, de facto, dedicaram a
vida a nossa administração devem
ser compensados pelo trabalho,
contudo, um dos princípios
fundamentais da administração
pública é o da transparência.
Qualquer cidadão deve exigir rigor
e transparência dos seus
governantes. As dúvidas devem ser
esclarecidas.
A pensão de José Brito causa-nos
estranheza. O Boletim Oficial
apenas nos comunica o teor dos
despachos. Ficamos por saber os
procedimentos e os factos que
conduziram a tal decisão. Para além
do Boletim Oficial, o Governo pode
e deve concretizar, detalhadamente,
as questões de facto e de direito que
sustentam este valor tão elevado.
Afinal quem não deve, não teme!
Num Estado de Direito
Democrático, o Estado existe para o
cidadão. Assim sendo, todos temos
o dever de fiscalizar os actos do
Estado e exigir a total transparência.
Para exercer esta função o cidadão
precisa de informação e isso só é
possível se os actos da
administração forem devidamente
publicitados, apresentando
fundamentação de facto e de
direito, como impõe a Lei.
Este dever de transparência,
torna-se ainda mais imperativo nos
actos que envolvem os próprios
governantes. Caso contrário
parecerá favores de “camaradas”.
Espero que os factos a serem
divulgados pelo Governo provem o
contrário. Se assim não for,
estaremos perante uma perigosa
manobra de financiamento do
futuro por parte daqueles que,
apesar das propagandas, têm
consciência que deixarão o
Governo em 2011. Este parece ser
mais um final de desorientação do
Governo de José Maria Neves.
6 • Já • Sábado 31 Julho 2010
cá se fazem
Laboratório Oliver Rodés garante qualidade “Trindade”
O Administrador da Tecnicil Indústria exibe o Certificado
Qualidade
rumo ao mercado externo
A
Tecnicil Indústria recebeu recentemente
o “Certificado do Selo de Controlo Sis-
temático”, atribuído pelo Laboratório
Dr. Oliver Rodes, de Espanha, durante um ateliê
subordinado ao tema “Qualidade da Água
Trindade e Divulgação de Boas Práticas”, rea-
lizado na Sala de Conferências do Hotel Praia-
-Mar.
Um acontecimento testemunhado pela ministra
do Turismo, Comércio e Indústria, Fátima Fia-
lho, que, na ocasião, evocou a qualidade, ex-
celência e inovação para caracterizar a iniciativa
que espelha a grande aposta na responsabilidade
social da empresa.
Os colaboradores não podiam faltar
A Tecnicil Indústria
continua a apostar
fortemente na
qualidade e inovação
dos seus produtos
para garantir a
satisfação dos clientes
e, naturalmente, dos
consumidores
Júlio Almeida, administrador executivo da para garantir aos consumidores a qualidade dos
Tecnicil Indústria, disse, a propósito de atri- produtos marca Trindade.
buição do “Certificado”, que o ato de entrega Além desta garantia de qualidade, atribuída por
testemunha, claramente, que a Tecnicil Indústria aquele laboratório do Reino da Espanha, o
cumpriu os requisitos exigidos pelo Laboratório administrador executivo aproveitou a presença
Oliver Rodés para certificação de qualidade dos dos participantes e dos jornalistas para comu-
produtos, no caso a água. Por nicar que, no quadro da
isso, doravante, a empresa A Tecnicil Indústria vai, política de qualidade, a
continua a apostar fortemente brevemente, receber o Tecnicil Indústria vai, breve-
na qualidade e inovação dos mente, receber o Certificado
seus produtos para garantir a Certificado ISO 22000, uma ISO 22000, uma certificação
satisfação dos clientes e, natu- certificação em segurança em segurança alimentar, que
ralmente, dos consumidores. alimentar, que concede ao concede ao consumidor o Oliver Rodés e ADECO à mesa
Para o responsável da Tecnicil maior nível de confiança nas
Indústria, a auditoria externa
consumidor o maior nível de marcas Trindade.
foi a melhor forma encontrada confiança nas marcas Almeida adiantou ainda que
pela empresa para garantir Trindade a Tecnicil Indústria tem,
que o consumidor dos produ- neste momento, em mãos,
tos Trindade se sinta seguro e acredite que a sua um estudo de mercado e de viabilidade económi-
opção esteja correta e assente num bem produzi- co-financeira para a Guiné-Bissau, cujas re-
do, segundo as normas estabelecidas para o setor. comendações vão no sentido de aproveitar aque-
Foi com base nestes pressupostos que a empresa le mercado. Portanto, os próximos passos são,
procurou os serviços do Laboratório Dr. Oliver segundo aquele responsável, não só consolidar o
Rodés, uma entidade de reconhecida idoneidade, mercado nacional, mas também entrar nos mer-
independência e autoridade no setor de certifi- cados da CEDEAO, começando pela Guiné-
cação dos produtos alimentares, com mais de -Bissau, com mais de um milhão e meio de con-
100 anos de experiência no domínio das águas, sumidores. Fátima Fialho e Júlio Almeida
 Já • Sábado 31 Julho 2010 • 7

notícias do jet-set
Mulheres bonitas na “Ilha das Dunas”

Elas vibraram Kino Cabral

Boa Vista abre Verão 2010

com Kino Cabral
O
“Boa Vista Social Club” decidiu abrir o
Verão 2010 na “Ilha da Dunas” com um
espetáculo de Kino Cabral. Diz quem
conhece que foi a maior concentração de mu-
lheres bonitas por metro quadrado que já se fez
na ilha. A festa deu para tudo: muita música,
muita dança e muitos copos (com a particulari-
dade de uma garrafa de água pequena custar 200
e uma cerveja imperial da Strela, 100 escudos).
Com todos esses ingredientes o resultado só
poderia ser… SUCESSO. Os 'badios' no BV Social Club Sabura ê na Bubista Kino, ao seu estilo

Turistas marcam presença Fãs de Kino O músico cabo-verdiano promete voltar a B. Vista
8 • Já • Sábado 31 Julho 2010

o que por aí vai

Governo falha
objetivos da
política energética
Os objetivos da política Evolução do número de horas de apagão
energética do Governo
para a legislatura não foram
atingidos, seja na melhoria
da eficiência energética,
na melhoria da qualidade
dos serviços de electricidade
e água, na energia renovável
ou na reestruturação do setor
de combustíveis. Recolha de água

Os números não enganam e não adianta No capítulo da eficiência energética, a evolução tem sido muito
negativa. As perdas de energia na distribuição têm estado a aumen-
Evolução dos Apagões
Média
tentar cobrir o sol com a peneira. Pese tar, atingindo valores muito importantes.
Nº de apagões
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 anual
438 405 386 335 444 525 595 569 462
toda a propaganda que se tem feito (e para Perdas Energia Duração em horas 263 277 349 436 911 1.149 2.503 1.314 900
Duração em dias 11 12 15 18 38 48 104 55 38
Megawatt/hora
isso há dinheiro), a realidade é esta: a tão 2004 2009 var %
Fontes: Relatórios anuais da ELECTRA

Perdas em megawatt/hora 40.586 77.064 36.478 90%

incensada nacionalização da ELECTRA
apenas trouxe mais apagões, cuja
gravidade vem aumentando. Os números
da ELECTRA falam por si – dizem tudo
Proporção da produção 18,50% 26%
Fontes: Relatórios anuais da ELECTRA
Em cinco anos, de 2004 a 2009, as perdas quase duplicaram e repre-
sentam em 2009 26% da totalidade da produção, contra 18,5% em
2004. A quantidade de energia perdida em 2009 (77.064 MWH)
equivale à quase totalidade da energia vendida nas ilhas de São
No capítulo da energia eólica, o Governo fixou como objetivo uma
taxa de penetração de 25%, ou seja um quarto da produção de ener-
gia do País seria de origem eólica. Na realidade, a produção
diminuiu 27% e a energia eólica representa apenas 1,6% da pro-
dução total da energia produzida.
Energia eólica
Variação

O
último relatório da ELECTRA, relativo ao ano 2009, veio 2001 2005 2009 2009/2001
confirmar o que já era de domínio público: os objetivos da Vicente, Sto Antão e Sal juntas. Na cidade da Praia e na ilha de Produção de energia eólica em mWh 6.426 6.450 4.661 -1.765 -27%
política energética do Governo para a legislatura não Santiago, as perdas somaram 35% da produção. Produção total em mWh 294.934
A ineficiência atinge da mesma maneira, a distribuição de água. Taxa de penetração 1,6%
foram atingidos, seja na melhoria da eficiência energética, seja na Fontes: Relatórios anuais da ELECTRA
melhoria da qualidade dos serviços de electricidade e água, na ener- Foram perdidos, em
gia renovável ou na reestruturação do setor de combustíveis. Energia vendida e perdas 2009, 1,6 milhões de No que respeita ao setor de combustíveis, o problema da distribuição
mWh não foi resolvido, não se tendo constituído a empresa de logística
Além disso, a situação financeira da ELECTRA continuou a metros cúbicos de
2009 que o Governo anunciou. As ineficiências na distribuição continua-
degradar-se, ao ponto de colocar a empresa em risco de falência téc- água, dos quais 1,12
S. Vicente 9.196 ram, refletindo-se nos preços, que aumentaram substancialmente.
nica se o nível de prejuízos de 2010 for igual ao de 2009. milhões só na cidade
St. Antão 41.279 da Praia. Em média, os preços triplicaram, enquanto no exterior aumentaram
A ELECTRA tem acumulado prejuízos muito importantes, como
Sal 29.379 A qualidade dos ser- apenas 50%. O peso dos impostos nos preços dos combustíveis é um
mostra a tabela.
Total 79.854 viços degrada-se ao dos fatores de agravamento.
Resultados da ELECTRA Perdas 77.064 longo dos anos. O
Un: 000,000 ecv Preços de combustíveis
Fontes: Relatórios anuais da ELECTRA número e as horas de Un: Escudo/litro
2005 2006 2007 2008 2009 Total
Resultados operacionais -276 -1.156 -1.298 -678 -280 -3.688
energia perdidas por 2000 2009 variação %
causa dos apagões Gasolina 75,00 133,1 58,10 77%
Resultados líquidos -539 2.058 -1.542 -969 -698 -1.690
Perdas de água no País Gasóleo 40,00 92,94 52,94 132%
aumentaram muito
000 m3 Gasóleo Energia 20,00 81,72 61,72 309%
Pondo de lado o ano de 2006, em que foi feita a recapitalização até 2008, baixando Gás Butano (gf 12Kg) 1.060,00 1.598,6 538.60 51%
2009
da empresa, a ELECTRA acumulou prejuízos no valor de quase em 2009, mas ainda Fuel 13,00 48,18 35,18 271%
Produção água 4.538
4 milhões de contos desde 2005. Em 2009, os prejuízos foram de a um nível muito ele-
Perdas de água 1.604
698 mil contos. vado.
Proporção de perdas 35%
Os indicadores financeiros estão, na sua quase totalidade, no ver- O número de apa-
melho. Assim, a empresa tem uma dívida total de 9,5 milhões de Fontes: Relatórios anuais da ELECTRA gões atingiu um pico
contos, dos quais 6 milhões de contos de financiamentos, e só em 2008, com 595
tem de capitais próprios de 508 mil contos, que representa ape- apagões registados em todo o país, e 569 em 2009. A gravidade dos
nas 5% das dívidas totais. Isto significa que a quase totalidade do apagões, ou o número de horas de interrupção no fornecimento de
risco da atividade da empresa é assumida pelos credores, sejam energia, aumentou todos os anos até 2008, ano em que atingiu 2.503
eles fornecedores de produtos e serviços, seja a banca ou os subs- horas, equivalente a 104 dias, para diminuir em 2009 para o equiva-
critores do empréstimo obrigacionista emitido em 2008. lente a 55 dias de não fornecimento de energia.

sem tirar nem pôr
Estado da Nação: Com a “corda na garganta”
Governo “sufoca”
empresários
José Filomeno, Carlos Veiga e Teresa Monteiro
O crescimento económico desacelerou e é a mais baixa taxa de sempre (3% em
2009, 4% em 2010) – e 70 por cento dos empresários estão na falência
Q uando o empresário Luís Ca-
bral, na semana passada,
abriu a boca para dizer que
cerca de 70 por cento dos empresários
cabo-verdianos estão neste momento
na falência, a plateia que se encontrava
com Carlos Veiga num hotel da capital
riu-se, como se Cacá Boxero, como é
conhecido, estivesse a dar alguma
novidade ao País. Mas, não!
Pelas intervenções havidas no encon-
tro, notou-se claramente que a situação
é mesmo de crise e que os empresá-
rios, muitos deles, estão “com a corda
na garganta”, muito por culpa, diz
Carlos Veiga, das más políticas deste
Governo que se relaciona muito mal
com a classe empresarial, que continua
a ser vista como se não fossem “pes-
soas de bem” pelo Executivo.
Desde 2006, o crescimento da economia
desacelerou em cada um dos anos até ao
presente, culminando com uma cres-
cimento de 3% em 2009, segundo a últi-
ma estimativa do FMI, e 4% em 2010. É
o mais baixo nível de crescimento desde
1992 e o retrato fiel do País.
“Com este crescimento anémico, uma
economia tão pequena como a nossa
não consegue gerar emprego suficiente
para absorver os jovens que todos os
anos chegam ao mercado do trabalho”,
e como consequência, diz Veiga, “do
plano inclinado em que a economia se
move nos últimos anos, o desemprego
tem-se mantido a níveis elevados”;
mais preocupante, “o desemprego jo-
vem tem-se mantido na casa dos 40%”.
A confiança dos homens de negócio
está, por isso, em baixa, setores chave
para o crescimento e o emprego - co-
Já • Sábado 31 Julho 2010 • 9
“Choque fiscal”
para salvar economia
“Libertar recursos das famílias e das empresas para o
investimento e a criação de emprego”: a síntese de uma
nova política apresentada por Carlos Veiga. Há uma
alternativa ao atual Governo
O MpD, através do seu líder, diz
que tem um conjunto de solu-
ções para os vários problemas que o
empresariado nacional enfrenta, a co-
meçar pela sensível redução da carga
fiscal, dotando o País de uma fiscali-
dade moderada, simples e estável, um
“verdadeiro choque fiscal”.
O objetivo, diz Carlos Veiga, “é liber-
tar recursos das familias e das empre-
sas para o investimento e a criação de
emprego”, reforçando os direitos e ga-
rantias dos contribuintes, mas também
“os mecanismos contra a fraude, a
evasão e a corrupção fiscais”.
“Priorizaremos criteriosamente os
investimentos públicos” e assumire-
mos a unificação do mercado interno “Se as empresas
como obrigação de serviço público”, a estão em dificuldades,
cumprir preferencialmente “com a co- não podemos
laboração do setor privado”.
afundá-las ainda mais,
A propriedade privada será fundamen-
tal, assim como a segurança jurídica com sobrecarga fiscal,
mo o turismo, a construção e o comér-
cio - estão em recuo, tornando a vida
difícil aos empresários, grandes, mé-
dios e pequenos.
o Estado gastou qualquer coisa como
3,2 mil milhões de euros, ou seja 361
milhões de contos, o que corresponde
a cerca de 720 contos por cada cabo-
nos negócios. “Estabeleceremos acor-
dos de dupla tributação com os princi-
pais parceiros, para apoiar os nossos
empresários na sua relação com o
medidas de coação
e outras formas
de intervenção
A carga fiscal continua elevada, há ca- -verdiano. Um valor que é três vezes mundo”. hostis.”
da vez mais dificuldade superior à dimensão da São desafios que a Oposição acredita
em aceder ao crédito, “Temos um Estado economia em 2009, e possa vencer, “com uma a sólida apoio às empresas, em momentos
as relações com a que equivale a 105 ae- aliança” a estabelecer com o empre- como o atual, de grande dificuldade”,
Administração conti-
que parece roportos de São Pedro, sariado, tendo em vista acelerar um e condenou a atitude do Governo “em
nuam conturbadas, a essencialmente 3 mil barragens de Poi- crescimento económico de qualidade, deixar as empresas à sua sorte”.
justiça é cada vez mais preocupado em lão e mais de 12 mil km capaz de gerar empregos e que sirva o Carlos Veiga acredita que as empresas
morosa, aumentando a aumentar o seu poder de estradas asfaltadas. interesse de todos. são o coração da economia. “Se as
insegurança, física e ju- Estas despesas excessi- “Somos por um Estado eficaz nas empresas estão em dificuldades, não
rídica. e criar dependência vas foram financiadas à políticas de promoção, nas políticas podemos afundá-las ainda mais, com
Segundo Carlos Veiga, nos cidadãos e nas concorrência de 60% públicas de apoio ao desenvolvimento sobrecarga fiscal, medidas de coação e
as relações entre o Es- empresas”, disse, pelos impostos e con- empresarial e ao investimento privado outras formas de intervenção hostis.
tado e o setor empresa- tribuições para a previ- e atento na sua implementação”, re- Porque entendemos que, sem um
rial estão completa-
acrescentando que dência dos empresários fere Veiga, sublinhando que o MpD empresariado nacional forte e atuante,
mente desequilibradas estamos perante “um e dos cidadãos. Foram defende um papel ativo do Estado no não há desenvolvimento que dure”.
e enviesadas em favor Estado que prefere ser cerca de 2 mil milhões
do Estado. de euros cobrados pelo
“Temos um Estado que
tutela em vez de Estado às empresas e às
parece essencialmente parceiro”, mais famílias - mais de 220
preocupado em aumen- preocupado com a sua milhões de contos,
tar o seu poder e criar tesouraria, “mesmo desde 2001.
dependência nos cida- “E não há maneira de
dãos e nas empresas”, que isso signifique justificar tanta despe-
disse, acrescentando esvaziar a tesouraria sa”, diz Veiga. Não
que estamos perante das empresas e o houve crescimento ace-
“um Estado que prefe- lerado, não se reduziu o
re ser tutela em vez de
bolso dos desemprego, não houve
parceiro”, mais preo- contribuintes” melhoria na prestação
cupado com a sua te- de serviços públicos.
souraria, “mesmo que isso signifique Carlos Veiga defende, pois, que é pre-
esvaziar a tesouraria das empresas e o ciso mudar de rumo, porque este
bolso dos contribuintes”. Governo esquece que são as empresas
e as famílias que pagam os impostos e
O Estado gastador as taxas que enchem os cofres do
Um Estado extremamente gastador, Estado e que, ao matar a galinha de
que está tão obcecado pelo betão e es- ovos de ouro, o Estado pode estar a
Empresários escutam Veiga com atenção
quece as pessoas. Nos últimos 9 anos, cavar a sua própria sepultura.
10 • Já • Sábado 31 Julho 2010
nota$ solta$
A economia ao longo de 35 anos
de Independência
Veja as diferenças
a partir de 1990
Ao abandonar o modelo soviético imposto em 1975, Cabo Verde passou da noite para o dia. É importante recordar
como era para perceber o que mudou – como, porquê e com quem
C
omo evoluiu o sistema econó-
mico nos 35 anos de Inde-
pendência? Hoje, estamos ha-
bituados a ver empresas e empresários
estrangeiros em Cabo Verde, vários
bancos a competir no mercado, trans-
ferências de dinheiro para o exterior
sem restrições, pagamentos com car-
tão 24 e cartões de crédito, importação
sem restrições, constituição livre de
empresas, capital estrangeiro nas tele-
comunicações, energia, transportes e
outros setores; enfim, assistimos ao
funcionamento de uma economia de
tipo liberal, idêntica a tantas outras por
este mundo fora. Mas nem sempre foi
assim.
Na verdade, ao princípio era o Estado.
O regime económico estabelecido em
Cabo Verde logo após a Independência
era tudo menos liberal. O modelo foi
fixado de forma perfeitamente clara, a
sua ossatura básica assentava no mo-
delo da economia soviética de então,
adaptada às circunstâncias e condicio-
nalismos do País. Era economia pre-
dominantemente estatal. O Estado era
a figura central, o ator principal, o mo-
tor, e toda a economia estava subordi-
nada aos ditames estatais. Este modelo
estava perfeitamente adaptado à natu-
reza de regime político, igualmente
copiado do regime soviético, em que o
PAIGC (e, depois, o PAICV) era o úni-
co partido autorizado, “dirigente da so-
ciedade e do Estado”, que ditava o que
o Estado devia fazer e o que os cida-
dãos e as empresas podiam fazer. A
Constituição de 1980 codificou com
clareza notável a natureza do regime
económico que vigorou de 1975 a
1990 em Cabo Verde.
Os seus princípios básicos eram con-
sonantes com a ideologia política do
regime de então. Estes princípios, ex-
plicitados nessa Constituição, podem
ser assim resumidos:
Primeiro, de cariz programático: o Es-
tado deve criar uma “economia na-
cional independente”, ideia muito em
voga nos anos 60 e 70. O problema
com este princípio é a sua impossibili-
dade para uma economia insular, mi-
núscula e dependente de fluxos exter-
nos de recursos.
Segundo: “o Estado controla os se-
tores básicos da economia”. O que são
setores básicos numa pequena econo-
mia de serviços, em que o comércio re-
presentava 29% do PIB em 1980, a
agricultura 19% e outros serviços
14%?
Terceiro: “a economia rege-se pelo
princípio da direção e planificação es-
tatais”. Ou seja, o Estado dirige a eco-
nomia e fá-lo através do Plano. Tal co-
mo o modelo soviético de então. Este
princípio é lógico, a partir do momen-
to em que se atribui ao Estado o con-
trolo dos setores básicos.
Quarto: “a propriedade do Estado é o
setor dominante da economia” e
abrange, para além do “subsolo, águas
e riquezas minerais, as principais fon-
tes de energia, os meios básicos de
produção industrial, os meios de infor-
mação e comunicação, os bancos, os
seguros, as infra-estruturas e os meios
fundamentais de transportes”. Ou seja,
o essencial da economia. Sem ambi-
guidades, o regime de então assumia
cariz totalmente estatizante. O setor
privado era “tolerado”, o mesmo acon-
tecendo ao investimento estrangeiro,
considerado perigoso porque o capital
estrangeiro era visto como agente da
dominação capitalista internacional.
Quinto: “O Estado controla o comér-
6,6%
1980-1985
3,9%
1985-1990
Constituição de 1992: o Estado deve
garantir as condições de realização da
democracia económica, assegurando
“a igualdade de condições de estabe-
lecimento, realização e concorrência
de todos os agentes económicos, pri-
vados e públicos”. É este o teor da
alínea b) do artigo 88º da Constituição
de 1992.
De uma só vez, caem por terra os fun-
damentos da Constituição económica
anterior, quais sejam: a) o controlo pe-
lo Estado dos setores básicos da eco-
nomia; b) a propriedade do Estado co-
mo setor dominante da economia; e c)
a reserva pública de setores da econo-
mia nacional. O dispositivo constitu-
cional diz, em substância, que todos os
agentes económicos se encontram nas
mesmas condições, ou seja, a nenhum
é dado qualquer poder ou prerrogativa
cio externo e tem o O setor privado era no País um regime de especial na esfera econômica - exata-
monopólio das ope- liberdade e um Estado mente o oposto ao que estatuía a
rações sobre o ouro e
“tolerado”, o mesmo de direito democrático, Constituição de 80, que atribuía à pro-
divisas” - ou seja, para acontecendo ao com vários partidos, priedade estatal papel dominante em
se importar era preciso investimento eleições livres e com- detrimento da propriedade privada.
ter autorização caso a petitivas, separação de Se todos os agentes estão em pé de
caso. O mesmo para
estrangeiro, poderes e todos os igualdade, então não pode o Estado ar-
transferir dinheiro para considerado perigoso ingredientes habitual- rogar-se o direito de atribuir aos agen-
o exterior e só o Estado porque o capital mente associados a tes do setor público o domínio sobre
o podia fazer. Este tipo estrangeiro era visto esse tipo de regime. Os nenhum setor da economia, nem pode
de controlo era típico reflexos das opções li- limitar o acesso dos agentes económi-
dos regimes de ossatura como agente da beralizantes conduzi- cos privados a qualquer setor da eco-
soviética e a ideia de dominação capitalista ram ao desmantela- nomia. A iniciativa privada passa a ter
que o comércio externo internacional mento do regime estati- dignidade idêntica à da propriedade
devia ser controlado zante e à implantação pública, podendo exercer-se em qual-
pelo Estado tinha a finalidade de isolar de um sistema económico de cariz li- quer ramo ou setor da economia nacio-
a economia dos efeitos “nefastos” da beral. O novo modelo de economia foi nal, sem discriminação. Acaba, assim,
economia internacional capitalista. codificado na Constituição de 1992, a delimitação de setores, imposta em
reforçado na revisão constitucional de 1980, e a discriminação até aí vigente
O que mudou em 1991? 1999 e rompe diretamente com os em relação à propriedade e iniciativa
Em 1991 dá-se a rotura política. Surge princípios básicos vigentes até então. privadas. Acaba o monopólio do Esta-
um novo regime, de democracia pluri- O essencial do novo regime económi- do sobre “…as fontes de energia, os
partidária, que pretendia estabelecer co consta de uma única alínea da meios básicos de produção industrial,
 Já • Sábado 31 Julho 2010 • 11

8,4% 9%

8%
1995-2000
7%
6,3%
5,4% 6%
5,2%
2005-2010
5%
1990-1995 2000-2005
4%

3%

2%

1%

(Taxa média de crescimento anual do PIB real) 0%

Frutas importadas?
Nos tempos
de partido único,
só para ministros

os meios de informação e comunica- cional na abertura ao exterior, ao assu- económicos sociais e culturais”, e não
ção, os bancos e seguros e as infra-es- mir perante o investimento externo na parte especificamente consagrada à
truturas e os meios fun- postura bem mais posi- organização económica, o texto de 92
damentais de transpor- tiva do que a Con- confere dignidade constitucional à ini-
te”, no dizer da Consti- A Constituição de 92 tribuição anterior. O ciativa privada, reconhecendo explici-
tuição de 80. dá um passo adicional investimento externo é tamente a todos “o direito à livre ini-
O texto de 1992 aponta na abertura ao bem-vindo e, mais, o ciativa privada…” e o direito de “criar
em sentido inverso ao
da criação de “uma
exterior, ao assumir Estado passa a incenti-
var e apoiar o investi-
empresas e cooperativas…”.
E reafirma inquestionavelmente a im-
economia nacional perante o mento externo. O Es- portância da iniciativa privada, garan-
independente”, impon- investimento externo tado não se limita a tindo expressamente a todos “o direito
do ao Estado a obri- “tolerar” o investimen- à propriedade privada e à sua transmis-
postura bem mais
gação constitucional to externo; tem agora são em vida ou por morte.”
de apoiar os agentes positiva do que a atitude pró-ativa, vai Em termos programáticos, o texto
económicos nacionais Contribuição anterior. buscar o investimento constitucional de 92 afasta-se bastante
na sua relação com o O investimento externo, cria incentivo do de 1980. Onde a Constituição de 80
resto do mundo, e de e apoia a ação dos fala de “… liquidação da exploração
modo especial os externo é bem-vindo investidores externos. do homem pelo homem e eliminação
agentes e atividades e, mais, o Estado passa Trata-se de mudança de todas as formas de sujeição…”, a de
que contribuam para a a incentivar e apoiar o muito importante que 92 refere “… a sujeição dos recursos e
inserção de Cabo
Verde na economia
investimento externo teve reflexos na ação
governativa, e na eco-
riquezas económicas do País ao inte-
resse geral, qualquer que seja a forma
mundial. nomia do País a partir de propriedade”.
de meados dos anos 90 até hoje. Quando o texto de 1980 exige “a cria-
A abertura ao exterior Vai mais longe a Constituição de 92 na ção da base técnico-material da socie-
Esta perspectiva contrasta frontal- rotura com os princípios económicos dade e o controlo dos setores básicos
mente com a ideia até aí prevalecente de 80, nomeadamente no reconheci- da economia como fundamento do
de desenvolvimento “virado para den- mento do papel da iniciativa privada. progresso social”, o de 1992 atribui ao
tro”. Aliás, a abertura ao exterior passa Aquela, como vimos anteriormente, Estado a obrigação de criar um “ambi-
a ser idéia-força do modelo de econo- relegava a iniciativa privada para um ente favorável ao livre e generalizado
mia dos anos 90. papel marginal na economia. acesso à propriedade, à informação, ao
Cartão 24, uma das “novidades” que os anos 90 trouxeram
A Constituição de 92 dá um passo adi- Sob a epígrafe “Direitos e Deveres saber e ao conhecimento”.
12 • Já • Sábado 31 Julho 2010
isto vimos
Motoristas no Mindelo preparam manifestação contra os
abusos da ITAC
ITAC SUPREMO
Em Mindelo, os motoristas querem ver a ITAC pelas costas. E com razão. A empresa de inspecções automóveis funciona como
o Supremo Tribunal de Justiça: não há apelação às suas decisões. Cansados, os condutores ameaçam com protestos que vão da
manifestação ao bloqueio de estradas
O
s motoristas de São Vicente
estão cansados do que consi-
deram abusos da ITAC, em-
presa privada responsável pela inspec-
ção das viaturas. Cansados de dar bo-
cas e de denunciar as práticas da ITAC,
resolveram tomar medidas. Numa reu-
nião com cerca de 150 motoristas, de-
cidiram enviar ao Diretor Geral dos
Transportes Rodoviários um pedido
para um encontro para tentar ultrapas-
sar os problemas. Junto com o pedido,
segue um abaixo-assinado com mais
de 500 assinaturas. Dependendo da
resposta, os motoristas decidirão avan-
çar com formas de protesto - da mani-
festação ao bloqueio de
estradas. A ITAC funciona
As queixas contra a
ITAC são mais que como o Supremo
Tribunal de Justiça: disse que já estava em
muitas. Em primeiro
lugar, questionam o fa- não há direito a
to das inspeções auto-
apelação das suas para
móveis serem feitas
apenas em São Vicente decisões
e na cidade da Praia.
Consideram inconstitucional a lei que
ordena as inspeções dos automóveis
não abranger todo o País. Mais: afir-
mam que, mesmo onde há inspeção,
ela é só para alguns - citam os casos
dos carros da policia, das Forças Ar-
Preparados para a luta: motoristas em pé de guerra
madas, autocarros de transporte públi-
co que não vão à inspeção.
A grande “bronca” começa quando os
carros vão à inspeção. Nenhum carro
passa incólume pelos seus computado-
res: desde o fumo a um corte no estofo
dos bancos. E isso tem custos, porque
a viatura tem um prazo para voltar à
inspeção e mostrar que arranjou a
“avaria”. E tem que pagar uma nova
inspeção. E é pagar uma reinspeção,
como se fosse uma inspecção, que dói
nos bolsos dos motoristas.
O Diretor Geral dos Transportes Rodo-
viários reconheceu, no programa “Pa-
lavras Cruzadas”, da RCV, que “não é
correto pagar-se pela
reinspeção o mesmo
que se pagou pela
inspeção“. Também
preparação um diploma
“resolver essa
anomalia” – “anoma-
lia” que tem custado
muitas guerras e di-
nheiro aos motoristas. Mas o que, ver-
dadeiramente põe os condutores com
os “cabelos em pé” é o fato da ITAC
funcionar como o Supremo Tribunal
de Justiça: não há direito a apelação
das suas decisões.
O lugar da tortura: no Lazareto, S. Vicente – o “pavilhão sinistro”
Fazendo a denúncia: “basta de roubalheira!”
Estórias bizarras na ITAC
Como é que se diz “vai roubar
para a estrada”, em crioulo?
O s problemas que os motoristas
estão a passar na ITAC já teriam
entrado para o anuário das melhoras
anedotas se não fosse dramático.
Um condutor foi com o seu pequeni-
no Nissan Micra à inspeção, como a
lei determina. Ao passar pelo “com-
putador caça níquel”, foi chumbado
porque o carro produziu um fumo ile-
gal e tinha uma pisca partido. Pagou
2300 escudos.
Voltou uma segunda vez, pagou 1150
porque o problema do fumo manti-
nha-se.
Voltou uma terceira vez, e pagou
mais 1150. Pagou e não voltou mais.
O problema é se for apanhado pela
Polícia, mesmo que esta chegue num
carro todo escangalhado e a lançar fu-
mo. Já se sabe: vai pagar multa e vol-
tar... a pagar nova inspeção.
A um proprietário de um camião
IVECO, aconteceu o “milagre”: pas-
sou pelo computador da ITAC sem
que nada lhe fosse indicado. O moto-
rista já ria pelo toutiço, quando um
funcionário ITAC saiu-se com esta: o
senhor tem o pneu sobressalente ca-
reca. Não reclamou e pagou 2 800 es-
cudos pela inspeção.
O cuidadoso motorista veio ao centro
da cidade e conseguiu um pneu novo
e voltou ao ITAC, no Lazareto. Ti-
nha-se passado apenas uma hora.
Mostrou o pneu novo. Os funcioná-
rios verificaram o pneu. Concluíram
que já não tinha pneus carecas e….
Cobram mais 2 800 escudos.
É por esta e por outras que os moto-
ristas em Mindelo perguntam: no
ITAC “como é quês”. E dizem em
crioulo: vai roubar para a estrada!
Com olhos de ver
Um caso de
Luís Carlos
Silva
Má Governação
O caso ITAC, que ameaça
vir a lançar grave
perturbação no quotidiano dos
sanvicentinos, é um caso típico
de desregulação de um setor:
vale isto dizer que o Estado se
demitiu do exercício da sua
função, implementando por
isso o caos. Onde devia de
haver critério e rigor, porque
de inspecção se trata, há
bagunça; onde a acção policial
deveria ser complemento do
rigor, ela surge como
complemento da desordem.
Resultado: o cidadão
queixa-se, com razão – “estão
a ir aos meus bolsos”.
É sempre mau que o Estado
deixe andar onde não deve;
que se demita da função
reguladora que lhe cabe.
\Por norma, quando há Estado
a menos nuns setores da
sociedade, há quase sempre
Estado a mais noutros.
Trata-se assim da
evidenciação, mais uma, de
uma má interpretação do que
ao Estado compete e não
compete. Por outras palavras, e
valendo as coisas o que
objetivamente valem: existe
Má Governação, o que é o
produto final de uma errada
noção do que é o Estado e para
o que serve.
Ou seja, estamos no cerne da
política, lá onde se faz no dia a
dia a prova dos nove do modo
como se faz a gestão da coisa
pública. O caso ITAC reflete
um falhanço da acção
governamental, por falta de
políticas e por falta de
regulação, com consequências
graves para o setor dos
transportes, isto é, para o
aparelho circulatório da nossa
economia. A xuxadeira vivida,
em Mindelo, repercute-se em
todo o tecido económico, com
graves culpas no cartório para
o Governo.
Não adianta fingir que isto não
é importante. É-o e por ele se
condena um Governo incapaz
de governar.

Onde mora a pobreza
Jamaica:
um bairro isolado tem rosto
da capital
No caos urbanístico da Praia revelam-se mais “bairros
emergentes”. Jamaica é um caso a requerer urgente intervenção se período sentem-se isolados dentro
E
m 2000, começava a preparar-
-se o terreno para o surgimen- lhada pelos vizinhos que dizem esta-
to de um novo bairro na capi-
tal: a Jamaica. Surgiu no ano de 2002
e fica situado nos arredores de Achada
Grande Frente e Achada Mato. Trata-
-se de um bairro emergente que nasceu
devido às necessidades no âmbito da
habitação.
O líder da Jamaica, Fogo como é co-
nhecido, foi a primeira pessoa a morar
na localidade e revelou ao Já que
habitava numa casa onde pagava
renda, mas como a situação é bastante
difícil, resolveu ter casa própria. Mas
não tinha um lote para construção.
Para isso, foi ao local, viu que era pos- futuro melhor e não
sível realizar aquele sonho e, a partir
de então, começou a escavar a terra.
Foi fazendo aos poucos e, hoje sente-
-se orgulhoso por ter dado o primeiro
passo na resolução do problema de
muita gente.
Com cerca de uma centena de casas,
incluindo barracas, Jamaica é um dos
bairros que mais sofre com a falta de
energia, água, comunicações e outros
bens de primeira ordem, dizem os
moradores. Além desses problemas,
que são visíveis logo à entrada da
zona, a equipa do Já soube que o aces-
so é também uma das preocupações
dos residentes.
Em conversa com Adi, este garantiu-
-nos que os moradores de Jamaica vi-
vem em situações precárias e sentem
Educação e acesso
precários no bairro
De acordo com as informações obtidas
dos moradores da Jamaica, a educação
é constrangimento que os aflige. É o
que diz Celestina da Veiga, moradora
do bairro desde 2006, as crianças e os
jovens “jamaicanos” fazem um longo
percurso para deslocarem-se à escola e
durante esse trajeto já foram vítimas de
assaltos. “Os meus filhos já foram ata-
cados mais do que uma vez e por medo
deixaram de ir à escola”. Em conse-
quência disso, perderam o ano por fal-
tas, conta ela.
O acesso é mais uma preocupação, so-
bretudo na época das chuvas, pois nes-
das próprias casas.
falta de tudo. A mesma opinião é parti-
O quotidiano dos residentes da Jamaica
não é muito diferente do que se consta-
rem esquecidos e que, caso aconteça ta um pouco por toda a capital. Desem-
algum acidente, sobretudo à noite, têm prego, falta de meios para vida con-
que percorrer uma longa distância a pé digna e muitos sobressaltos na pequena
até chegar a Achada Grande e aí obte- localidade onde não existe djunta mon.
rem socorro para quem precise. Polémicas à parte, os habitantes da Ja-
O dia-a-dia destas pessoas é quase maica receiam que a Câmara da Praia
sempre o mesmo - não chegue a qualquer hora
têm muito o que fazer. Jamaica é um dos para despejar o bairro e
“Nós vida ca tem novi- bairros que mais sofre ficarem sem ter onde
dade, é tudo dia mesmo
com a falta de energia, morar. Para uns o inves-
cusa pamódi trabadjo timento feito é muito e,
ca tem”, disse um água, comunicações e caso isso venha a acon-
grupo de jovens. Não outros bens de tecer, não terão outro
têm perspectivas de um meio de sobrevivência,
primeira ordem
pois alguns encontram
acreditam que isso vá mudar, já que, ali o sustento da família. Para outros, se
segundo eles, cada um se preocupa a Câmara fizer o que eles tanto temem,
com o seu próprio umbigo mesmo que poderá oferecer outras alternativas.
a causa seja para o bem de todos. Para isso, teria que se construir habi-
Durante o percurso, a equipa do Já de- tações sociais, o que seria uma van-
parou com uma situação que precisa tagem para os moradores.
ser vista e revista tanto pelos residen- Sendo assim, os habitantes da Jamaica
tes como pelas autoridades competen- pedem à entidade municipal, através
tes. Fios de electricidade espalhados de Já que urbanize o bairro porque, se
por todo o lado e o perigo à espreita. tentarem chegar ao pé do presidente,
Questionámos os moradores se têm serão disso impedidos. Ao Governo
consciência do que aquele cenário pedem que esteja atento porque há
poderia causar: responderam que sim, quem precise mesmo de uma oportuni-
mas que não têm alternativas. No pe- dade no âmbito do projecto Casa para
ríodo das chuvas desligam tudo para Todos e que eventualmente não consi-
que não aconteça nenhuma tragédia. ga tê-la.
Não fosse por isso, nem desligavam Para os habitantes, Jamaica é um bair-
esses fios porque nessa altura, o isola- ro aprazível apesar das condições não
mento chega ao extremo. serem as melhores.
Já • Sábado 31 Julho 2010 • 13
Ex-funcionárias procuram trabalho
Frescomar:
desemprego
Agora no Monte Sossego, onde moram Jó e Cau, os dias são
lentos e pachorrentos. Iguais aos de tantos jovens que se
juntam nas esquinas dos bairros, na soleira das portas, caras
amarguradas, esperanças perdidas enquanto se anuncia um
tal “Cluster do mar”
primeiro”. Mas foram todas: as mais
A lheias à discussão política se a
FRESCOMAR fechou ou sus-
pendeu a produção, sem entender o
novas e as mais velhas.
que é isso do “Cluster do Mar”, a nova Revolta, raiva e lágrimas
panaceia que, de acordo com o Primei- Josina encarou o despedimento com
ro Ministro vai resolver todos os males raiva e revolta: “investi muito tempo
de São Vicente, a Josina e a Cacau es- na fábrica, trabalhei muito. Podia ter
tão à procura de empre- procurado outra alter-
go. Alheias a uma polí- Enquanto se anuncia nativa”. Jo acha que
tica que só reduz o de- deveria ter recebido
semprego na propagan- um tal “Cluster do uma indemnização pe-
da governamental, as mar” que trará lo tempo de trabalho.
duas jovens (de 20 e 21 emprego, não lhes Mas ela revela que, du-
anos) foram despedidas
do turno da noite da
explicam porque é que rante todo esse tempo,
trabalhou sem um con-
FRESCOMAR junto não resultou o outro trato de trabalho. Re-
com mais 260 operárias. “Cluster sabe-se lá do volta, raiva e lágrimas
Tristeza, desespero: quando lhe mandaram
quê”, o tal que ia
afinal o desemprego
trazer um
entregar os materiais de
tem um rosto. E con- trabalho, sinal de que
certeza que o desem- investimento directo seria despedida.
prego de 260 pessoas de 4 bilhões dólares e Agora no Monte Sosse-
não pode ser ignorado
e transformado em ar-
milhares de postos de go, onde moram, os
dias são lentos e pa-
ma de arremesso políti- trabalho chorrentos. Iguais aos
co. Josina e Cacau não de tantos jovens que se
lêem os jornais, não ouvem os noticiá- juntam nas esquinas dos bairros, na so-
rios da Rádio e tão pouco vêem o Tele- leira das portas, caras amarguradas, es-
jornal - por isso, não sabem que o seu peranças perdidas, enquanto se anun-
sofrimento, a conta da loja que não po- cia um tal “Cluster do mar” que trará
de ser paga, a falta que os dez mil es- emprego, sem lhes explicarem porque
cudos que ganhavam vão fazer, não fa- é que não resultou o outro “Cluster sa-
zem parte das notícias que falam do be–se lá do quê”, o tal que ia trazer um
desemprego na FRESCOMAR. investimento directo de 4 bilhões dóla-
As duas foram despedidas do turno da res e milhares de postos de trabalho.
noite sem entender porquê. Falta de No Monte Sossego há mais duas de-
matéria-prima? Cacau recebeu a notí- sempregadas. Tristes, desconsoladas,
cia do despedimento com espanto por- com o 8º ano de escolaridade, sem for-
que trabalhava na fábrica há um ano e mação profissional, juntam-se a um
julgava-se segura no posto de trabalho longa lista de desempregados com o
- “sentia que muito dificilmente seria seu perfil. Os tais 19,1 % que fazem de
despedida e que, a acontecerem despe- São Vicente a ilha com a maior taxa de
dimentos, seriam as mais novas a irem desemprego do País.
14 • Já • Sábado 31 Julho 2010

coisas do mundo
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é tido como o oitavo governante mais rico do
mundo. A população vive na miséria
S. TOMÉ
Gato escondido com petróleo de fora Fradique Menezes na
Guiné Equatorial corrida à CPLP
O Presidente da República de S.
Tomé e Príncipe, Fradique

continua a bater Menezes, tomou a iniciativa de pôr

em causa o cargo de Secretário Exe-
cutivo da CPLP: levou na mala para a
Cimeira de Luanda a proposta de que
este cargo passe a ser exercido apenas

à porta da CPLP
rial pode mais facilmente assumir ver-
niz democrático que a ajude a vencer o
isolamento internacional, que tem sido
entrave ao seu desenvolvimento. Se a
comunidade internacional “papa” co-
mo democráticas situações políticas
como as governações MPLA, FRELI-
MO, PAICV, PAIGC (com todo o seu
passado sangrento e o seu presente du-
vidoso), porque não aceitar a governa-
ção do Partido Democrático da Guiné
Equatorial, que até tem o nome de “de-
mocrático”? Curioso é que o angolano
José Eduardo dos Santos, cuja riqueza
concorre com a de Mbasogo, tenha li-
derado a oposição à entrada da Guiné
Teodoro Obiang Mbasogo derrubou o avô há 30 anos para Equatorial na CPLP. Ele há pruridos
pouco sustentáveis... talvez por isso, o
assumir um poder ditatorial: o verniz democratizante que vem Brasil advogue a aceitação da Guiné
tentando passar não lhe limpa a imagem. A Cimeira de Luanda Equatorial.
da CPLP, apesar da posição do Brasil, adiou uma decisão A pretensão equatoriana despertou a
definitiva sobre a pretensão da Guiné Equatorial, que se mantém ira da comunidade lusófona bem-pen-
com o estatuto de observador
sante. Numa estridente carta, treze per-
sonalidades despejaram a sua indigna-
sobretudo petróleo e gás natural, re- ção: assinaram-na, entre outros, o bis-
por ex-Presidentes ou ex-Primeiros
Ministros dos estados membros. Tal
proposta não foi aceite em Luanda.
A tese do Presidente são-tomense foi
tida em diferentes meios, incluindo S.
Tomé e Príncipe, como pré-candidatu-
ra ao cargo por parte de Fradique,
apresentada sob argumento de “dar
prestígio à função”. Desde 1996, suce-
deram-se no cargo: até 2000, Mar-
colino Moco, ex-Primeiro Ministro
angolano; até 2002, Dulce Maria Pe-
reira, brasileira; até 2004, embaixador
João Médicis, também brasileiro; até
2008, embaixador Luís Fonseca, ca- tivos, mas a falta dinheiro para “olear”
bo-verdiano; e desde 2008, o ex-mi- a organização: só Portugal e Brasil
nistro guineense Domingos Simões têm contribuído e, nos últimos tem-
Pereira. Não foi o facto de um ex- pos, apenas Brasil tem suportado a
Primeiro Ministro (Moco) que ela fun- despesa. E ninguém sabe o que acon-
cionou melhor – antes pelo contrário. tecerá quando Lula da Silva aban-
É que, isso é reconhecido nos corredo- donar a Presidência brasileira – se o
res da CPLP, o problema da organiza- Itamaraty deixar de ser a fonte finan-
ção não tem sido o “prestígio” (ou ciadora poderá ser o colapso da CPLP
falta dele) dos seus secretários execu- enquanto organização.
Campanha autárquica
foi pacífica

C
om pouco mais de 500 mil ha-
bitantes, a República da Gui- gista um crescimento do PIB de cerca po das Forças Armadas português, D.
né Equatorial não foi admi- de 20% ao ano (o que se deve sobre- Januário Torgal Ferreira, o bispo timo-
tida na CPLP (Comunidade dos Países tudo à exploração petrolífera, sem que rense de Baucau, D. Basílio do Nasci-
tal signifique melhoria das condições mento, o escritor moçambicano Mia mensagem do PCD, Partido da Con-
de Língua Portuguesa): melhor dito, a
sua candidatura vai esperar mais dois
anos até que nova Cimeira decida
de vida da população).
Malquisto pela comuni-
Couto, o ensaísta português Eduardo
Lourenço, Frei Carlos
A campanha eleitoral autárquica
em S. Tomé e Príncipe terminou
no dia 23, sem incidentes de maior,
vergência Democrática.
Alguns pequenos partidos resolveram
sobre a pretensão guinéu-equatoriana. dade internacional de- Teodoro Obiang Alberto Libânio Chris- tirando os havidos na roça Agostinho congregar-se, juntando esforços para
A de Luanda, havida na passada sem- vido à repressão, as gol- Nguema Mbasogo, to, o músico brasileiro Neto, onde houve tiros e confrontos frentes únicas: foi o caso de Cantaga-
ana, deixou tudo em “banho-maria”. padas eleitorais (apesar Chico Buarque, a en- físicos. Os 78.796 eleitores recensea- lo, onde três partidos criaram a CDN,
País fragmentado da costa ocidental de uma Constituição, de
que assumiu o poder saísta são-tomense Ino- dos pela Comissão Eleitoral Nacional Confederação Democrática Nacional,
africana (cinco ilhas: Bioco, Corisco, 1991, aparentemente em 1979 na sequência cência Mata, o angola- foram às urnas no dia 25, domingo. A conhecida por “Fessu Bassola” (feixe
Grande Elobey, Pequena Elobey e Ano democrática e de o regi- de um golpe de Estado no Justino Pinto de An- 1 de Agosto, começa outra campanha de vassoura). Apesar disso, não conse-
Bom, mais o enclave de Rio Muni, no me vigente em Malabo drade e o cantor guine- eleitoral: para as legislativas. guiram estender-se a outros distritos.
que derrubou ense Manecas Costa.
continente, entre Camarões e Gabão), assentar sobre a convi- A campanha autárquica decorreu sem
resultou da independência, em 1968, vência de três partidos), o seu avô, Francisco Mbasogo tudo tem fei- incidentes de maior. Com uma admi- Só o PCD não canta
das colónias espanholas de Fernando o poder de Obiang Macías Nguema, to para dourar a sua nistração autárquica repartida em dis- de galo
Pó e Rio Muni. É um dos países mais Mbasogo pretende inse- foi eleito pela revista imagem, tendo mesmo tritos, Água Grande (inclui a cidade de Só o PCD não canta de galo nas elei-
pobres do mundo, com um índice de rir-se na lusofonia: por- contratado para esse S. Tomé) tem 30.668 eleitores, seguin- ções autárquicas de S. Tomé e Príncipe.
Desenvolvimento Humano de 0,664, que carga de água, se a norte-americana efeito um consultor do-se Mé-Zochi, com 20.344 eleito- Conhecidos os resultados, MLSTP/
16,8% de analfabetismo e uma espe- sua língua oficial é o es- Forbes como norte-americano, Lan- res, Lobata 7.880 eleitores, Cantagalo PSD, ADI e UMPP correram a cantar
rança de vida de 49,54 anos, mas o seu panhol? É verdade que o oitavo governante ny J. Davis, ao preço de 7.507, Lembá 5 844, Caué 3140, e ilha vitória.
Presidente, Teodoro Obiang Nguema em Malabo existiu uma um milhão de dólares do Príncipe 3413 eleitores. O MLSTP passou a ser maioria em
importante comunidade
mais rico anuais. Davis trabalhou
Mbasogo, que assumiu o poder em Sem recurso a grandes comícios, re- quatro distritos (Cantagalo, Lobata,
1979 na sequência de um golpe de portuguesa, e que no do mundo para Bill Clinton, com flexo das dificuldades económicas pa- Lembá e Cauê) - antes só o era em um.
Estado que derrubou o seu avô, mês passado adotou o fácil acesso portanto ao tente nesta campanha, a generalidade A ADI passou a marcar presença no
Francisco Macías Nguema, foi eleito português como terceira língua oficial. clã Clinton e à secretária de Estado dos partidos privilegiou o porta a mapa autárquico santomense, conqui-
pela revista norte-americana Forbes Mas... Hillary. porta. Curiosamente, no Príncipe, stando os dois maiores distritos: Água
como o oitavo governante mais rico do Aparentemente: integrando-se neste É caso para dizer que toda esta história onde a população de Roça Fernão Grande e Mé-Zochi. A UMPP refor-
mundo. espaço (onde tem desde 2006 o esta- tem gato escondido com petróleo de Dias é de origem cabo-verdiana, o çou a sua maioria no Príncipe.
Produtor de café, cacau, madeiras, mas tuto de observador), a Guiné Equato- fora... crioulo foi a língua utilizada para a O PCD desapareceu de cena.
 Já • Sábado 31 Julho 2010 • 15

segredos de polichinelo
Mais uma do Sidónio
Tribunal da Praia contraria sapiência de Sidónio Monteiro. A Justiça
de Cabo Verde está uma vergonha
a anterior encarnação,
N antes de ser ministro
para as Diásporas, o
“jovem” Sidónio espalhou cas-
cas de laranja por tudo quanto é
sítio, demonstrando a sua reco-
nhecidíssima competência. Por
exemplo, quando o CCS-SIDA
deixou de receber financiamen-
tos do Banco Mundial e passou
a recebê-los do Fundo Global,
foi necessário proceder à re-
dução de pessoal, dado que a
maquia tinha minguado. Houve
quem não estivesse pelos
ajustes e exigisse compensa-
ções para arrumar as malas.
Chegando aí, Sidónio Monteiro
grimpou: “alto lá! não há com-
pensações para ninguém no fim
de um contrato. Eu é que sei.
Até ajudei a fazer o Código do
Trabalho, portanto eu é que
digo como é que é. Deixem-se
disso”.
Grande homem, amigo dos
trabalhadores, até lhes tratou da
saúde no Código do Trabalho,
progressista e tudo! Todavia, os
descartados foram malandros –
decidiram recorrer aos tribu-
nais. É lá coisa que se faça?
Anda um pobre ministro a
desunhar-se para dar o melhor
para a “Nação Vencedora” (até
fins de contrato sem compensa-
ções, até) e vêm uns valdevinos
pôr em causa a sua sapiente
palavra!? Isto admite-se?
O Tribunal admitiu. E decidiu
congelar as contas do CCS-
SIDA para garantir o pagamen-
to das compensações em dívi-
da. Como é que é? Querem lá
ver que o Tribunal da Praia
sabe mais da lei que o Sidónio
que as fez? É preciso des-
caramento.
Para que descaramento não
houvesse, alguém do Tribunal
fez a gentileza de dar fuga de
informação para o CCS-SIDA
que, de imediato, optou por pa-
gar as compensações que o
Sidónio recusara e assim evitar
o congelamento. Não houvesse
militantes dignos desse nome,
zelosos para que a Ordem não
seja posta em causa, e os
Tribunais de Cabo Verde eram
uma desgraça: até contrariam
as determinações de ministros.
Uma rebaldaria!
diz-se...
!?!
!!
Mulher de armas «Em relação à
Que Cristina Fontes Lima é mulher de rumos problemática
e aprumos, não restam dúvidas. Está provado
desde que assentou praça no Governo, já lá ambiental, iremos
vão uns anos longos, longos: fez desde início
parelha com José Maria Neves, fincou o pé
focar a extração de
no chão e decretou – “daqui não saio, daqui inertes e a apanha
ninguém me tira”. Passaram pelo Executivo,
outros (e muitos) rostos femininos, mais que de areia, tendo em
teimosa Cristina ficou de pedra e cal, mais
cimento. Agora, ensaboa o juízo aos tropas.
E vai a todas.
conta que são
questões que estão
A passada semana foi à Segunda Região
Militar (ilha do Sal). E como o tempo vai de diretamente
promessas, Cristina desarrincou: o porto da
Palmeira vai ter uma unidade naval para
ligadas à mulher»
defender a entrada do porto e policiar os Vicenta Fernandes,
movimentos marítimos.
Nem mais! Bravo, mulher de armas!! Ficou delegada da OMCV,
por esclarecer: será submarino? Porta-aviões? em Santa Catarina,
Contratorpedeiro? Fragata? E em que
armazém de sucata será adquirida? in A Semana

E esta, hein!?

ALUPEC
Com a volatilização de Manuel Veiga,
o Alupec começou a deixar de estar na
moda. E o exemplo vem “de cima”: a
propaganda e a publicidade oficiais,
em crioulo, estão progressivamente a
cair em desuso. Manuel Veiga está
triste. Mas não há protestos: o bando,
obedientemente, verga-se aos novos
ventos. Para mostrar militância, no
máximo há sorrisos amarelos…

VITALINO
Esteve em Cabo Verde e quase não deu
nas vistas. O deputado socialista
português veio dar uma mãozinha
(fechada) ao Governo. Chegou carregado
de papel químico. É que a legislação
cabo-verdiana para o Turismo, a que
Vitalino dá ajuda, será decalcada da
portuguesa. E o papel químico dá jeito.

BRRRRITO
Causa estranheza que Brito, o dos
“Negócios Estrangeiros”, meta o
bedelho na Escola de Artes e Ofícios
que está para surgir na Cidade Velha

IDEIAS?
com financiamento da Cooperação
Espanhola. Primeiro, o Governo quis
atirar a Escola para outras paragens –
falou-se em Santa Cruz (PAICV). Mas
os espanhóis foram determinados: será
na Cidade Velha, havia entendimento
com a Câmara. Então, meteu-se no
meio José Brito: o MNE vai tutelar a
Escola… tudo vale desde que a
Câmara (MpD) não governe a Escola,
Vai dar bronca, oh se vai...

RUAS Pedro Pires foi a Espanha a convite da
Estão uma desgraça os empedrados da Fundação “Ideias (?) para o Progresso (?)”.
Praia: dão tremideira que até assusta. Discutiram “políticas progressistas na
Diz-se que isso é bom para o físico das África sub-sahariana”. Entre os tais
pessoas: evita prisões de ventre. Mas progressistas o Primeiro Ministro da
assim – tanto, tanto? Dá diarreia de Etiópia, Meles Zenawi.
certeza. Ai, Ulisses, arranja lá solução E não se falou nem do Djibuti, nem
para isto. da Somália, nem do Darfour.

AVISO À NAVEGAÇÃO: segredos de polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-
-língua, pura e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia, leia. Faça o favor.
PUB

em jogo
VII Jogos da CPLP
Angola “deu boleia” D
a Cabo Verde
A presença cabo-verdiana nos Jogos do Maputo estava comprometida: não havia dinheiro.
Até que Luanda puxou da carteira e… Cabo Verde enviou 96 elementos, a maior comitiva
de sempre
C
abo Verde desembarcou, esta
quinta-feira, em Maputo, com
a maior comitiva desportiva
levada a uma competição interna-
cional: composta por 96 elementos –
entre dirigentes, treinadores, atletas e
árbitros. Esta expressiva presença
cabo-verdiana nos sétimos Jogos da
CPLP, nas categorias sub16, fica a
dever-se, em grande medida, ao apoio
que as autoridades desportivas da
cidade da Praia receberam do governo
de Angola.
Luanda custeia as viagens de ida e
regresso da comitiva cabo-verdiana,
tendo sido este um dos fatores deci-
sivos na composição das seleções Embora o espírito desses jogos seja de
nacionais. Tanto assim é que, apenas confraternização, o treinador da sele-
há mês e pouco, Cabo Verde decidiu ção nacional de futebol, Daniel Del-
participar em várias modalidades. O gado, anota que “há uma enorme
tesouro público viria a apoiar as ambição entre os jogadores, porque sa-
seleções cabo-verdianas com cerca de bem da importância de representarem
29 mil contos, valor “muito aquém das
estimativas iniciais”.
o País”. Por isso, ele acredita “numa
boa imagem a deixar, apesar das difi-
Aliás, o processo foi conduzido com culdades”.
muitos sobressaltos, havendo, inclu-
sive, treinadores que baixaram a fas-
quia das metas a atingir “devido ao
atraso no início da preparação”. Este é,
Daniel Delgado é um dos 14 trei-
nadores presentes em Maputo. O seu
pupilo Ernivaldo mostra-se motivado e
perspetiva ainda “muito trabalho antes
pelo menos, um dos argumentos dos dos Jogos”, cujo pontapé de saída
treinadores para não prometerem aconteceu, esta quinta-feira, na capital
“grandes conquistas”. moçambicana.
Desporto cabo-verdiano foi para Maputo
fazer figura de rico à custa dos angolanos.
Levam aos VII Jogos da CPLP a maior
comitiva de sempre a competição
internacionais, porque os angolanos
decidiram pagar a presença de Cabo
Verde. Mas como, quase até à última
hora, a presença de Cabo Verde esteve
comprometida por falta de dinheiro, a
preparação dos atletas não foi a mais
adequada. Por isso, as perspetivas de
bons resultados não são risonhas
Um terço é contra-peso
A comitiva cabo-verdiana é bem representativa do Desporto
nacional: excesso de dirigentes
os 96 elementos que integram a
comitiva cabo-verdiana aos VII
Jogos da CPLP - que estão a decorrer
em Maputo (Moçambique) desde o
passado dia 29 até 7 de Agosto, sob o
lema “Uma Comunidade, uma Língua,
um mar de Culturas Nacionais - ape-
nas 60 são atletas. Ou seja, um terço
daquela que é considerada a maior re-
presentação desportiva cabo-verdiana
em competições internacionais até ho-
je vista, surge como contra-peso: diri-
gentes e outros.
Num País carente de instalações des-
portivas adequadas para o desenvolvi-
mento do Desporto (por exemplo, con-
dições para o treinamento de atletismo
Andebol
“Dificuldades” esperam
os cabo-verdianos
A ssim como os restantes treina-
dores, Nelinho – técnico da se-
leção nacional de Andebol – aponta
“várias dificuldades” à equipa de Cabo
Verde. De entre estas, o treinador arro-
Voleibol e Desporto adaptado
Há esperanças
A pesar do pouco tempo de traba-
lho, é notório o “tremendo es-
forço do grupo”, composto por jovens
que, pela primeira vez, viajam para
fora do País. Otimista, o treinador do
combinado de Voleibol de Praia, Toza,
diz ter na mira “um bom resultado”,
neste caso, um lugar no pódium.
Despreocupado com os resultados
desportivos, o técnico nacional de des-
porto adaptado, Rodrigo Bejarano,
rejubila-se pela presença de quatro
atletas em Maputo: “a presença de
atletas portadores de deficiência física
Já • Sábado 31 Julho 2010 • 17
apenas se encontram na ilha do Sal; o
pavilhão Vavá Duarte passou tempos
quase infindos para receber obras), a
classe dirigente é uma pesada sobre-
carga. Neste sentido, a comitiva que se
deslocou ao Maputo é um excelente
retrato da “Nação Vencedora”.
Cabo Verde vai estar presente nestes
Jogos nas modalidades de vólei de
praia (4 atletas mais um técnico), ténis
(3 atletas mais um técnico), basquete
masculino (13 atletas mais um técni-
co), andebol feminino (13 atletas mais
dois técnicos), atletismo (8 atletas),
desporto adaptado (4 atletas) e a sele-
ção de futebol com um técnico. Seguiu
também um núcleo de arbitragem.
la a qualidade dos adversários (Ango-
la, Brasil e Portugal), “tradicionalmen-
te superiores a nós”.
Apesar de Cabo Verde ser, nos últimos
anos, um adversário “temido” pelos
africanos no basquetebol sénior, “o
mesmo ainda não acontece a nível dos
juvenis”, pelo que o técnico nacional
Ângelo antevê “Jogos muito difíceis,
uma vez que a maioria dos países
vinha preparando a prova há bastante
tempo”, ao contrário dos basquete-
bolistas cabo-verdianos.
e motora é, antes de mais, a aceitação
social das suas capacidades. Este era o
maior objetivo e conseguimo-lo”.
Para além dos treinadores apontarem o
escasso tempo de preparação como um
dos entraves para Cabo Verde ombrear
com as restantes seleções, da parte dos
62 jogadores é visível a “vontade em
vencer” nas modalidades de andebol,
voleibol, ténis, atletismo, futebol, bas-
quetebol e desporto adaptado.
Cabo Verde está, ainda, representado
na sétima edição dos Jogos – Sub 16
da CPLP por sete dirigentes despor-
tivos e quatro árbitros.
A delegação nacional chegou a Ma-
puto poucas horas antes da abertura da
sétima edição dos Jogos Sub 16 da
Comunidade dos Povos de Língua
Portuguesa, pois que a partida da ci-
dade da Praia só veio a acontecer na
tarde desta quarta-feira, 28.
18 • Já • Sábado 31 Julho 2010
cachupada
Mia,
a baleia do Bairro
Manguí - II
F ixeeee! – gritaram os quatro ami-
gos do Bairro Manguí.
- Avô Irondino, e nós podemos salvar
uma baleia?! – perguntou Juninho.
- Claro que sim, depois explico como
se faz. Agora vamos deixar que lim-
pem esta triste tragédia e que a alma
das baleias se entregue a San Jon.
- E as baleias têm alma como as pes-
soas?! – perguntou Iva.
- Claro que sim, e sentem quando lhes
fazem bem ou mal, criam amigos e,
apesar deste tamanhão, a maior parte
das vezes são criaturas muito dóceis. É
claro que há excepções… mas isso
com as pessoas também é assim, não é?
Os quatro miúdos acenaram, concor-
dando com a conclusão do avô Irondi-
no, e voltaram todos para junto da ba-
leia grande que devia ser a mãe de Mia.
- Avô Irondino, a mãe da Mia já morreu?
- Já. Mas fiquem descansados porque
ela partiu a saber que nós vamos salvar
a filhota.
- A mãe da Mia é tão grande! – comen-
tou o Nixou.
- Não é das maiores, rapaz. Olha que
há baleias do tamanho de aviões… Já
vi uma baleia azul com mais de trinta
metros de comprido – comentou avô
Irondino.
- E a Mia também é dessas? – pergun-
tou Nádi.
- Não… deve ser ainda piquinote, por
isso se perdeu da mãe. Bom, mas para
sabermos isso temos de encontrá-la.
Logo, ao fim da tarde, venham ter a
minha casa. Vou preparar o barco de
nhô César e vamos fazer-nos ao largo,
onde as águas mudam de profundidade
e a lua há-de estender lençóis de luz
para nos ajudar.
- Mas… avô Irondino, o senhor não é
já muito velho para se fazer ao mar? –
questionou a medo Juninho.
- Qual velho, qual quê, rapaz, com
sessenta anos de mar nenhum homem
é velho e as manhas do mar nunca se
esquecem, sabias? Mas podem dizer
em casa que nhô César é quem nos vai
levar.
O sol estava quase… quase a adorme-
cer, e a lua já estava mais do que acor-
dada quando os quatro amigos do bair-
ro Manguí se juntaram à porta da casa
coberta de folha de palmeira seca onde
vivia o avô Irondino.
Já noite, dentro do barco de nhô César,
avançaram pelo mar dentro, onda após
onda, a caminho da aventura, na espe-
rança de encontrar a baleia Mia. Os
quatro amiguinhos do bairro Manguí
iam em silêncio, com os olhos postos
nas estrelas sem fim que enchiam o
céu e nas águas do oceano onde se dei-
tava a lua cheia, também ela ajudando
nesta verdadeira aventura que começa-
va com a ilha de San Jon, já longe. Avô
Irondino tinha pedido silêncio e olhos
e ouvidos bem abertos, para detectar
qualquer sinal de baleia à superfície.
Só o barulho da ondulação se ouvia no
encontro com o casco do barco, até
que avô Irondino tirou o cachimbo da
boca e o levantou no ar como que a
perceber um qualquer sinal. Juninho,
Nixon, Iva e Nádi ficaram arrepiados à
espera que avô Irondino falasse…
Será que ele ouviu sinais de baleia? E
seria mesmo Mia?
José Braga-Amaral
Horóscopo
Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: 8 de Paus, que significa
Rapidez.
Amor: Arranje mais tempo para si mesmo.
Vai ver que valerá a pena. Permita-se a si
próprio viver com alegria e cultive-a
diariamente.
Saúde: Tome vitaminas para fortalecer o
cérebro.
Dinheiro: Período favorável a
investimentos de maior amplitude.
Número da Sorte: 30
Números da Semana: 8, 22, 39, 41, 48, 49
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Vivo com alegria os
desafios da vida.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: os Enamorados, que
significa Escolha.
Amor: Poderá surgir um mal entendido na
sua relação, mas com calma tudo se resolverá.
Viva alegre e optimista, não se irrite!
Saúde: Este será um período favorável a este
nível, aproveite para descansar.
Dinheiro: Momento pouco propício para
grandes investimentos.
Número da Sorte: 6
Números da Semana: 2, 14, 19, 23, 25, 29
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Escolho com a voz da
minha intuição!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: Rainha de Ouros, que
significa Ambição, Poder.
Amor: Poderá viver uma aventura de
grande importância para si. Que o Amor
seja uma constante na sua vida!
Saúde: Dê mais atenção às dores de cabeça.
Dinheiro: Não seja tão materialista, pois só
tem a perder com isso.
Número da Sorte: 77
Números da Semana: 7, 11, 23, 25, 29, 45
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: A minha maior ambição
é ser feliz.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: a Papisa, que significa
Estabilidade, Estudo e Mistério.
Amor: Tenha cuidado pois pode perder
aquilo que tanto trabalho lhe deu a
conquistar. Se quer ser verdadeiramente
vitorioso, vença-se a si próprio!
Saúde: Não sobrecarregue o seu corpo.
Dinheiro: Trabalhe mais e confie no seu
sucesso.
Número da Sorte: 2
Números da Semana: 1, 3, 20, 39, 44, 45
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Cultivo a estabilidade e
a paz no meu coração.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: Rei de Copas, que
significa Poder de Concretização, Respeito.
Amor: Seja mais generoso com a sua
cara-metade. Não prejudique a sua relação
devido à sua teimosia. A sua felicidade
depende de si!
Saúde: Modere o consumo de doces.
Dinheiro: Resista à tentação, não gaste
mais do que tem projectado.
Número da Sorte: 50
Números da Semana: 11, 22, 29, 35, 36, 42
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Tenho o poder de
concretizar os meus sonhos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: Valete de Paus, que
significa Amigo, Notícias Inesperadas.
Amor: Os seus amigos poderão fazer-lhe
um convite irrecusável. Que a alegria de
viver esteja sempre na sua vida!
Saúde: Cuidado com a alimentação, não
coma gorduras.
Dinheiro: Momento muito favorável sob o
aspecto financeiro, aproveite-o.
Número da Sorte: 33
Números da Semana: 14, 20, 36, 38, 42, 43
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: Valorizo os meus
amigos como um tesouro precioso.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: 4 de Ouros, que
significa Projectos.
Amor: Poderá dar um passo mais sério na
sua relação amorosa. Que o amor esteja
sempre no seu coração!
Saúde: Relaxe um pouco mais, anda muito
tenso.
Dinheiro: Estabilidade financeira.
Número da Sorte: 68
Números da Semana: 2, 13, 20, 24, 39, 42
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Acredito nos meus
projectos!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: O Mágico, que significa
Habilidade.
Amor: Poderá zangar-se com um familiar,
mas se colocar de lado o orgulho sairá
vitorioso. Uma personalidade forte sabe ser
suave e leve como uma pena!
Saúde: Pode vir a ter uma dor ligeira de
dentes.
Dinheiro: Tenha cuidado, avizinham-se
gastos extra.
Número da Sorte: 1
Números da Semana: 1, 5, 9, 11, 18, 23
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Sou capaz de lidar com
todos os desafios!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
Por Maria Helena
De 1a 7 de Agosto
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: 10 de Paus, que
significa Sucessos Temporários, Ilusão.
Amor: Estará tão feliz com a sua relação
que todos irão notar tamanha satisfação.
Que a sua Estrela-Guia brilhe eternamente!
Saúde: Faça um Check-up.
Dinheiro: Tenha mais atenção ao seu
mealheiro, pois ele está a ficar vazio.
Número da Sorte: 32
Números da Semana: 8, 19, 22, 39, 45, 49
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Construo o meu sucesso
passo a passo!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 20-12
Carta Dominante: 10 de Copas, que
significa Felicidade.
Amor: Seja justo consigo mesmo e pense
na sua felicidade. Que tudo o que é belo
seja atraído para junto de si!
Saúde: Tome atenção à higiene dos seus
pés; pode ocorrer o aparecimento de fungos.
Dinheiro: Com muito trabalho conseguirá
alcançar o sucesso.
Número da Sorte: 46
Números da Semana: 14, 25, 26, 38, 40, 44
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: A felicidade espera por
mim, porque eu mereço ser feliz!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
20-1 a 18-2
Carta Dominante: 9 de Espadas, que
significa Mau Pressentimento, Angústia.
Amor: Não sobrevalorize o aspecto físico,
procure ver primeiro o que realmente as
pessoas são por dentro. Não perca o
contacto com as coisas mais simples da
vida.
Saúde: Poderá sofrer de alguma retenção de
líquidos.
Dinheiro: Não seja irresponsável e pense
bem no seu futuro.
Número da Sorte: 59
Números da Semana: 2, 6, 9, 10, 15, 19
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Afasto a tristeza com
confiança e pensamentos positivos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Peixes
19-2 a 20-3
Carta Dominante: O Diabo, que significa
Energias Negativas.
Amor: Poderá sentir-se um pouco
desanimado se está só. Quando nos
sentirmos mais perdidos, temos que nos
lembrar que nunca estamos sozinhos.
Saúde: Andará um pouco em baixo de
forma, faça ginástica.
Dinheiro: Se pretende adquirir algo de que
gosta muito, este é o momento ideal.
Número da Sorte: 15
Números da Semana: 25, 29, 30, 39, 45, 49
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: O poder do Bem afasta
as energias menos positivas.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
 Já • Sábado 31 Julho 2010 • 19

Televisão destaques da semana Telenovelas

Segunda-feira 2 Agosto RECORD • Ribeirão do Tempo
RTP-ÁFRICA
06:00 ZIG ZAG 10:15 ZIG ZAG 14:30 Estação das Artes 18:15 O Olhar da Serpente 22:15 Grandes Livros
07:00 Bom Dia Portugal 11:00 Clips RTP África 15:00 Vila Faia 19:00 Estação das Artes 23:30 Janela Indiscreta
07:30 Artes e 12:00 Ganância 15:45 O Preço Certo 19:30 Repórter África com Mário
Espectáculos (Telenovela) 16:30 ZIG ZAG 20:00 Telejornal Augusto (R/)
08:00 ZIG ZAG 13:00 Jornal da Tarde 17:30 Quem quer ser 21:00 Paixões Proibidas 00:00 Notícias
09:00 Notícias 14:15 Repórter África Milionário 21:45 Lá e Cá 01:00 Repórter África (R/)

Terça-feira 3 Agosto
RTP-ÁFRICA
06:15 ZIG ZAG 11:00 Clips RTP África 15:00 Vila Faia 19:00 África Sport 22:15 Documentário
E m Ribeirão do Tempo, Virgílio diz a Newton que está rolando um boato
de que Guilherme foi apanhado a beijar Tião. Newton não dá atenção a
Virgílio. Iara fala a Virgílio que eles desviaram muito dinheiro do faturamen-
07:00 Bom Dia Portugal 12:00 Ganância 15:30 O Preço Certo 19:30 Repórter África Independências 35 anos to e que Tito vai acabar percebendo. Iara afirma que não quer continuar a
fazer falcatrua. Virgílio responde que ela já foi longe demais para desistir.
07:30 Olhar do Mundo (Telenovela) 16:45 ZIG ZAG 20:00 Telejornal 23:00 Programa a Nicolau conta a Arminda que Tito se apropriou das terras que são da família
08:00 ZIG ZAG 13:00 Jornal da Tarde 17:30 Quem quer ser 21:00 Paixões designar dele. O senador oferece champanhe a Tito e Karina. A contragosto, Tito
09:00 Notícias 14:15 Repórter África Milionário Proibidas 00:00 Notícias ergue a taça para Nicolau. Karina bebe o champanhe com prazer. Eleonora
pergunta a Teixeira se ele quer voltar com ela para a Europa. Ele afirma que,
10:15 ZIG ZAG 14:30 África Sport 18:15 O Olhar da Serpente 21:45 Top Crioulo 01:00 Repórter África mesmo estando com outra identidade, prefere não arriscar. Tito vai até a
mesa de Nicolau e agradece-lhe o champanhe. Os dois estranham, mas fin-
Quarta-feira 4 Agosto gem que está tudo bem. Zé Mário diz a Flores que jamais vai concordar com
ele. Flores diz ao amigo que ele se tornou um burguesinho acomodado.
RTP-ÁFRICA Arminda conta a Nicolau que pretende presidir à empresa quando madame
06:00 ZIG ZAG 11:00 Clips RTP África 15:00 Vila Faia 19:00 Fórum África 22:15 Nha Terra, Nha Durrel se afastar. Arminda e Nicolau vão para o motel e ela esforça-se por se
07:00 Bom Dia Portugal 12:00 Ganância 15:45 O Preço Certo 19:30 Repórter África entregar. Arminda chega a casa e fica irritada ao pensar em Joca. Lílian exige
Cretcheu que Nicolau lhe conte com quem passou a noite. Nicolau responde que foi
07:30 África Sport (R/) (Telenovela) 16:30 ZIG ZAG 20:00 Telejornal 23:15 Biosfera com Arminda. Diana acorda, agradece a Bill pela ajuda e dá-lhe um cordão
08:00 ZIG ZAG 13:00 Jornal da Tarde 17:30 Quem quer ser 21:00 Paixões 00:00 Notícias de lembrança. Carlos conta a Newton que Tião mora no meio do mato e afir-
ma que a história do beijo é mentira. Zuleide e Newton discutem. Ellen diz
09:00 Notícias 14:15 Repórter África Milionário Proibidas 01:00 Repórter África a Sílvio que se a história do beijo for verdade, o ideal é continuar tentando
10:15 ZIG ZAG 14:30 Fórum África 18:15 O Olhar da Serpente 21:45 Rumos (R/) conversar com Guilherme. Zuleide liga a Ellen, que corta logo a conversa.
Sílvio e Ellen dizem a Guilherme que acham melhor ele não ir à escola até
Quinta-feira 5 Agosto a poeira baixar. Diana vê Carlos indo para o colégio e pede para ele ajudá-
-la. Carmem mostra o anúncio da Patrimônio Eterno a Filomena. Querêncio
RTP-ÁFRICA chega para mais uma sessão de pintura e acaba discutindo com Eleonora.
06:00 ZIG ZAG 11:00 Clips RTP África 15:00 Vila Faia 19:00 Áfric@ Global 22:15 Moçambique Nasinho faz queixa contra Sílvio na delegacia. Diana vai até a sala de
Arminda e pede ajuda para a executiva.
07:00 Bom Dia Portugal 12:00 Ganância 15:30 O Preço Certo 19:30 Repórter África Fashion Week
07:30 Fórum África (Telenovela)) 16:30 ZIG ZAG 20:00 Telejornal 23:15 Cidade Despida
08:00 ZIG ZAG 13:00 Jornal da Tarde 17:30 Quem quer ser 21:15 Paixões Proibidas
SIC • Passione
00:00 Notícias
09:00 Notícias 14:15 Repórter África Milionário 22:00 Pérolas do 01:00 Repórter África (R/)
10:00 ZIG ZAG 14:30 Áfric@ Global 18:15 O Olhar da Serpente Oceano 01:30 Áfric@ Global

Sexta-feira 6 Agosto
RTP-ÁFRICA
06:00 ZIG ZAG 11:00 Biosfera 15:00 Vila Faia 19:00 Artes e 22:45 Portugueses pelo
07:00 Bom Dia Portugal 12:00 Ganância 15:30 O Preço Certo Espectáculos Mundo
07:30 Áfric@ Global (R/) (Telenovela)) 16:30 ZIG ZAG 19:30 Repórter África 23:30 Linha da Frente
08:00 ZIG ZAG 13:00 Jornal da Tarde 17:30 Quem quer ser 20:00 Telejornal 00:30 Notícias
09:00 Notícias 14:15 Repórter África Milionário 21:15 Paixões Proibidas 01:30 Repórter África
10:00 ZIG ZAG 14:30 Artes e Espectáculos 18:15 O Olhar da Serpente
Fred diz que vai se vingar por ter sido abandonado no altar
21:45 Músicas de África (R/)

Sábado 7 Agosto M elina tenta desvencilhar-se de Mauro, mas os dois beijam-se nova-
mente. Stela perde a paciência com Saulo, que estranha o comporta-
mento da esposa. Adamo desentende-se com Totó e vai embora com
Francesca. Mauro convence Melina a desistir do casamento com Fred. Os
RTP-ÁFRICA convidados estranham a demora da noiva e Fred fica nervoso.
06:00 ZIG ZAG 10:00 Sal na Língua 14:15 Rumos 17:45 Desporto 2 21:00 Festi Angola Mauro garante a Melina que vai casar-se com ela. Diana comenta com Cris
07:00 Iniciativa África 10:30 Notíias de 14:45 Arquitectarte 19:00 Janela Indiscreta 2010 o estranho comportamento de Mauro e a sua preocupação com o casamento
com Mário de Melina e Fred. Clô reclama por não ter sido convidada para o casamento
07:30 Moamba Portugal 15:15 Músicas de 22:00 Carrega no de Melina. Jéssica implora para que Berilo a liberte do castigo que ele lhe
08:00 África 7 Dias 11:00 Portugal Sem África (R/) Augusto Botão impôs. Mauro avisa os Gouveia que não vai mais haver casamento.
08:30 Biosfera (R/) Fronteiras 16:30 ZIG ZAG 19:30 Top Crioulo 00:00 Notícias Diógenes telefona para Bete e dá-lhe a notícia. Bete comemora a decisão.
20:00 Telejornal Mauro e Melina avisam Bete que irão casar-se e ela fica surpreendida. Fred
09:00 ZIG ZAG 13:00 Jornal da Tarde 17:30 Surftotal 01:00 Grandes Livros afirma a Agnello que vai se vingar por ter sido abandonado no altar.
Diógenes preocupa-se com a decisão do filho se casar. Melina conta a Bete
Domingo 8 Agosto o pedido que Mauro lhe fez.
Adamo conversa com Francesca e faz reclamações de Totó. Clara recusa-se
RTP-ÁFRICA a ajudar Mimi no seu plano para fazer Agostina ficar na Itália. Adamo diz a
06:00 ZIG ZAG 09:00 ZIG ZAG 13:00 Jornal da Tarde 17:45 Desporto 2 22:00 Dá-me Música Totó que vai morar com Francesca. Clara vê Danilo negociando com um
07:00 Rumos 10:15 Eucaristia 14:15 Negócios de África 18:45 Portugueses pelo 23:30 Pérolas do homem suspeito e fica preocupada. Brígida diz a Bete que Gerson anda
muito distante e a empresária resolve falar com o filho.
07:30 Lá e Cá (R/) Dominical 14:45 Olhar o Mundo Mundo (R/) Oceano(R/) Bete confessa a Melina que teme que Gerson faça alguma bobagem.
08:00 Negócios de África 11:00 Nós 15:15 Nha Terra, Nha 19:30 África 7 Dias (R/) 00:00 Notícias Françoise avisa Clô que vai decorar sua casa, mas não aceita nenhuma inter-
08:30 Pérolas do 12:00 Olhar o Mundo Cretcheu 20:00 Telejornal 01:00 Só Visto! ferência no seu trabalho. Berilo atrasa-se para a reunião com um fornecedor
e Olavo perde a paciência.
Oceano(R/) 12:30 Moamba 16:15 ZIG ZAG 21:00 A de Autor Jéssica segue o marido até casa de Agostina. Candê comenta com Felícia que
Fred vai vingar-se de Melina. Fred invade a casa de Bete e exige que Melina
OBS: Esta programação tem o horário de Portugal (são menos 2 horas em Cabo Verde).
lhe dê uma explicação. Mauro conta a Diana que vai casar-se com Melina.

bai-bai nôs kriola
Na escala hierárquica
da nova prostituição
da cidade do Mindelo a
“macaquinha do sexo
oral por 500 escudos”
está entre a
pixinguinha e a
“macaca” – a garota
de programa. Digamos
que são freelancers:
atuam em quase todo
o lado - junto dos
carros pedindo boleia,
oferecendo sexo oral
por apenas 500$00
M
ónica. Podia ser Noémia
ou Tanha. Faz sinal de bo-
leia ao carro que desce na
rua da Escola Técnica em direção a La-
ginha. O carro pára. Ela é franzina, em-
bora bonita. Não tem mais de treze
anos. Para não dizer doze – “Posso en-
trar?”, pergunta. E vai direto ao assun-
to: estou com falta de mil escudos, ho-
je ainda não comi. E prossegue com a
ladainha. Até chegar ao ponto: posso
fazer sexo oral por quinhentos escudos.
A relação pode evoluir, depende do
cliente. Pode ficar pelo sexo oral ou
por outros encontros que transformem
a relação naquilo a que chamam “um
Titio pá dá-me um café”. Ou seja, um
homem mais velho, nacional, com
dinheiro, normalmente casado, que
passa a ter uma relação com a “ma-
caquinha” - assim são chamadas. Re-
sume a: quando o homem quer ter se-
xo, chama-a.
“Dá o café” traduz-se em dinheiro, te-
lemóvel, roupas, jantares - até uma ca-
sa para morar, enquanto ela se portar
bem. Entenda-se: não começar a usar a
casa para encontros com homens da
sua idade. O “Titio” exige e paga por
uma fidelidade que nunca terá.
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Sábado 31 Julho 2010
Escreva-nos:
semanarioja@gmail.com
Prostituição infantil no Mindelo
A Macaquinha
do sexo oral
por 500 escudos atua em grupo, bebe muito e o seu al-
vo preferencial são os estrangeiros.
São atrevidas e normalmente muito
bonitas, capazes de “prometer e fazer
as maiores loucuras”.
A sua abordagem não é a de prostitu-
ta clássica: a “macaquinha” tenta, de
fato, seduzir o homem com a sua be-
leza, juventude e loucura. Ela gosta de
sexo e gaba-se disso. Só depois da se-
dução é que se atreve a pedir dinheiro
e normalmente não pede como pa-
gamento pelo sexo. A estilosa é ma-
nhosa. Pede para pagar as propinas ou
para o remédio para a velha mãe, ou
para a comida.
No princípio, ela sai com os estrangei-
ros que vêm passar pouco tempo na
ilha. Chega a sair com eles durante
três ou quatro dias, pode ser vista nos
bons restaurantes, nos hotéis, em bons
carros. Normalmente o cliente acaba
As que conseguem o “café do Titio” A macaquinha estilosa guns casos, seja verdade. Que dois por lhe dar uma “gratificação” que
estão garantidas até o “Titio” se can- whiskies, um snif de “cocaína” e um ronda os 100 ou 150 euros. Afinal, a
sar e arranjar outra. As outras continu- Kátia tem 16 anos. E não anda no en- “charro” de erva sejam responsáveis ilusão de conquistar uma jovem criou-
am a engatar junto dos carros ou na gate na rua. O seu alvo são os estran- pelo desvairo de uma ou duas noites la tem o seu preço. A macaquinha
Laginha. Na escala hierárquica da no- geiros. Katia veste-se bem. Roupa de que renderam 200 euros. Mas a maio- sabe disso e cobra por isso.
va prostituição da cidade do Mindelo marca. Perfume de griffe. É bonita. ria das “macaquinhas”, que eu tinha O grande trunfo é a sua juventude e
a “macaquinha do sexo oral por 500 e- Muito bonita. Não se consegue dizer pesquisado há cerca de ano, continua beleza, e ela joga com isso. Sabe que
scudos” está entre a que seja uma prostitu- na mesma vida. O estilo de vida que os homens a desejam e que, para a ter,
pixinguinha e a “maca- Não tem mais de ta - não se parece com levam é sedutor e vicia: roupas caras, é preciso entrar no jogo: fingir que é
ca” – a garota de pro- perfumes, dinheiro para beber e com-
grama. Digamos que
treze anos. Para não uma prostituta. E não
se assume como tal: prar droga são impedimento muito
seduzida e que consegue seduzir, e ir
puxando da carteira os cem ou 150
são freelancers atuam dizer doze – “Posso “Eu vou com quem forte para voltar à escola ou ao empre- euros. A “macaquinha” não trabalha
em quase todo o lado: entrar?”, pergunta. gosto, dou a quem go onde ganhavam 10 mil escudos por de borla. O seu estilo de vida é caro e
junto dos carros pedin- E vai direto ao quero, não vejo nada mês. é isso que a distingue da pixinguinha
do boleia, oferecendo de mal que me dêem A “macaquinha” atua nos bares, nas que “engata” na rua e cobra dois mil
sexo oral por apenas assunto: estou com um telemóvel e um di- discotecas, nas festas. Normalmente escudos para ir com um cliente.
500$00, nos bares, nas falta de mil escudos, nheirinho para com-
discotecas. hoje ainda não comi. prar uma roupa”.
São muito jovens, co- Embora admitam que
mo o caso de Suely. 14 E prossegue com a recebem dinheiro para
anos. “Não faço prosti- ladainha. Até chegar ter sexo, a palavra
tuição. Não é todos os ao ponto: posso prostituta, menina de
dias. Mas costumo vir
a andar desde a Ribeiri-
fazer sexo oral por vida, não é aceite por
elas. “Apenas me di-
nha até a Laginha e vou quinhentos escudos virto. Saio com quem
pedindo boleia e sou tem dinheiro para jan-
clara com o homem: digo-lhe que só tarmos, para ir a uma discoteca. Não
faço sexo oral. Muitas vezes chegam a recebo para ter sexo. Não peço, são
dar-me mil escudos. Houve um senhor eles que dão”.
que chegou a dar-me 50 euros”. E sendo assim… pode ser que, em al-