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João Rosado

“Os aprendizes do Crime”

Licenciatura em Sociologia

Coimbra
Janeiro de 2004
“Os aprendizes do Crime”

Realizado no âmbito da disciplina de


Fontes de Informação Sociológica

Docente: Paulo Peixoto

Coimbra, Janeiro de 2004


João Rosado
20030945
Índice

Introdução..................................................................................................1
Estado das artes
i. Delinquência juvenil............................................................2
ii. Causas da delinquência juvenil............................................5
iii. Prevenção da delinquência juvenil.......................................8
iv. Processo de pesquisa...........................................................12
Ficha de Leitura.........................................................................................14
Análise a uma página Internet...................................................................19
Conclusão..................................................................................................21
Referências bibliográficas.........................................................................22
Anexo 1 – Texto de suporte para a realização da ficha de leitura
Anexo 2 – Página principal do site Internet do “programa escolhas”
“Aprendizes do Crime” Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Introdução

A delinquência juvenil é uma questão que merece


toda a atenção, pois é um problema muito complexo e,
acima de tudo, está-se a tornar mais visível e desta
forma torna-se preocupante para as autoridades e as
sociedades. Em Portugal, a delinquência juvenil é um
tema muito discutido e observado por diversos campos
científicos, com o intuito de a caracterizar e
combater de forma eficaz.
O tema deste trabalho é a delinquência juvenil,
desta forma no estado das artes, pretendo explorar a
temática através de três prismas. São elas: a
delinquência juvenil, pretendo dar a conhecer o que é
fenómeno; as causas da delinquência juvenil, analiso
os factores que levam um jovem a enveredar pelo crime;
e por fim, formas de prevenção destes actos
delinquentes.
Este trabalho engloba ainda uma ficha de leitura,
sobre um capítulo do livro Delinquências Juvenis de
Jorge Negreiros.
Claro que este trabalho não podia ser realizado
sem uma pesquisa de informação, quer ao nível de
fontes bibliográficas, Internet e jornais. Desta
forma, incluo no trabalho uma parte dedicada às formas
de pesquisa efectuadas para a realização deste
trabalho.
No que respeita à análise a uma página de
Internet, escolhi a página do programa ESCOLHAS. É uma
página que está relacionada com o presente trabalho e
que aborda a prevenção da delinquência juvenil.

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Estado das Artes

Delinquência juvenil

Do ponto de vista sociológico a delinquência juvenil é um facto social que


resulta das ocorrências nas sociedades, é fruto da vivência em sociedade. Os
factos sociais são maneiras de pensar, agir, sentir, exteriores aos indivíduos e
dotados de um poder coercivo. Esta característica significa que tudo o que ocorre
em sociedade nos parece determinado “exteriormente”, é como se a sociedade
nos impusesse tais modelos de comportamento. O poder coercivo evidencia-se na
aplicação de sanções, se não agirmos de acordo com as normas estabelecidas há
punição e rejeição. As crianças ao adoptar comportamentos que vão contra as
normas sociais são punidas e rejeitadas por grupos sociais.
Para uma compreensão significativa dos factos sociais, devemos sempre
inseri-los no contexto social em que ocorrem, isto é, o relativismo dos factos
sociais. Quando confrontados com um tipo de comportamento não aceite pela
sociedade, temos tendência para reagirmos negativamente, porque na nossa
sociedade este comportamento não é aceite. Já noutras sociedades este mesmo
tipo de comportamento é modelar e aceitável no contexto cultural, daí o
relativismo dos factos sociais, da delinquência juvenil.
A delinquência juvenil é cada vez mais preocupante em Portugal, por isso
é um assunto que tem estado na ordem do dia. Esta questão tem estado mais
visível devido a constante mediatização por parte dos media. Estes, estão cada
vez mais sensacionalistas, daí o grande destaque a este tema e também a maior
visibilidade atribuída a esta delicada questão. Por vezes, ligamos a televisão ou
folheamos um jornal e deparamo-nos com notícias sobre a matéria. Assaltos,
tráfico de drogas, vandalismo, são o tipo de comportamentos, entre outros,
levados a cabo por estes “pequenos marginais”.
“Em toda a sua crueza, a delinquência juvenil constitui já uma moléstia
incontornável da sociedade portuguesa (…).” (Farinha, 2000: 7)

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Nas sociedades actuais, as manifestações de agressividade e violência


tornaram-se cada vez mais frequentes. Quando comportamentos violentos são
praticados por jovens, é quase inevitável perguntar porque é que isso acontece e o
que pode ser feito para diminuir a sua probabilidade de ocorrência.
A delinquência juvenil é considerada um comportamento anti-social. Do
ponto de vista da gravidade do problema, furtar algo no supermercado, agredir
violentamente, práticas de vandalismo, são tipos de comportamento que são
transgressões em relação às normas sociais em vigor numa determinada
sociedade.

“ (…) pelo menos ao nível da conceptualização teórica, poderá


assumir um significado de relevo a partir do momento em que
for definido com clareza, não só em relação aos actos, como às
motivações e organização psicológica do indivíduo que o
comete.” (Lopes, 1995: 14)

Esta problemática engloba também a distinção entre os verdadeiros e


falsos delinquentes. Os verdadeiros delinquentes são sujeitos com mais de 16
anos que cometeram actos repetidos, que aos olhos do código penal são
considerados crimes; os segundos são sujeitos que se desviam ocasionalmente
das regras normais, sem demonstrar apetência real para crimes e comportamentos
de má conduta. Segundo Jorge Negreiros, a relação entre delinquência e idade
reveste-se de interesse para o estudo da delinquência juvenil. É uma relação
óbvia porque a taxa de delinquência varia sensivelmente com a idade. “Alguns
aspectos da relação idade crime têm (…) merecido uma maior atenção por parte
dos investigadores (…).” (Negreiros, 2001: 46-47)

Em termos legais, onde é que se enquadra a delinquência juvenil?

A partir dos 16 anos já se é maior em termos criminais. Por isso, a


delinquência juvenil diz respeito a crimes cometidos por menores entre os 12 e os
16 anos. Até ao fim de Dezembro de 2000 a lei tratava igualmente os menores
em perigo e os menores delinquentes. Um menor abandonado pelos pais era

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colocado no mesmo colégio que um menor que praticava furtos todas as


semanas. A partir de Janeiro de 2001, as novas leis tutelares dividiram-se entre a
Lei Tutelar Educativa ( Decreto Lei n.º 166/ 99 de 14 de Setembro ) que define o
que se faz aos menores delinquentes entre os 12 e 16 anos e a Lei dos Menores
em Perigo ( Lei n.º 147/ 99 de 1 de Setembro ).

“Cinco indivíduos entre os


16 e os 17 anos de idade roubaram
um telemóvel, dois jogos para
Playstation e dinheiro de um
Homem na rua Ana de Castro Osório
Quatro menores, entre os 10 e
os 13 anos de idade, assaltaram
uma mulher na estação de comboios
de Benfica. O roubo por esticão
rendeu cerca de 500 euros”
(24Horas, 2004)

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Causas da delinquência juvenil

Para identificarmos as causas da delinquência juvenil, convém falarmos


no processo de socialização, tal como nos agentes deste importante conceito.

O que é a socialização?

A Socialização é um processo contínuo através do qual são aprendidos


comportamentos, normas, valores culturais para nos inserirmos em qualquer
sociedade. Segundo Boaventura de Sousa Santos, “a Socialização trata-se de um
processo de aprendizagem através do qual nos tornamos pessoas e membros de
uma dada sociedade. Ele é vital, tanto para os indivíduos como para as
sociedades. É através dele que se procede à transmissão de cultura e se faz a
aprendizagem de papéis, expectativas e estatutos sociais. Ao mesmo tempo que
os indivíduos interiorizam as normas, valores sociais, reforçam-nos o que
contribui para a coesão da sociedade.” (Santos in Oliveira et. al., 2001: 141)

Quais os agentes de socialização?

Os agentes de socialização são: a família, a escola, os media e as relações


sociais.
Depois de sabermos o que é a socialização e quais os seus agentes, já nos
podemos debruçar sobre a temática das causas da delinquência juvenil e dos
comportamentos anti-sociais. “A delinquência é o resultado de uma escalada de
aprendizagem de comportamentos anti-sociais.” (Rijo, 2001)
A delinquência juvenil está inteiramente ligada ao ambiente da criança.
“Na génese do comportamento anti-social está habitualmente um meio familiar e
social extremamente deteriorado, que não cuida, não orienta a criança nem educa
para os limites.” (Rijo, 2001) Nomeadamente estes problemas acontecem em
ambientes familiares instáveis, isto é, famílias com um rendimento anual muito

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baixo, baixo nível de instrução dos pais e a ausência constante destes, devido ao
acumular de tarefas para conseguirem sobreviver. A permanente ausência dos
pais, no ambiente familiar, atribui precocemente à criança responsabilidades
para as quais não estão preparadas.
Uma criança precisa de muita atenção e algumas vezes é o desejo delas
cobrarem com mais intensidade e mais frequência essa atenção para fazerem ou
terem atitudes correctas. Daí que muitas crianças adoptem comportamentos
menos correctos, só para chamarem a atenção a si, desta forma demonstram que
necessitam de constante atenção, carinho e afecto.
Outros dos agentes que levam a delinquência juvenil, são os media.
Segundo Luís Farinha (2000), um dos casos de início da actividade delinquente,
são os meios de comunicação, tanto o cinema como a televisão, que transmitem
filmes com comportamentos violentos que os jovens tentam seguir.
Também Marshal McLuhan (apud Santos, 2001) diz que os meios de
comunicação vinculam as ideologias dominantes. Logo, ao ter contacto com
certos comportamentos, os jovens são facilmente influenciados a agir em
conformidade com os seus heróis e a adoptar os seus ideais de comportamentos.
Sendo assim, podemos dizer que uma maior exposição a comportamentos
violentos transmitidos pela comunicação social se pode constituir como uma
causa da delinquência juvenil. Esta tese, aliás, é recorrentemente evocada para,
em termos de associação causa efeito, explicar crimes cometidos por crianças.

A escola também está associada ao início da actividade delinquente,


nomeadamente o insucesso escolar. Face a um ambiente familiar desestruturado
ou simplesmente inexistente, a escola funciona normalmente como um local de
escape, o sítio onde o jovem “projecta os conflitos e dificuldades de adaptação
sobre o professor.” (Felner, 2001a) Desta forma, a escola serve só como um
ponto de encontro e local de manifestação das frustrações familiares. Quando as
dificuldades se tornam acrescidas face às matérias leccionadas pelo professor, os
jovens perdem o interesse e começam mesmo a faltar às aulas. “A falta à escola e
por repetição pode ser feita de modo solitário ou em bando (…), o que é um

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aspecto significativo. O insucesso e a delinquência são a consequência da


posição que as classes sociais inferiores adoptam.” (Lopes, 1995: 87-88)
As más companhias na escola também levam a que entrem no domínio da
delinquência juvenil, desde o faltar às aulas, até adopção de comportamentos
desviantes que, aparentemente, nada tem a ver com as atitudes das crianças.
Com um outro olhar, numa sociedade altamente reguladora e
disciplinadora, em que as crianças são educadas de forma a ter comportamentos e
atitudes padronizadas, quando estas adoptam comportamentos que se desviam
desses padrões pré-concebidos, consideram-se comportamentos delinquentes e
que em nada estão relacionados com as crianças.
Normalmente essa manifestação de comportamento associam-se aos
gangs. “O “gang” funciona como um refúgio, um meio de integração e de um
modo de aprovação que o delinquente necessita para readquirir confiança em si
próprio. O bando valoriza as falhas, dá ao indivíduo a possibilidade de
desempenho de um papel, mas também é um meio que liberta a violência e
proclama a injustiça da ordem estabelecida, uma vez que os liberta da interdição
do mundo social.” (Lopes, 1995: 44)
Estas companhias podem levar a comportamentos associados ao
alcoolismo, às drogas, brigas e a causar os mais diversos distúrbios. Além disso,
também estão próximo de roubar e irem presos. Logo estes comportamentos
levam as escolas, inclusive professores, a adoptar medidas para acabar com este
tipo de situações.

“A escola surge como manipuladora de imagens e


atitudes, um discriminador social portanto, ao ser reflexo da
sociedade dominante, torna-se também ela à sua semelhança
controladora e coerciva forçando a adaptação.” (Lopes, 1995:
87-88)

Outras das supostas causas da delinquência juvenil, sobretudo na família,


os fluxos migratórios. Os retornados das antigas colónias, depois do 25 de Abril,
bem como a migração de população do interior do país, estão na génese da
delinquência juvenil, nos últimos 10 anos. “ Segundo o relatório do gabinete da

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Procuradoria Geral da República, este fluxo súbito criou um desenraizamento


cultural e social e em termos económicos um aumento do desemprego com as
suas inevitáveis consequências.” (Felner, 2001b)
A chegada de novas pessoas a determinada sociedade e consequentemente
o acesso à sua cultura é frequentemente apontada como uma causa de conflitos.
Estas novas famílias que chegam, deparam-se com o problema de se inserirem na
sociedade em questão e também de serem aceites pelos outros. Nas sociedades
em que se privilegia o individualismo, onde há um grande hiato entre os ricos e
pobres e se marginalizam certas etnias e raças, estes indivíduos revoltam-se
contra a situação e facilmente adoptam comportamentos anti-sociais.
O relatório mencionado também identifica a violência grupal, sobretudo
com a segunda geração de africanos, “nascidos e criados nos bairros, adoptando a
liberdade como sua, adoptando “a americanização” da cultura europeia, a que
Portugal não foi alheio, e vítimas da sua própria cultura bairrista”. (Felner,
2001b) Destes grupos destacam-se os actos de vandalismo, os roubos a pessoas,
as agressões físicas, noutra fase a especialização em determinado tipo de crimes,
bem como a utilização frequente de armas.

Convém também identificar as áreas onde se destacam os crimes por


delinquência juvenil. Segundo o relatório da Procuradoria Geral da República,
destacados, estão a periferia de Lisboa, de Setúbal e Porto. Em conclusão, na
origem do crescimento da delinquência assumem cada vez mais protagonismo os
imigrantes.

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Prevenção da delinquência juvenil

“A delinquência juvenil não tem sido alvo de uma verdadeira política de


intervenção, rigorosa nos objectivos a alcançar e nas propostas para o conseguir.”
(Rijo, 2001)
Segundo este autor, em Portugal é urgente o aumento do número de
especialistas nesta área, psicólogos, professores e técnicos de serviço social, que
possam lidar eficazmente com o fenómeno da delinquência a vários níveis.
(2001)
Em Portugal, existem vários projectos de Reinserção Social que tentam
lutar contra este fenómeno que tem vindo a aumentar em determinadas zonas
geográficas. A prevenção é apenas uma das fases da delinquência, ganhando
relevo a reabilitação daqueles que incorrem em comportamentos anti-sociais. É
esta a razão de ser dos Institutos de Reinserção Social.

O que é um Instituto de Reinserção Social?

O Instituto de Reinserção Social é um órgão da administração da justiça


que visa:
A reintegração social de delinquentes, imputáveis e inimputáveis;
O apoio e protecção judiciária de menores;
A prevenção da criminalidade através de acções que promovam o
desenvolvimento social e a redução da possibilidade de cometimento de
crimes.

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Quais são as atribuições de um Instituto de Reinserção Social?

Contribuir para a definição da política criminal, em particular nos


domínios da reintegração social de jovens e adultos e de prevenção da
delinquência;
Assegurar, através relatórios e perícias, o apoio técnico aos tribunais
na tomada de decisões no âmbito dos processos penal e tutelar e
processos cíveis;
Assegurar a execução de medidas tutelares aplicadas a menores;
Assegurar, nos termos da lei, a execução de penas e medidas
alternativas à pena de prisão, incluindo a liberdade condicional e a
liberdade para prova;
Intervir na execução da pena de prisão, dando apoio aos reclusos, na
perspectiva da sua reinserção social e assessorando os tribunais de
execução das penas e a administração prisional;
Participar em programas e acções de prevenção do crime, em especial
nos domínios da delinquência juvenil;
Assegurar a gestão das instituições de justiça para acolhimento de
menores e de outros equipamentos e programas para apoio à
reintegração social de jovens adultos.
(Tribunal Judicial de Mafra, s.d.)

Actualmente, existem alguns Institutos de Reinserção Social e também


programas de combate a este problema, neste âmbito destaco o programa
ESCOLHAS. Este programa tem como objectivo prioritário a prevenção da
criminalidade e a inserção de jovens dos bairros mais vulneráveis dos distritos de
Lisboa, Porto e Setúbal. Segundo “a resolução do conselho de ministros nº
4/2001 de 9 de Janeiro, e rectificação nº3-E/2001, de 31 de Janeiro: é aprovado o

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programa de prevenção da criminalidade e inserção de jovens, denominado


«ESCOLHAS»”.
Embora já existam alguns programas em vigor para o combate à
delinquência juvenil, muito trabalho ainda tem que ser feito, nomeadamente no
seio da sociedade. Só estudando factores importantes como a socialização,
estados socioeconómicos, educação, entre outros factores, provavelmente iremos
descobrir formas mais eficazes de combater os comportamentos anti-sociais dos
jovens.
Também uma maior articulação entre os municípios e o governo, poderá
ajudar a criar programas de ocupação de tempos livres para os jovens, e assim
contribuir para o atingir de metas e resultados mais animadores.

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Processo de pesquisa

O ponto de partida para o processo de pesquisa foi a escolha do tema.


Depois da escolha do tema “delinquência juvenil”, tive que recorrer a literatura
cientifica e especifica sobre o mesmo. Recorri então à Biblioteca Geral da
Universidade de Coimbra onde, através da sua base de dados, efectuei uma
pesquisa de informação. Para essa mesma pesquisa foi necessário recorrer aos
seguintes descritores de pesquisa:
• Delinquência (juvenil)
• Comportamentos anti-sociais
• Delinquência (reinserção)
• Crime juvenil
• Delinquência (prevenção)
Com os resultados, obtidos debrucei-me então sobre as obras pertinentes para o
estudo deste fenómeno.
Ao nível da literatura cinzenta, foi importante o recurso à dissertação de
Sara Cristina Lopes Martins, pois esta obra mostrou-se muito completa e
importante para a exploração do presente trabalho.
Em relação à própria pesquisa on-line foi necessário recorrer a
www.google.com onde, depois de efectuada uma pesquisa simples, com o
descritor de pesquisa delinquência juvenil, foi possível encontrar os variados
artigos jornalísticos.
Assim, tive reportagens do jornal diário Público de 21 e 23 de Setembro,
onde me deparei com artigos extremamente relevantes sobre a delinquência
juvenil. Estes artigos surgiram como um complemento à informação recolhida
anteriormente. Convém dizer que estes artigos surgiram na sequência dos
acontecimentos ocorridos nesse mesmo ano, entre eles o assalto à actriz Lídia
Franco por um gang de jovens. É claro que o impacto mediático deste caso
permitiu ter uma visão diferente da delinquência juvenil.

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A finalizar, para a ficha de leitura, seleccionei o capítulo 1 do livro


Delinquências Juvenis de Jorge Negreiros (2001), o qual aborda a natureza do
problema e medidas do comportamento anti-social. Este capítulo mostra-se
fundamental para a compreensão de determinados fenómenos da delinquência
juvenil.

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Ficha de Leitura

A ficha de leitura foi feita a partir de um livro de Jorge Negreiros (2001).


Podemos encontrar o Livro na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra com
a Cota UCBG 5-11-A-7-27.
Jorge Negreiros é professor associado com agregação da Faculdade de Psicologia
e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Actualmente é director do
Centro de Ciências do Comportamento Desviante da mesma faculdade. A sua
carreira tem sido consagrada à investigação dos comportamentos desviantes
juvenis quer na vertente da compreensão destes fenómenos, quer na vertente da
intervenção.
O livro chama-se Delinquências Juvenis e aborda a temática da
delinquência nos jovens. Este livro é composto por 6 capítulos, todos abordam o
problema sob diversos olhares.
Os temas abordados são variados:
* Natureza do problema da delinquência e medidas de comportamento
anti-social
* Continuidade da actividade anti-social
* Relação entre delinquência e idade
* Escalada e desistência da actividade anti-social
* Trajectórias de desenvolvimento da actividade anti-social
* Perspectivas de intervenção na delinquência.

O objecto de estudo do capítulo 1 é a natureza dos problema e medidas do


comportamento anti-social que aborda questões de terminologia relacionados
com a definição do próprio conceito de comportamento anti-social e de conceitos
similares utilizados neste domínio. O capítulo descreve ainda os principais
métodos de medida e avaliação dos comportamentos anti-sociais, destacando
também a importância de um tipo de análise nos processos de continuidade e
mudança na delinquência.

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Este capítulo, tem como subtítulos:


* A definição psiquiátrica
* o conceito de perturbação do comportamento
* a definição legal: o conceito de delinquência
* medidas do comportamento delinquente
* estatísticas oficias de actividade criminosa
* medidas de auto-relato
* inquéritos de vitimação
* teorias sobre o comportamento anti-social
* continuidade e mudança na delinquência
* o que muda na actividade anti-social
* o que permanece estável na actividade transgressiva
* conclusões

Resumo do Capítulo:
A actividade anti-social e delinquente tem sido, ao longo de várias
décadas, um foco de interesse de diversas disciplinas cientificas. Mais
recentemente, esse interesse tem registado uma evidente intensificação. São
múltiplos os motivos que poderão estar na origem da atenção crescente atribuída
à investigação sobre a delinquência juvenil.
O conceito de perturbação do comportamento deriva de uma grelha de
análise psicopatológica. A expressão é utilizada para caracterizar um tipo de
comportamento anti-social que é clinicamente significativo no sentido que se
situa para além dos limites do que clinicamente pode ser considerado como o
funcionamento normal.
A perturbação de comportamento manifesta-se no início da infância,
embora cerca de metade dos casos surja durante a adolescência. Com o avançar
da idade, a perturbação de comportamento torna-se particularmente resistente à
mudança apesar dos esforços tendo em vista o seu tratamento. Em suma, a
perturbação de comportamento representaria aquelas modalidades de expressão

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da actividade anti-social que estão associados a um processo de desenvolvimento


dito normal.
Os estudos sobre a delinquência têm-se baseado quer nas chamadas
estatísticas oficiais, quer em medidas de delinquência auto-revelada. De facto, o
que sabemos actualmente sobre a actividade anti-social nos jovens tem sido
obtido mediante o recurso a dados sobre as estatísticas criminais ou a estudos
baseados em métodos de auto-relato. Alguns dados têm igualmente sido obtidos
através dos inquéritos de vitimação. As estatísticas criminais ou estatísticas
oficiais baseiam-se nos registos das policias e representam um procedimento de
medida da actividade criminal largamente utilizado em vários países.
As perspectivas sobre o comportamento anti-social são bastante
complexas e de modo nenhum unificadas e definidas. Com efeito, o
comportamento anti-social e delinquente tem suscitado, no decurso das últimas
décadas, o aparecimento de uma pluralidade de teorias e modelos explicativos.
As explicações sobre o comportamento anti-social que assimilam este
fenómeno a um conceito estático ou entidade encapsulada dificilmente iludem a
enorme diversidade e heterogeneidade que caracterizam a actividade
transgressiva. Tal diversidade exprime-se nas múltiplas topografias, amplitude e
gravidade que tais comportamentos podem assumir. É, pois, indiscutível que
importantes mudanças na forma e intensidade da actividade delituosa são
susceptíveis de ocorrer ao longo do processo anti-social, as mudanças
quantitativas e mudanças qualitativas. Assim, o parâmetro de mudança na análise
da delinquência suscita, assim, uma multiplicidade de questões.

Avaliação crítica:
Este autor, explica o comportamento anti-social à luz de teorias já feitas e
a partir daí, caracteriza o comportamento delinquente. A meu ver, o
comportamento anti-social ocorre devido à sociedade em que vivemos, o meio
em que cada indivíduo vive é fundamental para o percurso delinquente, ou não
dos indivíduos. As sociedades altamente reguladoras e disciplinadoras podem ser
a causa dos denominados comportamentos anti-sociais pois os indivíduos que

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não agem conforme as normas estabelecidas, estão a adaptar comportamentos


anti-sociais. Segundo o autor, os estudos feitos sobre a temática, são obtidos
através de quadros estatísticos das autoridades policiais. Através da observação e
o estudo detalhado do meio de sobrevivência dos indivíduos e a sua interacção
com a sociedade, podia-se obter estudos mais concretos sobre a natureza do
comportamento humano e o curto caminho para a actividade delinquente. Penso
que o meio é um agente importante e ninguém nasce delinquente, a delinquência
não é hereditária.

Conceitos utilizados:
Os conceitos mais utilizados pelo autor são: comportamentos anti-sociais
e delinquência. Estes conceitos são os pontos fortes, porque permitem ao autor
chegar mais perto do leitor e desta forma dar a entender os mesmos conceitos de
forma simplificada. Esta é uma obra marcante e de referência no estudo dos
comportamentos anti-sociais na juventude.
Ao longo da obra e do capitulo 1, podemos ver as principais fontes a que o
autor recorreu, e as escolas de pensamento, para a realização da obra. São eles:

Kazdin, A. E. (1996), Conduct Disorders in Childhood and Adolescence.


Thousand Oaks: Sage Publications.

Kazdin, A. E. (1987), “Treatment of antisocial behavior in children: Current


status and future directions”. Psychological Bulletin, 102, 187-203.

Rutter, M., Giller, H., e Hagell, A. (1998), Antisocial Behavior by young people.
Cambridge: Cambridge University Press.

Loebner, R., e de Blanc, M. (1990), Toward a developmental criminology.


Chicago: the University of Chicago.

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Lerner, R. M. (1986), Concepts and Theories oh human development. New York:


Random House.

Le Blanc, M., e Fréchette, M. (1989) (a), Male criminal activity from childhood
through youth : multilevel and development prespectives. New York: Springer-
Verlag.

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Análise de uma página Internet

A página da Internet que seleccionei está, naturalmente, associada à


temática do Trabalho (Anexo). Podemos então encontrar a página em:
www.ProgramaEscolhas.pt/Index. (Programa Escolhas, s.d.)

Esta é uma página institucional, em que o objectivo do programa é


desenvolver projectos de prevenção da criminalidade juvenil e a inserção dos
jovens na sociedade. Estes são oriundos dos bairros mais problemáticos do país.
Este programa destina-se de um modo geral aos jovens dos 12 aos 18 anos
e estrutura-se em zonas estratégicas de intervenção: mediação social, ocupação
de tempos livres e participação comunitária.
Ao acedermos ao endereço electrónico, deparamo-nos com a página
principal do programa ESCOLHAS. É uma página de fácil navegação, com as
cores predominantes a serem o verde, azul e o branco. Cores equilibradas, o que
torna a página agradável.
Como a página se destina aos jovens, esta inclui links de navegação
interessantes e apelativos, o que os torna indicados para cativar o seu público-
alvo.
No cimo da página temos os seguintes links de navegação: notícias do teu
bairro, projectos a mexer, fórum, fotos e ligações quentes. O link notícias no teu
bairro, ao ser seleccionado, leva o utilizador a uma lista de bairros onde o
programa funciona e dá uma quantidade de notícias acerca do bairro que se
seleccionar. No que respeita a projectos a mexer, este leva-nos novamente a uma
lista de bairros através do qual podemos ter informações dos projectos a decorrer
no momento. O fórum, é um link muito interessante, através do qual os jovens
podem opinar sobre temas em debate. O tema actual é: Os actos de violência
praticados na escola por jovens contra colegas, servem para que? Achas que
esses são os “fortes”? Este fórum ao mesmo tempo que permite obter opiniões,
permite também sensibilizar os jovens para a temática em questão.

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No link fotos, é possível aceder a um gigantesco álbum de fotografias, das


várias actividades realizadas, no âmbito do programa. É possível visualizarmos
fotos de festas e projectos entre outros. Respeitante ao link, ligações quentes, este
permite ter acesso a ligações úteis: Desporto, Jogos, Sociedade, Informação, Arte
e Cultura, Viagens e Lazer.
Na continuação da página principal, do lado esquerdo existe uma tabela
com informações pertinentes sobre o programa ESCOLHAS. Aí, é-nos possível
ter um contacto mais aprofundado do que é o programa e no que consiste.
Destacados também, no lado esquerdo da referida página, existe um quadro com
os vários destaques das actividades, campanhas, programas e notícias.
Também não podia faltar uma opção de pesquisa, para o caso de se
pretender informações sobre alguma actividade, programas, entre outros. Uma
funcionalidade muito importante.
Convém sublinhar que esta página é inteiramente dedicada aos jovens, por
isso é uma página de simples navegação e as suas funcionalidades apelativas para
o público em questão. Não engloba informação pesada e sem interesse, o que a
torna apelativa e de fácil acesso.

A página do Programa ESCOLHAS demonstra o quão é importante este


programa, pois pretende ser uma resposta no preenchimento dos tempos livres
dos mais jovens. Ao criar outras ocupações para estes, é um pequeno passo na
direcção da prevenção da delinquência juvenil. São estes pequenos passos que
podem mudar, definitivamente, a vida dos mais jovens.

Fontes de Informação Sociológica 20 Licenciatura de Sociologia


“Aprendizes do Crime” Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Conclusão

A delinquência juvenil é um tema muito delicado que merece um


tratamento cuidado e especializado para uma prevenção correcta. Muito há a
fazer para detectar casos de crianças com comportamento anti-social e para
prevenir o seu agravamento que pode vir a tornar-se num sério distúrbio anti-
social.
O objectivo deste trabalho foi dar a conhecer a delinquência juvenil em
Portugal. Desta forma, a pesquisa de informação, foi o passo mais importante
para se conhecer a situação delinquêncial em Portugal. Assim, foi possível
verificar que nos últimos anos, têm surgido especialistas que estudam a temática
e tentam encontrar formas eficazes de prevenir os comportamentos anti-sociais.
Ao longo do trabalho, é possível verificar que as expressões mais
utilizadas são: comportamento anti-social, actividade delinquente, crime,
prevenção, entre outras. É óbvio que estas são palavras muito fortes e que
permite obter uma ligeira noção da gravidade do problema. Assim, é possível
constatar que só com eficazes campanhas de prevenção podemos reduzir as
probabilidades de surgimentos da delinquência juvenil. Este tipo de delinquência
é mais visível sobretudo nas periferias das grandes cidades como Lisboa, Setúbal,
Porto e Braga. Esta maior visibilidade deve-se em grande parte aos Media e ao
sensacionalismo dos mesmo. A procura incessante de um grande “furo”
jornalístico tornou esta questão mais visível e preocupou as sociedades e as
autoridades responsáveis. Convém olhar para o fenómeno com optimismo e ir ao
génese destas manifestações de comportamentos: à escola, à família, à sociedade
e à cultura. O governo é o agente regulador e que precisa de ter uma intervenção
mais directa e eficiente com a disponibilização de fundos, a criação de programas
e campanhas de combate ao fenómeno que é a delinquência juvenil.

Fontes de Informação Sociológica 21 Licenciatura de Sociologia


“Aprendizes do Crime” Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

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consultada a 13 de Janeiro de 2004, disponível em
www.Terravista.pt/MeiaPraia/4511/Direito%Penal_Ficheiros/Instituto_de_Reins
er%c3%a7%ce%a30_social.html.

Fontes de Informação Sociológica 23 Licenciatura de Sociologia


Anexo 1

Texto de suporte para a realização da ficha de leitura


Anexo 2

Página principal do Site do “Programa Escolhas”

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