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PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, v. 8, nº 1, p. 113-114, Jan./Jun.

2007 113

Afetividade e dificuldades de aprendizagem: uma abordagem psicoeducacional

Nelimar Ribeiro de Castro

Sisto, F. F. & Martinelli, S. de C. (orgs.) (2006). Afetividade e dificuldades de aprendizagem: uma abordagem
psicoeducacional. São Paulo: Vetor.

Desde o inicio do século XX o fracasso escolar Apesar dos índices alarmantes acerca do fracasso
desafia profissionais e pesquisadores das diversas áreas escolar, o esforço a ele direcionado tem negligenciado
envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, este os aspectos pedagógicos da aprendizagem e focalizado
ato não tem sido diferente com a Psicologia. Ao longo aspectos normalmente alheios à instituição escolar. No
da história inúmeras explicações foram propostas para capítulo Fracasso escolar: um olhar sobre a relação
resolver essa problemática sem alcançar soluções satis- professor-aluno, Selma de Cássia Martinelli discute as
fatórias, pelo contrário, o fracasso e a evasão escolar ain- relações interpessoais na escola com ênfase na relação
da constituem um problema não solucionado, cujo ônus professor-aluno, sua influência no processo afetivo
recai sobre crianças e adolescentes de nosso país. e cognitivo e suas conseqüências no desempenho
Preocupados com esse contexto desfavorável Fermino acadêmico. Ressaltando a necessidade de o professor
Fernandes Sisto e Selma de Cássia Martinelli organiza- conhecer as conseqüências de seu comportamento no
ram o livro Afetividade e dificuldades de aprendizagem: de seus alunos e sua possibilidade de intervenção para
uma abordagem psicoeducacional. Apesar de inúmeros alterar a dinâmica pessoal.
estudos indicarem a relação entre afeto, cognição e Existem diferenças importantes na capacidade indi-
desempenho acadêmico sua importância ainda não é vidual para responder a situações de esforço e tensão.
reconhecida na prática educacional. Composta por 11 Sentimentos como alegria, tristeza, medo e coragem se
capítulos esta obra aborda essa relação desde aspectos relacionam com essa capacidade. Gisele A. Patrocínio
amplos, ao discutir o fracasso escolar e as relações so- Bazi e Fermino Fernandes Sisto discutem essa influência
ciais, até aspectos mais específicos como a motivação, no capítulo Alegria, tristeza, medo e coragem em crian-
autoconceito, depressão e conflitos emocionais. ças com dificuldades de aprendizagem. Inicialmente eles
No primeiro capítulo, intitulado O papel das re- apresentam estudos sobre esses sentimentos e os rela-
lações sociais na compreensão do fracasso escolar e cionam com o desempenho acadêmico, posteriormente
das dificuldades de aprendizagem, Fermino Fernandes apresentam uma pesquisa que investiga esta relação em
Sisto e Selma de Cássia Martinelli debatem sobre o alunos da 2ª e 3ª séries do ensino fundamental.
fracasso escolar e as relações sociais traçando um A incongruência entre a capacidade de lidar com o
histórico das diversas propostas teóricas que buscaram raciocínio lógico-matemático e a incapacidade de lidar
estabelecer a gênese dessa problemática. Além disso, com as emoções, muito comum no homem moderno,
salientam, por meio de uma revisão da literatura, a foi escopo de estudo de Gislene de Campos Oliveira
importância da socialização para o desenvolvimento no texto A transmissão dos sinais emocionais pelas
cognitivo. A ênfase recai sobre as relações estabele- crianças. Inicialmente a autora apresenta a teoria da
cidas em sala de aula descrevendo a correlação entre Inteligência Emocional e seu papel na interpretação
dificuldades de aprendizagem e baixa sociabilidade. de suas próprias emoções e as dos outros. O desen-
As autoras Betânia Alves Veiga Dell’Agli e Rosely volvimento emocional, concebido por um caminho de
Palermo Brenelli discutem a afetividade e a cognição pela avanços e retrocessos é discutido, bem como emoções
perspectiva construtivista no capítulo, A afetividade no especificas como a raiva, o medo, o estresse infantil,
jogo de regras. A teoria piagetiana do desenvolvimento a inibição e a timidez. Por fim, a psicomotricidade é
da afetividade é relembrada com seu paralelismo com o apresentada como uma possibilidade para o professor
desenvolvimento cognitivo e a definições e implicações trabalhar a expressão das emoções nos alunos com o
dos jogos no desenvolvimento infantil. Dentre esses jogos objetivo de criar um clima de confiança e segurança
as autoras destacam as regra e apresentam um estudo nos contatos afetivos e corporais das crianças.
de caso clínico no qual se observam as implicações da A avaliação de conflitos emocionais pelo Teste da
afetividade em tarefas de teor cognitivo. Figura Humana foi abordada em dois capítulos. No
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primeiro, Avaliação dos aspectos afetivos envolvidos Matemática e a percepção do autocontrole em adoles-
nas dificuldades de aprendizagem, Acácia Aparecida centes no âmbito pessoal, familiar, escolar e social.
Angeli dos Santos e colaboradores relacionaram os No penúltimo capítulo, Matemática e afetividade:
indicadores emocionais desse teste com a compreensão alunos desinteressados no ensino fundamental?, Lucila
da leitura que foi avaliada pela técnica de Cloze em Diehl Tolaine Fini e Geiva Carolina Calsa discutem o
estudantes com idade entre 9 e 14 anos, e no segundo, envolvimento de alunos na aprendizagem da matemá-
Emotividade e aprendizagem da escrita, Fabián Javier tica. A Matemática costuma gerar medo e ansiedade e
Marin Rueda e colaboradores, com o teste Avaliação baixa auto-eficácia nos alunos, gerando altos índices
de Dificuldade de Aprendizagem da Escrita (ADAPE) de dificuldade de aprendizagem. A valorização de um
em alunos com 8 e 9 anos de idade. Apesar da reconhe- ensino mecânico, baseado em procedimentos canôni-
cida relação entre conflitos emocionais e dificuldades cos e na desvalorização das experiências pessoais, é
de aprendizagem e do Teste da Figura Humana ser indicada como responsáveis por este quadro. Segundo
um instrumento confiável para a avaliação de aspetos uma perspectiva construtivista, as autoras descrevem
afetivos, poucos estudos relacionam esse teste às difi- experiências que utilizaram materiais diversos como
culdades na leitura e escrita. Esses estudos contribuem historias em quadrinhos e computador, mas que se
para o processo de avaliação dessas dificuldades, e por centraram no trabalho em grupo e no conflito cognitivo
conseqüência, para a prática profissional de psicólogos e indicaram para o professor o papel de mediador.
e educadores. Os hábitos de estudo são influenciados por aspectos
A motivação é discutida por Edna Rosa Correia Ne- ambientais e individuais. No último capítulo Sintomas
ves e Evely Boruchovitch, no capítulo As orientações depressivos e estratégias de aprendizagem em alunos
motivacionais do aluno: um olhar do ponto de vista do ensino fundamental: uma análise qualitativa, Mirian
das emoções, que inicialmente apresenta definições e Cruvinel e Evely Boruchovitch discutem a influência
aspectos envolvidos na orientação motivacional com dos aspectos emocionais, como a motivação, auto-eficá-
ênfase na relação entre motivação e emoção. Nesse cia, e em especial a depressão, na escolha de estratégias
sentido, a motivação se refere à disposição do indivíduo de aprendizagem e sua conseqüência no desempenho
para atingir uma meta, enquanto a emoção se relaciona acadêmico. As estratégias de aprendizagem são méto-
com o resultado final, ou seja, a consecução ou não dessa dos ou técnicas que os alunos usam para adquirir uma
meta, e, respectivamente, à satisfação ou insatisfação informação, na medida em que os sintomas depressivos
geradas. Num segundo momento as autoras apresenta- prejudicam o funcionamento global do indivíduo preju-
ram uma pesquisa com alunos do ensino fundamental, dicam a escolha de estratégias de aprendizagem adequa-
cujos resultados indicaram a prevalência de valores, das. A alta incidência de depressão na atualidade e sua
crenças e emoções positivas e favoráveis à escola e à reconhecida relação com o baixo desempenho acadêmico
aprendizagem. Esses resultados são importantes, pois motivaram as autoras a investigar o impacto dos sintomas
alunos que priorizam os aspectos positivos em situações depressivos no uso de estratégias de aprendizagem em
escolares são mais motivados e apresentam sentimentos estudantes do ensino fundamental. Os resultados dessa
positivos acerca do seu desempenho, melhor desempe- investigação são apresentados neste texto.
nho acadêmico e baixa ansiedade. Isso posto, deve-se considerar que essa obra apre-
O autocontrole foi apresentado como uma variá- senta uma importante contribuição para o entendimento
vel importante para o bom desempenho acadêmico do fracasso escolar. A obra enfatiza a relação entre a
no capítulo Percepção de autocontrole e desempenho afetividade e dificuldades de aprendizagem em aspectos
acadêmico de adolescentes, desenvolvido por Selma de variados. Ao apresentarem uma revisão teórica robusta,
Cássia Martinelli e colaboradores. Diferentes aspectos pesquisas bem delineadas e sugestões para a prática dos
deste construto foram abordados, tais como, possíveis educadores, seus artigos norteiam a busca de soluções
definições, seu desenvolvimento, forma de aquisição viáveis para antigas questões acerca das dificuldades de
e percepção pessoal. Além disso, os autores apresen- aprendizagem. Desse modo, esse livro é indicado para
taram resultados de um estudo sobre a relação entre psicólogos, pedagogos, professores e demais interessa-
desempenho acadêmico nas disciplinas Português e dos nos desafios da educação brasileira na atualidade.
Recebido em: maio/2007
Aprovado em: junho/2007
Sobre o autor:
Nelimar Ribeiro de Castro é psicólogo, especialista em Psicologia e Desenvolvimento e mestrando em Psicologia pela Universidade
São Francisco.

PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, v. 8, nº 1, p. 113-114, Jan/Jun. 2007

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