Percursos urbanos da Manchester Mineira do Código de Obras de 1938 ao Plano Diretor de 2018
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Percursos urbanos da Manchester Mineira do Código de Obras de 1938 ao Plano Diretor de 2018 - Luciane Tasca
Percursos urbanos
da Manchester Mineira
Do Código de Obras de 1938 ao Plano Diretor de 2018
Editora Appris Ltda.
1.ª Edição - Copyright© 2022 da autora
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT
Editora e Livraria Appris Ltda.
Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês
Curitiba/PR – CEP: 80810-002
Tel. (41) 3156 - 4731
www.editoraappris.com.br
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Luciane Tasca
Percursos urbanos
da Manchester Mineira
Do Código de Obras de 1938 ao Plano Diretor de 2018
A Deus, Pai Supremo,
e aos amigos da minha jornada,
que me acolheram e ajudaram tantas vezes.
Às minhas filhas e à minha família, por serem simplesmente, tudo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente ao Deus da vida e aos ensinamentos que recebi da minha família, fonte de toda minha força e coragem.
Agradeço também à Universidade Federal de Juiz de Fora e à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, por serem a minha casa acadêmica.
Agradeço aos amigos que fiz ao longo de minha caminhada e especialmente ao meu Grupo de Pesquisa, Laboratório da Paisagem (Lapasa), que me fez crescer como pesquisadora, mas também me trouxe a oportunidade de fazer laços de amizade muito especiais.
APRESENTAÇÃO
Acompanhando as transformações nacionais, a cidade de Juiz de Fora, município mineiro de médio porte, caracteriza-se por significativas alterações que não só afetaram sua antiga forma, mas também determinaram uma nova configuração do seu espaço urbano. Baseando-se tanto na formação do seu projeto de desenvolvimento, quanto na análise dos seus planos e de sua forma de planejamento urbano, pode-se ver que o conjunto das leis urbanas, desde o Código de Obras (1938) até o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (2000 e 2018) e o Plano Estratégico (1997), o espaço da cidade passa a ser foco da atuação de diferentes atores, com agendas e objetivos diversos, interagindo por uma configuração específica de práticas espaciais interligadas. A percepção da dinâmica das transformações no ambiente construído fornece subsídios para a reflexão sobre as possibilidades e limites de políticas que visem ao controle e ao direcionamento do crescimento e desenvolvimento urbanos. Diante disso, estabelece-se um pressuposto: Juiz de Fora vem repetindo o modelo e o discurso dominante nas cidades capitalistas, marcado pela lógica do mercado e pela apropriação diferencial da riqueza e tendo, como consequência, diferentes possibilidades de consumo e acesso à cidade. Desvendar o significado e as contradições da legislação urbana na cidade me parece relevante na busca de uma cidade para todos os cidadãos reforçando o conceito de cidadania com a carga constitucional que ela carrega consigo: a de que todo o poder emana do povo
¹. Assim, no intuito de organizar as informações sobre a história da cidade e sua construção enquanto lugar, apresento sistematicamente nesta obra os fatos que aparecem fragmentados na história urbana de Juiz de Fora. Dessa maneira, coloco-me na posição de prestar à sociedade um serviço útil que será de grande valia para entender o que nossa cidade é, e o que ela poderá ser no futuro.
¹ BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 3.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Sumário
INTRODUÇÃO
1
JUIZ DE FORA:PANORAMA DE SUA REALIDADE URBANA
1.1 DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA URBANA
2
AS ORIGENS DA MANCHESTER MINEIRA
3
PROPOSTA PARA O PLANO DIRETOR DE JUIZ DE FORA, EM 1996 (PD 96)
4
PROJETOS DE LEI PARA REVISÃO DA LEI DO PARCELAMENTO (6.908/86)E DA LEI DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO (6.910/86)
5
PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO (PDDU 2000): MUDANÇAS EM RELAÇÃO À PROPOSTA DE 1996 (PD 96)
6
PROJETOS DA PROPOSTA PARA O PLANO DIRETOR (PD 96) E DO PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO (PDDU 2000)
6.1 PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA ÁREA CENTRAL
6.2 PROJETO EIXO PARAIBUNA
6.3 PARQUE LINEAR DA REMONTA
6.4 PARQUE SÃO PEDRO
6.5 PROJETO VIA INTERBAIRROS
6.6 PROJETO VIA REMONTA
6.7 PROJETO VIA COLETORA DA BR-040
6.8 PROJETO DE DUPLICAÇÃO DA AVENIDA BRASIL
6.9 PROJETO VIA SÃO PEDRO
6.10 PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO URBANA DE VIAS LOCALIZADAS
6.11 PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS BAIRROS
7
CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES URBANAS
7.1 REGIÃO NORTE
7.2 REGIÃO OESTE
7.3 REGIÃO NORDESTE
7.4 REGIÃO CENTRO
7.5 REGIÃO SUL
7.6 REGIÃO LESTE
7.7 REGIÃO SUDESTE
8
O PLANO ESTRATÉGICO (PLANOJF)
8.1 PROJETOS DO PLANO ESTRATÉGICO (PLANOJF)
8.1.1 Juiz de Fora: Cidade de Oportunidades
8.1.2 Juiz de Fora, Cidade Polo da Zona da Mata
8.1.3 Juiz de Fora, Cidade de Qualidade
9
PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE JUIZ DE FORA, 2018 (PDP 2018)
10
PERCURSOS URBANOS DA MANCHESTER MINEIRA. CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Em 1994, quando eu ingressei no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, já possuía o interesse em aprofundar meu conhecimento sobre Juiz de Fora, MG, minha cidade natal, na intenção de entender como o ambiente construído da chamada Manchester Mineira era produzido.
Por meio da experiência na graduação com as atividades de pesquisa e extensão, pude ter contato com as nuances urbanas que se apresentavam na realidade e no cotidiano das pessoas da cidade. E, daí em diante, meu foco de pesquisa no planejamento urbano se tornou cada vez mais sólido e definido, transformando-se em meta de carreira acadêmica, materializada em especialização, mestrado e doutorado na área, realizados na Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional.
Na dissertação de mestrado, identifiquei as características da produção do ambiente construído em Juiz de Fora, por intermédio do estudo da dinâmica produtiva de moradias e dos novos padrões residenciais, por meio da análise da produção empresarial de incorporação, da produção pela população de baixa renda e da produção pelo poder público².
A partir de 2003, diante do desafio de lecionar para graduação, com a responsabilidade de formar arquitetos e urbanistas engajados nos debates sobre a história e as transformações arquitetônicas e urbanísticas nas cidades, percebi a possibilidade de elaborar um material didático que pudesse servir de referência sobre Juiz de Fora, contendo aspectos de sua origem, história e desenvolvimento, além de uma discussão acerca das ações públicas e as implicações dessas na configuração da paisagem urbana do município.
A tese de doutorado³ veio, então, em decorrência desse processo de busca do conhecimento sobre a realidade da cidade caracterizada pela polarização em relação aos municípios vizinhos, gerando demandas crescentes por serviços públicos e por espaço urbano. Dessa forma, dediquei-me à produção de um material teórico e reflexivo, que servisse de um pequeno histórico do desenvolvimento de Juiz de Fora, sob o olhar crítico dos planos e projetos implementados pela Prefeitura Municipal.
A questão central da pesquisa da tese baseou-se na identificação das contradições entre os planos produzidos pelas gestões públicas, a partir dos anos 1990, analisando-os por seus projetos elaborados e executados. Destacando-se a particularidade de os planos apresentarem uma sobreposição temporal, teve-se como objetivo a identificação de quais áreas da cidade foram beneficiadas prioritariamente pela implementação dos projetos.
Baseando-se tanto na formação do seu projeto de desenvolvimento, quanto na análise dos seus planos e de sua forma de planejamento urbano, apontou-se que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano⁴ e o Plano Estratégico⁵ consistiram em documentos com a mesma característica: a geração de ações que obedecem a uma lógica comum de reordenamento viário.
Dessa forma, naquele trabalho feito em 2010, entendi que os planos municipais em Juiz de Fora (PDDU 2000 e PlanoJF) não apresentaram, na realidade, contradições entre si. Apesar de os discursos teoricamente se apresentarem de forma distinta (tendo o primeiro o forte discurso da democracia e da participação popular, e o segundo o enfoque em projetos pontuais dinamizadores de alguns setores como comércio, serviços, indústria, entre outros), ambos se caracterizaram por apresentar um conjunto de projetos que, ao serem aplicados no tecido urbano, salientaram a infraestrutura viária como foco prioritário das ações para o desenvolvimento urbano.
É fato que a busca do desenvolvimento, por meio dos planos e projetos da Prefeitura Municipal, mesmo que privilegiando o setor econômico, e atendendo aos interesses dos principais agentes urbanos, possibilitaram a geração de riquezas para a cidade e apropriação de recursos públicos pelos cidadãos