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a a Ps F a rey, mo : Cara a cara: Qual o lugar na profissao? OR eer aC t CucrT Eaones Resronsives MonalisaNase imenta dos Santos Barros (CFP) Marcus Vinicius de Oliveira Siva erry Maroos Ribeiro Ferreira (oonvidado) Consexrio Eorromat ‘Cirmen Maria Mota Cardoso (Regio Nordosts| Eleonora Avnaud Pareira Fe (Rogide Nore] Holana de Bartos Conde Rodrigues Fepiso Sudaste Daniela Sacramanto Zanini (Regio ‘Centra-Oeste} ‘Tonic Gorranbach Luna (Regie Sul cog Rewste or Porrucuts Maria nis Dorga da Siva dome. Resrossd ur Monioa Torras Maia ABM Comunicn g50, Ante Rosmne.Garcia EditoraMassap#-Assussria Projets Esp Coane, Ten EHuusTINGDES ‘Waiter Luis Foros Sanagé Patricia Mendes lermessio ‘Act Pinta Gedtic oe Lt, Dezembro/2005 Tevorm 190 ml examplares r a tz z = ma Const do Peicad ogi, compost: pelos 18Conalhas de Psicologia (CFF, SATVN, Quadra 702, Editicls Greslia Radio Canter, 49 andar, Conjunto 4024.8 ceP70719.900 Tel 61 21080100 Faxe 61 21090180 E-mail revistodialogesftpalorg.br Dictribuigio gratuita aoe poieblogas inscrios nos CRPs Versio on line no site swore. pal.orgbe Dialogos www.pol.org.br Joo 2-13 ~ devembroj 2005 _ Gi Entrevista/lviz Pasquali Reportagem Histéria Os trabalhos da Comissdo E possivel avaliar? 16 Expectativas sociais e controvérsias Cora a Cora Desmistificands bolas de eristal: Ricardo Primi X Maria Clotilde Ferreira Imagens As wirias facetas Wesviteles cs ieenaledie Coluna do psicalogo Lista de diseusstc- Resenhas Pelos testes brasileiros Neutratidade 6 inite Investigando diferengas Analise “Mentes que brilham” Artigos Criticas ae convencionall Um insiituta nacional Banalizagia de diogndsticos Prevencdo, riscos elk Q Pisce DIALOGOS constitu! ra anon stagdo dor somprombsas que oSétena ‘Camselios de Fleologia assum pecan de ictitulgSer totais os sontingentes humanot mals seploradse da sociedade braclera, ss exctutese 0 visaes em seus dveles fancamentals. ‘Noa me ester sida: de quee Conselho federal dePoeologlaé wma dasinettulgdes da socledade aluleom malar bylubnela, hale, na seara dos divltoshumanas, nto spenaspargieasmumis esse clara sompromiza mar rabvetido pela producho canifeat ees enggiamentone dea. 0 artigos, as mateiasrelatas as ‘ee ltuiebe: tala’ (pentenctivies, eanlcdm an, unites de ‘temapdade adsleicentes he) emeame a pesgulsa sve oe snipos mais vulneniveieda nossa sociedade ado merecedoves de vecontecimerto abrolute pomue alirmamuma nova escalade solores consitvem mawor ‘referencias para a atagio dos Prafssionats DIALOGOS nos trade a intengdo sos eoruelios depsicalogia dese soretitulrem onda wezmals em eidades profivionatends apenas surporativas ¢ sim beiuiples a sevigada sactadase Fuvblo multfacetiria, como ger stentfice, dispereada aos temas watadospela reuisia é sem dina, ‘eferénda importante nda sépara ‘2 psedlogar como também para nutes pfssionals emlsartes en ‘freitar humana. Stem, pos. do smestentecicsma, ds mew recankecimento pela tnieiativa. Ageing Pads Vat Assen Josie 6 Consiis Distt Heras Mien do Camara des Depends Gostuiaderaoebera cf! Ida. j DIALOGOs, 2008 peccterapa, ndspertaal sh quadou aulas da Borias 8 Theres Poecterdneas ie cama universdiarts federal da Fagide Reread, Olvigade St a Bn dS ea lo (2) ‘Seu proleesorauwersitira ‘oan daitoradoe pie doutomde am floestiads deato oteora do dea ‘Tavane bastan con question do draitos humanes, Sica destes fundamen, domecneia dreto de ibestade = squdidade otc, Twa contats com undes-enarpiams da svete DIALOGOS 9-69 ‘quesua let pode seneguaecer muster: alas, propiciando.a witerdscipinaincede cacessiria pam 0 dasenvevimreria da na 8 dp conhesimanta aude Toads Bab Maton) ‘Gestuéa de solotacthes 0 vendo da revel DILLOCOS sobrepsccterapa, inna qual medadioa faved o nimero sone dratos humane, 92° 9a), ‘exoaiorta union Arar ds Oba odo bata fn) ‘Sou paiotioga mod Yoomada 2 gostal muted DIALOGOS #2 dos artiges, sittevatas mutéras Considaro.que notsestio ‘camgrindoum 2ape erocrisnfzsi, ‘cantsbunde paraa produgio centles,rsenesdods ntormagies.o.acimulab salededacatagens profesional. Gastnia do sscasbartarisdm DILO GOS 1, sob secolerasa, porque ease tema meintessssa mite Mora Bt Barges Sal (3) | Ronobl aodighon 2da Revista DIALOG ‘eon dou os para, Gostata de adguer o nmr ator ceonterapa, que, nassegbes Reparcussioa Cartas, vom ‘We slogada ecomemtada peo que | socal egostana de cod Univeaidade do Extremo Sul } Cutainense,Doutoraam tes P shoanvolvmenta afz nestle emeseseg £ ambiantal, Contudo; nfo sou paebloga sou asst nt osha amvetaPecooga ‘Ginoae Profssio DLALOGS, ‘has Maa oes ima) Emprimairo lugar vente parabanzdiespelncarsta queastd muta boa lnioiaia atuma sSesreagui parade Brno fina. Tabaihoem uma conundadeteragiutioa qua tem comatose pancipa ‘patardapendecten quimicos Euma cineca aberta. Mass seats donoomuntire sob diversas outmsolnicas sip pals ois dos mas FP surpeandentas’ as bavrbatdades ques mess: P facam como sar humano eemotstamn g nat P deamapato. Néobasta Nectar os manobmes, ese maim passe. Tamas quetanban stenstoa E feonlanyéodessas nnstiuigies que tata de nanhuena condighe, prepara ‘eestritura Ancasa P omiagora tam que begar lutarateatatar malts gama P conquisty onossoaszago 8 contiuirparauma sooadade metnoc ur Famade logo Hes Mita) Parabine a Revie DLULOGOS, Fiqueitrustadis gorndpter revatadoo rf | @ gpstanadasaber da possibiidade darecsbia. ‘ast ind Ganado Oven ata Mag (85) P Folumo felz-surpresa sasha arevsta Peesiaga } Cancae Profasto DIALOCOs, Parade & todpell As matérassiode tim qualidade, abd de £ sarem imponantssimaspara E oaprafundamente 2 E omscimanto pnasaale F profissionalda nessa ‘omagera, Gostata de ‘eomuniosr quando sosb! o E evemplarn® | doxsa D marvenosa revista E Quer pamberiaa ce F do reamsoe de nun p dot jf editoras@ os colabocatores £ daravism, queastin fazendo E urtaibae E snriquecador com anigns da ante a ita quaidade, Tabet corn § Saldaco Tananador. | sequade aPstaran® | 16791GM. da satembm ds 5 2002.doMinstio da Savide..0 gestaria que futuamnente fossem publiondos artgas sobs axeide moat ia Moda casm hracs an (a) Feeoowda vazmab fala 2 ncipsimanta, abvinda nor verartiges tatande de gape do pmotloge no sstema pantenciite. Paabéns pela dltens pubbeagaoda caret, ‘contendoviscs arkgos sob oasunt. Trabatte nosso sistema hioito ams confasze quem encom, E no mmaree, bastatta desastordiadaetentsdas bait Se opanel dopsicéloge carts) eu Serta crounscstofreaizagio da isudes para fins de nates, agora esti pio, os eétanienmonde tarnben riteparaccomeido desis...Como disse Mara Marca fiadaré Sando=, “abo hicome vouvar a2 masme tarnas lugar P daqueleque tar consigos f mara de contin oxtmala P eelocarsenuma posighe de oscutsa canfinnga° Ent, sho murs aspen espactoas nessa fpo de atuspie que precsam sat soramonie debaides 0 oprofundedos, pela casse, pelos conelos. Antes, sontioana muita 25.mas agoravaoquaessa discussio asté sainds ‘do funda das cals psioblogo precisa partcipar nage silos eas rudeness egisingso na Nao dé para fazer de comlaquendoestanis f escutandocs 'ystes do outtolade da parade". Quero Fina Moe ‘advan (28) Panbiins b ravista Pricelogia Cidnaia © Prafissbo P DELLORDS patonove vewal Fe pains pubioagdee da trazatice da ataquaidads A Baa dates: Congo Genk Ot) (oC nel Ping) — 9 a, Ta Mado Ch nk, cyan A 119 ae oa kn is sh Sar Bg opm ni 4 | indas hetite— Degen - 0° 3 -daunien 2005 ‘Pomc waadealnopiSm in lin vuole ca Homa ele sapien sagm anima dosed como vrai A saiaigan doeoras ab slecaarsadiets om salem camaiane J Mergulho na diversida anter a DIALOGOS com mesmo nivel de quali- dade e sucessa dos nuimeros ante- rigres € 0 gosto- 0 desafio para nds, do Xill Plenério do Conselho Fe- deral de Psicologia! Para continuarmas © nosso dié- logo, apresentamoz o ter- eeiro némero da revista Ciencia e Profissa0 DLALO- ‘GOS. Noszo intuito € conseli- dar um estilo a0 mesmo tempo leve ¢ profunde, trazendo temas que digam respeito ditetamente a pratica do profissional dda psicologia. Por isso, abordaremos. neste niimero. © tema: ‘Oz Dilemas da Avaliagio Pricolagica" Dizcutir a: dilemaz da avaliagio psicolégica sig- nifica reconstruir a histéria da prépria psicologia no Brasil. percorrer as caminhos da consolidagao da profissao como cigncia, depararmo-noz com os dile- mas atuais acerca das métodos e técnicas da psicalo- sia © eapiar a3 possibilidades futures. Aqui se apre- zenta também uma reflexao acerca do que € pratica privativa do psicélogo, conforme a Lei n° 4.119, de agosto de 1962, que regulamenta 2 nossa profissio: © uso de testes psicolégicos. ‘Aico mergulharmos no universo da avaliagio prico- légica, dezcobrimos a diversidade de compreensées, usoz ¢ expectati ditérios, as vezes complementares, ds vezes apenas diferentes. E isco dentro ¢ fora da prafissao! Dentro, hi os grupos que pregam a avaliagao psicolé- gica sem testes, os que usam a psicometria para explorar capacidades, o= que investem na informati- zagie dos testes, 0 que questionam a banalizagao dos testes pelas revistas popula- ree, 08 que investem na cans- trugio de novos testes, o: que trabalham na-validagao dos que jé existem, 0 aque trabalham a avaliagaa como prevengio priméria, or que ze debrugam na avaliagio pricolégica dos que jd cofteram danos (neuropsicologia), para citar ape- naz alguns! Fora, hd uma expectativa social quanto 4 predigae do comportamento social do sujeito, mas hi também uma parte significativa da sociedade que ‘questiona esse poder preditive. Retratar toda a diversidade da avaliacio psicolégi- cae seus dilemas numa mesma Revista dentio do &s vezes contra- arcabouga da Ciéncia e da pratica da Profiss0 por melo de DIALOGOS com a categoria ¢ o proposito desta publicagdo! Manter exee didlogo aberto éa conseqi cia. Para tal, suas opinides, contribuigées e avaliagées, pessoals sio 0s prognésticos aguardadee! Gdecis« Potasto ~ Ditleges ~ n° 3~decerbro 0S Entrevista/L ui z PASQUALI "A sociedade ndo aceita mais qualquer coisa" uiz Pasquali nasceu na ropa de Gaurama (RS), onde néo havia eseala, em 1933. Aos 12 anos, foi para o tinico lugar onde pode- ria estudar. 0 semindrio. Passou por cida- des de Santa Catarina. Parané, Sao Paulo e Rio de Janeiro. Formou-se em pedagogic, teolo- gia e filosofia. Quis completar os estudos na Europa 2 o destino passou-the uma rasteira> ceabou numa outra faculdade. de psicologia “TJalvez para resolver uma erise existencial”, admite. Fez mestrado e doutorado na drea com louver, refutando a idéia de Freud de que Deus era um pai castrador. Imigrou para os Estados Unidos, deu aulas na Universidade de Mi- chigan depois de concorrer com 99 eandidatos ao cargo de professor. Mas nda ficou satisfeito, continuou irequieto. Uma qualidade que run- DIALOGOS - Ose nhor se graduou em fi- losofia e pedagogia no Brasil, na déeada de 50, e depois partiu para a Bélgiea, onde estudou Psicologia em Louvain. (Como foi esse percurso? - Luiz Pasquau No comego de 1962, fui enviado a Roma para completar © curso de teologia. Ai comegou uma crise de caréter pessoal. Entrei na vida religiosa mais per falta de condigSes para extu- dar. Li em cata, quem nao era bom na enxada tinha que estudar. Meu pai tinha 13 filhos ¢ 0 \inico lugar para estudar era @ seminério. Enzo, entrei_ um pouco de gaiate e fui seguindo a carreira. E, no periode final, veio a crise. Percebi que, na verdade, no era o que queria. Pedi dispensa da vida religiosa e fui para Louvain estudar psicelogia. 6 | Gidncime Frofissdo ~ Didleron ~ 0° 1~deventes 1005 ca perdeu. Regressou ao Brasil apés 17 anos ¢ montou, em 1987, 0 Laboratéria de Pesquisa em Avaliagéo e Medida (LabPAM), na Univer- sidade de Brasilia (LinB}. que validou o teste mais vendide no pais para « avaliagaa da per- sonalidade, o IFP. Eram em torno de trés mil easos envoluidos, com 155 itens. OQ computador da époea levou sete horas para fazer a andlise A tecnologia mais moderna processaria hoje em segundos. A maquina pioneira virou estante, enquanto Pasquallt escreveu livros, Uma diizia deles. E também, constrangido, reeebeu muitas medalhas. até da ETS. a maior organizagao mundial no eampo da avaliagdo: "Me ques- tiono porque uma pessoa recebe condecoracdes por eumpriro seu dever". Aqui, Pasquali fala do passado, do presente e do tempo que vird. DIALOGOS - Por que psicologia? Pela arise existencial? — Pasquali - Reme- morando agora, talvez sim. Ao ir para Louvain, bastante fortema area de psicanilise, comecei & ler Freud. A crise piorou. Mas nao saberia dizer especificamente porque entrei na psicologia. A formagio no seminério é humanista. Fiz pedago- sia, filosofia, teologia, citneias classicas, itera tura clissica, romana, grega. Fundamentalmen- te, ereio que pela linha humanista que vinha se- guindo. e depois, creio. pelas divides que estava enfrentando, Mas nzo sei ae ahistéria foi realmente essa. Vivi pequenas tra- sédiaz, mas estive contente nesse periode de 1963 a 1970, em Louvain, Aliés, a viagem de Santos até Napoles foi realizada em navio de guerra adaptado — o Salta, da Argentina —e levou 8 dias. Fiz candidaturas a0 mestrado € a0 doutorado, aproveitando muitas ma- tériae que havia feito na pedagogis. Cursei mestrado por dois anos ¢ 0 restante foi de doutarado. Eu ndo tinha bol- za de estudos. Assim, paszava dois ou trés meses nos Estados Unidas, trabalhando em uma paréquia, com as porto-riquenhos, com o intuito de ganhar um dinheiri- nha e me manter em Louvain. Em trés meses, ganhava US 1.200, e voltava para a Europa e pagava tude, Morava em um quarto de garagem, de tréz por dais metros. pelo qual pagava US 30 por més. Comia maga todos os dias e uma espécie de bacon. Tive hepatite varias vezes por cauza disso. Ros domingos. ia num restaurante italiano, gastava US 2 comia uma pratada de pasta (massa). ‘Quando acabavao dinheiro, voltava aos Estados Unidos. Ela me alimentava um pouquinho melhor, pois as coisas eram mais féceiz. Tedaz a: minhaz pesquisa: de mestra- do © doutorado foram feitas nos Estadoz Unidos. Trabalhei com testes psicolégicos na area de psicologia da celigiao: a comparagio doz pais com Deus, que era uma tese de Freud que queria verificar, Assim, canstatei que Deus @ compasto de cinco fatores. O primeira deles ¢ 0 amor. Ooutto é poder, depois autoridade coisas dessa natureza. Ut De a Da DIALOGOS - Certamente, trouxe uma sélida formagae no campo da estatistica.. —Pasquaut - Sélida farmagao é muito forte. Tenho uma experién- sia. Muita gente me pergunta por- que memeti nessa drea dos testes, Tenho uma preocupagio com a exatidio. Talvez porque tive problemas com a religiio, onde existe muita fanta- sia. Em Louvain, comecei com Freud e veio muita fanta- sia novamente. Quis testar tudo e utilizar uma abor- dagem mais conereta, ver o que funciona ou nio e uti- lizar 9 modelo matemitico para garantir melhor a coisas. Talvez esse tenha sido © background do incans- ciente para ter me metide nessa drea dos testes. A ban- ca achou a tese bastante sofisticada. Ce ace DIALOGOS - 0 senhor participau do encontra da Sociedade Brasileira de Psicologia, em Ribetrdo Preto, em 1974... — PASQUALI - ...onde acorreu uma briga bastante grande sobre avaliagio pricolégica. Participei e fui muito critica. No final, a mesa me cumprimentou, mas nao me senti bem. Criticar facil, Mas a solugao nao ests por ai, Napoca, ninguém sabia o que era metodologia ou fa- zer pesquisa. Teria que ensinar como se faz pesquiza, todo um delineamento. A parte de perconalidade, era uma bagunga. Ainda é uma bagunga. Eos testes eram Ce aiiod CT ea a criados por professores meritérios, em 1930, na USP Tude estava parade no tempo. Os testes eram os mes- mos, nio havia preceupagio em mostrar que eram vili- dos. Nao havia informagSes. DIALOGOS - 0 senkor sentiu um estrankamento da pricelogia local? Como avaliou ao chegar? —Pasquau - Vim com az visdes eurapéia e ameri- cana, alicercadas par uma carta que ezcrevi sobre cri- ticas psicalégicas. Foi uma decepgao muita grande. Par outro lado, percebi que estava certo em vir par2 cd. Aqui estava precisando. La estave competindo. Havia uma miztura de sentimentos. Por isco, decidi deixar de lado as criticas. De 1950 até 1985. por ai. quem mandava aqui era behaviorismo pure. Os testes nao eram consi- derados para nada. £ 0 que havia, realmente, era pés- simo. Entio, era fécilcriticar oz testes. Assim, defini que iria trabalhar de forma mais positiva. DIALOGOS - Como era o panerama da aualiagéa psicolégica quande o senkor retornou? Eram projessores meritérios, testes ndo walidadas.. — Pasquau - Era s6 isso. E percebia essa jogada apenas na academia, porque nio trabalhei fora dela. E me pareciam muito superficiais. Nao havia interesse na sociedade pelos testes. Quem manda- va aqui era a andlise de comportamento. A sensaggo que tenho era de um grande vacuo. Nao havia interesse da classe € nem da seciedade por essa drea. Em segundo lugar, o que havia nao prestava. DIALOGOS - No proceso de cringe da profissto de psiedlogo na Brazil, os testes priealégicos foram uma espécie de promessa da psieologia para a sociedade brasileira. Auiores de testes foram ‘pais da profissao'. Como analiza isso? —Pasquatl - Esse era um niicleo muito pequeno, concentrado na LISP, alguns em Minas Gerais ¢ outros poucos em Campinas. Era um grupinhe que se padia indicar os nomes. Nao era a classe que trabalhava nisso. Coma o grupo era forte, conseguiu introduzir na legis- lagio a drea, que no tinha repercussio, nio represen- tava a classe. Esses nomes, como Osvaldo Barros, Angeli. Lourengo, Lopes, e outros, eram conhecidos. Era um impacto muito setorizado para 2 sociedade. DIALOGOS - Ersa drea da avaliagdo teve uma certa proeminéneia e, no proceso de instifueionalizagao da academia, foi suplantada pela andiise experimental do comportamento, pela hegemonia do behaviorismo em ge- ral. O que é curioso ¢ que os anos 80 inauguram a hege- monia da peicandlice.. —Pasquaul - Mas a psicanélise vinha forte desde (iain Pete ~ idogea —o¢3-deentro mas | 7 Ntrevista/L u 1 z inicio do século. Creio que havia duas hegemonias académicas, A rea preocupada com o comportamento, predominante pela influéncia da LISP, e a psicandlise, muito forte na PUC. Havia az duaz, DIALOGOS - Nos anor 80 inverte a hegemonic. Pasquaul - Pode ser. Mas eta no é minha area. No que te refere & avaliagio psicalégica, dos anos 60 até 80, no Brasil nao h: westimenta sério nessa area. Os testes nao eram nem considerados. DIALOGOS - Alo que atribui isso? As orientagées da psicandlise e do behavierismo dispensam o recurso da avaliagdo psicolégica, Alinda que a psicandlise tenka al- guma coisa no campo projetive, sobretudo o Rorschach —Pasquaut era que ax hegemonias ideoldgicas, acadimicas, no queriam saber de ectatfoticas, de medidas, de testes. O behaviorisme € contra e a psica- nilise é contra tudo, a no ser 05 testes projetivos. Inclusive, em termas de avaliago, falando gene- Ficamente, a nica area que ce manteve no pais razoavelmente bog e concentrada em ume lugar, fol © trabalho do professor André Jacquemin, em Ribeirso Preto. Ld per 1981 fiquei muito angustiado necsa area e comecei a escrever, trabalhar em testes. Tanto que em 1987 se apresentou uma oportunidade da Finep (Fi- nanciadora de Estudos e Projets do Ministérie da Ciéncia Tecnologia), através da psicéloge Sénia Lobio. Ele me disze que a Finep ectava decepcionada com az dreaz de humanas e daria. em 1987. uma ultima chance. inclusive nia drea de psicologia, para ver se aparecia algum projeto deinteresse para o pais. Assim, excrevi um projetiia sobre 2 construgio de um laboratirio expecificamente orienta- do para a avaliagio psicolégica. Chamei de Laboratério de Pesquisa em Avaliagia e Medida. E, com ele, recet Us 125 mil. Ma época, para trabalhar com anilise fatorial « multivariadas precisava de um computador mais efi- A razio da vacuo ciente, carissimo. DIALOGOS - F 0 laboratério entrou em funeiona- mento? —PASQUAU - Comegamas a produzir testes em 1988. Em 1992, fui chamado para participar de um congresso intemacional, em Oxford, na Inglaterra. O organizador do cangresso foi um professor americana que passou uma temporada na minha casa, trabalhando na Telebras. Era um congresso sobre a Teoria de Resposta a0 Item (TRI), uma comissio internacional de testes. Havia 48 paises representados. Pelo Brasil estava um casal de 8 | cnn tin ~ Dien ~#71~deenb 108 PaSQUALI matemsticos da USP e eu. Da América Latina, nao havia ninguém. Falavam coisas estranhas sobre az quais nun- ca havia ezeutada nada. Conheei virioz expoentes nes- ea drea, pedi alguns livror para comegar a estudar. £ valtei com a idéia de fazer alguma coisa na area de psi cometria. Nae havia livro em portugués excrite sobre a fundamentagio psicolégica de testes. Ente, comecei a pensar em resolver problema pela base. Eo MEC, atra- vvés da Inep (Institute Nacional de Extudos Pesq Eduacionais Anisio Teixeira), me convidau para fazer uma anélize da avaliagdo do ensina bisico, « Sistema de Avaliagla do Enzina Basico (Saeb). Foi a primeira andlice que realizei, com um zaft- ware importado da Espana. Entreguei relatérioe ficou na gaveta. Essa histéria foi retomada, com bastante sucesso, em 1996, pelo Rubens Klein, fazendo a ava- liagaa da educacao brasileira. A fundacao do laboratério foi a base para a criagao de uma série de autres laboratérios que sur- sitar nos dltimos cinco anos. as DIALOGOS - 0 problema era persegui- de, maz néo havia uma forma de en- quadré-lo. ~Pasquau - Nio havia um movimento sintematizado, que comega a se formar a partir dos laboratérios. Em 1996, havia uma meia dizia de laboratérios pelo pais: Campinas, USP Sao Paulo, Ribeirdo Preto, da UnB, Paraiba, Bahia, Minas Gerais, Pelotas, da UFRGS. Quer dizer, comega a s¢ insti jonalizar. DIALOGOS - Em 1997, 0 CFP retoma a inieiativa da Camara Interinstitucional de Avalingae Psicolégica. = Pasquatt - la mencionar isso. Além de outros eventos, como o dos laboratérios, de formagao de re- cursos humanos, as iniciativas do CFP, como a Camara itucional, que desembacaram nas rezolugoes. O Saeb deu um impacto indireto muito grande na psi- cologia com a utilizagio macica e sofisticada da TRI. Revolucionou a area da paicometria no mundo jé em 1980. No Brasil, ouviu-se falar dela, pela primeira vez. em 1992. E comegou a er utilizada, na drea de edu- cagio, em 1996, por Rubens Klein, zobretudo, Em 1992, comecei a me preacuparcom linhas de base, porque nao havia nada no pais. Sentia necessidade de pesquiza, le- vantamente de dados, de escrever para fundamentar. Em 1996, saiu o primeira livro, “Teoria 2 Métodas de Me- didas em Ciéneia de Camportamenta’, que teve sua e gio esgotada Quer dizer, existia demanda. Entusiasmei me ¢ ful eserevendo outros. © livro seguinte foi sobre psicometria, que ect na terceira edigaa. E me dei conta de que 0 problema basico é a teoria psicolégica e escrevi um retuminho sobre isso: "Os Tipas Pricolégicos: A Teoria da Personalidade”. E quero escrever uma coisa Interin mais completa sobre a teoria psicolégica e 2 funda- mentaglo tedrica da psicometria. Estdo sendo publica- dot, pelo Inep, um livro sobre TRI, outro sobre andlize fatarial, Hi mais deis sobre delineamento da pesquisa, sobre andlize multivariada da psicologia e livros sobre testes. Estou procurando encher 0 mercado com essa problemitica pars os leitores comecarem a reagit. Eno, tenho a idéia de dar os fundamentoz, esperanda que o pessoal comece a ler, fazer andlises cr as teses. Com isso, quero aper- feigoar a andlise critica dos testes. Tenho dois livrinhos jé inspirados esse movimento. cas e melhorar DIALOGOS - O movimento de melhoria dos testes estd em curso. ~ Pasquaul - Estd amadurecendo cada vez mais. Sobretude com 3 for- magio de recursos humanas expe- sializados na area. Ainda no é sufi- ciente. Maz hd um movimento académico bem sério na area. E vejo dois ramos que influenciaram de man seriedade nessa area. Os pracessos judiciats na selegio, criando 3 neces sidade de se sofisticar e dar resposta técnica aos juizes. E depois veia o impacto violento da regulamentagao pelo Conselho Federal de Psicologia. No ‘comego fiquei assustado. Ficava me perguntande © que o CFP teria para falar nessa que ¢ uma area de pesquisa. Mas, depois percebi que foi um dos atos mais impo: tantes na histéria da avaliagio psicolégica no pais. Nao por resolver o problema, mas para pér as pontos nos is ci dristica o movimento de DIALOGOS - 0 CFP nao se intromete na parte ecadémies. Pergunta se « parte académica foi eumprida, nao ée? ~PASQUALI - Exatamente. E ze nao tivesse aconteci- do isto, teriamos parada no tempo repereussdo daquela primeira erigéneia do Conselho. ada a0 do Satepsi (Sistema de Avaliagao dos Tester Pricolégicos)? —Pasquatt - Previa que daria problema naz proces- sos de selegio. Temia que houvesse repercussao negati- va ¢ houve um susto emosional. Tinha divida sobre 0 papel do Conselho, que organiza a érea profissional, eatar se metendo na anélise académica. Mas, 0 Con- zelho. com a regulamentagzo, disse "se vorés querem utilizar os testes na rea social, apresentem algo positi- vo, perfeito". DIALOGOS - F agora? —Pasquatt - No estamos tio adiantados como no ee cry ae Dt ee ed ee ad Da te) Estados Unidos, hd testes Pray Dee EPL Cy ut eos Pe oe resto do mundo. Descobri trés problemas: primeiro, 2 fundamentagdo por parte dos profizsionais de conhe- cimento na area da avaliagZo pricolégica ainda nao é satisfatéria. Ectamos dando cursos de aperfeigaamen- to. Temoz um no Mato Graszo da Sul e auto no Mato Grosso. Estamos organizando um curso para Brasilia e outro pars o Rio de Janeiro. A maioria dos profizsienaiz sai da academia sem preparo para atuar com avaliagdo psicalégica. Mac estamos na caminhe certo. Os even- tos mostram isso. Os congressos de tester psiccldgices, que comegaram em 1974, contavam com 50 psicelo- Ultimo. do Ibap (Institute Bra- sileiro de Avaliagao Psicolégica). com 2 participagao de mais de mil espe- cialistas. Portanto, nao ha mais retor- no em termos da procura da qualidade doz testes pricolégico: DIALOGOS - Que andilise o senkor faz do momento atual? Para onde esta- mor caminhanda? —Pasquaut - Estou entusiasmado em ver que a érea esta indo muit bem. Ainda hd muitas diferengas, mas hi um grupo bastante sofisticado, de nivel internacional. O grupo € pe- quena, mas é a comego. Ha dez anes nao existia. Eo fermenta. Mas para que a classe toda esteja imbuida no desenvolvimento de seriedade nessa drea & precisa uma geragdo de formagio. DIALOGOS - F com relagdo aos usos dos testes? —PASQUALI - © que vemos de impacto na sociedade ocorre, sobretudo, na zelegio das reas de seguranga piiblica. Com algunz problemas. © primeito grande problema ¢ que fazemoz selegio sem que haja uma definigae dos cargos, para levantar aspectos tipicos das areas. A definigéo deve ter caracteristicas basicas, maz algumas naz quaiz © profissional tem que ser excelente. O segundo problema grave ainda é a disponibilidade de instrumental para 2 avaliagia, que é muita pequena no pais. Nos Estados Unidos, 2 diltima informagio que tive foi da existéncia de quatro mil testes no mercado. A fal- tade testes implica que os peicélogos tim que aprender 2 construir instrumental DIALOGOS - Talvez seja um exagero, mas seria ideal que cada sujeito tivesse um teste especifico, criade para analisé-la? —Pasquau - Isso nao é possivel. © sujeito humana é um individuo, Mas, genericamente, pade-se congregar os individuas em certas categorias. DIALOGOS - Quais séo at novidades mais interes- santes surgidas nessa érea? (iain Pete ~ lagen —o¢3-denntro mas | 9

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