Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Introdução
2
No terceiro capítulo é feita uma breve dissertação sobre o mercado de petróleo no
mundo e no Brasil, com destaque para os fatos mais relevantes ocorridos no setor nos
últimos anos.
O quarto capítulo apresenta o perfil das seis maiores empresas de petróleo do
Brasil, que respondem pela maior parte do mercado e, por isso, são capazes de
representar todo o setor.
No quinto capítulo serão apresentados dois estudos de caso, o primeiro sobre o RH
da maior empresa de petróleo do mundo, a ExxonMobil, através da afiliada brasileira
Esso, e o segundo sobre o RH da maior empresa do Brasil, a Petrobras.
Como ferramenta para obtenção das informações foi utilizado um questionário
desenvolvido pelos alunos da disciplina Gerência de Recursos Humanos
(EEI021/EP1/2001/1) do Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e pela professora Maria Alice Ferruccio
Rainho, orientadora deste trabalho. As respostas foram analisas qualitativamente e
deram forma a este capítulo.
A conclusão, com base na análise construída, mostra como é importante o RH
estar alinhado com as estratégias da organização e como as empresas de petróleo estão
inseridas no contexto de gerenciamento de recursos humanos moderno. O valor do
trabalho está no entendimento do setor, o que pode ser o primeiro passo num processo
de melhorias por parte das empresas, além do conhecimento acumulado durante o
estudo.
3
1. Estratégia Organizacional, Gestão de Pessoas e Motivação
4
1.1.1. Missão e Visão
5
As empresas podem definir uma visão, complementando a sua missão. A visão é a
imagem que a empresa tem a respeito de si mesma no futuro; é a sua projeção no espaço
e no tempo (CHIAVENATO, 1999). Uma visão adequada deve envolver a
disponibilidade de recursos, o relacionamento com seus clientes, a consecução de metas,
as oportunidades e os desafios. Ela resume o que a empresa pretende ser, partindo do
que ela realmente é.
Nas organizações modernas, como ferramenta de coerção, vem crescendo a
importância de uma visão compartilhada em substituição às regras hierárquicas e
burocráticas. A visão tem o objetivo principal de orientar o comportamento dos
membros da organização na busca de resultados, já que caberá às pessoas a condução do
negócio. Por esse motivo, da mesma forma que a missão, a visão deve ser amplamente
difundida em todos os níveis corporativos.
6
Uma empresa já estabelecida e com sua missão definida deve estar atenta ao
ambiente para que reveja constantemente sua posição competitiva. São muitos os fatores
que influenciam o ambiente externo (macro-ambiente). E estes podem se fontes de
ameaças e oportunidades.
Além das forças mais próximas ao negócio – clientes, fornecedores e concorrentes
-, as características sociais, políticas, econômicas, técnicas, legais, demográficas e
ecológicas também podem influenciar a estratégia da empresa. O impacto de cada um
desses pontos deve ser classificado em positivo, neutro ou negativo. Não se pode
ignorar, também, a dinâmica e a interação deles e com que intensidade afetariam a
corporação.
Uma ferramenta muito usada para a análise ambiental é a Análise PEST, que
agrupa as variáveis ambientais em Políticas, Econômicas, Sócio-culturais e
Tecnológicas. Esta ferramenta deve ser suportada pelo maior volume de informação que
for possível de se recolher. Podem ser fontes de conhecimento e experiência as forças
de vendas, as consultorias e as pesquisas junto ao cliente. A análise dos dados históricos
pode ser usada de maneira complementar, tomando-se sempre o cuidado de observar as
mudanças no mercado (SERRA, 2003).
7
• Calendarização: os objetivos devem ser compatíveis com o horizonte de tempo
e com as fases do negócio;
• Desafios atingíveis: ao mesmo tempo, os objetivos devem ser realistas e
desafiadores, para estimular e satisfazer os colaboradores da empresa.
8
A área de Recursos Humanos deve estabelecer políticas que atendam às
necessidades atuais e futuras da organização e dos funcionários, de forma a
proporcionar um ambiente de sinergia, confiança e comprometimento por toda a
companhia.
A necessidade de um RH alinhado com o planejamento estratégico das empresas é
uma das facetas mais recentes na área de gestão de pessoas.
Em muitas empresas, a gestão de seus recursos humanos ainda é encarada
exclusivamente como centros de custos, onde ter pessoas é necessariamente ter despesas
fixas que afetam o orçamento da empresa (CHIAVENATO, 1999).
Felizmente isso está mudando. O desafio de transformar a área de Recursos
Humanos de um centro de despesas em um centro de lucros consiste em compreender
que o investimento em pessoas, seja ele em treinamento, remuneração ou em produtos
de RH diferenciados, representa investimento no business, com retorno garantido para a
empresa.
Para o RH conquistar seu espaço como business unit (unidade de negócio), isto é,
como uma unidade que também gere lucro para a empresa, os processos de
gerenciamento das pessoas deverão ser sempre acompanhados e avaliados, bem como
constantes ajustes deverão ser processados, visando a sua adaptação e atualização.
As empresas têm percebido que, quanto melhor capacitar seus funcionários, mais
motivados eles estarão, o desempenho será melhor, maior será o volume de vendas,
maior comprometimento eles terão e, conseqüentemente, mais valores estarão sendo
agregados ao negócio.
9
necessidades do indivíduo e da organização é imensa, pois tanto a vida quanto os
objetivos de ambos encontram-se entrelaçados.
Para o atendimento e congraçamento de todas essas necessidades e expectativas e
ainda a conquista do business-RH, a área de Recursos Humanos precisa mostrar que
pode aumentar a capacidade de seus clientes internos para que conduzam, de forma
assertiva, a gestão sistêmica do negócio, obtendo maior rentabilidade, menor custo,
melhor qualidade, maior produtividade e a plena satisfação do cliente externo.
Portanto, dentro desse contexto, surgem em muitas empresas no Brasil e no
mundo o novo RH que, nos últimos anos, modificou-se e ampliou sua atuação,
atualizou-se com a realidade sócio-econômica, tornou-se um centro de investimento,
adotou a estratégia de instrumentalizar e orientar seus executivos, seu planejamento
passou a ser vinculado ao planejamento estratégico dos negócios da empresa,
desenvolveu meios para que as pessoas pudessem caminhar proativamente na direção da
obtenção dos resultados organizacionais e passou a preocupar-se em se aproximar do
principal cliente da empresa, o próprio funcionário.
ULRICH (in FREITAS, 1996), considerado o maior especialista norte-americano
em educação na área de Recursos Humanos, apresentou, em seu último livro, uma
pesquisa que avalia o papel do RH e as expectativas de seus profissionais para os
próximos anos. A análise dessa pesquisa mostra que a preocupação com a sobrevivência
da empresa tem levado os profissionais de Recursos Humanos a se dedicarem mais aos
papéis de agente de mudanças e parceiro estratégico, do que aos de especialista
administrativo e defensor dos empregados (FREITAS, 1996).
Outra tendência que pode ser observada é a ligação cada vez mais estreita entre o
planejamento de recursos humanos e o planejamento estratégico da empresa. Os
objetivos da administração de recursos humanos passam a ser focalizados em objetivos
organizacionais, como lucratividade, crescimento, produtividade, qualidade,
competitividade, mudança, inovação e flexibilidade.
Entretanto, o grande desafio da área de Recursos Humanos encontra-se justamente
em alinhar os funcionários às estratégias empresariais.
A figura a seguir representa bem as mudanças sofridas par área de Recursos
Humanos das empresas, apresentando resumidamente os novos papéis da função de RH.
10
Figura 1 - Mudanças na Função Recursos Humanos
De Para
Operacional e Burocrático Estratégico
Policiamento e Controle Parceria e Compromisso
Curto Prazo e Imediatismo Longo Prazo
Administrativo Consultivo
Foco na Função Foco no Negócio
Foco Interno e Introvertido Foco Externo e no Cliente
Reativo e Solucionador de Problemas Proativo e Preventivo
Foco na Atividade e nos Meios Foco nos Resultados e nos Fins
CHIAVENATO, 1999, p.37.
Com isso, a nova área de Recursos Humanos está preparada para desempenhar um
papel importante e decisivo no alcance dos objetivos organizacionais das empresas,
agindo de forma estratégica e inserida definitivamente nas decisões tomadas no dia-a-
dia das organizações.
1.3. Motivação
11
focam-se na identificação dos fatores da motivação e as de processo descrevem como
determinados comportamentos podem ser motivados.
12
• Necessidades de auto-realização: refere-se à utilização plena da capacidade do
indivíduo, aos novos desafios e oportunidades de desenvolvimento.
13
1.3.2. Abordagem por Processo
14
Uma boa remuneração também pode estar ligada à repetição de um comportamento
positivo para a empresa.
A definição de funções tem grande importância segundo as principais teorias de
motivação. Consiste na especificação das tarefas a ser desempenhadas no exercício de
uma função, inserindo-a no contexto da empresa. O efeito positivo aparece quando os
trabalhadores conseguem produzir uma peça ou obra completa.
O enriquecimento de cargos também é uma ferramenta útil de motivação.
Consiste em alterar o conteúdo e o nível de responsabilidade aumentando a importância
e a realização pessoal do trabalhador. Uma outra modalidade seria o alargamento de
cargos, permitindo uma maior variedade nas tarefas, removendo a monotonia das
operações repetitivas.
A participação dos trabalhadores na análise e resolução de problemas é uma
técnica cada vez mais utilizada. Parte-se do princípio que as pessoas devem ser ao
menos consultadas sobre as ações que as afetam e que da sua participação depende, em
maior ou menor grau, o futuro da organização. A participação é uma forma de
reconhecimento e de satisfação das necessidades de aceitação e realização.
A flexibilidade de horários é outro importante fator motivacional. Um
trabalhador que tenha que cumprir uma determinada carga horária diária se sentirá
muito mais satisfeito se puder programar seu trabalho de modo a minimizar os conflitos
entre suas obrigações e necessidades pessoais. Um outro aspecto seria a possibilidade de
escolha de horários nos quais os trabalhadores estariam mais confortáveis segundo seu
ritmo biológico.
O trabalho repartido também vem sendo adotado pelas empresas como forma de
satisfazer pessoas com elevadas responsabilidades familiares ou trabalhadores idosos.
Trata-se da contratação de dois funcionários part-time no lugar de um único funcionário
full-time. A empresa ganha com a criatividade de duas pessoas e não onera sua folha de
pagamentos.
15
2. As Melhores Empresas para se Trabalhar
Desde o início da última década, tem crescido a importância dos rankings anuais
de melhores empresas para se trabalhar. Mais do que um movimento da mídia, esses
rankings refletem uma mudança no comportamento empresarial; a valorização das
relações pessoais passa a ser tão importante quanto o resultado financeiro das
corporações.
O Great Place to Work Institute é uma consultoria que atua como facilitadora de
processos de mudança relacionados ao ambiente de trabalho. O instituto já pesquisou o
equivalente a um universo de mais de cinco milhões de funcionários em todo o mundo,
em mais de mil empresas, o que o torna uma referência mundial de qualidade no
ambiente de trabalho.
Através do apoio à transformação dos ambientes de trabalho nas empresas, o
instituto espera construir uma sociedade melhor, disponibilizando ferramentas de
diagnóstico e subsídios para implementação de ações de melhorias.
O Great Place to Work Institute foi fundado em 1991 por Robert Levering e Amy
Lyman, em São Francisco (EUA), mas sua história começa bem antes e se une à
trajetória profissional de Levering. Jornalista especializado na cobertura empresarial e
sindical, Robert já estava bastante familiarizado com os problemas relacionados ao
ambiente de trabalho quando, no início da década de oitenta, foi convidado por uma
editora norte-americana para escrever um livro identificando as cem melhores empresas
para se trabalhar na América. O desafio de encontrar bons exemplos foi lançado e o
autor percorreu os mais diversos ambientes de trabalho em todo o país.
O extenso e cuidadoso trabalho para encontrar "os bons exemplos" de
organizações consideradas por seus empregados como realmente excelentes para se
trabalhar gerou o livro As 100 Melhores Empresas para se Trabalhar (editado em 1984
e reeditado em 1993) e mais tarde o estudo Um Excelente Lugar para se Trabalhar - o
que torna alguns empregadores tão bons (e outros tão ruins).
O trabalho de Levering e do Great Place to Work Institute foi posteriormente
estendido a outros continentes. No Brasil desde 1996, o instituto atua como parceiro da
Revista Exame na publicação da revista "As 100 Melhores Empresas para Você
16
Trabalhar" e como consultoria especializada na transformação dos ambientes de
trabalho por meio de instrumentos de diagnóstico e ações para melhorar o nível de
confiança nas empresas. Estados Unidos, Portugal, Suíça, Reino Unido, Itália,
Dinamarca, México, Chile e em mais 11 países da Comunidade Européia, também
possuem suas publicações.
17
2.3. Critérios de Avaliação
Na pesquisa brasileira, divulgada em 2002, oito itens foram avaliados para que se
chegasse ao ranking das cem melhores empresas para se trabalhar.
O pagamento de bons salário não garante, sozinho, a nota máxima neste critério. É
importante ter programas de participação acionária, premiação em dinheiro,
participação nos resultados, bônus por metas alcançadas, entre outras formas de
remuneração. E essas práticas não devem ficar restritas apenas aos níveis gerenciais e
estratégicos da empresa.
O pacote de benefícios oferecidos está diretamente ligado à qualidade de vida dos
funcionários. É importante a escolha de bons planos de saúde, odontológico e de
previdência privada. Os funcionários podem também se beneficiar de bolsas de estudo
nos diversos níveis educacionais.
As empresas devem reconhecer as necessidades de treinamento e dar aos seus
funcionários oportunidades de carreira. O recrutamento interno deve ser transparente
e justo. O investimento, a quantidade de horas e a eficiência dos treinamentos também
são importantes critérios de avaliação.
A confiança na gestão é fundamental para que os funcionários acreditem nos seus
líderes, nos valores e nas decisões da empresa. A justiça, a honestidade e a
imparcialidade devem ser privilegiadas.
O orgulho dos colaboradores deve ser trabalhado através da sua inserção no
processo e do respeito às suas opiniões. Os projetos sociais e trabalhos voluntários
reforçam ainda mais o sentimento de equipe.
A comunicação é um importante critério na avaliação da empresa. A divulgação
franca e clara da situação da empresa, de suas políticas internas e do que se espera de
cada colaborador traz um maior conforto para seus funcionários e reduz as incertezas e
boatos.
O clima de camaradagem deve ser incentivado pela direção da empresa através
de organização de eventos que promovam a integração entre funcionários. Os vínculos
de amizade fortalecem a empresa e podem vir a reduzir a concorrência entre os colegas.
As ações de responsabilidade social são valiosas nos dias de hoje para a
consolidação de uma boa imagem de qualquer empresa. A percepção é positiva tanto
pelo mercado quanto pelos funcionários.
18
2.4. Mudanças no Ambiente Organizacional
19
2.5. Pesquisas Comerciais
20
3. O Mercado de Petróleo
21
a situação. Foi seguido por muitos outros países, resultando na expansão da atividade
petrolífera estatal, atividade tão estratégica que alguns países altamente industrializados,
mesmo não sendo produtores, criaram suas empresas de petróleo, como França (1924),
Alemanha (1935), Itália (1953), Japão (1967), Suécia (1969) e Canadá (1975).
A história da indústria petrolífera do Brasil se confunde com a criação da
Petrobras, em 1953, empresa que alavancou a exploração deste recurso natural que se
tornaria um dos termômetros da política internacional. No cenário mundial, hoje, o
Brasil está entre os maiores produtores de petróleo do mundo. Até isso ocorrer foi
preciso que houvesse um aumento da capacitação de recursos humanos, injeção de
capital, crises internacionais e a criação de políticas que organizaram e priorizaram o
petróleo para o desenvolvimento do país.
Mas este foi o resultado de uma caminhada que começou quando observadores e
curiosos foram gradativamente desvendando os primeiros vestígios de petróleo em solo
brasileiro a partir do final do século XIX.
No Brasil, as primeiras tentativas de encontrar petróleo datam de 1864, Mas
apenas em 1897, o fazendeiro Eugênio Ferreira de Camargo perfurou, na região de
Bofete (SP), o que foi considerado o primeiro poço petrolífero do país, muito embora
apenas 2 barris tenham dele sido extraídos. Nesta época o mundo conheceu os primeiros
motores à explosão que expandiriam as aplicações do petróleo, antes restritas ao uso em
indústrias e iluminação de residências ou locais públicos. No final do século XIX, dez
países já extraíam petróleo de seus subsolos.
Entre as principais tentativas de órgãos públicos organizarem e profissionalizarem
a atividade de perfuração de poços no país, estão a criação do Serviço Geológico e
Mineralógico Brasileiro (SGMB), em 1907, do Departamento Nacional da Produção
Mineral, órgão do Ministério de Agricultura, em 1933, e as contribuições do governo do
estado de São Paulo. Muito embora as iniciativas tenham sido importantes para atrair
geólogos e engenheiros estrangeiros e brasileiros para pesquisar nos estados do Alagoas,
Amazonas, Bahia e Sergipe, a falta de recursos, equipamentos e pessoal qualificado
dificultaram a chegada de resultados positivos.
Durante a década de 30, já se instalava no Brasil uma campanha para a
nacionalização dos bens do subsolo, em função da presença de trustes (reunião de
empresas para controlar o mercado) que apossavam-se de grandes áreas de petróleo e de
minérios, como o ferro. Uma das pessoas que desempenhou papel chave nesta
campanha foi Monteiro Lobato, que sonhava com um Brasil próspero que pudesse
22
oferecer progresso e desenvolvimento para sua população. Depois de uma viagem aos
Estados Unidos, em 1931, Lobato retorna entusiasmado com o modelo de país próspero
que conhecera e passa a defender as riquezas naturais do Brasil e sua capacidade de
produzir petróleo, através de contribuições de artigos para jornais e palestras para
promover a conscientização popular. Estavam entre seus esforços de luta, cartas
enviadas ao então presidente Getúlio Vargas, alertando-o sobre os malefícios da política
de trustes para o país e a necessidade de defesa da soberania nacional na questão do
petróleo; recebeu do governo a concessão de duas companhias de petróleo de
exploração do recurso, além de ter lançado os livros O escândalo do petróleo e do
infanto-juvenil, O poço do Visconde, Serões de Dona Benta e Histórias de Tia Nastácia,
sobre a descoberta do petróleo.
Nesse meio tempo, no interior da Bahia, no município, coincidentemente mas nada
relacionado ao escritor, de Lobato, Manoel Ignácio Bastos, engenheiro que trabalhava
para a delegacia de Terras e Minas, encontra amostras de uma substância negra que,
após ser analisada pelos engenheiros Antonio Joaquim de Souza Carneiro, da Escola
Politécnica de São Paulo e Oscar Cordeiro, da Bolsa de Mercadorias, é confirmada
como sendo petróleo. Depois de muitas tentativas frustradas de atrair a atenção das
autoridades, finalmente, em 1939, a sonda enviada pelo DNPM jorraria petróleo
abundantemente, sendo considerado o primeiro poço comerciável do país, dois anos
depois.
Apenas como curiosidade, quem recebeu os créditos pela descoberta foi Oscar
Cordeiro, fato que só seria corrigido pela Petrobras em 1965, quinze anos após a morte
de Ignácio Bastos, após extensa análise documental apresentada pela viúva de Bastos.
O êxito obtido em Lobato reforçou a necessidade do país minimizar sua
dependência em relação às importações de petróleo. Conseqüentemente, em 1939 o
governo de Getúlio Vargas instala o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), com a
primeira Lei do Petróleo do país, para estruturar e regularizar as atividades envolvidas,
desde o processo de exploração de jazidas até a importação, exportação, transporte,
distribuição e comércio de petróleo e derivados. Este decreto tornou o recurso
patrimônio da União.
Daí em diante, muitas perfurações foram feitas nas bacias do Paraná de Sergipe-
Alagoas e do Recôncavo, sendo que as principais descobertas foram feitas nesta.
Nos anos 50, a pressão da sociedade e a demanda por petróleo se intensificavam,
com o movimento de partidos políticos de esquerda que lançam a campanha "O petróleo
23
é nosso". O governo Getúlio Vargas responde com a assinatura, em outubro de 1953, da
Lei 2004 que instituiu a Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras) como monopólio estatal de
pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados.
24
economias do mundo, fato que foi comprovado com a eclosão da primeira crise do
petróleo, em 1973, que modificou profundamente as relações de poder das empresas
multinacionais, de países consumidores e dos países produtores de petróleo.
Em meio à crise mundial, o Brasil descobre o campo marítimo de Ubarana, na
bacia de Potiguar (ES) e o campo de Garoupa, na Bacia de Campos (RJ), em 1974, que
marcaria o início de uma segunda fase dentro da Petrobras, aquela em que a empresa se
diferenciaria pela exploração do petróleo em águas profundas e ultraprofundas. Em
função da bacia de Campos, a produção petrolífera brasileira chega aos 182 mil barris
ao dia, sendo reconhecida até os dias atuais como a mais produtiva bacia do país e uma
das maiores produtoras de petróleo de águas profundas do mundo. Os primeiros tratados
de risco são assinados em 1975, quando o país abre as portas para a entrada de
multinacionais para explorarem petróleo com a promessa de trazerem um aporte
financeiro que fosse significativo para o país. Apesar das empresas estrangeiras terem o
direito de atuar em 86,4% das bacias sedimentares (associadas à presença de jazidas de
petróleo) do país, deixando apenas o restante nas mãos da Petrobras, os contratos não
produziram e nem trouxeram o capital que prometeram.
Fora isso, junte-se o fato da chegada de uma segunda crise do petróleo que voltaria
a mexer com as relações internacionais, em 1978, e o cenário petrolífero brasileiro
estaria condenado. Ao contrário do que se esperava, o choque do petróleo e os preços
quintuplicados, sacudiram a indústria nacional, forçando grandes investimentos na
prospecção de jazidas em território brasileiro para reduzir a dependência externa. Os
primeiros frutos surgiram em 1981, quando a produção marítima superou a terrestre e,
em 1984, quando a produção brasileira se iguala à importada, com meio milhão de
barris diários.
A promulgação da Constituição em 1988 estabeleceu o fim dos contratos de risco.
Neste momento os geólogos e engenheiros da Petrobras já utilizavam a tecnologia da
sísmica tridimensional (3D) de maneira rotineira, o que diminuiu o custo exploratório e
trouxe importantes descobertas de gás e petróleo nas bacias de Santos (SP), do Solimões
(AM) e na região do rio Urucu.
A Lei do Petróleo, de 1997, iniciou uma nova fase na indústria petrolífera
brasileira. Foi criada a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que substituiu a Petrobras
nas responsabilidades de ser o órgão executor do gerenciamento do petróleo no país, e
na nova tentativa de internacionalização do petróleo no Brasil. Esta Lei permitiu a
25
formação de parcerias com empresas interessadas em participar do processo de abertura
do setor, numa tentativa de trazer novos investimentos para o país.
Entre as mais de 20 bacias petrolíferas conhecidas no país, a produção ultrapassa
1,5 milhão de barris ao dia. Atualmente, a Petrobras detém o recorde mundial de
perfuração exploratória no mar, com um poço em lâmina d'água de 2.777 metros. Ela
exporta a tecnologia de exploração nesses ambientes para vários países.
O setor petrolífero é, sem dúvida, de importância estratégica no mundo. Os dias
atuais indicam reservas de petróleo muito superiores ao que já foi consumido em mais
de 100 anos de exploração e produção. Isto significa que a principal fonte energética do
mundo continuará a ser matéria-prima fundamental para indústrias e, por que não, uma
das bases do capitalismo. O petróleo representa poder e é motivo de golpes de estado e
até de guerras, como as que ocorrem constantemente no Oriente Médio.
26
4. As Maiores Empresas de Petróleo no Brasil
27
4.1. Esso
28
Lubrificantes, Química e Exploração&Produção de petróleo através da Esso Brasileira
de Petróleo e da ExxonMobil Química, suas subsidiárias.
A empresa é líder global em operações de combustíveis, lubrificantes e gás natural
- exploração, produção, fabricação, comercialização e distribuição. A ExxonMobil e
suas subsidiárias também estão presentes no mercado de produtos petroquímicos e têm
interesse na exploração de outras formas de energia, como a elétrica.
A Sociedade Técnica e Industrial de Lubrificantes Solutec S/A, é uma empresa
100% controlada pela Esso Brasileira de Petróleo. Foi fundada em 1956 e iniciou suas
operações naquele mesmo ano, no bairro da Ribeira, na Ilha do Governador, Rio de
Janeiro. Instalada num complexo industrial de mais de 130.000 m², a fábrica de óleos e
graxas lubrificantes ocupa quase a metade dessa área (63.000 m²). Em termos de área
ocupada e de capacidade instalada é uma das maiores instalações do gênero no mundo.
Fabrica mais de 900 tipos diferentes de produtos, com variados graus de viscosidades e
embalagens. Sua capacidade é de 700 mil barris de lubrificantes/ano e 6 mil toneladas
de graxa/ano.
A Esso possui ainda cerca de 30 instalações operacionais espalhadas em diversas
regiões do país.
A comercialização de produtos químicos pela ExxonMobil Chemical no Brasil
iniciou-se no final da década de 50. Nos primeiros anos, as vendas foram feitas pelo
Departamento de Produtos Químicos da Esso Brasileira. Em 1963, com a expansão dos
negócios, foi criada uma organização dedicada exclusivamente à venda de produtos
químicos, a Comércio e Indústria Iretama S.A. Em 1981, a razão social foi alterada para
Exxon Química e, em 2001, para ExxonMobil Química Ltda.
A Esso é uma das empresas-líderes em segurança. Tem sido freqüentemente
premiada por entidades como a Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes e o
National Safety Council (EUA).
A mais moderna tecnologia aplicável é utilizada pela Esso em suas bases de
armazenamento, nas centrais de atendimento e nas demais instalações, que são
totalmente informatizadas. Para maior segurança e eficiência, a informática chega
também aos caminhões-tanques da empresa, que possuem computador de bordo,
sensores, dispositivos mecânicos e eletrônicos, pneus especiais, tanques de alumínio,
entre outras características. A tecnologia aplicada aos produtos combustíveis e
lubrificantes é desenvolvida em laboratórios no Brasil e da ExxonMobil no exterior.
29
4.2. Ipiranga
30
De todas as atividades em que a empresa passou a atuar, o setor petroquímico
seria o de maior destaque, transformando-se numa de suas principais áreas de atuação.
A indústria petroquímica despontou no país nos quadros do "milagre econômico" dos
anos 70. Recebeu impulso decisivo com a política oficial de auto-suficiência energética
e, particularmente, com a nova estratégia governamental de substituir as importações de
insumos. Com investimentos públicos e a participação direta de capitais nacionais e
estrangeiros, esses insumos passariam a ser produzidos em grandes pólos industriais
espalhados pelo país.
Em 1972, entrava em funcionamento o complexo petroquímico de Capuava, em
São Paulo, e sete anos depois o pólo petroquímico do Nordeste, em Camaçari, Bahia,
planejado e supervisionado pela recém-criada Petroquisa – Petrobrás Petroquímica S.A.,
seguindo o modelo "tripartite" de associação do capital público e do privado nacionais
ao capital internacional.
Em 1983, a empresa decidiu investir em sua própria imagem e começou a mudar
radicalmente a apresentação dos postos da rede de distribuição. O sucesso entre os
revendedores foi comprovado pelo aumento imediato das vendas. Anos depois, em
1987, ao completar 50 anos, outro projeto de comunicação visual criou uma nova marca
corporativa, com o logotipo redesenhado para transmitir a idéia de modernidade e
vitalidade.
O trabalho de pesquisa e experimentação tecnológica nas empresas do grupo
começou a ser ampliado no início dos anos 80. Isto permitiu que a Ipiranga inaugurasse,
em 1991, no Rio de Janeiro, o primeiro posto público de gás natural do Brasil para
abastecimento de frotas de táxis, caminhões, ônibus e veículos de serviços públicos.
Os primeiros exercícios de planejamento estratégico na empresa, iniciados no final
dos anos 80, apontaram para a urgente necessidade de fusão, associação, troca de ativos,
compra, ou qualquer outro tipo de negócio que resultasse em união de forças com
empresas que se mostrassem dispostas a negociar.
Com isso, em 1993, a Ipiranga comprou a Atlantic por US$ 265 milhões, sendo
US$ 77 milhões do próprio caixa da empresa, US$ 108 milhões referentes a emissões de
ações relativas ao aumento de capital e US$ 80 milhões pela emissão de eurobônus para
captação no exterior – operação realizada pelo Banco J. P. Morgan e que se configurava
como o primeiro empréstimo dado ao Brasil depois da moratória imposta pelo país aos
credores internacionais.
31
Iniciava-se, então, o árduo trabalho de integrar as duas empresas. Para os
dirigentes da Ipiranga, o mais conveniente parecia ser um rápido processo de integração,
embora soubessem que não seria tarefa simples, nem no plano institucional nem no
operacional. Ao contrário da compra da Gulf, a estrutura e o perfil de mercado de ambas
as empresas coincidiam em muitos pontos, determinando fusões nos seus sistemas
operacionais e acomodações nos seus quadros funcionais. O que, naturalmente, poderia
gerar desconforto e desmotivação entre os colaboradores.
Os primeiros bons resultados começaram a aparecer já em 1994, com a integração
de sistemas operacionais e de procedimentos administrativos, redefinição da hierarquia
e integração das culturas.
Em 1995, quando a nova marca e o novo conceito de posto de serviço começaram
a ser implantados, puderam ser percebidos os primeiros resultados. A Ipiranga exibia
uma imagem moderna e elegante que, sobre os elementos tradicionais da marca anterior,
fixava o espírito renovador e progressista da empresa, evidenciado em suas recentes
realizações.
Hoje, a Ipiranga constitui-se num dos maiores e mais importantes grupos
econômicos da América Latina, tendo implantado uma unidade de produção de
polipropileno no Chile, além de ter assumido o controle acionário da Ipiranga
Petroquímica, a maior produtora de polipropileno do continente.
Na construção do futuro, a Ipiranga conta com a experiência adquirida no passado,
principalmente com a habilidade de unir tradição e inovação, de buscar nas raízes e na
cultura da empresa a inspiração para soluções inovadoras.
4.3. Petrobras
32
A tecnologia de exploração em águas profundas foi de grande importância para o
aumento da produção interna e a conseqüente diminuição das importações. O país
passou a produzir a maior parte do que consumia, revertendo uma situação que se
estendia por vários anos.
O tamanho da companhia reflete sua onipresença na cadeia de exploração
petrolífera. Suas atividades envolvem pesquisa e desenvolvimento, exploração e
produção de petróleo e gás natural, refino, petroquímica, transporte marítimo e terrestre,
e distribuição dos derivados do petróleo.
Só para 2002 estão programadas aplicações de 15 milhões de reais em exploração
e produção, o segmento mais promissor. O investimento previsto até 2006 ultrapassa os
30 bilhões de dólares. Quase metade se destina às atividades de exploração.
Aproximadamente um quarto será aplicado no exterior e um quinto no refino. O restante
vai para as atividades ligadas a gás, energia e distribuição.
O trágico afundamento da plataforma P-36 no Campo do Roncador em 2001
deixou marcas negativas na empresa. Por outro lado, o ano de 2001 foi marcado por
recordes de produção diária na Bacia de Campos. Neste mesmo ano foram concluídas a
perfuração e a avaliação de quase 500 poços, em terra e no mar. Na terceira rodada de
licitações de blocos promovida pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), a Petrobras
adquiriu os direitos sobre 15 novos blocos, em consórcio ou com exclusividade. A
empresa opera mais de 90 plataformas e quase nove mil poços de óleo e gás. As
reservas provadas aproximam-se de 10 bilhões de barris.
A abertura do mercado brasileiro às empresas internacionais obrigou a Petrobras a
buscar compensações no exterior. As exportações cresceram 50% no ano passado. Um
exemplo de iniciativa é o acordo de troca de ativos com a Repsol-YPF, que alcança 500
milhões de dólares. Na área de exploração e produção, a Petrobras possui negócios em
Angola, Argentina, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Trinidad-Tobago e Nigéria.
A atividade no exterior não é, porém, novidade para a empresa. Nos anos 70,
como uma estratégia para reduzir os impactos da crise mundial do petróleo, foi criada a
Braspetro, braço para exploração no exterior. Com a posterior recuperação do mercado,
a exploração na plataforma continental brasileira voltou a ser prioritária. Hoje, a
Braspetro concentra suas atividades no oeste africano, América do Sul e Golfo do
México.
As atividades da BR Petrobras Distribuidora se iniciaram na década de 60 com um
posto de serviço em Brasília. Hoje, são mais de 7.000 postos em todo o país, ocupando
33
22,8% do segmento. No mercado global de derivados a participação chega a 37,85%, o
que inclui os grandes clientes corporativos como companhias aéreas, indústrias, usinas,
termelétricas, frotas de ônibus.
4.4. Repsol-YPF
34
Upstream – exploração e produção;
Downstream – refino, marketing, GLP e química;
Gás e Eletricidade – gás natural e midstream.
À frente das duas primeiras áreas se encontra um Vice-Presidente Executivo, que
gerencia as atividades de maneira descentralizada. Seu objetivo é maximizar a eficiência
e a sinergia operacional derivadas da fusão da Repsol e da YPF. As funções
corporativas como planejamento estratégico, finanças e recursos humanos são
coordenados de forma centralizada.
A empresa acredita que a tecnologia é a ferramenta fundamental para a melhoria
da competitividade dos produtos e dos processos atuais, adaptando continuamente os
primeiros às necessidades dos clientes e otimizando os custos e o impacto ambiental dos
segundos. O objetivo é o de desenvolver tecnologias inovadoras que possam representar
vantagem competitiva no futuro. A construção de um novo Centro Tecnológico
representa o impulso adicional a esta linha de atuação.
Com relação aos resultados, em 2001, o faturamento de todo o grupo foi de 43,65
bilhões de euros, 4,6% a menos que em 2000. O lucro líquido foi de 1,98 bilhões de
euros e caiu 18,4% em relação ao ano anterior, antes dos ajustes e saneamentos
extraordinários derivados da crise econômica argentina. Depois disso, o resultado
líquido baixou a 1,02 bilhão de euros, o que supõe uma perda de 57,8%.
As ações da Repsol-YPF são cotadas hoje em bolsas da Espanha, Argentina
(Buenos Aires) e Estados Unidos (Nova York).
Apesar das perdas, a direção da companhia descartou demissões pesadas em suas
unidades argentinas em 2002 e manifestou disposição de cooperar com o governo
durante a atual crise.
4.5. Shell
A Shell tem suas origens em 1833, numa pequena loja que vendia no East End de
Londres antigüidades e objetos exóticos como conchas orientais. Marcus Samuel, o
dono da loja, realizou tantos e tão bons negócios com as conchas, que contratou
encomendas especiais às empresas que navegavam para o Oriente e, em pouco tempo, o
negócio cresceu o suficiente para se transformar numa empresa de importação e
exportação.
35
Marcus Samuel morreu em 1870 e seus filhos herdaram o negócio de importar e
vender conchas na Inglaterra. Oito anos depois da morte do pai, os irmãos separaram
suas atividades: Marcus Samuel and Company estabeleceu-se em Londres e Samuel
Samuel and Company no Japão. Em 1885, Marcus Samuel ampliou suas atividades
entrando em um novo negócio: a venda de querosene do Oriente. Cinco anos depois, viu
os primeiros petroleiros em ação no Mar Negro e começou a fazer planos para
transportar querosene russo a granel, através do Canal do Suez, encomendando oito
petroleiros. O "Murex", primeiro deles, fez a viagem inaugural por Suez em 1892.
Nessa mesma época, produzia-se petróleo nas Índias Ocidentais. E, em 1890, a
NV Koninklijke Nederlandsche Maatschappij tot Exploitatie van Petroleum-bronnen in
Nederlandsch-Indie foi fundada para operar um campo de petróleo em Sumatra sob a
direção de August Kessler. A empresa de nome gigantesco tinha, em 1892, apenas um
oleoduto e uma refinaria. Para facilitar seu relacionamento comercial, passou a chamar-
se Royal Dutch Petroleum Company.
Quatro anos depois, Henri Deterding associou-se a Kessler e ambos começaram a
sofrer os efeitos da competição com o baixo custo de transporte do petróleo russo
vendido por Marcus Samuel.
Com o objetivo de sustentar o negócio, a Royal Dutch começou a construir
petroleiros e instalações de armazenamento, fundando uma organização de vendas.
Nessa altura, as duas empresas européias - a Royal Dutch e a de Samuel - tinham como
grande rival a norte-americana Standard Oil. Para enfrentar o desafio vindo do outro
lado do Atlântico, iniciam, em 1892, um trabalho de colaboração que culmina, em 1903,
com a associação das duas na Asiatic Petroleum Company Limited, com um terceiro
sócio, Rothschild. A empresa possuía fontes de distribuição, tinha um esquema de
vendas e atuava em todos os mercados do Extremo Oriente, passando depois a vender a
produção das Índias Orientais em todo o mundo. Na verdade, nos bastidores, Samuel
competia com Deterding, da Royal Dutch, e os dois só se juntavam para combater o
"inimigo" comum, a Standard Oil dos Estados Unidos.
Em 1898, Samuel havia obtido uma concessão em Bornéu e passou a perfurar
poços de petróleo com sucesso. Acabou construindo uma refinaria. Seus negócios
particulares iam tão bem que foi necessário formar uma terceira companhia: The Shell
Transport and Trading Company Limited, que passou a existir ao lado da empresa
original de Samuel, a Marcus Samuel Company, da Royal Dutch e da joint venture que
36
formaram, a Asiatic Petroleum. O nome "Shell" (concha) era inspirado na loja do East
End que seu pai lhe deixara ao morrer.
Um invento que já existia desde 1885 - o carro a motor produzido por Karl Benz -
estava destinado a apressar a união da Shell com a Royal Dutch. Ao saber da descoberta
de petróleo no Texas, em 1901, Marcus Samuel conseguiu vencer a concorrência para
transportá-lo e distribuí-lo na Europa. Sua empresa, a Shell Transport, foi a primeira
companhia de petróleo a ter fontes mundiais de produção, o que garantia seu
abastecimento de gasolina, querosene e óleo combustível.
A norte-americana Standard Oil sentiu a concorrência e tentou, sem sucesso, obter
o controle da Shell Transport and Trading Company, enquanto a Royal Dutch
prosseguia em suas atividades de perfurar poços e produzir petróleo. Uma série de crises
na Royal Dutch e na Shell apressaram a associação. Em 1898, problemas na produção
de óleo em Sumatra haviam obrigado a Royal Dutch a recorrer à Rússia para conseguir
querosene. Em 1900, Kessler morreu e seu posto foi ocupado por Deterding, partidário
da sociedade com a Shell. A empresa inglesa, por sua vez, enfrentava dificuldades ao
descobrir que o querosene de Bornéu era de baixa qualidade, não tendo conseguido
entrar no mercado de gasolina, a essa altura já em franca expansão.
Todos esses contratempos e a certeza de que as duas empresas se completavam
levaram à grande fusão de 1907, com o nome de Royal Dutch/Shell Group of
Companies. A Royal Dutch saía fortalecida, pois era rica em gasolina, e a Shell possuía
óleo combustível. As duas garantiam o transporte de seus produtos aos quatro cantos do
mundo. O resultado da sociedade é a Shell de hoje, uma das maiores empresas do
mundo em negócios com petróleo, e que já realiza suas atividade no mercado brasileiro
há 89 anos.
A Royal Dutch/Shell Group of Companies possui empresas operando em mais de
140 países e emprega 91.000 pessoas. As companhias operacionais têm grande
autonomia de gestão e dispõem de todo know-how do grupo para crescer e se
desenvolver.
A administração deste complexo obedece ao seguinte modelo de organização, com
quatro tipos de empresas sob controle dos acionistas:
Parents Companies
A Royal Dutch Petroleum Company com 740.000 acionistas, e a Shell Transport
& Trading, com 250.000 acionistas, ocupam o topo da organização. Estas companhias
são a peça-chave: autorizam investimentos, indicam diretores e recebem os lucros das
37
companhias holding, distribuindo os dividendos aos acionistas. As ações da empresa
podem ser adquiridas nas principais bolsas do mundo.
Companhias Holding
A Shell Petroleum NV e a Shell Petroleum Company Ltd. detêm todas as ações e
controlam as companhias de serviços e as empresas operacionais. Recentemente, foi
formada uma terceira holding, a Shell Petroleum Inc., que detém o controle acionário da
Shell Oil nos Estados Unidos.
Companhias de Serviço
Dão consultoria e serviços às demais companhias operacionais do grupo e às
companhias associadas.
Companhias Operacionais
Dedicam-se às diversas atividades do Grupo ligadas ao Petróleo, Gás, Química,
Metais, Carvão e Negócios Não-Tradicionais (NTB). A Shell Brasil é uma das
companhias operacionais do grupo em ação.
Com o nome de The Anglo Mexican Petroleum Products Company, a empresa
recebeu autorização do Presidente Hermes da Fonseca para começar a operar no Brasil
em 1913. De seu depósito de óleos na Ilha do Governador - o primeiro do país -
distribuía em lombo de burro o "Kerosene Aurora" e a gasolina "Energina".
A Shell é dona de mais de 20% do mercado de distribuição de combustíveis do
Brasil. A companhia também produz e comercializa lubrificantes e produtos químicos.
A rede de distribuição, espalhada por todo território nacional, é composta por cerca de
3.500 postos de serviço, inclusive os especializados em gás natural veicular (GNV). Os
novos segmento de atuação do grupo no Brasil são as áreas de exploração e produção de
petróleo, gás natural e energia renovável. Atualmente, a Shell tem investido
pesadamente nos projetos ligados a essas áreas, sendo estes os novos focos da
companhia no Brasil.
4.6. Texaco
A compra da Chevron pela Texaco em outubro de 2001 criou uma nova gigante
mundial no setor de petróleo e energia. O negócio de 45 bilhões de dólares ainda está
sendo consolidado pelo grupo, antes iniciar sua expansão. Estão entre os objetivos a
expansão nas áreas de exploração, produção e distribuição, assim como investimentos
em usinas elétricas.
38
A atuação no mercado de distribuição brasileiro é feita pela Texaco Brasil,
presente no mercado desde 1915. Hoje, a Texaco Brasil é uma subsidiária da Chevron
Texaco Brasileira de Petróleo, empresa de exploração e produção.
A marca Texaco é bastante conhecida no Brasil e, por isso, deverá ser mantida. Ao
todo, são 2.700 postos nas regiões centro-oeste, sudeste e sul. No mercado de
distribuição, divide a quarta posição com a Esso.
A abertura do mercado brasileiro de petróleo e gás estimulou os investimentos no
país. As operações de exploração e produção se iniciaram logo após a abertura do
mercado em 1997, antes mesmo da fusão das duas empresas. Em parceria com a
Petrobras o grupo explora blocos nas bacias de Campos, Santos e Cumuruxatiba. Nos
leilões da ANP foram adquiridos blocos de exploração em Campos, Santos e Espírito
Santo. Dos nove blocos que explora, dois estão sob seu controle total.
39
5. Estudos de Caso: ExxonMobil e Petrobras
40
5.1. Agregando Pessoas – Recrutamento e Seleção
5.1.1. ExxonMobil
41
a uma promoção, estimula nas pessoas uma postura de constante auto-avaliação e busca
de auto-desenvolvimento.
O recrutamento externo é acionado quando não há ninguém na organização capaz
de preencher a vaga disponível, sendo necessário contratar alguém do mercado. A
empresa tem seis métodos de recrutamento externo, sendo que a utilização dos mesmos
depende do tipo de posição a ser preenchida ou do tipo de profissional a ser recrutado.
São eles: arquivo de candidatos, empresas de consultoria, anúncios em revistas
especializadas, apresentação de candidatos por parte dos funcionários, contatos com
profissionais de outras empresas e cartazes na portaria da empresa.
A escolha de candidato a uma vaga passa necessariamente por um processo de
seleção baseado em entrevistas com gerentes e análise detalhada de todas as
informações relativas às características pessoais, experiências profissionais e instrução
do candidato. Existe uma série de procedimentos padrões no que se refere e essas
entrevistas, onde é exigido que o entrevistador realize um planejamento e uma
preparação prévios.
Dependendo das especificações exigidas pela posição a ser preenchida, algumas
práticas são adotadas para obtenção de informações complementares às da entrevista de
seleção, como dinâmicas de grupo, questionários e provas situacionais.
5.1.2. Petrobras
42
A entrada dos novos funcionários não é vista somente como o início de um
período de intensa aprendizagem para aqueles que estão chegando, mas também como
oportunidade de reciclagem dos que trabalham na empresa há muitos anos.
O Processo de Seleção
O processo seletivo público tem como objetivo selecionar candidatos para
formação de cadastro de reserva destinado a viabilizar futuros ingressos em cargos de
nível superior do quadro de pessoal, conforme o número de vagas oferecidas
periodicamente pela empresa.
O processo é composto pelas seguintes etapas:
- qualificação técnica, de caráter eliminatório e classificatório, compreendendo
provas objetivas de diversos temas, como português, inglês, informática, conhecimentos
gerais e específicos. O peso de cada prova e os assuntos variam de acordo com o cargo.
Apenas os candidatos aprovados nesta etapa, dentro das vagas indicadas,
comporão o cadastro de reserva para cada cargo e, sendo chamados para admissão,
passarão para a próxima fase, descrita abaixo.
- qualificação bio-psico-social, de caráter eliminatório, composta das seguintes
etapas: exames médicos, avaliação psicológica e avaliação de integridade econômica,
financeira e funcional, a ser realizada pela Petrobras.
As vagas são oferecidas a diversos tipos de profissionais, como engenheiros,
geólogos, analistas de sistemas, médicos, psicólogos, auditores, contadores e
economistas. Os aprovados, no momento em que forem chamados, podem ser alocados
em qualquer uma das unidades da empresa.
Programa de Trainee
Os profissionais admitidos em cargos de nível superior sem exigência de
experiência (sempre por meio de processo seletivo público), participam do "Programa
Trainees Petrobras", com o objetivo de aprimorar competências técnicas e adquirir
conhecimentos organizacionais, contextuais e vivenciais (estágios práticos), no que
tange à Petrobras e à indústria do petróleo.
O programa é considerado uma continuação do processo seletivo. Para otimizar a
formação dos trainees, o programa foi dividido nas dimensões Institucional (fase em
que o profissional é inserido no negócio, na cultura e nas práticas da Petrobras), Gestão
43
de Negócios (apresenta conceitos de gestão de negócios e suas aplicações na empresa;
também trabalha as habilidades e atitudes desejadas na Petrobras), Técnica e Vivencial.
A concepção do programa privilegia as características particulares do negócio da
empresa, principalmente seu estilo de gestão, seus valores e sua cultura. Ele se
diferencia dos cursos de formação porque incorpora uma visão de negócios à
especialização técnica.
Programa de Estágio
A Petrobras oferece vagas de estágio na maioria de suas unidades por todo o
Brasil. O candidato deve entrar em contato com a empresa através dos e-mails e
telefones divulgados, por exemplo, no site da empresa, ou enviar o currículo pelo
correio.
Em algumas unidades da Petrobras, onde número de vagas é reduzido, o
recrutamento de estudantes é feito através de anúncios em Universidades ou Escolas
Técnicas próximas a elas.
5.2.1. ExxonMobil
Orientação
Dentro de uma cultura que valoriza o talento, a ação empreendedora e o
desempenho pelo comprometimento, há atualmente na Esso um Programa de Integração
para os funcionários e estagiários. O programa é destinado à familiarização dos novos
recursos com a linguagem, os padrões, a cultura, a missão, a estrutura e os principais
produtos e serviços da organização. Além disso, o Programa de Integração estabelece
44
etapas padronizadas de transição da fase de entrante para a fase de funcionário ou
estagiário.
Modelagem de Cargos
A modelagem dos cargos na Esso segue o viés do Modelo Contingencial. Este é
um modelo mais amplo que considera três variáveis – pessoas, tarefa e a estrutura da
organização.
Para cada família de cargos é exigido um certo conjunto de competências e sob
determinados níveis mínimos aceitáveis. Estas competências serão responsáveis pelo
planejamento individual do funcionário para fins de treinamento e objetivos a serem
alcançados e, por conseguinte, por sua avaliação de desempenho. Assim, pode-se definir
as Competências requeridas por Cargos como o conhecimento e a habilidade
requeridos no desenvolvimento de uma tarefa com a finalidade de alcançar os resultados
pretendidos no negócio. A Esso divide as competências em: Learning and Thinking,
Communications, Self-Management, Group Effectiveness e Personal Leadership.
Avaliação de Desempenho
Um fator determinante do sucesso de qualquer empresa é a qualidade de seus
recursos. Por isso, a Esso dedica especial atenção ao desenvolvimento de seu pessoal e
possui um avançado sistema de desenvolvimento de recursos humanos.
As ferramentas que auxiliam no Programa de Desenvolvimento de Pessoal
existem porque a organização necessita de mecanismos para "medir" o desempenho e a
capacidade de contribuição de cada funcionário, uma vez que é filosofia da mesma
remunerar de forma diferenciada em função do desempenho.
O processo formal de avaliação de Desempenho, Orientação e Aconselhamento é
feito anualmente e objetiva complementar a atividade regular de discussões freqüentes
entre supervisor e subordinado. Os supervisores têm o “dever” de dar feedback sobre o
desempenho de cada um de seus funcionários, assim como cada funcionário tem o
“direito” de saber como foi seu desempenho.
Além das conversas do dia-a-dia, é utilizado um instrumento formal de avaliação
onde são levantados os progressos e são identificadas oportunidades de melhoria,
transformando-os em objetivos e ações que redundarão em maior capacitação
profissional.
45
O sistema de avaliação permite à empresa não só identificar e reconhecer
contribuições individuais do funcionário, como também ajudá-lo a melhorar o
desempenho e a desenvolver seu potencial de progresso. O sistema não é um registro
puro e simples de falhas e acertos passados. As possibilidades de crescimento e
desenvolvimento pessoal e profissional são reais e concretas. O progresso de um
funcionário dependerá, portanto, basicamente dos resultados de seu trabalho e de seu
potencial de crescimento.
O processo formal de avaliação de desempenho compreende as seguintes
etapas/formulários: Relatório de Desenvolvimento do Funcionário (EDR - Employee
Development Report, onde há um enfoque sobre o desempenho do ano anterior e
considerações sobre desenvolvimento futuro), Formulário de Avaliação de Desempenho
(PAW - Performance Assessment Worksheet, classificando o desempenho de acordo
com as dimensões da escala de avaliação) e Sumário de Avaliação e Desenvolvimento
(ADS - Assessment and Development Summary, que é uma avaliação mais relativa,
sendo utilizada como referência para o ranking).
Outro instrumento formal utilizado é o estabelecimento de Objetivos Anuais que
deverá resultar do consenso entre o supervisor e sua equipe, a respeito das metas
traçadas para o ano em questão. Seu uso é obrigatório para todos os gerentes e
supervisores.
O ranking relativo de desempenho é uma técnica utilizada pela corporação
ExxonMobil para aferir as realizações individuais, de forma a premiar as pessoas que
mais contribuem.
O posicionamento no ranking pode variar conforme as classificações: acima da
maioria (80-99 percentil), com a maioria no topo (60-79), com a maioria (20-59), com a
maioria na base (11-19) e abaixo da maioria (0-10).
A Atribuição de Potencial é uma outra ferramenta utilizada e visa identificar até
qual nível, na estrutura organizacional, cada funcionário tem potencial para atingir. Ela
é revista anualmente. Os principais critérios para a atribuição são: forte desempenho nos
períodos mais recentes, capacidade intelectual, julgamento, compromisso e
adaptabilidade, liderança e relacionamento, e integridade.
Juntas, as informações de ranking e potencial são utilizadas como base para as
promoções e aumentos salariais a serem concedidos aos funcionários.
46
5.2.2. Petrobras
Avaliação de Cargos
As empresas vêm valorizando seus empregados por suas aptidões e habilidades,
ajustando as competências individuais de seus quadros técnico e administrativo às
estratégias e às necessidades de seus negócios. Alinhado com esses conceitos, a
Petrobras tem trabalhado na reformulação do Plano de Classificação e Avaliação de
Cargos (PCAC), buscando, entre outras coisas, uniformizar as faixas salariais, a fim de
propiciar uma maior mobilidade lateral.
47
Avaliação de Desempenho e Competências Individuais
O Gerenciamento de Desempenho de Pessoal deve ser um processo participativo e
permanente de melhoria de resultados, que implique em negociação, fixação e avaliação
de compromissos entre gerentes, equipes e empregados.
O gerente imediato deve ser o responsável direto pela condução do processo de
Gerenciamento de Desempenho de Pessoal, utilizando a ferramenta como instrumento
para desenvolver empregados e equipes, reconhecer e recompensar diferencialmente os
vários desempenhos, identificar potenciais, e melhorar a qualidade da ação gerencial
A agenda de mudanças estabelecida pelo Plano Estratégico da empresa determina
um programa de administração de competências, que começou pelo estabelecimento das
competências-chave e as competências individuais necessárias.
A partir daí, está sendo colocado em prática o Gerenciamento de Desempenho de
Líderes (GDL), destinado aos gerentes, e o Gerenciamento de Desempenho de Pessoal
(GDP) para os demais empregados, programas baseados numa ampla avaliação de
competências e resultados. No caso do GDL a avaliação de desempenho considera a
visão de todas as partes interessadas no trabalho do líder, que são os clientes internos, os
seus pares, seu gerente, seus subordinados e ele próprio, que faz uma auto-avaliação. É
uma leitura 360º. No primeiro ano o GDL foi implementado parcialmente, com
avaliação feita por chefes e clientes, além da auto-avaliação. Dentro do RH e na área
Internacional, inclusive em uma unidade no exterior, na Colômbia, foram realizados
dois pilotos completos, com todas as avaliações.
O GDP é realizado para todos os empregados. O gerenciamento de desempenho é
um dos processos mais importantes de RH, porque dá insumos para todos os demais
processos. É fundamental para a empresa e para os empregados, atuando no
desdobramento das metas e na clarificação do que se espera de cada integrante da
equipe. Os resultados são usados como instrumento para o crescimento profissional e
pessoal do empregado e isso foi bem entendido por todos os níveis. Permite uma
definição precisa das atividades e necessidades de treinamento de cada um, além de ser
insumo básico para as práticas de reconhecimento e recompensa da companhia.
Como resultado da aplicação do GDP, cada empregado e equipe deverá ter o
pleno entendimento de como o seu trabalho contribui para o atingimento das metas do
seu órgão de lotação e também da empresa, como serão identificadas e solucionadas as
deficiências de capacitação porventura existentes frente às metas e ao desempenho
48
negociados e como a avaliação dos resultados atingidos irá influenciar a prática dos
instrumentos de reconhecimento e recompensa pelo trabalho.
É indispensável que todos os setores da empresa adotem as orientações
apresentadas, visando conferir uma padronização corporativa mínima ao processo de
GDP e permitir que possam ser comparáveis os resultados do processo obtidos em cada
área, bem como os resultados das avaliações de desempenho registradas no SGP -
Sistema de Gestão de Pessoal e incorporadas ao histórico funcional dos empregados.
As competências individuais são comportamentos, habilidades e atitudes que
determinam o potencial de um gerente ou gerenciado para alcançar um nível de
desempenho esperado.
Todas as unidades da empresa devem adotar as competências individuais
obrigatórias para o GDP, aplicando-as de acordo com cada grupo de empregados. O RH
deve promover o pleno entendimento das competências individuais por parte dos
gerentes, supervisores e demais empregados, de modo a eliminar dúvidas e
interpretações incorretas que possam dificultar a utilização das mesmas.
O conjunto de competências individuais deve ser utilizado para a negociação e
avaliação do desempenho individual, definindo o estágio atual do empregado e a
posição desejada, tomando por base a escala de condutas citada anteriormente.
Caso alguma unidade entenda que além das competências individuais corporativas
do GDP, haja necessidade de adicionar mais alguma, poderá complementar e aplicar
localmente, como competência específica da unidade. Antes de definir a utilização de
uma competência específica é importante verificar com critério se a mesma não está
contemplada por alguma das competências individuais corporativas.
As avaliações têm duas vertentes, uma de Resultados (metas físicas) e outra de
Competências Individuais, sendo fundamental dar feedback ao avaliado. A avaliação
deve ser realizada pelo gerente ou supervisor, com base nos critérios negociados
previamente. O foco da avaliação deve abranger os compromissos negociados para as
metas físicas e competências individuais, obedecendo as seguintes escalas de apuração:
49
O gerente poderá, ainda, acrescentar de forma resumida uma descrição destacando
os principais aspectos que caracterizaram o desempenho do empregado no período
avaliado. Este relato deve ser claro e objetivo e conter uma avaliação qualitativa do
desempenho, considerando-se os compromissos negociados para resultados e para as
competências individuais.
Cabe ao gerente imediato efetuar os registros dos resultados de desempenho do
empregado, no sistema informatizado de GDP. Posteriormente, os migrados para o
histórico funcional do empregado.
BSC
O BSC (Balanced Scorecard) foi originalmente criado pelos Professores Robert
Kaplan e David Norton em 1992, e desde então, vem sendo aplicado com sucesso no
mundo inteiro em centenas de organizações do setor privado, público e em organizações
não governamentais. Pesquisas recentes indicam que cerca de 50% das empresas da lista
Fortune 1000 estão utilizando o Balanced Scorecard nos EUA e entre 40% e 45% na
Europa. Traduzida literalmente para o português, a expressão quer dizer "indicadores
balanceados de desempenho", sendo o nome da tecnologia de administração mais
difundida entre as maiores empresas do mundo.
O BSC foi escolhido pela renomada revista Harvard Business Review como uma
das práticas de gestão mais importantes e revolucionárias dos últimos 75 anos. Por estas
e outras razões, empresas como ABB, AT&T e Cigna no exterior e Suzano, Gerdau,
Alcoa e Oxiteno no Brasil, entre outras, optaram pela ferramenta.
O BSC chegou à Petrobras em agosto de 2001 para estabelecer novas políticas e
práticas na gestão estratégica da empresa como um todo.
A metodologia vai além dos indicadores econômicos e financeiros, que passam a
ser conseqüência natural de sua aplicação. O BSC estabelece a necessidade de se
monitorar, juntamente com resultados econômico-financeiros, resultados obtidos junto
aos clientes (clientes internos, no caso de RH), desempenhos dos processos internos e
das pessoas, inovações e tecnologia. É o somatório das pessoas, tecnologias e
inovações, se bem aplicada aos processos internos das empresas, que proporcionam o
desempenho esperado pelos clientes e trazem à empresa os resultados financeiros
esperados. A partir de uma visão integrada e balanceada da empresa, a nova
metodologia permite descrever a estratégia de forma clara, através de objetivos
estratégicos em quatro perspectivas: financeira, mercadológica, processos internos e,
50
aprendizado e inovação, todos relacionados entre si através de uma relação de causa e
efeito. Além disso, o BSC promove o alinhamento dos objetivos estratégicos com
indicadores de desempenho, metas e planos de ação. Assim, é possível gerenciar a
estratégia de forma integrada e garantir que os esforços da organização estejam
totalmente direcionados para ela.
5.3.1. ExxonMobil
51
A remuneração pode ser dividida em 3 componentes: remuneração básica,
incentivos salariais e os benefícios. A Esso se utiliza dos três componentes, na formação
do seu pacote de remuneração total, que pode ser observado na figura abaixo.
Remuneração
Direta
Remuneração
Indireta
Como pode ser observado na figura, a remuneração da Esso é composta por duas
partes: a primeira é chamada de Remuneração Direta que é composta pela
Remuneração Fixa + Remuneração Flexível, essa parte engloba os valores recebidos em
dinheiro; a outra parte é a Remuneração Indireta que engloba os benefícios que não são
percebidos como dinheiro, mas ajudam a compor a remuneração do funcionário.
Para uma correta administração da remuneração é preciso antes definir critérios
relacionados às estratégias de remuneração: equilíbrio Interno x Externo, remuneração
Fixa x Variável, Desempenho ou Tempo de Casa, entre outros.
Estrutura salarial é um conjunto de faixas salariais relacionado com os diferentes
cargos existentes numa determinada organização. Para uma administração salarial
eficiente é importante estabelecer duas formas de equilíbrio: interno e externo. O
equilíbrio interno é obtido através da avaliação e classificação de cargos, enquanto o
equilíbrio externo é obtido através de pesquisas salariais com outras empresas do
mercado.
A administração salarial na Esso tem como objetivo proporcionar uma evolução
coerente e constante ao longo de toda a carreira do funcionário. Todo o sistema de
administração salarial está voltado para pagar ao funcionário o valor delineado por sua
referência salarial.
52
A referência salarial se constitui em um "alvo" de pagamento dentro da faixa de
um grupo salarial específico, determinado pela experiência do funcionário e pelo seu
nível de desempenho.
Quanto maior o nível de desempenho e anos de experiência, mais o "valor de
referência" se aproximará do valor máximo da faixa salarial. Da mesma forma, quanto
menor o nível de desempenho e experiência, mais o "valor de referência" se aproximará
do valor mínimo de pagamento daquela faixa.
O gráfico a seguir mostra a relação entre experiência, desempenho e referência
salarial dentro de um grupo.
53
A conjugação destes fatores objetiva assegurar que um funcionário que apresente
melhor desempenho e maior potencial para promoção, atinja sua referência salarial
através de aumentos salariais maiores em intervalos de tempo mais curtos.
A categoria de funcionários operacionais não é elegível ao programa de mérito,
podendo, entretanto, vir a ter seus salários ajustados em conseqüência de pesquisas
salariais específicas.
Programas de Incentivos
As recompensas organizacionais são oferecidas para reforçar as atividades que
incentivem o espírito de equipe, o comprometimento com a missão da organização e o
desempenho excelente de cada funcionário.
O objetivo de se compor o pacote de recompensas por uma parte fixa e outra
flexível é aproveitar as vantagens complementares de cada uma e de outra reduzindo
suas limitações.
A remuneração fixa, abordada nos itens anteriores, por exemplo, tem como
vantagens facilitar o equilíbrio interno e externo e por conseqüência o trabalho de
administrar salários. Entretanto, é muito limitada no sentido de se incentivar o espírito
empreendedor e motivar funcionários a alcançar os objetivos da organização.
Já a parte flexível tem como vantagem justamente o poder de motivação por
premiar o bom desempenho e tem como limitação a dificuldade em se centralizar
questões salariais. Desta forma, combinando-se os dois tipos de remuneração pode-se
obter um mix ótimo cujo peso de cada uma no pacote total depende do tipo de empresa e
da estratégia competitiva de cada uma.
Grande parte das organizações adota mais de um tipo de recompensa financeira
dentre os quatro abaixo. No caso da Esso pode-se observar a ocorrência de todos os
tipos descritos, com menor ênfase naquele relacionado ao tempo de serviço:
Recompensas relacionadas com objetivos de realização empresarial;
Exemplo: participação nos resultados anuais ou semestrais
Recompensas vinculadas ao tempo de serviço do funcionário;
Exemplo: qüinqüênios ou decênios;
Recompensas relacionadas com o desempenho claramente excepcional;
Exemplo: aumento por mérito;
Recompensas relacionadas com resultados departamentais, divisionais e
globais; Exemplo: remuneração variável;
54
Benefícios e Serviços
Os benefícios incluem uma grande variedade de serviços e vantagens oferecidas
aos funcionários que podem ou não, dependendo da empresa, arcar com um percentual
dos mesmos. Os principais itens que compõem o pacote de benefícios da Esso são: ATS
(Adicional de Tempo de Serviço, que é um benefício pago anualmente, onde o
percentual varia de acordo com os anos de trabalho na empresa), auxílio-
creche/acompanhante, vale-refeição, auxílio-funeral, auxílio ao filho excepcional,
reembolso educação, seguro de vida, empréstimo, ajuda de custo e auxílio moradia (em
caso de transferência no Brasil) e plano de previdência privada (PrevidExxon).
5.3.2. Petrobras
55
Remuneração
Compensação representa o conjunto compreendido pela remuneração fixa, direta e
indireta, e a remuneração variável, individual e de equipe.
A remuneração fixa se divide em remuneração direta (salários, adicionais,
gratificações, evolução na carreira, etc) e remuneração indireta (Assistência
Multidisciplinar de Saúde, benefícios educacionais, previdência complementar e
outros). A remuneração variável é composta por parcelas que dependem dos resultados
obtidos pela companhia – PLR para as equipes e o Bônus por Desempenho para
indivíduos. Esse conjunto, conhecido no mercado como remuneração total, representa a
compensação pelo trabalho e também cria o conceito de remuneração anual.
O Avanço de Nível, com a possibilidade de ascensão de até três níveis, permite
que empregados com alto desempenho percorram com maior rapidez suas carreiras. O
Programa de Bônus por Desempenho praticado pela companhia é outro instrumento
para reconhecimento do alto desempenho e está alinhado com práticas de mercado. A
grande maioria das empresas que possuem este tipo de programa limitam sua
distribuição às funções gerenciais. Na Petrobras todos os empregados são elegíveis. Em
2001, cerca de 25% dos empregados foram destacados com o Bônus. Deste total, 60%
são empregados de Nível Médio e 22%, de Nível Superior.
Os programas de benefícios são custeados pela companhia, pelos empregados,
aposentados e pensionistas beneficiados. Os programas abrangem diversas áreas e têm
os seguintes objetivos:
- Área de saúde. Objetivo: educar e prevenir, de modo a minimizar as ações e
custos voltados para a recuperação da saúde. Exemplo: AMS (Assistência
Multidisciplinar de Saúde).
- Área educacional (empregados). Objetivo: educação de funcionários. Exemplos:
complementação educacional monetária.
- Área educacional (dependentes). Objetivo: educação de dependentes. Exemplos:
valor monetário para auxílios creche ou acompanhante e pré-escolar.
- Área de Lazer. Objetivo: prever o desenvolvimento de práticas associativas que
promovam a integração entre os empregados, e destes à companhia. Devem viabilizar o
intercâmbio com a comunidade, contribuindo para o cumprimento da função social da
empresa e para o fortalecimento de sua imagem. Exemplo: clube para os funcionários.
Com base nestes objetivos e de acordo com a verba disponibilizada anualmente
para cada uma das áreas são desenvolvidos os programas de benefícios da companhia.
56
Abaixo é apresentada uma tabela resumo da política de remuneração da Petrobras.
Figura 8 - Compensação
Remuneração Fixa Remuneração Variável
Direta Indireta Equipe Individual
Salários AMS Plano de Saúde PLR Bônus por Desempenho
Adicionais Benefícios
Gratificações Educacionais
Progressão na carreira Clubes
Outros Outros
Remuneração Total
Fonte : Jornal corporativo de RH
Desenvolver pessoas é fornecer a formação básica para que elas aprendam novas
atitudes, soluções, idéias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e comportamentos e
se tornem mais eficazes naquilo que fazem. E as organizações estão percebendo isso.
Os processos de desenvolvimento envolvem três domínios, que se superpõem: o
treinamento, o desenvolvimento de pessoas e o desenvolvimento organizacional. E estes
podem receber uma abordagem tradicional ou moderna.
Na era da informação por onde as empresas de hoje estão passando, o
conhecimento é o recurso mais importante. E treinamento está intimamente ligado com
o conhecimento. Ele é um meio de desenvolver competências nas pessoas para que elas
se tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os
objetivos organizacionais. Desta forma, o treinamento é uma fonte de lucratividade, ao
permitir que as pessoas contribuam para os resultados do negócio. É uma maneira eficaz
de agregar valor às pessoas, à organização e aos clientes.
Embora os métodos para afetar a aprendizagem do treinamento e do
desenvolvimento sejam similares, a sua perspectiva de tempo é diferente. O treinamento
é orientado para o presente, e o desenvolvimento focaliza geralmente os cargos a serem
ocupados no futuro.
57
5.4.1. ExxonMobil
58
funcionário; desenvolver um plano para suprir essas necessidades; conduzir as
discussões pré e pós-curso; prover o departamento de Recursos Humanos com inputs
sobre novas necessidades de treinamento.
Os treinamentos disponíveis na Esso são, em sua maioria, para desenvolvimento
do funcionário e preenchimento de lacunas de competências para o seu cargo. Mas
existem também treinamentos para melhorar o próprio ambiente de trabalho, como é o
caso do treinamento sobre a política de anti-intimidação no local de trabalho.
5.4.2. Petrobras
59
Programa de Trainee
O Programa de Trainee para os profissionais de nível superior juniores que são
formados e capacitados para o exercício de funções nas diversas áreas da empresa. O
programa é bastante extenso, contando anualmente com aproximadamente 600
profissionais que são treinados por períodos de até um ano, dependendo da formação
prévia e da área de atuação.
O programa é considerado adequado no processo de introdução de novos
profissionais na empresa. Além dos aspectos técnicos, são contemplados os negócios da
empresa, a filosofia de gestão, os valores e a cultura organizacionais. A participação dos
gerentes neste processo de aprendizado e integração é bastante grande, principalmente
na orientação do treinamento interno, ministrado nos próprios departamentos
funcionais. O tempo de treinamento é dividido entre sala de aula e vivência prática.
Terceirizados
Em muitos casos, o treinamento acontece também para os terceirizados. Um
exemplo é a parceria com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para a escolarização
da mão-de-obra que atende a Petrobras em Macaé. Aproximadamente trezentos alunos
dividem-se em dez turmas de ensino fundamental e médio. Além do currículo regular,
são contemplados tópicos em Política de Segurança, Saúde e Meio Ambiente.
60
Wharton e Havard. Para as gerências de nível tático, são subsidiados cursos de pós-
graduação em administração nas melhores instituições do país.
61
tenham uma maior produtividade. Para isso, a empresa precisa ter um bom
relacionamento com seus empregados. Como bom relacionamento, entenda-se: boa
comunicação (saber comunicar a sua filosofia), cooperação (compartilhar as tomadas de
decisões com funcionários), proteção (o local de trabalho deve contribuir para o bem
estar), assistência (entender e auxiliar as necessidades especiais de cada funcionário) e
disciplina (ter regras claras).
5.5.1. ExxonMobil
62
Conflitos Pessoais e Confidencialidade
Poderá surgir uma situação ou conflito pessoal em que os funcionários sintam que
não podem discutir seus problemas com seu supervisor imediato. Em tais casos, os
funcionários têm o direito de falar diretamente com outros níveis de supervisão na
hierarquia da organização, ou com o Diretor de Recursos Humanos, ou seu
representante local.
Todas as discussões devem ocorrer em condições nas quais os funcionários sejam
ouvidos, recebam alguma forma de resposta consistente e não tenham receio de
represálias. As discussões serão realizadas sob total sigilo, a não ser que os funcionários
solicitem especificamente ou sejam avisados de que outros devem ser colocados a par,
para que se possa atingir uma solução.
Assistência
Programas de Saúde Ocupacional
Estes programas, os quais podem incluir avaliações periódicas de saúde,
imunizações e redução de fatores de risco à saúde, são tipicamente elaborados de acordo
com as circunstancias locais/nacionais.
Programas de Reconhecimento
Tem como objetivo reconhecer um bom trabalho individual ou em equipe,
principalmente pela sua rapidez, integridade, segurança, foco no cliente e resultado. O
programa abrange todos os funcionários e cabe ao supervisor direto a decisão do
reconhecimento, não sendo necessário incluir níveis superiores na aprovação.
Cada supervisor poderá premiar até 25% de seus funcionários por ano. Os prêmios
não podem ser dinheiro ou tickets que possam ser trocados por dinheiro, mas um dia de
folga, um jantar, uma pequena viagem, ingressos para shows, eventos esportivos,
parques temáticos, acessório de informática, máquina fotográfica, jogo de ferramentas,
entre outros. A premiação deverá ocorrer durante reuniões do departamento, reuniões
comemorativas ou em café da manhã com os funcionários.
Tempo de Serviço
Em reconhecimento pelos anos de trabalho, é praxe da empresa presentear seus
funcionários com alguns prêmios, como relógios, broches, etc.
63
Disciplina e Proteção
Quanto à questão da disciplina, modernamente, as empresas têm adotado uma
política de auto-disciplina, ou seja, as pessoas ajustam seus comportamentos às regras
organizacionais, enquanto a organização monitora as metas e o alcance dos objetivos.
No caso da Esso, existem regras claras de disciplina, que o funcionário deve se policiar
para seguir e que caso não o faça, será advertido verbalmente ou por escrito por seu
supervisor.
Os projetos e normas de segurança da Esso foram criados e funcionam para
estabelecer padrões, fornecer treinamento e conduzir operações de modo a garantir a
segurança dos empregados da propriedade e das comunidades em que opera, além de
responder prontamente, com eficácia e cuidado, a todas as emergências ou acidentes
resultantes de suas operações, cooperando com outras empresas ou órgãos
governamentais autorizados.
Além disso, a empresa busca cumprir todas as leis e regulamentos aplicáveis, e
adotar normas próprias responsáveis onde as leis e regulamentos não existirem. Por isso,
a Esso se destaca como uma das empresas com menor índice de acidentes e cuja brigada
de incêndio da fábrica Solutec é vista como referência para outras empresas.
A Esso tem uma política de coibir os incidentes, pois acredita que eles são a fonte
dos acidentes, ou seja, analisando as causas dos incidentes, quase acidentes e pequenos
acidentes e tentando evitar os atos arriscados que os causaram, a empresa estará
diminuindo significativamente os acidentes graves.
Atualmente, 4% de todo o PIB mundial é gasto com indenizações por acidentes,
isso porque não estão sendo levados em consideração os acidentes não declarados, ou
seja, o custo de não se ter segurança é muito alto para uma empresa.
Higiene
A higiene do trabalho está diretamente ligada ao bem estar das pessoas e às
condições ambientais de trabalho que asseguram a elas saúde física e mental. Na Esso,
por exemplo, todos os funcionários da fábrica usam equipamentos de segurança como
capacetes, luvas (quando têm que checar alguma etapa a quente da produção de graxas),
óculos (para nenhuma substância química espirrar no olho) e botas ou sapatos que não
escorreguem.
64
Estresse
O estresse no trabalho é causado por traumas, fadiga, emoções fortes ou situações
conflitantes e pode causar no funcionário depressão, ansiedade, angústia e até
problemas físicos. Ele diminui a produtividade da pessoa e, caso seja generalizado,
diminuirá a produtividade da empresa como um todo.
No caso da Esso, de modo geral o ambiente de trabalho não é muito estressante.
Evidentemente, algumas áreas estão mais expostas ao estresse do que outras, mas não
há um programa específico antiestresse.
5.5.2. Petrobras
Ambiência Organizacional
Desde 1996 é realizada na Petrobras uma Pesquisa de Ambiência Organizacional.
Trata-se de um instrumento de monitoração do ambiente interno através do qual são
coletadas as percepções dos empregados a respeito do clima de trabalho, de aspectos da
cultura da companhia e das condições propiciadoras das mudanças pretendidas. Antes
bienal, agora a pesquisa passa a ser anual. As respostas são dadas em processo
informatizado e sigiloso, por cerca de três quartos do efetivo, o que confere grande
representatividade a seus resultados.
Entre outros aspectos apontados, revelou-se que a satisfação em trabalhar na
Petrobras continua sendo um dos grandes fatores motivadores dos empregados e
determinante para o forte vínculo existente entre estes e a empresa. É relevante a
constatação de que os empregados atribuem alto grau de importância aos valores
corporativos. Este é um fator altamente positivo e facilitador para viabilizar uma efetiva
adesão à estratégia da companhia.
A Petrobras considera esta pesquisa um importante instrumento gerencial, na
medida em que expõe aspectos críticos e pontos importantes para a melhoria das
65
práticas de gestão. É um meio importante do empregado se manifestar, traduzindo o
“humor” da empresa, revelando seu nível de compreensão e adesão às estratégias
propostas e dando, com isso, importantes referências aos gestores para as ações
necessárias.
Código de Ética
Na intranet da companhia está disponível o seu Código de Ética, um instrumento
orientador da conduta dos empregados de toda a corporação. Elaborado em 1998 e
revisado no ano em 2002, o código é de responsabilidade do RH Corporativo, que o
mantêm, ouvindo sugestões de todas as subsidiárias e unidades de negócio. Questões
como o uso indevido do correio eletrônico e assédio moral foram incluídas nesta versão
mais recente.
A expectativa é que os empregados absorvam os conceitos embutidos no código e
atentem para a preservação da imagem da companhia. Os funcionários devem refletir
sobre o código e tentar compatibilizar seus valores pessoais com os da Petrobras. As
equipes de RH recebem treinamento e devem estar prontas a interpretar o texto e
esclarecer as eventuais dúvidas.
Saúde
A Petrobras utiliza alguns indicadores para acompanhar a eficácia dos programas
de saúde e possibilitar priorizações e ajustes. O Índice de Realização de Exame
Periódico é um indicador obrigatório proativo que visa a identificação precoce de
problemas de saúde. Nos últimos anos, este índice ultrapassou a marca de 95%. O
Percentual de Tempo Perdido e a Taxa de Readaptação Profissional também têm
evoluído positivamente na empresa.
A taxa de freqüência de acidentes com afastamento vem decrescendo ao longo dos
últimos anos, tendo passado de 3,6 (2000) para 2,9 (2001) e se situado em 1,64 em
2002. Embora este indicador venha apresentando redução ao longo dos anos, em 2002
ocorreram 21 acidentes fatais, que não condizem nem com a história nem com a
filosofia de trabalho da companhia. A redução desse indicador a zero é um desafio para
a empresa. Os esforços e recursos estão sendo dirigidos nesse sentido, como comprova a
implementação do Programa de Segurança de Processo (PSP), com o explícito apoio da
Presidência e da alta liderança da empresa. Este programa, cuja metodologia foi
66
desenvolvida de acordo com as características da Petrobras, será implementado ao longo
dos próximos anos, fortalecendo o gerenciamento integrado dos riscos.
Dentro da remuneração indireta cabe um destaque para o programa de Assistência
Multidisciplinar de Saúde da empresa, a AMS, que oferece cobertura superior aos
programas de outras empresas e de Planos de Saúde disponíveis no mercado.
Constantemente são incluídas coberturas para novos procedimentos. Recentemente os
tratamentos de quimioterapia, radioterapia e hemodiálise passaram a ser cobertos pela
parte de "grande risco", uma significativa economia para os beneficiários que dependem
desses tratamentos.
67
5.6.1. ExxonMobil
5.6.2. Petrobras
68
6. Conclusão e Perspectivas
69
seguida, no plano da segurança poderia ser situada a maior parte dos benefícios,
incluindo planos de saúde e de previdência.
No nível da necessidades sociais, podem ser inseridos os critérios de
camaradagem e comunicação, embora para este último exista uma série de teorias
específicas, não abordadas neste trabalho. Prêmios por tempo de serviço ou por
reconhecimento no trabalho, assim como outros benefícios, podem estar ligados às
necessidades de estima. Num nível superior, entre as necessidades de auto-realização,
poderiam ser classificados os critérios de treinamento, oportunidades de carreira e
orgulho do trabalho e da empresa.
A abordagem por processo pode ser importante ferramenta na gestão das pessoas,
principalmente nas relações diretas entre chefes e subordinados. A teoria de equidade
permitiria, por exemplo, antecipar a insatisfação dos trabalhadores comparando
desempenhos e benefícios. A teoria das expectativas também é de grande aceitação na
harmonização dos objetivos pessoais e organizacionais.
A gestão de recursos humanos de ambas as empresas analisadas neste trabalho
pode ser considerada como moderna e rica em elementos, entretanto nem a Esso nem a
Petrobras são consideradas como modelos de melhores práticas de RH para o mercado.
A Esso tem como ponto mais positivo a completa política de compensação, que
abrange não somente a parte de remuneração e benefícios, como também reflete os
resultados do desempenho individual. Um outro aspecto a ser ressaltado é a retenção de
talentos, uma maneira de diminuir o turnover, manter o capital intelectual e desenvolver
a organização junto com as próprias pessoas.
O modelo de processos sistemáticos e padronizados adotado pela corporação por
força do seu tamanho pode, por vezes, atrapalhar a livre comunicação e afastar o RH
dos funcionários. Apesar das políticas serem difundidas, a interação não é completa e,
para algumas pessoas, a área parece estar um pouco distante.
No caso da Petrobras, destacamos as funções de treinamento e desenvolvimento.
Por ser líder de mercado e por demandar um grande número de profissionais, a empresa
se especializou bastante nestas áreas, visto que existe a dificuldade de recrutamento de
mão-de-obra 100% preparada, especialmente para a área de upstream. A excelência
técnica alcançada pela companhia certamente é fruto desta política de criação e
manutenção do conhecimento.
A cultura de empresa estatal arraigada em todos os níveis teve que ser contornada
com o fim do monopólio. A Petrobras viu-se obrigada a melhorar suas práticas
70
gerencias e aumentar sua eficiência para concorrer com os novos players, além de ter
perdido vários profissionais para o mercado. Este, portanto, tem sido seu maior desafio
e ainda há muito a fazer.
Acompanhando o crescimento, as constantes mudanças e o desenvolvimento do
próprio mercado, as práticas de RH adotadas pelas empresas de petróleo têm sido
aprimoradas e o setor, embora não seja visto como benchmark, também não tem ficado
muito aquém do esperado de boas empresas.
Este é um setor complexo onde segurança, tecnologia e faturamento são
considerados prioritários frente a necessidade de se ter um RH exemplar para o
mercado. As empresas devem perceber, porém, que as melhorias do seu capital humano
podem ter reflexos significativos no resultado da empresa como um todo.
Como evolução do presente estudo poderiam ser aprofundadas as comparações
entre os critérios adotados nas pesquisas comerciais e o questionário elaborado com
base nos sub-sistemas de gestão de pessoas propostos por CHIAVENATO (1999).
Poderiam também ser investigadas as causas da ausência das empresas petrolíferas nas
listas de melhores empresas para se trabalhar.
Como limitação desta pesquisa pode-se citar o fato do questionário ter sido
aplicado a apenas um representante da Esso e da Petrobras, o que pode ser limitado e
tendencioso. Para amenizar tal efeito, foram utilizados materiais institucionais das
companhias como referência bibliográfica.
Apesar da informação estar disponível, não foi possível, dentro do escopo do
trabalho, estabelecer comparações entre as empresas da indústria do petróleo e outros
setores de atividades, o que poderia ser interessante como benchmark.
71
7. Bibliografia e Referências
FREITAS, M.V. & DUTRA, L.D., 1996, Pesquisas Recentes em Energia, Meio
Ambiente e Tecnologia. M.Sc. Coordenação dos Programas de Pós-
Graduação em Engenharia, Rio de Janeiro.
LEVERING, R. & MOSKOWITZ, M., 1994, The 100 Best Companies to Work
for in America. New York, Plume.
TOLOVI JR., J., “Um Excelente Lugar para se Trabalhar”, Ícaro Brasil, Junho de
2001. pp 38-40.
Ipiranga. www.ipiranga.com.br
Consultado entre março/02 e setembro/02
Petrobras. www.petrobras.com.br
Consultado entre março/02 e janeiro/03
Repsol-YPF. www.repsol-ypf.com.br
Consultado entre março/02 e setembro/02
72
Shell Brasil. www.shell.com.br
Consultado entre março/02 e setembro/02
Texaco. www.texaco.com.br
Consultado entre março/02 e setembro/02
73