Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Sumário
Expediente------------------------------------------------------------89
Anexos---------------------------------------------------------------92
Ficha de inscrição--------------------------------------------------93
Ficha de seleção----------------------------------------------------94
Declaração-------------------------------------------------------95
Folder Impresso-----------------------------------------------------96
Folder versão on-line-----------------------------------------------97
Adesivo da caixa-biblioteca----------------------------------------98
Certificado---------------------------------------------------------99
Instrumento de avaliação 1--------------------------------------100
Instrumento de avaliação 2--------------------------------------102
Início de conversa
Começamos a conceber o curso a distância Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafios para a
cultura e a educação em meados de 2007. Acreditávamos na existência de uma grande demanda de
formação entre os arte/educadores e decidimos apostar na educação a distância como forma de
viabilizar uma experiência significativa da formação de arte/educadores de todo o país. Essa apos-
ta pode ser observada, a seguir, no relato produzido pela aluna do curso Katiúscia Sosnowski:
Penso que, neste princípio do século 21, é necessário mais do que nunca ressignificar a
formação de professores. No campo do ensino de artes este aspecto é totalmente rele-
vante. A educação a distância, por sua vez, ganha um novo impulso com a chegada das
novas tecnologias de comunicação e informação.
O Ensino de arte, numa visão contemporânea, exige novos papéis para o professor. Os
conteúdos e práticas pedagógicas necessitam ser revisitados, e, assim, acredito que a
educação a distancia muito vem a contribuir para essas mudanças de paradigmas que o
ensino de arte na contemporaneidade está propondo.
Estava em busca de algo que pudesse agregar mais conhecimentos à minha prática de
sete anos em sala de aula, lecionando a disciplina de artes. Percebia a necessidade de
uma reciclagem. Fiquei sabendo do curso por meio de divulgação em uma lista de dis-
cussão na internet.
Nosso ponto de partida era a experiência de trabalho nos campos da gestão cultural e do ensino a
distância da DUO Informação e Cultura e a experiência da ONG Humbiumbi – Arte, Cultura e Educa-
ção no campo da arte/educação junto a crianças e jovens de Belo Horizonte e outras localidades do
país. O desejo de atuação conjunta entre DUO e Humbiumbi foi se concretizando na concepção do
curso. Após algumas conversas, com a participação de diversos profissionais das duas instituições,
5
construímos a proposta: um curso a distância sobre o ensino de arte na contemporaneidade, de caráter
teórico e prático, para 160 arte/educadores de todos os estados brasileiros, com 4 meses de duração.
Decidimos convidar outras instituições para compartilhar essa proposta. A UNESCO, parceira da
DUO em cursos a distância no campo da gestão cultural, se interessou em fazer parte deste projeto.
O Instituto Ayrton Senna, parceiro da Humbiumbi em diversos projetos, também se tornou parcei-
ro, disponibilizando a solução educacional para o Desenvolvimento Humano pela Arte, para que
fosse uma referência importante do curso.
A proposta do curso a distância foi submetida e aprovada pelo Programa Petrobras Cultural e pela
Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, possibilitando o início de uma importante parceria entre
todas essas instituições: DUO, Humbiumbi, Instituto Ayrton Senna, Petrobras e UNESCO.
Sistematizar a experiência do curso à distância nos parece, ao mesmo tempo, uma tarefa “con-
fortável” e desafiadora. O “conforto” está no fato de o curso já ter sido finalizado e que, por isso,
conhecemos suas questões, riquezas, fragilidades e alguns de seus resultados. O desafio, por sua
vez, está em sistematizar uma experiência tão complexa, vivenciada por tantas pessoas, com sua
diversidade de contextos, pontos de vista, conhecimentos, experiências...
Temos consciência das limitações inerentes ao trabalho de sistematizar uma experiência com tan-
tas questões como esse curso a distância. Muitas seriam as possibilidades de focos da sistema-
tização. Por isso, reconhecemos que a experiência do curso poderia ser fonte de muitas outras
sistematizações!
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O presente documento foi estruturado em quatro partes, a saber:
1 Neste documento, quando citamos os “professores”, estamos dizendo dos professores do curso. Quando citarmos os “alunos”, esta-
mos dizendo dos 160 arte/educadores que participaram do curso a distância.
7
Esperamos que este documento de sistematização contribua para o trabalho de arte/educadores e
instituições que atuam com o ensino de arte e, quem sabe, inspire novas iniciativas de formação
de arte/educadores.
Um forte abraço,
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Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação
no âmbito da formação do arte/educador.
Lucia Gouvêa Pimentel
Sabe-se que, atualmente, mais da metade dos professores que ministram a disciplina
Arte na educação básica não têm qualificação para tal, ou seja, fizeram outros cursos de
formação de professores que não Licenciatura em uma das áreas artísticas: Artes Visu-
ais, Dança, Música ou Teatro. E quase cem por cento dos orientadores educacionais não
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estudaram Arte durante o tempo de sua formação inicial, embora tenham como tarefa,
muitas vezes, organizar e orientar professores nessa área de conhecimento.
Mesmo se considerarmos os que possuem habilitação específica, nem sempre têm a opor-
tunidade de dialogar com outros colegas especialistas ou que atuam na área, pelas dis-
tâncias que são enormes ou pelas dificuldades de deslocamento.
Notou-se que a adaptação à configuração do Curso foi mais fácil para alguns que para
outros, que resistiam às tarefas em que tinham que se expor mais pessoalmente, prefe-
rindo as que demandavam leituras e respostas mais de acordo com o que é tradicional-
mente feito nos cursos formais.
Percebeu-se, ainda, que, no início, a “conversa” era sempre dirigida ao professor, mas,
com o decorrer dos estudos e o incentivo dos professores, as discussões passaram a ser
feitas cada vez mais com os colegas. Embora alguns alunos se posicionassem quase que
somente na escuta, cumprindo as tarefas de entrada no fórum sem muito entusiasmo,
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supõe-se que eles leram as respostas de considerações dos colegas e dos professores, apren-
deram e tiveram momentos de reflexão sobre sua prática e sobre seus conhecimentos.
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Parte 1: formação de
arte/educadores:
uma demanda real?
Parte 1: formação de arte/educadores: uma demanda real?
Esta parte da sistematização pretende tocar em duas questões principais: a primeira refere-se à re-
flexão sobre a existência de uma demanda dos arte/educadores por formação. A segunda questão
refere-se ao perfil dos arte/educadores que participaram do curso a distância.
Quem participa de seminários, congressos e outros eventos no campo da arte/educação já ouviu fa-
lar sobre a necessidade de investimentos na formação dos profissionais que atuam na área. Muitos
cursos e eventos desenvolvidos nos diversos cantos do país, de alguma forma, apontam para essa
questão. A existência de grupos de discussão na Internet, com a participação de centenas de arte/
educadores brasileiros, poderia ser entendida como uma pista do interesse em compartilhar idéias,
conhecimentos e pontos de vista sobre este campo do conhecimento. Mas seria possível afirmar que
os arte/educadores brasileiros estão, de fato, interessados em ampliar a sua formação?
Obviamente, nossa crença inicial era que muitos profissionais estariam interessados em participar
do curso a distância, caso contrário não o teríamos proposto! Mas não tínhamos parâmetros para
medir a dimensão dessa demanda. Sendo assim, decidimos divulgar o curso amplamente, entre os
profissionais e instituições que atuam com arte/educação. Produzimos um folder eletrônico2, que
foi encaminhado para uma ampla lista de endereços eletrônicos organizada pelas instituições par-
ceiras do curso. Um folder em papel foi produzido e enviado a instituições de ensino de todo o país.
Além disso, foi enviado à imprensa um release sobre o curso.
Para participar da seleção, os arte/educadores interessados deveriam preencher uma ficha de ins-
crição, disponibilizada no site da DUO. Além disso, deveriam enviar uma declaração de apoio da
instituição em que trabalham, já que tínhamos o interesse na participação dos arte/educadores no
curso fosse reconhecida e apoiada pelas suas respectivas instituições.
Aos poucos, as fichas de inscrição foram chegando. No último dia do período de inscrições, recebe-
mos uma quantidade enorme de fichas, que totalizou 1.400 arte/educadores inscritos. A “deman-
da anunciada” se transformara em uma demanda real. Estava claro, para nós, o grande interesse
dos profissionais em participar do curso.
Mas, afinal, onde vivem os 1.400 arte/educadores que se candidataram ao curso? A maior parte de-
les reside nas regiões sudeste, nordeste e sul, respectivamente, conforme mostra o gráfico abaixo:
81
674
94
262
289
A equipe do curso responsável pela seleção dos arte/educadores buscou compor a “turma” com
alunos mais e menos experientes (em termos de tempo de atuação em ensino de arte e de diferentes
experiências como arte/educadores). Esta equipe buscou garantir a participação de arte/educado-
res que atuam em diferentes tipos de instituição de ensino de arte, ou seja, escolas públicas e parti-
culares, ONGs, órgãos públicos, universidades, museus e centros culturais. Além disso, foi feito um
trabalho para equilibrar as vagas entre os estados do país. A decisão da equipe era a de garantir o
número mínimo de cinco vagas, desde que tivessem arte|educadores que atendessem aos critérios
de seleção. A maior parte dos estados brasileiros teve o número mínimo de cinco arte/educadores
selecionados, exceto Roraima, Tocantins, Amazonas e Acre.
Após o processo seletivo, produzimos um “perfil” dos selecionados, como se fosse um “retrato” de
algumas características do grupo dos 160 profissionais que seriam os nossos alunos. Esse retrato do
grupo foi importante para que pudéssemos adequar os métodos que seriam utilizados no curso e a
identificar demandas iniciais dos alunos.
Abaixo, apresentamos algumas informações sobre os alunos que participaram do curso. No primeiro
gráfico, apresentamos a maneira pela qual os arte|educadores ficaram sabendo do curso a distância. A
maior parte deles recebeu a informação por colegas de trabalho e pelas instituições em que trabalham:
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No próximo gráfico, observamos a função que os arte/educadores exercem nas suas instituições,
sendo que a maioria dos participantes do curso atua como arte/educadores, desenvolvendo ati-
vidades junto aos educandos. Importante notar que 14% dos alunos do curso atuam em outras
funções em suas instituições.
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Essa diferença de função dos arte/educadores nas suas respectivas instituições refletiu na maneira
com que os alunos se apropriaram das atividades propostas. Muitos deles tinham como foco as
ações cotidianas que realizavam junto aos educandos. Outros, traziam interessantes contribuições
tendo em vista o papel que exerciam na concepção e gestão de ações no nível institucional.
Outro aspecto importante do perfil dos alunos do curso refere-se à formação dos arte/educadores
selecionados. A maior parte deles (61%) tinha graduação universitária. Um número significativo
dos alunos (38%) tinha, também, pós-graduação, seja em cursos de especialização latu-sensu ou
mestrado. Dos 160 selecionados, dois possuíam apenas o ensino médio, apesar de atuarem como
arte/educadores.
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A respeito da formação específica em arte, 79% dos selecionados são graduados e/ou pós-gradua-
dos em cursos relacionados a esse campo do conhecimento, conforme o gráfico abaixo:
O gráfico aponta que 21% dos selecionados, que atuam como arte/educadores em escolas públicas e
particulares, ONGs, universidades, museus, centros culturais e órgãos públicos, não possuem qual-
quer tipo de formação acadêmica em arte/educação. Se por um lado esse dado pode parecer preocu-
pante, ele aponta que esses profissionais não estão acomodados, à medida que buscam outros espaços
de acesso, troca e produção de conhecimentos, como este curso. Consideramos necessário explicitar
que, no Brasil, ainda há um significativo número de arte/educadores sem formação acadêmica.
Tendo em vista o perfil dos arte/educadores que participaram do curso a distância, segundo o grá-
fico a seguir, a maior parte deles é vinculada a escolas (públicas municipais e estaduais e particula-
res). Os dados mostram que uma porcentagem significativa dos alunos do curso é vinculada a ONGs
e universidades. Há, também, arte/educadores que atuam em instituições públicas, tais como se-
cretarias de educação e de cultura e em museus e centros culturais.
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Desse gráfico concluímos um forte movimento de arte/educadores de escolas em aprofundar seus
conhecimentos e estabelecer relações de troca com outros profissionais. Isso se faz importante,
entre vários motivos, por ser a escola a única instituição de ensino que atende quase a totalidade
de crianças, adolescentes e jovens brasileiros.
Outro dado importante de ser explicitado refere-se às principais expectativas dos alunos do curso.
A principal delas está relacionada ao aprimoramento profissional, o que significa preparar-se conti-
nuamente para realizar melhor as funções como arte/educador. Foi constatado, também, o interes-
se dos alunos do curso em conhecer novas metodologias de ensino de arte e em trocar experiências
e acessar novas informações.
Diante desse retrato do grupo de 160 arte/educadores selecionados para participar do curso, bus-
camos construir uma síntese das características e interesses da maioria deles: arte/educadores,
com formação universitária em artes, que atuam em escolas públicas e que se interessam em se
aprimorar profissionalmente e conhecer novas metodologias de ensino de arte. Essa síntese foi im-
portante para que pudéssemos focar, inicialmente, as discussões nas disciplinas. No entanto, à me-
dida que o curso foi se desenrolando, uma diversidade de demandas e de enfoques foram surgindo,
a partir da relação entre os alunos e os professores e das diferentes características, experiências,
expectativas e interesses do grupo.
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Finalizamos esta parte da sistematização compartilhando a nossa percepção sobre os alunos. A
maior parte dos arte/educadores demonstraram interesse em refletir e, de maneiras diversas, dia-
logar sobre as questões trabalhadas no curso. Além disso, muitos foram os que, gradativamente,
acessaram novos conhecimentos nos livros doados pelo curso na caixa-biblioteca3, que, segundo
eles, foi importante para sua atuação profissional junto aos educandos.
3 A caixa-biblioteca é um kit de livros e um DVD, doada pelo curso às instituições às quais os alunos são vinculados. Faremos uma
descrição desta estratégia do curso na parte 3 desta sistematização.
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Parte 2: a plataforma
EAD|DUO e as
possibilidades de
compartilhamento e
produção de conhecimentos
sobre ensino de arte
Parte 2: a plataforma EAD|DUO e as possibilidades de compartilhamento e produção de
conhecimentos sobre ensino de arte4
A modalidade de ensino Educação A Distância – EAD – evoluiu enormemente nos últimos anos como
método qualificado de ensino a partir da expansão da Internet. A web, por meio da plataforma de
textos e hipertextos, e o correio eletrônico (e-mail), como ferramenta de comunicação, favoreceu
articulações entre conteúdo e acesso que convergiram para a criação de uma comunidade de pro-
fessores e alunos, atendidos em qualquer lugar do Brasil e do mundo.
Diante da extensão territorial brasileira, a aprendizagem virtual tem sido uma oportunidade para
ampliar o acesso à educação formal e informal de vários profissionais, neste caso específico, de
arte/educadores. A plataforma de EAD torna-se um espaço produtivo de aprendizagem, local em
que alunos e professores de vários Estados brasileiros estabelecem um permanente debate sobre
temas relativos ao seu cotidiano profissional.
4 Este texto teve a colaboração de Maria Helena Cunha e Marcela de Queiroz Bertelli.
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inovadoras, revolucionando conceitos tradicionais e contribuindo para a
criação dos sistemas educacionais do futuro.5
Com base em nossa experiência, optamos pelo modelo pedagógico que os especialistas chamam de
Modelo 50/50 (“wrap around”), em que metade das atividades envolve auto-instrução (leitura de
textos e artigos de especialistas) e outra metade envolve aprendizagem colaborativa e a criação de
uma comunidade virtual (debates entre professores e alunos por meio de um fórum de discussão).
Assim, como forma de fortalecer tal diálogo e trazer as experiências individuais para os espaços de
debate, os professores trabalham com conteúdos de suas áreas de domínio, propondo o exercício
da exposição e análise coletivas das atividades cotidianas, buscando tornar visível, entre os alunos
e professores, as experiências de trabalhos que vivenciam.
Trata-se, portanto, da busca de formação por meio da aprendizagem colaborativa, ou seja, alunos,
professores e monitores interagem entre si, construindo, em parceria, um conhecimento comum a
todos. Destacamos um ponto fundamental: a necessidade, mesmo em cursos a distância, da par-
ticipação efetiva do professor como responsável pelo processo de reflexão e direcionamento das
diversas discussões. Os recursos tecnológicos aplicados à informação e à comunicação vêem para
facilitar e mediar o processo de aprendizagem, incentivando a participação ativa e a interação per-
manente como forma de ampliação do conhecimento.
O curso Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação foi assentado na
plataforma EAD|DUO, de formato fechado, na qual apenas os alunos matriculados, os professores,
a coordenação e a monitoria puderam participar das aulas e dos debates. O curso foi acompanhado
por seis “observadores”, sendo que alguns deles são representantes das instituições parceiras do
curso (Petrobrás, Instituto Ayrton Senna e UNESCO) e outros são especialistas em ensino de arte.
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O ambiente virtual, ou um “Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem” (na linguagem dos ex-
perts), utilizado pelo curso foi construído pela DUO Informação e Cultura para possibilitar uma
relação mais amigável entre os alunos e professores envolvidos. Ela é um território que possibilita
a participação de todos e promove a proximidade afetiva, relacional e comunicacional, necessária à
aprendizagem efetiva. Trata-se de uma plataforma, ao mesmo tempo, robusta e simples de usar.
Identificação pessoal: na plataforma, cada aluno incluiu uma foto e os dados pessoais (nome,
instituição, cidade onde reside, etc). Os alunos puderam visualizar um índice gráfico que mede a
participação de cada um no curso, além de orientar e permitir o acompanhamento da sua partici-
pação nas atividades das disciplinas. Esse “termômetro” foi importante para que os alunos se orga-
nizassem para atingir a meta de 100% de participação nas atividades propostas pelos professores
de cada disciplina.
Os alunos da turma tinham acesso ao perfil dos colegas e dos professores, o que contribuiu para
que eles pudessem estabelecer uma relação direta. Era possível que os participantes deixassem
mensagens uns para os outros.
Notícias da coordenação: a plataforma disponibilizava o link “notícias”, que eram postadas pela
coordenação do curso. Essas notícias referiam-se, em geral, às informações sobre o início e o en-
cerramento de uma disciplina, à marcação de horários para chats e à realização de avaliações, entre
outras atividades.
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Scrapbook: outro canal importante de comunicação entre os participantes do curso, disponibi-
lizado pela plataforma, é o scrapbook, em que alunos e professores deixavam “bilhetes” para um
colega ou para toda a turma ao mesmo tempo. Essa área foi inspirada no scrapbook de comunidades
de relacionamento exatamente para proporcionar maior interação entre os seus membros.
Message Center: os alunos podiam, também, utilizar o message center para troca de correspon-
dência com a DUO e com os professores. Os professores, por sua vez, podiam enviar mensagens para
o e-mail de um aluno ou de toda a turma, por meio do message center.
Chat: ambiente disponibilizado para o debate simultâneo (em tempo real) entre os alunos, profes-
sores e monitores do curso, tendo em vista os desdobramentos dos temas propostos.
Midiateca: é uma área onde ficavam disponíveis arquivos de texto, audio e vídeo, além de links
para outros sites na Internet, como numa biblioteca multimídia. Tanto professores como alunos
incluíam materiais na midiateca. Os alunos do curso a distância tinham a possibilidade de acessar,
na midiateca, textos e outros materiais inseridos por professores de outros cursos, coordenadores
e parceiros, realizados pela DUO.
Fórum: é nele que o curso acontece de fato, pois é uma área destinada à discussão de temas e ques
tionamentos, apresentados pelo professor e relacionados ao conteúdo da disciplina. Uma mesma
disciplina tinha mais de um fórum. Cada professor estabeleceu as questões que seriam refletidas
e discutidas junto aos arte/educadores, sendo que cada uma dessas questões era tratada em um
fórum diferente.
Cafezinho: esse era o espaço informal de comunicação entre alunos e professores. Nele, os partici-
pantes do curso postavam mensagens afetivas, marcavam “encontros virtuais“, davam notícias pesso-
ais (casamento, nascimento de filho, doenças, etc) e compartilhavam seus trabalhos artísticos.
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Como foi o acesso dos arte/educadores à plataforma?
Uma das questões da avaliação feita pelos alunos do curso referia-se à intensidade do acesso à pla-
taforma EAD|DUO. Queríamos saber, entre outras coisas, quantas vezes por semana e em que local
eles acessavam a plataforma. A maior parte dos alunos acessava a plataforma de suas casas ou do
trabalho, sendo que, em muitos casos, tinham à disposição Internet discada, que é caracterizada
pela “lentidão” no acesso à Internet. Isso dificultava, por exemplo, a visualização de vídeos e ou-
tros materiais sugeridos pelos professores e colegas.
Um fato importante a ser explicitado foi a queda de participações nos momentos em que os arte/
educadores estavam excessivamente atarefados nas escolas e ONGs em que trabalhavam. O mês de
novembro, quando o curso a distância estava na sua reta final, foi marcado pelo sensível decrésci-
mo de acessos à plataforma, que era comumente justificado pelos alunos no cafezinho. Quase a to-
talidade das justificativas tinha relação com a sobrecarga de trabalho nesse período do ano. Apesar
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disso, avaliamos que a participação dos arte/educadores nas atividades do curso esteve em nível
bastante satisfatório. A participação mínima prevista pela coordenação do curso, inicialmente, era
de 75%. A participação dos alunos, em todas as disciplinas, superou este nível, sendo que em algu-
mas delas a participação chegou a quase 100%.
Nos gráficos abaixo, é possível observar o quantitativo de participação em cada disciplina do curso:
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29
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A plataforma contribuiu para o compartilhamento e produção de conhecimentos por
alunos e professores do curso?
A análise que fizemos sobre a participação dos arte/educadores no curso, bem como sobre manei-
ras em que se estabeleceram os diálogos nas disciplinas, nos levou a acreditar que a plataforma foi
capaz de possibilitar o acesso, o compartilhamento e a produção de conhecimentos pelos alunos e
professores. Compreendemos que a metodologia do curso, que será descrita e analisada na parte 3
desta sistematização, contribuiu para que a plataforma cumprisse sua missão, qual seja, a de pos-
sibilitar esses espaços de troca e produção de conhecimentos entre os participantes.
No nosso ponto de vista, o espaço privilegiado para que os alunos e professores compartilhassem
idéias, experiências, conhecimentos e pontos de vista sobre o ensino de arte foi o fórum. Em cada
disciplina, três ou quatro questões eram lançadas pelos professores, norteando o diálogo entre os
160 arte/educadores. Muitas vezes, percebíamos dificuldade dos alunos em articular suas idéias
com as dos colegas, que já tinham se posicionando anteriormente no fórum. Nesses casos, os alu-
nos se restringiam a “responder” às questões lançadas pelos professores. Assim, uma das funções
dos professores era, justamente, a de articular os diversos posicionamentos dos participantes, ex-
plicitando concordâncias e discordâncias, apresentando novos olhares sobre as falas, sugerindo
novos caminhos na discussão. A possibilidade de rever os textos dos colegas a qualquer momento
era importante para que os fóruns possibilitassem o percurso coletivo de aprendizagem sobre os
temas tratados. Ao longo do curso, observamos a intensificação do interesse e do hábito dos alunos
em, de fato, estabelecer um diálogo com os demais, em vez de apenas postar uma idéia no fórum.
O número elevado de alunos dificultava, segundo eles mesmos, o acompanhamento das discussões
nos fóruns. No entanto, também de acordo com alguns alunos, o espaço do fórum possibilitava
esse “navegar” pelos conhecimentos e experiências de profissionais de todo o país, com uma vasta
diversidade de práticas e experiências em ensino de arte.
Outro espaço da plataforma que foi, gradativamente, sendo apropriado por alunos e professores é a
midiateca. No início, as postagens do material eram geralmente feitas pelos professores. À medida
que o curso foi acontecendo, diversos alunos solicitavam a inclusão de textos, planejamentos edu-
cativos e outros documentos de sua autoria, com a intenção de compartilhar com os demais.
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O cafezinho, por sua vez, era um despretensioso convite ao diálogo, informal, que possibilitava mo-
mentos ricos e sensíveis de compartilhamento dos arte/educadores participantes do curso. Muitos
foram os que postaram textos, poesias, letras de música, novidades sobre seus trabalhos, entre
tantos outros materiais, que contribuíam fortemente para consolidar a noção coletiva do processo
educativo que estava acontecendo com a utilização da plataforma. Da mesma maneira, o scrap-
book, que em alguns momentos virava um “cafezinho 2”, estabeleceu-se como espaço importante
de diálogo entre os participantes.
Criou-se uma grande expectativa sobre os chats, por que seriam o momento em que todos teriam a
possibilidade de dialogar, ao mesmo tempo, sobre suas questões, tendo em vista os temas propos-
tos no curso. No entanto, uma falha da plataforma impossibilitou a participação de todos os alunos
e professores nas conversas do chat. A maior parte dos alunos e professores não conseguiam acessar
a plataforma nos horários marcados.
A frustração pela falha no chat da plataforma foi motivo de tristeza geral... o espaço do cafezinho
ficou repleto de manifestações dos alunos, que queriam muito estabelecer o tão esperado diálogo
ao vivo. Apesar de todos os esforços feitos, a empresa que prestava manutenção à plataforma não
conseguiu sanar os problemas, o que inviabilizou a realização dos chats.
Essa “perda” acabou se tornando um grande ganho para o curso. Espontaneamente, um grupo de
alunos decidiu criar o “chat genérico”, uma conversa com data e horário marcados, com o uso do
“MSN”6. Aos poucos, os alunos e professores tomaram conhecimento da idéia e foram se “adicionan-
do”. A arte/educadora Beloni Cacique Braga, aluna do curso, assumiu a função de mediadora do
“chat genérico”, que foi realizado semanalmente, com participação crescente de arte/educadores.
A seguir, apresentamos o relato em que Beloni conta sobre essa experiência.
6 O “MSN” é um programa de mensagens instantâneas da Microsoft, sem custo para os usuários. Nele é possível estabelecer diálogo
entre várias pessoas ao mesmo tempo.
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Educação a Distância: uma rede de trocas e produção de conhecimentos so-
bre ensino de arte com o uso de tecnologia digitais”,
Afinal, quem fala para quem? De que falam? Ou melhor, de que não falam? Estas e mui-
tas outras questões podem permear a imaginação de um leitor desavisado. As frases que
compõem a abertura desse relato são verídicas e foram extraídas do texto do bate-papo
originado no primeiro “chat” do curso “Ensino de Arte na contemporaneidade”.
7 Falas individuais no espaço virtual no primeiro chat ocorrido na plataforma . As falas foram agrupadas neste relato sem descarac-
terizar o contexto e os nomes não foram mencionados no corpo do texto.
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tro a uma preocupação pedagógica particular: a solidão virtual e a evasão em cursos a
distancia. Solidão narrada nos versos do colega de curso, Claúdio Vasconcelos, em uma
postagem na plataforma:
Diante da palavra escondida me dei conta de que, mesmo ocupando o papel de aluna do
curso, não me desconectei da minha constituição docente e da consciência de que minhas
ações são inevitavelmente educativas, explicativas e desejosas de partilhar o aprendido.
Assim de imediato já estava envolvida com os colegas do curso e com encontros marca-
dos aos sábados para um encontro virtual. Divulguei meu e-mail no espaço conhecido
da turma, o “cafezinho”, e aos poucos os colegas foram se agregando, formando um
grupo de 40 inscritos no MSN, mas com a participação oscilante devido à dificuldade de
encontrar um tempo comum para que todos interagissem. Frequentes eram em torno de
10 dos 160 participantes do curso.
O “chat” tornou-se uma atividade do curso, pois na medida em que aconteciam as posta-
gens das aulas eu propunha que o tema fosse estudado por nós e que, como grupo, nos
organizássemos durante a semana para nosso encontro. Fui nomeada pelos colegas como
anfitriã e coordenadora das conversas. Interesse e bom humor não faltaram à turma e logo
o “chat” passou a ser denominado “genérico” pelo colega-poeta Claúdio que escreveu em
versos “Chat misterioso” relatando a trajetória e o nascimento do espaço virtual
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Solucionando o problema
Pensando na integração
Já surgiu o Chat genérico
Por outro canal de comunicação
Enquanto a plataforma não fica pronta
O Chat genérico é a alternativa
O povo vai se comunicando como pode
Com sua maneira criativa
De genérico passou a oficial com a participação dos professores nos diversos momentos
do curso e validado como legítimo, pela coordenação atenta ao movimento do grupo,
como registrou em depoimento o prof. Paulo Emílio:
Quanta poesia, bom humor e afeto neste cafezinho, mesmo diante das dificul-
dades tecnológicas! Isso só é possível porque, aqui, temos artistas! Pessoas
sensíveis e capazes de compreender que, mesmo tendo sido feitos testes e mais
testes na plataforma, essas coisas acontecem! Também estamos ansiosos por
este contato em tempo real e esperamos que o problema do “chat” se resolva
logo. A boa notícia é que não estão sendo poupados esforços para que isso
aconteça. É incrível ver vocês encontrando outras formas de comunicação. Que
bom que Beloni, Heloisa, Cláudio, Rose Mary, Juliana e Adriana fizeram uma
reunião virtual pelo MSN... deve ter sido um encontro “saboroso”, como diria
a profa. Simone!
O sucesso do “chat” se deu por muitos fatores, mas é importante pontuar a coerência e
integração de um grupo menor que se manteve comprometido com o propósito de pro-
mover a discussão, a troca, o diálogo. Essa interação é respaldada pela pesquisadora
Maria Luiza Belloni (1999,p.48) ao afirmar que
O diálogo deve ser estimulado não apenas entre professores e estudantes, mas
entre os próprios estudantes (através de grupos, grupos tutoriais, redes de
auto-ajuda, etc) e entre eles e os contextos sociais onde vivem e trabalham.8
9 KESNKI, Vani M. Novas tecnologias na educação presencial e a distância. IN: BARBOSA, Raquel Lazzari Leite Barbosa.(Org).Forma-
ção de educadores : Desafios e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p.91-108
10 HERNÁNDEZ, Fernando, et al. Aprendendo com as inovações nas escolas. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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Oportunizar a formação continuada de arte-educadores utilizando o espaço virtual foi
uma iniciativa que colaborou com a formação dos educadores que atuam em segmentos
diferenciados. Interação que repercutiu em ações colaborativas durante o curso e que
ainda são mantidas por alguns participantes. Ações estruturadas durante as discussões
no MSN, nas conversas por “e-mails” e nas trocas que se efetivaram por meio da constru-
ção de planejamentos de ensino, elaboração de planos de aula, discussão sobre a estru-
tura curricular utilizada nas diversas regiões dos participantes, na construção coletiva
do mapa cultural sistematizada pelos coordenadores e na troca entre nós de material
didático-pedagógico para apoio.
A riqueza dos registros na plataforma me conduziu além da mediação no MSN para o iní-
cio de uma pesquisa sobre a constituição de professores11 em espaços virtuais, tendo os
dados postados como indicativos ou indícios de saberes docentes. Encaminhei um sim-
ples questionário aos colegas convidando-os para uma pesquisa e obtive o compromisso
de 30 participantes, que durante 2009, manterei contato para desenvolvermos novas
propostas de reflexão e formação. Analisando as falas/registros do curso e aliando a
pesquisa que já vinha desenvolvendo elaborei o projeto de doutorado sobre a Cultura
Visual e a formação docente, apresentado e aceito pela Universidade de Barcelona mas
que, devido à falta de subsídio financeiro, será redirecionado para um novo programa de
doutorado no Brasil.
Nada, no qual ninguém é inútil, tudo contribui para dar conteúdo à sociedade.
A ação deixa sinais, vestígios e marcas naqueles que a realizam e no contexto
interpessoal e social no qual ocorre: gera efeitos, experiência e história, porque,
como afirma Arendt, tem a condição de ser indelével. E este é o princípio que
nos leva a compreender a prática como algo a ser construído historicamente, já
que traz consigo a marca de outras ações prévias. Em circunstâncias favoráveis,
ações concretas podem dar origem a transformações importantes.
Finalizo assim esse relato, consciente dos sinais, vestígios e marcas geradas no espaço
virtual e mediadas pelas ações humanas, arteiras, impregnadas de pessoalidades que
geraram efeitos, experiência e história. Novas histórias de vidas foram constituídas a
partir da interação dos envolvidos nesse território chamado “plataforma EAD|DUO” que
poderíamos considerar como ambiente gerador de circunstâncias favoráveis à reflexão
sobre o Ensino de Arte na Contemporaneidade.
Outra iniciativa dos alunos para ampliar as possibilidades de compartilhamento entre eles e os
professores foi a criação do blog “Arte-Educa” (http://arteeduca.arteblog.com.br). Liderado pela
arte/educadora Marília Schmitt, o blog foi sendo construído com materiais postados por diversos
alunos do curso a distância, colocando-se como um importante espaço de ampliação das questões
propostas nas disciplinas e, mais que isso, como uma possibilidade de dialogar com o “mundo ex-
terior” ao curso, uma vez que o blog é aberto à visitação de todos os usuários da Internet. A seguir,
apresentamos o relato de Marília sobre a experiência de criação do blog e no qual problematiza
diversas questões sobre sua participação no curso a distância.
Aqui, entrei em contato com uma realidade muito diferente da qual estou habituada e
digo isso referindo–me ao espaço físico da sala de aula. Como situar uma sala de aula
no espaço virtual? E agora, como lidar com esta desterritorialização dos limites? Como
agir onde o ato de ensinar e aprender não cabe mais num tempo e num espaço delimita-
do por horas/aula? Como interagir e comunicar-me com professores e colegas com faces
cristalizadas em uma fotografia? Onde a comunicação entre nós depende do domínio
que temos do uso da palavra para nos expressarmos? Como pensar em Arte quando qua-
se não há espaço para as imagens, sons e movimentos? Estas foram algumas das inda-
gações que permearam meus pensamentos enquanto aluna virtual, tentando produzir
conhecimento sobre o ensino da Arte com o uso de tecnologias digitais.
Embora soubesse que tais indagações apontavam para novas perspectivas e que eu,
como arte/educadora, teria que encará-las de frente, porque o mundo hoje exige que os
educadores mudem seus paradigmas, que ampliem suas formas de pensar e agir. Aqui,
compreendi que para ensinar é preciso crer num jeito novo de aprender, que é através da
“aprendizagem colaborativa”, pois segundo Pierre Levy “... há cada vez mais pessoas
que se organizam por intermédio da Internet visando à cooperação intelectual.”
E nessa busca, cada um de nós é desafiado ao exercício pleno da autonomia, da sua capa-
cidade de organização e especialmente de seu poder de comunicação, sem os quais é quase
impossível levar adiante qualquer ação produtora de conhecimento no espaço virtual.
Mas, para tanto, também é preciso ambientar-se no cyberspace, fazendo uso das ferra-
mentas tecnológicas disponíveis, embora elas não garantam a conquista do conheci-
mento e aqui entra a mudança do perfil do educador.
Assim, logo no inicio das aulas, tratei de agir e interagir, sim porque adaptação exige mo-
vimento. No meu caso foi mais fácil porque reencontrei a arte/educadora Beloni Cacique
com a qual já tinha uma proximidade de idéias, e, como numa aula presencial, é bom
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termos alguém que já conheçamos. Mas, conversa vai e conversa vem e, aos poucos, forma-
mos um grupo que interagia muito entre si, com os colegas e professores, ora no fórum, ora
no bate-papo informal no cafezinho ou até mesmo através dos scraps. Beloni, muito orga-
nizada, logo tratou de coletar e-mails e organizar um encontro no MSN, que foi apelidado
por um colega: de “chat genérico”, pois até os professores apareciam por lá para comparti-
lharem conosco seus saberes. Enquanto que nossa colega Julmara criou uma comunidade
no Orkut e, assim, fui impelida a usar também essa ferramenta virtual. Aos poucos, passei
a comportar-me como uma investigadora, uma exploradora de meios e interfaces que cada
vez mais me aproximavam mais das fontes de informação e de novas possibilidades, mas
muitas vezes foi preciso sair do meu lugar para ir de encontro ao outro, num processo ora
individual ora coletivo.
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responsabilidades que temos sobre ela e todo o conhecimento que produzimos e divulga-
mos. Para tanto, nesta comunicação valem todas as regras propostas pela “Netiqueta”.
E como professora/investigadora penso que o modo como usamos essa informação seja
o que vai nos diferenciar dos demais usuários da Internet. Porque, explorando este uni-
verso, estamos instigando outras redes de pensamento e de produção de conhecimento.
Rompemos assim com conceitos tradicionais, enquanto muitos usuários ainda utilizam-
se das tecnologias como mais um meio de comunicação, desperdiçando um sem-fim de
oportunidades de ampliação de seus contextos de vida. Ampliar contextos, esta é mais
uma questão que me instigou muito, pois a cada postagem no fórum eu percebia a ri-
queza de conteúdo que estava sendo gerado e esta riqueza estava diretamente relacio-
nada à diversidade cultural de idéias e de fazeres dos colegas sempre em busca de um
ensino de Arte qualificado. Foi aí que comecei a sentir-me comprimida, é verdade. E me
dei conta que estávamos encapsulados flutuando no cyberspace, pois nossa plataforma
de aprendizagem é fechada por dentro, ou seja, só o aluno inscrito tem acesso através da
senha de entrada previamente cadastrada.
Talvez, para alguns alunos/professores isso seja um alívio ou até uma proteção, pois
poupa-lhes da exposição nos momentos mais vulneráveis do ato de aprender, quando as
certezas ainda balançam entre dúvidas e conflitos. Mas isso passou a me incomodar...
Pois eu queria ver mais, saber mais e assim pensei em abrir uma “janela para o mun-
do”. Foi quando criei a ideia do blog considerando que: “Há muitas formas de organi-
zação e o desafio é inventarmos todos juntos formas de organização que não sejam nem
anárquicas – onde não haveria nenhuma forma de cooperação – nem demasiadamente
rígidas, mas sim as que permitam otimizar a capacidade de invenção das pessoas, suas
competências, suas experiências, suas memórias.” Pierre Levy
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Como já sou usuária de um blog, logo vislumbrei essa possibilidade de “otimizar a capa-
cidade de invenção das pessoas...” na publicação do trabalho dos colegas e na criação
da rede de informação e de comunicação que poderíamos gerar entre nós e nossos alu-
nos. Pois cada um poderia autogerenciar suas publicações como artistas e ou arte/edu-
cadores, tendo à sua disposição ferramentas virtuais para produção de artigos através
de textos, imagens, sons e vídeos... Assim, disponibilizei a todos a senha de acesso atra-
vés de scraps e também um passo-a-passo de como fazer o login e dicas de como utilizar
as ferramentas disponíveis. Alguns colegas muitos animados, logo quiseram participar
e fizeram suas postagens, outros elogiaram a ideia, mas participaram apenas como vi-
sitantes do blog deixando comentários, alguns criaram o seu próprio blog e alguns...
Alguns não vi e não sei...
Dessa rede de conhecimentos tecida com tantas palavras entre 160 alunos e os professo-
res, hoje tiro uma conclusão: “Não importa se a aula é presencial ou à distância, somos
todos alunos com traços de personalidade individuais, que nem sempre estão dispostos
a interagir com o coletivo ou porque não gostam ou até porque não sabem. Isso justifica
os alunos ausentes, os silêncios; a timidez que faz deixar sempre para depois, quando
ninguém estiver olhando; o déficit de atenção que dificulta a concentração para ler e
escrever tanto...Mas o que importa aqui é que tecemos uma rede de novos saberes, de
saberes fortalecidos pela cumplicidade na busca constante do aprimoramento do nosso
fazer como arte/educadores. Termino com um desafio, num trecho de Pierre Levy:
“Cada um deve se perguntar o que pode fazer para propagar novas formas de fazer. E a
resposta é: dar o exemplo.”
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Qual o olhar dos alunos do curso sobre a plataforma?
Apesar disso, muitos alunos apontaram limitações da plataforma e do seu uso, além de sugestões
para que ela atendesse, ainda mais, às suas necessidades. Consideramos importante, pelo caráter
deste documento, explicitar alguns olhares dos alunos sobre a plataforma. Decidimos não informar
os nomes dos arte/educadores que se posicionaram diante dessas questões, para conferir sigilo aos
seus posicionamentos.
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As primeiras falas referem-se ao acúmulo de leitura gerado pela quantidade de posicionamentos
dos alunos do curso que, em alguns casos, impossibilitou que os alunos acompanhassem todas as
postagens nos fóruns. Interessante notar que houve alunos que, mesmo após o término do tempo-
de uma disciplina, continuaram os debates nos fóruns, já que eles permaneciam na plataformadu-
rante todo o tempo de duração do curso13:
“Pretendo retornar aos debates e ler todo o conteúdo postado pelos alunos, pois consi-
dero uma das partes mais importantes do curso. Entretanto não tive nenhuma possibili-
dade de ler todas as interações, embora tenha lido algumas a cada módulo. Acredito que
devido ao número de intervenções, que por um lado é bom, mas por outro dificulta uma
análise mais aprofundada dessas contribuições.”
“Acho que, às vezes, poderia ter lido mais as respostas dos colegas, mas às vezes elas são
muito numerosas e é necessário um tempo maior para a reflexão. Apesar disso as leituras
contribuiram para refletir sobre minha atuação.”
“Os diálogos são riquíssimos, embora muitas vezes pequem pela extensão, o que torna-
os cansativos para a leitura. E muitos deles me reportam ao meu trabalho, outros me
mostram uma educação brasileira ainda impactante, mas não menos valiosa.”
“Neste caso, facilitaria a objetividade do curso uma ferramente que pudessemos marcar as
lidas ou deletar. O acúmulo de postagens dificulta a organizaçao dentro do ambiente.”
“Considero o fórum um espaço muito rico, mas tive dificuldade em ler todas as mensa-
gens postadas por serem propostas que exigiram dos alunos textos muito longos tornan-
do-se cansativa a leitura. Li a maioria e procurei interligar idéias.”
“Eu estou copiando muitas postagens de colegas e professores para poder ler com mais
calma e atenção. São muitos alunos.”
13 Os depoimentos, comentários e sugestões dos arte/educadores participantes do curso a distância foram retirados dos instrumentos
de avaliação dos alunos. Optamos por não comentar os trechos na tentativa de não criar um sentido diferente ao dado por seus autores.
Decidimos não explicitar os nomes dos autores, tendo em vista o acordo feito com eles durante as avaliações do curso.
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Houve comentários em relação à forma como a plataforma destacava a participação dos professo-
res. Todas as vezes que um professor postava um comentário ou questão, o nome dele era destaca-
do com um símbolo gráfico, o que, na visão de uma aluna, foi insuficiente:
“Parabenizo a devolutiva dos professores nesse espaço, no entanto sugeriria que a pos-
tagem do professores fosse destacada ou visualizada à parte, pois sendo inserida no
corpo do fórum, mesmo acompanhando duas vezes por dia, algumas vezes passava des-
percebida a mediação, sendo necessário vários acessos para acompanhar melhor as dis-
cussões em andamento.”
Diversos alunos apresentaram sugestões para que a plataforma utilizada pelo curso atendesse me-
lhor aos seus interesses14:
“Como se trata de uma rede social, alguns pequenos recursos simples otimizam a nave-
gabilidade, como a possibilidade de enviar arquivos para algum aluno dentro da própria
plataforma, ou mesmo de selecionar vários scraps e poder deletá-los. Os chats não fun-
cionaram. Pequenos detalhes que podem tornar o ritmo das aulas mais dinâmico.”
“Senti falta de um espaço para postagem de imagens, sons... nós trabalhamos com idéias
que seriam mais interessantes se pudessem ser expostas com a veracidade do momento
em que aconteceu. Mas,também esta necessidade me estimulou a abrir o blog, para que
púdessemos abrir um pouco mais de nossas ações ao grupo presente aos debates e, tam-
bém, aos educadores que ficaram de fora do curso.
“Se os colegas fossem mais objetivos, mandando mensagem somente para quem dese-
jam falar, sobraria mais tempo para lermos as interações no fórum.”
14 Os depoimentos, comentários e sugestões dos arte/educadores participantes do curso a distância foram retirados dos instrumen-
tos de avaliação dos alunos. Optamos por não comentar os trechos na tentativa de não criar um sentido diferente ao dado por seus
autores. Decidimos não explicitar os nomes dos autores, tendo em vista o acordo feito com eles durante as avaliações do curso.
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Parte 3: ensino de arte na
contemporaneidade:
Desafio para a cultura e a
educação - a proposta e a
realização do curso
Parte 3: ensino de arte na contemporaneidade: Desafio para a cultura e a educação -
a proposta e a realização do curso.
O curso “Ensino da arte na contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação” foi realizado
por meio de uma articulação entre três instituições que atuam no campo da educação e da cultura:
- A DUO Informação e Cultura atua, desde 1999, em consultoria, planejamento e gestão para institui-
ções e iniciativas culturais, investindo na formação e na qualificação do profissional do setor cultural,
além de disponibilizar informações aplicadas à área. Possui larga experiência em desenvolvimento
de cursos de formação presencial e a distância, que são solicitados de diversas localidades e regiões
diferentes e distantes do País. A DUO atuou como empreendedora do projeto e na gestão das ações de
educação a distância do curso.
- A ONG Humbiumbi – Arte, Cultura e Educação, que desde 1996 realiza projetos de atendimento
direto a crianças e jovens nos campos da arte, comunicação e saúde; desenvolve a formação de
educadores de escolas e ONGs; e concebe materiais educativos para crianças, jovens e educadores.
Os projetos da Humbiumbi são realizados por meio de parcerias com instituições que atuam na
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educação, entre as quais, o Instituto Ayrton Senna, o Ministério da Cultura, a Fundação Municipal
de Cultura de Belo Horizonte e o Citi. Desde 1999, a Humbiumbi atua como Agência Técnica do
Programa Educação pela Arte, do Instituto Ayrton Senna, participando da formulação da solução
educacional para o Desenvolvimento Humano pela Arte. A Humbiumbi foi responsável pela coorde-
nação conceitual do curso, pela formulação dos seus conteúdos, pela identificação dos professores,
pela avaliação dos resultados e impactos e pela sistematização da experiência.
- O Instituto Ayrton Senna (IAS), que acumula experiências conceituais e práticas significativas
nos diversos Programas que realiza, junto a crianças, adolescentes e jovens brasileiros. O IAS é
uma Cátedra Unesco em Educação e Desenvolvimento Humano, chancela concedida pelo trabalho
inédito de criação, implementação e disseminação de soluções educacionais em desenvolvimento
humano. O IAS foi um parceiro importante por ter disponibilizado a solução educacional para o
Desenvolvimento Humano pela Arte para ser utilizada como referência do curso.
Outras instituições somaram-se à DUO, Humbiumbi e Instituto Ayrton Senna para viabilizar e qua-
lificar o curso à distância. A UNESCO tornou-se parceira do curso, contribuindo com sua vasta ex-
periência no campo da educação e da cultura. Para viabilizar o curso financeiramente, foi encami-
nhado e aprovado projeto para a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. Na seqüência, o projeto do
curso foi selecionado pelo Programa Petrobras Cultural, obtendo patrocínio exclusivo desta empre-
sa. Dessa forma, o curso foi realizado sem custos para os 160 arte/educadores participantes e suas
respectivas instituições.
No momento em que construímos a proposta do curso a distância, estabelecemos uma parceria com o
Instituto Ayrton Senna para utilizar a tecnologia social “Educação para o Desenvolvimento Humano
pela Arte” como referencial conceitual a ser focado no curso. O IAS realiza, desde 1999, o Programa
Educação pela Arte, que atua de forma complementar à escola, em parceria com 17 ONGs de 9 estados
brasileiros, atendendo cerca de 4.000 crianças, adolescentes e jovens e realizando a formação conti-
nuada de 418 gestores e arte/educadores de organizações não-governamentais parceiras.
A seguir, apresentamos um texto produzido pelo Instituto Ayrton Senna que sintetiza o referencial
conceitual da Educação para o Desenvolvimento Humano pela Arte, focado no curso a distância.
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Educação para o desenvolvimento humano pela arte
A visão de mundo que orienta o conceito de educação do Programa Educação pela Arte é o
Paradigma do Desenvolvimento Humano. Trata-se da crença de que o desenvolvimento de
um país ou de uma comunidade depende fundamentalmente das oportunidades que ofe-
rece para que as pessoas desenvolvam seus potenciais humanos. Nessa perspectiva, uma
das maneiras de agir em favor das novas gerações é criar concepções e práticas educacio-
nais capazes de contribuir para que, por meio da arte, crianças e jovens transformem seus
potenciais humanos em competências pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas.
Fazer arte e apreciar e interpretar obras de arte são oportunidades privilegiadas para
que o educando desenvolva seu potencial e adquira um conhecimento sensível de si mes-
mo e da realidade. O conhecimento sensível é um modo singular de conhecer, que não
pode ser proporcionado por outros modos de apreensão do real. O modo de ver, sentir,
pensar e agir proporcionado pela arte torna nossa interação com o mundo mais rica,
integrada, inventiva e humana.
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A sensibilidade
(...) Perguntadas sobre o que era “sensibilidade”, as professoras por mim pesquisadas
em 2000 responderam mais frequentemente que era: “ser capaz de se emocionar”,
além de outras como “ser capaz de respeitar os outros”, (...) “sofrer com o sentimento
dos outros”, “ser romântico”, “exercer a cidadania”. (BARBOSA, 2005, p. 99)
A percepção
Por meio de nossos sentidos captamos alguns dados do mundo a nossa volta, sendo que
esses dados foram ativamente selecionados por um conjunto de interesses, conhecimen-
tos, valores. A percepção, por meio dos sentidos, forma a base dos nossos conhecimentos
e critérios de valor. À primeira vista, pode parecer que todas as pessoas percebem as
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coisas do mesmo modo, e que a percepção é um processo passivo, no qual a pessoa “ab-
sorve” o mundo à sua volta, o que, no nosso ponto de vista, não é verdade. O observador
exerce um papel ativo na seleção dos estímulos que recebe. Mesmo porque, seria huma-
namente impossível captar toda a imensa quantidade de informações que o mundo nos
oferece. Dependendo dos conhecimentos, da experiência, das preferências, dos valores
e dos interesses imediatos, uma pessoa vai fixar sua atenção em determinados pontos e
ignorar outros. A habilidade pessoal e a cultura em que uma pessoa está inserida tam-
bém exercem influência nesse processo.
A criatividade
Longe de ser exclusivamente ligada às artes, a criatividade é vital para todos os cam-
pos da atividade humana. O prazer que advém do ato criativo está relacionado com a
transformação não só do mundo, mas do próprio ser, que alcança um novo estágio de
consciência neste processo. Por isso mesmo, todo ato criativo é um momento de total
envolvimento, que exige uma concentração profunda. No processo criativo, as pessoas
se entregam totalmente às suas atividades. É essa perda da noção do tempo, esse alhea-
mento do entorno, essa comunhão total entre o ser e o fazer que caracteriza a criação.
Obras de arte dão corpo aos valores de uma determinada sociedade em um contexto
específico, e cumprem variados papéis - servir de objeto de culto, promover relações so-
ciais, documentar fatos, defender pontos de vista, etc. O aumento significativo de obras
de arte que propõem a discussão de questões éticas marca a arte contemporânea. O
mergulho das artes nas esferas política e social chegou a tal ponto que, muitas vezes, é
difícil separar obra de arte de manifestação política ou de atividade social.
Por mais difíceis ou provocativas que sejam, as obras de arte contemporânea nos colo-
cam face a face com as questões e os dilemas que são necessários serem enfrentados.
Seu caráter híbrido, seu engajamento político-social, suas experiências tecnológicas e
sua impermanência refletem a vida contemporânea.
O ensino da arte, portanto, deve incluir e problematizar as questões do nosso tempo sob
o ponto de vista ético, promovendo a vivência, a identificação e a incorporação de valo-
res. Essa proposta encontra grande correspondência com a concepção contemporânea
do ensino de arte e contribui para o desenvolvimento humano das novas gerações.
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A visão multiculturalista
No mundo globalizado em que vivemos, o contato com outras culturas é uma realida-
de inescapável. Na geração dos nossos pais ou avós, as notícias e produtos de lugares
distantes tinham um peso pequeno no modo como as pessoas enxergavam o mundo e
viviam suas vidas. Hoje, o estrangeiro vive conosco: nas notícias que chegam pela televi-
são, nos produtos culturais que consumimos, nas comidas que comemos, nas roupas que
vestimos, na língua que falamos, nos ideais e valores que buscamos.
Mas o Outro não é só aquele que vem de longe. Os que estão bem perto, mas nunca fo-
ram olhados nem ouvidos, são também “estrangeiros”. Até recentemente, grupos sociais
que fugiam aos padrões estabelecidos pela sociedade não participavam na discussão e
condução do espaço público. As reivindicações e pontos de vista de mulheres, índios,
negros, pobres, homossexuais e vários outros grupos não eram sequer considerados.
Sob o ponto de vista do Programa Educação pela Arte, o ensino de arte tem como propos-
ta o fazer arte e a apreciação e interpretação da obra de arte a partir de uma educação
rica e inovadora, que assegure a visão multiculturalista, o conhecimento sensível do ser
humano e do mundo, a vivência, a identificação e a incorporação de valores.
Assim, mais do que ser uma fonte de prazer ou meio para a construção da auto-estima,
fazer e apreciar arte contribuem para que crianças e jovens ampliem seu olhar sobre si mes-
mos e o mundo, transformando-se e realizando ações transformadoras no seu contexto.
- interagir e se comunicar em grupo, conviver com as diferenças, atuar com foco na cole-
tividade, no ambiente e na diversidade cultural, desenvolvendo, assim, suas competên-
cias relacionais;
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O fazer artístico como oportunidade de desenvolvimento humano
b)Criar oportunidades para que os educandos, ao fazer arte, partam dos desa-
fios de sua existência, vivenciando, identificando e incorporando valores;
Toda expressão artística está ligada a outros campos da vida humana (filosófico, cultu-
ral, político, econômico e outros) e aos interesses, desejos e a singularidade do artista.
Apreciar uma obra de arte é fazer uma leitura do mundo a partir da própria obra, do
contexto em que foi criada e dos valores, conhecimentos e habilidades do artista e os que
o observador traz consigo.
Uma experiência de apreciação artística não acontece por meio de um contato casual
com obras de arte. Atualmente, muitos estudiosos colocam a necessidade de formar pes-
soas capazes de estabelecer uma relação mais profunda com obras de arte como uma
meta importante da educação em arte.
O Programa Educação pela Arte acredita que, ao apreciar e interpretar a obra de arte, os edu-
candos têm a oportunidade de refletir sobre si mesmos, sobre o objeto de arte e seu tempo,
lugar e contexto histórico. Eles têm a possibilidade de se confrontar e valorizar as diversas
manifestações culturais, de refletir, comparar, diferenciar e interpretar a obra de arte.
O curso ‘Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação’ foi realizado
em sete disciplinas. A seguir, apresentamos os focos das disciplinas, os nomes e currículos resumi-
dos dos professores que atuaram em cada uma delas.
As aulas desta disciplina tiveram o objetivo de quebrar resistências a uma aprendizagem virtual e
possibilitar uma relação amigável com a tecnologia, analisar os vários pontos da plataforma utili-
zada pelo curso, otimizar a utilização de seus recursos e explicitar a metodologia de aprendizagem
adotada. Por fim, apresentar o curso, detalhar o conteúdo de cada aula, os nomes e currículos dos
profissionais envolvidos em sua concepção pedagógica e fazer um exercício prático no Fórum.
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gislativa de Minas Gerais, foi coordenador de Extensão e Pesquisa da Escola do Legislativo, atual
coordenador-local da Rede InterLegis (Senado). Sócio-fundador da Comuna S.A. e sócio-diretor da
DUO Informação e Cultura (desde 1999). Coordenador do Curso de Formação Política da Escola do
Legislativo, (Ano I a Ano V), de 1994 a 1999. Ministrou diversos cursos de uso da internet para fins
acadêmicos e para profissionais da cultura, como nos cursos de Planejamento e Gestão Cultural pelo
Instituto de Educação Continuada da PUC Minas (1999) e Curso de Gestão Cultural da Fundação
Clóvis Salgado.
Esta disciplina promoveu o acesso, aos alunos do curso, às referências conceituais da Educação
para o Desenvolvimento Humano (EDH), que é uma solução educacional desenvolvida pelo Insti-
tuto Ayrton Senna (IAS), tendo recebido a chancela de Cátedra Unesco em Educação e Desenvolvi-
mento Humano. Este conceito de educação afirma o direito das novas gerações ao desenvolvimento
pleno de seus potenciais. Compreende-se que, mais do que gerar aprendizagens, a educação deve
possibilitar o desenvolvimento de competências pelos educandos. Assim, o ato de educar emerge
como aquele que viabiliza a transformação do potencial de uma pessoa em competências e habili-
dades que lhe permitam viver, conviver, produzir e ampliar cada vez mais seu conhecimento acerca
de si mesma e do mundo do qual é parte.
Simone André é psicóloga, educadora, atuou na área da infância e juventude como consultora de
organizações governamentais (prefeituras, órgãos estaduais), não-governamentais e internacionais
(Unicef, OIT). Atualmente, é Coordenadora da Área de Juventude do Instituto Ayrton Senna, membro
da Cátedra Unesco de Educação e Desenvolvimento Humano e autora de publicações neste campo.
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Disciplina ‘O ensino de arte no Brasil e a concepção contemporânea de arte’
Esta disciplina enfocou o ensino de arte no Brasil do século XVI ao século XIX: os primórdios, o rompi-
mento e os modelos; as principais práticas no ensino de arte no Brasil no século XX: o Modernismo, as
Escolinhas de Arte e os modelos externos; as tendências para o ensino da arte neste início do século
XXI: arte como área de conhecimento e arte como construção cultural. Idéias pós-modernas e pesqui-
sas sobre imaginação e cognição; as concepções contemporâneas da arte em seus diversos campos; as
obras híbridas e as possibilidades de interação; e o uso de tecnologias na arte e em seu ensino.
Lucia Gouvêa Pimentel é doutora em Artes – Arte/Educação pela ECA/USP. Mestre em Educação
pela FAE/UFMG. Bacharel e Licenciada em Artes Visuais pela EBA/UFMG. Professora da Escola de
Belas Artes da UFMG. Secretária Geral do CLEA (Consejo Latinoamericano de la Educación por el
Arte), representante da América do Sul e Caribe no Conselho Mundial da InSEA (International So-
ciety for Education through Art), membro do Comitê de Especialistas do Programa Educación Artís-
tica, Cultura y Ciudadanía de la OEI (Organización de los Estados Iberoamericanos).
Esta disciplina promoveu uma reflexão e discussão sobre o valor da arte e as contribuições que ela
traz no campo da educação na contemporaneidade. Foram abordados os seguintes temas/concei-
tos: a arte e o desenvolvimento do conhecimento sensível (sensibilidade, percepção e criativida-
de); a arte e o compromisso com a cultura, numa visão multiculturalista; a arte e as possibilidades
de vivência, identificação e incorporação de valores; o papel do arte/educador no ensino de arte.
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Maria Lívia de Castro é especialista em Pesquisa e Ensino no Campo das Artes Plásticas (UEMG).
Artista Plástica e Arte/Educadora (UEMG). Diretora do Centro Cultural Maria Lívia de Castro. Vice-
presidente da ONG Humbiumbi – Arte, Cultura e Educação. É consultora do Instituto Ayrton Senna,
atuando na construção e disseminação da solução educacional para o Desenvolvimento Humano
pela Arte e coordenando tecnicamente a Formação Continuada do Programa Educação pela Arte.
Foi responsável pelo trabalho de intercâmbio cultural entre as comunidades brasileira e angolana
em Angola, pela Construtora Norberto Odebrecht (1986 e 1992).
Paulo Emílio de Castro Andrade é mestre em Educação pela FAE/UFMG. Especialista em Educa-
ção, Comunicação e Tecnologia pela UEMG. Graduado em Comunicação Social, com habilitação em
Jornalismo pelo UNI-BH. Foi pesquisador do Observatório da Juventude da UFMG. Foi presidente
da ONG Humbiumbi – Arte, Cultura e Educação e diretor do Centro Cultural Maria Lívia de Castro.
Atuou como consultor técnico do Programa Educação pela Arte, desenvolvido pelo Instituto Ayrton
Senna. É diretor de projetos especiais da Associação Imagem Comunitária, atuando como coorde-
nador da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Belo Horizonte.
Esta disciplina promoveu reflexões e debates sobre Juventudes e culturas juvenis na cena educa-
tiva contemporânea. Foram abordados os seguintes temas/conceitos: Juventude e adolescência:
aproximando-se dos conceitos; Condições Juvenis no Brasil Contemporâneo; Subjetividades Juve-
nis: jênero, sexualidade e etnia; Culturas Juvenis e Escolas; Culturas e saberes juvenis: ampliando o
diálogo com outros espaços educativos juvenis; Juventudes e formação do arte/educador.
Carla Linhares Maia é doutoranda em Educação (FAE – UFMG). Mestre em Educação e Especialis-
ta em História do Brasil (PUC-MINAS). Graduada em História (FAFICH – UFMG). Coordenadora do
Curso de Formação de Professores “Desafios da Escola em Tempos de Mudança” e pesquisadora do
Observatório da Juventude (FAE-UFMG). Professora da Rede Municipal de Educação de Belo Ho-
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rizonte (1991-2004). Secretaria Executiva do Conselho Municipal de Educação de Belo Horizonte
(2004/2005). Coordenadora do Eixo Pedagógico do Programa Cidadania dos Trilhos / FCA - Ferro-
via Centro-Atlântica (pela COMPREENDER – Consultoria em Educação - 2004-2006).
Esta disciplina teve caráter teórico-prático, ou seja, os arte/educadores foram estimulados a refletir
e discutir os conceitos que permeiam o fazer artístico no ensino de arte contemporâneo, para, em se-
guida, realizar atividades de fazer artístico junto aos educandos das instituições a que são vinculados.
Os principais conceitos trabalhados nesta disciplina foram: o fazer artístico como processo de acesso e
produção de conhecimento; o fazer artístico na perspectiva multiculturalista; o fazer artístico e o domí-
nio da linguagem artística; o fazer artístico e as diversas questões contemporâneas; o fazer artístico e a
vivência, identificação e incorporação de valores; e o papel do arte/educador no fazer artístico.
Esta disciplina teve caráter teórico-prático, ou seja, os arte/educadores foram estimulados a refle-
tir e discutir os conceitos que permeiam a apreciação e interpretação da obra de arte no ensino de
arte contemporâneo, para, em seguida, realizar atividades de apreciação e interpretação da obra de
arte junto aos educandos das instituições a que são vinculados. Os principais conceitos trabalha-
15 O currículo resumido dos professores foi citado anteriormente na disciplina O Valor da Arte na Contemporaneidade e seus reflexos
no Ensino de Arte.
16 O currículo resumido dos professores foi citado anteriormente na disciplina O Valor da Arte na Contemporaneidade e seus reflexos
no Ensino de Arte.
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dos nesta disciplina foram: a apreciação e interpretação da obra de arte e os contextos histórico,
social, político e cultural em que a obra foi produzida; a apreciação e interpretação da obra de arte
e os valores, experiências de vida e conhecimentos dos educandos; conhecimentos e habilidades
importantes para a apreciação e interpretação artísticas; a apreciação e interpretação da obra de
arte como possibilidades de desenvolver novas percepções e de transformar a si e ao mundo; a
apreciação e interpretação da obra de arte e a percepção das qualidades formais da obra; o papel do
arte/educador na apreciação e interpretação da obra de arte.
A participação dos alunos nas disciplinas do curso aconteceu por meio do seguinte percurso:
1 º - Leitura dos textos de referência da disciplina e de outros materiais indicados;
3 º - Diálogo com colegas e professores sobre as questões de cada disciplina, nos fóruns da plataforma;
Tendo em vista esse percurso comum, os professores tinham autonomia para definir como dialogar
com os alunos sobre as questões centrais das disciplinas. Analisando os métodos adotados por cada
um deles, observamos duas “tendências”.
Na primeira delas, utilizada nas disciplinas mais conceituais, os professores dialogaram com os
alunos e responderam as questões nos fóruns aos poucos, à medida que os arte/educadores se
posicionaram. O diálogo ia se construindo à medida que os participantes se posicionavam, e, nesse
processo, os professores problematizavam as diversas falas, apresentavam seus pontos de vista,
articulavam as idéias que iam surgindo e “amarravam” conceitos com as experiências relatadas.
Aproveitamos para explicitar que os professores buscavam, sempre que possível, provocar os alu-
nos a relacionar os diversos conceitos com suas experiências em ensino de arte.
62
A outra “tendência”, em termos de método de trabalho, foi adotada nas duas últimas disciplinas,
que tinham o caráter “teórico-prático”, realizadas no último mês do curso. Nelas, além de discutir
os aspectos conceituais sobre os temas, os alunos do curso eram convidados a realizar atividades
junto aos seus alunos nas instituições em que trabalham. Aos poucos, relatavam nos fóruns suas
experiências, com os desafios, avanços e questões observados. Diante de tanta diversidade de
propostas e de questões, os professores optaram por não intervir diariamente no diálogo entre os
alunos do curso. O estranhamento inicial foi sendo vencido e ampliou-se a troca de experiências
entre os alunos. Uns acompanhavam o trabalho dos demais, sugerindo, questionando, contribuin-
do. A cada semana (as duas últimas disciplinas tiveram 24 dias de duração cada) os professores
produziram um documento em que, a partir de trechos dos relatos dos alunos, teciam comentários,
relacionavam com os conceitos trabalhados pelos textos, problematizavam questões e articulavam
as diversas experiências dos alunos. Os documentos eram extensos, uma vez que muitos eram os
relatos inseridos pelos alunos do curso nos fóruns. Após a divulgação do primeiro destes documen-
tos, que eram incluídos na midiateca da plataforma, criou-se uma expectativa entre os alunos, que
queriam ver suas experiências cuidadosamente analisadas no documento da semana seguinte.
A nossa avaliação dos métodos de trabalho adotados no curso a distância é que foram suficientes
para que os alunos pudessem acessar, compartilhar e produzir conhecimentos ao longo dos qua-
tro meses de trabalho. Observamos que os alunos, aos poucos e com intensidade, criavam suas
maneiras de “usufruir” das possibilidades do curso. Isso porque, entre tantos fatores, os métodos
adotados possibilitavam que os alunos, a qualquer momento, pudessem se apropriar das diversas
atividades propostas.
Uma das questões que compunham o instrumento de avaliação dos alunos refere-se ao conteúdo
trabalhado no curso. Era essencial, para nós, saber qual a visão dos arte/educadores participantes
sobre os conteúdos que escolhemos para compor o curso. Nossa preocupação central era compreen-
der se os conteúdos haviam, de alguma maneira, contribuído para qualificar a atuação profissional
dos nossos alunos. O gráfico abaixo demonstra que, para quase todos os alunos, o curso trouxe
contribuições importantes para a prática dos arte/educadores:
63
Apresentamos, a seguir, alguns comentários dos arte/educadores sobre os conteúdos trabalhados
no curso à distância17:
“Agora dou aula e fico observando minha prática. Estou tentando entender mais por
exemplo sobre cognição imaginativa e me animo quando ouço falar em educação para
o desenvolvimento humano em arte. Pensar no contemporaneo, olhar minha pratica e a
de outros educadores tem sido um belo exercício.”
“Para mim foi mais que contribuição , vou participar de um concurso e o conteúdo do curso
é muito mais que o edital solicita. Só tenho a agradecer e meus educandos também.”
“Os conteúdos foram pra mim o que de melhor o curso me propiciou, até o momento, são
assuntos pertinentes ao ensino da arte e que, muitas vezes, dependendo da localização
geográfica, jamais seriam disseminados se não fosse essa oportunidade, através de um
curso a distância. Os conteúdos estão contribuindo muito para meu crescimento pessoal
e também para ampliar meus conceitos relacionados à arte/ educação.”
17 Os depoimentos, comentários e sugestões dos arte/educadores participantes do curso a distância foram retirados dos instrumen-
tos de avaliação dos alunos. Optamos por não comentar os trechos na tentativa de não criar um sentido diferente ao dado por seus
autores. Decidimos não explicitar os nomes dos autores, tendo em vista o acordo feito com eles durante as avaliações do curso.
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“Está sendo um momento muito bom para re-olhar minha prática, para avaliar minha
caminhada e também para reconhecer que as muitas conquistas que tive até aqui estão
diretamente relacionadas ao conteúdo das aulas e dos autores propostos pelos professores.
Muito obrigada por me oportunizarem este momento profissional tão significativo.”
“Os conteúdos foram sim, muito significativos e ao passar dos dias vou percebendo a
forma como influenciam em minhas ações junto aos alunos. Digo com o passar dos dias,
porque vou levar um tempo para depurar tanto conhecimento adquirido.”
“O conteúdo das aulas, tanto os textos postados pelos professores como as referências
aos textos que constavam dos livros da caixa-biblioteca, além das contribuições diversi-
ficadas dos colegas, foram bastante consistentes e ofereceram um ótimo suporte para as
reflexões e discussões. As intervenções dos professores, fazendo observações destacando
passagens dos textos dos alunos para articular os temas e reflexões que permeavam os
debates, também foram muito importantes para o desenvolvimento dos estudos.”
Outra questão do instrumento de avaliação dos alunos referia-se à participação dos professores
no curso a distância. Conforme o gráfico abaixo, quase a totalidade dos alunos consideram que os
professores atenderam ou superaram as suas expectativas:
A seguir, apresentamos comentários dos arte/educadores sobre os professores das disciplinas do curso18:
“Gostaria que houvesse mais interação dos professores, avaliando particularmente cada
aluno ou cada grupo de aluno em cada linguagem, módulo e aula.”
“Acho o nível intelectual dos docentes e o interesse que eles apresentam em comentar
nossas postagens muito bom, só falta de fato a fala frente a frente.”
“Eu não tinha idéia de que os professores fossem tão gabaritados!”
Uma das principais demandas dos arte/educadores brasileiros é o acesso a materiais qualificados
de referência sobre ensino de arte, arte, juventude e educação. O curso buscou contribuir nesse
sentido fazendo a doação de uma “caixa-biblioteca” às instituições nas quais os arte|educadores
participantes trabalham.
A “caixa-biblioteca” doada às instituições foi composta por 11 livros e um DVD relacionados ao ensino
de arte, à arte, à educação para o desenvolvimento humano e à cultura em geral. Assim, acreditamos
ter contribuído para que, por meio da pesquisa e investigação, os arte/educadores e seus colegas de
instituição compreendessem a arte, o ensino de arte e a cultura como áreas de conhecimento.
66
Dois foram os principais desafios em relação à caixa-biblioteca. O primeiro deles refere-se à pes-
quisa e identificção dos títulos que iriam compor a caixa. Muitas eram as possibilidades iniciais.
Dialogamos com os professores e buscamos garantir a qualidade e atualidade dos títulos.
ANDRÉ, Simone; COSTA, Antônio Carlos da. Educação para o desenvolvimento humano. São Pau-
lo: Saraiva, 2004.
BARBOSA , Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. 4. ed. São Paulo: Cortez,2008.
BARBOSA , Ana Mae. John Dewey e o ensino da arte no Brasil. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
CINTRÃO, Rejane; NASCIMENTO, Ana Paula. Grupo Ruptura. São Paulo: Cosac & Naif, 2002.
CUNHA, Maria Helena Melo da. Gestão Cultural: Profissão em formação. Belo Horizonte: Duo
Editorial, 2007.
DAYRELL , Juarez. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2005.
MANSON, Rachel. Por uma arte-educação multicultural. Tradução: Rosana Horio Monteiro. Cam-
pinas: Mercado de Letras, 2001.
PIMENTEL, Lucia Gouvêa. Limites em expansão: licenciatura em artes visuais. Belo Horizonte:
C/ Arte, 1999.
SALLES, Cecília Almeida. Gesto Inacabado - Processo de Criação Artística. 2. ed. São Paulo: An-
nablume, 2004.
A Caixa
Era uma caixa muito falada
Por muito tempo, ansiosamente
Desejada, esperada
Podia ser uma caixa como outra qualquer
Mas essa tinha algo de diferente,
De deixar os cabelos em pé.
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Quais foram os comentários dos arte/educadores em relação à caixa-biblioteca doada
pelo curso às instituições?
19 Os depoimentos, comentários e sugestões dos arte/educadores participantes do curso a distância foram retirados dos instrumen-
tos de avaliação dos alunos. Optamos por não comentar os trechos na tentativa de não criar um sentido diferente ao dado por seus
autores. Decidimos não explicitar os nomes dos autores, tendo em vista o acordo feito com eles durante as avaliações do curso.
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“Seria interessante a doação de dois exemplares de cada título para que seja possível
o empréstimo. Na biblioteca da instituição que atuo, por exemplo, os livros serão para
consulta na biblioteca pelo fato de ter somente um exemplar. Como sugestão, acho que
cada participante deveria ganhar uma caixa-biblioteca, e não só a unidade escolar.”
“Esse material foi de suma importância para minha escola, uma vez que nossa biblioteca
não tinha nenhum tipo de material como esse voltado para o ensino da arte.”
“A maior contribuição que trouxe à minha instituição foi que a partir da chegada da
´arca` eu consegui que os dirigentes da minha intituição viabilizassem um projeto para
uma biblioteca e a arca foi um incentivo e um primeiro passo..”
“Com certeza foi uma contribuição e tanto, pois a biblioteca da minha escola tem pou-
quíssimas obras. Obrigada!”
O fato de a caixa-biblioteca ter sido doada às instituições em que os arte/educadores atuam e não a
eles próprios gerou polêmica. As dezenas de reclamações que recebemos são muito legítimas, uma
vez que os próprios participantes do curso, em muitos casos, não podiam levar os livros para estudo
em casa, o que contrariou a orientação dada pela coordenação do curso aos gestores das escolas e
ONGs que receberam o kit de materiais.
Consideramos importante explicitar o que nos motivou a decidir que a doação fosse feita às insti-
tuições e não aos profissionais. A equipe de coordenação do curso considerou que seria um ganho
se esses títulos pudessem ser acessados por mais profissionais interessados, fossem das instituições
ou das comunidades onde elas estão inseridas. Nossa crença, então, era a de que ter os títulos nas
instituições poderia ser uma possibilidade de outros tantos arte/educadores acessarem os conheci-
mentos, problematizações, experiências e pontos de vista dos autores daqueles livros e DVD.
20 Os depoimentos, comentários e sugestões dos arte/educadores participantes do curso a distância foram retirados dos instrumen-
tos de avaliação dos alunos. Optamos por não comentar os trechos na tentativa de não criar um sentido diferente ao dado por seus
autores. Decidimos não explicitar os nomes dos autores, tendo em vista o acordo feito com eles durante as avaliações do curso.
72
“Atuo em uma instituição privada e quando sair de lá não terei mais acesso aos livros.
Sugiro que em uma outra oportunidade os livros sejam ofertados ao arte/educador.”
“São de extrema relevência, atuais e de excelente autoria. Não considero que serão mais
utilizados por serem enviados a biblioteca das instituições, cujo acesso é mais controla-
do. Como multiplicadores de saberes e construtores de novos saberes aposto na maior
utilização pelos professores, devendo ser deles a posse dos livros e não da escola.”
“Além do mais, está disponível para todos aqueles que estão interessados em Arte, inde-
pendente da área”.
“Os títulos são maravilhosos e super atuais, mas temo pela presença deles na escola.
Confesso que adoraria tê-los comigo, para poder saboreá-los com o tempo e a atenção
que merecem. E poder ter o prazer de ter o conhecimento ao alcance dos olhos e das
mãos quando as dúvidas pulsassem demais.”
Uma das questões incluídas no instrumento de avaliação dos alunos refere-se à utilização, por eles,
nas atividades do curso a distância. O gráfico abaixo mostra que a metade deles, após quatro meses
do curso, havia utilizado mais de 50% dos livros da caixa-biblioteca, porém, uma quantidade signi-
ficativa dos arte/educadores não havia utilizado nem a metade deles:
73
Esses dados nos colocam uma questão importante: ter acesso aos livros é essencial, mas é neces-
sário que os profissionais se organizem para, de fato, acessar e problematizar os conhecimentos e
informações presentes nestes títulos. Caso contrário, eles servirão apenas para aumentar o acervo
das bibliotecas das escolas, ONGs, centros culturais e secretarias de educação e cultura.
74
Parte 4: resultados
observados
Parte 4: Resultados observados
- possibilitar que profissionais de arte, cultura e educação, de várias partes do Brasil, participem de
uma formação estruturada numa visão contemporânea de ensino de arte;
- instigar os arte/educadores a interagir permanentemente com a arte, por meio de visitas a mu-
seus, centros culturais, bibliotecas, entre outros, instigando-os a desenvolver uma visão crítica e
integrada da realidade, a partir da compreensão e avaliação de diversos códigos culturais;
A partir dos diversos procedimentos de avaliação adotados no curso, compreendemos que os ob-
jetivos previstos foram cumpridos. Queremos, então, dialogar sobre tais procedimentos e sobre al-
guns dos resultados observados.
No nosso ponto de vista, algumas características do curso transformaram a avaliação dos resulta-
dos em um enorme desafio. Entre essas características, destacamos:
- A quantidade e heterogeneidade dos alunos: o curso foi realizado com a participação de 160 arte/
educadores, que vivem e atuam profissionalmente em todos os estados brasileiros. Uma parte deles
possui formação em arte, sendo que, destes, há muitos que possuem cursos de graduação enquan-
to outros são mestres ou doutores em arte/educação. Outra parte dos alunos do curso atua como
arte/educador, sem, no entanto, ter formação em arte.
76
- A duração: o curso foi de curta duração, num total de 120 horas distribuídas em quatro meses.
Compreendemos que este é um período suficiente para que os participantes problematizassem suas
práticas, trocassem e acessassem informações e conhecimentos e experimentassem novas manei-
ras de ensinar arte. No entanto, reconhecemos que este curso, isoladamente, não seria capaz de
formar o arte/educador (e nem era esse o objetivo do curso). Assim, o curso se colocou como mais
uma oportunidade de formação para os arte/educadores, entre as tantas que eles já tiveram e terão
em sua vida profissional.
Foram adotados procedimentos de avaliação, com a intenção de “levantar pistas” sobre os possíveis
resultados alcançados pelos participantes do curso. Entre os procedimentos adotados, destacamos
os seguintes:
- Instrumento de avaliação dos alunos: foram desenvolvidos dois instrumentos, sendo que o pri-
meiro foi submetido aos alunos após dois meses de aulas e o outro ao final do curso. Nesses ins-
trumentos de avaliação, os arte/educadores eram convidados a explicitar seus pontos de vista so-
bre diversos itens, entre eles: freqüência e formas de participação no curso, ritmo de realização
do curso, a qualidade das discussões dos fóruns, a qualidade das contribuições dos professores e
dos conteúdos das aulas, a qualidade da participação da coordenação e da monitoria do curso, a
qualidade da plataforma EAD|DUO, as contribuições da caixa-biblioteca, entre outros. Importante
explicitar que os depoimentos dos arte/educadores incluídos neste documento de sistematização
foram “colhidos” nesses instrumentos de avaliação dos alunos.
- Avaliação dos professores: os professores de cada disciplina, após a sua realização, avaliavam a
participação dos alunos e da qualidade dos debates nos fóruns e demais atividades propostas.
Sendo assim, os resultados do curso podem ser observados a partir dos pontos de vista e das histó-
rias contadas pelos seus participantes, sejam os alunos, professores, monitora e coordenadores. Os
diversos trechos de depoimentos e os relatos dos arte/educadores e professores do curso que apre-
sentamos até aqui já nos apontam alguns dos resultados.Mas, na busca por delinear os resultados
alcançados ao longo deste curso, destacamos, a seguir, algumas questões.
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Em um dos instrumentos de avaliação, perguntamos aos alunos se indicariam o curso para seus co-
legas de profissão e solicitamos que eles justificassem suas respostas. Acreditamos que, quando fa-
zemos uma indicação como essa para um colega, levamos em consideração a qualidade do trabalho
e as suas possíveis repercussões na formação e atuação profissional. Do total dos arte/educadores
participantes, 98% respondeu que indicaria o curso para os seus colegas. Apresentamos, a seguir,
as justificativas dos alunos, em que explicitam as contribuições percebidas após a participação nas
atividades do curso21:
“Por quê? É preciso que outros tenham a oportunidade de conhecerem cursos que pos-
sam reforçar a sua trajetória nas redes de ensino. Acho que até mesmo os diretores/
supervisores/pedagogas deveriam fazer este curso. Quem sabe assim a Arte seria respei-
tada como uma área de conhecimento?”
21 Os depoimentos, comentários e sugestões dos arte/educadores participantes do curso à distância foram retirados dos instrumen-
tos de avaliação dos alunos. Optamos por não comentar os trechos na tentativa de não criar um sentido diferente ao dado pelos seus
autores. Decidimos não explicitar os nomes dos autores, tendo em vista o acordo feito com eles durante as avaliações do curso.
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“Já indiquei, inclusive. Pela qualidade do material bibliográfico, que reflete o compro-
metimento dos professores com o curso e, logicamente com os alunos; pela oportunidade
de conhecer minimamente outros profissionais da área e o trabalho desenvolvido por
eles e também poder dividir algumas angústias cotidianas.”
Provocamos os arte/educadores, também, sobre comentários e sugestões que teriam a fazer sobre
o curso a distância, logo após o encerramento das atividades. Recebemos dezenas de comentários,
sobre os diversos temas e questões que fizeram parte do curso. A seguir, apresentamos alguns que
consideramos importantes e que dizem de possíveis resultados do próprio curso22:
“Quando vi meu nome na lista dos classificados fiquei emocionada, dei pulos de ale-
gria... eu desejava muito fazer este curso. Já fui convidada por uma professora minha da
Universidade para palestrar sobre a aprendizagem que tive com este curso para acadêmi-
cos de Artes Visuais. Realmente aprendi muito, mesmo trabalhando 60 horas semanais
ainda consegui me organizar para estudar e fazer as atividades, e meu fazer pedagógico
só teve a ganhar com os estudos e reflexões que fui provocada/convidada a fazer.”
“Embora não tenha participado ativamente do curso durante os quatro meses (espe-
cialmente por estar envolvida em muitas atividades), percebo que a cada módulo recebi
estímulos bastante significativos para minha prática. Identifiquei algumas inquietações
presentes no cotidiano de tantos arte/educadores de várias regiões do Brasil, que trou-
xeram tantas contribuições, tantos conhecimentos, tantas trocas positivas.”
22 Os depoimentos, comentários e sugestões dos arte/educadores participantes do curso a distância foram retirados dos instrumen-
tos de avaliação dos alunos. Optamos por não comentar os trechos na tentativa de não criar um sentido diferente ao dado por seus
autores. Decidimos não explicitar os nomes dos autores, tendo em vista o acordo feito com eles durante as avaliações do curso.
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“A única crítica que coloco é quanto ao número de participantes, que se por um lado
trouxe uma visão bastante abrangente sobre o ensino de arte em nosso país, por outro
gerou muita dificuldade, ao menos para mim, no acompanhamento de todas as posta-
gens nos debates. Por fim, gostaria de agradecer imensamente aos professores e a toda
equipe Humbiumbi – Arte, Cultura e Educação e DUO Informação e Cultura.”
“Agradeço infinitamente a oportunidade que a mim foi concedida em fazer parte deste
curso que não apenas contribuiu positivamente para minha formação docente como
também fortaleceu minha identidade como arte-educadora e minha visão sobre os con-
ceitos do ensino de arte na contemporaneidade.”
“Afirmo que ficou uma forte reflexão propiciada através dos textos, livros da caixa-biblio-
teca, comentários dos colegas, sugestões de sites, livros etc. Aproveitei muito os livros
para o meu anteprojeto de mestrado que tentei esse ano e quero continuar a usá-lo.”
“Acredito que, somente com muito esforço poderemos vencer as barreiras que tanto nos
incomodam enquanto arte/educadores. Esforcei muito para não abandonar o barco.
Apareceram momentos de conflitos internos e externos. As inquietações foram muitas,
mas os desafios foram maiores. Me considero uma pessoa disciplinada, por isso fui até
o final, dentro dos meus limites, das minhas coragens, desafios, ousadias e até mesmo
correndo alguns riscos, mas me propondo sempre a fazer o que cobro dos meus alunos:
expor sempre, para arriscar mais, sem medo de errar. O erro será sempre fruto de avalia-
ção de um processo que nunca terá fim no ensino de arte.”
80
“O que posso afirmar é que esse curso modificou a minha visão de arte e me incentivou a
pesquisar mais. Sou professora de Teatro e todas as artes fazem parte do meu universo.
Não preciso ter conhecimentos profundos sobre tudo, mas posso transitar entre todas
elas com vontade, interesse e agora com um pouco mais de experiência.”
“Gostaria de comentar que é a primeira vez que participo de um curso totalmente a dis-
tância. Para mim foi uma grande oportunidade de crescimento. Um presente. O fato de
estudar e aprender sobre arte na contemporaneidade junto a outros arte/educadores do
nosso País me encantou. O alto nível de trocas entre professores do curso e arte/educa-
dores foi inesquecível e emocionante. A sensibilidade da ‘turma’ era contagiante.”
Para encerrar esta parte da sistematização do curso a distância Ensino de Arte na Contemporanei-
dade, apresentamos, a seguir, dois relatos. No primeiro deles, a professora Simone André explicita
os resultados que observou ao longo do curso e aponta questões importantes, quando se trata da
formação de arte/educadores.
Simone André
Com certeza, nosso objetivo maior como parceiros técnicos do Curso “Ensino de arte na
contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação” foi situá-lo, ainda que par-
cialmente, no plano das estratégias capazes de desenvolver em larga escala as capaci-
dades e competências necessárias ao educador do século 21. Um educador capaz de, ao
mesmo tempo, dominar duas artes: conhecer e saber transmitir os conhecimentos, valo-
res, habilidades e atitudes próprias de seu campo específico; e, ainda, conhecer e saber
transmitir os conhecimentos, valores, habilidades e atitudes que façam de seus alunos
estudantes especialistas em aprender na escola e ao longo da vida.
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Isso, que pode parecer uma expectativa alta demais para um curso a distância ou mesmo
para qualquer proposta de formação de educadores torna-se um horizonte ético neces-
sário quando consideramos o contexto atual dos desafios educacionais brasileiros.
Estamos num período de transição em que não podemos mais conviver com as dívidas
educacionais – ainda não resolvidas – do século passado, nem ignorar as novas exigên-
cias do século em que vivemos. Na maioria das redes de ensino brasileiras, conseguimos
que a maior parte das crianças e dos adolescentes tenha acesso ao menos ao ensino
fundamental, mas estamos longe de assegurar que esses alunos aprendam a coisa certa
no tempo certo. As capacidades básicas de leitura, escrita, cálculo e resolução de pro-
blemas, por exemplo, estão longe de ser dominadas por eles. Esse fracasso não é dos
alunos, já que todos têm um imenso potencial para aprender – independentemente de
suas condições familiares, sociais, econômicas, culturais.
Além disso, as exigências do século 21 já estão batendo na porta: para que as novas
gerações possam viver, conviver, estudar e trabalhar, precisam das competências básicas
citadas acima e, mais que isso, precisam desenvolver as competências, valores, conhe-
cimentos e habilidades para saber fazer escolhas (ser); aprender na escola e ao longo
da vida (conhecer); fazer a ponte com o novo mundo do trabalho (fazer); crescer com a
diversidade e participar (conviver).
Desse modo, a educação brasileira precisa lutar como um espadachim que domina, ao
mesmo tempo, duas espadas. Com uma, ele deve enfrentar os inimigos do século 20: os
baixos índices de aprendizagem e as distorções no fluxo escolar (os alunos não aprendem
a coisa certa no tempo certo). Com a outra, ele deve enfrentar as já presentes exigências
do século 21: aprender a ser, conviver, conhecer e fazer.
Desse modo, nós educadores que ensinamos arte para crianças, adolescentes e jovens
precisamos nos preparar para usar as duas espadas colaborando para que a educação
inclua e ultrapasse a escola, de modo a ajudá-la a ser:
1- Mais eficaz no que faz, ou seja, para ensinar os alunos a ler, escrever e calcular;
2- Inovadora e fazer o que ainda não faz, ou seja, ensinar a ser, conviver, conhecer e
fazer nos parâmetros do século 21.
82
É por conta disso que toda proposta de preparação de educadores pode e deve ter como
horizonte a formação desse nosso espadachim capaz de formar estudantes que, por sua
vez, sejam capazes de aprender a ser, conviver, conhecer e fazer em todos os espaços –
especialmente na escola – e ao longo de toda a vida.
Uma ressalva: não estamos falando de professores ou alunos que, como eternos apren-
dizes, vagueiam de curso em curso, aula em aula, site em site, livro em livro... Sem con-
seguir fazer dos mesmos encontros significativos com seus universos existenciais, com
seus projetos de vida, com a prática concreta de habilidades profissionais relevantes ao
novo mundo do trabalho, com a capacidade de fazer diferença no seu entorno social.
Tanto para professores quanto para alunos, esse excesso de informações ou formações
que caracteriza nosso tempo precisa ser acompanhada de uma alta capacidade de fazer
escolhas e de fazer uso do conhecimento de modo socialmente útil.
Partindo deste enquadre inicial, gostaria de elencar apenas três dos muitos diferenciais
do Curso ‘Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação’
que o situam do lado da educação necessária ao tempo e ao país em que vivemos.
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Um curso em que a maioria dos participantes são arte/educadores de escolas públicas.
Seria a escola pública o melhor espaço para formar os estudantes do século 21? Pensando
em todos os desafios do ensino público, na sua grande responsabilidade no fracasso da
aprendizagem de competências mínimas como ler com compreensão, calcular e resolver
problemas, e, nas poucas condições de trabalho do arte/educador nas escolas públicas,
então, não seria melhor investir em profissionais que ensinam arte em outros espaços
educacionais que não a escola? Todos aqueles, que como nós no Instituto Ayrton Senna,
nos dedicamos a pensar a educação no seu sentido pleno, que inclui e transcende a edu-
cação escolar, temos nos feito essa questão. E não podemos ser ingênuos de pensar que
a escola pública tal qual é hoje ou os arte/educadores escolares que temos hoje nas es-
colas públicas são idealmente capazes de vislumbrar o horizonte desejado da educação
necessária e perseverar para atingi-lo. No entanto, cremos ser indispensável que todo
conhecimento desenvolvido para capacitar arte/educadores seja destinado às escolas
públicas. É neste espaço público que realizamos a grande conquista de universalizar a
presença dos estudantes brasileiros, ao menos no ensino fundamental. Por isso, concor-
damos com o educador colombiano Bernardo Toro quando afirma que esses professores
e gestores são os melhores, pois são os que nós temos, ou melhor, são os que as gerações
jovens de nosso país têm. Mais que isso, nossa experiência acumulada de 10 anos de tra-
balho com o ensino de arte em ONGs de ponta e com educação complementar em redes
de ensino públicas em todo o país1 nos mostram que é possível reunir gestores educacio-
nais, professores e alunos em torno de um horizonte comum e somar forças para agregar
ao ensino público mais eficácia e inovação para melhorar a aprendizagem escolar e, ao
mesmo tempo, preparar os alunos para escolher seus caminhos na vida.
No Ensino Fundamental:
* Aprovação 16,9% maior do que a média nacional;
* Reprovação 48,5% menor do que a média nacional;
* Abandono escolar 94,7% menor do que a média nacional.
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No Ensino Médio:
* Aprovação 28,3% maior do que a média nacional;
* Reprovação 71,3% menor do que a média nacional;
* Abandono escolar 81,7% menor do que a média nacional.
Por isso, acreditamos que ao destinar suas vagas, preferencialmente, aos arte/educado-
res de escolas públicas, o Curso em questão dá um passo simples e decisivo na direção
necessária para fazer das escolas públicas – onde estão em massa as novas gerações de
brasileiros – o melhor espaço para enfrentarmos nossos desafios como nação.
Um curso em que cada aula foi pensada para compor um itinerário formativo. Essa me-
dida simples de gestão – organizar um curso com base num plano que faça com que cada
unidade de ensino e cada aula seja estruturada e estruturante para que ao final os par-
ticipantes possam aplicar o que aprenderam com segurança junto a seus educandos – é,
certamente, um grande diferencial, pois sabemos que cursos ou aulas, ainda que muito
interessantes, quando não são organizados com objetivos claros e intencionalidade defi-
nida para melhorar a prática do profissional, podem desestruturar o que parte dos edu-
cadores já havia construído em suas trajetórias anteriores ou, ainda, serem inócuos do
ponto de vista da formação necessária para mudar o status da educação no nosso país,
formando os “eternos aprendizes” que não tornam capazes de dar aplicabilidade ao que
aprendem. Além disso, uma outra medida simples de gestão, que deveria ser adotada
por todo e qualquer professor ou gestor educacional, é monitorar o tipo e a qualidade
da participação dos inscritos, realizando as intervenções precisas para gerar o clima de
aprendizagem capaz de favorecer o aproveitamento máximo dos participantes. Não é de
surpreender então que, apesar de ser um Curso gratuito e a distância, a frequência de
participações não caiu abaixo de 71% em nenhuma das aulas e que a porcentagem de
conclusões chegou a 82%, índices muito acima da maioria dos cursos a distância dispo-
níveis no mercado.
85
Após essa breve análise e voltando à nossa pergunta inicial – um curso ou uma experi-
ência? –, afirmaremos que se trata de uma verdadeira experiência, ou seja, aquilo que
nos coloca fora (ex) dos (perí)metros da rotina. É ainda essa característica tão única
– arriscar-se para além da rotina da formação de educadores – que faz deste Curso uma
experiência com Arte.
No relato abaixo, que escolhemos para encerrar a sistematização do curso a distância ‘Ensino de
Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação’, a aluna Heloísa Helena Davino
Alves conjuga a descrição daquilo que pareceu mais marcante nesta experiência com um olhar so-
bre as repercussões que sua participação no curso gerou na instituição em que atua.
Este curso chegou num momento importante da minha vida profissional: aquele em que
o tempo de trabalho e o acúmulo de experiências pesam sobre os ombros e, pouco a pou-
co, vai se perdendo a leveza necessária e o frescor que a tudo revigora.
Vale lembrar que, à medida que o curso avançava, foi-se observando nichos de possibili-
dades de trocas de informações entre os participantes. Se a plataforma não contemplava
determinados mecanismos de interatividade, fora dela pode acontecer. A criação do blog
http://arteeduca.arteblog.com.br abriu espaço de criação e experimentos no campo da
arte e suas múltiplas linguagens. Assim, ficava disponibilizado o espaço para dar visibi-
lidade aos trabalhos dos participantes, bem como, servir de objeto de estudo e análise
crítica. Esse foi também um exercício extremamente difícil mas, também, instigante.
Para a instituição na qual trabalho, a maior contribuição, até o momento, foi a mudan-
ça de paradigma do projeto de trabalho já estabelecido, isto é, trouxemos para nosso
foco o centro de nosso trabalho: o Desenvolvimento Humano. Adotamos como materiais
de estudos as referências dadas durante o curso, as contribuições dos colegas, elementos
da plataforma, enfim, tudo quanto possa iluminar nossas propostas e ações.
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Ter a presença de alguns dos professores do curso em nossa instituição, durante o Semi-
nário Arte Hoje – janeiro|2009 – como componentes de mesa de debate sobre o ensino da
arte, personificou, trouxe para a realidade concreta os estudos feitos de maneira virtual.
Foi a oportunidade de conhecer, ver pessoalmente, conversar cara a cara, saber um pou-
co mais dos bastidores do curso e poder dizer da emoção, do encantamento, do assombro
de realizar uma atividade até então, absolutamente, distanciada dos meus padrões de
vivências educacionais. Assim, pudemos ampliar nossa rede de contatos e a dos partici-
pantes do evento.
Acredito que foi extremamente positivo ter participado desse curso: pelos conhecimentos
adquiridos, pelas amizades que se formaram, por todo afeto recebido e a oportunidade
de me fazer presente na vida de muitas pessoas; pela retomada aos estudos e pesquisas,
pela curiosidade atiçada para lidar e me beneficiar com a tecnologia disponibilizada e
pelas mudanças educacionais visíveis no trabalho que realizamos. Só tenho a agradecer
pela oportunidade de participar de um curso realizado com tanta competência, serie-
dade, clareza e sensibilidade. Foi um privilégio fazer parte desse grupo de profissionais
selecionados de todo o país.
88
Expediente
Curso a Distância
Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação
Realização
DUO Informação e Cultura
Humbiumbi – Arte, Cultura e Educação
Patrocínio Exclusivo
Petrobras - Projeto selecionado pelo Programa Petrobras Cultural/2006
Parceria Técnica
Instituto Ayrton Senna
Cooperação
UNESCO
Apoio
Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) | Ministério da Cultura
Professores
Carla Linhares Maia
Lúcia Pimentel
Luiz Fernandes Assis
Maria Lívia de Castro Andrade
Paulo Emílio de Castro Andrade
Simone André
Monitoria
Lorena Tavares
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Sistematização do Curso a Distância
Concepção e Texto
Paulo Emílio de Castro Andrade
Consultoria
Maria Lívia de Castro Andrade
Revisão
Élida Murta
Assistência Editorial
Ariel Lucas Silva
Design Gráfico
Daniel Patrick
91
Anexos
Ficha de inscrição
93
Ficha de seleção
Ficha de Seleção
Nome
somente somente
Data de Nascimento / / RG
números
CPF
números
Endereço nº Complemento
Estado CEP somente
Bairro Cidade números
Telefone 1 Telefone 2 E-mail
Área
Liste, abaixo, as 3 principais experiências acadêmicas (títulos, pesquisas, participação em congressos, entre outros):
1.
2.
3.
Liste, abaixo, as 3 principais experiências profissionais, indicando o nome da instituição em que atua/atuou, o período de
atuação e as funções desenvolvidas:
1.
2.
3.
Quais as suas expectativas ao participar do curso à distância “Ensino de Arte na Contemporâneidade: desafios para a
cultura e a educação”?
Após preencher toda a ficha, vá no menu "Arquivo" (File) e clique em "Salvar como..." (Save as...). Digite o seu nome e
salve. Envie este arquivo para o endereço de e-mail: ensinodearte@duo.inf.br
94
Declaração
Nome da Instituição
Endereço nº Complemento
Estado CEP somente
Bairro Cidade números
Telefone 1 Telefone 2
CNPJ somente
E-mail números
Histórico
Declaração
Eu, , responsável pela entidade supracitada, declaro que o arte/educador
Assim, apoiamos a sua participação no curso “Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e educação”,
que será realizado de 1º de agosto a 28 de novembro de 2008. Declaro estar ciente, também, que caso o arte/educador seja
selecionado para participar do curso, a instituição a qual represento receberá gratuitamente uma “caixa-biblioteca”, composta
por cerca de 10 títulos, a ser disponibilizada para utilização da equipe desta instituição.
, / /
Local Data
Assinatura
Após preencher, imprimir, assinar e enviar o original, via Correios, para DUO Informação e Cultura. Rua Piauí, 1046. Bairro
Funcionários - Belo Horizonte - MG - CEP 30150-321. A data de postagem deve ser anterior ao dia 23 de junho de 2008.
95
Folder Impresso
96
Folder versão on-line
97
Adesivo da caixa-biblioteca
98
Certificado
modelo
modelo
99
Instrumento de avaliação 1
Caros Arte/Educadores,
Porém, para nós, o essencial é a avaliação qualitativa. Essa avaliação, que é um desafio por
tratar-se de um curso à distância, é importante para sabermos se os resultados obtidos no
curso estão coerentes com os objetivos propostos inicialmente. Ou seja, queremos
compreender se, de fato, tudo o que o curso possibilitou aos arte/educadores contribuiu para
qualificar suas práticas de ensino de arte junto aos educandos.
Um abraço forte,
Equipe de Coordenação
Curso Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação
100
ATENÇÃO: Confirme seus dados para a confecção e envio do Certificado! 5) Como você considera a qualidade da sua participação no Fórum de Debates?
Excelente.
Nome completo:
Boa.
Nome da instituição em que atua: Regular.
Rua: Nº: Ruim.
Complemento: Bairro:
6) Registre se curso está atendendo as suas expectativas em relação aos seguintes itens:
Cidade: Estado/UF: CEP:
a) Formato (7 módulos)
1) Como você ficou sabendo do Curso Ensino de Arte na Contemporaneidade: desafio para Sim.
a cultura e a educação? Não, o curso está sendo muito longo.
Não, o curso está sendo muito curto.
Folder eletrônico enviado por e-mail. Sugestões e comentários:
Folder impresso.
Imprensa. b) Professores
Amigo/colega de trabalho. Superaram as minhas expectativas.
Instituição onde trabalha. Atenderam as minhas expectativas.
Site DUO. Atenderam as minhas expectativas, porém com restrições.
outros: Não atenderam as minhas expectativas.
Sugestões e comentários:
2) Com que freqüência você se dedicou ao curso até aqui? (inclua o tempo dedicado ao estudo
dos textos, reflexões e acesso à plataforma – inclusive o cafezinho!) c) Conteúdo das aulas
1 a 2 horas por semana. Trouxe contribuições e serão importantes para a minha prática.
3 a 5 horas por semana. Trouxe contribuições, mas não serão importantes para a minha prática.
6 a 8 horas por semana. Não trouxe contribuições.
mais de 9 horas por semana – quantas horas? Sugestões e comentários:
101
Instrumento de avaliação 2
Caro Arte/Educador,
Lembramos que você receberá o certificado caso tenha atingido participação mínima de 75%
nos debates realizados no curso. Para receber o certificado, preencha os campos do
quadro da página 2 deste documento, com o endereço onde deseja receber o seu
certificado.
Um abraço forte,
Equipe de Coordenação
Curso Ensino de Arte na Contemporaneidade:
desafio para a cultura e a educação
102
2) Quais são as contribuições que o curso proporcionou a você? (marque quantas
ATENÇÃO: Confirme seus dados para a confecção e envio do Certificado! alternativas quiser)
O curso promoveu reflexões e debates sobre conceitos importantes relacionados à visão
Nome completo:
contemporânea do ensino de arte.
Nome da instituição em que atua: O curso me ajudou a refletir sobre minha prática como arte/educador.
Endereço para onde você quer que o certificado seja enviado: O curso me proporcionou espaços de diálogo com outros arte/educadores sobre a minha
prática como arte/educador e sobre meus conhecimentos acerca da visão contemporânea do
Rua: Nº:
ensino de arte.
Complemento: Bairro: O curso me ajudou a modificar aspectos da minha prática em sala de aula.
Cidade: Estado/UF: CEP: O curso não trouxe contribuições.
1) Em relação às suas expectativas no Módulo 5 (juventudes e culturas juvenis), Módulo 3) Você considera que, de alguma maneira, o curso contribuiu para que a instituição
6 (o fazer artístico no ensino de arte) e Módulo 7 (a apreciação e interpretação da obra de onde você trabalha reconhecesse ou valorizasse mais o seu trabalho como
arte no ensino de arte) do curso, você considera que: arte/educador?
Sim.
a) Professores Não.
Superaram as minhas expectativas. Por quê?
Atenderam as minhas expectativas.
Atenderam as minhas expectativas, porém com restrições. 4) Entre os 6 módulos temáticos do curso, qual foi o que mais contribuiu para a sua
Não atenderam as minhas expectativas. prática como arte/educador?
Sugestões e comentários: Módulo 2: Educação para o Desenvolvimento Humano.
Módulo 3: O Ensino de Arte no Brasil e a Concepção Contemporânea de Arte.
b) Conteúdo das aulas Módulo 4: O Valor da Arte na Contemporaneidade e seus Reflexos no Ensino de Arte.
Trouxe contribuições e serão importantes para a minha prática. Módulo 5: Juventudes e Culturas Juvenis.
Trouxe contribuições, mas não serão importantes para a minha prática. Módulo 6: O Fazer Artístico no Ensino de Arte.
Não trouxe contribuições. Módulo 7: A Apreciação e Interpretação da Obra de Arte no Ensino de Arte.
Sugestões e comentários:
5) Após 4 meses de curso, você diria que:
c) Fórum de debates Já utilizei até 50% dos livros da caixa-biblioteca como referência nos estudos para as aulas
Li as interações dos alunos e professores e o diálogo nos debates contribuiu para que eu do curso.
refletisse e qualificasse a minha prática. Já utilizei mais de 50% dos livros da caixa-biblioteca como referência nos estudos para as
Li as interações dos alunos e professores e o diálogo nos debates NÃO contribuiu para que aulas do curso.
eu qualificasse a minha prática. Ainda não utilizei os livros da caixa-biblioteca nos meus estudos para as aulas do curso.
Não li as interações dos alunos na maior parte das vezes.
Não li as interações dos professores na maior parte das vezes. 6) Agora que você já tem a experiência de participar deste curso, se você fosse
Postei minhas interações nos debates após ter expirado o tempo das aulas. participar de um curso com o mesmo conteúdo, qual seria sua opção:
Sugestões e comentários: Participar de um curso totalmente à distância, com 4 meses de duração.
Participar de um curso totalmente à distância, com 2 meses de duração.
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Participar de um curso semi-presencial (uma parte à distância e outra parte
presencialmente) com 2 meses de duração.
Participar de um curso presencial, com 2 meses de duração.
Outra. Qual?
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