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MEDIDA CAUTELAR Nº 12.

743 -SP (2007/0093099-1)

RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI


REQUERENTE : GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S/A
ADVOGADO : RODRIGO NEIVA PINHEIRO E OUTROS
REQUERIDO
REQUERIDO
:
:
ANDRÉ ANHAIA MELLO DE MAGALHÃES
SÉRGIO DE MAGALHÃES FILHO
REQUERIDO : MARIA ANHAIA MELLO DE MAGALHÃES
DECISÃO
Trata-se de medida cautelar proposta por GLOBO COMUNICAÇÃO E
PARTICIPAÇÕES S/A visando à atribuição de efeito suspensivo a recurso especial por ela
interposto impugnando acórdão do TJ/SP.
Ação: de indenização por danos material e moral, proposta por ANDRÉ
ANHAIA MELLO DE MAGALHÃES, SÉRGIO DE MAGALHÃES FILHO e MARIA
ANHAIA MELLO DE MAGALHÃES.
Na inicial, os autores argumentam que o co-autor ANDRÉ é filho natural da
co-autora MARIA e do cantor WANDERLEY CARDOSO. Todavia, tendo em vista o
abandono do filho por seu pai biológico, o co-Autor SÉRGIO, com quem MARIA contraiu
segundas núpcias, obteve, em juízo, o direito à adoção de ANDRÉ, destituindo o pátrio poder
seu pai.
Esse fato, que diz respeito à vida privada dos autores, teria sido indevidamente
veiculado pela emissora de TV, que o abordou, inicialmente, no programa "Vídeo Sho
w" e,
depois, no programa "Fantástico". A história, cujo título era "Investigação em Família", su
eria
que ANDRÉ teria sido "roubado" de seu verdadeiro pai, o cantor WANDERLEY CARDOSO,
que ansiava por um reencontro com seu filho, a quem não via há mais de 15 anos.
A história, conforme narram os autores, seria falaciosa. Não teria havido "roubo"
algum, tampouco a intenção de afastar pai e filho. O que ocorreu foi o abandono, por
parte do
cantor, de seu filho natural, o que foi, inclusive, reconhecido judicialmente. A
intenção com a
reportagem, argumentam, seria meramente a de novamente promover, com matéria
sensacionalista, um artista já esquecido pela grande mídia.
A veiculação das reportagens teria causado grave dano, tanto de ordem material,
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como de ordem moral, a todos os envolvidos. A adoção de ANDRÉ por SÉRGIO não era fato
conhecido em seu círculo social. A intimidade da família, a partir da veiculação dos pro
gramas, foi
indevidamente exposta, causando grave constrangimento.
Sentença: julgou procedente o pedido, condenando a ora requerente ao
pagamento de indenização de 600 salários mínimos (R$ 156.000,00, à época) para cada um dos
três autores. Também condenou a emissora a reparar o dano material causado (cuja fix
ação seria
feita em liquidação de sentença) e à veiculação de retratação nos mesmos programas, "Vídeo
Show" e "Fantástico", com o mesmo tempo de duração da reportagem lesiva. Tanto os auto
res
como a ré apelaram.
Acórdão: deu provimento ao recurso dos autores, para o fim de elevar a
reparação do dano moral a 900 salários mínimos (R$ 315.000,00, à época), para cada um dos
autores, num total de R$ 945.000,00. Ao recurso da ré deu parcial provimento, afas
tando a
indenização por dano material e a obrigatoriedade de veiculação de retratação. Eis a ementa
transcrita na parte que interessa:
"(...)
INDENIZAÇÃO. DIVULGAÇÃO POR MEIO TELEVISIVO DE
ADOÇÃO HAVIDA. ASPECTO ÍNTIMO E PARTICULAR DA FAMÍLIA QUE
NÃO AUTORIZOU A SUA EXTERIORIZAÇÃO PELO CANAL DE TV.
DIREITO DE INFORMAÇÃO NÃO POSSUI CARÁTER ABSOLUTO E DEVE
SE HARMONIZAR COM A GARANTIA DA INVIOLABILIDADE À
INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. APLICAÇÃO DO ART. 5º, IV, IX, XIV, E
ART. 220, §1º, DA CF. IRRELEVÂNCIA DE ENVOLVIMENTO DE UM
CANTOR CONHECIDO PELO GRANDE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE
UTILIDADE PÚBLICA CAPAZ DE LEGITIMAR A CONDUTA. PATENTE
O DEVER DE INDENIZAR. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO
DA RÉ IMPROVIDO NESTE TÓPICO.
DANOS MORAIS. FIXAÇÃO PELA SENTENÇA NO
MONTANTE TOTAL DE 1800 SALÁRIOS MÍNIMOS. ABSOLUTA
ADEQUAÇÃO PELA INADEQUADA ABERTURA DE QUESTÕES DE
FAMÍLIA, COM NEFASTAS CONSEQÜÊNCIAS MORAIS. REDUÇÃO
INDEVIDA. PRETENDIDA ELEVAÇÃO DEVIDA. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. RECURSO DA RÉ IMPROVIDO NESTE TÓPICO E
PROVIDO O DOS AUTORES.
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DANOS MATERIAIS. INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DE EFETIVA COMPROVAÇÃO. UNILATERALIDADE DA
PROVA TESTEMUNHAL. AUSÊNCIA DE PROVA DOCUMENTAL.
APLICAÇÃO DO ART. 333, I, DO CPC. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
RECURSO DA RÉ PROVIDO NESTE TÓPICO.
DIVULGAÇÃO DE SENTENÇA PELA EMISSORA DE
TELEVISÃO. DESNECESSIDADE. INEXISTÊNCIA DE CALÚNIA,
INJÚRIA OU DIFAMAÇÃO A SUPEDANEAR O PEDIDO. ADEMAIS,
REABERTURA DO CASO NO MEIO DE COMUNICAÇÃO APENAS
SERVIRIA PARA REAVIVAR O FATO MOTIVADOR DO DANO MORAL.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DA RÉ PROVIDO NESTE
TÓPICO."
Embargos de declaração: opostos, foram rejeitados pelo Tribunal a quo, com
imposição de multa.
Recurso especial: interposto, tanto pelos autores, como pela ré. Os autores
argumentam ter sido violado o art. 75 da Lei nº 5.250/67. A ré, ora requerente, ter
sido violado o
art. 53 dessa mesma lei. O pedido é de redução do valor fixado para a reparação do dano mo
ral,
bem como afastar a aplicação de multa pela interposição dos embargos de declaração.
Juízo de admissibilidade, na origem: nenhum dos recursos foi admitido.
Agravo de instrumento: interposto pela ora requerente, visando à admissão de
seu recurso especial.
Medida cautelar: proposta para a atribuição de efeito suspensivo ao recurso. Os
argumentos são os de que há aparência de direito, à medida que a jurisprudência desta Cort
e
repudia indenizações milionárias em hipóteses como a dos autos. No que diz respeito ao p
erigo
de demora, o argumento é de que há severo constrangimento na nova disciplina da fase
de
cumprimento de sentença imprimida pela Lei nº 11.232/2005, notadamente a multa intro
duzida no
art. 475-J e a possibilidade de levantamento da quantia depositada em dinheiro
independentemente de caução, disciplinada pelo art. 475-O, §2º, inc. II.
Relatado o processo, decido.
Para o deferimento de liminar em medida cautelar é necessário que concorram os
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requisitos da aparência do direito, conhecido pela expressão latina fumus boni iuris
, bem como o
risco de ineficácia do provimento em caso de demora na prestação jurisdicional, juridi
camente
denominado periculum in mora.
No que diz respeito ao fumus boni iuris, o principal fundamento desta medida
cautelar se prende ao montante da condenação imposta pelo Tribunal a quo a título de r
eparação
pelo dano moral em razão das reportagens veiculadas pela Rede Globo de Televisão. Pa
ra a
requerente, fixar a reparação em 900 salários-mínimos para cada uma das vítimas implicaria
promover-lhes enriquecimento ilícito e destoaria da maciça jurisprudência desta Corte
em relação
à matéria.
Assiste razão, neste ponto, à requerente. Sem prejuízo da reapreciação da matéria
por ocasião do julgamento do Recurso Especial, é pacífico na jurisprudência do STJ que o
valor
da indenização por dano moral está sujeito a controle quando se mostrar irrisório ou exc
essivo.
Nesse sentido são os seguintes precedentes: (i) para a redução da indenização fixada em pa
tamar
exagerado, REsp nº 796.808/RN (1ª Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 1º/6/2006); RE
sp
nº 783.644/PE (4ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ de 19/12/2005) e REsp nº
740.441 (3ª Turma, de minha relatoria, DJ de 1º/7/2005), entre outros; (ii) para o a
umento de da
indenização fixada em valor irrisório, REsp nº 710.879/MG (3ª Turma, de minha relatoria, D
J de
19/6/2006) e REsp nº 173.927/AP (3ª Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho, DJ de 19/5/20
05),
entre outros.
Na hipótese dos autos, pela análise perfunctória que é dado a esta relatora fazer
em sede cautelar, o valor da indenização por dano moral não está conforme os padrões adota
dos
pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, mesmo tendo em vista a gravidad
e da lesão
causada às vítimas. Com efeito, mesmo em hipóteses de falecimento da vítima, as indenizaçõe
concedidas nesta sede não atingem o patamar fixado pelo Tribunal a quo, de mais de
um milhão
de reais. Nesse sentido, podem ser citados os seguintes precedentes: REsp nº 659.4
20/PB, de
minha relatoria, DJ de 1º/2/2005; REsp nº 742.175/GO, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 6/2/
2006;
REsp nº 721.091/SP, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ de 1º/2/2006; REsp nº 687.567/RS,
Rel.
Min. Cesar Asfor Rocha, DJ de 28/6/2005; REsp nº 469.867/SP, Rel. Min. Carlos Albe
rto
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Menezes Direito, DJ de 14/11/2005; REsp nº 710.335/RJ, Rel. Min. César Asfor Rocha,
DJ de
10/10/2005; entre outros.
Disso decorre que, conforme argumenta a requerente, são, de fato, muito
relevantes os questionamentos por ela suscitados em seu recurso especial que, qu
anto a este
aspecto, apresenta uma razoável probabilidade de êxito. Presente, portanto, ao menos
em
princípio, o requisito do fumus boni iuris para o deferimento da medida liminar pl
eiteada.
No que diz respeito ao periculum in mora, o argumento desenvolvido pela
requerente é o de que há risco de perda irreparável em função do novo regime de cumpriment
o
de sentença estabelecido pela Lei nº 11.232/05. Na hipótese dos autos, tendo em vista
que o
Recurso Especial interposto pela requerente não foi admitido na origem, o eventual
depósito por
ela feito (a fim de evitar a incidência da multa disciplinada pelo art. 475-J), po
derá ser levantado
pelos credores independentemente de caução.
Assiste-lhe razão, também aqui. A iminência de prejuízo com o levantamento de
eventual depósito está presente.
Todavia, compete ao julgador, diante de uma inovação legislativa, adaptar-se ao
novo modelo legal e conformar suas decisões, não apenas à letra da lei, mas também ao es
pírito
que a informou.
Os arts. 475-J e 475-O do CPC claramente foram introduzidos no sistema
processual com a intenção de conferir celeridade à realização do direito da parte. O direi
to
processual deixa de voltar seus olhos de maneira fixa às garantias destinadas ao d
evedor, e passa
a observar também a necessidade de realização célere do direito do credor, quando este o
stente
título executivo judicial. A expropriação do bem do devedor sem prévio processo seria ab
surda
e, seguramente, lesaria seu direito de defesa. Mas a demora interminável na realiz
ação do direito
do credor também fere um direito constitucionalmente estabelecido, à razoável duração do
processo.
É com os olhos voltados para essa nova ordem que o juiz tem de atuar, sob pena
de, com decisões tomadas sob a influência de concepções antigas, tornar tábula rasa todo o
esforço da sociedade, posto em prática mediante os seus representantes no Congresso
Nacional,
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de imprimir celeridade aos processos judiciais.
Não há dúvidas quanto à função dos arts. 475-J e 475-O do CPC: o primeiro visa
à realização específica do direito do credor mediante ato do próprio devedor. A resistência
a
adimplir espontaneamente a obrigação é punida com multa. Afastar, imotivadamente, a ef
icácia
deste dispositivo implicaria afronta à vontade popular. O mesmo pode-se dizer a re
speito do art.
475-O: as hipóteses em que está autorizado o levantamento de quantia independentemen
te de
caução estão disciplinadas, comportando restritas exceções.
Tendo isso em vista, não é possível simplesmente suspender a eficácia do acórdão
recorrido. Tal postura implicaria conduzir o processo de execução com a mente voltad
a a
padrões retrógrados, ao velho processo, conforme concebido antes da reforma.
De todo o exposto, o melhor modo de conjugar os interesses em conflito é o de
autorizar a suspensão do acórdão requerido mediante, de duas, uma: (i) ou o depósito int
egral
da indenização fixada pelo Tribunal a quo (impedindo-se, nesta hipótese, seu levantame
nto pelo
credor); (ii) ou o oferecimento de fiança bancária nesse valor, fiança essa exeqüível
imediatamente após o trânsito em julgado da ação (ainda que em valor menor, conforme o
resultado do processo).
No que concerne à multa devida nos termos do art. 475-J, fixo o prazo de 15
dias, contado da publicação desta decisão, para que, independentemente dela, o devedor
promova o depósito ou preste a fiança. Não cumprida a determinação judicial neste prazo, a
execução se fará acrescida da multa.
Essa é postura, para a peculiar hipótese dos autos, assegura o processo de
execução como processo de resultado idealizado pelo legislador, acomodando o reconhe
cimento
do fumus boni iuris, por um lado, e o anseio popular de efetividade da decisão jud
icial, por
outro.
Forte em tais razões, defiro parcialmente a medida liminar requerida, nos termos
estabelecidos acima. Tanto o depósito judicial, como a fiança bancária, deverão ser ofer
ecidos ao
juízo de primeiro grau, que será cientificado do conteúdo desta decisão.
Citem-se os requeridos para que ofereçam contestação, no prazo legal.
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Publique-se. Intimem-se. Oficie-se.
Brasília (DF), 25 de abril de 2007.
MINISTRA NANCY ANDRIGHI
Relatora
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