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00323'\
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL C5T
1.----,-- !
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTiÇA
GABINETE DA PRESIDÊNCIA

or. n° 100.01.232 Campo Grande, 30 de junho de 2010.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA


SEÇAO DE PROTOCOLO DE PETICÕEs'
01 JUL 2010 16:51 -

00180525
11111111" 1111111111 "111111
Ref.: REsp n° 956388 - UF: MS - Reg: 2007/0098994-2
Ass.: Informação (presta)

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Conquanto não diga respeito aos fatos especificamente apurados no


processo em referência, levo ao conhecimento de V. Exa. acórdão proferido pelo
Órgão Especial deste Tribunal no Processo Administrativo Disciplinar n.
066.158.0005/2009, instaurado contra a magistrada Margarida Elisabeth Weiler, a
qual figura como ré e Recorrida no Recurso Especial n. 956388.

Conforme se vê, foi aplicada à magistrada a pena de aposentadoria


compulsória por interesse público, com vencimentos proporcionais ao tempo de
serviço, nos termos da Resolução n. 30 do CNJ, t do em vista a prática de novas
faltas.

Atenciosamente,

Des. Elpídio Helvécio Chav Martins


Presidente do Tribunal de Jus .ça / MS

Ao Excelentíssimo Senhor Ministro


JORGE MUSSI
Superior Tribunal de Justiça
Brasília - DF

Av, Mato Grosso, Bloco 13 - Campo Grande - Parque dos Poderes - MS


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TJ-MS ') ~.. V
n.: !7"'

066.258.0005/2009
Tribunal de Justiça de J:lato Grosso do Sul

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Órgão Especial
C5T
Processo Administrativo Disciplinar - N. 066.158.0005/2009 .
Relator - Exmo. Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte.
Requerente - Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul.
Requerida - M.E.W. (Advs. Drs. Sebastião Rolon Neto - OABIMS n° 7.689 e
Jorge Augusto Bertin - OAB/MS nO7.550).

E ME N T A PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR


- MAGISTRADA - CONDUTAS INCOMPATÍVEIS COM A DIGNIDADE, A
HONRA E O DECORO DAS FUNÇÕES - ABUSO DE PODER - PRELIMINARES
EXAMINADAS JUNTAMENTE COM O MÉRITO - REJEITADAS
ANTECEDENTES - ESTATUTO DA MAGISTRATURA - PENA DE REMOÇÃO
COMPULSÓRIA JÁ APLICADA SEM RESULTADO PRÁTICO - PENA DE
DISPONIBILIDADE APLICADA EM OUTRO PROCESSO DISCIPLINAR, COM
TRÂNSITO EM JULGADO - APOSENTADORIA COMPULSÓRIA POR
INTERESSE PÚBLICO - REPRESENTAÇÃO ACOLHIDA.
Aplica-se á pena disciplinar de aposentadoria compulsória, por interesse
público, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço, nos tennos do art. l°. V, e
do art. 5°, lI, da Resolução n. 30, do Conselho Nacional de Justiça, à magistrada que,
agindo com abuso de poder, comete infrações graves, atentatórias ao Código de Ética da
classe, incompatíveis com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções,
comprometendo a imagem do Poder Judiciário.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes do Órgão
Especial do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos e das notas
taquigráficas, à unanimidade, aplicar a pena de aposentadoria compulsória à requerida, nos
tennos do voto do relator. Declararam suspeição o 5° e 14° vogais. Ausente justificadamente o 4°
vogaL

Campo Grande, 23 de junho de 2010. ~-----


---
~crz~ ~

~
Des;..~rlVíigueI Abss Duarte - Relator
~~~ c1f;91
066.158.0005/2009

RELATÓRIO
O Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte
O Corregedor-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul; DE'S.
JOSUÉ DE OLIVEIRA, por meio da Portaria n° 001/2009, de 04 de fevereiro de 2009,
instaurou Sindicância com vistas à apuração de denúncias de irregularidades fonnuladas em face
da Juíza de Direito da Vara Única da Comarca de Anaurilândia, DR3 MARGARIDA
ELISABETH WEILER.
Os considerandos da referida Portaria resumem os fatos que autorizaram a
medida administrativa tomada, a saber:
"a) consiclerando haver chegado ao conhecimento deste órgão informações
acerca de possivel desvio de Conduta da magistrada MARGARIDA
ELISABETH WEILER, a quem se imputa agir em conluio tom LUIZ
EDUARDO AURICCHJO BOTTURA, no sentido de obterem vantagem ilici/a
em face de terceiros, bem como de constrangê.los por meio de processos
judiciais;
b)considerando a existência de reclamação administrativa veiculada
perante esta Corregedoria-Gera/de Justiça, ddndoconta dos fatos tratados
pela imprensa;
c) considerando que estes fatos _ensejaram grande reperCllS~iit:J_1Jgçfº!1ªl,_
--------- ------coiijbnifriie eitraiàá -âésiacCidddiji,iãOrios-inaios decomunicação; seguidas
de severas maniftstações das secciotlqis da ()rdem dos Advogados do Brasil,
páulista e sul.,mato.grossense;
d) consiclerando os indícios de que o patrocínio eJe LUIZ EDUARDO
A URICCHJO BOITURA foi exercido pelo advogado EDUARDO GARCIA
DA SILVEIRA NETO, com quem a magistrada alegadamente mantém
relação afetiva more lIXorio;
e) considerando que referida mágistrâda teria proferido diversas decisões
favoráveis a LUIZ EDUARDO AURlCCHIO BOTTURA; posteriorment~
cassadas em grau de recurso, por manifesto desacordo com o Direito;
j) consideraneJo ofato de a Seção Criminal do Tribunal de Justiça do Estado
de Mato Grosso do Sul (er comunicado a Corregedoria, rio sentido de que a
magistrada, no bojo de um inqu#rito policial em que figurava como
querelante JOSE EDUARDO AURlCCHIO BOTTU'RA, lieterminou a
expedição de cartasprecat6riclspdta busca e apreensão de coisas;
g) _considerando que estes faros constituem claros indicias de que a citada
juíza se vale do cargo para a prática de lI'regularidades;
h) considerando que por ariterioresdesvlo$ de conduta a magistrada joi
apenada pelo Tribunal de Justiça com remoção compulsória, após regular
procedimento administrativo, e foi recentemente condenada em ação de
improbidade perante o Juízo da Comarca de Caarapó, [e} pelos mesmos
fatos está sendo processada criminalmente;
i) considerando que a perpetuação da situação narrada sem a adoção de
providênCias urgenteS enseja ampla repercussão negativa no meio juridico e
prejuízo à prestcrção jurisdicional na Comarca de Anaurilândia, causando
desgaste à imagem do Poder Judiciário e, por isso, maljerindo o interesse
público;
j) considerando a premente necessidade de investigar e apurar a verdade
sobre mencionados fatos,
RESOLVE:
Instaurar sindicância em face de lvlARGARlDA EL1SABETH WElLER, Juíza
de Direito da Comarca de Anaurilândia, para apuração de seu envolvimento
e eventual associação com LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA para
obtenção de vantagens ilícitas por meio do ajuizamento de ações Judiciais
(ar/. 169, V, do RITJMS). "(F. 02-05).
Instaurada a Sindicância referida, sob o nO 2009.960073-4 (Ped. Provo
066.152.0021/2009), o Corregedor-Geral da Justiça encaminhou, com as devidas justificativas,
solicitação ao Presidente do Conselho Superior da Magistratura, Des. ELPÍDIO HELVÉCIO
CHAVES MARTINS, no sentido de propor ao Órgão Especial o afastamento preventivo da
referida magistrada, o que foi acolhido, por unanimidade, pelo Colegiado, em 11 de fevereiro de
2009, nos autos 066.152.0009/2009, efetivado no dia 13 de fevereiro de 2009 e prorrogado, na
forma legal.
O mencionado afastamento foi absorvido pela pena disciplinar de
DISPONIBILIDADE, decisão essa transitada em julgado, que lhe foi aplicada, em 2 de
dezembro de 2009, nos autos do PAD n° 066.158.0003/2009, em vista do cometimento de
inúmeras infrações funcionais, tais como a indicação à nomeação de seu companheiro, o
advogado EDUARDO GARCIA DA SILVElRA NETO, para o cargo de Juiz Leigo do Juizado
Especial da Comarca de Anaurilândia; permissão para que a Conciliadora do Juizado Especial,
LÓIDE STÁBILE LIMA, presidisse audiências em que seu esposo, o advogado NAPOLEÃO
PEREIRA DE LIMA, representava o interesse de uma das partes; locomoção a outra Unidade da
Federação, sem o conhecimento do Tribunal de Justiça, acompanhada de advogado, Delegado e
um Agente de Polícia, para diligência de prisão de seu ex-companheiro; e reunião dos servidores
do fórum de Anaurilândia, para exibir cenas da filmagem da referida prisão, circunstâncias que
geraram apreensão entre os "servidores da comarca ante a hipótese da Df" MARGARIDA
reassumir as funções, uma vez que suas atitudes revelam a ()stentação de poder e rigor
desmedido" (f. 211), "em menosprezo à toga e escancarando o intuito intimidatório dos
funcionários subordinados ( ..), não aceitando outra atitude senão a obediência" destes (f. 218).
Na fase de Sindicância, foi realizada inspeção na Comarca de Anaurilândia,
sob a presidência do ExmO Sr. Des. JOSUÉ DE OLIVEIRA, Corregedor~Gera1 de Justiça,
coadjuvado pelos Juízes Auxiliares da Corregedoria-Geral de Justiça, Drs. RUY BARBOSA
FLORENCE e FÁBIO POSSIK SALAMENE, onde se coligiram diversos documentos e
promoveram-se as oitivas de cerca de 28 (vinte e oito) pessoas, entre servidores do Poder
Judiciário, policiais, Juízes de Direito, advogados, particulares e o prefeito do Município, tendo
sido confirmadas, à exaustão, as suspeitas de irregularidades praticadas pela magistrada, a qual,
em DEFESA PRÉVIA, negou os fatos, requerendo o arquivamento do pedido de instauração de
processo disciplinar (f. 2.394-2.402).
Em sessão de 17 de junho de 2009, o Tribunal Pleno acolheu, por votação
unânime, nos autos de Pedido de Providências n. 066.152.0021/2009, o pedido de instauração do
presente processo administrativo disciplinar contra a requerida, acórdão que recebeu a seguinte
ementa:
"EMENTA - PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS - MAGISTRADO - INDÍCIOS
DA PRÁTICA DE ATOS OUE BENEFICIAM DETERMINADO AUTOR DE
GRANDE NÚMERO DE ÃÇÕES - OFENSA AO CÓDIGO DE ÉTICA DA
MAGISTRATURA - APURAÇÃO NECESSÁRIA.
Havendo indícios sobre cometimento de abuso de poder e de falta de
serenidade em atos praticados por magistrado, impõe-se a instauraçc70 de
procedimento administrativo disciplinar para apuração dos fatos. JJ (F.
2.414).
O Processo Administrativo Disciplinar, registrado sob o nO
066.158.0005/2009, coube a mim por distribuição, tendo sido determinada a citação da
magistrada, que recebeu cópia do referido acórdão.
As mencionadas conduta,; incompatíveis, delineadas no acórdão do Tribunal
Pleno desta Corte, que autorizou a abertura do presente Processo Administrativo Disciplinar (f.
x.J...,M,S . c:'!l
n. : .,i1.,g;::;;>
06ô.158.0005/2009
..)
2.414..,2.421), referem-se à associação da magistrada com o engenheiro LUIZ EDUARDO
AURICCHIO BOTTURA, deduzidas a partir dos seguintes fatos:
a) participação da juíza no engendramento de ações propostas por LUIZ
EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, bem como seu concurso no sentido de permitir, ao autor
das deman(ja$, vantagens patrimonia,is ilícitas;
b) a magistrada e seu convivente, o advogado EDUARDO GARCIA DA
SILVEIRA NETO, precedentemente ao ajuizamento das centenas de demandas por LUIZ
EQUARÚO AUR.ICCHIO BOTTURA, mantiveram concerto como autor des~as ações;
c) apurou-se que, depois de ajuizadas as ações, a Dra. MARGARIDA
dispensava tratamento diferenciado ao autor e aos processos com ele relacionados, inclusive
exigindo prioridade, bem assim que seu cOmpanheiro (o advogadO EDUARDO GARCIA)
lançava despachos em processos de competência da magistrada, para que ela símplesmente
assiI1asse, ~em prejuízo de eventualmente executar materialmente as determinações judiciais,
mediante utilização de senhastlSllrpadas da escrivã LOSÂNIALOPES DA SILVEIRA FARIA e
do escrevente GILBERTO JOSÉ DOS SANTOS, ambos sujeitos ao poderhieriírqwco da juíza;
d) a magistrada.proferiu dec,isões absurdas, poris$o im~iatamente cassadas
em..segunda instância. tais como ..0 arbitramento. de pensão alimentíCia em favor do Sr.
BOTTURA, no valor deR$ 100;000,00 (cem mil reais) mensais, a serem pagos Pêlo seu eX-
sogro, SI. ADALBERTO BUENONÊITO, em ação cautelar deair+Jhlmento de bens (autos n.
- ..JL~;ºZ,ººZ47.9-2), intentada em 6.1L2007,sob.opatrocímo-d{}.aGvoga<Ío-EDUAROO.-eAR€Ik
DA SILVEIRA NETO, inscrito na OAB-SP sob o n. 205.194~ fatos que demonstram que a
magistrad~ valendo-se do seu cargo, procurou obter vantagem ilícita a seu favor ou .deterCéito~
e) nessa mesma demanda, além do pensionamento, amagístrada, sob o
singelo fundamento de constituírem ''medidas necessáti~ à instI:uçãodo' felto'\ deferiu a
e.xpedjç~o.dos ofícios que implicam na quêbrá de si'gilofiscal, bancário, telefônico e telemático
dos requeridos, a despeito dettatar-!;ie de cautelar de arrolamento de lJens;
f) verificou-se, também, que o~. oocios expedido~pela magistrada
especificaram bens não descritos no processo, dehOtando que aquelapqssqí(3. <;o~ecimento de;
fatos hão constantes nos autos, .possive1mente.por manter relação de pr04!midade com o Sr.
BOTTURA; . ., .
g) a. magistrada, em violação à lei processual; lançou despacl1Qs e decisões
quandoincompetente para fazê:'lo; ,. .... .. ..
h} a parcialidade da magistrada ficou ainda mai~~vi4~Ilt~,à D;l~~idaem que,
ao pro;€bri:lhªd~~isão, tecdeuc:logiosgratuitos a LUIZ EdDUARD?IAURICCHIdO~O::rUd~.' tall's .1
como ..' :t1 . autismo aca. ênucÓ tloal,ltor' €'de seu grane poteficla ~tnpreen. edpr .e O .. lSC1PU o
[BOTTURA] superou o mestre [ex-sogro, parte na ação]"; . . . ' '. , . . '. .
1) LUIZ EDUARDO ÀURICCHIOBOT'fURA, como dito, conUivacom o
favoreçimento da magistrada. Por i~so, além de tentar obter proveito econômico, passou a atacar
pessoas ligadas aos seus ádversários ou àqueles que se.antepuseram às suas pretensões~ mediante
o ajuizamento de centenas de ações cíveis e criminais; conforme se verifica em consulta ao SAl
- Serviço de Automação do Poder Judiciário de MS, só em Ánaurilândia, LUIZ EDUARDO
BOTTUR.A. ajuizou 87 (oitenta e sete) queixas-crimes, sendo a grande maioria proposta em face
de advogados de seus .adversários, em decorrência de manifestaçÕés processuais, algumas destas
ocorridas em processo que tramitavam em Outros estados; em todos esses casos, a magistrada.
dizendo que as queixas estavam formalmente em ordem, designou audiência nos termos do art.
520 do cpp e, eventualmente, admoestando os advogados de que a imunidade do art 142 do
Código Penal não era absoluta e que a excludente só poderia ser verificada após a instrução do
feito, .caso a queixa fosse recebida; com isso, Obviamente antecipava b recebimento da ação
penal e instruiria o processo, caso não houvesse reconciliação entre. as partes; .i$50 fatalmente
permitiria que a persecuçâo criminal desenvolvida por EDUARDO BOTTURA servisse de
instruInento de vingança ou mesmo a qualquer outro sentimento incompatível com os preceitos
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066.158.0005/2~

que devem reger uma relação processual; reforça essa conclusão o fato de que, com o
afastamento da magistrada, as queixas-crimes iniciadas por LUIZ EDUARDO BOTTURA foram
sumariamente rejeitadas pelo Juiz ROBSON CELESTE CANDELORIO, tão logo fora
designado para responder pela comarca de Anaurilàndia.
Ao oferecer DEFESA, a f. 2.449 a 2.460, â acusada alegou, em
PRELIMINAR, a impossibilidade de se investigar suas decisões, porque:
a) todos os indícios levantados seriam fruto de sua atividade jurisdicional, não
podendo, a teor do art. 41 da LOMAN, ser julgada por suas decisões; e
b) todas as decisões teriam sido imparciais e motivadas, tendo julgado
conforme seu livre convencimento, estando os atos judiciais sujeitos a recurso.
Olvidando o conteúdo do acórdão, acrescentou que a ementa seria vaga, pois
não mencionou nenhuma acusação de forma objetiva, conforme impõe o ~ 4° do art. 7° da
Resolução n. 30 do CNJ.
No tocante ao MÉRITO, a requerida refutou todas as acusações, apresentando
as seguintes justificativas, que se louvariam nas declarações das testemunhas ouvidas no PAD
066.158.0003/2009, no qual foi aplicada a pena de DISPONIBILIDADE, transitada em julgado,
submetidas ao crivo do contraditório, e nos documentos juntados, inclusive relatórios de
correições teal izad as pela Corregedoria-Geral de Justiça deste Estado, bem assim declarações
firmadas por membros da comunidade jurídica de AnªuriIândia, que atestariam a sua integridade,
lisura e eficiência enquanto esteve à frente da referida comarca:
1) os empreendimentos do Sr. BOTTURA na pequena cidade de Anaurilândia
foram noticiados pela imprensa local quando de sua chegada, sendo esta a fonte da magistrada e
de seu companheiro (convivente), Sr. EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, advogado
especializado em direito eletrônico, que tão somente foi procurado pelo Sr. BOTTURA quando
este já se encontrava instalado em Anaurilàndia;
2) o Dr. EDUARDO GARCIA advogou para o Sr. BOTTURA em tão
somente uma ação judicial e em um pedido de abertura de inquérito policial, tendo depois
renunciado às mesmas ainda em 2008;
3) jamais a defendente e seu companheiro tiveram conhecimento ou contato
com EDUARDO BOTTURA, antes de este chegar a Anaurilândia, sendo caluniosa a alegação de
que eles "mantiveram concerto com o autor dessas ações";
4) não deu preferência ao autor das demandas, EDUARDO BOTTURA. visto
que sempre tratou a todos, partes e advogados, sem qualquer privilégio e com muita
transparência, sempre na presença de testemunhas;
5) não houve usurpação de senha por parte do advogado EDUARDO
GARCIA, uma vez que os servidores apenas solicitavam ajuda do Dr. EDUARDO, juiz leigo na
comarca, para auxiliá-los com o manejo das ferramentas do SAl - Sistema de Automação do
Judiciário de Mato Grosso do Sul;
6) não se pode imaginar o motivo que levou o Sr. BOTTURA a escolher a
Comarca de Anaurilândia como local de residência, mas também não se pode afirmar, como fez
a Con'egedoria, em seu relatório, de forma precipitada e sem provas, de que o referido senhor
escolheu o MuniCípio por força de uma suposta aproximação da magistrada;
7) a maior prova de que a magistrada I1ãotem interesse algum nas inúmeras
ações promovidas pelo Sr. BOTTURA é que, desde agosto de 2008, de fonna espontânea, se deu
por impedida em todos os processos onde ele fosse parte, e, desde março de 2009, está afastada
de suas funções por determinação deste Tribunal, porém, mesmo assim o Sr. BOTTURA
continua residindo e demandando intensamente na Comarca de Anaurilândia e nesta Corte, onde
tem centenas de feitos em tramitação;
8) não há no inquérito administrativo sequer um único indício de
favorecimento da magistrada ao Sr. BOTTURA ou de que tenha se favorecido ou beneficiado a
terceiros, em virtude de suas decisões, que foram devidamente motivadas.
TJ-M$ "')~
n.: "-",.,,,
066.158.0005/2009

Requereu o acolhimento da preliminar, com li extinção de plaqo dO presente


fejtobe, sea,lcat1çado o 'mérito, pugna pela SuaÍnocênêia.
A f. 2.?64, proferi despacho, orc.renand()o segllitité:
a) a autuação em separado das exceções de suspeição e impedimento, bem
tomo a intimação dos excep~os para apresentação de resposta no prazo de 10 dias; medidas que
não suspenderam o andamento do processo principal, conforme aplicação subsidiária do art. 111
do CPP;
b) a preliminar será analisada com o mérito pois com este se confunde, uma
vez que existem outros fatos atribuídos à investigada;
c)a especificação, pela defesa, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de
prceclusão, das provas que pretende produzir, justificando a pertinêl1cia (Je cada,'uma., após o que
será analisadaél necessidade de produç~o de outras provas.
A f. 2.570, foi detetminadaa anotaç.ão nos autos sobre o ,acolhimento <lãs
exceções, em virtude do reconhecimento delas pelos Exmos Desembargadores RÊMOLO
LETTERIELLO e DIVONCIR SCHREINER MARAN. '
Posteriormente, veio a lume, a f. 2.572.2.573,al:lpresen~ção cios nomes das
testemunhas arroladas pela ácusada, téndo sido deferida, por meio do despacho ,de f. 2.575-
2.576, a produção das provas oràis e dêcumentais requeridas pela defesa" bemassi(l1 deliberado,
nos termosdoart 9°, ~ 1°, da Resolução n. 30/2007, do cru, a()itivade~ive~aS testemunhas,
.., entre_claso. Sr.LUIZ.EDUARDOÀURicCfIIO-.BOTIlJRA--€"o-Sr.-EHUARDO-G-ARcrA-B-A
SItVEIRANETO (~()nvivente da acusada).
Foi, taillbém, no mesmo despacho, requisitado ao jUízo competente cópia
integral da Cautelar de Arrolamento de Bens, processo n. 022.07.()02479-2{autua90emapenso)~
e marcado o Interrogatório da acusada, queJoi realizado nodi~ 22 de.ou,tu,bio,de 2009, às8h, no
pleQáriQdeste Sodalício, ficando estabelêcido que as testemunhas arroladas pOr este Juízo e pela
acus~da seriam ouvidas em audiências a serem realizadas n~s respectivas comarcas de domicílio
das mesmas. Na data aprazada, a requerida foi jntelTo~da (t: 2.599-2600 é 2.611-2;620).
Durante a instrução, foram ouvidas 11 (onze) testenlUrihas(2.671 a 2.755).
Em ALEGAÇÕES FINAIS, ó Ministério Público, por meio do Procurador-
Geral da Justiça, Dt. MIGUEL VIEIRA DA SILVA, após resp~gar os pontosi;:ssenciais dl:lS
prOvas dos autos; sustentou que a péssima cOllduta daaéusadã constitui Qbstáculoà sua
peI1l1anência na magistratura, autorizando a áplicação da pena deapo~enfildoriª c~mpuJsória, por
'~,"':
~t'::.-; interesse público, nos termos .do art. 'so da Res()luçãOn°.3Ú/2007, do CNJ, umll vez que teria
procedido de forma incompatível' com a dignidade, a honra e o <tecoro d~ suas funções e
apresentado proceder funcional inco;Illpatívelcomo bom desempenho das atividades do Poder
Judiciário, motivo pelo qual opinou pela procedência do processo administrativo (f. 2.761-
2.777).
Aberta vista para a requerida apresentar ALEGAÇÔES FINAIS, esta reiterou
o quanto alegado na defesa, acrescentando (f. 2.783-2.803):
. PRELIMINARMENTE:
Os.depoimentosprestadbsna fase de sindicância investigativa nã~ podem, em
hipótese algUllla, servir Corno fundamento para punir a magistrada, devendo ser absolutamente
afastados neste julgamento, que somente poderá ser reaIizad() com'fundamento nOSdepoiméntos
colhidos sob o manto do contraditório e das provas colacionadas após a citação da magistrada no
presente feito investigativo. .
NO MÉRITO:
Reafirmou a tese esposada na defesa, de que não agiu com desvio de conduta
em conluio com LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, requerendo, ao final, a declaração
de improcedência e o respectivo arquivamento do procedimento administrativo.
É o que havia a ser relatado.
TJ-MS
EL. :
066.158.0005/200~~,

Em atenção ao 9 6° do art. 9° da Resolução n. 30/2007, do CNJ - Conselho


Nacional de Justiça, remetam-se, aos demais pares do Órgão Especial, cópias do relatório da
Sindicância de f. 2.285-2.348, do acórdão de fls. 2.414-2.421, da defesa de f. 2.449 a 2.460, das
alegações finais da requerida, de f. 2.783-2.803, e das alegações finais da Procuradoria-Geral da
Justiça, de f. 2.761-2.777, podendo, conforme a preferência dos julgadores, ser disponibilizado
CD com as peças digitalizadas.

VOTO
o Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte (Relator)
Versam os presentes autos sobre o Processo Administrativo Disciplinar
instaurado em face da Juiza de Direito da Vara Única da Comarca de Anaurilândia, Df
MARGARIDA ELISABETH WEILER, pela prática de atos em sua função judicante que, em
tese, atentam contra o Estatuto da Magistratura e, consequentemente, contra o Código de Ética
do Magistrado.
A sindicância foi instaurada, por força do art. 169, V, do Regimento Interno
desta Corte, com o escopo de investigar a referida magistrada, afim de se apurar o seu
envolvimento e eventual associação com o Sr. LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, no
sentido de obterem vantagens ilícitas em face de terceiros, bem como constrangê-los por meio de
ptocessos judiciais.
O objeto principal do suposto conluio estaria centralizado no interesse
prioritário do Sr. BOITURA em buscar, obstinadamente, os seus eventuais direitos, calcados em
bilionário contencioso jurídico estabelecido a partir da separação judicial de sua esposa, Sr
PATRíClA BUENO NETTO BOITURA, e de sua suposta participação na sociedade das
empresas de seu sogro, Sr. ADALBERTO BUENO NETTO, empresário bem-sucedido do ramo
da Construção Civil, com domicílio na cidade de São Paulo.
Saliente-se que o perfil do Sr. BOTTURA, traçado por ele mesmo, é o de um
jovem empresário da internet com inteligência acima da média, polêmico, obstinado, destemido
e empreendedor, que não mede sacrifícios para atingir seus objetivos, o qual, de acordo com
entrevista dada por seu ex-sogro, à Revista Eletrônica "Isto É Dinheiro", utilizaria da seguinte
estratégia:
"É impressionante o seu modus operandi. Ele se aproxima, ganha a
confiança das pessoas e, então, essa relação invariavelmente termina num
litígio judicial. " (F. 08). Sublinhei.
Além disso, consta em notícia veiculada no portal eletrônico da TV Morena o
seguinte:
"Segundo a Polícia, Bottura tem mais de 900 processos judiciais tramitando
t:ontra ele, por crimes como estelionato, contra a honra, extorsão, uso de
documento/a/so, coação, denúncia caluniosa ejalsidade ideológica.
Ele é considerado um dos maiores golpistas da Internet. Juntas, as empresas
que abriu para venda de produtos pela rede tem mais reclamações do que as
empresas de telefonia. Somente em Tocantins, onde agiu durante cinco meses
em 2006, obteve com seus golpes aproximadamente R$ 18 milhões. " (F. 23).
Destaquei.
De fato, é surpreendente a vocação do Sr. BOTTURA para se envolver em
processos judiciais. Só no Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Anaurilândia,
"apurou-se que foram apresentadas mais de 800 (oitocentas) petições" (f. 208), constando que,
neste Tribunal de Justiça, já chegaram a tramitar cerca de mil ações pertinentes ao referido
TJ-MS'l J!,b?:>
n. ':. <'Y ,
066,158.0005/2009
'\:J
senhor, em grande parte delas despontando como autor de queixas-crimes por calúnia, diíàmação
e injúria, bem como exceções de suspeição contra advogados e magistrados. A título de exemplo,
apenas eu fui relator de mais de 100 (cem) queixas-crimes, com base em apenas um fato, que ele
ajuizou contra único magistrado.
, Ao depor como testemunha, nestes autos, o Sr.B,OTTURA jé;lctoU"'sc,
enfaticamente, de ser "autor de mais de tem mil ações no Brasil" (f 2.737).
Cotejando-se os antecedentes da requerida, descritos no relatório, comeste
lacônico perfil do Sr. BOTTURA, pode-se deduzir~ pela afmidadeentreambos, quenãa são
infundadas as suspeitas que recaem sobre a conduta da magistrada.
Durante o transcorrer da Sindicância restaram confirmadas, à saciedade, as
suspeitas de irregularidades praticadas pela magistrada, que culminou com a instauração do
preSente Processo Administrativo Disciplinar, autorizado, à unanimidade, pelo Tribunal Pleno
desta Corte, em 17 de junho de 2009 (acórdão de £2.414-2.421).
Feita esta breve introdução; convém esclarecer ql1C as PRELIMINARES
levantadas pela requeridé;l, devido, ao entrelaçamento coma questão de fundo, conforrtle
estabeleçidono despacho de f. 2.$64, deverão ser analisadasjtihtamentecom o mérito.
Nos tel'lTlOSdOarl 7°, ~4°, da Resolução nO30, do Conselho Nacional de
Justiça - CNJ, a imputação dos fatos e O teor da acusação serão delimitados noacórdâoque
determinou a instauração do processo administrativo; a saber:
_0_ .. ,"~_"_~ __ , ,,____ _ ._._ ., __ , 'iA'1,"t-.-,---7~.,.__ .. ',_.. ."" ' _.
o , ••• • _

(. ..)
f 4° [)eterminada a instauração do processo, o respectivo acórdão [não
apenas a ementa, como (ifirmado na defesa) conterá a imputação dos jatos e
a delimitação do teor da acusação. Observação e destaque meus.
j, .
Na hipótese, o fato central delimitador qaacusação, cQntídonoacórdãoe
atribuído como infração disciplinar, é o seguinte: .. .
,Pal1jcipaçã9 da magistrada no engendmmcnto das ações propostas por
LUIZ EDUARDO AlJRICCHIO BOTTURA, bem como seu con~uJ"Só DÓ sentido de
permitir ao autor das demandas '\'antagtms patrimoniais ilícitas .
.Esta imputação constitui a essência do Processo Administrativo, a quaIse
projeta nos itens seguintes, que são desdobramentos do anterior, nos quais ,serão dissecados, um
a um, OS. atos praticados pela requerida, concluindo-se se eles São ou nãoptocedentes e até que
ponto podem ser interpretados como fªtos materializadorcs da.infração, admiriistrâtiva prefalada:
a) A magistrada e seu convivente, o advogado EDUARDO GARCIA DA
SILVEIRA NETO, precedentemente ao ajuizamento das centenas de. demandas por LUIZ
E.DUARDO AURICCHIO BOTTURA, mantiveram concêttocom o autor dessas ações.
As provas dos autosdemonsttam que, defato,no segundo semestre do ano de.
2007, o advogado EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, que mantinha telac,ionamento
estreito com a JuÍZa MARGARIDA, estabeleceu contato prévio com LUIZ EDUARDO
AURICCHIOBOTTURA.
Abro. um parênteses, para elucidar. que, .no corpo do acórdão do PAD n.
066.158.0003/2009,julgadoem 2.12.2009, já transitado em julgado, em que a requerida recebeu,
por unanimidade, a pena de DISPONIBILlPAI)E,com vencimentos proporcioriais ao tempo de
serviço, constou:
"O advogado EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETOjoi indicado pela
magistrada, para o cargo de Juiz Leigo, em 29 de setembro de 200ó(lls.
689) e. segundo o conjunto probatório queçonsta nos autos, desde }6 de
novembrode2005, havia relaçqoafttiva entre ele e a magistrada. É o qt,ese
depreende da mensagem eletrônica remetida pela requeridq ao advogaclo
nomeado. Transcrevo o teor (fls. 930):
TJ-Ms
FL. :
066.158.0005/2009
OC3238
...!!.I!J}-!,._ hora. marcada só fora do expediente!!!
'Querido, leia esta n9Ji~{C!.
!'5rsrs. As 'horas extras' são muito agradáveis, como só podem ser entre
adultos bem resolvidos. E discretos. Este meu e-maU nunca foi violado. é
seguro. Bjs... '."
Portanto, é inegável que, na época dos fatos, a magistrada tinha sim
conV1VenCla afetiva more uxorio com o Sr. EDUARDO SILVEIRA, o qual, inicialmente,
advogou para o Sr. BOTTURA, obtendo liminar na Medida Cautelar de Arrolamento de Bens n°
022.07.002479-2, de alimentos provisionais, no valor de R$ 100,000,00 (cem mil reais), bem
assim o deferimento da expedição de oficios para quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e
telemático do empresário ADALBERTO BUENO NETO (sogro) e de PATRÍCIA BUENO
NETTO BOTTURA (esposa).
Considerando, porém, as circunstâncias e os fatos ocorridos até então, b.astava
um simples "relacionamento familiar", de amizade íntima, entre o advogado EDUARDO
SILVEIRA e a Dr''lMARGARIDA, o que foi admitido por esta em seu interrogatório (f. 2.6l4v),
para se acolher a plausibiIidade das dúvidas levantadas quanto à lisura da magistrada nas
decisões proferidas nas causas de interesse de BOTTURA, sobretudo na medida cautelar
referida.
Na defesa escrita, a requerida procurou descaracterizar as evidências de um
concerto ou enten4imentq prévio, dizendo que tomou conhecimento dos projetos de BOTTURA
para Anaurilândia pela imprensa (f. 2.456-2.457), mas, em seu interrogatório, admitiu que
BOTTURA procurou pelo advogado EDUARDO SILVEIRA e que ambos (BOTTURA e
SILVEIRA) chegaram a residir no mesmo hotel, em Anaurilândia. A requerida foi mais além:
afIrmou que, "antes dele [BOTTURA] entrar com as ações em Juizo ", recebeu-o em seu
gabinete, ressalvando, entretanto, que a iniciativa partira do visitante, o qual anunciou o que faria
(f. 2.614).
A testemunha LÍGIA PENTEADO TESARI SANTOS (servidora da Comarca
de Anaurilândia) confirmou, em suas declarações, que a D(I MARGARIDA tomou
conhecimento da ida de BOTTURA para Anaurilândia por meio do advogado EDUARDO
GARCIA. Na sequência, a magistrada repassou esta informação aos servidores (f. 2.675).
Embora a requerida negue a existência de um esquema ilícito com os
envolvidos, dando a entender que tenha sido enganada pelo Sr. BOTTURA, dizendo-se "vítima"
deste (í~ 2.619), os indícios conoboram a assertiva de que, previamente, estes protagonistas
mantiveram contato, tanto que a magistrada anunciava a muitas pessoas que iria chegar em
Anaurilândia um empresário do ramo da Internet, que geraria vários empregos na cidade e o
consequente aumento do número de processos, o que chegou a causar uma certa apreensão nos
servidores (f. 42 e 2.613).
A testemunha, Dr' DANIELA COSTA DA SILVA (Promotora de Justiça),
também confirmou, em SUasdeclarações, que a magistrada, Dra. MARGARIDA, comentara em
sala de audiências, no foro de Anaurilândia, que um grande empresário da Internet se instalaria
na cidade e iria fomentar a economia local, no caso, o Sr. BOTTURA, o que de fàto veio a
acontecer, "e mais uns meses depois (...) ele começou a dar esses problemas lá na cidade" (f.
2.683). Esses comentários da requerida, segundo a Promotora de Justiça, foram feitos "antes de
ele [BOTfURA] chegar na cidade" (f. 2.683).
A testemunha, Sr. LEONEL DA SILVA, igualmente confirmou as
declarações prestadas na Sindicância de que foi o Sr. EDUARDO SILVEIRA, pessoa do
relacionamento da juíza MARGARIDA, quem trOtl.-'(eo Sr. BOTTURA para residir em
Anaurilândia (f. 2.714-2.715).
A testemunha e servidora LOSÂNIA LOPES, da mesma fonna, corroborou
as declarações prestadas na Sindicância, acrescentando que a Juíza anul1ciou aos servidores a
mudança de BOTTURA para Anaurilândia, antes de ele se apresentar em tal cidade (f. 2.717-
2.718).
~~~ ;;.zb.é5
06õ.15B.OOOS/2009

A alegação da defe,sa de qtle a requeridaficotl sabendo da chegada de


BOlTURA a Anautilândiapela 1mprensa local é inver()ssím~l, pois se a$sim fosse não teria
peÇlessidade de dar a público, sobretudo entre os servidores, que "um grande empresário da
Internet se instalaria na cidade e iria fomentar a ecdnQmia local"C£ 2.682 ..2.683) "e que o
mJmerode processos aumentaria bastante" Cf. 2.613).
Conc1ui"se, desta forma., sem sombra. de dúvidas, que a requerida e seu
convivente mantiveram entendimento prévio com BOTTURA a respeito das ações que viriam a
ser ajuizadas na Comarca de Anaurilândia, o que constifuí gravíssima infração funcional.
. b) Depois de ajuizadas as ações, a DF' MARGARIDA dispensava
tnltalnento diferenciado ao autor e aós prOCessos com ele relacionados, inclusive exigindo
prioridade.
Aqui, as evidências contra a requerida vão se aVQlurnâncio.
Inicialmente, só o fato de a própria magistrada, an~ecipar; pubiiçamente, como
visto no item anterior, que aumentaria consideravelmente o número deprQcessQS na Comarca de
Anaprilândia, por contada m\ldânça de BO'fTURA para a cidade. constitui indício fortfssi mo de
seu envolvimento no esquema do empresário, pois uma coisa é prever que a instálação de uma
empresa de grande porte venha a gerar maior movimento forense, o que geralmente acontece
dentro da nonnalidade, de fonna gradual; outra, bem diferente, é prever, com precisão, que o
movimento forense aumentaria extraordinariaipente, de uma hora para outra, por meio de
--~tratêgiasMciá-ortoQox-aS, tais-comoc-ájuizarq\láSe mil-agees~somehte no JuizàdoEspeclal
contra consumidores de 4iversas localidades.
Acrescente-seque a magistr~a não teve nenhutn es<;nlpwo em pedir aoS
serVidores, em reunião pública, que não hostiH~semo Sr. I3()TTURA, depois de este ter Se
indispostocOn'1 a servidora LOSÂNIA, que se recusara a lavrar diversas certid~sique o referido
BOTTURApretendia ditar a ela, segundo os próprios interesses Cf. 41), fato que igualmente se
repetiu com a servidora TÂNIA MARIA RODRtGUES VENÂNCIO (£49-50).
Em seu interrogatório, a magistrad.a. disse que não dispynsoutratilmehto
diferenciado ao Sr. BOTIURA, mas admitiu que marcou a aludida reunião com os servidores
para tra1atdo assunto, nos seguinte termos:
"DEPOENTE: Df' MARGARIDA ELIZABETH WEILER
(...) Mas, o jei/omeio agressivo, não sei, não é riopónto''qe vista pejorativo;
mas ojeito de agir desse BorrURA, ele ê muito entr(jo, ele .~fftUi(()exigente,
ele é muito assim. Isso assustou muito os funciotráriDs, isso CrIOu toda uma
animosidade, toda uma, todo inundo jicouindisposto com aq'uilo. com aquele
jeito de proceder desse BOTTURA e fava criando um climdmUílo ruim e ele
começou a chover ações, chover com ações e isso jâ foi no ano seguinte, 110
início de 2008.
O SR. DES. CLAUDIONOR MIGUEL ABSS DUARTE
Entào..o objetivo da reunião foi exatamente isso?
DEPOENTE: Df MARGARIDA ELIZABETHWEILER
Foi eXÇltamenteisso: iessoal. não adianta. Ele [BDTTURA] tem direito à
jurisdiÇão. Nosso trabalho é compor isso e afend(3risso. Jl/os temos que ter
paciência, foi nesse sentido. Vamos deixar que cada um exerça seu direito e
a nossa obrigaçeio é rêsponder a isso. " (F. 2.614-2.615).
Salfente-se que a Servidora LOSÂNfA informou que, "em 10.02.2009, o Sr.
B01TURAes!eve no gabinete da juiza MARGARIDA onde ficou por mais de uma hora
conversando na presença da secretária TÂNIA; que a depoente não sabe o teor da conversa
(..)" (f. 41).
A seu turno, a testemunha, Dt. DANIELA (prom()tora de justiça), informou
que, na ausência desta, a Df MARGARIDA fez pedido verbal à funcionári~ do Juizado Especial
de Anaurilândia para devolver a ela (Juíza) cerca de 30 TCOs [Tennos CircunstélIldados de
'I'J-MS g6
FL.: .1- ..
066.158.0005/2009

C5T
Ocorrências, do Juizado Especial], pertine11tes aos'--m-te-re-sses
do Sr, BOTTURA, e que os
documentos deveriam ir para ela (MARGARIDA) primeiro (f 2685).
Já o servidor de Anaurilândia, Sr. IDONIR DELFINO VENÂNCIO,
igualmente confirmou as declarações prestadas na Sindicância de que "o B01TURA foi
apresentado. por EDUARDO GARCL4. no final de 2007. Que certa feita, TÂNIA [servidora]
trouxe B01TURA até a presença da DrnMARGARIDA. a pellido desta. Que, após o entrevero
entre BOTTURA e os servidores. a Drn lvL4RGARIDAfez uma reunião no Tribunal do Júri e
pediu que BOTTURA fosse hem tl'atado. Que BOTTURA tentou entrar na festa dos servidores
do Fórum. quando já tinha sido apresentado por EDUARDO SILVEIRA'; (f. 2.709 e 2.711).
Realcei.
A servidora LOSÂNIA igualmente afirmou que a Juíza MARGARIDA
"acompanhava de perto as ações que ele [EDUARDO BOTTURA] entrava" (f. 2.723) e "que.
desde quando o BOTTURA veio para Anaurilândia em novembro de 2007, o fórum deu quase
que exclusiva prioriâade aos processos dele, inclusive para dar cumprimento às decisões da
juíza NJARGARIDA nos referidos processos; tal fato só parou com a declaração da suspeição
dajuíza nos processos do BOTTURA; que ajuíza Margarida exigia prioridade nos processos do
BOTTURA, especialmente no cumprimento das liminares que ela cO.~tumavadar a ele " (f. 42).
De outro lado, não é plausível a justificativa de que a reunião realizada pela
magistrada, logo após o desentendimento do Sr. BOTTURA com servidores, tinha caráter
meramenteadministrf}tivo, visando à boa condução dos trabalhos no foro, porque extrapolava a
normalidade da conduta de um juiz, que deve primar pela imparcialidade.
Sendo assim, não procede a tese da defesa de que a requerida dispensava
tratamento isonômico a todas as partes.
c) A magistrada permitiu que seu companheiro (o advogado EDUARDO
GARCIA) lançasse despachos em processos [de interesse do Sr. BOrrURA] decompetênd~l
da primeira, para que esta simplesmente assinasse.
Esta informação foi prestada pela servidora LOSÂNIA, na fase de
sindicância, em 12 de fevereiro de 2009 (f. 41-43), contudo, depois retificou a declaração em 16
de fevereiro de 2009, após uma ligação recebida da magistrada, sob o argumento de "que não
pode afirmar, com certeza, que o Dl'. EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO despachava
processos da competência da Dr" MARGARIDA, mas que o advogado despachava processos em
seu gabinete, não sabendo a declarante informar com absoluta certeza a situação anteriormente
mencionada, porque o Dr. EDUARDO era juiz leigo e tinha sob sua responsabilidade processos
de competência do juizado especial; que de fato recebeu um telefonema da Dra. l\1ARGAR/DA
após o afastamento preventivo imposto pelo Tribunal, mas essa reNficação nada tem a ver com
tal telefonema" (f. 79-80).
Como não houve confinuação desse fato por outras testemunhas, na tàse de
instrução, afasta-se tal imputação.
d) A magistrada permitiu que o seu companheiro executasse
materialmente as determinações judiciais, mediante utilização de senhas da escrivã
LOSÂNIA .LOPES DA SILVEIRA FARIA e do escrevente GILBERTO JOSÉ DOS
SANTOS, ambos sujeitos ao poder hierárquico da juíza.
Esta imputação, como as demais; são gravíssimas e ligam os eventos com a
presença e a ação do Sr. BOTTURA na Comarca de Anaurilândia, na época dos fatos. Embora a
defesa negue a infração, alegando que o advogado EDUARDO SILVEIRA se limitava a dar
orientações aos servidores do Fórum quanto à utilização do SAJ, na verdade, essa acusação foi
confirmada pela servidora LOSÀNIA LOPES, ao asseverar que o funcionário GILBERTO
colocava a senha e o advogado fazia o oficio (f. 2.722).
Na fase de sindicância, o próprio servidor GILBERTO JOSÉ DOS SANTOS
mencionara estes fatos, relativamente ao processo de arrolamento do interesse do Sr. BOrrURA
(f. 82), sendo que, ainda na fase de sindicância, a servidora LOSÂNIA afirmou (f. 80) que "teve
t'.,

TJ-MS '?
FL.; :;.9P,
066.158.0005/2009

\.)
cOflhecimentoatravés do funcionário GILBERTO que EDUARDO SiLVEIRA lhe pediu a
inserção da senl1.a(to SAJ para qU(?,abrindo o sistema, pudesse expedir oficios e memdados,
i
utilizando-se de seu 'login e que estes expedientes se referem ao inquérito policial ou uin
arr61dmentoc:autelar de bens [de interesse do Sr. BOTTURA); que também fOi expedido um
ofiCio mediante utilização da senha da declarante, certamente num intervaLo do expediente" (f.
80). Sublinhei. '.
Ora, estando como estavam os referidos servidores sob o poder hierárquico da
ma~istradà, a. qual tinha intenso relacionamento pessoal e profissional como advogado
EDUARDO SILVEIRA, é razoável concluir que os subordinados se sentissem mais Ou .menos
constrangidos a cumprir tais exigências, como se elas partissem da própria autoridade judicial.
Posto isso, admite.,se o cometimento de infração grave por parte da requerida,
que permitiu a ingerência de terceiro ,na.realiZação de tarefas decompetêndados servidores do
Fórum, colocando em. risco a lIsura dos trabal1lOse a indepenclêllc~ada presidente dos processos,
tal boino aconteceu com o Sr. BOTTURA, que pretendia ditar 'o teor de certidões de seu
interesse.
e) .Pro1açâ(), 'pela .magistrada, de decisões absurdas, com abuso de
autoJ;'itlade,em ações de interesse do Sr. BOTTURA, que eram subsequentemente cassadas
ems~l1dà instância, bem'~s!!imdet~rminação de 'expedição de ofíêios,queimpUcavam na
quebra"desigilo fiscal, bancário, telefônico e telemá~co 'do.sreque~idQs,'c()m~specificaç~º
-------de-bettS'-'não-deSl:ritosmr--process-o,--denlJtand(nllTe-ll.IU.ª~aipossuia conllecimentoae
ta.is fatQspor .mallter pró~imidade tom orderidoSr. BOTTl1RA.
De fato, a quantidade de decisões tetatolÓgiê8$, prQfeti<hlspela magistrada,
sempre etn favor do Sr. BOTrURA; foi significativa,basta.ndo mencionar o aibitrarnertto de
pensãoaHtnentícia, no valor de. R$ 100.000;00 (cem roil reais) mensais, em face do ex-sogro
daquele, Sr. ADALBERTO BUENO NETTO, em açaocautelar (autos n. 022.07.002479-2),
intentada sob o patrocínio do advogado EDUARDO SILVEIRA, bem assim a expedição de
oficiçs, .que .i~p1icavam na quebra não apenas do sigilo tlscal,mas também 1)aquebra de sigiio
bancário, .telefônico e telemático dos requeridos, a despeito de tratar-se d~ ação cautelar de
arrólafnênto dê bens. . .'
As ilegalidades cometidas pelá magistrada ao proferir tais despachos e
decisões restarám bem delineadaS por ocasIão do julgam~nio do Maild<lgô de" Segurança n.
2008.Q01761-4 pela Seção Criminal desta EgrégiaCortel cujarela~pi1a cqupe ao Des.
GILBJ3RTO DA SILVA CASTRO, a saber: '. ... -
i) extrapolou~e muito,' o que seria admissível e razoável. c.ometendoaI,usos
ao detenninar a realização de diligências violentas e c'Únsttangedoras'baseada, em declarações
unilaterais da suposta vítima, sem dar oportunidade aos possíveis suspeitos de se explicarem;
ii) nesse mandamus, além de se conceder a ordem no sel1tido de cassar as
decisões da juíza, levantou-se a fundada suspeita de haver LUIZ EDUARDO BOTTURA, sob
conveniência pessoa], eleito o foro de Anautilândia para atuar nas suasdemand~, seja como
autor 011 ré~ depois de peregrinar em outras regipesdo país e até do eXterior;. .
iii) nã<>se sabe a que título LUIZ BOTTtJRA esmaforandoem Anaurilândia.
A$ suas empresas,conf.orme as ihform~ções do apenso, não têm registro eRi Mato Gtosso do Sul;
Iv) a Revista "Isto É Dinheiro", na edição 544,$ob o título '.Empreend~dor de
Processos", referindo-se a LUIZ BOTTURA, dá notícia que a sua empresaWB1CPropaganda e
Publicidade é investigada pela 4;1 Delegacia de Meios Eletrônicos, do Departamento de
Investigaçõ~s sohre o Crime Organizado de SP, sob suspeita que a companhia fora criada para
dar golpes na web, bem como que as empresas Easy Buy e Net Cobranças, que tinham
BOTTURA como sócio; passaram a ser investigadas por crimes contra o consumidor. A mesma
reportagem noticia que no Procon foram quase 300 reclamações de consumidores,' só em 2006, e
que o Ministério Público do Tocantins entrou com uma ação civil pública. contra a Ea$y Buy, no
mesmo ano;
-J 'J!J-MS
EL. :
OC3240 066.~58.000512009

v) é no mínimo curidStf'tJrit1~~-umcidadão com um cacife empresarial


desse porte optar por ter sede na pacata cidade de Anaurilândia, onde alugou, por apenas três
meses, um imóvel, para instalar uma nova empresa que denominou E-Mail SI A, da qual não se
tem notícia da existência legal;
vi) a Dra. MARGARIDA ELISABETH WEILER, ao receber a Medida
Cautelar n. 022.08.000013-6, proposta por LUIZ EDUARDO BOITURA, deferiu liminarmente
a suspensão do procedimento de arbitragem em curso no Centro de Arbitragem e Mediação da
Câmara de Comércio Brasil-Canadá, iniciado para liquidar e apurar os haveres da Sociedade em
Conta de Participação, sob pena de multa diária no valor de R$ 30.000,00 em caso de
descumprimento;
vii) essa suspensão era imprescindível aos propósitos de LUIZ EDUARDO
BOTTURA. pois, liquidada a sociedade Golf Participações, cessaria para aquele a possibilidade
de apossar-se do patrimônio do ex-sogro;
viii) da mesma torma, ao receber a Medida Cautelar n. 022.08.000046-2,
proposta pela empresa Acervo Bens Patrimoniais Ltda, composta por pessoas da família
BOTTURA, a magistrada deferiu, sem ouvir a párte contrária, o pedido de liminar determinando
à Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP) que suspendesse o mencionado
procedimento de revisão ex o.f!icio ou restabelecesse os registros relativos à tnmsformação da
Sociedade em Conta de Participação Golf Participações na Sociedade Anônima Oolf Village
Empreendimentos S/A, caso já houvesse cancelado. Nada mais óbvio, pois, para a consecução
dos objetivos ilegais, LUIZ EDUARDO BOTTURA necessitava preservar a transformação da
Sociedade em Conta de Participação Golf Participações na Sociedade Anônima Gol1' Village
Empreendimentos SI A;
ix) impende salientar que os adversários de EDUARDO BOTTURA não
tiveram tratamento similar quando decidiram buscar em Anaurilândia medidas protetivas dos
seus, direitos e garantias individuais. Nessa senda, PATRÍCIA BUENO NETTO (ex-esposa de
BOTTURA) impetrou pedido de Habeas Corpus (autos n. 022.08.000430-1)~ enquanto
ADALBERTO BUENO NETTO (ex-sogro de BOTTURA) impetrou Mandado de Segurança
(autos n. 022.08.000429-8). Apesar de relativamente extensos os arrazoados, contendo diversos
argumentos, em ambos os casos as liminares foram indeferidas pela magistrada sob o
fundamento de que "ausentes os seus requisitos autorizadores", obrigando aqueles a recorrerem
ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que acabou por dar provimento aos recursos e
conceder as proteções almejadas.
Extrai-se, ainda, dos autos que "inlÍmeras petições iniciais [de interesse do
Sr. BOTTURA foram] despachadas e liminares deferidas [pela requerida] sem que ao menos
estivessem preenchidos os pressupostos processuais, tal como competência, imparcialidade e
regularidade de representação processual" (f. 2.308), e tambétn facilitou "o conhecimento de
informações relativas às investigações policiais sobre ele [BOTTURA] recaídas" (f. 2.314).
Poder-se-ia cogitar da ocorrência de meros equívocos relacionados ao
exercício da judicatura. Porém, quando os erros, in procedendo e in judicando, são profusos,
crassos, grosseiros, acintosos à moralidade e sempre favoráveis à tnesma parte e advogado com
quem a magistrada mantém relação que desborda do dever de impessoalidade, a presunção de
boa-fé cede, revelando desvio de conduta.
1) A magistrada, ao proferir decisão, teceu elogios gratuitos ao Sr.
BOTTURA, em detrimento da parte ex adversa, demonstrando com isso parcialidade em
sua decisão.
De fato, igualmente restou incontroversa a parcialidade da magistrada,
quando, ao deferir liminar nos autos da Ação Cautelar de Arrolamento de Bens movida por
BOITURA contra a PATRÍCIA e ADALBERTO, proferida em 9 de novembro de 2007, ou seja,
logo depois da chegada de BOTTURA a Anaurilândia, fundamentou:
,'

'J!J;...MS
EL. :
066.158,0005/2009

"Não há necessidade de justificação prévia para o ex:ame dos pedidos


liminares. A fClrta documentação que instrui a inicial demonstra o profundo
envolvimento entre as partes, quer empresarial quer pessoal, por força do
casamento ql!e tiniu as duasjamílias. .
Tal. comunhão nas empresas e empreendimentos mútuos me parece se
justificar diante do casamento, do hrillzQllt!$mOQcatlêmiço do alltor e de seu
grande potencial empreendedor. Assim, o sogro rico nqitirQlmente tinha
motivos para investir no jovem tasale nas suas então prósperas empresas,
bem como [em} .outrasque foram cri4das.
No entanto, como é comum acontecer, a desinteligêJlcia aco1ltecé quando 'o
discip"lo supera o mestre' 011 dele tenta se libertar para caminhar sozinlio,
o que pode ter ocorrido.
Negócios em família envolvem projundoscomplexos emocionais e daí para
cisões, rompimentos, separações e demandas judiciais, é só um passo. " (F.
379). Destaquei. .
Esta é uma.evidência robusta da parcialidade da requerida, que, ao sentenciar
desta fonna, reforça a tese de que, no mínimo, nutria simpatia pela causa do Sr. BOITURA, por
ltlgum motivo relevante, não importa qual seja ele, mas. ó. suficiente paraéórnprometer a
legitinlldage do exercício da função judicial e a credibilidade damâ~istiatu.rá .
.-.....---------- ..---- ..--- .....---:..-- grFulldadasuspeita--deq-ue:-"'-tJfZ-EOO1\iU)6-*l:JRleeftI6~B{)TTtfR:.<t ..-
escolheu o foro da Comarca de Anaurilândia .para propor suas demandas, com o
conhecimento e o favorecimento da magistrada:. . .
.Existem vários indícios, nos autos; de que o Sr. BOITURA escolheu a
Comarca de Anaurilândia, de çaso pensado, como base de operaçã,o, porque ali vislumbrou as
condições ideais ao êxito de seus projeios,encontraJidó na requerida o Perfil propício para a
satisfação. de suas ambições. que restaram frustradas diante dafirmepostura.d~ Qorregedoria-
QeraI <Ia Justiça e da cassação, eni se~undail1Stância) dasdecisões~bsur~as .~.pela declaração de
suspeição da magistrada para atuar nas ações de interesse da referidapéssoa.. .
Ainda que tenha sido outro omóve! da átuaçã<)do Sç. ~PTTpR.A e que a
magistrada,j~tatnente com o Df. EDUARDO SILVEIM, n~o t~ve~semt1Htra~?ertl conJuio
com o priineiropara obterem vantagem ilícita, o que se diz por mera~pilc~s~ão dialética, a
conduta daquela configufaha, no mínimo, abuso de poder e falta de serenidacl~po cumprimento
de seus deveres, o que também constituiria prática de graveirtegularidadêádministrativa, a se
admitir como verdadeiraa defesa articulada pela requerida em seu interrogatório, que constitui
.autênticaconfissão de imprudência no julgar, verbis:
"Quando a minha decisão. naquele Inquérito Policial, parte dela foi
revogada pelo senhor [dirigindo-se a este relator} e pelo Desembargador
Gilberto [ ..} eu me choquei. Eu falei: opa, adIO que eu fiz demais. E, não só
acolhi a decisão dos senhores, como revoguei tudo, toda a minha decisão
inteira em relação àqüele procedimento. VoltÚ atrás inteiro e realmente
fiquei. até pelas expressões jortes que OS senhores usaram. Eu disse, éU,
realmente 'pisei na banana'. O que que/oi que euflz aqui?
E depois, veio, o tempo foi passando, logo em seguida eu me afastéi de todos
os processos desse cidadão, até pór causa das pressões que eu vinha
sofrendo; porque eu já estava cansada disso tudo, eu sabia que eles não iam
dei:r:arde jazer o que estão jazendo. eu sentia isso porque parece que eu
tenho uma sina para esse tipo de coisa.
Mas, o que eu meditei muito, sobre isso, depoiS.fOi o seguinte:
Eu não duv;doque esse BOTTUM, reabnente, usou (.) essa informação., (}e
que eu ja fora vfiirna de muitos crimes praticados pela internet, e.usou tudo
isso ( ..).
TJ-MS
FL. :
066.158.0005/2009
I C5T
Mas, /laje eu penso que Ilmii7fiis razões subjetivas e mal confessadas, é que
ele veio parti Anaurilândia, talvez pensando e talvez até com razão, pOl'que,
/toje,ell faço a meaclllpa, e não descarto a possibilidade de queell tenJla
me colocado nos sapatos dele como 'vítima' que fui (.••).
Então, nessa condição. porque o Juiz, ele não só decide com elementos
objetivos do processo. A sua subjetividade também influi e nós sabemos
disso. Todos somos humanos. Então, o fato de eu ter sido vítima de delitos
dessa natureza, talvez tenha, sim, eu reconheço que talvez tenha, sim,
influenciado na minha decisão tão dura, quando e/e [B01TURA] me
apresenta 'n' indícios de que, realmente, [também] tinha sido vitima de
crimes praticados pela internet; que tinha sido furtado todo o seu acervo de
clientes (...), um dos maiores patrimônios dos empresáriOs da WEB." (F
2. 618-v e 2.619), Destaquei.
Não se desprezem, ainda" as infonnações trazidas pela servidora LÍGIA
PENTEADO TEZZARl SANTOS, que encontram ressonância no conjunto probatório:, de que o
interesse mais importante para BOITURA, naquele momento, era a separação judiCial de sua ex-
esposa e o contencioso jurídico-comercial estabelecido com as empresas do ex-sogro, que
envolvia somas pecuniárias de grande porte:
.'Que. numa conversa de corredor, EOirURA afirmou ter entrado com
várias ações apenas para tumultuar mas o seu interesse seria apenas e um só
processo." (f. 88).
O fato de o companheiro da magistrada, Dr. EDUARDO 81LVEIRA, ter sido
advogado do Sr. BOTTURA por curto período, somente em um inquérito policial e em um
processo judicial de grande vulto financeiro, envolvendo a ex-esposa e o ex-sogro deste, e a
magistrada t~r declarado a própria suspeição nos processos do Sr. BOTTURA, não são
suficientes para arredar o ilícito administrativo.
Anote-se que tanto o afastamento do companheiro da magistrada do
patrocínio dos processos do Sr. BOTTURA quanto a declaração de suspeição da magistrada não
foram suficientes para infinnar a dedução da existência da aludido conluio, até porque, muito
antes, os envolvidos já estavam colocados sob a alça de mira da mídia nacional e das
investigações da Corregedoria-Geral de Justiça.
A propósito, é sintomático que a magistrada tenha se declarado suspeita para
atuar nos prOcessos de BOITURA somente no dia 12 de agosto de 2008, mesma data em que foi
jlIlgada e acolhida, por unanimidade, a Exceção de Suspeição n. 2008.013923-3 ajuizada contra
ela por Bueno Neto Empreendimentos Imobiliários SI A.
Nem mesmo o fato de o Sr. BOITURA continuar litigando ou morando em
Anaurilândia invalida as denúncias ofertadas contra a magistrada, visto que a atuação ousada
daquele originou o ajuizamento de centenas de processos judiciais, que criaram a expectativa de
ganhos financeiros elevados.
Tais circunstâncias não passaram despercebidas do Procurador-Geral da
Justiça, que, nas alegações finais, elucidou:
"Consta dos autos que a Requerida A1ARGARIDA ELISABETH WEILER,
juíza titular da comarca de Anaurilândia, utilizando-se de seu cargo de
magistrada e objetivando a obtenção de vantagens ilicitas, priorizou e
privilegiou os processos ajuizados por LUIZ EDUARDO AURICCHIO
BOTTURA, cujo procurador era EDUARDO GARCL4 DA SILVEIRA,
companheiro da magistrada, descumprindo, assim, os seus deveres
funcionais de agir com independência e serenidade, violando, desta forma. o
Código de Ética da Magistratura.
(..)
TJ-M$
FL .•:
066.158.0005/2009

o estratagémautilizado pela Requerida e pelos benefiçiários funciona~'a da


seguinte forma: LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOITURA, por intermédio
de sei( advogado EDUARDO GARCL4 DA SILVEiRA. companheiro da
Requeridq, ajuizava váriqs ações na COh1art;ade Anaurilândia contra seus
desqfetos. entr(! eles seu ex-sogr() ADALBERTO BUENO NETTO.
Segundo consta dos autos, em menos de um t:l'?O, a Requerida deu andamenf(J
em mais de 200 (duzento~) processos ajuizados por LUIZ EDUARDO
AUR/CCHIO BOrrURA.
Felizmente. algumas ações propostas pelo mesmO autor foram Julgadas
extintas, por serem ineptas ol/de c()mp.etênciado Poder Judiciário do Estado
de São Paulo pelo magistrado CÁSSIO ROBERTO DOS SANTOS nOpetMdi)o
de férias da Requerida. pois ele era o substituto legal na Comarca de
Anaurilândia.
Já a requerida aceitava absurdamente a competência do Juízo de
Anaurilândia. recebendo e julgando todos os processos ajuizados por LUIZ
EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, e conforme restou apurado nos autos
dava tratamento diferenciado às ações propostas por este cidadãO, exigindo,
inclusive, dos servidores. prioridade na tramitação dos processos.
(...)[Reprodução de diversas declarações de testemunhas).
...... Percebe~se,'-etjnda;--que--todaa-trama-dfrWIZ~EDUARDO AfJRÍCé:HI(J.
BOITURA e da requerida fá estava sendo montada antes mesmo do primeiro
chegar a Anaurilândia. Isso pf)fque' a chegada de LUiZ EDUARDO
AURICCHIO BOTTURAnaquela cidade já estava sendo qnunciada pela
Requerida como se elefosse um grande empresário.
É o que se verifica nas declarações da' Pro'tlotoraCte Jutiça, DANIELA
COSTA DA SILVA. que confirmou que 'Q magisrradaMargarida havia
comentado em sala de audiência; que'iria chegar, na c(JmarCa, um grande
empresário da Internet ou outro ramo' (f 2.6lJ2/2~683),é na declaração da
servidOra pública LOUSÂNIA LOPES DA SILVEiRA~ARL4,que. afirmou
que a Requerida havia dito 'qU(!ia chegar eSse empresárip '.(fl718).
Cumpre (jeix.arregistrado que há infórrnaçõe$ déqlJ~ 1Jaepoca em que LUIZ
EDUARDO AURICCH10BOrrURA chegou aA,naurilândia. q Requerida e
EDUARDO GARCIA. DA SILVEIRA NETO já mantinham ú'mrelapionamenlo
more uxorio.
Merece atenção também o fato de que, logo após ter chegado a
Ancmriliindia, e ter se instalado no mesmo hotel em que estava hospedado
EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, compal1heirQ da Requerida,
LUIZ EDUARDO A URICCHIO BOITURA, no dia 7 de novembro de 2007,
ajuizou a sua primeira demanda na Çomarca de Ariaurilândia, a Ação
Cautelar de Arrolamento de Bens 11.022.07.001479-2,
Na referida cautelar, a Requerida fixou pensâo no valor de R$ 100.000,00
(cem mil reais) em favor de LUIZ EDUARPO AURICCli10 BOITURA,
contra o empresário ADALBERTO BUENO NEITO, ex-sogro do
demanda.nte. Ainda ne,fta decisão liminar determinou Ci apreensão de
diversos bens e também a quebra de sigilo bancário. fiscal e telefôniço do
então demandado.
Todos esses procedimentos foram acolhidos e determinados sem que a
Requerida cientificasse o demandado ADALBERTO BUENO NETTO da
caulelar ajuizada. não oportunizando, assim, a ampla defesa de quem é
ci.emandado,pril'lcipalmente numa ação dessa natureza, que por si só envolve

I
'l'J-MS
FL •.:
,., ~.. :".

;, ~ ,í 1. ~.
1\ ( 2 066.~58.0005/2009

uma absurda pensão QJ •.lIJn ciil'diliio capaz. maior, homem de negócios do


mundo da infOrmática,etc.
Não bastasse isso, a Requerida, e:m 9 de novembro de 2007, ao proferir
decisão. teceu elogios a LUIZ EDUARDO AURICCHIO BorrURA (f 379)
{ ..j.
Observe-se, daí. que mal tinha LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOrrURA
chegado naquela comarca e contratado J:.,J)UARDOGARCIA DA SIL VEIRA
NETO, companheiro da Requerida, esta. numa grande demonstração de
afeto ao demandante. e sem qualquer constrangimento, já proferiu elogios ao
aulor. como se fossem conhecidos há muito tempo.
Acrescente-se que, com exceção das ações ajuizadas na época em que a
Requerida eslava de férias, todos os processos ajuizados por LUIZ
EDUARDO A URICCHIO BOITURA tiveram seus pedidos deferidos, por
mais absurdos que pudessem ser.
Na verdade, a Requerida utilizou de seu cargo para 'determinar a realização
de uma série de diligências flagrantemente violadoras de direitos e garantiaS
fundamentais de dezenas de pessoas, em favor de LUIZ A URICCHIO
BOTTURA.
É o que se vertfica nas decisões do E. Tribunal de Justiça /já transitadas em
julgat/o] nos mandados de seguranç~l e habeas corpus impetrados contra os
atos judiciais proferidos pela Requerida, todos se referindo aos processos
ajuizados por LUIZ EDUARDO A URICCHIO B01TURA na comarca de
Anaurilândia (f. 111/116). Vejamos:
'HABEAS CORPUS - PEDIDO PREVENTIVO - RECEIO DE COAÇÃO À
LIBERDADE DE LOC01VfOÇÃO - .JUDICIALlZAÇÃO DO INQUÉRITO
POLICIAL - DECISÃO MANIFESTAMENTE ARBITRÁRIA - ABUSO DE
PODER - CONCEDIDO.
Evidenciado que a autoridade coatora determinou, em sede de inquérito
policial, deforma arbitrária e o arrepio da Constituição Federal, assumindo
postura inquisitorial, a realização de diversas diligências cónstritivas de
direitos em de:,favor dos pacientes, é forçoso reconhecer a possibilidade de
novas ações, desta feita contra a liberdade de locomoção destes.
HabeascOlpuS preventivo que é concedido diante do manifesto abuso de
poder, determinando-se a expedição desaZvo~conduto. ' (BC 2008.003353-9,
ReZ. Des. Carlos Eduardo Contar, 2°r Criminal, julgado em 7/5/2008).
..
(. )
Colaciona-se, ainda, ementa do acórdão proferido em 5 de maio de 2008, no
Mandado de Segurança fi. 2008.001761-4 (f. 127):
'MANDADO DE SEGURANÇA iNQUÉRITO POLICIAL
DETERi\iflNAÇÃO DE BUSCA E APREEN&.40 DE DOCUMENTOS E DA
EXTRAÇÃO DE CÓPIAS DE DISCOS RÍGIDOS DE C01"fPUTADORES E
OUTRAS PROVIDÊNCIAS QUE PELA FORMA E EXTENSÃO REFOGEM
DA LEGALIDADE ... INOBSERVÂNCIA DOS REQPISITOS
AUTORlZADOR/:-'S INCLUINDO AS REGRAS DE COMPETENCIA -
DECISÃO ABUSIVA - ORDEM CONCEDIDA.
ReveZa-se abusiva e precipitada a decisão judicial que no inquérito policial
instaurado em foro estranho aos fãtos determina inaudita altera pars a
realização de inúmeras diligências invasivas, em outras jurisdiçiJes, em
detrimento de dezenas de pessoas flsicas ejurídicas, calcada em informações
unilaterais de pretensa vítima, profissional do ramo da internet, que possui
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~------ --

" ,

'C,j";'MS
FL. :
066.158.0005/2009

em seu de.~ravorou das suas empresas muitos processos cíveis e criminais,


em estados e comarcas diversas dafederação.
Ordem concedida para sustar o cumprimento do despacho considerado
excessivo e contrário às regras procedimentais. '
(..)
Dos acórdãos acima, perce.be-$e q parçialid(lde. d?l Requerida naS decisões
ptôféridas no.y processos ajuizados por LUIZ EDUARDO A URlCCHIO
EOITURA, uma vez que,cbmo esscE.Tribunal de Justiça bem observo'u,as
diligências determinadas pela Requerida, se basearam apenas nas
informações unilaterlJis da SUbo/ita.'vitima. que. por sinal. responde a
Pnúineros processos cíveis e criminais em vários Estados. principalmente em
São Paulo. '
Tudo isso, nÇlverdade. faz parte da maquinação engendrada pelo Req'l!erida.
por seu companheiro EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO e por LUIZ
EDUARDO A URlCCHIO EOITURA.
Esse vinculo, inClusive,ficouconstatqdo nosqutos de. Exceção de Suspeição
n. 2008.013923-3, quefoijúlgadoprocedente, e que afastou a Requerida de
jUdicar nos processos ajuizados por LUIZ EDUARDO AVRJCCH10
BOTTURA, em/aee de seu ex-sogro ADALBERTO BUENO NETTO. (...)
-,-~---- ------ .'(jra; -do-exp()SW(/Clma~resltteViâentira mtençab âaRequeridaem]ãvoVicei;-
LUIZ EDUARDO A URICCHIO BOITURA., nas ações ajüizadas por este
contra o ex-sogro ADALBERTO BUENO NETTO, e contra outros desafetos.
Saliente-se que, apesar de não ficar demonstrada na exceção de suspeição a
existência de uma amizade entre a Requerida e LUIZ EDUARDO
AURICCHI0 BOITURA, n{Jspresentes G'tIlos,comprovou-se q1,leaquela já o
conhecia, e jâ sabia, inclusive, que BOTTURA chegaria aAnaurilândia
Não bastasse isso, "o primeiroadvogadlJ de LUIZ El)UARDO A [fRIÇCHI0
, BOITUlU foi EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, compqnheiro da
Requerida, conforme evid~nCiadonoS depoimentos prodUZidos nestesaulos.
Desta feita, outra atitude não teria a mqgistrada; ora Requerida, de, sem
qualquer constrangimento, agir com totalparcialiciade nos autos, como bem
pontuou o i. Dés. RÊMOLO LETTERIELLO; nos autos de exceçâode
suspeição.
Como se vê. a Requerida. cOmo magistrada. agiu em desconfOrmidade com
os 'seus deveres', ftmcionais, viOlando. principalmente, ' o dever da
imparcialidade na solução de litígios. que se reveste de, dar/ratamento
equânimee11lre todas as partes envolvidas nas demandas judiciais, agindo
sem qualquer tipo de favoritismo. (..) . .
Jmparcialid4de écondiçêío primordial para que um juiz atue. É questão
inseparâvel e inerente ao magistrado não tomar partido, não favorecer
qualquer parte, enfim; não' ser parte. Tamanha é a importânci(l de tal
condição que a expressão juiz imparcialpode ser rigorosamente vista como
um pleonasmo, uma vez que este pi"incípio encontra-se no rol daqueles
imprescindíveis ao decurso do devido processo legal, sendo um direito
fundamental do cidadão.
Sendo assim, ao favorecer LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA nos
processos ajuizados na Comarca de Anaurilândia, a Requerida agiu de
forma parcial, não cumprindo, aSSim, com serenidade e exatidão as
disposições legais e os seus atos de oficio (Art. 35, inciso!, da LOMA,N).
Visando dar proteção à imparcialidade que deve reinar nas decisões do
judiciário, o legislador ordinârio estabeleceu regras sobre a suspeição e
~~~ J,.&1
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l..-~
(;51"
-----,

impedimento do membro do Poder Judiciário nos artigos 134 e 135 do


Código de Processo Civil, cujo procedimento não fora obsen'ado pela
Requerida, que em razão de sua conduta na judicatura acabou despertando
nos jurisdicionados da Comarca de Anaurilândia falta de credibilidade em
suas decisões judiciais por ausência desse importante direito do cidadão ((i
imparcialidade do julgador), agravada pelos seus péssimos antecedentes,
também impregnados de parcialidade e desrespeito à lei, quando, diga-s.e de
passagem, exerceu as suas funções na Comarca de Caarapó-MS, donde foi
removida compulsoriamente.
E o que é pior, ainda que a Requerida tenha em determinados processos
atuado com imparcialidade, nem nestes, e nem nos demais feitos em que vier
a atuar, não existirá mais por parte dos jurisdicionados do Estado de Mato
Grosso do Sul ou mesmo de outros jurisdicionados de outros Estados da
Federação, a necessária confiança e segurança exigidas de um magistrado
objetivando o caro principio consNtucional da imparcialidade.
Doravante, onde ela atuar como magistrada, sempre existirá a sombra da
dúvida, da parcialidade, da arbitrariedade, ainda que fosse necessário ser
enérgica em determinadas decisões, enfim, suas decisões sempre serão
questionadas pelos advogados e pelos jurisdicionados." (F. 2.762-2.776).
Sublinhei.
Diante do explanado, conclui-se que LUIZ EDUARDO AURICCHIO
BOTrURA escolheu o foro da Comarca de Anaurilândia para propor suas demandas, como
conhecimento e o favorecimento da magistrada, premissa que é um corolário da própria
parcialidade, da fàIta de ética e do abuso de poder com que se conduziu a juíza quando judicava
nos processos de interesse do Sr. BOTTURA.
CÓDIGO DE ÉTICA DA MAGISTRATURA
De acordo com o Código de Ética da Magistratura, aprovado pelo Conselho
Nacional de Justiça em setembro de 2008, o exerCÍcio da função norteia-se pelos princípios da
independência, da imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência,
do segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal, da
dignidade, da honra e do decoro (art. 1°).
. A imparcialidade de que trata o Código de Ética da Magistratura é aquela que
impõe ao magistrado a busca, nas provas, da ve.rdade dos fatos, com objetividade e fundamento,
mantendo ao longo de todo o processo uma distância equivalente das partes, evitando todo o tipo
de comportamento que possa refletir. favoritismo, predisposição ou preconceito, com vistas a
dispensar às partes igualdade de tratamento, vedada qualquer espécie de injustificada
discriminação (arts. 8° e 9°).
A integridade pessoal e profissional é a vitrine da magistratura. Mesmo fora
do âmbito estrito da atividade jurisdicional, ela contribui para uma fundada confiança dos
cidadãos na judicatura (art. 15).
O magistrado deve estar consciente de que o exercicioda athidade
jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em
geral, razão pela qual deve zelar pelo seu comportamento não apenas na vida funcional, mas
também na vida privada, conduta que reforça os valores tão caros à função que exerce, devendo
abster-se de comportamentos que coloquem em xeque tais valores e que comprometam sua
independência funcional (arts. 16 e 17).
O magistrado prudente é aquele que utiliza o seu poder com cautela e procura
sempre avaliar as consequências de suas decisões, colocando-se no lugar daquele que
experimentará os efeitos dos atos jurisdicionais. Nesse mister, busca sempre adotar
comportamentos e decisões que sejam o resultado de juízo justificado racionalmente, após haver
TJ-M$ ~$l:;;
fi.; .
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meditado e valorado os argumentos e.contra-argumentos disponíveis, à luz do Direito aplicável


(arts. 24 e 25).. .
Ademais, não basta ao magistrado ter conh~çinlento e capacitação
profissional. Seu procedimento deve ser compatível com a dignidade, a h()nra e o decoro de suas
ftmções, sem olvidar que tem a missão pública de servir à sodedadee não de servir-se do çargo
para satisfazer suas paixões.
Não se desconhece a ex.istênci~dos erros judiciários, pois as imperfeições da
Justiça refletem as imperfeições da humanidade, em permanente processo de aprendizado, daí
por que é raOÍonal admitir que a evolução da Justiça é o resultado da evoluçã,o do próprio
homem. Contudo,quan.do Os erros e os equívocos extrapolam a margem de tolerância aceitável
pelo senso comum, um véu de suspeição contamina a dignidade docatgo, gerando descontlança
.dasociedade e colocando em riscQjustamente os valores que tem por vocação ptqteger:a vida, a
líbetdade e opatrimômo dó cidadão. . .
o conjunto probatório demonstra que a m~gistrada pfendeu quase tO<1Osess~s
ptincipios,$obretudo o da imparcIalidade, da prudência, da integridade profissional e pessoal, da
dignidade, da honra e do decôro, aodispensat tratamento prlvllegiado a uma das partes, no caso
o Sr. BOTTURA, que foi benefieíado, ost~nsivamente, com decisões ilegais que lhe davam larga
vantagem, conduta que igualmente atenta contra alguns dos princípios insculpidosno art. 37,
capzU, da CF, entre eles o da legalidade, da impessoalidade e da moralidade.
Confornle. exaustivamente demonstrado-;-1fs~contlutas. da magístraâa-s&o
graveS e incompatíveis com a dignid~de, a honra e o decoro de suas funções, cowprometendo a
ímâgem do Poder Judiciário não apenas na Conlatca de Anaurilândia, em que l;l. aütoridade.da
reql1erida, representante do Estado-juiz, ficou arranhada em face de diversas pesso~, entre elas
osservidotes, os advogados e demais operadores do Direito; não só ~oEstàdo deJy1ato Qro.sso
do Sul cOmo em outras unida<les da federação, considerando a repercUssão das denúhcias contra
ela veiculadas na imprensa nacional.
Saliento que a servidora LOSÂNIA chegou a afirmar qlle "a imagem âajuíza
já não era boa, em razão dos acontecimentos na comarca de Caarapõedepois de ela ter
mOI.tidocom.o Sr. CARLOS PORTUGUÊS a imagem dela ficou pior, já quê e'lé/azia acusações
c()ntr(Jela atr(Jvés dainlernet (f. 42).
H

No mesmo sentido, a testemunha LEONEL 'DA. SILVA (poliçial)


testemunhou que "a população toda da cidade tem conhecimento das irregularidades
praticadas. pela juiza" é que "muita gente na cidade, .incl~$ive..tidvogadós, . tem medO' çle
represálias.da Juiza MARGARIDA ,. Cf. 39), declaração confirmada na inSthíção.(f"'~.714),
. . Já o servidor IPQNIR DELFINO VENÂNCIO, Igua1htenté" declarou que "a
j74izQ lviARGARIDA não pede mas impõe o atendimento pretendido; que tid êxibir o filme da
prisão de CARLOS CARVALHO [ex-marido] a D,.tt lv/ARGARIDA manifestQu satísfação e aO'
saber da morte deste não demonstrou nenhuma emoção; que acha melhor que aDro
MARGARIDA não retorne às funções nesta comarca tanto pela pressão que esta exerce sobre os
servi40res quanto pela cobrança qtle a comunidade jaz, imputando ao fórum a condição de
'fábrica de processos ,.•(f. 76). .
Tome-se em consideração, ainda, os elogiosgratQitos tecidos pelajllÍz::i ao Sr.
BOTTURA, colocando etn dúvida a sua independência e imparciâlidade.
. Quanto às decisões proferidas ao arrepio. da lei, sempre em benefício do Sr.
BOTTURA, Poder;,.se~iacogitar de mera ocorrência de equívocos relacionados aoexetcício da
judicatura.
Todavia, repita-se, quando os erros, in procedendo e in judicando são
profusos, crassos, grosseiros, acintosos à moralidade e sempre favoráveis à mesma parte, com
quem a magistrada transpatece manter relação que desborda do dever de impessoalidade, a
presunção da boa-fé cede para revelar possível prevaricação e até mesmo corrupção, ensejadoras
da instauração de processos, disciplinar e judicial., para apuração da responsabilidade
TJ-M$ j.g1h
FL. :
066.258.0005/2009 ~
\::>
administrativa e penal, como, porexemplo,-ocQrre~ ..liJ.stes-,-autos e em outros, a saber: FNE-
1000.073710-4; Ação Penal Pública nO2003.0]2483-7, em grau de recurso perante o STJ (REsp
n, 956.388); Ação Civil Pública 03I.05.000324~1, Comarca de Caarapó, em grau de recurso
(AC-2009.006707-6); PAD n. 066.158.0001/2009 (aplicada a pena de censura); PAD
066.158.0003/2009 (aplicada a pena de disponibilidade, com trânsito em julgado); PAD
originário do Pedido de Providências n. 066.152.0045/2009; FNE n. 2008.034199-3; Processo
Investigatório Penaln. 066.172.0001/2009; e Ação Penal Pública n. 2009.011360-3.
Em sua defesa, a magistrada nega que tenha agido em conluio com o Sr.
BOTTURA. Mesmo que se admitisse essa tese, que é desmentida pela sua conduta, conforme
sobressai das evidências contidas nos autos, a requerida inconeria em outras infrações.
Sem embargo da conduta irregular da magistrada, conforme analisado nestes
autos, ao proferir suas decisões no Inquérito Policial e na Medida Cautelar, a requerida agiu de
forma imprudente e inconsequente, que, se fossem cumpridas, violariam gravemente os direitos
de inúmeras pessoas, talvez de forma irreversível. Tais circunstâncias foram por ela reconhecidas
em seu depoimento, ao justificar que teria sido vítima do Sr. BOTTURA, hipótese insustentável,
considerando a suaJarga experiência profissional.
Com esta análise, caem por terra as preliminares levantadas pela requerida,
sobretudo a de que suas condutas seriam fruto de mera ação jurisdicional.
Por outro lado, inócua é a tentativa de se louvar nas declarações das
testemunhas ouvidas no PAD n. 066.158.000312009, em cujo processo recebeu a pena de
disponibilidade, já transitada em julgado, e nos demais documentos, os quais, isoladamente, não
têm força bastante para elidir as infrações cometidas pela requerida, conforme indicam as
evidências do conjunto probatório.
Por derradeiro, o depoimento pessoal da requerida e as provas documentais,
multas delas expressas em acórdãos de decisões judiciais transitadas em julgado, seriam
suficientes, por si só, independente das provas orais produzidas na fase de sindicância e na fase
administrativa, para a demonstração das infrações cometidas, todas elas exaustivamente
detalhadas no relatório conclusivo da Sindicância, com 64 (sessenta e quatro laudas), assinado
em 13 de abril de 2009 pelo Corregedor-Geral da Justiça, Des. JOSUÉ DE OLIVEIRA (f. 2.285-
2.348).
Sendo assim, pertinente é a conclusão, estampada af. 2.322, de que as
estratégias utilizadas pelo Sr. BOTTURA somente seriam exitosas mediante adesão de um Juiz
de Direito (f. 2.322), como, por exemplo, aforar, no Juizado Especial, em Anaurilândia, por meio
de interposta empresa (E-MAIL ME), contra inúmeros consumidores de todo o país, centenas de
ações temerárias por danos materiais e morais, muitos dos quais fatalmente seriam condenados à
revelia, por residirem em cidades distantes.
Diante desta avalanche de provas documentais carreadas, inaceitável é o
argumento da defendente de que tenha sido investigada meramente por suas decisões ou que
tenha sido violada em sua independência e autonotnia de magistrada.
Estes são, na essência, os motivos pelos quais se julga procedente a
representação administrativa movida em face da requerida, pois efetivamente restou
demonstrado, como consignado no relatório da Sindicâncía, que "a magistrada, valendo-se do
seu cargo, procurou obter vantagem ilícita a seu/avor, ou de terceiro;' (f. 2.288).
DA APLICACAo DA SANÇAo DISCIPLINAR
Após a análise pormenorizada de cada conduta atribuída à requerida, conclui-
se que restou caracterizada infração grave, consistente na sua participação no engendramento das
ações propostas por LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, bem como seu concurso no
sentido de permitir ao autor das demandas vantagens patrimoniais ilícitas, expressas nas decisões
proferidas pela requerida, que terminaram sendo reformadas.
Admitindo-se, o que se diz ad argumentandum, que a requerida não estivesse
em conluio com o Sr. BOTTUR.A., ainda assim, pelo seu comportamento parcial, mesmo que por
~-.~ ,)..''£17
066.158.0005/2009

mera simp(ltia ou afinidade como autor das ações (Sr. BOITURA), configurada grave violação
dasfunçôes, do ponto de vista ético, colocando em xeque, de igual forma, a legitimidade do
exerçício da função judicial e comprometendo a credibilidade daclllSse. .
Entretanto, os atos praticados pela requerida foram suficientes para causar
prejuízos graves ao çonceito da magistratura, repercutindo negativamente na sociedade, não
somente perante os seus subordinados, os servidores públicos, bem comO perante os
jurisdicionados e a comunidade jurídica em geral.
Sem' dúvida que tais condutas configuraram abuso de poder e faltli de
serenidade no cumprimento de seus deveres, com grave violação dos preceitos éticos da classe,
confonne se ded!1Zda ementa e do acórdão do Pedido de ProvidênciáS n. 066.152.0021/2009,
que originou a instauração do procêssoadministrativo di,sciplinlit (f: 2A14,.2.421)~no qual são'
esmÍuçadosos fatos concretos que materializam as infraçqes c()metidas p~la reqllenda,
Esta imputação constituiu a essência do Processo Adll)inistt(;ltivo, desdobrada
nos seguiI;ltes fatos: .
- A magistrada e seu ~onvivente,o advogado EDUARDO GARCIA DA
W't'.'.
- .. J SI~ VEIRA NETO, prcj;:edc.ntemel.lteaoajuiZam~ntodas centenas de demandas por LUIZ
EDUARDO' AURICCHIO nOTTURA, mantiveram concerto com Q aut()r dess~s ações,
tanto que a primeira pro'pagon no foro que seria ajuizado grande número de ações pelo
últimº. ' ,
...--'---'--'-----..;.--D~pois'-1Je-ajuizadasas- "-açÕes,-a---,.equerida passou' 'a~-"dispen'Sar
tratamento diferenciado ao ~utor nOTTURA e a()sprocessos ê9mel~ relacionados,
inélnsive reunindo os servidores, orientando,.ospara" que tratassem bem o referido
jurisdid9nado.
- A magistrada permitiu que o seu compa'nheiro,advogado na comarca,
preenchesse ofícios de interesse de pelo menos um dos .processos do~r. BOTTURA,
mediante utilização de senhas cedidas pela escrivã LOSÂNIA LOPE]S DA SILVEIRA
FARIA e pelo escrevente GILBERTO JOSÉ DOS' SANTOS, ambos .sujeitos ao poder
hierárquico <lajuiza. . . .
-A requerida proferiu decisões absurdas, com abuso d~a1:ltoridade,em
ações de interesse<Jo Sr. llOTTURA, que eram subsequentementecassadasem segunda
instância, 'bem assim detenninoua expediçi.tode ofícios,quc implic~ya.mn'aquebra de
sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático dos reqlleritIos,'com e$Pe,c,t;.~á.çªlldebell$ não
des.critos no processo, denotando que a magistrada posslli~.CO~JtecirÍ1e ••tl}de tais fatos
possiv~lmeÍlte por maliter proxi111idadecom o referi4oSr. BÚTTU:RA. "
.- A magistrada, ao proferir decisão~ teceu elogios gratu.itos ao Sr.
BOTTURA, em detrimento da parte ex adversa, demonstrando COItI isso parCialidade em
sua dec.isão.
- Os indícios, nos autos, apontam para a conclusão de que LUIZ
EDUARDO AURICCHIO nOTTURA escolheu o foro da Comarca de Anallrilândia para
propor suas demandas, com o conhecimentoclJ fàvorecimento da magistrada.
Como vi~to, as condutas da magistrada, aCima descritas, além do Código de
Ética da Magistratura, violararntambém os dispOSitivoslegais que çont~mplarnos deveres dos
magistrados, insertos no Estatuto da Magistratura (Lei Corriplementarn. 35/79), especialmente
os previstof) no art. 35, I e vm deste último:
"Art. 35. São deveres do magistrado:
I - cumprire fazer cumprir. com independência, serenidade e exatidão, as
disposições legais e atos de (?ficio;
(..)
VIIl- manter conduta irrepreensivel na vida pi!blica e particular".
De acordo Com a Resolução n° 30 do CNJ, que repete norma prevista no art.
42 da Lei Orgânica da Magistratura. dispondo sobre a unijormizaçãode
TJ-MS
n. :
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C5-r _"
normas relativas ao pt-ocedi1Tfêif{õadministrativo disciplinar aplicável aos
magistrados, aspenas aplicáveis são as seguintes:
"Art. 10 São penas disciplinares aplicáveis aos magistrados da Justiça
Federal, da Justiça do Trabalho, da Justiça Eleitoral, da Justiça Militar, qa
Justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios:
l-advertência:
11- censura;
lJI - remoção compulsória;
IV - disponibilidade.:
V - aposentadoria compulsória;
VI - demissão. "
A mesma Resolução estatui em seu art. 5°:
"Art. 50. O magistrado será aposentado compulsoriamente; por interesse
público, quando:
I - mostrar-se manifestamente negligente no cumprimento de seus deveres;
II - proceder de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de
suas funções;
111 - demonstrar escassa ou i;lS1!ficiente capacidade de trabalho, ou
apre,semar proceder funcional incompalÍvel com o bom desempenho das
atividades do Poder Judiciário. "
Por tudo que se analisou nestes autos, não há dúvidas de que o interesse
público restou violado.
Ainda que se admitisse a aplicação de uma pena mais branda, como a de
remoção compulsória, o que não é o caso, esta seria ineficaz, porque já foi aplicada
anteriormente à magistrada, sem resultado prático, além do que estaria prejudicada pela
aplicação da pena de disponibilidade ocorrida em outro processo administrativo, já transitado em
julgado (066.158.0003/2009).
Esclareço, ainda, que há notícias, no mandado de segurança impetrado pela
requerida, processo n. 2010.006623-6, de que ela requereu aposentadoria, mas o pedido foi
indeferido em virtude do impedimento previsto nó ~ 4° do art. 293 da Lei 1.511/94 (CODJ) e no
S 5° do art. 10 da Resolução n. 30 do CNJ, pelo fato de que está respondendo a processo
ádministrativo disciplinar.
Sendo assim, considerando a gravidade dos fatos apurados em relação à
conduta da requerida, que responde a diversos outros processos de natureza civil, administrativa
e penal, bem assim considerando seus antecedentes, conforme demonstrado pela farta
documentação dos autos e dos anexos, que compõem 19 (dezenove) volumes, com mais de 4.000
(quatro mil) páginas, tenho que a pena que atende aos requisitos da razoabilidade ou
proporcionalidade, é a de aposentadoria compulsória, uma vez que a demissão., conforme
previsto no art. 95, I, parte final, da CF, depende de sentença judicial transitada em julgado.
Em vista do exposto, com .fulcro 110 art. l°, inciso V, e art. 5°, inciso n, ambos
da Resolução n. 30, do Conselho Nacional de Justiça, acolho a representação e aplico à
magistrada MARGARIDA ELISABETH WEILER a pena de aposelzfadoria compulsória, por
interesse público, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.
Deixo de determinar a remessa de cópias do processo ao Ministério Público,
porque já existe denúncia em relação aos fatos constantes neste procedimento administrativo
disciplinar.
Comunique-se o Ministério Público e o Conselho Superior da Magistratura.
'J/J-MS ~ ..
FeL. ;;b.
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DECISÃO
Como consta na ata, a decisão foi a seguinte:
O ÓRGÃO ESPECIAL, À UNANIMIDADE, APLICOU A PENA DE
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA À REQUERIDA, NOS TERMOS DO VOTO DO
RELATOR. DECLARARAM SUSPEIÇÃO O 5° E 14° VOGAIS. AUSENTE
JUSTIFICADAMENTE 04° VOGAL.

Pre$idênci'l do Exmo. Sr. Desembargador ElpídioHelvécioChaves Martins.


Relator, o Exmo. Sr. Desembargador Clatldionot Miguel Abss Duarte.
Tomaram parte no julgamento çs Exmos. Srs. Desembargadores ClaudionQr
Miguel Abss Duarte, Oswaldo Rodrigues de Melo, Elpídio Helvécio Chaves Martins, Lui.z
Carlos Santini, João Maria Lós, Paulo Alfeu PutcineHi, Tânia Garcia de Freitas Borges, Sergio
Fernandes Martins, Paschoal Carrnello Leandro (Convocado), MarilZâ LúdaFortes
(Convocada), JulizarBarbosaTripdade (Convocado) eSideni Soncini Pimentel (Convocado).

Campo Grande, 23 de junho de 2010.


REsp 956.388/MS

CONCLUSÃO

Faço estes autos concíus ao Exmo. Senhor Ministro


. JORGE MUSSI, Relator...
Brasília, 23 de julho de 20
"

STJ - COORDENA D QUINTA TURMA

P
(em 13 vol. e 3 apenso(s»

. t.

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